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9º BATALHÃO DE BOMBEIROS MILITAR

CENTRO DE TREINAMENTO DE SEGURANÇA PÚBLICA

APOSTILA PARA O CURSO DE GUARDA-VIDAS CIVIL - 2020

Varginha , Janeiro de 2020.


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 2
2 SALVAMENTO .......................................................................................................... 3
2.1 Equipamentos ........................................................................................................ 4
2.2 Técnicas de Salvamento ...................................................................................... 6
2.3 Comunicação ......................................................................................................... 9
2.4 Competências do Guarda-vidas: ......................................................................... 9
2.5 Do posicionamento do guarda-vidas para a realização da atividade ............ 10
3 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR ....................................................................... 10
3.1 Avaliação do paciente ......................................................................................... 10
3.2 Sinais Vitais .......................................................................................................... 11
3.3 Avaliação Primária ............................................................................................... 12
3.4 Avaliação Secundária ........................................................................................... 15
3.5 Suporte Básico de Vida (SBV) ........................................................................... 16
3.6 Técnica de RCP .................................................................................................... 17
3.7 Técnicas de ventilação ........................................................................................ 18
3.8 OVACE .................................................................................................................... 19
3.9 Desfibrilador Externo Automático (DEA) ........................................................... 21
3.10 Crises convulsivas ............................................................................................. 23
3.11 Lesões músculo esqueléticas .......................................................................... 25
3.12 Hemorragias ....................................................................................................... 27
3.13 Traumatismo Crânio Encefálico (TCE) ............................................................ 29
3.14 Trauma Raquimedular (TRM) ......................................................................... 30
3.15 Afogamento ........................................................................................................ 31
3.16 Queimaduras ....................................................................................................... 37
3.17 AVC/AVE .............................................................................................................. 40
3.18 Traumas específicos ........................................................................................... 42
REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 45
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1 INTRODUÇÃO

Muitas pessoas não sabem, mas o afogamento é responsável por grande


parte das mortes em todo o mundo. Considerando o tempo de exposição, o
afogamento tem 200 vezes mais risco de óbito que os acidentes de transito.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático (SOBRASA),
o número de óbitos por afogamento em nosso país supera os 5.700 casos por ano,
isto sem falar nos incidentes não fatais que chegam a mais de 100.000.
Assim, a atividade de guarda-vidas, profissionais tecnicamente qualificados
para atuarem nessa função, está prevista pelo Código Brasileiro de Ocupações
(5171-15) e é imprescindível para dar garantia aos usuários de que o local tem as
condições mínimas necessárias para lhes atender num caso de urgência e
emergência.
Alguns municípios brasileiros possuem legislação específica como é o caso
de Varginha/MG, em que a Lei Municipal de Varginha/MG nº Nº 5.846/2014, traz em
sua redação:

Art. 3º O cuidado com a integridade física dos usuários de piscinas é de


responsabilidade compartilhada, cabendo, respectivamente:

II - aos proprietários, administradores e responsáveis técnicos dos


estabelecimentos que possuam piscina coletiva ou pública:

§3° Clubes recreativos que disponham de piscinas e que tenham número


de associados inferior ou igual a 500 poderão se adequar a esta medida
de forma facultativa (opcional) para os fins do disposto na alínea “c”,
inciso II, art. 3º, de acordo com discussão e aprovação em Assembléia
Geral de Sócios.

O Guarda-vidas deve ser treinado e habilitado para exercer as técnicas de


salvamento e primeiros socorros, deve estar identificavelmente trajados e portar
obrigatoriamente para uma boa atuação: flutuador tipo belt-life, par de nadadeiras e
apito.
Segundo a SOBRASA as piscinas públicas e coletivas, durante
funcionamento, devem estar sob vigilância de Guarda-vidas, identificavelmente
trajados, na proporção de um Guarda-vidas para cada 350 m² de superfície de água
e em balneários deve haver um Guarda-vidas para cada 500 metros de orla. No
caso da existência de mais de uma piscina, deve ser assegurada a perfeita
visibilidade e rápido acesso a todos pelo Guarda-vidas. As piscinas devem ainda
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possuir cadeiras de observação para Guarda-vidas quando a dimensão do espelho


de água for igual ou superior a 12 (doze) metros de comprimento ou possua área de
banho igual ou superior a 60m² (sessenta metros quadrados), ou no caso de haver
mais de uma piscina ou ainda a necessidade de mais de um Guarda-vidas com
altura mínima de assento de 1,80m. Esta prescrição é recomendável para piscinas
de hospedaria, residenciais e coletivas.
É de extrema importância o Guarda-vidas possuir conhecimentos de primeiros
socorros, destacando conhecerem o funcionamento do Desfibrilador Externo
Automático (DEA), uma vez que ele é de uso obrigatório em local com previsão de
concentração ou circulação diária, igual ou superior a 1.500 pessoas. E durante o
horário de funcionamento do estabelecimento é obrigatória a presença de um
profissional treinado para o uso do DEA e manobras de ressuscitação
cardiorrespiratória. O estabelecimento no descumprimento estará sujeito a
interdição.

2 SALVAMENTO

A atividade de salvamento aquático requer muito dos profissionais


empenhados, exigindo um condicionamento físico e preparo técnico dos guarda-
vidas. Por esse motivo, uma prevenção eficiente é de estrema importância,
diminuindo as atuações de salvamento e consequentemente o número de vítima.
Mesmo com uma prevenção efetiva, as pessoas, por negligências,
imprudência, imperícia, más condições físicas, problemas clínicos, embriaguez ou
acidentes com embarcações, ficam suscetíveis a ocorrência de afogamento.
Quem não estiver devidamente capacitado e treinado, não devera realizar o
salvamento, e sim acionar quem tiver competência para tal atividade, podendo
utilizar de meios disponíveis sem se colocar em condição de risco para não se tornar
mais uma vitima, com lançar bóias, coletes salva-vidas, cordas, bastões e outros
meios de fortuna.
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2.1 Equipamentos

Os equipamentos individuais obrigatórios de salvamento aquáticos facilitam o


trabalho do guarda-vidas e multiplica sua capacidade de resposta, sendo eles (Fig.
1): Nadadeira, Flutuador, Apito,

FIG.1: Equipamentos individuais obrigatórios.

Além dos obrigatórios deverá dispor no setor outros materiais para aumentar
a proteção aos banhistas e qualidade no trabalho dos guarda-vidas, conforme pode
ser verificado nas figuras 2, 3 e 4:

FIG. 2: Cordas para salvamento e isolamento, colete salva-vidas, bóia circular.

FIG. 3: Kit de primeiros socorros – (Colar cervical, talas, BVM, Pocket mask, prancha longa).
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FIG. 4: Mascara facial de mergulho com snorkel.

2.2 Técnicas de Salvamento

Por melhor nadador que seja o guarda-vidas, é mais rápido correr do que
nadar, devendo correr a maior distancia possível, diminuindo a distancia do nado,
mas, evitando dar voltas que terão um tempo superior ao do nado.
Após se aproximar o máximo possível, antes de iniciar o nado (ex: balneário)
ou mesmo entrar na água (ex: piscina) o guarda-vidas deve colocar os
equipamentos necessários, que ainda não havia colocado, pois iriam atrapalha seu
deslocamento em solo. Caso do guarda-vida esteja de folga ou em outra situação e
se depara como uma necessidade de atuar, e não tiver nenhum equipamento que
possa ser usado como meio de fortuna, a entrada na água será sem os
equipamentos.
Ao entrar na água o guarda-vidas devera usar técnicas que o permitam
manter contato visual constante com a vítima, não submergindo. Uma das técnicas
mais comuns é a da entrada ou mergulho pranchado, em que a cabeça e o corpo
não se afundam, fazendo com que o guarda-vidas não perca o contato visual com a
vítima (Fig. 5).

