de 2 Estacas
Como os softwares comerciais tratam o assunto?
• E1 (esq) = (Nk+PP)/2 + Mxk/e – Fyk*(Alt do bloco – embut. da estaca)/e = 62,4/2 + 5/1,2 – (-1*(0,6-0,05))/1,2 = 35,83 tf
• E2 (dir) = (Nk+PP)/2 - Mxk/e + Fyk*(Alt do bloco – embut. da estaca)/e = 62,4/2 - 5/1,2 + (-1*(0,6-0,05))/1,2 = 26,58 tf
Inclinação da Biela
(Blevot-Frémy - Adotado por TQS/Eberick/Cypecad)
a = atan ( 1,074)
a = 47,043º
Tensão Biela-Estaca
• fcd3 = ( Rmáx * gf * gn ) / ( Aest ) * sen a²
• fcd3 = ( 35.830 * 1,4 * 1,2 ) / ( 1.256,63 ) * sen 47,043²
• fcd3 = 89,43 kgf/cm²
É importante esclarecer que a majoração 1,15 e o coeficiente gn são majoradores distintos e concomitantes!
Como o TQS calcula?
O TQS calcula blocos de 2 estacas como é determinado na teoria de
Blevot-Frémy, indicada na bibliografia proposta pelo Profº Paulo
Bastos, da UNESP.
A armadura do tirante é calculada de acordo com a formulação abaixo:
As = 1,15 * Nk * gf * gn * ( 2 * e – Yp) / ( 8 * d * fyd)
Como a referida formulação considera a carga vertical aplicada, e
sabemos que o momento fletor e a carga horizontal influenciam na
reação da estaca, o programa faz uma simplificação, mutliplicando a
reação máxima das estacas pelo número de estacas e adota este valor
como sendo a carga vertical equivalente.
Feq = Fmx * 2
Feq = 35,9 * 2
Feq = 71,80 tf
As = 1,15 * 71.800 * 1,4 * 1,2 * ( 2 * 120 – 40) / ( 8 * 53,4 * 4.347,83)
As = 1,15 * 71.800 * 1,4 * 1,2 * ( 2 * 120 – 40) / ( 8 * 53,4 * 4.347,83)
As = 14,94 cm²
Como o TQS calcula?
O que chama a atenção no cálculo do TQS, é o valor de fcd1: 414,7 kgf/cm².
Esse valor destoa do cálculo manual, pois o TQS considera o momento
aplicado no pilar para o cálculo da tensão, através da equação:
smx = 6 * Mxk * gf * gn / ( Xp * Yp² ) = 6 * 5.600 * 100 * 1,4 * 1,2 / (20x40²)
smx = 176,4 kgf/cm²
Tensão Biela-Pilar
• fcd1 = ( Nk * gf * gn ) / ( 2 * Xp * ( Yp / 2 ) * sen a²
• fcd1 = ( 60.000 * 1,4 * 1,2 ) / ( 2 * 20 * ( 40 / 2 ) * sen 47,043²
• fcd1 = 235,24 kgf/cm² + 176,4 kgf/cm² = 411,64 kgf/cm²
Tensão Biela-Estaca
• fcd3 = ( Rmáx * gf * gn ) / ( Aest ) * sen a²
• fcd3 = ( 35.900 * 1,4 * 1,2 ) / ( 1.256,63 ) * sen 47,043²
• fcd3 = 89,60 kgf/cm²
Tais valores divergem ligeiramente do cálculo manual, mas, podemos
admitir que decorrem dos arredondamentos realizados pelo programa.
Como se tratam, em geral, de diferenças inferiores a 2%, entendemos que
são aceitáveis do ponto de vista técnico.
Comparação de resultados (Manual x TQS)
** Foi considerado que o Eberick não majora as cargas em 15%, conforme determina Blevot-Frémy, visto que o Eberick
não chegou a dimensionar o bloco em estudo.
Como o Cypecad calcula?
O Cypecad, assim como o Eberick, também calcula as dimensões dos
blocos automaticamente. Infelizmente, não há manual teórico para a
identificação do método de cálculo utilizado para determinar a altura
do bloco.
Para o caso em questão, o Cypecad adotou um bloco com 80cm de
altura.
A armadura calculada e adotada por ele foi de 7 barras de 12,5mm, ou
seja, 8,59cm².
É uma armadura muito inferior à calculada manualmente, mas é
preciso observar que o bloco foi calculado com 80cm de altura, o que
aumenta, e muito, o braço de alavanca.
Apesar desse detalhamento já adotado pelo Cypecad, é interessante
ressaltar que ao se fazer a verificação do bloco, após o
dimensionamento, o relatório indica que o tirante é insuficiente.
Assim, se faz necessário adotar 8 barras de 12,5mm, ou seja 9,81cm².
Como se vê na página a seguir, o cálculo do tirante é realizado em
função de uma combinação que majora as cargas pelo gf =1,4, não
fazendo uso do majorador adicional gn =1,2, determinado na NBR
6118:2014.
Como o Cypecad calcula?
Como o Cypecad calcula?
Como o Cypecad calcula?
O Cypecad, considera, para a determinação do ângulo da biela, que a
carga parte do eixo do pilar e segue até o eixo da estaca. Considera
também o eixo da armadura longitudinal.
Entretanto, como se pode ver na figura ao lado, o Cype considera que a
biela parte de dentro do bloco. No caso, de 11cm dentro do bloco em
direção ao eixo da estaca. Assim temos:
R1 = R2 = 412,02 KN
Tensão Biela-Estaca
• fcd3,lim = 0,72 * av2 * fcd = 0,72 * 0,88 * 30 / 1,4 = 13,57 MPa
• Rcd,lim = fcd3,lim * Abiela = 13,57 * 899,53 = 122.130 Kgf
• Rcd = Rmáx / sen (a) = 412,02 / sen (45,997º) = 57.306 Kgf
• Rcd < Rcd,lim Ok!
