Você está na página 1de 11

Filosofia da educação

PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR (PCC)

Conversa com um professor de qualquer etapa da educação: educação infantil, ensino


fundamental, ensino médio ou ensino superior.

Filipe Moreno Brazão Teixeira – Matrícula -201804026743


Letras-inglês | 14/06/2020
OBJETIVOS
Os objetivos do presente trabalho foram, a princípio, analisar as bases teóricas
vistas na disciplina de Filosofia da Educação, em comunhão com dados obtidos
através de entrevista com uma professora do Ensino Fundamental. Então, a
partir destas fontes; tenta-se tratar do estímulo por parte do educador do
método dialético e da livre expressão dos alunos em sala de aula. Também é
feita uma análise da importância desse estímulo para formação do aluno
enquanto sujeito do processo de ensino-aprendizagem, bem como para o
desenvolvimento do senso crítico através do qual será agente transformador de
sua realidade.

Além disso, estabelecem-se correspondências entre as práticas de ensino da


professora, os teóricos mencionados por ela na entrevista, e os conceitos
elaborados por autores estudados na disciplina de filosofia da educação. Afim
de, assim, refletir sobre as relações de aprendizado existentes em sala de aula
entre aluno e professor.

INTRODUÇÃO
O diálogo como ferramenta fundamental no processo de construção do
conhecimento foi extensamente discutido ao longo das histórias da educação e
da filosofia, como foi visto em nossas aulas. Quanto ao estímulo ao método
dialético como ferramenta construção do conhecimento, o primeiro filósofo
abordado que se refere a esse tema é Sócrates, considerado por muitos como
pai da dialética (Fausto,1987).

A dialética de Sócrates não consistia, enquanto processo educacional, na


simples exposição de conteúdo por parte do educador e sua consequente
absorção por parte do educando, processo esse que caracteriza, na educação
tradicional, a transmissão de conhecimento. Sócrates não considerava o seu
interlocutor, como é considerado o aluno da educação tradicional, um sujeito
passivo no processo de aprendizagem:

Na escola tradicional o conhecimento humano possui um caráter


cumulativo, que deve ser adquirido pelo indivíduo pela transmissão
dos conhecimentos a ser realizada na instituição escolar. (Mizukami,
1986. Apud Leão,1999, p.190).

Na escola tradicional, o papel do indivíduo no processo de aprendizagem é,


portanto; basicamente de passividade, como se pode ver:

...atribui–se ao sujeito um papel irrelevante na elaboração e aquisição


do conhecimento. Ao indivíduo que está "adquirindo" conhecimento

PÁGINA 1
compete memorizar definições, enunciados de leis, sínteses e
resumos que lhe são oferecidos no processo de educação formal a
partir de um esquema atomístico. (Mizukami, 1986. Apud Leão,1999,
p.190)

Já dialética é, por definição, um método de diálogo cujo foco é a contraposição


e contradição de ideias que levam a outras ideias (Konder, 2004). Assim fazia
Sócrates, através de seu método denominado de Maiêutica, questionando os
cidadãos atenienses sobre aquilo que conheciam, assim incitando a
participação dos mesmos no diálogo e fazendo com que fossem ativos na
desconstrução do conhecimento, para sua subsequente reconstrução :

Sócrates andava pelas ruas de Atenas descalço, indagando homens


atenienses que acreditavam ter muitas certezas sobre as coisas,
acreditavam-se sábios, detentores da verdade, mas que, uma vez
indagados por Sócrates com sua célebre pergunta ‘o que é?’,
respondiam a ele com suas representações imediatas, seus pré-
conceitos sem realizarem nenhuma reflexão sobre o assunto.
(KRUGNER,2009,p.21)

Sócrates não se colocava, em seus diálogos, como detentor do conhecimento,


relegando assim ao interlocutor o papel de mero repositório de seu saber.
Antes, através de suas perguntas, ele propunha um processo de aprendizagem
colaborativo. Partindo de uma fingida ou verdadeira ignorância demonstrada
pela célebre frase “Só sei que nada sei”, Sócrates permitia-se, enquanto não-
sabedor; questionar o conhecimento daqueles que se consideravam detentores
do mesmo. Essa postura de não-saber, não ser o único detentor do
conhecimento na relação de aprendizagem, e de estimular no seu interlocutor a
participação ativa nesse processo através do questionamento eram para
Sócrates o que possibilitava o diálogo verdadeiro, e através deste, o
conhecimento:

