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CURSO DE
ESTUDO E PREPARO DE
FITOTERÁPICOS
Aluno:
AN02FREV001/REV 4.0
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CURSO DE
ESTUDO E PREPARO DE
FITOTERÁPICOS
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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SUMÁRIO
1 ETNOBOTÂNICA
2 ESTUDO DE PLANTAS MEDICINAIS
3 IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA
4 PREPARAÇÕES FARMACÊUTICAS EM FITOTERAPIA
5 MÉTODOS DE EXTRAÇÃO DE MATERIAL VEGETAL
6 METABOLISMO VEGETAL
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1 ETNOBOTÂNICA
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Estudo farmacológico preliminar em modelos experimentais relevantes
relacionados aos sugeridos pela população;
Fracionamento químico por métodos diversos, como cromatografia e
diferença de solubilidade aliados ao uso de técnicas analíticas, como cromatografia
líquida de alta eficiência ou reações específicas;
Estudo farmacológico e toxicológico das frações padronizadas e/ou
compostos isolados;
Estudo de formulações farmacêuticas a serem comercializadas e
estudos pré-clínicos;
Elucidação estrutural das substâncias ativas isoladas para orientar a
farmacotécnica e o controle de qualidade químico e biológico;
Propor derivados semissintéticos e estudo farmacológico.
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Tais métodos devem respeitar as diferenças culturais entre as comunidades e o
conhecimento dos diferentes sistemas médicos tradicionais locais.
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O conhecimento popular da utilização dos recursos vegetais é inumerável e
aplicado pelas comunidades sem nenhum interesse econômico, o que facilita a sua
propagação por todos os territórios. Esses conhecimentos provêm de pelo menos
três fontes principais: a observação cuidadosa dos efeitos de certos alimentos e
condimentos, dando a ideia de como utilizá-los em caso de doenças; a observação
das atitudes de animais e insetos perante as plantas, inspirando o ser humano a
utilizar tais vegetais como elementos de cura; e a observação das características
próprias das plantas e a formulação de ideias acerca das suas qualidades, seguidas
da experimentação dos seus efeitos. Dessa forma, os povos mais primitivos da
história da humanidade passaram a conhecer as plantas de seu ecossistema e a
reconhecer suas propriedades.
A origem do conhecimento sobre utilização terapêutica de plantas medicinais
está associada a indivíduos mais idosos e/ou indivíduos respeitados ou líderes das
comunidades, como pajés, curandeiros, benzedeiras, mateiros, Geralmente, os
detentores dessas informações são indivíduos mais idosos. A transmissão do
conhecimento se dá essencialmente, de forma oral e gestual pelas famílias, por
meio das sucessivas gerações.
O uso medicinal das plantas é considerado uma prática da medicina
paralela. As receitas de remédios a base predominantemente de vegetais é comum
na medicina popular. Na medicina popular, os sistemas médicos tradicionais atuam
de forma não sistematizada e, muitas vezes, sem comprovação científica, refletindo
a imensa variedade de métodos terapêuticos tradicionais, fundamentados em
conhecimentos e habilidades que se inscrevem no âmbito do empirismo médico. As
origens da utilização de plantas medicinais na medicina paralela brasileira são:
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mais encontrado no estado da Bahia. Por meio dos negros africanos incorporamos
plantas como a arruda (Ruta graveolens L.) e o jambolão (Syzigium jambolanum L.);
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Sistema Etnofarmacológico Amazônico – deriva de particularidades da
flora desta região, associada aos conhecimentos indígenas pela figura do caboclo.
