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Universidade Federal de Lavras – UFLA
Centro de Educação a Distância – CEAD
MANEJO E CONSERVAÇÃO
DE SOLO E DA ÁGUA
GUIA DE ESTUDOS
Lavras/MG
2015
CDD – 631.45
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................7
2. SUSTENTABILIDADE DO USO DOS RECURSOS SOLO E ÁGUA ..................8
2.1. Manejo de solos em agroecossistemas........................................................8
2.2. Conceitos de gestão e manejo sustentável em agroecossistemas..............8
3. ATRIBUTOS FÍSICOS........................................................................................10
3.1. Textura.........................................................................................................10
3.2. Estrutura do solo.........................................................................................11
3.3. Consistência do Solo..................................................................................12
3.4. Retenção e movimento de água no solo.....................................................13
3.5. Compactação e descompactação do solo..................................................16
3.5.1. Compactação do solo..........................................................................16
3.5.2. Descompactação do solo.....................................................................17
4. EROSÃO DO SOLO...........................................................................................20
4.1. Erosão hídrica ............................................................................................20
4.1.1. Erosão pelo impacto da gota de chuva................................................21
4.1.2. Erosão laminar.....................................................................................21
4.1.3. Erosão em sulcos................................................................................22
4.1.4. Erosão por deslocamento de massa...................................................22
4.1.5. Erosão em queda.................................................................................23
4.1.6. Erosão em pedestal.............................................................................23
4.1.7. Voçorocas............................................................................................23
4.2. Erosão pelo vento (Eólica)..........................................................................24
4.2.1. Controle da erosão eólica....................................................................25
4.3. Taxa de formação e tolerância de perdas de solo por erosão hídrica........26
4.4. Erosão hídrica e impactos ambientais........................................................27
5. PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS, SISTEMAS DE PREPARO E
MANEJO DO SOLO...............................................................................................28
5.1. Práticas conservacionistas..........................................................................28
5.1.1. Práticas Vegetativas............................................................................28
5.1.1.1. Rotação de culturas......................................................................28
5.1.1.2. Culturas em faixas de rotação......................................................29
5.1.1.3. Culturas em faixas de retenção....................................................29
5.1.1.4. Culturas de proteção e adubação verde.......................................30
5.1.2. Práticas mecânicas..............................................................................31
5.1.2.1. Cultivo em contorno ou plantio em nível.......................................31
5.1.2.2. Terraceamento..............................................................................32
5.1.2.3. Canais escoadouros, paralelos e divergentes..............................36
5.1.2.4. Estabilização de voçorocas..........................................................36
5.1.3. Práticas edáficas..................................................................................37
1. INTRODUÇÃO
Ao observarmos a paisagem da maioria dos ecossistemas terrestres nosso
olhar é geralmente tomado pela vegetação exuberante, animais interessantes, rios
e lagos ou picos rochosos de extraordinária beleza. Quando se fala em conserva-
ção ambiental logo pensamos em animais, plantas e água. Raramente nos lem-
bramos que essas plantas e animais tiram seu sustento de outro material e que a
qualidade e a quantidade da água também dependem desse mesmo material, esse
material é o solo. Por estar geralmente coberto por vegetação, ele tende a passar
despercebido da maioria das pessoas. No entanto, o solo influencia diretamente
no homem, animais, plantas e água. Mesmo em ambientes urbanos, a influência
do solo é sentida ao se realizarem construções, drenos para as águas pluviais e
depósitos de lixo.
O solo influencia até mesmo a vida nos oceanos, pois essa depende dos nu-
trientes minerais trazidos pelas águas dos rios. Não é por acaso que a maior parte
dos animais marinhos está concentrada ao longo dos continentes, sendo a parte
central dos oceanos verdadeiros desertos. É justo, portanto, como já feito, consi-
derar o solo como o quarto reino da natureza, de igual importância aos minerais,
plantas e animais.
O sistema solo é definido sob uma perspectiva ambiental como uma unidade
ecológica funcional da superfície da terra, que inclui sedimentos e rochas perme-
áveis e águas subterrâneas. O solo apresenta neste enfoque várias funções, tais
como produção de biomassa; fibras e proteínas; proteção ambiental; filtragem e
transformação; banco genético e fluxo gênico; suporte infraestrutural de superfícies
rurais, urbanas, industriais e tráfego; depósito de resíduos; fonte de matéria-prima
e ainda patrimônio cultural.
