Você está na página 1de 4

Fontes de obtenção e principais aplicações

As principais fontes dos alcanos são o gás natural e o petróleo bruto.[3] O gás
natural é constituído principalmente por metano, enquanto o petróleo passa por
destilação fracionada para o isolamento das diferentes frações, dentre elas a
gasolina, o óleo diesel, o querosene e a parafina. Os três primeiros são utilizados
como combustível e a vaselina, também são utilizados na preparação de cosméticos.

Propriedades físicas
O ponto de ebulição e o ponto de fusão dos alcanos são baixos quando comparados com
compostos orgânicos de mesma massa molecular e insolúveis em água. Os alcanos são
compostos apolares, apresentando forças de atração dipolo induzido entre as
moléculas, consideradas as mais fracas dentre as interações intermoleculares. Os
alcanos até 4 átomos de carbono são gases em condições ambientes (de 25°C e 760
mmHg) e com o aumenta do número de carbonos e da massa molecular, aumenta o ponto
de fusão e alcanos com 5 a 17 átomos de carbono são líquidos e os demais sólidos
pastosos.

Eles são insolúveis em água e solúveis em solventes pouco polares, como o


clorofórmio e o benzeno.

Ponto de ebulição, fusão e densidade de alcanos lineares

ponto de fusão e ebulição de alcanos lineares


Alcano Fórmula Ponto de ebulição [°C] Ponto de fusão [°C] Densidade
[g·cm−3] (a 20 °C)
Metano CH4 −162 −182 gás
Etano C2H6 −89 −183 gás
Propano C3H8 −42 −188 gás
Butano C4H10 0 −138 gás
Pentano C5H12 36 −130 0,626 (líquido)
Hexano C6H14 69 −95 0,659 (líquido)
Heptano C7H16 98 −91 0,684 (líquido)
Octano C8H18 126 −57 0,703 (líquido)
Nonano C9H20 151 −54 0,718 (líquido)
Decano C10H22 174 −30 0,730 (líquido)
Undecano C11H24 196 −26 0,740 (líquido)
Dodecano C12H26 216 −10 0,749 (líquido)
Hexadecano C16H34 287 18 0,773 (líquido)
Icosano C20H42 343 37 sólido
Triacontano C30H62 450 66 sólido
Tetracontano C40H82 525 82 sólido
Pentacontano C50H102 575 91 sólido
Hexacontano C60H122 625 100 sólido
Propriedades espectroscópicas
espectroscopia no infravermelho
O estiramento da ligação carbono-hidrogênio resulta em uma forte absorção entre
2850 e 2960 cm-1, e o estiramento carbono-carbono absorve entre 800 e 1300 cm-1. Os
modos de flexão carbono-hidrogênio dependem da natureza do grupo: os radicais metil
mostram bandas em 1450 cm-1 e 1375 cm-1, enquanto os grupos metileno mostram bandas
em 1465 cm-1 e 1450 cm-1. As cadeias de carbono com mais de quatro átomos de
carbono mostram uma absorção fraca em torno de 725 cm-1.

Espectroscopia de RMN
A absorção de ressonância de hidrogênio para os alcanos ocorre entre δH = 0,5-1,5,
enquanto a absorção de carbono-13 depende do número de átomos de hidrogênio ligados
ao carbono: δC = 8-30 (primário, metil, -CH3), 15-55 (secundário, metileno, -CH2-),
20-60 (terciário, metino, C-H) e quaternário. O sinal de carbono 13 dos átomos de
carbono quaternários é fraca, devido à falta de efeito Overhauser nuclear e ao
longo tempo de relaxamento, e pode ser perdida em amostras que não são adquiridas
por um período de tempo suficiente.

