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PEDAGÓGICA
Resumo
O presente artigo tem por objetivo conceber a avaliação como reforço didático e pedagógico
importante em função da facilitação da aprendizagem na educação básica. A elaboração do
texto é resultado de pesquisa e de experiências vivenciadas ao longo de várias décadas no
exercício da docência e no desenvolvimento da linha de pesquisa avaliação educacional.
Resultados de pesquisa e experiências docentes dão a sustentação necessária ao tema deste
trabalho. Alguns dos autores consultados são Zabalza (1998), Perrenoud (2004), Luckesi
(2012) e Penna Firme (2012). Os principais resultados do trabalho são: os objetivos da
avaliação ao longo da educação básica são os mesmos, ainda que a sua prática varie entre os
níveis escolares: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio; a assimilação dos
efeitos de avaliação varia de aluno para aluno até mesmo no interior de cada nível escolar;
aprendizagem e avaliação ocorrem de forma cooperativa simultânea; a similitude
metodológica que caracteriza a implementação de ações de avaliação e de pesquisa permite
perceber com significativa clareza o teor científico presente em ambas as variáveis
pedagógicas; são justapostas avaliação e pesquisa como varáveis educativas que se
manifestam por meio de princípios científicos semelhantes no favorecimento de
aprendizagem e na busca de novos e renovados conhecimentos, respectivamente; a avaliação,
por si só, dá conta no desempenho da função de facilitação da aprendizagem;
metodologicamente avaliação e pesquisa mantêm significativas semelhanças, uma vez que
ambas vão à busca de informações importantes que enriqueçam os respectivos resultados que
se propõem alcançar; enquanto a avaliação recolhe e analisa informações a respeito do
desempenho do aluno, a pesquisa coleta e analisa informações com vistas à elaboração de
novos conhecimentos.
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Doutor em Educação na área de Política Educativa pela Universidade do Minho-PT. Professor Adjunto do
Centro Universitário Internacional-UNINTER. Professor do Programa de Mestrado em Educação e Novas
Tecnologias-UNINTER. Presidente do Conselho Editorial da Editora Intersaberes-UNINTER. E-mail:
ivo.b@uninter.com
ISSN 2176-1396
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Introdução
determinado tema, mas, visualizar os caminhos que ele percorreu para chegar a esse
conhecimento.
Muitas vezes se torna mais importante conhecer os caminhos que o aluno transitou na
busca e na assimilação de conhecimentos que dão sustentação científica a um determinado
tema, do que saber quantos e quais conhecimentos o aluno domina.
Nota-se que no ensino fundamental a avaliação, sempre em função da aprendizagem,
objetiva questionar e sensibilizar o aluno a:
perceber que em cada nível escolar são muitos os conhecimentos que se
apresentam praticamente prontos, mas que outros tantos necessitam ser elaborados
e/ou reelaborados por ele, sob a orientação docente;
amadurecer convicção de que formação consistente no ensino fundamental é o
pressuposto primeiro e o mais importante para lograr sucesso nos demais níveis
escolares.
Já se tornou voz quase que geral em meios acadêmicos confiar culpa maior à educação
superior pela reduzida qualidade de desempenho do processo educacional brasileiro,
genericamente, sem que se queira comungar verdadeiramente da convicção de reconhecer de
que tal responsabilidade cabe primeiramente ao fraco desempenho do ensino fundamental.
Veja-se que a própria expressão “ensino fundamental” leva à convicção de esta não ser
apenas a primeira etapa dos níveis escolares do sistema educacional brasileiro, como,
também, a fundamental.
É no ensino fundamental que são buscados e experienciados os primeiros fundamentos
formais de educação para cada brasileiro. E, não sendo tais fundamentos devidamente
consistentes, os níveis escolares subsequentes igualmente sofrerão do mal de inconsistência.
Tem-se por vivência que os níveis escolares que sucedem experiências de ensino
fundamental de insuficiente qualidade educacional, quando bem trabalhados por docentes de
reconhecido bom desempenho, conseguem suprir em parte lacunas deixadas por esse primeiro
nível escolar.
Mesmo assim, tal esforço por suprimento de lacunas deixadas pela então experiência
de ensino fundamental mal sucedida, jamais poderá ser plenamente elevado à categoria de
excelência, pelos seguintes motivos:
os conteúdos a serem recuperados em outra instância escolar não estarão, naquele
momento, plenamente enquadrados em termos pedagógicos e circunstanciais no
contexto curricular do ensino fundamental;
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outro, é velar para que educação tecnológica básica, domínio dos princípios
científicos e formação pedagógica formem conjunto educacional indissociável.
