Cada vez se faz mais necessária a presença de psicólogos dentro das
instituições de saúde. Diante de um contexto hospitalar onde o foco está na cura biológica, a psicologia se insere neste campo como propiciador de um espaço para que a subjetividade seja considerada. Todavia, esta inserção neste campo é recente. Segundo, Gorayeb (2001), quando os primeiros psicólogos brasileiros começaram a trabalhar em hospitais, na década de 1960, não havia ainda um modelo claro a ser seguido, de um lado por que eram pioneiros no país e de lado por que a própria psicologia como ciência estava ainda se consolidando em países mais desenvolvidos, não tendo ainda produzido modelos experimentados e bem sucedidos. Ainda segundo Gorayeb (2001), uma boa parte destes profissionais passou a reproduzir práticas do consultório psicológico na sua atividade no hospital, ou mesmo a trabalhar como assessor de Psiquiatras, sem uma verdadeira interação entre os profissionais com cada um contribuindo com seus conhecimentos específicos, ou mesmo exercendo somente a função de psicometristas, sem participar ativamente do atendimento ao paciente. O contexto hospitalar, por ser completamente diferente do contexto clinico, fez com que esta suplantação de modelos não funcionasse. Tais diferenças vão desde a estrutura física, funcionamento, perfil dos pacientes, demandas que chegam ao psicólogo etc. O fato do paciente hospitalar estar lá por sofrer de uma doença orgânica, grave ou aguda, tem uma demanda psicológica específica. Necessita comunicar-se bem com seu médico, necessita informações e apoio. Se por decorrência de suas características psicológicas anteriores ou por excessiva pressão da situação, apresenta um distúrbio psicológico transitório, é fundamental para os participantes da equipe de atendimento entender que este distúrbio e situacional, específico e, na maior parte das vezes, relacional. Neste contexto, o papel do psicólogo hospitalar é essencial para apoiá-lo, esclarecê-lo, informá-lo, levar a equipe a se relacionar efetivamente com ele, dar-lhe todas as informações de aspectos específicos de sua patologia e do prognóstico. Com isso, o Psicólogo Hospitalar adquire um papel extremamente relevante para a harmonia da equipe e para a saúde do paciente (CABRAL, 2007). Dentre as atribuições deste psicólogo hospitalar estão: atendimento psicoterapêutico para o paciente ou familiares (de forma breve); grupos psicoterapêuticos; atividades visando psicoprofilaxia; atendimentos em ambulatório e unidade de terapia intensiva; pronto atendimento; enfermarias em geral; psicomotricidade no contexto hospitalar; avaliação diagnóstica; psicodiagnóstico; consultoria e interconsultoria (CABRAL, 2007). Esta atuação também é permeada por uma multiplicidade de solicitações, o que exige deste profissional uma rápida capacidade de ação emergencial, cercada de imprevistos e improvisos. Muitas vezes o profissional tem que fazer o atendimento nos corredores, ao lado de macas, com barulho, conjuntamente a outros procedimentos terapêuticos e rotinas hospitalares ou num curto espaço de tempo. O tempo é um fator peculiar na atuação do psicólogo hospitalar. Diante das condições existente nos hospitais, tais intervenções perpassam o funcionamento desta instituição. Desta forma, o atendimento deve seguir caráter de emergencialidades e gravidade do caso. Por isto, faz-se necessário um fechamento coerente após cada intervenção de acordo com as necessidades emergentes vividas por cada paciente (OLIVEIRA et al. 2007) Portanto, o psicólogo hospitalar tem como papel básico o de mediar aspectos da relação paciente-equipe, assumindo o lugar de porta-voz dos desejos e necessidades de ambos, dando espaço para que a subjetividade apareça e seja trabalhada da melhor forma possível.
CABRAL, Wilton Batista, A atuação do psicólogo no hospital para a
promoção de saúde. Redepsi, Manaus, 2007 GORAYEB, Ricardo. A pratica da psicologia hospitalar. Psicologia Clínica e da Saúde – Organização: Maria Luiza Marinho e Vicente E. Caballo – Editora: UEL – Granada: APICSA, 2001 OLIVEIRA, A.C. NUNES, R.M. MIGUEL, S.P. CAMPOS, V.A. Diferentes olhares sobre a psicologia hospitalar dentro de um grupo a partir do estagio acadêmico. Trabalho de intervenção em psicologia hospitalar. Itatiba, 2007 Estrutura Física:
A estrutura física do setor neonatal do Hospital Roberto Santos apesar da
precariedade é condizente com os aspectos que um setor desse nível tão delicado precisa ter para um funcionamento digno. A localização deste foi pensada no sentido de se distanciar de outros locais, mas conturbados e com maior possibilidade de contrair infecções. Nos quartos ficam cerca de três pacientes em cada, que acabam interagindo durante o tempo que permanecem internados. Apesar de não conter ar-condicionado e equipamentos novos e avançados os quartos são bem arejados, contendo aspecto de limpeza e organização. Verificou-se que a área de internamento não tem características de um local infantil, diferentemente da UTI Neonatal, transmitindo então um aspecto de seriedade que foi criticado pelos alunos visitantes. Os quartos contém 3 camas com respectivos berçário ao lado, um armário e um banheiro divididos entre os pacientes. Os corredores são extensos onde de um lado ficam todos os quartos e do outro a recepção, a sala do serviço social, salas de reunião e locais de funcionamento dos serviços gerais. A UTI Neonatal apesar de está interligada ao setor Neonatal de uma forma geral, parece ser um local a parte devido ao seu aspecto diferenciado em termo de detalhes e delicadeza na estrutura. Local restrito, este desde sua entrada contém ilustrações, murais de fotos e recados, cartazes de informações e muito colorido no ambiente. De um lado, se concentram numa sala grande os berços enfileirados com aparelhos ao lado de cada um, sendo monitorados o tempo todo pelos profissionais de saúde. Neste setor a higiene é fundamental devido à vulnerabilidade dos bebês a contrair doenças. Apesar dessa área se tornar pesada diante dos casos que se encontra no local, esse contexto é amenizado através da qualidade da estrutura física.