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Maio de 1996
Sumário
1 - Introdução.
2 - Sobretensões geradas por descargas atmosféricas na rede externa.
2.1 - Influência do tipo de cabo.
2.2 - Tensões impostas no cabo telefônico - Simulações.
2.2.1 - Tensões induzidas por descargas laterais.
2.2.2 - Tensões impostas por descargas diretas.
2.2.3 - Efeito da instalação de protetores no fio FE.
2.3 - Tensões que atingem os equipamentos.
3 - Sobretensões geradas por descargas atmosféricas na rede interna.
4 - Critérios básicos de proteção.
4.1 - Utlização de cabos subterrâneos.
4.2 - Utilização de cabos blindados.
4.3 - Aterramento da rede.
4.4 - Instalação de protetores.
4.4.1 - Instalação de protetores no cabo blindado.
4.4.2 - Instalação de protetores no fio FE.
5 - Critérios gerais de proteção.
6 - Considerações finais.
2
1- Introdução.
3
2 - Sobretensões geradas por descargas atmosféricas na rede externa.
4
A - Perto da edificação; D - Na rede de baixa tensão;
B - No pára-raios; E - Perto das redes elétricas e telefônicas.
C - Na rede de alta tensão;
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O projeto COPELITE do CPqD-TELEBRÁS realizou uma série de medições
de sobrecorrente em estações telefônicas instaladas em SP, MG e RJ.
Estudos similares foram realizados em vários países (França, Alemanha,
USA, Japão, Itália e Canadá) inclusive com medições das sobretensões que
atingem os equipamentos terminais.
O CCITT/ITU publicou o documento: Draft of a New Chapter of Lightning
Handbook “Overvoltages and Overcurrents Measured on Telecommunication
Subscriber Lines” que contém um resumo dos dados coletados ao redor do
mundo.
Algumas conclusões importantes deste trabalhos foram:
-99% das sobretensões medidas tiveram valor inferior a 1500 V;
-No estudo francês apenas 27 surtos (em 16.000) tiveram valores
superiores a 1500 V;
-No estudo alemão, das 71 linhas monitoradas 17 tinham parte aérea.
Dos 151 surtos que excederam 400 V, 118 ou 78% ocorreram em linhas que
tinham parte aérea. Todos os surtos acima de 1000 V ocorreram
exclusivamente em linhas com parte aérea.
Seria bastante interessante que se implantasse no Brasil um programa de
medições similar ao COPELITE só que voltado para medições das
sobretensões que atingem os equipamentos terminais.
A seguir serão analisadas as sobretensões calculadas através de simulações
computacionais.
6
Figura 2 - Tensões em um cabo coaxial.
Na figura 2 tem-se:
I ⇒ Corrente que circula na blindagem do cabo;
V1 ⇒ Tensão da blindagem para a terra;
V2 ⇒ Tensão do fio para a terra;
V3 ⇒ Tensão entre o fio e a blindagem;
Rcc ⇒ Resistência da blindagem do cabo;
Rat ⇒ Resistência de aterramento da blindagem.
V1 = Rat . I ;
V3 ≅ Rcc . I ;
V2 = V1 +V3 ;
V3 << V1 ;
V2 ≅ V1 .
7
Figura 3 - Tensão desenvolvida em um ponto de aterramento.
8
A rede pode ser composta de cabos aéreos e subterrâneos. Na dissertação
foi feita uma análise das sobretensões que atingem a central telefônica.
O programa de cálculo de transitórios eletromagnéticos MICROTRAN
(desenvolvido pelo Prof. H.W. Dommel da Universidade de British Columbia,
Canadá) permite que se calculem as tensões impostas em uma rede
telefônica atingida por uma descarga direta.
Utilizando-se estes dois programas de computador será feita, a seguir, uma
análise das tensões que atingem o equipamento terminal.
Como visto na figura 2, a partir do conhecimento da tensão blindagem-terra é
possível estimar o valor da tensão par-terra. Isto significa que pode-se
calcular apenas as tensões induzidas da blindagem do cabo para a terra, o
que facilita muito a utilização dos programas de computador.