Ainda que os três objetivos citados sejam de solidária preocupação da avaliação no
conjunto formativo do ensino médio, no entanto, dois deles sugerem especial interesse, ou
seja:
domínio dos princípios científicos: ainda que o espírito criativo, reflexivo e
científico devam ser desenvolvidos de alguma forma já na educação infantil e no
ensino fundamental, é no ensino médio que tais atitudes devem ser incentivadas
no meio escolar com maior intensidade. O domínio de princípios científicos já
neste nível escolar favorece amplamente elaboração e domínio de conhecimentos
com avançado espírito crítico. Por outro lado, com bom domínio de princípios
científicos o aluno passa com maior propriedade do simples domínio de
conhecimentos para conhecimentos melhor elaborados, com conhecimento de
causa;
formação pedagógica: normalmente há maior preocupação com formação
pedagógica em cursos de licenciatura, na educação superior. No entanto, tal linha
de pensamento merece sofrer mudança de circunscrição, privilegiando todo o
processo educacional, desde a educação infantil, passando pelos ensinos
fundamental e médio, bem como envolvendo a educação superior.
Dessa forma, percebe-se que os objetivos da avaliação vão muito além da preocupação
em facilitar boa aprendizagem e desempenho a todos os alunos, como, também, em
oportunizar formação pedagógica indistintamente a todos os níveis escolares.
Veja-se que formação pedagógica não deveria ser privilégio unicamente dos cursos de
licenciatura, mas, uma vez que assim é por força de norma educacional vigente, que então lhe
coubesse igualmente beneficiar com intensidades específicas a todos os cursos dos diversos
níveis escolares.
Senão, vejamos que a formação pedagógica envolve interesses com a organização
curricular dos níveis escolares, com a metodologia do seu desenvolvimento e com os
respectivos procedimentos de avaliação da aprendizagem e do desempenho.
A formação pedagógica igualmente manifesta preocupação com a relação teoria e
prática da aprendizagem, bem como procura privilegiar a formação de espírito crítico e
científico, com vistas à elaboração de novos e renovados conhecimentos pelos alunos,
segundo as possibilidades e exigências dos respectivos níveis escolares.
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Mesmo que o objetivo da avaliação nos diversos níveis escolares seja idêntico, com
vistas a facilitar o rendimento, o desempenho e a aprendizagem, no entanto, a percepção
funcional e o volume de assimilação desses resultados em cada um desses níveis processa-se
nos alunos com intensidade e valor pedagógico diversos com naturalidade, pelos seguintes
motivos:
a capacidade de absorção dos resultados de avaliação pelos alunos varia
naturalmente na sequência dos níveis escolares, considerando-se a evolução do
ritmo de aprendizagem;
o volume dos efeitos de avaliação é assimilado por aluno, segundo o interesse
manifestado por ele com relação a cada conhecimento apreendido.
Em educação não basta ao aluno tomar posse de um grande volume de conhecimentos,
se não souber o que fazer com alguns deles, ou melhor, se perceber que um bom número deles
não possui aplicabilidade.
É nesta instância da aprendizagem que a avaliação igualmente cumpre função
importante, a de levar o aluno a perceber de que se faz sempre mais necessário saber fazer
seleção dos conhecimentos de maior empregabilidade, ante a avalanche de conhecimentos que
se apresenta a cada dia.
Já vai longe o tempo em que se decidia por “agora vou ensinar e depois avaliarei”.
Com a convicção da indissociabilidade pedagógica entre aprendizagem e avaliação, a
ação destes dois componentes educacionais está tão estreitamente comprometida, que a sua
forma de atuação revela-se simultânea.
Por isso mesmo, pode-se afirmar que ensina-se avaliando e avalia-se ensinando. Não
se trata de mero formalismo educacional, mas de dinâmica pedagógica real em que
aprendizagem e avaliação formam um conjunto operacional, cuja ação e efeito são
simultâneos.
Salienta Penna Firme (2010, p. 19) que a “avaliação nos moldes modernos não tem
mais de 30 anos de existência. Nesses 30 anos tivemos crescimento acelerado da avaliação,
que se tornou uma disciplina, uma área de conhecimento. Aliás, que não é nem disciplina, é
transdisciplinar”.
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Considerações finais
aprendizagem por certo cria visibilidade efetiva no conhecimento que se torna explícito e
acessível.
Entre as variáveis que, talvez, mais contribuem para essa positividade pedagógica
educacional sejam as a seguir referenciadas.
Primeiramente parte-se da defesa de que avaliação e aprendizagem constituem
pressupostos pedagógicos indissociáveis. Além do mais, ainda que cada nível escolar seja
desenvolvido com base em conteúdos específicos, o objetivo de avaliação é idêntico: facilitar
a aprendizagem.
Outro fator importante a ser observado é o da diversificação dos tempos para a
assimilação dos efeitos da avaliação tanto de um para outro nível, bem como entre alunos de
um mesmo nível escolar.
Sabe-se que avaliação como processo e prova nunca tiveram convivência pedagógica
tranquila com vistas ao fomento da educação também como processo. Por isso mesmo é posta
em causa a permanência de prova no rol dos componentes pedagógicos que favorecem
diretamente a aprendizagem.
Por fim, são justapostas avaliação e pesquisa como varáveis educativas que se
manifestam por meio de princípios científicos semelhantes no favorecimento de
aprendizagem e na busca de novos e renovados conhecimentos, respectivamente.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, 1996. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 07 abr. 2015.
ZABALZA, Miguel Angel. Evalución de actitudes y valores. In: ______. Evalución de los
processos y resultados del aprendizaje de los estudiantes. Madri: Uned, 1998. p.127.