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INTRODUÇÃO
O diálogo como ferramenta fundamental no processo de construção do
conhecimento foi extensamente discutido ao longo das histórias da educação e
da filosofia, como foi visto em nossas aulas. Quanto ao estímulo ao método
dialético como ferramenta construção do conhecimento, o primeiro filósofo
abordado que se refere a esse tema é Sócrates, considerado por muitos como
pai da dialética (Fausto,1987).
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compete memorizar definições, enunciados de leis, sínteses e
resumos que lhe são oferecidos no processo de educação formal a
partir de um esquema atomístico. (Mizukami, 1986. Apud Leão,1999,
p.190)
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abre o caminho, por meio da discussão, do debruçar-se sobre o
conceito das coisas, à procura das definições das mesmas
(KRUGNER,2009, P.22)
toda aprendizagem, todo saber nada mais seria seriam do que uma
reminiscência (anammesis), um tirar do esquecimento, um trazer de
volta para a memória (...)ensinar não seria portanto ‘colocar
conhecimento em alguem’, ou como disse Sócrates , na República
‘colocar a visão nos olhos do cego’. Ensinar não-é colocar nenhuma
matéria em alguem, mas, sim, ensinar seria sempre apenas esse
despertar interno, esse, acordar o conhecimento imanente que
permanece adormecido (BENOIT;2004: apud Krugner,2009 P.25)
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Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para a sua produção ou sua
construção. Se na experiência de minha formação,
que deve ser permanente, começo por aceitar que o
formador é o sujeito em relação a quem me
considero o objeto, que ele é o sujeito que me forma e
eu, o objeto por ele formado, me considero como
paciente que recebe os conhecimentos – conteúdos –
acumulados pelo sujeito que sabe e que são a mim
transferidos. (FREIRE, 1996, Apud Andrade, 2018).
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um ser humano perfeito, mas alguém que tem serenidade para se esvaziar e
sensibilidade para aprender” (Cury,2003) Cury fala do educador enquanto
também aprendiz, e não somente como detentor do conhecimento, tal qual faz
Paulo Freire quando afirma que “quem ensina aprende ao ensinar e quem
aprende ensina ao aprender.” (FREIRE, 1996, p.23). Tanto o pensamento de
Freire quanto o de Cury sugerem, assim, um processo de aprendizagem
dialético, onde professor e aluno são sujeitos igualmente ativos na construção
do conhecimento. O educador foi colocado assim, nesses dois autores, como
aquele que “sabe que não sabe”, da Maiêutica sócratica, ou como o “homem
incompleto” da pedagogia freireana.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
1.1 - Para a coleta de dados, foi realizada pesquisa bibliográfica. Além dela, foi
realizada uma entrevista com a professora Andréa Zeba, via serviço de
mensagens eletrônicas, na noite do dia 13/06/2020, de acordo com as diretrizes
do presente trabalho como foram passadas pela professora responsável pela
disciplina.
O que é ensinar?
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“Eu acredito que a aprendizagem está muito relacionada a empatia, criar
de certa forma uma intimidade, uma amizade, liberdade de se expressar, deixar
o aluno bem à vontade para refletir e desenvolver suas próprias críticas.”
“Gosto da teoria de Augusto Cury. Pela necessidade dos dias atuais, sua
teoria está focada nas necessidades da sociedade, uma geração que precisa
aprender a gerenciar as emoções, aprender a refletir sobre seus atos, pensar
como um agente modificador da sua própria existência. Assim encontrar
formas e meios diferentes de enxergar os problemas. Acredito que
desenvolvendo o autocontrole, respeito próprio, auto aceitação, a valorização
como ser humano pode e ajuda no processo da aprendizagem.
Os conflitos são muitos. Gosto de dizer que eles sempre vão existir. Mas
tudo depende do jeito que a gente enxerga. Gosto de estimular a solução do
problema. O ser humano já problemático por si. Augusto Cury diz que somos
tão complexos que quando não temos problemas, a gente cria. Como trabalho
com adolescentes, entendo que é uma fase um pouco desafiadora. Levo eles a si
entender. Todo processo de crescimento e amadurecimento gera desconfortos,
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dúvidas, medos, incertezas e até perdas. Quando nos conhecemos fica mais
fácil entender o outro, assim o respeito vai sendo desenvolvido no dia a dia.
Fazendo assim amenizando e gerando aprendizados com os conflitos. Não é
fácil, mas os resultados são bem significativos. Amo esse contato. É
maravilhoso.”
RESULTADOS E CONCLUSÃO
Seguimos, então, para a análise da entrevista, escolhendo os trechos que
dialogam com as teorias supra mencionadas. Podemos perceber a influência
dos filósofos da educação mencionados no presente trabalho já na primeira fala
da entrevistada. Quando ela diz que ensinar é “ transmitir conhecimento”, ela
parece dar a perceber, no primeiro momento, a influência arraigada do
pensamento da Escola tradicional, em que o conhecimento “deve ser adquirido
pelo indivíduo pela transmissão dos conhecimentos a ser realizada na
instituição escolar.” (Mizukami, 1986. Apud Leão,1999, p.190).
Quando diz que educação “é ensinar ao mesmo tempo que aprender”, ela
parece reconhecer que, nas palavras de Freire,1989: “Todos nós sabemos alguma
coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso, aprendemos sempre." Ou
seja, que na prática pedagógica, o professor não sabe de tudo, por isso ensina e
aprende com o aluno, que por sua vez, ensina e aprende com o professor, no
processo dialético de construção do conhecimento.
Ela segue demonstrando suas influências em sua próxima resposta, quando fala
em “criar[...]liberdade de se expressar, deixar o aluno bem à vontade para
refletir e desenvolver suas próprias críticas.” Aqui, ela alude ao conceito de
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autonomia do aluno e desenvolvimento de seu pensamento crítico,
encontrando eco nas idéias de Augusto Cury (2013), citado por Andrade(2018):
Augusto Cury nos fala que “um bom
professor educa seus alunos para uma profissão,
um professor fascinante os educa para a vida”. Pois
dessa forma fazem com que seus alunos
desenvolvam um pensamento crítico e possam atuar
diretamente como cidadãos para não serem
facilmente manipulados. (Cury, A. 2013. Apud Andrade,2018)
Encontra também eco nas ideias de Paulo Freire, uma vez que ao mencionar a
“liberdade de se expressar” do aluno, ela observa em sua prática pedagógica a
liberdade ao educando de participar do processo ensino-aprendizagem:
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E por fim, é em Freire que encontramos um paralelo sobre o aluno enquanto
“agente modificador” como disse Andréa, ou, sujeito transformador, como quis
Freire, de sua própria existência.
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, Janne Kely Alves de. (2018). Prática docente e formação discente: uma
2003.
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na educação de jovens e adultos. (2009) . 38f, Trabalho de Conclusão de Curso
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