3. ATRIBUTOS FÍSICOS
Os atributos físicos dos solos são basicamente textura e estrutura, que depen-
dem da composição química, mineralógica e microbiológica, que definem o movi-
mento e a retenção de água e ar no solo e a consistência do solo.
3.1. Textura
Refere-se à distribuição de partículas por tamanho que, misturadas em di-
ferentes proporções, resulta em diferentes classes texturais (Figura 1). A textura,
também chamada granulometria do solo, está relacionada à resistência dos mine-
rais constituintes das rochas ao intemperismo. Minerais menos resistentes normal-
mente são transformados em outros minerais de diferentes composições, conse-
quentemente reduzindo em tamanho, passando a fazer parte de frações mais finas
do solo. Já aqueles de maior resistência permanecem inalterados ou sofrem pouca
alteração, ficando como parte dos constituintes mais grosseiros ou da fração areia
do solo. Os fragmentos maiores do que dois milímetros são chamados de frag-
mentos grosseiros, incluindo-se cascalho (2 a 20 mm), calhaus (20 a 200 mm) e
matacões (> 200 mm). Partículas de tamanho entre 0,05 e 2 mm são classificadas
como areia; as partículas da fração silte variam de 0,002 a 0,05 mm de diâmetro,
e as partículas menores de 0,002 mm constituem a fração argila do solo (Ferreira,
2010).
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Figura 1 – Classes texturais de acordo com as proporções de argila, silte e areia dos solos.
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trabalhados fora da faixa de umidade que lhes confere friabilidade, corre-se o risco
de degradação da estrutura, pulverizando, se o solo estiver seco ou compactando,
se o solo estiver com umidade suficiente para torná-lo relativamente mais plástico
(faixa de umidade logo acima daquela que corresponde à de friabilidade). Na Fi-
gura 3, para uma mesma força aplicada, o solo mais friável é aquele representado
pela linha escura (SOLO 2). Nesse caso, a faixa de umidade ideal para preparo é
mais ampla, relativamente àquele solo representado pela linha clara (SOLO 1).
Força de Atração
Adesão
Coesão
SOLO 1
SOLO 2
Figura 3 – Relação entre conteúdo de água e forças de coesão e adesão no solo – consis-
tência (Kohnke, 1968).
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oxigênio. Por outro lado, a falta de água causa o murchamento que também leva
as plantas à morte. A baixa umidade do solo entre aquela condição que provoca
murchamento e morte das plantas e o máximo de umidade que o solo consegue
reter, depois de cessado o movimento gravitacional, é chamada capacidade de
armazenamento de água. Maiores detalhes sobre água no solo e na planta podem
ser consultados em Jong van lier (2010) e Libardi (2010).
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A adoção correta do plantio direto seria uma das maneiras de reverter o pro-
cesso da compactação do solo. Para isso, o produtor deve respeitar três impor-
tantes premissas: o não revolvimento do solo, a rotação de culturas e a cobertura
vegetal. As espécies vegetais utilizadas de cobertura com grande quantidade de
massa, tanto na parte aérea quanto na parte radicular, torna o solo rico em carbono
e, portanto, menos suscetível à compactação.
Existem também técnicas mecânicas que podem ser utilizadas para reverter
à compactação do solo. Podemos lançar mão de práticas, como a escarificação
ou a subsolagem, mas a sua utilização de forma isolada não é duradoura e não
tem efeito por várias safras. Se não houver a incorporação de matéria orgânica a
descompactação não será duradoura, por isso recomenda-se, sobretudo a ado-
ção de plantas com sistema radicular muito abundante (gramíneas) e ou pivotante
(leguminosas).
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4. EROSÃO DO SOLO
Sob condições naturais, a lenta perda de sedimentos pelo processo erosivo
é responsável por esculpir a superfície sólida do planeta, tratando-se, portanto,
de um processo natural que se desenvolve através dos séculos ou milênios. Esse
fenômeno é chamado erosão geológica ou normal e constitui-se em agente de for-
mação de paisagens.