FIG.
5: Entrada pranchada sem os equipamentos individuais obrigatórios.
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No deslocamento até a vítima devemos seguir o mesmo princípio de nunca


perder o contato visual com a mesma. Por isso, deve-se realizara aproximação da
vítima através do nado crawl, com a cabeça fora da água, de forma que facilite a
visualização da vítima, plantas, troncos e outros empecilhos, além do fato que nesse
nado há uma maior velocidade no deslocamento. (Fig. 6).

FIG. 6: Nado de Aproximação, com os equipamentos individuais obrigatórios.

Para abordar a vitima deve ser levado em consideração seu estado físico e
psicológico (cansado porem calmo, afobado, desesperado, etc). Quando em posse
de equipamento de flutuação o guarda-vidas deve entregar para a vítima, evitando o
contato físico (Fig. 7). Após a vítima se acalmar, fixa-se o equipamento de forma
correta para evitar um novo acidente.

FIG. 7. Guarda-vida fixando o life-belt na vítima.


7

Se a vítima estiver em pânico e o guarda-vidas estiver realizando o


salvamento sem a presença do life-belt, ao se aproximar o guarda-vidas deve
mergulhar a uma distância segura (técnica de canivete), agarrá-la pelas pernas,
girando-a de forma que o guarda-vidas ao imergir fique posicionado nas costas da
vitima (fig. 8).

FIG. 8: Técnica de canivete, sem equipamentos.

Assim que realizar a abordagem da vitima deverá ser realizado o reboque.


Durante o reboque o guarda-vidas deverá sempre manter contato com a vítima e
deslocar para a margem mais próxima (fig. 9).

FIG. 9: Reboque com auxilio dos equipamentos.


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Após chegar a borda deverá retirar a vitima da água e iniciar o Atendimento


Pré-Hospitalar (fig. 10).

FIG. 10: Retirada da vítima de dentro da água.

2.3 Comunicação

Para facilitar a comunicação entre os guarda-vidas é recomendado o uso do


Apito, para uso podemos utilizar os sinais padrão, sendo eles:
 Um silvo curto - para obter atenção dos usuários. Depois de obter a atenção
dos usuários, tire os óculos escuros quando falar diretamente com os
mesmos.
 Dois silvos curtos - para obter a atenção de outro guarda-vidas. Quando
você der dois apitos curtos, levante sua mão ou dê um tapinha em cima da
sua própria cabeça. Desta forma os seus parceiros saberão quem apitou.
 Um silvo longo - para ativar o Sistema de Ação Emergencial. Isto indica que
você irá fazer um resgate. Geralmente isto significa que você entrará na água
e que outros membros da equipe deverão se envolver.
 Dois silvos longos - para indicar uma emergência maior. Isto vai comunicar
a necessidade de dois ou mais guarda-vidas e que a atividade aquática
deverá ser interrompida, pelos banhistas, imediatamente (devem ser tirados
todos os banhistas do utilitário), até a normalização da situação.
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2.4 Competências do Guarda-vidas:

 Permanecer em seus respectivos postos e estar sempre atentos;


 Ser sociável, sem, contudo desviar a sua atenção dos banhistas;
 Manter vigilância redobrada, sobre: crianças portadoras de bóias e
flutuadores, pessoas exibicionistas, jovens e pessoas com sintomas
alcoólicos;
 Providenciar o deslocamento de vítima se for o caso, o mais rápido possível
para o hospital;
 Cumprir as demais normas expedidas pelo Chefe da equipe;
 Não permitir saltos na piscina, uma vez que poderá atingir outros banhistas.

2.5 Do posicionamento do guarda-vidas para a realização da atividade

 Saber exatamente qual é a área geográfica a ser vigiada e desenvolver um


padrão para scanear a mesma;
 Saber quais as partes da sua zona que são consideradas de alto risco ou
pontos obscuros, e determinar mais tempo para scanear estas áreas;
 Em caso de substituição, questionar de seu substituído se existe alguma
situação especial a que deva tomar conhecimento;
 Lembrar que a piscina é tridimensional, e assim há necessidade de percorrê-
la de baixo para cima e por toda superfície;
 Adotar boa postura e evitar conversas entre si e com banhistas, ficando
sempre atento à área protegida;
 Em caso de acompanhamento a turmas escolares em clubes ou sítios, deve-
se orientar aos responsáveis pelo evento a auxiliar em relação aos aspectos
disciplinares;
 Estar sempre uniformizado para ser facilmente identificado em qualquer
situação.
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3 ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR

3.1 Avaliação do paciente

As primeiras etapas de qualquer avaliação são garantir a segurança da cena


e analisar a situação. Estando a cena a mais segura possível, a vítima pode ser
avaliada. A avaliação primária identifica e trata quadros de risco à vida imediatos, se
o paciente não apresenta lesões que ofereçam risco à vida, o socorrista pode
prosseguir para a avaliação secundária.

3.2 Sinais Vitais

São as medidas das mais básicas funções do corpo. São quatro: temperatura,
pressão arterial, respiração e pulso. São indicativos importantes também a cor da
pele e perfusão capilar (Perfusão Capilar normal < 2 segundos). Seus valores
possuem pequenas alterações conforme as referências bibliográficas adotadas.

Temperatura corporal (axilar):

Normal Febre discreta Febre Febre Elevada Hiperpirexia


moderada
36,6° a 37,2°C 37,3° a 38,4°C 38,5° a 39,0°C 39,1° a 40,5°C >40,5°C

Adulto Criança Lactente Neonato


12 a 20 15 a 30 25 a 50 30 a 60
Movimentos respiratórios por minuto (MRPM):

Pulso (batimentos cardíacos por minuto – BCPM):


Adulto Criança Lactente / Neonato
60 a 100 70 a 150 100 a 160

Pressão arterial
Adulto Criança / Bebê
Sistólica 110 a 140 80 + 2 x idade
Diastólica 60 a 90 2/3 da sistólica
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3.3 Avaliação Primária

Estando o local seguro, avalie a responsividade da vítima, realizando estímulo


verbal e doloroso. Caso a vítima não responda a nenhum estímulo, avalie respiração
e pulso (carotídeo em adulto e criança / braquial em bebê). Apresentando respiração
e pulso, continue avaliação.

X – Controle de Hemorragias

FIG. 11: Tratamento de hemorragias.

Avalie a existência de hemorragias e trate-as com compressão direta ou aplicando


um torniquete.

A – Vias Aéreas

FIG. 12: Liberação de via aérea em vítima de trauma.


12

FIG. 13: Liberação de via aérea em vítima de caso clínico.

Abra as vias aéreas superiores, mas antes procure saber se trata-se de um


caso clínico ou de um trauma. Avalie quanto à existência de objetos ou algo que
precisa ser removido (fig. 12 e 13).

Em vítimas inconscientes, devido ao relaxamento muscular, a língua relaxa e


cai para a hipofaringe obstruindo as vias aéreas e impedindo a passagem de ar. Por
esse motivo é necessário a abertura das vias aéreas (fig. 14).

FIG. 14: Língua sobre a hipofaringe.

B – RESPIRAÇÃO

Avalie a qualidade da respiração observando as seguintes situações:


 Profundidade: superficial, normal ou profunda;
 Frequência: lenta, normal ou rápida;
 Esforço: presente ou ausente;
 Bilateralidade: expansão simétrica ou assimétrica;
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 Se respiração inadequada ou na presença de ferimentos graves no tórax,


realize intervenções necessárias;

C – CIRCULAÇÃO (4P)

Quanto à circulação da vítima deverá realizar o pequenos sangramentos,


caso haja e avalie a qualidade do:
 Pulso: adulto e criança (radial)/lactente e neonato (braquial);
 Perfusão capilar;
 Pele (temperatura, cor e umidade).

