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Tiago Melo
Procurador da Fazenda Nacional
Mestrando em Direito Tributário (Universidade do Minho – Portugal)
Especialista em Administração Pública (FGV-Brasília)
Especialista em Direito e Processo Tributário (UNIFOR)

MELO, Tiago. Código tributário nacional (Lei n. 5.172/1966). Fortaleza:


Ouse Saber, 2020. (Legis. V. 21)

Código Tributário Nacional. Código Tributário. CTN

ISBN:– 978-65-86950-06-9.
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Proposta do Legis

A Coleção Legis tem como objetivo primordial preparar candidatos para os principais concur-
sos públicos do país.

Pela experiência adquirida ao longo dos anos estudando e lecionando para concursos públicos,
bem como conversando com centenas e centenas de alunos aprovados, a conclusão a que cheguei é que,
cada dia mais, torna-se indispensável para a aprovação em concursos, principalmente, na prova objetiva,
o conhecimento adequado da legislação.

Estudar a lei em sua literalidade, todavia, é algo árido e, normalmente, pouco estimulante. Para
vencer essa dificuldade, o Ouse Saber idealizou o Legis, a sua melhor maneira de estudar a legislação. No
Legis, a estrela é a “letra da lei”, mas um super time de Professores, com larga experiência na preparação
para concursos, destaca os pontos mais importantes da legislação, além de fazer comentários rápidos e ob-
jetivos, apontar jurisprudência relevante sobre os temas e garantir questões para treinamento do conteú-
do estudado. Tudo isso em um material de leitura agradável, com espaços para anotações e organização do
estudo da lei em formato de plano dividido por dias.

É realmente tudo que você precisa para aprender a legislação da forma mais rápida e agra-
dável possível.

Bons estudos e Ouse Saber!

Filippe Augusto
Defensor Público Federal
Mestre e Doutor em Direito
Coordenador do Legis
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Sumário

Plano de Leitura da Lei:

Dia 01................................................................................ Dos Arts. 1º ao 15.


Dia 02............................................................................... Dos Arts. 16 ao 42.
Dia 03................................................................................ Dos Arts. 43 ao 73.
Dia 04............................................................................. Dos Arts. 74 ao 104.
Dia 05........................................................................... Dos Arts. 105 ao 127.
Dia 06........................................................................... Dos Arts. 128 ao 138.
Dia 07....................................................................... Dos Arts. 139 ao 155-A.
Dia 08........................................................................... Dos Arts. 156 ao 174.
Dia 09........................................................................... Dos Arts. 175 ao 193.
Dia 10........................................................................... Dos Arts. 194 ao 218.

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DIA 1 Art. 4º A natureza jurídica específica do


tributo é determinada pelo fato gerador da res-
pectiva obrigação, sendo irrelevantes para qua-
Disciplina: Direito Tributário lificá-la:
Responsável: Prof. Tiago Melo.
Dia 01: Do Art. 1º ao 15. I - a denominação e demais características
formais adotadas pela lei;
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 II - a destinação legal do produto da sua
arrecadação.

Art. 5º Os tributos são impostos, taxas e


Art. 1º Esta Lei regula, com fundamento na contribuições de melhoria.
Emenda Constitucional n. 18, de 1º de dezembro
de 1965, o sistema tributário nacional e estabe- Jurisprudência: “A despeito da dicção legal, a ju-
lece, com fundamento no artigo 5º, inciso XV, alí- risprudência do STF pacificou a adoção median-
nea b, da Constituição Federal as normas gerais te a adoção da Teoria Pentapartida, segundo a
de direito tributário aplicáveis à União, aos qual empréstimos compulsórios e contribuições
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, (sociais, parafiscais, de intervenção no domínio
sem prejuízo da respectiva legislação comple- econômico...) também são espécies de tributos”.
mentar, supletiva ou regulamentar.
Art. 6º A atribuição constitucional de com-
Comentários: A lei n. 5.172/1966, que institui o petência tributária compreende a competência
CTN, foi recepcionada pela CF/1988 com status legislativa plena, ressalvadas as limitações con-
de lei complementar. Ver art. 146, CF/88. tidas na Constituição Federal, nas Constituições
dos Estados e nas Leis Orgânicas do Distrito Fe-
Art. 2º O sistema tributário nacional é regi- deral e dos Municípios, e observado o disposto
do pelo disposto na Emenda Constitucional n. 18, nesta Lei.
de 1º de dezembro de 1965, em leis complemen-
tares, em resoluções do Senado Federal e, nos Parágrafo único. Os tributos cuja receita
limites das respectivas competências, em leis seja distribuída, no todo ou em parte, a outras
federais, nas Constituições e em leis estaduais, e pessoas jurídicas de direito público pertencerá
em leis municipais. à competência legislativa daquela a que tenham
sido atribuídos.
Comentários: Não há menção às leis orgânicas
municipais porque os municípios não gozavam, Comentários: Em decorrência do Princípio da
na Constituição vigente à época da edição do Legalidade Tributária, a atribuição da competên-
CTN, da autonomia e das competências atribuí- cia tributária, constitucionalmente atribuída aos
das pela CF/88. Obviamente, hoje, também os entes políticos, compreende, obrigatoriamente,
municípios ostentam competência tributária. a respectiva competência legislativa.

Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária Art. 7º A competência tributária é indele-


compulsória, em moeda ou cujo valor nela se gável, salvo atribuição das funções de arrecadar
possa exprimir, que não constitua sanção de ato ou fiscalizar tributos, ou de executar leis, servi-
ilícito, instituída em lei e cobrada mediante ativi- ços, atos ou decisões administrativas em matéria
dade administrativa plenamente vinculada. tributária, conferida por uma pessoa jurídica de
direito público a outra, nos termos do § 3º do ar-
Comentários: O conceito legal de tributo é de tigo 18 da Constituição.
indispensável conhecimento pelo estudioso do
Direito Tributário. Comentários: Menção feita a dispositivo de
Constituição pretérita, não mais vigente.

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§ 1º A atribuição compreende as garantias Comentários: Trata-se de uma enunciação do


e os privilégios processuais que competem Princípio da Anterioridade Tributária, cujo es-
à pessoa jurídica de direito público que a tudo remete ao artigo 150, III, b e c, CF/88.
conferir.
§ 2º A atribuição pode ser revogada, a qual- III - estabelecer limitações ao tráfego, no
quer tempo, por ato unilateral da pessoa território nacional, de pessoas ou merca-
jurídica de direito público que a tenha con- dorias, por meio de tributos interestaduais
ferido. ou intermunicipais;

Comentários: A competência tributária é inde- Comentários: Princípio da Não Limitação do


legável, facultativa, incaducável, inalterável e Tráfego de Bens e Pessoas, previsto no artigo
irrenunciável. 150, V, CF/88.

§ 3º Não constitui delegação de competên- IV - cobrar imposto sobre:


cia o cometimento, a pessoas de direito
privado, do encargo ou da função de arre- a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns
cadar tributos. dos outros;
b) templos de qualquer culto;
Comentários: O dispositivo enuncia hipótese de
capacidade tributária ativa. Esta sim, passível c) o patrimônio, a renda ou serviços dos
de delegação. partidos políticos, inclusive suas funda-
ções, das entidades sindicais dos trabalha-
dores, das instituições de educação e de
Art. 8º O não-exercício da competência tri- assistência social, sem fins lucrativos, ob-
butária não a defere a pessoa jurídica de direito servados os requisitos fixados na Seção II
público diversa daquela a que a Constituição a deste Capítulo;
tenha atribuído. d) papel destinado exclusivamente à im-
pressão de jornais, periódicos e livros.
Comentários: Sendo a competência tributária
atribuída diretamente pela Constituição, qual- Comentários: Remete-se ao artigo 150, VI, CF/88,
quer modificação tem de ser veiculada por nor- em cujas alíneas estão previstas hipóteses de
ma constitucional, observadas as limitações cor- imunidades tributárias.
relatas.
§ 1º O disposto no inciso IV não exclui a
Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao atribuição, por lei, às entidades nele refe-
Distrito Federal e aos Municípios: ridas, da condição de responsáveis pelos
tributos que lhes caiba reter na fonte, e não
I - instituir ou majorar tributos sem que a as dispensa da prática de atos, previstos
lei o estabeleça, ressalvado, quanto à ma- em lei, assecuratórios do cumprimento de
joração, o disposto nos artigos 21, 26 e 65; obrigações tributárias por terceiros.