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4.1.7. Voçorocas
Canais ou gargantas profundas causadas pela água. As voçorocas represen-
tam uma evolução da erosão em sulcos e o deslocamento de massa, onde não
são tomadas medidas para remediação das destas. Outras causas do surgimento
de voçorocas são a mineração desordenada, a falta de manutenção em cortes
de estradas e o surgimento de pequenos sulcos na parte baixa de encostas que
evoluem, encosta acima e lateralmente, por deslocamento de massa ou quedas.
Alguns solos são notadamente mais susceptíveis a essa forma de erosão, prin-
cipalmente aqueles cujo horizonte B e/ou C friáveis e pouco espessos. Por outro
lado, solos com horizonte B argílico são, comparativamente, mais resistentes a
essa forma de erosão. Algumas regiões se destacam pela ocorrência de voçorocas,
como Morro do Ferro (distrito de Oliveira), Cachoeira do Campo, Nazareno, Lavras
e São João Del Rei, localizados nas regiões dos Campos das Vertentes e sul do
estado de Minas Gerais (Martins et al. 2011, Gomide et al. 2011). Nesses casos,
associações de latossolos nas partes mais elevadas das encostas com cambisso-
los nas partes mais baixas têm sido apontadas como agravante no surgimento de
voçorocas (Silva et al., 1993).
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Em várias regiões da África, parte das terras tem perdido a vegetação devido
à seca, superpastoreio e uso de práticas inadequadas nos cultivos. Isso tem re-
sultado em extensas áreas com erosão eólica. A região das Planícies dos Estados
Unidos já passou por quatro sérios períodos de erosão eólica desde a ocupação,
no século XVII. Em áreas de baixa pluviosidade (< 300 mm de chuva por ano), os
solos não apresentam umidade suficiente para suportar as culturas. Em várias
dessas áreas os agricultores plantam as culturas esperando por chuva. Quando as
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chuvas não vêm, eles aram novamente a terra, preparando para outro plantio. Daí,
o solo solto e seco fica exposto, favorecendo a erosão eólica.
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mite perdas da ordem de 12,5 t ha-1 ano-1 para solos profundos, permeáveis e bem
drenados, e 2 a 4 t ha-1 ano-1 para solos rasos ou impermeáveis.
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A faixa de retenção é uma prática que diminui a erosão por obstruir o caminho
da enxurrada. Trata-se do plantio, geralmente de gramíneas como cana-de-açúcar,
capim napier, erva cidreira, etc., que não sejam plantas invasoras, em faixas com
distância também definida como no caso de terraços. A faixa de retenção é consti-
tuída de 3 a 5 linhas da planta protetora, em espaçamento bem mais reduzido do
que o geralmente recomendado no plantio convencional dessas espécies.
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5.1.2.2. Terraceamento
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Terraço é normalmente muito efetivo. Muitos terraços são tão velhos quanto
os Romanos na Europa, os Incas na América do Sul e os povos do sudeste asiático.
Esses e outros povos antigos fizeram muitos declives parecerem escadarias gigan-
tescas, construindo terraços de cima para baixo. Muitos desses terraços elimina-
ram completamente o efeito do declive por meio de paredes de pedras verticais.
O terraceamento de áreas agrícolas tem por objetivo reduzir o comprimento da
rampa onde se processa o escoamento superficial, reduzindo a velocidade desse
e, consequentemente, a tensão de cisalhamento, que ocasiona a liberação e o ar-
raste das partículas de solo. Assim, a erosão do solo pode ser bastante reduzida
ou até mesmo evitada. O aumento da infiltração de água no solo também é um dos
objetivos visados quando da construção de terraços, principalmente dos terraços
em nível.
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a) Terraço comum: é usado em terrenos com declividade inferior a 18%. Uma vez
que grande parte das culturas de exploração econômica no Brasil é implanta-
da em declividades inferiores a 18%, constitui o tipo de terraço mais utilizado.
Esses terraços, dependendo da maneira como são construídos, podem sofrer
variações na sua forma, originando o terraço embutido, o murundum e outros.