D – DISFUNÇÃO NEUROLÓGICA

Verifique se o paciente está orientado, respondendo as perguntas que lhe são


feitas corretamente; confuso, tendo dificuldade em responder as perguntas ou
lembrar do ocorrido; apenas gemendo ou fazendo sons incompreensíveis; ou
inconsciente, não respondendo a nenhum estímulo.

E – EXPOSIÇÃO AO AMBIENTE

Exponha o paciente com controle da hipotermia retirando ou cortando a


quantidade de roupa necessária para determinar a presença ou a ausência de uma
condição ou lesão. Cubra o paciente, prevenindo a hipotermia e minimizando o
choque.

3.4 Avaliação Secundária

Execute o exame físico detalhado da cabeça aos pés da seguinte forma:


Avalie a cabeça.
 Avalie os olhos:
1. Pupilas alteradas;
2. Corpos estranhos;
3. Sangue na órbita;
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 Avalie o nariz - saída de líquor ou sangue;

 Avalie a boca:
1. Dentes fraturados;
2. Obstruções;
3. Inchaço ou laceração na língua;
4. Odores;
5. Descoloração.

 Avalie a orelha - saída de líquor ou sangue;

 Avalie o pescoço:
1. Distensão das veias jugulares;
2. Crepitação;
3. Desvio de traquéia.
Aplique o colar cervical, após avaliação do pescoço;

 Avalie o tórax:
1. Crepitação;
2. Movimento paradoxal;

 Avalie o abdome:
1. Rigidez;
2. Flacidez;
3. Distensão;
4. Dor.

 Avalie a pelve apenas uma vez durante todo o atendimento;

 Avalie as quatro extremidades. Verifique:


1. Pulso distal;
2. Sensibilidade;
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3. Motricidade;
4. Perfusão capilar.

Role o paciente para verificar as costas, quando for posicioná-lo na prancha


longa. Pacientes com lesões específicas (por exemplo, corte no dedo) não exigirão
exame físico detalhado.

3.5 Suporte Básico de Vida (SBV)

Durante a avaliação primária o guarda-vidas pode se deparar com uma vitima


em parada cardiorrespiratória, neste caso em específico, mudadas nossas
prioridades de avaliação e tratamento tendo como prioridade a RCP.

 Após checar o nível de consciência da vítima através do AVDN (alerta; verbal;


doloroso; não responde) se for constatado a inconsciência em vítima de
afogamento solicitar o DEA;
 Libere as vias aéreas e cheque a respiração usando a técnica VOS (ver, ouvir
e sentir), ouça, sinta a respiração e veja se o tórax se movimenta. Se não
respira realize 5 ventilações de resgate e mantenha as vias aéreas liberadas;
 Cheque novamente a respiração utilizando a técnica VOS.
 Se a vitima não respira ou não respira normalmente (gasping) acione apoio, e
solicite o DEA.

Se há apenas 1 socorrista:
 Deite o paciente de costas em superfície plana e rígida;
 Inicie RCP com 30 compressões torácicas e 2 ventilações com elevação
visível do tórax preferencialmente com uma pocket mask;
 Continue o procedimento de 30x2 até que o DEA esteja disponível e com as
pás conectadas no paciente ou, após 2 minutos de RCP, apareça outro
socorrista para revezar.
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Se há 2 ou mais socorristas (RCP em equipe):


 Deite o paciente de costas em superfície plana e rígida;
 O socorrista 1 inicia a RCP com 30 compressões1 e 2 ventilações
comprimindo a BVM, o socorrista 2 realiza a abertura de vias aéreas e
vedação da máscara com as duas mãos e o socorrista 3, após acionar o SAV,
opera o DEA;
 Havendo apenas dois socorristas, o socorrista 1 inicia as compressões e
ventilações e o socorrista 2 instala e opera o DEA;
 Após dois minutos ou 10 ciclos de 30 compressões2 por 2 ventilações, caso o
DEA não esteja disponível, troca-se o compressor (intervalo máximo de 5 seg.
para troca).

3.6 Técnica de RCP

 Posicione do lado do paciente com os joelhos no chão;


 Sobreponha uma mão sobre a outra;
 Estenda os braços na permitindo a flexão dos cotovelos;
 Apóie a região hipotênar (calcanhar) das mão no centro do tórax, na metade
inferior do osso externo;
 Projete o tronco para frente de forma que os braços façam um ângulo de 90º
com o solo;
 E faça compressões enérgicas e fortes, atingindo de 5 cm a 6 cm no adulto, 5
cm na criança e 4 cm no bebê;
 Com uma freguência de 100 a 120 por minuto;
 O socorrista deve permitir o retorno do tórax.

1
No caso de afogamento são 15 compressões
2
Idem item acima
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3.7 Técnicas de ventilação


Adulto Criança Bebê

1 socorrista 30 x 2 30 x 2 30 x 2

30 x 2
15x2*
2 socorristas 15 x 2 15 x 2
*(no caso de
afogamento)

Dois dedos; dois


Técnica Duas mãos Uma mão polegares, com dedos
circundando o tórax

 O socorrista deve vedar a mascara com a técnica do C e E, se sozinho


utilizando a pocket mask;
 Se mais de 1 socorrista, utiliza a técnica tênar para a vedação e dar
preferência ao BVM;
 Fazer a liberação das vias aéreas;
 E ventilar observando a expansão abdominal;
 Caso o O2 não esteja conectada a mascara, o socorrista deve retirá-la do
rosto do paciente durante a compressões.

FIG. 15: RCP.


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3.8 OBSTRUÇÃO DE VIA AÉREA (VÍTIMA ENGASGADA)

3.8.1 CONDUTA PARA VÍTIMA ADULTA OU CRIANÇA

 VERIFIQUE CONSCIÊNCIA. SE CONSCIENTE, verifique o sinal


universal de engasgo (mãos no pescoço). Em seguida constate:
- A vítima respira normalmente?
- A vítima consegue falar?
- A vítima consegue tossir?
- Caso positivo para algum critério acima, acalme a vítima e a encaminhe a recurso
hospitalar na posição sentado;

 SE CONSCIENTE, expressando o sinal universal de engasgo e não


consegue falar, tossir ou respirar, imediatamente acione o Corpo de
Bombeiros Militar (193) inicie as compressões abdominais contínuas
em J até desalojar o corpo estranho ou o paciente tornar-se
inconsciente;
- Lembre-se: Na grávida e no obeso a posição das mãos e os
movimentos são diferenciados; as mãos devem ser posicionadas no
osso esterno, executando movimentos de compressão torácica.

 SE O PACIENTE TORNAR-SE INCONSCIENTE, imediatamente


acione o Corpo de Bombeiros Militar (193), cheque a boca a procura
do corpo estranho, mas sem fazer varredura e inicie a RCP pelas
compressões e siga o protocolo de RCP.

.
19

FIG. 16: Manobra de Heimlich.

3.8.2 CONDUTA PARA VÍTIMA BÊBE

 VERIFIQUE CONSCIÊNCIA. SE CONSCIENTE, verifique:


- A vítima respira normalmente?
- A vítima consegue chorar?
- A vítima consegue emitir som?
- Caso positivo para algum critério acima, acalme a família e encaminhe o bêbe a
recurso hospitalar no colo do socorrista / pai / mãe;

 SE CONSCIENTE e não consegue tossir nem emitir som,


imediatamente acione o Corpo de Bombeiros Militar (193), após
descubra se a obstrução tenha foi por líquido, se sim peça à mãe, pai
ou parente que sugue com a boca a boca e o nariz da vítima;
- Caso a obstrução se mantenha, execute 5 pancadas entre as escápulas, 5
compressões no tórax, mantenha a cabeça do bêbe em nível mais baixo que o resto
do corpo;
- Faça as pancadas e compressões e até o líquido sair, o paciente respirar
normalmente ou tornar-se inconsciente.