Comentários: Trata-se do Princípio da Legali- Comentários: A norma do CTN, alçada pela CF/88
dade Tributária, cujo estudo remete ao artigo ao status de imunidade tributária, não interfe- re
150, I, CF/88 e ao artigo 97, do CTN. nas hipóteses de responsabilidade tributária,
nem nas obrigações acessórias previstas em lei.

II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a


renda com base em lei posterior à data ini- § 2º O disposto na alínea a do inciso IV apli-
cial do exercício financeiro a que corres- ca-se, exclusivamente, aos serviços pró-
ponda; prios das pessoas jurídicas de direito pú-
blico a que se refere este artigo, e inerentes
aos seus objetivos.

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Art. 10. É vedado à União instituir tributo II - aplicarem integralmente, no País, os


que não seja uniforme em todo o território na- seus recursos na manutenção dos seus
cional, ou que importe distinção ou preferência objetivos institucionais;
em favor de determinado Estado ou Município. III - manterem escrituração de suas re-
ceitas e despesas em livros revestidos de
Comentários: Princípio da Uniformidade Geo- formalidades capazes de assegurar sua
gráfica, previsto no artigo 151, I, CF. exatidão.

§ 1º Na falta de cumprimento do disposto


Art. 11. É vedado aos Estados, ao Distri- neste artigo, ou no § 1º do artigo 9º, a
to Federal e aos Municípios estabelecer dife- autoridade competente pode suspender a
rença tributária entre bens de qualquer natu- aplicação do benefício.
reza, em razão da sua procedência ou do seu § 2º Os serviços a que se refere a alínea c do
destino. inciso IV do artigo 9º são exclusivamente,
os diretamente relacionados com os
Art. 12. O disposto na alínea a do inciso IV objetivos institucionais das entidades
do artigo 9º, observado o disposto nos seus §§ de que trata este artigo, previstos
1º e 2º, é extensivo às autarquias criadas pela nos respectivos estatutos ou atos
União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou constitutivos.
pelos Municípios, tão-somente no que se re-
fere ao patrimônio, à renda ou aos serviços Jurisprudência: “Imunidade. Artigo 150, VI, c,
vinculados às suas finalidades essenciais, ou da CF. (...) A necessidade de lei complemen-
delas decorrentes. tar para disciplinar as limitações ao poder de
tributar não impede que o constituinte sele-
Art. 13. O disposto na alínea a do inciso IV cione matérias passíveis de alteração de for-
ma menos rígida, permitindo uma adaptação
do artigo 9º não se aplica aos serviços públicos
mais fácil do sistema às modificações fáticas e
concedidos, cujo tratamento tributário é esta- contextuais, com o propósito de velar melhor
belecido pelo poder concedente, no que se refe- pelas finalidades constitucionais. Nos prece-
re aos tributos de sua competência, ressalvado dentes da Corte, prevalece a preocupação em
o que dispõe o parágrafo único. respaldar normas de lei ordinária direcionadas
a evitar que falsas instituições de assistência e
Parágrafo único. Mediante lei especial e educação sejam favorecidas pela imunidade. É
tendo em vista o interesse comum, a União pode necessário reconhecer um espaço de atuação
instituir isenção de tributos federais, estaduais para o legislador ordinário no trato da matéria.
A orientação prevalecente no recente julgamen-
e municipais para os serviços públicos que con- to das ADIs 2.028/DF, 2.036/DF, 2.228/DF e 2.621/
ceder, observado o disposto no § 1º do artigo 9º. DF é no sentido de que os artigos de lei ordiná-
ria que dispõem sobre o modo beneficente (no
Comentário: O parágrafo acima não foi recep- caso de assistência e educação) de atuação das
cionado pela CF/88, nos termos do respectivo entidades acobertadas pela imunidade, espe-
artigo 151, III. cialmente aqueles que criaram contrapartidas a
serem observadas pelas entidades, padecem de
vício formal, por invadir competência reservada
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV a lei complementar. Os aspectos procedimen-
do artigo 9º é subordinado à observância dos tais necessários à verificação do atendimento
seguintes requisitos pelas entidades nele refe- das finalidades constitucionais da regra de imu-
ridas: nidade, tais como as referentes à certificação, à
fiscalização e ao controle administrativo, conti-
I – não distribuírem qualquer parcela de nuam passíveis de definição por lei ordinária”.
seu patrimônio ou de suas rendas, a qual- [ADI 1.802, rel. min. Dias Toffoli, j. 12-4-2018, P,
quer título; (Redação dada pela Lcp nº DJE de 3-5-2018].
104, de 2001)

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Art. 15. Somente a União, nos seguintes Para Fixação:


casos excepcionais, pode instituir empréstimos
compulsórios: Ano: 2018/ Banca: CONSULPLAN/ Procurador –
Suzano/SP.
I - guerra externa, ou sua iminência;
“É vedado aos Entes Federativos, bem como às
II - calamidade pública que exija auxílio fe- fundações públicas e autarquias vinculadas a
deral impossível de atender com os recur- estas entidades políticas, que desenvolvam ati-
sos orçamentários disponíveis; vidade preponderantemente relacionada à atua-
III - conjuntura que exija a absorção tempo- ção estatal, que tributem patrimônio, renda e
rária de poder aquisitivo. serviços uns dos outros.”

O conteúdo desta assertiva representa:


Comentário: O inciso III, acima, não foi recepcio-
nado pela CF/88, prevalecendo as hipóteses de a) A imunidade recíproca.
instituição da exação previstas no artigo 148 da
Carta Magna. b) O princípio da isonomia.

Parágrafo único. A lei fixará obrigatoria- c) A discricionariedade tributária.


mente o prazo do empréstimo e as condições de
d) A isenção das entidades públicas.
seu resgate, observando, no que for aplicável, o
disposto nesta Lei.

Ano: 2019/ Banca: FCC/ TRF-3 Analista.


Jurisprudência: “O depósito judicial, sendo
uma faculdade do contribuinte a ser exercida ou O Código Tributário Nacional define tributo como
não, dependendo de sua vontade, não tem ca- toda prestação pecuniária compulsória, em moe-
racterística de empréstimo compulsório nem da ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
índole confiscatória (CF, art. 150, IV), pois o mes- constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e
mo valor corrigido monetariamente lhe será res- cobrada mediante atividade administrativa ple-
tituído se vencedor na ação, rendendo juros com namente vinculada, dispondo, também,
taxa de melhor aproveitamento do que à época
anterior à vigência da norma”. [ADI 2.214 MC, rel. a) que a natureza jurídica específica do tributo
min. Maurício Corrêa, j. 6-2-2002, P, DJ de 19-4- é determinada pelo fato gerador da respectiva
2002. = ADI 1.933, rel. min. Eros Grau, j. 14-4-2010, obrigação, sendo que, para qualificá-la, há ne-
P, DJE de 3-9-2010]. cessidade de se levar em conta sua denominação
e demais características formais previstas em lei,
Anotações gerais sobre os artigos anteriores: bem como a destinação legal do produto da sua
arrecadação.

b) de forma expressa, que são tributos: o impos-


to, a taxa, a contribuição de melhoria, as contri-
buições sociais, a contribuição para o custeio do
serviço de iluminação pública, a contribuição
sobre movimentação financeira e a tarifa de pe-
dágio.

c) que as taxas têm como fato gerador o exercício


regular do poder de polícia, ou a utilização, efe-
tiva ou potencial, de serviço público específico e
divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição.

d) que a taxa pode ter base de cálculo ou fato ge-


rador idênticos aos que correspondam a impos-

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to, podendo ser calculada em função do capital


das empresas.

e) que somente os Municípios podem instituir


contribuição de melhoria para fazer face ao cus-
to de obras públicas de que decorra valorização
imobiliária, tendo como limite individual a des-
pesa realizada e como limite total o acréscimo de
valor que da obra resultar para cada imóvel be-
neficiado.