Existem procedimentos para locação dos terraços que podem ser em nível e
em desnível, sendo este último com gradiente constante ou progressivo, em função
da infiltração da água e da coesão do solo. O espaçamento também deve ser cal-
culado em função da cultura, preparo e manejo do solo, declividade erodibilidade
do solo. Os canais são também dimensionados em função das chuvas máximas,
classe de solo e susceptibilidade à erosão hídrica (Bertoni & Lombardi Neto 1990;
Bertolini et al. 1994; Pruski et al., 2006; Pruski et al. 2009).
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O termo voçoroca (ou boçoroca) tem origem na língua Tupi Guarani que sig-
nifica “fenda cavada pelas enxurradas”. Esse termo é, portanto, apropriado para
designar a causa do problema que é o escorrimento superficial e concentrado da
água ao longo de uma encosta. Entretanto, mesmo aquele observador mais desa-
tento percebe que as voçorocas parecem ser mais abundantes em umas regiões
do que em outras. Esse fato leva a conclusão de que outros fatores, além da enxur-
rada, estão envolvidos no processo. A maior ou menor facilidade de estabilização
dessa forma de erosão depende dos mesmos fatores envolvidos no processo de
formação das voçorocas. A dificuldade de estabilização é maior naquelas áreas
com solos mais susceptíveis a erosão hídrica.
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Essas práticas têm ação indireta sobre o processo erosivo, atuando em me-
lhorias das condições do solo, como aumento dos teores de matéria orgânica, agre-
gação, permeabilidade, porosidade e cobertura vegetal.
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Estudo feito por Heringer et al. (2002) demonstrou que a queima frequente e
contínua das pastagens naturais promove a redução nos teores de magnésio, au-
menta a acidez potencial e reduz a cobertura e umidade nas camadas superficiais
do solo em relação às práticas de manejo sem queima.
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Constitui uma das formas mais baratas e acessíveis de repor a matéria or-
gânica ao solo, promovendo a melhoria das suas condições físicas e estimulando
os processos físicos, químicos e biológicos do solo. Segundo Pruski (1996), com o
emprego de métodos de cultivo reduzido, como o plantio direto, os restos de plantas
de adubação verde podem ser deixados sobre a superfície, sendo paulatinamente
incorporados ao solo por via biológica, trazendo resultados ainda mais favoráveis.
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Entretanto, de acordo com Voisin (1960), citado por Primavesi (1986) o adu-
bo é um instrumento maravilhoso quando bem aplicado, mas é um perigo quando
usado indevidamente. O elevado custo dos corretivos e fertilizantes, o risco de con-
taminação ambiental e os efeitos colaterais da sua aplicação exigem seu emprego
com o máximo critério técnico.
5.1.3.6. Calagem
Os solos brasileiros, em sua maioria, são ácidos, com pH abaixo de 6,0. Es-
ses solos, além de apresentarem, geralmente, elementos tóxicos às plantas, como
o alumínio, apresentam baixa disponibilidade de nutrientes essenciais ao seu de-
senvolvimento. Nos solos ácidos, o desenvolvimento de microrganismos é bastante
reduzido, principalmente de bactérias fixadoras do nitrogênio atmosférico (Bertoni
& Lombardi Neto, 2010) e geralmente apresentam alumínio e manganês em nível
tóxicos, além de deficiências de cálcio, magnésio e fósforo (Veloso et al., 1992).
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5.1.3.7. Fosfatagem
Essa prática deve ser adotada em solos arenosos (teor de argila < 25%), que
apresentam menor fixação de P, e com teores baixos desse nutriente (P resina < 10
mg DM-3), utilizando a mesma área total, após o preparo profundo do solo, antes da
gradagem de nivelamento. Utilizar como fonte de P2O5 o superfosfato simples ou
produtos equivalentes como fosfatos reativos, superfosfato triplo, termofosfatos ou
multifosfato magnesiano nas dosagens de 100 a 150 kg de P2O5 ha-1 (Vitti & Mazza,
2002).
5.1.3.8. Gessagem
O gesso pode ser utilizado como um restaurador dos atributos físicos benéfi-
cos do solo, por agir como floculante da argila, o gesso dificulta a formação de cros-
tas na superfície do solo, contribuindo para o aumento da capacidade de infiltração
de água no seu perfil do solo, o que reduz o escoamento superficial e a erosão
hídrica (Pruski et al., 2006).