O fingimento de Sócrates como não conhecedor faz com que seus


interlocutores também se posicionem, questionem, duvidem,
percebendo que nada sabem, que não são tão sábios quanto
acreditavam ser, de modo que assim, temos na ironia socrática a
premissa, algo como o a priori do diálogo, a condição si ne qua non
do mesmo, uma vez que para haver um diálogo verdadeiro os
participantes devem estar dispostos para tal, reconhecerem que têm
algo a aprender e a ensinar. (KRUGNER,2009,P.22)

Este diálogo inicial em que buscava o reconhecimento, pelo interlocutor; de sua


própria ignorância era; para Sócrates, a primeira etapa da construção do
conhecimento verdadeiro: a desconstrução dialógica das representações
imediatas e dos preconceitos típicos do senso comum.

A aparente negatividade do não-saber socrático é na verdade, a


condição necessária para o conhecimento verdadeiro, uma vez que

PÁGINA 2
abre o caminho, por meio da discussão, do debruçar-se sobre o
conceito das coisas, à procura das definições das mesmas
(KRUGNER,2009, P.22)

A segunda etapa do processo Socrático de construção, ou como ele se referia,


“parto do conhecimento” (Maiêutica), é referente a máxima Sócratica:
“Conhece-te a ti mesmo”, que de acordo com Krugner,2009, é o “elemento
principal deste diálogo e da dialética socrática.[...] Uma vez que para Sócrates
todo conhecimento já se encontra no indivíduo, bastaria, assim, voltar-se a si
mesmo.” Por isso ele se definia como um parteiro de idéias, pois acreditava que
as idéias já estavam presentes e adormecidas em seus interlocutores, e através
da dialética ele os ajudava a dar-lhes à luz, ou a extraí-las de si e trazê-las ao
mundo, nesta analogia.

Segundo Benoit(2004), citado por Krugner (2009, P.25), No método Socrático,

toda aprendizagem, todo saber nada mais seria seriam do que uma
reminiscência (anammesis), um tirar do esquecimento, um trazer de
volta para a memória (...)ensinar não seria portanto ‘colocar
conhecimento em alguem’, ou como disse Sócrates , na República
‘colocar a visão nos olhos do cego’. Ensinar não-é colocar nenhuma
matéria em alguem, mas, sim, ensinar seria sempre apenas esse
despertar interno, esse, acordar o conhecimento imanente que
permanece adormecido (BENOIT;2004: apud Krugner,2009 P.25)

De forma que, para Sócrates não é o mestre que coloca o conhecimento ou


mostra-o, mas sim, o conhecimento é o próprio filho que está no outro,
cabendo ao mestre apenas mostrar o caminho, indicar a passagem para este vir
à luz, sair de dentro de si mesmo. (Krugner 2009, P.25)

As ideias de Sócrates sobre a importância do diálogo no processo de


aprendizado entraram em conflito direto com as ideias propostas pela
“educação tradicional”, definida neste trabalho como a que, de acordo com
Leão,1999: “surgiu a partir do advento dos sistemas nacionais de ensino, que
datam do século passado” e que “estruturou–se através do método pedagógico
expositivo, cuja matriz teórica pode ser identificada nos cinco passos formais de
Herbart.” (Leão,1999), uma vez que Sócrates se coloca na posição de mediador
entre seu interlocutor e o conhecimento já presente em si mesmo, em oposição
a se colocar, de acordo com a escola tradicional, como “professor que domina
os conteúdos logicamente organizados e estruturados para serem transmitidos
aos alunos”, como disse Saviani(1991) citado por Leão (1999).

Em oposição à esse metodo método pedagógico expositivo de Herbart, surge


entre os autores mencionados em nossas aulas Paulo Freire, que afirma que:

PÁGINA 3
Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção ou sua
construção. Se na experiência de minha formação,
que deve ser permanente, começo por aceitar que o
formador é o sujeito em relação a quem me
considero o objeto, que ele é o sujeito que me forma e
eu, o objeto por ele formado, me considero como
paciente que recebe os conhecimentos – conteúdos –
acumulados pelo sujeito que sabe e que são a mim
transferidos. (FREIRE, 1996, Apud Andrade, 2018).