Ano: 2017/ Banca: UFAL/ Fiscal de Tributos –


São Miguel dos Campos/AL.

O Art. 8º do Código Tributário Nacional estatui


que o não exercício da competência tributária
não a defere a pessoa jurídica de direito público
diversa daquela a que a Constituição a tenha atri-
buído. Tal característica da competência tributá-
ria é conhecida doutrinariamente como:

a) hierarquia.

b) delegabilidade.

c) inderrogabilidade.

d) tempus regit actum.

e) separação de poderes.

Anotações:

Gabarito: 01 – A | 02 - C | 03 - C

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DIA 2 Art. 20. A base de cálculo do imposto é:

I - quando a alíquota seja específica, a


Disciplina: Direito Tributário unidade de medida adotada pela lei tribu-
Responsável: Prof. Tiago Melo. tária;
Dia 02: Do Art. 16 ao 42. II - quando a alíquota seja ad valorem, o
preço normal que o produto, ou seu si-
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 milar, alcançaria, ao tempo da importa-
ção, em uma venda em condições de livre
concorrência, para entrega no porto ou lu-
gar de entrada do produto no País;
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação III - quando se trate de produto apreendi-
tem por fato gerador uma situação indepen- do ou abandonado, levado a leilão, o pre-
dente de qualquer atividade estatal específi- ço da arrematação.
ca, relativa ao contribuinte.
Jurisprudência:
Art. 17. Os impostos componentes do sis-
tema tributário nacional são exclusivamente os Súmula 89 do STF: Estão isentas do Imposto de
que constam deste Título, com as competências Importação frutas importadas da Argentina, do
e limitações nele previstas. Chile, da Espanha e de Portugal, enquanto vi-
gentes os respectivos acordos comerciais.
Comentários: A CF/88 prevê, taxativamente, Súmula 577 do STF: Na importação de merca-
a competência tributária dos entes políticos no dorias do exterior, o fato gerador do Imposto de
que concerne aos impostos. Nesse sentido, ver Circulação de Mercadorias ocorre no momento
os artigos 153 a 156 da Constituição. de sua entrada no estabelecimento do importa-
dor.
Art. 18. Compete:
Art. 21. O Poder Executivo pode, nas
I - à União, instituir, nos Territórios Fede- condições e nos limites estabelecidos em lei,
rais, os impostos atribuídos aos Estados e, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do
se aqueles não forem divididos em Muni- imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da po-
cípios, cumulativamente, os atribuídos a
lítica cambial e do comércio exterior.
estes;
II - ao Distrito Federal e aos Estados não
Comentários: Ver art. 153, § 1º, CF/88: a altera-
divididos em Municípios, instituir, cumu-
ção das bases de cálculo pelo Executivo não foi
lativamente, os impostos atribuídos aos
recepcionada pela Constituição vigente.
Estados e aos Municípios.

Comentários: As competências acima descritas Art. 22. Contribuinte do imposto é:


devem observar o disposto no art. 147 da CF/88.
I - o importador ou quem a lei a ele equi-
parar;
Art. 19. O imposto, de competência da
II - o arrematante de produtos apreendi-
União, sobre a importação de produtos es-
dos ou abandonados.
trangeiros tem como fato gerador a entrada
destes no território nacional.
Comentários: Ver art. 31, DL 37/1966, que es-
pecifica como sujeitos passivos do II também
Comentários: Trata-se do Imposto sobre a Im- o destinatário de remessa postal internacio-
portação de Produtos Estrangeiros (II), previsto nal indicado pelo remetente e o adquirente de
no art. 153, I, CF/88, de notório caráter extra- mercadoria em entreposto aduaneiro.
fiscal.

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Art. 23. O imposto, de competência da Art. 28. A receita líquida do imposto desti-
União, sobre a exportação, para o estrangeiro, na-se à formação de reservas monetárias, na for-
de produtos nacionais ou nacionalizados tem ma da lei.
como fato gerador a saída destes do território
nacional. Comentários: A doutrina entende que esse dis-
positivo não foi recepcionado pela CF/88, em vir-
Comentários: Trata-se do Imposto sobre a Ex- tude do disposto no respectivo art. 167, IV.
portação, para o exterior, de produtos nacio-
nais ou nacionalizados, previsto no art. 153, II, Art. 29. O imposto, de competência da
CF/88. União, sobre a propriedade territorial rural tem
como fato gerador a propriedade, o domínio
Art. 24. A base de cálculo do imposto é: útil ou a posse de imóvel por natureza, como de-
finido na lei civil, localização fora da zona urba-
I - quando a alíquota seja específica, a uni- na do Município.
dade de medida adotada pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o Comentário: Ver art. 153, VI, CF/88 e Lei n.
preço normal que o produto, ou seu simi- 9.393/1996.
lar, alcançaria, ao tempo da exportação,
em uma venda em condições de livre con-
corrência. Art. 30. A base de cálculo do imposto é o
valor fundiário.
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II,
considera-se a entrega como efetuada no porto Comentários: A base de cálculo do ITR é o valor
ou lugar da saída do produto, deduzidos os tribu- do imóvel por natureza, ou seja, o valor da ter-
tos diretamente incidentes sobre a operação de ra nua, nele não compreendido o valor de quais-
exportação e, nas vendas efetuadas a prazo su- quer construções, instalações ou benfeitorias,
nos termos do art. 10 da Lei nº 9.393/96.
perior aos correntes no mercado internacional o
custo do financiamento.
Art. 31. Contribuinte do imposto é o
Art. 25. A lei pode adotar como base de cál- proprietário do imóvel, o titular de seu domínio
culo a parcela do valor ou do preço, referidos no útil, ou o seu possuidor a qualquer título.
artigo anterior, excedente de valor básico, fixado
de acordo com os critérios e dentro dos limites Comentário: Ver arts. 4º e 5º, da lei n. 9.393/1996.
por ela estabelecidos.
Art. 32. O imposto, de competência dos
Art. 26. O Poder Executivo pode, nas con- Municípios, sobre a propriedade predial e terri-
dições e nos limites estabelecidos em lei, alterar torial urbana tem como fato gerador a proprie-
as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, dade, o domínio útil ou a posse de bem imóvel
a fim de ajustá-los aos objetivos da política cam- por natureza ou por acessão física, como de-
bial e do comércio exterior. finido na lei civil, localizado na zona urbana do
Município.
Comentários: Ver art. 153, § 1º, CF/88: a altera-
ção das bases de cálculo pelo Executivo não foi Comentários: O fato gerador do IPTU, diferente-
recepcionada pela Constituição vigente. mente do que ocorre com o ITR, admite tanto a
propriedade da terra nua quanto a propriedade
Art. 27. Contribuinte do imposto é o ex- predial, ou seja, os imóveis incorporados ao ter-
portador ou quem a lei a ele equiparar. reno, como construções, benfeitorias etc.

Comentários: Ver art. 5.º do Dec.-lei 1.578/1977.