Plantas específicas da região amazônica como o guaraná (Paulinia cupana L.), a
copaíba (Copaifera officinalis (Jacq.) L.) e o cumaru (Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.)
se fazem conhecida para tratamento de diversas doenças;
Nas últimas décadas a OMS está incentivando os governos dos países onde
as condições de saúde são precárias a implantar programas de saúde que diminuam
os custos, mediante métodos e técnicas eficazes, conhecidos e tradicionalmente
aceitáveis pela população. A partir desse estímulo, surgem como exemplo os
programas de Farmácias Vivas, Projeto Ervas no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS) assistindo as populações locais. Esses projetos têm por objetivo levantar
informações junto às comunidades da região, realização de um horto de plantas
medicinais, estudar cientificamente as plantas medicinais, estudar as propriedades
terapêuticas dessas espécies, oferecer assistência farmacêutica fitoterápica de base
científica às entidades públicas e privadas sem fins lucrativos e distribuir
medicamentos fabricados a partir das espécies.
O quadro abaixo exemplifica as principais espécies utilizadas como plantas
medicinais e inseridas nestes programas:
Plantas Medicinas utilizadas no Brasil
Alecrim Rosmarinus officinalis L.
Alfavaca/Manjericão Ocimum spp.
Anador Justicia pectoralis var.
Arnica Solidago microglossa DC
Babosa Aloe vera L.
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Boldo Plectranthus barbatus
Andr.
Camomila Matricaria chamomilla L.
Campim-limão Cymbopogon citratus
(D.C) Stapf.
Cavalinha Equisetum arvense L.
Colônia Alpinia zerumbet (pers.)
Erva-cidreira Lippia alba (Mill.) N. E. Br.
Erva-de-bicho Polygonum acre H. B. K.
Erva-de-santa- Chenopodium
maria ambrosioides L.
Guaco Mikania glomerata Spring.
Hortelã-graúda Pectranthus amboinicus
Lour.
Hortelã-rasteira Mentha x vilosa Huds
Hortelã-vick Mentha x arvensis L.
Maracujá Passiflora edulis Sims
Quebra-pedra Phyllanthus niruri L.
Tansagem Plantago major L.
3 IDENTIFICAÇÃO BOTÂNICA
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levantamentos etnobotânicos, como fonte de informação sobre a cultura da
população e a utilização de uma espécie. Exemplo é a espécie Caseria silvestris Sw.
Conhecida como chá-de-bugre e erva-de-bugre no Rio Grande do Sul e estados do
sul do Brasil; e por guaçatonga e língua-de-lagarto em outras regiões. Por outro
lado, o mesmo nome popular pode significar diferentes espécies vegetais, um
exemplo é o nome camomila que é usado para Chamaemelum nobile L. e também
para Chamomilla recutita L. ambas da família Asteraceae. É relevante observar que
os nomes dados pela população a algumas espécies de diferentes gêneros ou
famílias botânicas têm nomes de medicamentos, como melhoral, novalgina,
penicilina.
A caracterização de uma espécie vegetal inicia-se na determinação de
estruturas maiores, macroscópicas. Uma planta medicinal tipo erva deve ser
observada quanto sua morfologia externa, desde ramificação de raízes, forma do
caule, forma e disposição das folhas e organização das flores; quando uma árvore
ou arbusto deve-se considerar os itens citados e flores, frutos e sementes. Após a
coleta da espécie vegetal, uma amostra seca de partes dessa é prensada e fixada
em uma cartolina acompanhada de etiqueta ou rótulo, contendo informações sobre o
vegetal e o local de coleta, esse material encaminhado para identificação botânica é
chamado de exsicata, que ficará depositada em um herbário.
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FIGURA 2 – ESQUEMA MOSTRANDO AS PRINCIPAIS PARTES DE UMA
EXSICATA
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ser oriundas de locais próximos de esgoto, água parada e/ou de cultivo com uso de
agrotóxico, e preconizam-se a utilização de planta fresca, principalmente folhas.
Não é aconselhável durante as preparações a utilização de materiais de
alumínio, ferro, barro ou pedra, já que os constituintes ativos da planta podem reagir
com metais presentes nesses materiais. O ideal é a utilização de vidro, aço
inoxidável, esmaltado ou porcelana. A utilização deve ser imediata, evitando o
armazenamento prolongado. Caso seja necessário guardar o material devem-se
utilizar recipientes de vidro limpos e escaldados, de preferência de cor escura ou
enrolados com papel a fim de proteger da luz e em geladeira. Todos os recipientes
devem ser etiquetados com identificação da planta, tipo de preparação e data de
preparo.