Como se vê, o Cypecad deixa de considerar o coeficiente adicional gn, tanto no cálculo das tensões, como no cálculo da armadura do tirante.
O Cypecad não utiliza o Método de Blevot-Frémmy original no cálculo dos blocos sobre 2 estacas.
Assim como o Eberick, o Cype também verifica o bloco se forem definidas ou alteradas a geometria previamente determinada.
Como o Cypecad verifica?
Adotando a altura total do bloco como sendo de 60cm, e uma Mais uma vez, a área adotada para a biela é uma incógnita. O
armadura de 7 barras de 16,0mm, ou seja, 14,07cm². programa adota um valor de 750,24cm².
O Cype considera que a biela parte de dentro do bloco. No caso, de
8cm dentro do bloco em direção ao eixo da estaca, temos:
Tensão Biela-Estaca
• a = atan ( ( 60 – 11 - emb – f longitudinal /2 – f estribo ) / ( e / 2 ) )
• fcd3,lim = 0,72 * av2 * fcd = 0,72 * 0,88 * 30 / 1,4 = 13,57 MPa
• a = atan ( ( 60 – 8 - 5 – 1,6/2 – 1,25) / ( 120 / 2 ) )
• Rcd,lim = fcd3,lim * Abiela = 13,57 * 750,24 = 101.807 Kgf
• a = atan ( ( 44,95 ) / ( 60 ) ) = 36,839º
• Rcd = Rmáx / sen (a) = 412,02 / sen (36,839º) = 11.461 Kgf
A reação máxima da estaca é a mesma da calculada pelo
dimensionamento do programa, visto que ele não leva em • Rcd < Rcd,lim Ok!
consideração o peso próprio do bloco, nem os momentos e cargas
horizontais aplicadas.
O Tirante é calculado à partir da decomposição da biela:
Rsd = Tir = Rmáx / tan (a)
Rsd = Tir = 412,02 / tan (36,839º) = 549,98 KN
O tirante é então verificado em função da área de aço existente e sua
resistência fyd :
• Fsd = 7 * 2,01 cm² * 4.347,82
• Fsd = 611,73 KN < Rsd
Comparação de resultados (Manual x TQS x Eberick x Cypecad)
** Foi considerado que o Eberick não majora as cargas em 15%, conforme determina Blevot-Frémy, visto que o Eberick
não chegou a dimensionar o bloco em estudo.
Considerações sobre o Método Blevot-Frémmy
Após os cálculos aqui demonstrados, podemos fazer algumas considerações acerca do cálculo realizado pelos softwares analisados para
blocos sobre 2 estacas.
• Os softwares TQS e Eberick utilizam a Teoria de Blevot-Frémmy para o cálculo dos blocos sobre duas estacas, cada um com suas
particularidades.
• O TQS e o Eberick não atendem à prescrição normativa indicada no item 22.3.2 da NBR 6118:2014, no que tange à verificação do fcd1 .
Eles realizam seus cálculos verificando apenas os limites determinados pela teoria, não observando a norma vigente.
• O Cypecad não verifica a tensão fcd1 com nenhum parâmetro.
• O TQS, apesar de não verificar este item normativo durante o cálculo, adota armaduras considerando o majorador adicional previsto
no item 22.2 da NBR 6118:2014.
• O Eberick adotada o coeficiente adicional gn, passível de configuração mas, para o caso de blocos sobre 2 estacas, ainda é necessário
majorar a armadura do tirante em 15%, conforme determina a Teoria de Blevot-Frémmy.
• O Cypecad e o Eberick tendem a calcular blocos mais altos do que o necessário, em função da carga considerada na verificação de fcd1
e utilizam armaduras inferiores ao exigido por norma, pelo não atendimento ao item 22.2 da mesma.
Este bloco não poderia ser calculado pelo Método de Blevot-Frémmy, em função da tensão fcd1 ultrapassar o limite normativo da NBR
6118:2014. Para o caso de blocos com fck = 30 Mpa, temos:
fcd1,lim = 0,85 * av2 * fcd = 0,85 * ( 1 – 30 / 250 ) * ( 300 / 1,4 )
fcd1,lim = 0,85 * 0,88 * 214,28 = 160,29 kgf/cm²
Como atender à NBR 6118:2014?
Para atender à prescrição da NBR 6118:2014, utilizando o
método de Blevot-Frémmy (ou seja lá qual o Método adotado
pelo Cypecad), faz-se necessário ou aumentar o fck do bloco ou
adotar uma altura maior para o mesmo.
Se optar por aumentar o fck do bloco para 50 Mpa o fcd1,lim será
de 242,86 kgf/cm², o que atende à NBR 6118:2014.
Se a utilização destes Métodos resulta praticamente a mesma armadura para o tirante, por
que não continuar a utilizar o Método de Blevot-Frémmy?
Por que adotar outros métodos?
Antes de mais nada porque, para blocos muito carregados com
elevadas cargas verticais e elevados momentos, dificilmente um
bloco calculado pelo Método de Blevot-Frémmy atenderá as
verificações exigidas pela NBR 6118:2014.
Em tempos de ATP isso pode ser um problema. E grande.
Além disso, os métodos alternativos aqui indicados, permitem ao
engenheiro ser menos conservador para blocos mais carregados.
Por exemplo, adotemos um bloco com a mesmageometria, mas
com uma carga vertical de 70 tf ao invés de 60 tf, apenas para fins
didáticos, sem nos preocuparmos com capacidade de carga das
estacas, nem com o pilar em si.
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