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§ 1º Para os efeitos deste imposto, Art. 34. Contribuinte do imposto é o pro-


entende-se como zona urbana a definida prietário do imóvel, o titular do seu domínio
em lei municipal; observado o requisito útil, ou o seu possuidor a qualquer título.
mínimo da existência de melhoramentos
indicados em pelo menos 2 (dois) dos in-
cisos seguintes, construídos ou mantidos Jurisprudência: “Incide o IPTU, considerado
pelo Poder Público: imóvel de pessoa jurídica de direito público cedi-
do a pessoa jurídica de direito privado, devedora
do tributo” [STF: RE 601.720].
I - meio-fio ou calçamento, com canaliza-
ção de águas pluviais; Súmula 724 do STF: Ainda quando alugado a
terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel
II - abastecimento de água; pertencente a qualquer das entidades referidas
III - sistema de esgotos sanitários; pelo art. 150, VI, c, da Constituição, desde que o
valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades
IV - rede de iluminação pública, com ou
essenciais de tais entidades.
sem posteamento para distribuição domi-
ciliar;
Súmula 160 do STJ: É defeso, ao município, atua-
V - escola primária ou posto de saúde a lizar o IPTU, mediante decreto, em percentual su-
uma distância máxima de 3 (três) quilôme- perior ao índice oficial de correção monetária.
tros do imóvel considerado.
Art. 35. O imposto, de competência dos
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas Estados, sobre a transmissão de bens imóveis
as áreas urbanizáveis, ou de expansão e de direitos a eles relativos tem como fato ge-
urbana, constantes de loteamentos rador:
aprovados pelos órgãos competentes,
destinados à habitação, à indústria ou ao I - a transmissão, a qualquer título, da
comércio, mesmo que localizados fora das propriedade ou do domínio útil de bens
zonas definidas nos termos do parágrafo imóveis por natureza ou por acessão física,
anterior. como definidos na lei civil;
II - a transmissão, a qualquer título, de di-
Jurisprudência: “Sobre o tema, o Superior Tri- reitos reais sobre imóveis, exceto os direi-
bunal de Justiça pacificou a tese: “É legítima a tos reais de garantia;
cobrança do Imposto Predial Territorial Urba-
no - IPTU sobre imóveis situados em área de III - a cessão de direitos relativos às trans-
expansão urbana, ainda que não dotada dos missões referidas nos incisos I e II.
melhoramentos previstos no art. 32, § 1º, do
CTN””. Parágrafo único. Nas transmissões causa
mortis, ocorrem tantos fatos geradores distintos
Art. 33. A base de cálculo do imposto é o quantos sejam os herdeiros ou legatários.
valor venal do imóvel.
Comentários: Ver art. 156, II, CF/88.
Parágrafo único. Na determinação da base Nos termos da Constituição Federal de 1988, os
de cálculo, não se considera o valor dos bens Estados e o DF são competentes para instituição
e cobrança do ITCMD (art. 155, I) –, restando aos
móveis mantidos, em caráter permanente ou Municípios a tributação do ITBI (art. 156, II). Por-
temporário, no imóvel, para efeito de sua utili- tanto, os artigos 35 e seguintes do CTN devem ser
zação, exploração, aformoseamento ou como- interpretados com cautela, aplicando-se, mutatis
didade. mutandis, tanto ao ITBI como ao ITCMD.

Comentários: Valor venal = valor de mercado do Art. 36. Ressalvado o disposto no artigo se-
bem imóvel. Ainda sobre o IPTU, ver art. 156, § 1º, guinte, o imposto não incide sobre a transmis-
CF/88.

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são dos bens ou direitos referidos no artigo an- Art. 38. A base de cálculo do imposto é o
terior: valor venal dos bens ou direitos transmitidos.

I - quando efetuada para sua incorporação Jurisprudência:


ao patrimônio de pessoa jurídica em pa-
gamento de capital nela subscrito; Súmula 113 do STF: O imposto de transmissão
“causa mortis” é calculado sobre o valor dos
II - quando decorrente da incorporação ou
bens na data da avaliação.
da fusão de uma pessoa jurídica por outra
ou com outra.
Art. 39. A alíquota do imposto não excede-
Parágrafo único. O imposto não incide so- rá os limites fixados em resolução do Senado
bre a transmissão aos mesmos alienantes, dos Federal, que distinguirá, para efeito de aplica-
bens e direitos adquiridos na forma do inciso I ção de alíquota mais baixa, as transmissões que
deste artigo, em decorrência da sua desincorpo- atendam à política nacional de habitação.
ração do patrimônio da pessoa jurídica a que fo-
ram conferidos. Comentários: Ver art. 155, § 1º, IV, CF/88.

Art. 37. O disposto no artigo anterior não


Jurisprudência:
se aplica quando a pessoa jurídica adquirente
tenha como atividade preponderante a ven- Súmula 656 do STF: É inconstitucional a lei que
da ou locação de propriedade imobiliária ou a estabelece alíquotas progressivas para o imposto
cessão de direitos relativos à sua aquisição. de transmissão inter vivos de bens imóveis - ITBI
com base no valor venal do imóvel.
§ 1º Considera-se caracterizada a atividade
preponderante referida neste artigo quan-
Art. 40. O montante do imposto é dedutível
do mais de 50% (cinquenta por cento) da
receita operacional da pessoa jurídica ad- do devido à União, a título do imposto de que
quirente, nos 2 (dois) anos anteriores e nos trata o artigo 43, sobre o provento decorrente da
2 (dois) anos subsequentes à aquisição, mesma transmissão.
decorrer de transações mencionadas neste
artigo. Art. 41. O imposto compete ao Estado da
§ 2º Se a pessoa jurídica adquirente iniciar situação do imóvel transmitido, ou sobre que
suas atividades após a aquisição, ou menos versarem os direitos cedidos, mesmo que a mu-
de 2 (dois) anos antes dela, apurar-se-á a tação patrimonial decorra de sucessão aberta no
preponderância referida no parágrafo ante- estrangeiro.
rior levando em conta os 3 (três) primeiros
anos seguintes à data da aquisição. Comentários: Quanto ao ITBI, o imposto será
§ 3º Verificada a preponderância referida devido ao Município da situação do imóvel (art.
neste artigo, tornar-se-á devido o imposto, 156, § 2º, II, CF/88).
nos termos da lei vigente à data da aquisi-
ção, sobre o valor do bem ou direito nessa Já em relação ao ITCMD, ver o teor do § 1º do art.
data. 155, da CF/88.
§ 4º O disposto neste artigo não se aplica
à transmissão de bens ou direitos, quando Art. 42. Contribuinte do imposto é
realizada em conjunto com a da totalidade qualquer das partes na operação tributada,
do patrimônio da pessoa jurídica alienante. como dispuser a lei.

Comentários: Em verdade, trata-se de regra de Comentários: Por razões lógicas, a norma não
imunidade tributária – distinta da mera não-inci- se aplica ao ITCMD quando se estiver diante de
dência -, em virtude do que estatui o art. 156, § transmissões causa mortis, em que o herdeiro ou
2º, I, da CF/88. legatário será sempre o sujeito passivo do impos-
to.

9
#LEGIS

Para Fixação: d) os pressupostos e condições para aplicação da


progressividade extrafiscal e da progressividade
Ano: 2017/ Banca: CESPE/ Promotor de Justiça fiscal devem ser os
– MP/RR. mesmos.

Um imóvel localizado na área urbana de determi-


nado município é utilizado por seu proprietário
Ano: 2015/ Banca: FCC/ Juiz de Direito - TJ/GO.
comprovadamente para o exercício exclusivo de
atividades agrícola e pecuária. Nessa situação hi-
Sobre o ITBI é correto afirmar que:
potética,
a) não incide sobre a promessa de compra e ven-
a) é cabível apenas a cobrança do ITR, por
da de bem imóvel.
expressa previsão legal, uma vez que o imóvel é
utilizado em exploração agrícola e pecuária.
b) incide sobre a transmissão, a qualquer título,
da propriedade de bens imóveis, por natureza ou
b) o IPTU e o ITR serão tributos devidos e cobra-
acessão física.
dos cumulativamente, pois se referem a dois
fatos geradores distintos: IPTU será devido em
c) não incide sobre a cessão de direitos relativos
razão da propriedade urbana; o ITR será devido
à transmissão de bens imóveis por ato inter vi-
pelo uso de imóvel em atividades agrícola e pe-
vos, a título oneroso.
cuária.
d) é um imposto de competência municipal e do
c) embora sejam devidos, os dois tributos não
Distrito Federal, sendo devido ao Município do
poderão ser cobrados cumulativamente, pois
domicílio do comprador, titular da respectiva ca-
ambos incidem sobre o mesmo bem, devendo
pacidade contributiva.
ser aplicado o princípio da não cumulatividade:
o contribuinte terá o direito de descontar do va-
e) não incide sobre a cessão de direitos reais de
lor do IPTU devido o montante que for eventual-
garantia sobre o bem imóvel.
mente pago a título de ITR.
Anotações:
d) somente será cabível a cobrança do IPTU, uma
vez que o critério aplicado pelo CTN é o da locali-
zação do imóvel, sendo irrelevante a destinação
dada por seu proprietário.