Espectrometria de massa
Os alcanos têm uma alta energia de ionização, e o íon molecular é geralmente fraco.
O padrão de fragmentação pode ser difícil de interpretar, mas, no caso de alcanos
de cadeia ramificada, a cadeia de carbono é clivada preferencialmente em carbonos
terciários ou quaternários devido à relativa estabilidade dos radicais livres
resultantes. O fragmento resultante da perda de um único grupo metil (M - 15)
costuma estar ausente e outros fragmentos são frequentemente espaçados por
intervalos de catorze unidades de massa, correspondendo à perda sequencial dos
grupos CH2.
Nomenclatura
A nomenclatura dos alcanos não ramificados, conforme as determinações da IUPAC, é
construída a partir de um prefixo indicativo do número de átomos de carbono,
acrescido do infixo AN, que indica a saturação da cadeia, mais o sufixo O (que
caracteriza os hidrocarbonetos).

Este alcano possui 6 átomos de carbono, logo, o seu nome oficial é hexano.

Visão da molécula do hexano em 3D.


A nomenclatura de alcanos de cadeia ramificada é construída com a adição dos nomes
dos grupos substituintes antes da cadeia principal. Veja a seguir o exemplo do
2,2,4-trimetilpentano, um dos componentes da gasolina.

A cadeia principal contém 5 átomos de carbono, com a adição de 3 grupos metil nos
carbonos 2, 2 e 4. Logo, o nome completo para este alcano é: 2,2,4-trimetilpentano

Modelo espacial da molécula do 2,2,4-trimetilpentano.


Isomeria
A cadeia carbônica dos alcanos com mais de três carbonos pode apresentar
ramificações, resultando em compostos de mesma fórmula molecular porém com
estrutura diferente, chamados de isômeros de cadeia. Por exemplo, um alcano com
fórmula C4H10 pode ser o butano ou o metilpropano, também chamado de isobutano. O
número de isômeros aumenta rapidamente com o número de carbonos.[4]

C1: somente metano


C2: somente etano
C3: somente propano
Isômeros C4: 2: butano e isobutano
Isômeros C5: 3: pentano, isopentano e neopentano
Isômeros C6: 5: hexano, 2-metilpentano, 3-metilpentano, 2,2-dimetilbutano e 2,3-
dimetilbutano
Isômeros C7: 9: heptano, metil-hexano (2 isômeros), dimetilpentano (4 isômeros), 3-
etilpentano 2,2,3-trimetilbutano
C12: 355 isômeros
C32: 27.711.253.769 isômeros
C60: 22.158.734.535.770.411.074.184 isômeros, muitos dos quais não são estáveis.
A lista acima não considera os enantiômeros.

Propriedades Químicas
Os alcanos são apenas fracamente reativos com a maioria dos compostos químicos.
Estima-se que os valores da constante de dissociação ácida (pKa) de todos os
alcanos variam seja próximo a 50, o que posiciona os alcanos como os ácidos mais
fracos entre as moléculas orgânicas.

As reações químicas via radicais livres ( moléculas com elétrons não emparelhados)
ocorrem por abstração de um átomo de hidrogênio e podem resultar na ramificação das
cadeias ou substituição de hidrogênio por outro elemento, porém a reação requer a
iniciação por radicais livres envolvendo intermediários de radicais livres, em
particular com oxigênio e halogênios. A reação com oxigênio (leva à combustão sem
fumaça, produzindo dióxido de carbono e água. Reações de halogenação de radicais
livres ocorrem com halogênios, levando à produção de haloalcanos.

Reações com oxigênio (reação de combustão)


Todos os alcanos reagem com o oxigênio em uma reação de combustão, embora se tornem
cada vez mais difíceis de inflamar à medida que o número de átomos de carbono
aumenta. A equação geral para combustão completa é:

CnH2n+2 + (3/2n + 1/2) O2 → (n + 1) H2O + n CO2


or CnH2n+2 + (3n + 1/2) O2 → (n + 1) H2O + n CO2
Na ausência de oxigênio suficiente, monóxido de carbono ou fuligem podem ser
formados, como mostrado abaixo:

CnH2n+2 + (n + 1/2) O2 → (n + 1) H2O + n CO


CnH2n+2 + (1/2n + 1/2) O2 → (n + 1) H2O + n C
Para o metano:

2 CH4 + 3 O2 → 2 CO + 4 H2O
CH4 + 3/2 O2 → CO + 2 H2O
A mudança de entalpia padrão de combustão, ΔHc⊖, para alcanos aumenta em cerca de
650 kJ / mol por grupo CH2. Os alcanos de cadeia ramificada têm valores mais baixos
de ΔHc⊖ do que os alcanos de cadeia linear com o mesmo número de átomos de carbono,
o que é uma evidência da maior estabilidade de alcanos lineares.
Reações com halogênios
Os alcanos reagem com halogênios via radicais livres. Os átomos de hidrogênio do
alcano são progressivamente substituídos por átomos de halogênio, conforme a
disponibilidade dos reagentes. A reação é altamente exotérmica e pode levar a uma
explosão.