Negando a lógica da educação tradicional, Paulo Freire se aproxima do método


dialético de Sócrates. Com afirmação de Sócrates sobre o não-saber, é possível
traçar um paralelo com a filosofia de Freire e aferir que Sócrates se apresenta a
seus seguidores como um protótipo do “Homem inacabado” de Freire:
Segundo FREIRE (1987a), citado por Krugner(2009) “é da natureza do homem
ser um ser inacabado, inconcluso, que tem limites e que por si só não se basta.
Entretanto, o que o diferencia dos outros seres vivos inacabados, inconclusos, é
que somente o homem tem consciência dessa sua situação de inacabamento, e é
por isso que ele se encontra num processo de busca e de curiosidade frente ao
mundo, que é a possibilidade para o conhecimento, ou seja, ele se educa, sendo
o homem experimentador de si mesmo.” Ora, Sócrates quando afirma que não
sabe; se mostra um ser de conhecimento inacabado; e quando afirma que sabe
que não sabe, demonstra conciência da sua situação de inacabamento. E é
somente dessa situação de reconhecimento da própria igorância frente ao
mundo que pode surgir o dialógo rumo a construção do conhecimento, tanto
para Sócrates quanto para Freire.

Para Freire, o método pedagógico expositivo da escola tradicional negligenciava


a importância do aluno enquanto sujeito de seu processo de aprendizagem:
Com relação ao conceito de diálogo vemos também que entre Sócrates e Freire
“há uma aproximação [...] no que se referem ao termo em questão, bem como
sua atuação no campo da educação”. Nos dois “percebemos a necessidade da
aporia, da dúvida, da curiosidade, isto é, do saber que não se sabe para que
possamos começar a adquirir conhecimento. Como também, que devemos estar
dispostos a examinar, com o outro, e, com o outro procurar o saber das coisas,
de tal maneira que conhecer é um ato necessariamente humano e interativo
permeado pelo diálogo, uma vez que o homem pronuncia o mundo, diz a sua
palavra sobre a sua compreensão do mundo, numa relação dialética com o
outro, percebendo-se ser inacabado, situado num tempo e espaço, que por isso
mesmo é histórico.”(Krugner,2009 P.33)
Por fim, nos voltamos à escola da inteligência, baseada na teoria da inteligência
multifocal do médico, psiquiatra e escritor brasileiro Augusto Cury. Trazido à
atenção do autor do presente trabalho pela entrevistada, também é possível
traçar paralelos entre o pensamento de Cury e o dos demais autores aqui acima
mencionados. A medida em que ele diz que : : “Um excelente educador não é

PÁGINA 4
um ser humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e
sensibilidade para aprender” (Cury,2003) Cury fala do educador enquanto
também aprendiz, e não somente como detentor do conhecimento, tal qual faz
Paulo Freire quando afirma que “quem ensina aprende ao ensinar e quem
aprende ensina ao aprender.” (FREIRE, 1996, p.23). Tanto o pensamento de
Freire quanto o de Cury sugerem, assim, um processo de aprendizagem
dialético, onde professor e aluno são sujeitos igualmente ativos na construção
do conhecimento. O educador foi colocado assim, nesses dois autores, como
aquele que “sabe que não sabe”, da Maiêutica sócratica, ou como o “homem
incompleto” da pedagogia freireana.

Buscou-se neste trabalho reconhecer a influência das idéias desses autores na


prática pedagógica de Andréa Zeba: uma pedagoga formada na UVA
(Universidade Veiga de Almeida), e pós graduanda em psicopedagogia, na
Estácio. Ela é Professora do ensino fundamental 2, na escola Degraus do Saber
em Igapó, Natal – RN.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
1.1 - Para a coleta de dados, foi realizada pesquisa bibliográfica. Além dela, foi
realizada uma entrevista com a professora Andréa Zeba, via serviço de
mensagens eletrônicas, na noite do dia 13/06/2020, de acordo com as diretrizes
do presente trabalho como foram passadas pela professora responsável pela
disciplina.

1.2 - As sugestões de perguntas feitas ao autor através das diretrizes do


presente trabalho foram acatadas, visto que se dispunham bem a realização do
objetivo do trabalho definido pelo autor.

Segue então, a transcrição da entrevista mencionada, realizada pelo autor com


a pedagoga e professora de ensino fundamental Andréa Zeba:

 O que é ensinar?

“Ensinar pra mim é transmitir conhecimento. É trocar conhecimentos. É


ensinar e ao mesmo tempo aprender. É inspirar mostrando que aprender pode
ser prazeroso e não uma obrigação.”