Ano: 2015/ Banca: VUNESP/ Juiz de Direito –


TJ/SP.

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do


ARE 639632 AgR/MS, ao analisar a questão rela-
tiva à cobrança progressiva do IPTU estabeleceu
alguns parâmetros e, de acordo com tal julga-
mento, é correto afirmar que:

a) a parafiscalidade é o fenômeno por meio do


qual se busca a concretização da função social
da propriedade.

b) é inconstitucional o regime de alíquotas


progressivas do IPTU com base no valor venal do
imóvel.

c) a progressividade extrafiscal também tem pre-


visão normativa no Estatuto da Cidade. Gabarito: 01 – A | 02 - C | 03 - E

10
#LEGIS

DIA 3 Comentários: Ver arts. 12-A e 12-B, da Lei n.


7.718/1988.

Disciplina: Direito Tributário


Art. 44. A base de cálculo do imposto é o
Responsável: Prof. Tiago Melo. montante, real, arbitrado ou presumido, da ren-
Dia 03: Do Art. 43 ao 73. da ou dos proventos tributáveis.

Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 Jurisprudência: “CSLL e base de cálculo do IR.


“A inclusão do valor da contribuição social sobre
o lucro na sua própria base de cálculo, bem como
na do Imposto de Renda, não vulnera o conceito
Art. 43. O imposto, de competência da de renda constante do art. 43 do CTN. [...] Legali-
União, sobre a renda e proventos de qualquer dade da Lei nº 9.316/96 que, no art. 1º, parágrafo
natureza tem como fato gerador a aquisição da único, vedou a dedução da contribuição social
disponibilidade econômica ou jurídica: para configuração do lucro líquido ou contábil””
[STJ, 2a T., REsp 661.089/PB, Rel. Min. Eliana Cal-
mon, j. em 2/2/2006,DJ de 6/3/2006, p. 320].
I - de renda, assim entendido o produto do
capital, do trabalho ou da combinação de
ambos; Art. 45. Contribuinte do imposto é o titu-
II - de proventos de qualquer natureza, lar da disponibilidade a que se refere o artigo
assim entendidos os acréscimos patrimo- 43, sem prejuízo de atribuir a lei essa condição
niais não compreendidos no inciso ante- ao possuidor, a qualquer título, dos bens produ-
rior. tores de renda ou dos proventos tributáveis.

Comentários: Trata-se do Imposto sobre a Ren- Parágrafo único. A lei pode atribuir à fonte
da e Proventos de Qualquer Natureza (IR), pre- pagadora da renda ou dos proventos tributáveis
visto no art. 153, II, CF/88, de notório caráter fis- a condição de responsável pelo imposto cuja re-
cal. tenção e recolhimento lhe caibam.

CF/88: Art. 153(...)


Jurisprudência:
§ 2º O imposto previsto no inciso III: Súmula 584 do STF: Ao imposto de renda calcu-
lado sobre os rendimentos do ano-base, aplica-
I - será informado pelos critérios da -se a lei vigente no exercício financeiro em que
generalidade, da universalidade e da deve ser apresentada a declaração.
progressividade, na forma da lei;
Súmula 215 do STJ: A indenização recebida pela
adesão a programa de incentivo à demissão vo-
luntária não está sujeita à incidência do Imposto
§ 1o A incidência do imposto independe
de Renda.
da denominação da receita ou do rendi-
mento, da localização, condição jurídica
Súmula 498 do STJ: Não incide imposto de ren-
ou nacionalidade da fonte, da origem e da
da sobre a indenização por danos morais.
forma de percepção.

§ 2o Na hipótese de receita ou de rendi- Art. 46. O imposto, de competência da


mento oriundos do exterior, a lei estabe- União, sobre produtos industrializados tem
lecerá as condições e o momento em que como fato gerador:
se dará sua disponibilidade, para fins de in-
cidência do imposto referido neste artigo.
I - o seu desembaraço aduaneiro, quando
de procedência estrangeira;

11
#LEGIS

II - a sua saída dos estabelecimentos a que b) das taxas exigidas para entrada do
se refere o parágrafo único do artigo 51; produto no País;
III - a sua arrematação, quando apreendi- c) dos encargos cambiais efetivamente
do ou abandonado e levado a leilão. pagos pelo importador ou dele exigíveis;

Parágrafo único. Para os efeitos deste im- II - no caso do inciso II do artigo anterior:
posto, considera-se industrializado o produto
que tenha sido submetido a qualquer operação a) o valor da operação de que decorrer a
que lhe modifique a natureza ou a finalidade, saída da mercadoria;
ou o aperfeiçoe para o consumo. b) na falta do valor a que se refere a alí-
nea anterior, o preço corrente da merca-
Comentários: Trata-se do Imposto sobre Pro- doria, ou sua similar, no mercado ataca-
dutos Industrializados (IPI), previsto no art. 153, dista da praça do remetente;
IV, CF/88, de eminente caráter fiscal.
III - no caso do inciso III do artigo anterior,
CF/88: Art. 153(...) o preço da arrematação.
§ 3º O imposto previsto no inciso IV:
Comentários: Ver art. 153, § 1º, CF/88:
I - será seletivo, em função da É facultado ao Poder Executivo, atendidas as
essencialidade do produto; condições e os limites estabelecidos em lei, al-
II - será não-cumulativo, compensando-se terar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF.
o que for devido em cada operação com o
montante cobrado nas anteriores; Art. 48. O imposto é seletivo em função
III - não incidirá sobre produtos da essencialidade dos produtos.
industrializados destinados ao exterior.
IV - terá reduzido seu impacto sobre Art. 49. O imposto é não-cumulativo, dis-
a aquisição de bens de capital pelo pondo a lei de forma que o montante devido
contribuinte do imposto, na forma da lei. resulte da diferença a maior, em determinado
período, entre o imposto referente aos produ-
Jurisprudência: “Incide o imposto de produtos tos saídos do estabelecimento e o pago relati-
industrializados na importação de veículo auto- vamente aos produtos nele entrados.
motor por pessoa natural, ainda que não desem-
penhe atividade empresarial e o faça para uso Parágrafo único. O saldo verificado, em
próprio”. [RE 723651]. determinado período, em favor do contribuin-
te transfere-se para o período ou períodos se-
Súmula 495 do STJ: A aquisição de bens inte-
guintes.
grantes do ativo permanente da empresa não
gera direito a creditamento de IPI.
Jurisprudência:
“Incide IPI sobre veículo importado para uso
próprio, haja vista que tal cobrança não viola o Súmula 536 do STF: São objetivamente imu-
princípio da não cumulatividade nem configura nes ao Imposto sobre Circulação de Merca-
bitributação”. [REsp 1396488/SC]. doria os produtos industrializados, em geral,
destinados à exportação, além de outros, com
a mesma destinação, cuja isenção a lei deter-
Art. 47. A base de cálculo do imposto é: minar.
I - no caso do inciso I do artigo anterior, o
preço normal, como definido no inciso II Súmula 591 do STF: A imunidade ou a isenção
do artigo 20, acrescido do montante: tributária do comprador não se estende ao pro-
dutor, contribuinte do Imposto sobre Produtos
a) do imposto sobre a importação; Industrializados.