Essas reações são uma importante rota industrial para hidrocarbonetos halogenados.
Existem três etapas:

Iniciação os radicais halogênio formam-se por homólise; geralmente, é necessária


energia na forma de calor ou luz;
A reação em cadeia ou a propagação ocorre então - o radical halogênio abstrai um
hidrogênio do alcano para dar um radical alquil, que reage na sequência com uma
molécula de halogênio e formando um novo radical halogênio..
Terminação da cadeia onde os radicais se recombinam.

bromação do propano
Experimentos mostraram que a halogenação produz uma mistura de todos os possíveis
isômeros, indicando que todos os átomos de hidrogênio são suscetíveis à reação. A
mistura produzida, no entanto, não é uma mistura estatística: átomos de hidrogênio
secundários e terciários são preferencialmente substituídos devido à maior
estabilidade dos radicais livres secundários e terciários. Um exemplo pode ser
visto na monobromação de propano.[5]
Craqueamento
O craqueamento é a quebra de moléculas maiores em moléculas menores, pelo método
térmico ou catalítico. O processo de craqueamento térmico segue um mecanismo
homolítico com formação de radicais livres e o processo de craqueamento catalítico
envolve a presença de catalisadores ácidos (geralmente ácidos sólidos como sílica-
alumina e zeólitos), que promovem uma quebra heterolítica (assimétrica) de ligações
que produzem pares de íons de cargas opostas, geralmente um carbocátion e o ânion
hidreto muito instável .
Os radicais livres e os cátions localizados em carbono são altamente instáveis e
passam por processos de rearranjo de cadeia, cisão C-C na posição beta (isto é,
rachaduras) e transferência de hidrogênio ou transferência de hidreto intra e
intermolecular. Nos dois tipos de processos, os intermediários reativos
correspondentes (radicais, íons) são regenerados permanentemente e, portanto,
procedem por um mecanismo de cadeia de auto-propagação. A cadeia de reações é
eventualmente terminada por recombinação de radicais ou íons.

Perigos
O metano é inflamável, explosivo e pode causar asfixia por ser um gás incolor e
inodoro[6] e por ser menos denso que o ar, "sobe" em ambientes fechados. O propano
e o butano são os elementos combustíveis do GLP, e são inflamáveis e explosivos.[7]
[8] Pode causar sonolência ou inconsciência se inalado. [52] O butano tem os mesmos
riscos que o propano. [53]

O metano é classificado como um gás causador de efeito estufa, com efeito maior do
que o dióxido de carbono. Embora a quantidade de metano na atmosfera seja baixa,
ela representa uma ameaça ao meio ambiente.[9]

Referências
«Quimica Feltre - Vol 3.pdf»
Fundamentos de Química Orgânica-Ciências da Vida e Saúde; Lazzarotto, Márcio -
Editora Paco (2016)
Solomons, Graham (2018). Química Orgânica. Rio de Janeiro: LTC
On-Line Encyclopedia of Integer Sequences (sequence A000602 in the OEIS)
R. T. Morrison; R. N. Boyd (1992). Organic Chemistry (6th ed.). New Jersey:
Prentice Hall. ISBN 978-0-13-643669-0
CDC - METHANE - International Chemical Safety Cards - NIOSH". www.cdc.gov.
CDC - PROPANE - International Chemical Safety Cards - NIOSH". www.cdc.gov.
CDC - BUTANE - International Chemical Safety Cards - NIOSH". www.cdc.gov.
"Pollutant Fact Sheet". apps.sepa.org.uk

Você também pode gostar