Chás – forma mais apreciada pela população. Além de seu alto valor
medicinal específico hidrata o organismo e auxilia na eliminação de toxinas,
favorecendo o controle da temperatura corporal e a digestão de alimentos. Devem
ser utilizados no máximo até 12h após seu preparo, que pode ser das seguintes
formas:
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Decocção – consiste em colocar as partes da planta, como raízes e folhas
picadas, em contato com solvente (normalmente água) em ebulição. Os decoctos
devem ser utilizados imediatamente. Esse tipo de preparação degrada substâncias
ativas sensíveis ao aquecimento;
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Bochechos e gargarejos – pode-se utilizar o chá ou a tintura diluída em
água, as preparações são colocadas na boca, mas não são ingeridas;
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determinada droga vegetal, por meio de um solvente, obtendo-se formas
terapêuticas mais convenientes ao manuseio e a manipulação.
A extração de plantas medicinais é um processo seguinte da secagem,
estabilização e moagem. O processo de extração depende de fenômenos de difusão
e a renovação do solvente em contato com as substâncias solúveis permitem a
dissolução dessas. Devem-se considerar as características do material vegetal, o
seu grau de divisão, o meio extrator (solvente) e a metodologia de extração. O poder
de penetração do solvente depende da textura da parte da planta a ser extraída,
quanto mais rígido o material, menor seu grau de granulometria. O solvente extrator
escolhido deve ser o mais seletivo possível, essa seletividade depende do grau de
polaridade das substâncias presentes na planta as quais se deseja extrair. Quando
não se conhece as características das substâncias presentes em determinada
espécie estudada, utiliza-se normalmente extração com solventes de diferentes
polaridades, a fim de agrupar em cada solvente utilizado, diferentes grupos de
constituintes químicos. Em geral, todas as substâncias de interesse fitoquímico
possuem razoável solubilidade em misturas etanólicas ou metanólicas a 80%, sendo
essas usualmente utilizadas na extração de constituintes presentes em espécies
medicinais.
A extração de algumas substâncias é influenciada pelo pH do líquido
extrator, exemplo disso é a extração de compostos alcaloidicos de natureza alcalina
com soluções ácidas.
Alguns métodos de extração assemelham-se aos métodos utilizados na
medicina popular para utilização de espécies vegetais terapêuticas, como exemplo
são os métodos de maceração, decocção e infusão como descritos anteriormente.
Outros métodos pela necessidade de aparelhagens são utilizados em laboratórios,
como:
Digestão – extração a temperatura ambiente por meio do contato da
droga vegetal com o solvente mantido em uma temperatura de 40 a 60º C;
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industrial, que pulveriza as partes vegetais a temperatura ambiente e lava os
conteúdos celulares, extraindo os princípios ativos;
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FIGURA 4 – EXTRAÇÃO POR REFLUXO (À ESQUERDA) E POR SOXHLET (À
DIREITA)
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ou seco, fluidos, elixires, pomadas, drágeas, colírios, cremes, loções, tinturas, que
requerem conhecimento farmacotécnico para sua elaboração e aparelhagem
específica para manipulação e armazenamento, são exemplos de formas utilizadas
na fitoterapia.
A tintura é uma solução extrativa hidroalcoólica (30º a 96º GL) obtidas de
vegetais secos por maceração ou por percolação. Podem ser simples, extração de
uma única planta ou composta, extração de duas ou mais plantas. O preparo pode
ser por 10% da droga vegetal, quando a planta apresenta ativos potentes ou 20%,
para plantas mais comuns. Por ser um preparado muito concentrado não é
aconselhável a utilização direta na pele, recomendando-se a diluição prévia em
água. A tintura-mãe, usada em homeopatia, é uma preparação líquida resultante da
ação dissolvente de um veículo alcoólico sobre a droga de origem vegetal,
geralmente fresca.