12
#LEGIS

Súmula 495 do STJ: A aquisição de bens inte- Comentários: Os dispositivos revogados tratavam
grantes do ativo permanente da empresa não do Imposto Municipal sobre Operações Relativas à
gera direito a creditamento de IPI. Circulação de Mercadorias, o qual jamais chegou a
ser efetivamente implementado. Hodiernamente,
tal previsão não mais existe, uma vez que a com-
Art. 50. Os produtos sujeitos ao imposto, petência referente ao ICMS é outorgada pela CF
quando remetidos de um para outro Estado, ou aos Estados e ao DF, sendo, aos Municípios (e DF),
do ou para o Distrito Federal, serão acompanha- atribuída competência concernente ao ISSQN.
dos de nota fiscal de modelo especial, emitida
em séries próprias e contendo, além dos ele- A CF/88 deferiu aos Municípios participação na ar-
mentos necessários ao controle fiscal, os dados recadação do ICMS, nos termos do respectivo art.
indispensáveis à elaboração da estatística do 158, IV.
comércio por cabotagem e demais vias internas.
Art. 63. O imposto, de competência da
Art. 51. Contribuinte do imposto é: União, sobre operações de crédito, câmbio e se-
guro, e sobre operações relativas a títulos e valo-
I - o importador ou quem a lei a ele equi- res mobiliários tem como fato gerador:
parar;
II - o industrial ou quem a lei a ele equipa- Comentário: Trata-se do IOF, previsto no art. 153,
rar; V, CF/88.
III - o comerciante de produtos sujeitos ao
imposto, que os forneça aos contribuintes I - quanto às operações de crédito, a sua
definidos no inciso anterior; efetivação pela entrega total ou parcial do
IV - o arrematante de produtos apreendi- montante ou do valor que constitua o objeto
dos ou abandonados, levados a leilão. da obrigação, ou sua colocação à disposição
do interessado;
Parágrafo único. Para os efeitos deste im- II - quanto às operações de câmbio, a sua
posto, considera-se contribuinte autônomo efetivação pela entrega de moeda nacio-
qualquer estabelecimento de importador, in- nal ou estrangeira, ou de documento que
dustrial, comerciante ou arrematante. a represente, ou sua colocação à disposição
do interessado em montante equivalente à
moeda estrangeira ou nacional entregue ou
Comentários: O parágrafo acima enuncia o Prin- posta à disposição por este;
cípio da Autonomia dos Estabelecimentos,
segundo o qual cada estabelecimento da pes- III - quanto às operações de seguro, a sua
soa jurídica é contribuinte do imposto, devendo efetivação pela emissão da apólice ou do
manter os controles legalmente exigidos de en- documento equivalente, ou recebimento do
tradas, saídas e estoque, apurando-o de forma prêmio, na forma da lei aplicável;
independente. IV - quanto às operações relativas a títulos e
valores mobiliários, a emissão, transmis-
são, pagamento ou resgate destes, na for-
Arts. 52 a 58 (Revogados pelo Decreto-lei nº
ma da lei aplicável.
406, de 1968).

Comentários: Não se olvide a já mencionada pre-


Comentários: Os dispositivos revogados tra- visão do art. 153, § 1º, CF/88:
tavam do imposto que atualmente equivale ao
ICMS. É facultado ao Poder Executivo, atendidas as
condições e os limites estabelecidos em lei, alte-
Arts. 59 a 62 (Revogados pelo Ato Comple- rar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF.
mentar nº 31, de 1966).
Parágrafo único. A incidência definida no
inciso I exclui a definida no inciso IV, e recipro-

13
#LEGIS

camente, quanto à emissão, ao pagamento ou Comentário: Ver art. 153, § 1º, CF/88: a alteração
resgate do título representativo de uma mesma das bases de cálculo pelo Executivo não foi re-
operação de crédito. cepcionada pela Constituição vigente.

Comentários: Art. 66. Contribuinte do imposto é qualquer


das partes na operação tributada, como dispuser
CF/88: Art. 153(...) a lei.

§ 5º O ouro, quando definido em lei como Comentários: Ver Decreto n. 4.494, de 3 de de-
ativo financeiro ou instrumento cambial, zembro de 2002.
sujeita-se exclusivamente à incidência
do imposto de que trata o inciso V do Art. 67. A receita líquida do imposto destina-
“caput” deste artigo, devido na operação -se a formação de reservas monetárias, na forma
de origem; a alíquota mínima será de um
por cento, assegurada a transferência do da lei.
montante da arrecadação nos seguintes
termos: Comentário: Assim como ocorre quanto ao Im-
posto de Exportação (art. 28, CTN), a doutrina en-
I - trinta por cento para o Estado, o tende que o dispositivo acima não foi recepciona-
Distrito Federal ou o Território, conforme do pela CF/88, em virtude da previsão do art. 167,
a origem; IV, da Carta Magna.

II - setenta por cento para o Município de


origem. Jurisprudência:

Art. 64. A base de cálculo do imposto é: Súmula 588 do STF: O imposto sobre serviços não
incide sobre os depósitos, as comissões e taxas de
desconto, cobrados pelos estabelecimentos ban-
I - quanto às operações de crédito, o
cários.
montante da obrigação, compreendendo
o principal e os juros;
Súmula 664 do STF: É inconstitucional o inciso
II - quanto às operações de câmbio, o res- V do art. 1º da Lei 8.033/1990, que instituiu a
pectivo montante em moeda nacional, incidência do imposto nas operações de crédito,
recebido, entregue ou posto à disposição; câmbio e seguros (IOF) sobre saques efetuados
III - quanto às operações de seguro, o em caderneta de poupança.
montante do prêmio;
IOF: incidência sobre operações de factoring
IV - quanto às operações relativas a títu- (Lei 9.532/1997, art. 58): “aparente constitucio-
los e valores mobiliários: nalidade que desautoriza a medida cautelar. O
âmbito constitucional de incidência possível do
a) na emissão, o valor nominal mais o ágio, IOF sobre operações de crédito não se restringe
se houver; às praticadas por instituições financeiras, de tal
modo que, à primeira vista, a lei questionada po-
b) na transmissão, o preço ou o valor no-
deria estendê-la às operações de factoring, quan-
minal, ou o valor da cotação em Bolsa,
do impliquem financiamento (factoring com di-
como determinar a lei;
reito de regresso ou com adiantamento do valor
c) no pagamento ou resgate, o preço. do crédito vincendo – conventional factoring);
quando, ao contrário, não contenha operação de
crédito, o factoring, de qualquer modo, parece
Art. 65. O Poder Executivo pode, nas con-
substantivar negócio relativo a títulos e valores
dições e nos limites estabelecidos em lei, alterar mobiliários, igualmente susceptível de ser subme-
as alíquotas ou as bases de cálculo do imposto, tido por lei à incidência tributária questionada”.
a fim de ajustá-lo aos objetivos da política mo- [ADI 1.763 MC, rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 20-
netária. 8-1998, P, DJ de 26-9-2003].

14
#LEGIS

= RE 347.781 AgR, rel. min. Dias Toffoli, j. 18-5-2017, Para Fixação:


2ª T, DJE de 31-5-2017.
Ano: 2019/ Banca: CESPE/ Juiz de Direito – TJ/
PA.
Art. 68. O imposto, de competência da União, Segundo a assentada jurisprudência do STJ,
sobre serviços de transportes e comunicações tem quando um cidadão brasileiro importa direta-
como fato gerador: mente um veículo automotor, a incidência de im-
posto sobre produtos industrializados (IPI) é:
I - a prestação do serviço de transporte, por
qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias a) imponível, desde que o bem destine-se ao co-
ou valores, salvo quando o trajeto se conte- mércio.
nha inteiramente no território de um mes-
mo Município; b) imponível, mesmo que o bem se destine a uso
II - a prestação do serviço de comunica- próprio.
ções, assim se entendendo a transmissão e
o recebimento, por qualquer processo, de c) vedada, por violar o princípio da não cumula-
mensagens escritas, faladas ou visuais, sal- tividade.
vo quando os pontos de transmissão e de
recebimento se situem no território de um d) vedada, se o bem não se destinar ao comércio.
mesmo Município e a mensagem em curso
não possa ser captada fora desse território. e) vedada, por configurar bitributação.