 SE CONSCIENTE e não consegue tossir, nem emitir som,


imediatamente acione o Corpo de Bombeiros Militar (193), caso a
obstrução tenha sido por corpo estranho sólido detectado ou
presenciado, retire o corpo estranho se visível. Caso não veja o corpo
estranho e/ou a obstrução se mantenha, execute 5 pancadas entre as
escápulas, 5 compressões no tórax, mantenha a cabeça do bêbe em
nível mais baixo que o resto do corpo;
- Faça as pancadas e compressões até o objeto sair, o paciente respirar
normalmente ou tornar-se inconsciente.

 SE O PACIENTE TORNAR-SE INCONSCIENTE, imediatamente


acione o Corpo de Bombeiros Militar (193), após cheque a boca à
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procura do corpo estranho, mas sem fazer varredura. Caso não o


encontre siga o protocolo de RCP

FIG. 16: Manobra de desobstrução em bebês.

3.9 Desfibrilador Externo Automático (DEA)

O DEA é fundamental no tratamento de vítimas em PCR, pois aumenta


consideravelmente sua chance de sobrevida principalmente se for aplicado de forma
precoce. O tempo ideal para o uso do DEA é nos primeiros minutos após a PCR
(entre 3 e 5 minutos), onde o coração ainda se encontra em Fibrilação Ventricular ou
Taquicardia Ventricular sem pulso e o DEA irá indicar o choque.

3.9.1 Precauções no uso do DEA:

 Afaste o paciente de água e de superfície molhada;


 Antes de conectar as pás, sempre seque e limpe o local permitindo que o
adesivo da pá cole perfeitamente;
 Afaste as pás cerca de 2 a 2,5 cm de distância do marca-passo ou
cardiodesfibrilador implantado (CDI);
 Afaste as pás de local lesionado da pele;
 Retire adesivo de medicação transcutânea se houver, limpe e seque a
superfície onde a pá será instalada;
 Não movimente o paciente durante a utilização do DEA, devido aos artefatos
de ruídos e à simulação de FV decorrentes do próprio movimento;
 Não toque nem deixe ninguém tocar o paciente durante a análise do ritmo e a
administração do choque;
21

 Raspe os pelos do tórax do paciente, se necessário, nos locais onde serão


colocadas as pás;
 Evite operar o DEA próximo a celulares e rádios de comunicação (HT)
ligados, linhas de trem e metrô, e linhas de alta voltagem;
 Retire, quando possível, correntes, adornos e assessórios metálicos do
pescoço e mamilo do paciente antes de colocar as pás;
 Não use o DEA concomitante com oximetria de pulso, aparelhos de pressão e
equipamentos médicos em contato com o paciente sob monitoramento.

3.9.2 Conduta para utilização do DEA:

1. Inicie RCP até que o DEA esteja disponível:


 Prepare o paciente, ligue o DEA, conecte as pás (continue a RCP). Quando
do sinal de “analisando o ritmo cardíaco”, não toque no paciente e PARE a
RCP;

2. Se choque indicado:
 Afaste todas as pessoas de perto do paciente;
 Pressione o botão de choque ao vê-lo piscar;
 Reinicie imediatamente a RCP pelas compressões;
 A cada 2 minutos o DEA reinicia a avaliação.

3. Se choque não indicado:


 Continue a RCP.

Quando a RCP for feita em conjunto com o DEA o rodízio deve acontecer a cada
análise do ritmo cardíaco.
22

3.10 Crises convulsivas

É um distúrbio que se caracteriza pela contração muscular involuntária de


todo o corpo ou de parte dele, provocada por aumento excessivo da atividade
elétrica em determinadas áreas cerebrais.
Emoções intensas, exercícios vigorosos, determinados ruídos, músicas,
odores ou luzes fortes podem funcionar como gatilhos das crises. Outras condições
como febre alta, falta de sono, menstruação e estresse, também podem facilitar a
instalação de convulsões, mas não são consideradas gatilhos.

3.10.1 Causas

Em alguns casos, não é possível identificar a causa da convulsão. Nos outros,


entre as causas prováveis, podemos destacar: febre alta em crianças com menos de
5 anos; doenças como meningites, encefalites, tétano, tumores cerebrais, infecção
pelo HIV, epilepsia, traumas cranianos; abstinência após uso prolongado de álcool e
de outras drogas, ou efeito colateral de alguns medicamentos; distúrbios
metabólicos, como hipoglicemia, diabetes, insuficiência renal e falta de oxigenação
no cérebro.

3.10.2 Sinais e sintomas

Existem diversos tipos de convulsões. Os dois mais frequentes são a crise de


ausência, ou pequeno mal, e a convulsão tônico-clônica, ou grande mal. No primeiro
grupo, incluem-se as pessoas que, durante alguns segundos, ficam com o olhar
perdido, como se estivessem no mundo da lua, e não respondem quando
chamadas. Quando a ausência dura mais de dez segundos, o paciente pode
manifestar movimentos automáticos, como piscar de olhos e tremor dos lábios, por
exemplo. Essas crises chegam a ser tão breves que, às vezes, ele nem sequer se
dá conta do que aconteceu.
Já as convulsões tônico-clônicas estão associadas à perda súbita da
consciência. O quadro dura poucos minutos. Na fase tônica, todos os músculos dos
braços, pernas e tronco ficam endurecidos, contraídos e estendidos e a face adquire
coloração azulada. Em seguida, a pessoa entra na fase clônica e começa a sofrer
23

contrações rítmicas, repetitivas e incontroláveis. Em ambas as situações, a saliva


pode ser abundante e ficar espumosa. Mordida pelos dentes, a língua pode sangrar.

3.10.3 Conduta

 Proteja o paciente (ampare sua cabeça, porém não contenha seus


movimentos);
 Em caso de secreção na boca, lateralize o paciente. Não insira os dedos na
boca do paciente;
 Mantenha o paciente em posição de conforto (decúbito dorsal ou semi-
reclinado);
 Afrouxe um pouco as roupas do paciente;
 Aqueça o paciente;
 Ofereça apoio emocional.

3.11 Lesões músculo esqueléticas

As lesões músculo esqueléticas resultam em dois principais problemas que o


socorrista deve atentar durante o atendimento, são eles a hemorragia e a
instabilidade devido a fraturas e luxações.
É importante lembrar que hemorragias são ferimentos que devem ser
controlados durante a avaliação primária, pois colocam a vida do paciente em risco.
No início do atendimento, o socorrista não deve se distrair com a imagem de uma
fratura, devendo focar sua atenção na avaliação primária, eliminando o que pode
levar o paciente a morte.
Em um osso fraturado, a imobilização reduzirá o potencial de novas lesões e
a dor. O movimento das extremidades pontiagudas de um osso fraturado pode
lesionar vasos sanguíneos, tecido muscular e os nervos.
As fraturas são classificadas como fechadas ou expostas. Em uma fratura
fechada, não há a perfuração da pele, porém sinais como dor, sensibilidade,
deformidade, hematomas, edema e crepitação, podem aparecer. Já em uma fratura
exposta, a integridade da pele é comprometida. Caso exista um ferimento, como um
24

corte contuso, próximo a uma fratura, porém sem exposição óssea, esta é
considerada e deve ser tratada como fratura exposta.