 Como você escolhe seus procedimentos de ensino?

PÁGINA 5
“Eu acredito que a aprendizagem está muito relacionada a empatia, criar
de certa forma uma intimidade, uma amizade, liberdade de se expressar, deixar
o aluno bem à vontade para refletir e desenvolver suas próprias críticas.”

 Você se baseia em algum teórico? Qual? Como?

“Gosto da teoria de Augusto Cury. Pela necessidade dos dias atuais, sua
teoria está focada nas necessidades da sociedade, uma geração que precisa
aprender a gerenciar as emoções, aprender a refletir sobre seus atos, pensar
como um agente modificador da sua própria existência. Assim encontrar
formas e meios diferentes de enxergar os problemas. Acredito que
desenvolvendo o autocontrole, respeito próprio, auto aceitação, a valorização
como ser humano pode e ajuda no processo da aprendizagem.

A geração atual necessita de outros tipos de conhecimentos. As


disciplinas da escola tornaram- se pouco atrativas. A aceleração do mundo
virtual trouxe mudanças bem significativas, deixando o sistema educacional
bem arcaico, precisando de transformações urgentes. Pois existem assuntos que
já não prende mais a atenção dos alunos. O nível de informações que eles têm,
ultrapassa a do professor.

Por isso a importância de permitir a fala deles. Pois assim o professor se


torna um modelador e não um ditador.”

 Como acontecem as relações interpessoais em sua sala da aula? Como


você trabalha os conflitos?

“Com a escola da inteligência. Trabalho direto com adolescentes, eu amo


a diversidade de cada um. A flexibilidade é essencial nas relações. Costumo
estimular a reflexão. A liberdade na comunicação também é um ponto no qual
gosto de praticar em sala de aula.

Os conflitos são muitos. Gosto de dizer que eles sempre vão existir. Mas
tudo depende do jeito que a gente enxerga. Gosto de estimular a solução do
problema. O ser humano já problemático por si. Augusto Cury diz que somos
tão complexos que quando não temos problemas, a gente cria. Como trabalho
com adolescentes, entendo que é uma fase um pouco desafiadora. Levo eles a si
entender. Todo processo de crescimento e amadurecimento gera desconfortos,

PÁGINA 6
dúvidas, medos, incertezas e até perdas. Quando nos conhecemos fica mais
fácil entender o outro, assim o respeito vai sendo desenvolvido no dia a dia.
Fazendo assim amenizando e gerando aprendizados com os conflitos. Não é
fácil, mas os resultados são bem significativos. Amo esse contato. É
maravilhoso.”

RESULTADOS E CONCLUSÃO
Seguimos, então, para a análise da entrevista, escolhendo os trechos que
dialogam com as teorias supra mencionadas. Podemos perceber a influência
dos filósofos da educação mencionados no presente trabalho já na primeira fala
da entrevistada. Quando ela diz que ensinar é “ transmitir conhecimento”, ela
parece dar a perceber, no primeiro momento, a influência arraigada do
pensamento da Escola tradicional, em que o conhecimento “deve ser adquirido
pelo indivíduo pela transmissão dos conhecimentos a ser realizada na
instituição escolar.” (Mizukami, 1986. Apud Leão,1999, p.190).

Porém, quando em seguida ela continua: “ ...é trocar conhecimentos, é ensinar


ao mesmo tempo que aprender...” mostra então que em seu pensamento o ato
de transmissão do conhecimento não exclui o ato de também recebê-lo, ou seja;
que os termos “transmissão do conhecimento”; para ela, não contradizem o
conceito de educação definido por Freire quando disse que “Ensinar não é
transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou sua
construção.” . (FREIRE, 1996, Apud Andrade, 2018). E sim que, para ela, a
transmissão do conhecimento do professor para o aluno em sala de aula é
apenas uma das vias do processo multilateral de educação, que se complementa
com a transmissão de conhecimento também do aluno para o professor.

Quando diz que educação “é ensinar ao mesmo tempo que aprender”, ela
parece reconhecer que, nas palavras de Freire,1989: “Todos nós sabemos alguma
coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre." Ou
seja, que na prática pedagógica, o professor não sabe de tudo, por isso ensina e
aprende com o aluno, que por sua vez, ensina e aprende com o professor, no
processo dialético de construção do conhecimento.