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básico para uma boa proteção do solo. Plantas daninhas de difícil controle devem
ser eliminadas.
O plantio direto é adequado tanto para grandes propriedades como para pe-
quenas. Em pequenas propriedades o controle de plantas daninhas deve ser feito
por uma adubação verde, com espécies adequadas e pela rotação de culturas ou
ainda a eliminação das invasoras através de capina manual. Sistemas de imediata
aplicação prática foram desenvolvidos no estado de Santa Catarina empregando-
se tração animal e semeadeira manual. O grau de instrução e formação técnica
do agricultor é mais importante do que o tamanho da propriedade. O alto nível de
gerenciamento é básico para o sistema de plantio direto (Derpsch et al. 1991).
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A prevenção é o melhor caminho, por ser mais eficiente (Machado & Souza,
1990) e bem mais econômica que as medidas necessárias à recuperação, quando
possível, de avarias causadas pela falta de um gerenciamento adequado. As me-
didas preventivas podem ser realizadas através da minimização da extensão total
das estradas, da locação das estradas em relação à topografia e aos solos, da mi-
nimização das superfícies expostas da estrada através do alinhamento apropriado
e da instalação adequada de bueiros e outras obras (FAO, 1989).
De acordo com Klassen (2006), um bom manejo da água deve ser prioridade
na implantação das estradas florestais. A água que escorre dos carreadores em
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pendente deve ser desviada para bacias de captação ou caixas de retenção devi-
damente dimensionadas. Pode ser ainda retirada para os terraços, para um lado
ou os dois lados do canal, por meio de pequenos canais de desvio, se constituindo
numa importante medida de controle da erosão. O revestimento dos carreadores
com vegetação rasteira também é uma medida necessária à devida conservação
das estradas (Oliveira et al. 2010a).
6.1.4. Planejamento
Em geral, o planejamento é feito de tal forma que, por ocasião da implanta-
ção sejam construídas estradas primárias, necessárias nos tratos culturais e, por
ocasião da colheita, haja a construção complementar de estradas secundárias e
trilhas ou ramais, com finalidades respectivas de dividir a área cultivada em áreas
de exploração e servir de caminhos para o trânsito de máquinas dentro da colheita
(Oliveira et al. 2010a).
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Através do programa PLÚVIO 2.1 (Pruski et al. 2006) pode-se calcular os pa-
râmetros da equação para a região e o período de retorno de interesse. Segundo
Bertolini et al. (1993) a intensidade máxima média de precipitação (Im), para um
período de retorno de 10 anos, na região em estudo é de 105 mm em 24 horas.
Em que:
Im é a intensidade máxima média de precipitação, mm h-1;
T é a período de retorno, anos;
t é a duração da precipitação, min.;
K, a, b, c são os parâmetros relativos à localidade.
Em que:
EH = espaçamento entre bacias, em m;
K = fator de resistência do solo à erosão, adimensional;
D = declividade, em %.
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VT = EH * L * I (3)
Em que:
EH = espaçamento entre bacias, em m;
L = largura da estrada, em m;
I = intensidade da chuva em 24h, em m.
VB = π * P2 (R – (P/3) (4)
Em que:
P = profundidade da bacia, em m;
R = raio da bacia, em m;
O volume total (VT) é igual ao volume da bacia (VB).
VT = VB
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Deduções:
Talude = 1/1
P = (VB/6,52)1/3 (5)
Em que:
P = profundidade, em m;
VB = volume, em m3:
R = 2,41 * P (6)
Em que:
R= raio, em m;
P= profundidade, em m.
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taludes deve ser na faixa de 2:1 a 3:1. Na ocasião de correções no leito da estrada
com o uso de máquinas com lâminas (moto niveladora), evitar o corte da saia do
talude. A exposição do horizonte C torna o talude suscetível ao deslocamento ou
escorregamento de massa. Em alguns casos e necessário o estabelecimento de
dissipadores de energia da enxurrada.
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pacitadas e articuladas para esse fim com apoio técnico das instituições parceiras.
Os resultados produzidos deveriam ser divulgados numa tentativa de extensão do
programa de conscientização e valorização do solo, água e floresta.
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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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