3.11.1 Tratamento

Após o controle da hemorragia e o tratamento do choque, os ferimentos


abertos ou extremidades ósseas expostas devem ser cobertos com curativo estéril
umedecido com soro fisiológico ou água potável.
No tratamento de fratura fechada, o membro lesionado deve ser recolocado
na posição anatômica, podendo ser realizada suave tração para retornar o membro
ao seu comprimento normal. Esse procedimento é contra indicado caso exista dor
significativa e/ou resistência ao movimento, apresentados durante a tentativa de
restabelecer a posição anatômica normal.
Não deve ser feita mais do que uma tentativa de retornar o membro á posição
normal. Não havendo êxito, o membro deve ser imobilizado na posição encontrada.
A indicação de recolocar o membro na posição anatômica é justificada pelos fatores
de que um membro alinhado é mais fácil imobilizar; a perfusão, a motricidade e a
sensibilidade do membro melhoram; existindo também a diminuição da hemorragia e
da dor.
Em fraturas expostas, o membro deve ser imobilizado na posição encontrada.
A extremidade óssea não deve ser empurrada para dentro, devendo ser
cuidadosamente lavada com soro fisiológico ou água se existir contaminação
evidente. Caso a extremidade óssea retorne para o interior do membro, o socorrista
deverá avisar a equipe médica, devido à probabilidade de ocorrer contaminação
óssea.

3.11.2 Procedimentos

 Manualmente imobilize a articulação acima e abaixo do local lesionado;


 Avalie pulso distal, perfusão capilar, sensibilidade e motricidade distais antes
de aplicar talas de imobilização.
 Remova ou corte as roupas do membro lesionado;
25

 Remova relógio e jóias da extremidade afetada;


 Trate hemorragia, se presente.
 Não faça excessiva compressão;
 Se houver edema, pode ser aplicado indiretamente gelo ou compressa fria no
local;

Imobilize o membro lesionado conforme as seguintes diretrizes:


 Se o osso estiver angulado tente alinhar o membro aplicando tração manual
antes de imobilizar com talas. Se houver resistência ao movimento ou
presença de dor significativa, imobilize na posição encontrada;
 Meça a tala e a aplique, imobilizando o membro e a articulação acima e
abaixo do local lesionado;
 Mantenha o pé e a mão em posição funcional (neutra);
 Reavalie pulso distal, perfusão capilar, sensibilidade e motricidade depois de
aplicar talas de imobilização.
 Imobilize fratura aberta (com exposição óssea visível) na posição encontrada.

Lesões nas ou próximo às articulações:


 Aplique estabilização manual;
 Avalie pulso distal antes e depois da aplicação da tala;
 Imobilize o membro na posição encontrada;
 Imobilize uma articulação acima e outra abaixo do local lesionado.

3.12 Hemorragias

“Nenhum sangramento é insignificante, cada hemácia conta.” Esta é uma boa


regra para ser lembrada. Mesmo um pequeno gotejamento de sangue pode levar a
uma perda sanguínea significativa, se ignorado por muito tempo.
As hemorragias podem ocorrer internamente ou externamente devido ao
comprometimento dos vasos sanguíneos (capilares, veias e artérias).
26

3.12.1 Hemorragias externas

Uma hemorragia capilar será caracterizada pelo escoamento lento de sangue


devido uma abrasão. A hemorragia venosa caracteriza-se pelo escoamento contínuo
de um sangue vermelho escuro após uma laceração ou corte. A hemorragia arterial
apresenta um sangue vermelho vivo, esguichando de forma sincronizada com os
batimentos cardíacos.
A hemorragia externa deve ser identificada durante a avaliação primária. De
modo geral ela é facilmente identificada, mas pode se esconder sob o doente, ou em
roupas pesadas e escuras. Seu tratamento envolve a aplicação de compressão
direta sobre o ferimento com uma compressa seca e bandagem, devendo sobrepor
as compressas em hemorragias agudas, sem a remoção da anterior.
Não lave a lesão, pois isso favorece o aumento ou retorno da hemorragia.
Use compressa seca para remover excesso de detritos da lesão, não faça fricção
excessiva. Se a hemorragia não for controlada por compressão direta ou curativo
compressivo, deve ser aplicado um torniquete.

Considerações sobre o torniquete:


 O torniquete é usado apenas em hemorragias externas graves em que a
compressão direta for ineficiente;
 A largura do torniquete em contato com o membro deve ser de no mínimo 05
cm;
 Deve ser aplicado a 05 cm antes do local da lesão, posição proximal;
 Uma vez aplicado, o torniquete não deve ser afrouxado;
 Anote o horário em que foi aplicado e repasse para a equipe médica;
 Um segundo torniquete pode ser aplicado proximalmente ao primeiro, se não
houver controle da hemorragia com a colocação inicial do primeiro torniquete.
27

3.12.2 Hemorragia interna

Hemorragias internas são mais difíceis de serem constatadas, pois não há


extravasamento de sangue, sendo difícil também o seu controle, pela
impossibilidade de tratá-las da mesma forma que uma hemorragia externa.
Porém, alguns sinais e sintomas confirmam ou nos fazem suspeitar da
ocorrência de uma hemorragia interna, são eles:
 Sangramentos por orifícios naturais do corpo;
 Vômito com sangue ou tosse contendo sangue;
 Traumas no tórax, abdômen ou pelve;
 Rigidez e/ou dor abdominal;
 Edemas progressivos;
 Hemorragia vaginal ou pelo reto;
 Fraturas ;
Indícios de estado de choque (pulso de extremidades fracos ou ausentes;
perfusão capilar maior que dois segundos; pele pálida, fria, úmida e pegajosa;
fraqueza; tonteira; sede; ansiedade; taquipnéia; taquicardia; hipotensão; alteração
da consciência; etc.) sem causa aparente.
O tratamento da hemorragia interna no ambiente pré hospitalar consiste em
posicionar a vítima em decúbito dorsal, mantendo as vias aéreas pérvias. Tratar o
estado de choque, aquecendo a vítima e evitando a hipotermia. Aplica-se uma
compressa fria indiretamente sobre o possível local da hemorragia, pois o frio faz
uma vaso constrição, diminuindo o sangramento. Imobilizar fraturas para reduzir as
lesões internas e não oferecer nada para o paciente ingerir.

3.13 Traumatismo Crânio Encefálico (TCE)

Traumas na cabeça são ferimentos graves que necessitam de uma atenção


especial do socorrista, isso pelo fato de estar, na maioria das vezes, associados a
possíveis lesões cerebrais. Fique atento aos sinais e sintomas que acusam esse
quadro.
28

3.13.1 Sinais e sintomas

 Cortes ou lacerações no couro cabeludo;


 Inconsciência ou redução do nível de consciência;
 Exposição de massa cefálica;
 Ferimento penetrante na cabeça (arma de fogo, arma branca, objetos
encravados);
 Edema, saliências, deformidade ou fragmentos ósseos na superfície craniana;
 Sinal de Guaxinim (hematoma em volta dos olhos) ou Sinal de Battle
(hematoma atrás das orelhas);
 Diâmetros pupilares desiguais;
 Pupilas com reação lenta ou nula à luz;
 Sangramento pelo nariz e/ou pelos ouvidos ou saída de líquor (fluido claro)
também pelos ouvidos ou nariz;
 Fraqueza ou formigamento em um lado do corpo;
 Alteração dos sinais vitais;
 Náuseas e vômito, quando conjugados com os outros sinais/sintomas
específicos do TCE;
 Crise convulsiva quando conjugada com outros sinais/sintomas específicos;
 Cefaléia e/ou dor no local da lesão.

3.13.2 Conduta

 Estabilização cervical manual/mecânica. Mantenha a coluna cervical alinhada


em posição neutra, sem tração significativa na cabeça e pescoço. A força
exercida deve ser apenas a suficiente para, em vítima sentada ou de pé,
remover o peso no sentido axial e alinhar a cabeça com o eixo longitudinal;
 Manter as vias aéreas pérvias. Em vítimas inconscientes, com controle
cervical, realize tração da mandíbula;
 Controlar hemorragias com curativos oclusivos;
 Estabilizar objetos encravados com compressas volumosas sem removê-los;
 Não impedir saída de líquor e/ou sangue do nariz ou ouvidos;
 Aquecer a vítima;
29

 Considerar estado de choque;


 Monitorar sinais vitais e nível de consciência;
 Avaliar possível TRM.