Os elixires são líquidos hidroalcoólicos, preparados para uso oral contêm
geralmente glicerina, sorbitol ou xarope simples. Os óleos essenciais são uma
mistura de compostos químicos vegetais voláteis e aromáticos; geralmente pouco
solúveis em água e obtidos por destilação por arraste de vapor a partir da planta
fresca. A composição química dos óleos essenciais é bastante complexa, podem
conter mais de cem substâncias diferentes, com diversas atividades biológicas. Os
bálsamos ou resinas são exsudatos vegetais constituídos de mistura complexa de
terpenoides complexos e seus ésteres, apresentam aspecto pastoso resinoso, como
exemplos, o bálsamo de Tolú e resina de podofilo.
6 METABOLISMO VEGETAL
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sobrevivência (macromoléculas, como carboidratos, lipídios e proteínas).
Os processos essenciais à vida e comuns nos vegetais são denominados de
metabolismo primário, que se caracteriza por grande produção, distribuição universal
e com funções essenciais. O metabolismo secundário caracteriza-se pela
biossíntese de micromoléculas com diversidade e complexidade estrutural, produção
em pequena escala, distribuição restrita e especificidade, tendo papel adaptativo ao
meio, defesa contra herbívoros e microrganismos, proteção contra raios UV, atração
de polinizadores, atração de animais dispensores de sementes.
Os metabólitos secundários por serem fatores de interação entre
organismos, frequentemente, apresentam atividades biológicas interessantes, sendo
de grande interesse para o estudo de substâncias oriundas de espécies vegetais.
Muitos metabólitos são de grande importância na área farmacêutica, alimentícia,
agronômica e na indústria de perfumes. O estudo dos produtos naturais
provenientes do metabolismo secundário de plantas compete à farmacognosia
(pharmakon = fármaco e gnosis = conhecimento).
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FIGURA 5 – METABOLISMO SECUNDÁRIO DE ESPÉCIES VEGETAIS
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especializadas, protegendo o próprio vegetal. Exemplo são os glicosídeos
cianogênicos acumulados nos vacúolos de células epidérmicas separado das
hidrolases.
A origem dos metabólitos secundários é o metabolismo da glicose, por meio
da via de dois metabólitos principais, o ácido chiquímico e o acetato. O ácido
chiquímico origina os aminoácidos aromáticos, precursores da maioria dos
metabólitos secundários aromáticos. Outros metabólitos derivam de ambos os
intermediários, como as antraquinonas, dos flavonoides e dos taninos condensados.
Os metabólitos derivados da via do acetato, como os alcaloides, terpenoides,
esteroides e ácidos graxos. Os metabólitos secundários podem ser encontrados na
forma livre, denominados agliconas ou estar ligados a uma ou mais unidades de
açúcar, formando os heterosídeos.
Os principais metabólitos são descritos a seguir e serão citadas suas
atividades biológicas ao longo deste curso:
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característica marcante de formadores de espuma em água quando submetidos à
agitação. Pode formar complexos com esteroides – saponinas esteroidais de ação
diurética, hipocolesterolemiante, antifúngica, expectorante e laxativa. Como exemplo
de espécies produtoras de saponinas são o ginseng (Panax ginseng C.) e o alcaçuz
(Glycyrrhiza glabra L.);
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proliferação de microrganismos. Sua presença é marcante na planta devido à sua
adstringência ao se mastigar, como a goiabeira (Psydium guaiava L.). Os taninos
são substâncias que se destacam principalmente por sua ação cicatrizante,
antisséptica, antidiarreica, anti-hemorrágica, antioxidante e anti-inflamatória;
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trombose e embolia e por guaco (Mikania glomerata S.) de ação expectorante se
destacam na terapêutica, tendo tais ações associadas à presença de cumarinas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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______. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RE nº 91 de
16 de março de 2004. Dispõe sobre o Guia para realização de alterações,
inclusões, notificações e cancelamento pós-registro de fitoterápicos. D. O. U.
Brasília, 18 mar. 2004.
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