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Fichamento: O Nascimento da tragédia – Nietzsche (1870)

Introdução e cap. 1 e 2

Arte – metáfísica do homem / Arte grega – pessimista, signo da ruína, do fracasso, dos
instintos cansados, causados pelo socratismo, cientificismo, ironia, dialética, teorias que são
doenças do cansaço e da vontade epicúria. Deus é um artista amoral. A moral é a negação da
vida. Obras de arte são jogos, atividade metafísica da vida, propõe uma intelecção lógica e a
introvisão.

O mundo grego cultivava o prazer da força, saúde, plenitude. Preconiza a auto-educação para
o sério, a seriedade da estética, a seriedade da existência e do horror, aprender a rir e o
pessimismo; o riso e o auto-coroamento. Zaratrusta como símbolo do santo riso, o salto, voar
com asas. Relação do artista grego com seus arquétipos, a duplicidade das figuras de Dionísio e
Apolo. Na criação da tragédia temos um ato metafísico de emparelhar os impulsos dionisíacos
e apolíneos, lado-a-lado, em disputa, discordantes. O sonho apolíneo e a embriaguez
dionisíaca.

Dionísio – culto ao deus-bode, deus-máscara, deus-sátiro. O que é dionisíaco? A música, a


dança, a dor, o anseio do feio, festas, loucura, divertimento, culto, o terrível, mito trágico, a
autocracia, o arbítrio. O coro que é o corpo do povo arrebatado, alucinado, instinto de
aniquilamento. > música > não figurativo > origem. A embriaguez dionisíaca: laços de
comunidade, multiplicidade, volta à natureza, aniquilação, destruição, tendência ao
inorgânico.

Apolo – o deus sol, deus-aparência. O que é apolíneo? O verso lírico, o metro, o otimismo, a
racionalidade, anseio do belo, democracia, justiça, lógica. O herói trágico, vontade triunfante.
> artes plásticas > figurativo > objetivo. Sonho apolíneo: metáfora do homem que navega na
tormenta e confia no futuro, principio de individuação.

Música – propriedade narcótica da melodia, inebriante, arte vocal, sedução dos ouvidos,
prazer destruidor do agora, do presente, abre-se para o nada como possibilidade, niilismo.
Música de Dionísio, o ditarambo, incita pavores, espantos, comovedora e violenta, envolve o
corpo coletivo. A música de Apolo é a forma musical, os contrapontos, a harmonia como guia e
destemor do olhar, o ritmo, a força, a clarividência.

“da mais elevada alegria soa o grito de horror” - festivais gregos, orgias dionisíacas são festas
de redenção universal, revelam a transfiguração animal, o júbilo artístico, rompimento da
individuação, volúpia e crueldade. Nessas festas a natureza soluça seu despedaçamento em
indivíduos. O cântico e a mímica do ditirambo dionisíaco elevava as capacidades simbólicas do
homem até o ponto da autodestruição, utilizando o corpo, a voz e a palavra para infundir o
temor.

Cap. 3 e 4

O edifício apolíneo, arquitetura assentada nos fundamentos dionisíacos, mistério e abismo. Os


deuses olímpicos são individuais, não tem ascese, espiritualidade e nem dever com o humano.
Transmitem a aparência triunfante e a existência opulenta, homens e mulheres exuberantes,
exaltação da vida. Esse impulso de vida é o “conhece-te a ti mesmo” colocando um espelho
transfigurador diante de si. Seu contrário é Sileno que aponta para o acaso, efemeridade,
tormento, doença e a filosofia “é melhor não saber de nada”, nunca ter sido nada e morrer o
quanto antes perante o temor e o horror de existir.

Primitiva teogonia titânica (terror) x teogonia olímpica (júbilo) – o impulso apolíneo da beleza
implica numa transcendência do sofrimento da vida em glória elevada inspirada pelos deuses.
O homem passa a suplicar e lamentar pela continuação da vida, vontade por existência,
mesmo sem glória e humilhado.

A ingenuidade artística – naif – é uma aptidão para o sofrimento e efeito da cultura triunfante
apolínea, “fazer-se vitoriosa sobre uma horrível profundeza da consideração do mundo”. Naif
– “engolfamento na beleza da aparência, ilusória imagem, ilusão apolínea. Gregos
necessitavam rever-se numa esfera superior, esfera da beleza, deuses olímpicos.

Mundo apolíneo da aparência da beleza x substrato terrível da sabedoria de Sileno dionisíaco.


Apolo é o endeusamento do principio de individuação assim como os deuses olímpicos,
necessita do mundo da tormenta para reforçar sua visão redentora. A polo exige a medida
(fronteiras do indivíduo), é uma divindade ética e para observar a medida, o
autoconhecimento pratica o “nada em demasia” e “conhece-te a ti mesmo”. Dionísio é o
desmedido, representado por demônios. É titânico e bárbaro. Esse mundo construído sobre a
aparência e o conhecimento conquistou os gregos, mas foi invadido por festejos, orgias,
cantares demoníacos do povo, embriaguez, a verdade amarga, a contradição, o deleita das
dores e sofrimento, etc. “Em toda parte onde o dionisíaco penetrou, o apolíneo foi suspenso e
aniquilado”. O embate dessas duas forças contrárias resulta em criações novas e sucessivas.
Dionisio é a força pulsante, uma torrente invasora por trás da filosofia popular e possui
princípios hostis ao formal Apolo.

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