3.14 Trauma Raquimedular (TRM)

O mergulho em águas rasas é um dos mecanismos de lesão que transferem


para a vítima uma energia muito grande. Esses mecanismos devem ser sempre
associados a uma possível lesão na coluna cervical.

3.14.1 Sinais e sintomas

 Lesões ocultas - relacione o mecanismo da lesão e avalie a transferência de


energia;
 Histórico de lesão ou anormalidade na coluna;
 Trauma significativo acima das clavículas;
 Perda de sensibilidade em extremidades;
 Paralisia (perda de movimento ou função) de membro;
 Fraqueza ou formigamento de extremidades;
 Dor na região cervical;
 Sinais e sintomas de paraplegia e tetraplegia;
 TCE;
 Priapismo.

3.14.2 Conduta

 Mantenha a coluna cervical imobilizada;


 Aplique o colar cervical do tamanho apropriado;
 Imobilize na posição encontrada se houver:
1. Resistência;
2. Espasmos dos músculos do pescoço;
3. Aumento da dor;
4. Formigamento durante o posicionamento do pescoço;
30

Se esse processo for interrompido,


5. Comprometimento das vias aéreas as células sofrem isquemia e
ou respiração. começam a morrer.

 Mantenha a via aérea pérvia, assista a Tempo de resistência a isquemia:


respiração, avalie a circulação e Cérebro e Coração de 4 a 6 minutos
procedam as intervenções se necessário;
Outros órgãos de 45 a 90 minutos
 Não eleve as pernas do paciente;
Músculo, pele de 4 a 6 horas
 Aqueça o paciente.

3.15 Afogamento

Todo ser vivo é constituído de células ou por grupamento de células, que se


difere entre si, para formar diversos tecidos e esses tecidos sofrem adaptações para
formar os órgãos.
Para manutenção da vida, e necessário um fornecimento adequado de
Oxigênio para as células e eliminação do Gás Carbônico, resíduo do processo
aeróbico (produção de energia). Tal função é exercida pelo Sistema Respiratório e
Sistema Cardíaco que estão intimamente ligados, devido suas funções.

3.15.1Sistema Respiratório

É responsável pela captação do Oxigênio e dispersão do Gás Carbônico.


Esse sistema é composto por:
 Fossas nasais;
 Faringe;
 Laringe;
 Traquéia;
 Pulmões (Brônquio, Bronquíolos e Alvéolos).
Na inspiração, o ar entra pelas vias aéreas e vai para os alvéolos pulmonares,
que são pequenas bolsas completamente envolvidas por finos vasos sanguíneos, é
nos alvéolos que ocorre a troca gasosa onde o O2 passa para o sangue, e o CO2
vai para os alvéolos, e depois é expulsão das vias aéreas pela respiração.
31

3.15.2 Sistema Cardíaco

O sangue após ser recarregado com O2, retorna para o coração que o bombeia para
todo corpo até as células, o O2 é entregue as células e o CO2 é captado pelo
sangue, que retorna com ele até os pulmões.

3.15.3 Fisiopatologia do afogamento

O afogamento é a aspiração de liquido por imersão ou submersão, podendo


o líquido atingir as vias aéreas superiores o que dá início ao sufocamento e
laringoespasmo, isso faz com que a vitima perca a consciência e afunde ainda mais,
também chamado de afogamento seco. O líquido também pode atingir as vias
aéreas inferiores causando várias complicações mesmo após o regate bem
sucedido, também chamado de afogamento molhado, que corresponde a 85% dos
casos de afogamento.
No afogamento por água doce, quando o líquido chega ao pulmão à água
passa dos alvéolos para o espaço intravascular causando um aumento de volume e
uma diluição, já no afogamento por água salgada acontece o inverso o liquido
intravascular passa para dentro do alvéolo causando um edema.
Apesar dos diferentes tipos de afogamento: seco, molhado, água doce e
salgada, em todos os casos ocorrera hipóxia e o tratamento deve ser direcionado
para reverter este quadro independente de que forma ocorreu.

3.15.4 Hipotermia

Uma pessoa exposta por muito tempo no Em águas geladas, existem alguns
casos de sobrevivência com até 66
meio líquido ou em um caso de afogamento,
minutos de submersão, com
pode perder temperatura suficiente para causar temperatura corporal de até
uma hipotermia. Uma hipotermia severa pode 13,7C°. Em uma situação, uma
criança sobreviveu após 40
contribuir para o aumento de chance de
minutos de submersão com
sobrevivência de uma vitima de afogamento. temperatura corporal de 24C°.
Na hipotermia suave ( temperatura
Diante disso, o tempo de
corporal acima de 32°) a vitima apresenta: presunção de óbito é acima de 1
hora de submersão.
32

 Tremedeira;
 Discursos incompreensíveis;
 Lapsos de memória;
 Mãos atrapalhadas;
 Cianose.

Na hipotermia profunda (temperatura corporal abaixo de 32°) a vitima


apresenta:
 Enrijecimento dos músculos;
 Pele azulada;
 Não responde a dor.
Nesses casos o socorrista deve aquecer a vitima e monitorar sinais vitais.

3.15.5 Fases do afogamento

O processo de afogamento na maioria das vezes não ocorre de forma


instantânea, sendo um processo progressivo, assim esse é dividido em três fases,
sendo elas:
 Angustia (stress):
Esta palavra não é a que melhor define essa fase, por ter sido traduzida. O que
ocorre é um stress, uma fadiga causada pelo esforço físico, o nadador ainda tem
capacidade de se manter na superfície, mas tem dificuldade de alcançar uma
local seguro, por nadarem sem técnica. Geralmente isso acontece com
nadadores fracos, inexperientes, com cãibras, que tentam realizar travessias ou
nadar contra correntezas.
A atenção do guarda-vidas é de estrema importância para identificação dos
banhistas vulneráveis ou que sem encontrar nessa fase, tendo em vista que
solicitaram ajuda ou pediram socorro.

 Pânico:
A fase anterior pode evoluir rapidamente para fase do pânico se não houver uma
intervenção, pois ao perder a capacidade de se manter na superfície da água
flutuando, ocorrerá à imersão.
33

Nesse caso a vitima não terá condições de gritar por socorro, pois toda sua
energia esta concentrada no esforço para se manter na superfície, dificultando a
identificação, o que exigira mais atenção do guarda-vidas.

 Submersão:
Após o período que a vítima tentava se mantiver na superfície, ela ira submergir
(afundar) isso pode acontecer pela perda de consciência causada pelo
fechamento da glote ou por aspiração de líquido. Após a submersão pode ocorrer
o relaxamento da glote e o alagamento dos pulmões.
Nesta situação as chances de salvamento são reduzidas de forma drástica,
enfatizando a importância da identificação nas fases anteriores.

3.15.6 Classificação do afogado


34

3.15.7 Tratamento do afogado

Avaliação
Existem duas diferentes linhas de tratamento que o socorrista deve avaliar:
 Afogamento presenciado, quando a vitima ainda esta dentro da água e
envolve técnicas de salvamento aquático, onde o socorrista irá tentar reverter
o laringospasmo fazendo 5 ventilações de resgate para avaliar tratar a vítima;

 Afogamento não presenciado, quando a vitima é encontrada pelo socorrista


fora da água, e caso não haja respiração irá partir direto para RCP.

Todo bom atendimento depende de uma boa avaliação, e durante a avaliação


devemos classificar o grau do afogado.

