O documento discute vários tipos de falácias argumentativas comumente usadas em debates políticos, como a falsa dicotomia, falsa causa, apelo popular e autoridade. Exemplos incluem argumentos que reduzem discussões complexas a apenas duas opções ou atribuem causas improváveis a eventos.
O documento discute vários tipos de falácias argumentativas comumente usadas em debates políticos, como a falsa dicotomia, falsa causa, apelo popular e autoridade. Exemplos incluem argumentos que reduzem discussões complexas a apenas duas opções ou atribuem causas improváveis a eventos.
O documento discute vários tipos de falácias argumentativas comumente usadas em debates políticos, como a falsa dicotomia, falsa causa, apelo popular e autoridade. Exemplos incluem argumentos que reduzem discussões complexas a apenas duas opções ou atribuem causas improváveis a eventos.
Talvez você já tenha ouvido algum petista dizendo (ou até
mesmo você já disse) coisas do tipo: “Não entendo porque você critica tanto o PT!. É como se no PSDB só tivesse santo…” ou “Os grampos no Lula foram claramente ilegais. O famoso jurista XXX disse isso claramente em uma entrevista na TV!” O que essas frases têm em comum? Ambas são argumentos falhos, equivocados, viciados por terem incorrido no que chamamos de falácias argumentativas. Vamos conhecer algumas delas melhor! Espero com isso que você consiga identificá-las em suas discussões e evite cair em argumentos que apelam para emoções, usando palavras vagas e informações pouco relevantes para defender algum ponto de vista. Antes que alguém pergunte, já esclareço: Todos os exemplos que eu vou usar referem-se ao petismo. Poderia ter escolhido outro tipo de fanatismo, mas o fato é que, no momento atual, a defesa cega do PT é um fenômeno extremamente presente praticamente em todos os ambientes em que vivemos. Vamos lá! Primeira frase: “Não entendo porque você critica tanto o PT!. É como se no PSDB só tivesse santo…” Aqui o autor do argumento quer rebater pessoas que criticam o PT, e ele embasa sua argumentação no fato de que o PSDB não é formado por políticos cem por cento honestos. Qual é a falha argumentativa aqui? Estamos diante da falácia da falsa dicotomia, ou falso dilema. Esta falácia ocorre quando o interlocutor procura reduzir uma situação complexa, que possui múltiplos caminhos e soluções, a apenas duas possibilidades (neste caso, PT ou PSDB). Ora, o fato de alguém criticar o PT não implica que esta pessoa defenda o PSDB. Não existem apenas “dois lados”, PT e PSDB. Não significa também que esta pessoa acredite que Eduardo Cunha seja um político idôneo, ou qualquer coisa do gênero. Reduzir a discussão a apenas duas opções é uma falha grave! Outra exemplo de falsa dicotomia: “Ora, você é a favor da democracia ou vai mesmo ficar defendendo o impeachment?” Aqui temos novamente uma redução de um problema a duas alternativas (se você é a favor da democracia, você precisa ser contra o impeachment; se você é favorável ao impeachment, necessariamente é contrário à democracia). É possível uma pessoa ser favorável ao impeachment e, mesmo assim, ser defensora da democracia. Veja agora esta frase que eu li recentemente em um blog petista: “Ao devolver o processo de Lula para Curitiba, o ministro Gilmar Mendes pode estar iniciando uma guerra civil.” Qual é a falha deste argumento? Repare que o autor da frase pretende atribuir uma consequência (início de uma guerra civil) a uma determinada causa (o ministro ter devolvido o processo para Curitiba). Será que isto está correto? Aqui estamos diante de um caso clássico da falácia da falsa causa. É até possível que se inicie uma guerra civil nos próximos dias ou semanas (espero que não!!!), mas atribuir a culpa desta tragédia à devolução do processo à primeira instância é um grande exagero – cometido muitas vezes propositalmente com vistas a iludir aquele leitor menos crítico. Ora, se uma guerra civil realmente se iniciar, os culpados serão aqueles diretamente envolvidos e os que incitaram sua eclosão, não aqueles que, agindo de acordo com o papel constitucional a eles designado, toma uma decisão (que pode ser questionada, e ser inclusive objeto de recurso ao plenário do STF). Mais um exemplo de falsa causa: “Está vendo no que dá realizarem uma operação como essa Lava Jato? A Petrobrás e as grandes empreiteiras do país já precisaram demitir milhares de pessoas! Vá a Macaé e constate o quanto a economia da cidade foi abalada!” Aqui o erro é atribuir à investigação criminal culpa pelos problemas financeiros que a Petrobrás e as empreiteiras vêm enfrentando e as consequências disso (como o desemprego). O autor de argumentos como este pretende iludir o interlocutor, fazendo-o crer que a solução é a suspensão da operação Lava Jato ou a mudança de seu rumo, não a correção dos desmandos e ingerências políticas na Petrobrás e na conduta das empreiteiras. Vamos prosseguir? Veja este argumento, que também costumo ler nas redes sociais: “Como você pode ser favorável ao impeachment? A manutenção da democracia é essencial para o nosso país. É só em ambiente democrático que conseguimos nos expressar livremente, levantar novas ideias, fiscalizar os nossos governantes, fazer valer os nossos direitos…” Aqui estamos diante da falácia do espantalho! Isso mesmo! Neste tipo de erro argumentativo, em vez de o autor do argumento refutar a posição defendida por uma pessoa, ele atribui OUTRA POSIÇÃO àquela pessoa (mais fácil de ser refutada) e então apresenta argumentos contrários a ela. Deixe-me explicar melhor. Neste exemplo acima, vemos que o argumento é dirigido a uma pessoa que é favorável ao impeachment. Em vez de combater este ponto, apresentando argumentos contrários