Art. 69. A base de cálculo do imposto é o pre-


ço do serviço. Ano: 2017/ Banca: PGR/ Procurador da Repú-
blica.
Art. 70. Contribuinte do imposto é o presta-
Na disciplina específica do Imposto sobre Produ-
dor do serviço. tos Industrializados – IPI:

Comentários: Os arts. 68 a 70, do CTN, não foram a) a aquisição de bens integrantes do ativo per-
recepcionados pela CF/88. manente da empresa não gera direito a credita-
mento de IPI;
Arts. 71 a 73 (Revogados pelo Decreto-lei nº b) é devida a correção monetária ao creditamento
406, de 1968). do IPI quando há oposição ao seu aproveitamento
decorrente de resistência legítima do Fisco;
Comentários: Quanto ao ISSQN, ver art. 156, III e §
3º, CF, e LC n. 116/2003. c) o “contribuinte de fato” (v.g. distribuidora de
bebida) detém legitimidade ativa ad causam
para pleitear a restituição do indébito relativo ao
Anotações gerais sobre os artigos anteriores: IPI recolhido pelo “contribuinte de direito” (fabri-
cante de bebida), por integrar a relação jurídica
tributária pertinente;

d) a aquisição de matéria-prima e/ou insumo não


tributados, isentos ou sujeitos à alíquota zero,
utilizados na industrialização de produto tribu-
tado pelo IPI, enseja direito ao creditamento do
tributo pago na saída do estabelecimento indus-
trial.

Ano: 2017/ Banca: PGR/ Procurador da Repú-


blica.

15
#LEGIS

Sobre o Imposto de Renda é correto afirmar que:

a) Os Estados e o Distrito Federal não são partes


legítimas na ação de restituição de imposto de
renda retido na fonte proposta por seus servido-
res.

b) Não incide imposto de renda sobre os valores


percebidos a título de indenização por horas ex-
traordinárias trabalhadas, ainda que decorrentes
de acordo coletivo.

c) Não incide imposto de renda sobre a indeniza-


ção por danos morais.

d) É devida a incidência de imposto de renda sobre


o valor da complementação de aposentadoria
pago por entidade de previdência privada e em
relação ao resgate de contribuições recolhidas
para referidas entidades patrocinadoras no
período de 1º/1/1989 a 31/12/1995, em razão
da isenção concedida pelo art. 6º, VII, b, da Lei
n. 7.713/1988, na redação anterior à que lhe foi
dada pela Lei n. 9.250/1995.

Anotações:

Gabarito: 01 – B | 02 - A| 03 - C

16
#LEGIS

DIA 4 Comentários: Os artigos 74 e 75 do CTN não fo-


ram recepcionados pela CF/88.

Disciplina: Direito Tributário


Art. 76. Na iminência ou no caso de guerra
Responsável: Prof. Tiago Melo. externa, a União pode instituir, temporariamen-
Dia 04: Do Art. 74 ao 104. te, impostos extraordinários compreendidos
ou não entre os referidos nesta Lei, suprimidos,
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 gradativamente, no prazo máximo de cinco
anos, contados da celebração da paz.

Comentários: O dispositivo refere-se aos Impos-


Art. 74. O imposto, de competência da tos Extraordinários de Guerra (IEG), relaciona-
União, sobre operações relativas a combustíveis, dos no art. 154, II, da CF/88.
lubrificantes, energia elétrica e minerais do País
tem como fato gerador:
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pe-
los Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Mu-
I - a produção, como definida no artigo 46 e
seu parágrafo único; nicípios, no âmbito de suas respectivas atribui-
ções, têm como fato gerador o exercício regular
II - a importação, como definida no artigo do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou
19;
potencial, de serviço público específico e divi-
III - a circulação, como definida no artigo sível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
52; disposição.
IV - a distribuição, assim entendida a colo-
cação do produto no estabelecimento con- Parágrafo único. A taxa não pode ter base
sumidor ou em local de venda ao público; de cálculo ou fato gerador idênticos aos que
V - o consumo, assim entendida a venda do correspondam a imposto nem ser calculada em
produto ao público. função do capital das empresas.

§ 1º Para os efeitos deste imposto a Jurisprudência:


energia elétrica considera-se produto
industrializado. Súmula Vinculante 19 do STF: A taxa cobrada
§ 2º O imposto incide, uma só vez sobre exclusivamente em razão dos serviços públicos
uma das operações previstas em cada de coleta, remoção e tratamento ou destinação
inciso deste artigo, como dispuser a lei, de lixo ou resíduos provenientes de imóveis não
e exclui quaisquer outros tributos, sejam viola o art. 145, II, da CF.
quais forem sua natureza ou competência,
incidentes sobre aquelas operações. Súmula Vinculante 29 do STF: É constitucional
a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um
ou mais elementos da base de cálculo própria
Art. 75. A lei observará o disposto neste Tí-
de determinado imposto, desde que não haja
tulo relativamente: integral identidade entre uma base e outra.
I - ao imposto sobre produtos industrializa- Súmula Vinculante 41 do STF: O serviço de ilu-
dos, quando a incidência seja sobre a pro- minação pública não pode ser remunerado me-
dução ou sobre o consumo; diante taxa.
II - ao imposto sobre a importação, quando
a incidência seja sobre essa operação; “Os Estados possuem competência para dispor
sobre instituição de taxas de polícia cobradas em
III - ao imposto sobre operações relativas à função de atividades tais como: fiscalização e vis-
circulação de mercadorias, quando a inci- toria em estabelecimentos comerciais abertos ao
dência seja sobre a distribuição. público (casas noturnas, restaurantes, cinemas,
shows); expedição de alvarás para o funciona-

17
#LEGIS

mento de estabelecimentos de que fabriquem, Jurisprudência: “A segurança pública, presen-


transportem ou comercializem armas de fogo, tes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se,
munição, explosivos, inflamáveis ou produtos no campo da atividade precípua, pela unidade
químicos; expedição de atestados de idoneidade da Federação, e, porque serviço essencial, tem
para porte de arma de fogo, tráfego de explosivos, como viabilizá-la a arrecadação de impostos,
trânsito de armas em hipóteses determinadas; e não cabendo ao Município a criação de taxa
atividades diversas com impacto na ordem social, para tal fim”. [RE 643.247, voto do rel. min. Marco
no intuito de verificar o atendimento de condições Aurélio, j. 1º-8-2017, P, DJE de 19-12-2017].
de segurança e emitir as correspondentes autori-
zações essenciais ao funcionamento de tais esta-
belecimentos”. [ADI 3.770, rel. min. Alexandre de Art. 80. Para efeito de instituição e co-
Moraes, j. 13-9-2019, P, DJE de 26-9-2019]. brança de taxas, consideram-se compreen-
didas no âmbito das atribuições da União,
dos Estados, do Distrito Federal ou dos Mu-
Art. 78. Considera-se poder de polícia ativi- nicípios, aquelas que, segundo a Constituição
dade da administração pública que, limitando ou Federal, as Constituições dos Estados, as Leis
disciplinando direito, interesse ou liberdade, Orgânicas do Distrito Federal e dos Municípios e
regula a prática de ato ou abstenção de fato, em a legislação com elas compatível, competem a
razão de interesse público concernente à segu- cada uma dessas pessoas de direito público.
rança, à higiene, à ordem, aos costumes, à dis-
ciplina da produção e do mercado, ao exercício
de atividades econômicas dependentes de con- Comentários: A taxa é espécie tributária cuja
competência para instituição e cobrança é co-
cessão ou autorização do Poder Público, à tran- mum a todos os entes políticos, relacionando-
quilidade pública ou ao respeito à propriedade -se diretamente às respectivas competências
e aos direitos individuais ou coletivos. administrativas no que concerne à prestação
de serviços públicos e ao exercício do poder de
Parágrafo único. Considera-se regular o polícia.
exercício do poder de polícia quando desempe-
nhado pelo órgão competente nos limites da lei Art. 81. A contribuição de melhoria co-
aplicável, com observância do processo legal e, brada pela União, pelos Estados, pelo Distri-
tratando-se de atividade que a lei tenha como dis- to Federal ou pelos Municípios, no âmbito de
cricionária, sem abuso ou desvio de poder. suas respectivas atribuições, é instituída para
fazer face ao custo de obras públicas de que
Art. 79. Os serviços públicos a que se refere decorra valorização imobiliária, tendo como
o artigo 77 consideram-se: limite total a despesa realizada e como limite
individual o acréscimo de valor que da obra
I - utilizados pelo contribuinte: resultar para cada imóvel beneficiado.
a) efetivamente, quando por ele usufruídos
a qualquer título; Comentários: Ver art. 145, III, CF/88.
b) potencialmente, quando, sendo de utili-
zação compulsória, sejam postos à sua dis- Jurisprudência: “Esta Corte consolidou o en-
posição mediante atividade administrativa tendimento no sentido de que a contribuição de
em efetivo funcionamento; melhoria incide sobre o quantum da valorização
imobiliária”. [AI 694.836 AgR, rel. min. Ellen Gra-
II - específicos, quando possam ser desta- cie, j. 24-11- 2009, 2ª T, DJE de 18-12-2009].
cados em unidades autônomas de interven-
ção, de utilidade, ou de necessidades públi- “Taxa de pavimentação asfáltica. (...) Tributo que
cas; tem por fato gerador benefício resultante de obra
pública, próprio de contribuição de melhoria, e
III - divisíveis, quando suscetíveis de utiliza- não a utilização, pelo contribuinte, de serviço
ção, separadamente, por parte de cada um público específico e divisível, prestado ao con-
dos seus usuários. tribuinte ou posto a sua disposição. Impossibi-