Grau Resgate – Também definido como um grau afogamento, mas neste caso
ainda não ouve aspiração de liquido, a vitima foi retirada da água ainda na fase do
pânico ou angustia, e não apresentará nem mesmo a tosse ou espuma.

1. Sinais e sintomas:
(a) Sem tosse, sem espuma na boca/nariz nem dificuldade na respiração.
2. Conduta:
(a) Avalie e libere do local.

Afogamento Grau 1: Aspiração de quantidade mínima de água, geralmente atinge


apenas vias aéreas superiores, e o próprio organismo tem o reflexo de expulsar a
água (tose).

1. Sinais e sintomas:
(a) Tosse sem espuma na boca ou nariz.
2. Conduta:
(a) Repouso, aquecimento e medidas que visem o conforto e tranquilidade do
paciente;
(b) Não há necessidade de oxigenação ou hospitalização, podendo ser
liberada após recuperação.
35

Afogamento Grau 2: Aspiração de pequena quantidade, suficiente para alterar a


troca gasosa, atingindo as vias aéreas inferiores produzindo pequena quantidade de
espuma.

1. Sinais e sintomas:
(a) Pouca espuma na boca e/ou nariz.
2. Conduta:
(a) Oxigênio a 5 litros/min, com cateter nasal;
(b) Aquecimento corporal, repouso e tranquilizar a vitima;
(c) Encaminhar ao Hospital.

Afogamento Grau 3: Aspiração de uma quantidade importante de água, produzindo


grande quantidade de espuma e taquicardia.

1. Sinais e sintomas:
(a) Muita espuma na boca e/ou nariz, com pulso radial.
2. Conduta:
(a) Oxigênio a 15 litros/min, com máscara de não reinalação;
(b) Posição lateral de segurança sobre o lado direito;
(c) Encaminhar ao Hospital;

Afogamento Grau 4: Aspiração de uma quantidade importante de água, produzindo


grande quantidade de espuma e ausência de pulso radial (estado de choque).

1. Sinais e sintomas:
(a) Muita espuma na boca e/ou nariz sem pulso radial.
2. Conduta:
(a) Oxigênio por máscara de não reinalação a 15 litros/min no local do
acidente;
(b) Observe a respiração com atenção - pode haver parada respiratória –
utilize o oxímetro de pulso;
(c) Posição lateral de segurança sobre o lado direito;
(d) Encaminhar ao Hospital.
36

Afogamento Grau 5: Aspiração de uma quantidade importante de água, produzindo


grande quantidade de espuma e ausência de pulso radial e parada respiratória.

1. Sinais e sintomas:
(a) Parada respiratória com pulso carotídeo ou sinais de circulação presente.
2. Conduta:
(a) Verifique o ABC3 (afogamento presenciado) e/ou CAB (afogamento não
presenciado – vítima atendida posteriormente);
(b) Ventilação com BVM com O2 a 15 l/min - utilize oxímetro de pulso;
(c) Após retornar a respiração espontânea - trate como grau 4;
(d) Posição lateral de segurança sobre o lado direito;
(e) Encaminhar ao Hospital.

Afogamento Grau 6: Devido o grau comprometimento ou o tempo da parada


respiratória, evolui para uma parada cardiorrespiratória.

1. Sinais e sintomas:
(a) Parada Cardiorrespiratória (PCR).
2. Conduta:
(a) Trate na sequência ABC (afogamento presenciado - VÍTIMA NA ÁGUA)
e/ou CAB (afogamento não presenciado - vítima atendida posteriormente
FORA DA ÁGUA);
(b) Reanimação Cardiopulmonar (RCP) conforme item 3.5 Suporte Básico de
Vida (SBV)4, com a diferença que se paciente na água o socorrista deverá
fornecer até 10 ventilações de resgate antes de retirar da água, se puder

3
Etapa A - Vias aéreas com controle da coluna cervical
Etapa B - Respiração
Etapa C - Circulação
4
Se há apenas 1 socorrista:
 Deite o paciente de costas em superfície plana e rígida;
 Inicie RCP com 30 compressões torácicas e 2 ventilações com elevação visível do tórax preferencialmente com uma
pocket mask;
 Continue o procedimento de 30x2 até que o DEA esteja disponível e com as pás conectadas no paciente ou, após 2
minutos de RCP, apareça outro socorrista para revezar.

Se há 2 ou mais socorristas (RCP em equipe):


 Deite o paciente de costas em superfície plana e rígida;
 O socorrista 1 inicia a RCP com 15 compressões e 2 ventilações comprimindo a BVM, o socorrista 2 realiza a
abertura de vias aéreas e vedação da máscara com as duas mãos e o socorrista 3, após acionar o SAV, opera o
DEA;
 Havendo apenas dois socorristas, o socorrista 1 inicia as compressões e ventilações e o socorrista 2 instala e opera
o DEA;
 Após dois minutos ou 10 ciclos de 15 compressões por 2 ventilações, caso o DEA não esteja disponível, troca-se o
compressor (intervalo máximo de 5 seg. para troca).
37

fazer com segurança (equipamento apropriado e pessoal devidamente


dimensionado);
(c) Após retirada da água, o socorrista deverá realizar a técnica VOS 5,
fornecer 5 respirações de resgate, depois, mantendo A e B, verifica-se o C.
Caso não haja pulso, proceder a RCP com uso de DEA e O2,
(d) Após sucesso da RCP, com retorno da consciência, trate como grau 4.

3.16 QUEIMADURAS

A estatística mostra que são atendidos nos serviços médicos, mais de 2


milhões de casos de queimaduras por ano. Destes, 6 mil pessoas morrem devido ao
trauma relacionado com as queimaduras.

As queimaduras podem ser térmicas, elétricas ou químicas.

3.16.1 O QUE NÃO FAZER EM QUEIMADURAS:

- NÃO passar óleo, manteiga, pasta de dente, pó de café, etc.


- NÃO aplicar gelo diretamente na pele.
- NÃO estourar as bolhas.
- NÃO remover roupas ou qualquer coisa que esteja aderida na queimadura.
- NÃO alimentar ou oferecer líquidos.

5
Ver, ouvir e sentir.
38

3.16.2 O QUE FAZER EM QUEIMADURAS:

- Verificar constantemente a consciência e mudanças de respiração da vítima.


- Tentar manter uma temperatura ideal para vítima, nem muito frio nem muito
calor. Proteger o local com gaze limpa e seca evite entrada de poeira e qualquer
sujidade no local.
- Solicitar cuidados médicos.

3.16.3 Primeiros socorros em queimaduras térmicas:

Queimaduras térmicas são classificadas em:


1o grau - Acometem as partes mais superficiais da pele. Deixam a pele seca e
vermelha e são dolorosas.

a. Esfrie a área atingida. Use água soro ou água limpa


b. Cubra o local com um pano seco e limpo.

2o grau - Acometem partes um pouco mais profundas da pele, formam bolhas


(caracteriza este tipo de queimadura) e são dolorosas.

a. Cubra o local com um pano seco e limpo.


b. Chame o os Bombeiros Militares (193) imediatamente.

3o grau - Acometem todas as camadas da pele, podendo até destruir gordura,


músculos e nervos. O aspecto é de carbonização e não são dolorosas, pois há a
destruição das terminações nervosas.

c. Cubra o local com um pano seco e limpo.


d. Chame o os Bombeiros Militares (193) imediatamente.

3.16.4 Queimadura Elétrica


Uma queimadura elétrica pode danificar tecidos e órgãos internos. Apresenta
um ponto de entrada e outro de saída. Nunca se aproxime de uma vítima de
39

queimadura elétrica, a não ser que tenha certeza que a fonte de eletricidade esteja
desligada.