9
Impedância de surto: Z = 100 Ω;
Comprimento: 500 m;
Resistência de aterramento da central: 5 Ω;
Trecho aéreo:
Cabo blindado:
Impedância de surto: Z = 480 Ω (blindagem-terra);
Comprimento: 1500 m;
Resistência de aterramento : R1 e R2;
Fio FE:
Impedância de surto: Z = 480 Ω;
Comprimento: L;
10
A distância de 100 m está no limiar do raio de atração da linha. Descargas
que cairiam mais próximas da linha provavelmente seriam atraídas e
incidiriam diretamente na rede.
Com objetivo de se definir o ponto de incidência da descarga que induzirá os
maiores valores de tensão, são apresentadas as curvas da figura 7. Nestas
simulações a distância da descarga à linha foi mantida fixa em 100m. O que
se variou foi a localização da descarga ao longo da linha (“X”). O caso 1 é
para X = 0 m (início do fio FE), caso 2 é para X = 500 m (início do cabo
blindado) e o caso 3 é para X = 1250 m (metade do cabo blindado). A figura
6 ilustra os casos estudados. A curvas da figura 7 se referem aos valores de
tensão induzidos na ponta do cabo blindado (Vo) com R1=15 Ω e R2 = 5 Ω.
11
Figura 7 - Tensões induzidas em função da localização da descarga.
Como pode-se visto na figura 7, o pior caso é o de uma descarga que incide
alinhada com o final do trecho aéreo (X = 0 m - Caso 1). Provavelmente o
caso mais comum será o de uma descarga que incide mais perto do cabo
blindado, isto devido à maior extensão do cabo blindado em relação ao fio
FE. Portanto, serão feitas simulações com :
X = 0 m;
X = (750 + L) m.
O casos apresentados na figura 9 e 10 ilustram o efeito de se multiaterrar a
blindagem do cabo aéreo. São instalados pontos de aterramento de 500 em
500 m, figura 8.
12
A figura 10 apresenta os casos onde R =100, 50, 30, 15 Ω e X = 750 m.
13
X R V1
(m) (Ω) (kV)
750 100 10,31
750 50 3,30
750 30 1,13
750 15 0,43
0 100 24,51
0 50 13,37
0 30 8,35
0 15 4,32
Pode-se ver que no caso de uma rede multiaterrada com resistência por
ponto igual a 15 Ω a tensão induzida varia de 400 V a cerca de 4000 V.
Mesmo para o caso estudado, que é bastante crítico (descarga de 80 kA e
incidindo no limiar do raio de atração da linha), o valor calculado da tensão
induzida está coerente com os valores medidos na França e na Itália (99%
das sobretensões são inferiores a 1500 V).
14
Figura 11 - Arranjo da rede para o estudo da influência do comprimento do
fio FE (L).
Figura 12 - X = 0 m - L = 100 m;
Figura 13 - X = 0 m - L = 300 m;
Figura 14 - X = 0 m - L = 500 m.
15
Figura 12 - Tensões induzidas na blindagem do cabo (V1) e na ponta do fio
FE (Vo) - X = 0 m - L = 100 m.
16
Figura 14 - Tensões induzidas na blindagem do cabo (V1) e na ponta do fio
FE (Vo) - X = 0 m - L = 500 m.
L V1 Vo
(m) (kV) (kV)
0 4,24 4,24
100 6,24 26,49
300 6,18 94,70
500 7,84 139,77
Pode-se ver nas figuras e na tabela que quanto maior o comprimento do fio
FE maiores são as tensões na ponta da rede.
17
As simulações referentes às figuras 12 a 14 foram repetidas só que
alterando-se o valor de “X = 0 m” para “X = (750 + L) m” . As figuras 15 a 17
mostram os resultados obtidos.
18
Figura 17 - Tensões induzidas na blindagem do cabo (V1) e na ponta do fio
FE (Vo) - X = 1500 m - L = 500 m.
L V1 Vo
(m) (kV) (kV)
0 1,05 1,05
100 2,54 3,29
300 1,13 -3,23
500 1,19 -8,4
19
Figura 18 - Tensões induzidas na ponta do fio FE (Vo) - X = 0 m
L = 0, 100, 300, 500 m.