Dessa forma, ela se aproxima também de Sócrates; se colocando como sujeito


participante de uma metodologia dialética de construção do conhecimento, ao
invés de se colocar como ponto focal do processo, tal qual metodologia
autoritária e expositiva difundida pela escola tradicional de Herbart.
(Leão,1999).

Ela segue demonstrando suas influências em sua próxima resposta, quando fala
em “criar[...]liberdade de se expressar, deixar o aluno bem à vontade para
refletir e desenvolver suas próprias críticas.” Aqui, ela alude ao conceito de

PÁGINA 7
autonomia do aluno e desenvolvimento de seu pensamento crítico,
encontrando eco nas idéias de Augusto Cury (2013), citado por Andrade(2018):
Augusto Cury nos fala que “um bom
professor educa seus alunos para uma profissão,
um professor fascinante os educa para a vida”. Pois
dessa forma fazem com que seus alunos
desenvolvam um pensamento crítico e possam atuar
diretamente como cidadãos para não serem
facilmente manipulados. (Cury, A. 2013. Apud Andrade,2018)

Encontra também eco nas ideias de Paulo Freire, uma vez que ao mencionar a
“liberdade de se expressar” do aluno, ela observa em sua prática pedagógica a
liberdade ao educando de participar do processo ensino-aprendizagem:

“Para Freire esse clima de respeito em que


autoridade e liberdade dos alunos se assumem,
autentica o caráter formador do espaço pedagógico.
Enquanto formador, devo estar ciente da
importância da liberdade dos educandos.” (Andrade,2018)

Os dois autores defendem a “construção do pensamento crítico do aluno como


também o desenvolvimento de sua autonomia de forma que o mesmo perceba-
se como protagonista de sua história” (Andrade, 2018)

Quando perguntada sobre se ela se baseava em algum teórico, Andréa


menciona Augusto Cury, como já dito. Ela continua a discorrer sobre essa
influência, dizendo que gosta dele “Pela necessidade dos dias atuais, (pois) sua
teoria está focada nas necessidades da sociedade, uma geração que precisa
aprender a gerenciar as emoções, aprender a refletir sobre seus atos, pensar
como um agente modificador da sua própria existência [...] A aceleração do
mundo virtual trouxe mudanças bem significativas, deixando o sistema
educacional bem arcaico, precisando de transformações urgentes.”

Neste trecho, sobre as “necessidades da sociedade” e sobre como o sistema


educacional está arcaico, ela provavelmente se refere ao pensamento de Cury
sobre a crise da educação na sociedade conteporânea:

A educação moderna está em crise porque não é


humanizada, separa o pensador, do conhecimento, o
professor, da matéria, o aluno, da escola, enfim,
separa o sujeito do objeto. Ela tem gerado jovens
lógicos que sabem lidar com números e máquinas,
mas não com dificuldades, conflitos, contradições e
desafios. Por isso, raramente produz executivos e
profissionais excelentes, pessoas que saem da
mesmice e fazem a diferença. (CURY, 2003, Apud Andrade,2018).

PÁGINA 8
E por fim, é em Freire que encontramos um paralelo sobre o aluno enquanto
“agente modificador” como disse Andréa, ou, sujeito transformador, como quis
Freire, de sua própria existência.

BIBLIOGRAFIA

ANDRADE, Janne Kely Alves de. (2018). Prática docente e formação discente: uma

discussão acerca da educação emancipadora e construção de autonomia

nas perspectivas de Freire e Cury. Revista Docentes- Volume 3, Fortaleza, Ceará,2018

CURY, Augusto. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante,

2003.

FAUSTO, Ruy. Marx : lógica e política: investigação para uma reconstituição do

sentido da dialética.. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. 247p.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São


Paulo:

Paz e Terra, 1996.

LEÃO, Denise Maria Maciel. (1999).Paradigmas conteporâneos de Educação: Escola

tradicional e escola construtivista. Cadernos de pesquisa .No.107, São Paulo, 1999

KONDER, Leandro. (2004). O que é Dialética. Coleção Primeiros Passos. 23 28 ed.

São Paulo: Brasiliense. 88 páginas.

KRUGNER, Rosiléia Aparecida C. D.: Um diálogo entre Sócrates e Freire, influências

PÁGINA 9
na educação de jovens e adultos. (2009) . 38f, Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação)- Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas,

São Paulo, 2009

PÁGINA 10

Você também pode gostar