3.16.5 Primeiros socorros em queimaduras elétricas


- Desligue a força elétrica (quadro de fusíveis ou pedir para a companhia de luz
desligar o setor).
- Verifique a respiração, inicie a RCP se necessário.
- Não remova a vitima, a não ser em emergências.
- Cubra o local queimado com panos limpos.
- Solicite ajuda médica.

3.16.6 Queimadura Química


Existem várias substâncias que provocam queimadura quando em contato
com a pele ou mucosas. Queimaduras químicas requerem cuidados imediatos.

3.16.7 Primeiros socorros em queimaduras químicas:


- Lave a área atingida com água doce corrente. Mantenha um fluxo constante e
suave por pelo menos 15 minutos. Evite jatos de água sob pressão. Retire
roupas contaminadas e anéis ou bijuterias, enquanto lava o local atingido.
- Se a substância química for seca (pó), escove a área atingida.
- Monitore a vítima e observe reações secundárias.
- Se atingir os olhos, lave-os deixando o fluxo da água para baixo.
- Acione o Corpo de Bombeiros Militar (193).

3.17 AVC / AVE

Acidente Vascular Cerebral / Acidente Vascular Encefálico (AVC/ AVE): o


AVC/AVE conhecido popularmente como "derrame cerebral" se refere a qualquer
processo patológico que comprometa a circulação cerebral. Pode ser dividido em
dois tipos:
40

i. Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI): o mais comum. É causado pela


falta de sangue em determinada área do cérebro, decorrente da obstrução
de uma artéria;
ii. Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico (AVCH): é causado por
sangramento devido ao rompimento de um vaso sanguíneo.

 Sinais e sintomas mais comuns:


i. Vertigem, confusão mental com perda visual parcial;
ii. Forte dor de cabeça;
iii. Forte dor de cabeça acompanhada de náuseas e vômitos;
iv. Falta de coordenação, perda de força;
v. Visão dupla e embaçada;
vi. Alteração na linguagem e compreensão em qualquer de suas formas;
vii. Enfraquecimento incompleto ou parcial de um lado do corpo (mais grave nas
mãos e metade completa da face);
viii. Paralisia de um lado do corpo.

 Obtenha a escala pré-hospitalar de Cincinatti.


i. Uma anomalia encontrada em qualquer um deles a probabilidade de um AVC é
igual a 72%.

SINAIS COMANDO NORMAL ANORMAL

Peça ao paciente que Ambos os lados do Um lado do rosto não


QUEDA FACIAL sorria e/ou mostre os rosto movem-se se move tão bem
dentes. igualmente. quanto ao outro.

Peça ao paciente que


feche os olhos e Ambos os braços Um braço não se
DEBILIDADE DOS
mantenha os braços movem-se move ou cai em
BRAÇOS
estendidos por 10 igualmente. relação ao outro.
segundos.

Peça ao paciente O paciente pronuncia


O paciente utiliza as
para dizer “o rato palavras
palavras
FALA ANORMAL roeu a roupa do rei ininteligíveis, usa
corretamente, com
de Roma” ou outra palavras incorretas
pronúncia clara.
frase similar. ou é incapaz de falar.
41

FIG. 17: Escala de Cincinatti.

 Caso suspeite de AVC/AVE:

i. Encaminhe a vítima ao hospital o quanto antes caso não tenha equipe médica
disponível;
ii. Se o paciente estiver inconsciente ele deve ser transportado na posição de
decúbito lateral para que o socorrista possa monitorá-lo constantemente,
mantendo o controle de suas vias aéreas e garantindo uma boa ventilação.
Se o paciente estiver alerta, ele pode ser transportado na posição de conforto
(normalmente semi-reclinado ou sentado) ou na posição de decúbito dorsal
com a cabeça e ombros levemente elevados;
iii. Mantenha o paciente em repouso, sob observação continuada;
iv. Aqueça o paciente;
v. Afrouxe um pouco as roupas do paciente;
vi. Avalie a responsividade por meio da Escala Pré-Hospitalar de Cincinatti;
vii. Encoraje membros da família a acompanhar o paciente até o hospital para
que possam informar o histórico do paciente à equipe médica;
viii. Quando da chegada no hospital mantenha os procedimentos até a equipe
médica responsável assumir o paciente, devidamente informada de toda
situação.
42

3.18 TRAUMATISMOS ESPECIFICOS E SEUS CUIDADOS

3.18.1 Traumatismo abdominal


Suspeite sempre de traumatismo e hemorragia interna. Chame o Serviço de
Emergências Médicas. Caso haja exposição de vísceras, NÃO tente recolocá-las na
cavidade abdominal, cubra-as com pano limpo e úmido. Se houver objeto penetrado,
NÃO retire, pois pode ocasionar uma hemorragia incontrolável.

3.18.2 Traumatismo nos olhos


 Objeto penetrante no olho - proteja o olho e o objeto até chegar ao hospital. Use
gases e copo de papel, por exemplo.
 Contusões, corpos estranhos - Cubra AMBOS os olhos (o traumatizado e o são),
pois ao mover o olho são, o olho traumatizado também se move, podendo piorar
a lesão.
 Substância química nos olhos – Lave com água limpa corrente por vários
minutos. Durante a lavagem, instrua a vítima para mover os olhos, ajudando a
limpá-los totalmente.

3.18.3 Bolhas
NÃO rompa as bolhas. Se as bolhas estiverem rompidas, cubra-as com gaze
e soro fisiológico.

3.18.4 Ferimentos no tórax


Ferimento aberto no tórax: Se ocasionados por objeto penetrante, NÃO retire
o objeto. Imobilize-o se possível e mantenha a vítima em repouso. Chame o Serviço
de Emergências Médicas.

Ferimento fechado no tórax: Ocasionada por contusão na área do tórax.


Providencie o SBV e chame o Serviço de Emergências Médicas. Pode haver
hemorragia interna e colocar a vítima em risco de vida.
43

3.18.5 Dente arrancado (involuntariamente)


Coloque-o num recipiente com soro fisiológico ou leite e leve-o ao dentista.
O dente nestas condições poderá ser reimplantado até 1 hora após o acidente. Se o
Dente estiver quebrado Mantenha a região afetada limpa e encaminhe a vítima para
o dentista.

3.18.6 Sangramento nasal

a. Coloque a vítima sentada.


b. Deixe a cabeça ligeiramente inclinada para frente.
c. Comprima as narinas por cinco minutos.
d. Se o sangramento não parar, continue comprimindo as narinas e procure
assistência médica.

3.18.7 Mordidas de animais

a. Lave com água e sabão as picadas/mordidas.

b. Não aplicar sucção, torniquete.

c. Marque o local com caneta

d. Impeça que a vítima se movimente para diminuir a circulação.

e. Retire adornos.

f. Encaminhe ao hospital.
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Tabela de Tratamento

Parada Cardiorrespiratória

Paciente 1 socorrista na RCP 2 socorristas ou mais na


RCP
Adulto 30 x 2 x 2min6 15 x 2 x 2min
(ou 5 ciclos) (ou 10 ciclos)
Criança ou Lactente 30 x 2 x 2min 15 x 2 x 2min
(ou 5 ciclos) (ou 10 ciclos)

REFERÊNCIAS

- NBR 1123/10908;
- Lei estadual 157778/2005;
- Lei municipal 5.846/2014;
- Instrução Técnica Operacional nº 18 (Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais);
- Instrução Técnica Operacional nº 23 2ªEd (Corpo de Bombeiros Militar de Minas
Gerais);
- Manual de Salvamento em Águas Paradas (Corpo de Bombeiros Militar do Distrito
Federal);
- PHTLS 8ª edição – Atendimento Pré-Hospitalar ao Traumatizado;
- Manual de Salvamento Aquático (SOBRASA).

6
No caso de afogamento são 15 compressões para cada 02 insuflações, conforme tabela no item 3.7

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