20
L X Vo
(m) (m) (kV)
0 750 1,05
100 850 3,29
300 1050 3,23
500 1500 8,40
0 0 4,24
100 0 26,49
300 0 94,77
500 0 139,77
21
Figura 20 - Arranjo da rede para as simulações referentes às descargas
diretas.
A forma de onda da descarga atmosférica utilizada nas simulações é a
mostrada na figura 21.
22
Figura 22 - Tensões impostas blindagem do cabo (V1) e na ponta do fio FE
(Vo) - R1 = 15 Ω - L = 50 m.
23
Figura 24 - Tensões impostas blindagem do cabo (V1) e na ponta do fio FE
(Vo) - R1 = 15 Ω - L = 200 m.
24
Figura 26 - Tensões impostas blindagem do cabo (V1) e na ponta do fio FE
(Vo) - R1 = 15 Ω - L = 500 m.
25
Para descargas diretas o maior valor de tensão na ponta do fio FE será igual
ao dobro do valor na ponta do cabo blindado:
Vo 2.V1.
26
Figura 27 - Efeito da instalação de um protetor no fio FE.
27
Figura 29 - Tensões induzidas na blindagem do cabo (V1) e na ponta do fio
FE (Vo) - X = 0 m - L = 500 m.
Caso L V1 Vo
(m) (kV) (kV)
S / protetor 500 7,84 139,77
C / protetor 500 -1,40 4,24
Tabela 6 - Valores de pico das tensões induzidas para os caso com e sem
protetor no fio FE (figuras 15 e 29).
28
A partir do conhecimento das tensões impostas na rede externa pode-se
estimar os valores de tensão que irão atingir os equipamentos.
As situações mais usuais em termos da alimentação dos equipamentos são:
- rede externa constituída de cabo blindado e alimentação do
consumidor feita via cabo blindado (figura 30);
- rede externa constituída de cabo blindado e alimentação do
consumidor feita via fio (figura 34).
29
Figura 31 - Protetor instalado na rede externa. Equipamento alimentado via
cabo blindado.
30
Figura 32 - Tensões desenvolvidas em um ponto de aterramento.
31
Figura 34 - Equipamento alimentado via fio.
32
Figura 35 - Capacitâncias parte ativa-carcaça e carcaça-terra local.
A instalação de protetor no fim do cabo blindado, figura 36, não ajuda muito,
uma vez que a tensão residual do protetor é bem menor que a tensão V1. A
tensão V2 será:
33
Figura 36 - Instalação de protetor na rede externa. Equipamento alimentado
via fio.
34
Figura 37 - Tensão de contato.Telefone alimentado por cabo blindado.
35
Em princípio, as sobretensões geradas na fiação interna de uma edificação
não são de responsabilidade da empresa concessionária, bem como as
sobretensões geradas na alimentação AC dos equipamentos com
alimentação local.
No entanto, devido ao elevado número de danos que ocorrem,
principalmente nos equipamentos com alimentação local, serão feitos alguns
comentários sobre as tensões induzidas na fiação interna das edificações.
Sabe-se pela Lei de Faraday que uma corrente variável no tempo induz
tensão em uma espira aberta e corrente em uma espira fechada (figura 39).
36
Figura 40 - “Loop” formado pelas redes elétrica e telefônica.
A figura 42 ilustra com mais detalhes as tensões que serão induzidas dentro
do equipamento.
37
Figura 42 - Detalhe das tensões dentro do equipamento.
Na figura 42 tem-se:
V3 ≅ V4 ;
V1 e V2 << V3 .
38
Figura 43 - “Loop” formado pela rede telefônica e pelo cabo de descida do
pára-raios.
Na figura 44 tem-se:
39
V5 - Tensão entre os fios do par;
V3 - Tensão entre a parte ativa do telefone e a carcaça;
V4 - Tensão entre a carcaça e o terra local.
A tensão total induzida no “loop”é igual a soma de V3 e V4.
V3 + V4 = V1.+ V2.
V5 << V3+ V4.
dφ dI
V= = M. ;
dt dt
d
M = 0,2. L.ln .
r
Para :
L = 1,0 m, d = 1,0 m e r = 6,5 mm:
40
M = 1,0 µH;
V = M dI/dt.