ao impeachment, o autor atribui outra posição ao seu ouvinte: o ouvinte é tratado como alguém que é contrário à democracia. E, obviamente, é muito mais fácil defender a importância da democracia do que apresentar razões que invalidem a tese do impeachment. Ficou claro como funciona a falácia do espantalho? Fique esperto, ela é muito mais comum do que parece! Veja ainda esta frase muito dita por aí uns tempos atrás: “Não faz sentido tirar o PT do poder. Você prefere que o nosso país seja governado por um representante da elite capitalista neoliberal?” Aqui estamos diante de uma coisa chamada apelo popular. Por que “apelo”? Porque este tipo de argumento busca apelar para a emoção das pessoas, pois uma vez que a emoção nos domina é normal que nosso senso crítico fique prejudicado. Neste tipo específico (apelo popular), o autor busca usar termos vagos (“elite capitalista neoliberal”), que não necessariamente se referem a coisas ruins, mas que possuem conotação negativa para boa parte das pessoas em nossa sociedade. Em uma análise mais racional, ser governado por alguém da “elite” não é necessariamente ruim. O mesmo vale para a expressão completa (“elite capitalista neoliberal”). O mero fato de um futuro líder ser oriundo deste “grupo” não é ruim. E, mais do que isso, a maioria das pessoas sequer consegue precisar o que seria um membro da “elite capitalista neoliberal”. Mas o fato é que este termo soa mal para muita gente, e faz com que as pessoas comprem a ideia de que não deve ser bom ser governado por alguém da elite capitalista neoliberal – e, portanto, talvez seja melhor deixar o governo como está mesmo. Voltemos agora a esta frase: “Os grampos no Lula foram claramente ilegais. O famoso jurista XXX disse isso claramente em uma entrevista na TV!” Aqui temos o chamado argumento de autoridade, ou apelo à autoridade. Em vez de o interlocutor apresentar motivos reais e objetivos para defender que os grampos são ilegais, ele prefere simplesmente citar alguma “autoridade” no assunto, sem sequer apresentar as razões pelas quais aquela “autoridade” defende tal posicionamento. Neste exemplo temos a citação de um jurista, mas muitas vezes a “autoridade” não tem reputação maior que um leigo qualquer sobre o tema – já vi pessoas citando um colunista da Folha de São Paulo, cantores da Música Popular Brasileira e outras figuras do gênero. A propósito, o termo jurista designa pessoa que estuda as leis e os princípios que regem os direitos de uma sociedade. Infelizmente, vemos esse termo ser usado a torto e a direito para designar advogados que se apresentam em programas de auditório para responder perguntas imbecis. Aproveitando, temos um tipo de falácia que é quase o oposto ao apelo da autoridade. Trata-se do apelo contra o homem, ou apelo ad hominem (nesses dias de politicamente correto, também denominado apelo ad personam). Vai aí o exemplo mais comum ouvido dos petistas: “As decisões do Moro na operação Lava Jato são claramente equivocadas. Trata-se apenas de um juiz de primeira instância se sentindo no direito de julgar um ex-presidente da república! E mais, o pai dele foi um dos fundadores do PSDB no Paraná!” Veja que o autor do argumento pretende defender a tese de que as decisões do juiz são equivocadas, mas em vez de usar argumentos jurídicos para apoiar este ponto de vista prefere atacar a reputação do juiz, chamando-o de “apenas um juiz de primeira instância” e citando ainda uma informação sobre o pai dele, tudo com o objetivo de desvirtuar a discussão, fugindo do mérito da questão. Para finalizar, vamos à falácia do escocês de verdade. A natureza dessa falácia e sua denominação singular se devem ao exemplo mais difundido: Interlocutor A: Nenhum escocês bebe uísque com gelo! Interlocutor B: Eu tenho um amigo escocês que só bebe uísque com gelo! Interlocutor A: Acontece que nenhum escocês de verdade bebe uísque com gelo! Veja esse diálogo: Petista: essas manifestações pelo impeachment são uma vergonha! Só tem gente da elite batendo panela! Não-petista: Ora, eu estava na manifestação e estou longe de ser “elite”, ganho apenas um salário mínimo para sustentar toda minha família. Petista: Ah, mas você não é um verdadeiro representante das pessoas que estavam nas ruas! Percebeu? O petista fez uma afirmação sobre um grupo (manifestantes são da elite), você apresentou um contra-exemplo (manifestante que não é da elite), o petista usa então um critério arbitrário para simplesmente excluir você daquele grupo (“você não é um verdadeiro representante…”). Sim, ele te excluiu do grupo com base em algum critério arbitrário só “da cabeça dele”, pois ele já está previamente convencido de que todos os manifestantes são da elite. E se você apresentar outros contra-exemplos (um desempregado, um empregado doméstico etc.), pode ser que ainda assim o petista encontre formas de excluir essas pessoas do grupo (“veja bem, esse desempregado só devia estar lá porque…”). Por motivos óbvios, esta falácia também é conhecida como expulsão do grupo. E aí, conseguiu compreender essas falhas argumentativas? Espero que sim. E espero que você passe a observá-las no seu dia-a- dia de agora em diante. Verá que elas são muito mais comuns do que parece! Da próxima vez que ouvir uma, que tal rebater explicitando qual a falácia incorrida pelo seu interlocutor? Acho que ele não vai gostar. Vale dizer que este tema (“falácias argumentativas”) faz parte da Lógica de Argumentação, mais precisamente do ramo da Argumentação Indutiva, Raciocínio Crítico ou Raciocínio Analítico, tema cobrado nas últimas provas do ICMS/SP, TCU e FUNPRESP! As falácias são comuns no dia-a-dia, por isso têm sido cada vez mais presentes nas provas de concursos!