Logo:
V = 1,0 kV (dI/dt = 1,0 kA/µs);
V = 100 kV (dI/dt = 100 kA/µs).
Isto demonstra que mesmo para “loops” pequenos os valores das tensões
induzidas são muito elevados.
É importante observar que para a tensões induzidas na fiação interna não
adianta instalar protetores ou aterrar melhor a rede externa. A única solução
é a instalação protetores junto ao equipamento.
No caso de equipamento tealimentado o protetor irá apenas controlar o valor
da tensão induzida entre os fios do par. Para se controlar a tensão par-terra
precisa-se de um ponto de aterramento.
As estatísticas de defeito indicam que o número de danos a equipamentos
telealimentados é bem menor que o número de danos a equipamentos com
alimentação local. O maior problema do equipamento tealimentado é o de
segurança pessoal. Como já comentado no item anterior, do ponto de vista
de segurança pessoal é necessário a especificação de um nível mínimo de
isolamento para o equipamentos terminais, figura 46.
41
Figura 46 - Protetor instalado em equipamento telealimentado.
42
Figura 48 - Proteção de equipamento com alimentação local.
Rede sem fio terra.
43
Na rede telefônica os meios de proteção elétrica são:
44
4.3 - Aterramento da rede.
45
Uma descarga que incide a menos de 50 metros da linha, será atraída pela
linha e será uma descarga direta. A área “S1”, da figura 50, mostra a região
de incidência de descargas diretas. A área ”S2” compreende os pontos onde
as descargas se situam próximas da ponta da linha, nesta área considerou-
se as descargas alinhadas com o final da linha e também aquelas que caiam
a até 200 metros do final da linha. A figura 51 mostra em detalhes as áreas
“S1” e ”S2”.
X R V1
(m) (Ω) (kV)
750 100 10,31
46
750 50 3,30
750 30 1,13
750 15 0,02
47
Figura 52 - Caixa de emenda ventilada - CEV.
V2 = Rcc . I.
No caso da CEV a tensão induzida no “loop” formado pelo par e pelo cabo de
conexão (V3) será adicionada à tensão originada na blindagem (I.Rcc), figura
54. Apesar deste “loop” ser pequeno, existem vários deles em uma rede de
grande extensão. Além disto, como visto no item 2, a taxa de variação da
48
corrente de descarga (dI/dt) é bastante alta. Descargas que incidem
diretamente ou próximo da rede podem induzir tensões elevadas no “loop”.
49
L X Vo
(m) (m) (kV)
0 750 1,05
100 850 3,29
300 1050 3,23
500 1500 8,4
0 0 4,24
100 0 26,49
300 0 94,77
500 0 139,77
Caso L V1 Vo
(m) (kV) (kV)
S / protetor 500 7,84 139,77
C / protetor 500 1,4 4,24
Tabela 6 - Valores de pico das tensões induzidas para os caso com e sem
protetor no fio FE.
Serão considerados:
50
-Localização do equipamento:
-Área exposta (rural e suburbana);
-Área não exposta (urbano).
-Tipo de rede que alimenta o equipamento:
-Cabo subterrâneo;
-Cabo aéreo blindado;
-Fio aéreo não blindado.
ATERRAMENTO DA REDE
Distância entre pontos Valor da resistência Aterramento do protetor
de aterramento
< 500 m < 50 Ω < 15 Ω
51
geográfica Comprimento Comprimento
< 500 m > 500 m < 500 m > 500 m
Exposta Sim Sim Sim Sim
Não exposta Não Sim Não Sim
52
5.1 - Exemplos.
As figuras abaixo ilustram algumas das situações descritas nas tabelas 7/11.
53
Figura 56 - Aterramento e proteção na ponta da rede - Cabo subterrâneo.
54
Figura 57 - Aterramento e proteção na ponta da rede.Cabo blindado.
55
Figura 58 - Aterramento e proteção na ponta da rede. Cabo sem blindagem.
5 - Recomendações finais.
56
➋ As empresas devem testar os protetores vendidos no comércio para
melhor orientar seus clientes sobre a qualidade dos mesmos;
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