18
#LEGIS

lidade de sua cobrança como contribuição, por imóvel, impossível a cobrança do tributo” (STJ,
inobservância das formalidades legais que cons- 2a T., REsp 143.996/SP, Rel. Min. Peçanha Martins,
tituem o pressuposto do lançamento dessa espé- j. em 7/10/1999, DJ de 6/12/1999, p. 76). É preciso
cie tributária”. [RE 140.779, rel. min. Ilmar Galvão, que essa valorização seja aferida, como dito no
j. 2-8-1995, P, DJ de 8-9-1995.] acórdão, após a conclusão da obra, pelo que não
é possível exigir a exação em face de obras inaca-
badas”. [STJ, REsp 647.134/SP].
Art. 82. A lei relativa à contribuição de me-
lhoria observará os seguintes requisitos míni-
mos: Art. 83. Sem prejuízo das demais dispo-
sições deste Título, os Estados e Municípios que
I - publicação prévia dos seguintes ele- celebrem com a União convênios destinados a
mentos: assegurar ampla e eficiente coordenação dos
respectivos programas de investimentos e servi-
a) memorial descritivo do projeto; ços públicos, especialmente no campo da políti-
b) orçamento do custo da obra; ca tributária, poderão participar de até 10% (dez
por cento) da arrecadação efetuada, nos respec-
c) determinação da parcela do custo da tivos territórios, proveniente do imposto referido
obra a ser financiada pela contribuição;
no artigo 43, incidente sobre o rendimento das
d) delimitação da zona beneficiada; pessoas físicas, e no artigo 46, excluído o inciden-
e) determinação do fator de absorção do te sobre o fumo e bebidas alcoólicas.
benefício da valorização para toda a zona
ou para cada uma das áreas diferenciadas, Parágrafo único. O processo das distribui-
nela contidas; ções previstas neste artigo será regulado nos
convênios nele referidos.
II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta)
dias, para impugnação pelos interessados, Art. 84. A lei federal pode cometer aos Esta-
de qualquer dos elementos referidos no in- dos, ao Distrito Federal ou aos Municípios o en-
ciso anterior;
cargo de arrecadar os impostos de competência
III - regulamentação do processo admi- da União cujo produto lhes seja distribuído no
nistrativo de instrução e julgamento da todo ou em parte.
impugnação a que se refere o inciso ante-
rior, sem prejuízo da sua apreciação judi-
cial. Parágrafo único. O disposto neste artigo,
aplica-se à arrecadação dos impostos de compe-
§ 1º A contribuição relativa a cada imóvel tência dos Estados, cujo produto estes venham a
será determinada pelo rateio da parcela distribuir, no todo ou em parte, aos respectivos
do custo da obra a que se refere a alínea c, Municípios.
do inciso I, pelos imóveis situados na zona
beneficiada em função dos respectivos fa-
tores individuais de valorização. Art. 85. Serão distribuídos pela União:
§ 2º Por ocasião do respectivo lançamento,
cada contribuinte deverá ser notificado do I - aos Municípios da localização dos imó-
montante da contribuição, da forma e dos veis, o produto da arrecadação do imposto
prazos de seu pagamento e dos elementos a que se refere o artigo 29;
que integram o respectivo cálculo. II - aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municípios, o produto da arrecadação, na
fonte, do imposto a que se refere o artigo
Jurisprudência: “A base de cálculo da contribui- 43, incidente sobre a renda das obrigações
ção de melhoria é a valorização imobiliária, ou de sua dívida pública e sobre os proventos
seja, a diferença entre o valor do imóvel antes do dos seus servidores e dos de suas autar-
início da obra e o valor do mesmo após a conclu- quias.
são da obra. Não havendo aumento do valor do

19
#LEGIS

§ 1º Independentemente de ordem das Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:


autoridades superiores e sob pena de
demissão, as autoridades arrecadadoras I - a instituição de tributos, ou a sua extin-
dos impostos a que se refere este artigo ção;
farão entrega, aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, das importâncias II - a majoração de tributos, ou sua redu-
recebidas, à medida que forem sendo ção, ressalvado o disposto nos artigos 21,
arrecadadas, em prazo não superior a 26, 39, 57 e 65;
30 (trinta) dias, a contar da data de cada III - a definição do fato gerador da obriga-
recolhimento. ção tributária principal, ressalvado o dis-
§ 2º A lei poderá autorizar os Estados, o posto no inciso I do § 3º do artigo 52, e do
Distrito Federal e os Municípios a incorpo- seu sujeito passivo;
rar definitivamente à sua receita o produto IV - a fixação de alíquota do tributo e da
da arrecadação do imposto a que se refere sua base de cálculo, ressalvado o disposto
o inciso II, estipulando as obrigações aces- nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
sórias a serem cumpridas por aqueles no
V - a cominação de penalidades para as
interesse da arrecadação, pela União, do
ações ou omissões contrárias a seus dispo-
imposto a ela devido pelos titulares da ren-
sitivos, ou para outras infrações nela defi-
da ou dos proventos tributados.
nidas;
VI - as hipóteses de exclusão, suspensão e
Comentários: Os artigos 83 a 85 do CTN não os- extinção de créditos tributários, ou de dis-
tentam força normativa no que contrariarem a pensa ou redução de penalidades.
Constituição. Nesse sentido, as normas que re-
gulam a repartição das receitas tributárias estão
previstas nos artigos 157 a 162 da CF/88. § 1º Equipara-se à majoração do tributo a
modificação da sua base de cálculo, que
importe em torná-lo mais oneroso.
Arts. 86 a 94.
§ 2º Não constitui majoração de tributo,
para os fins do disposto no inciso II deste
Comentários: Os arts. 86 a 94 do CTN tratam dos artigo, a atualização do valor monetário da
critérios de distribuição do FPM e do FPE. respectiva base de cálculo.

Com advento da CF/88, todavia, referidos crité-


rios passaram a ser previstos pela LC nº 62/89 e Comentário: O artigo 97 do CTN vem a explicitar
pela Lei nº 8.016/90, razão pela qual, no intuito o conteúdo do Princípio da Legalidade Tributá-
de evitar confusões, optou-se por não reproduzir ria, previsto no art. 150, I, CF/88.
o teor dos dispositivos que, embora não formal-
mente revogados, não foram recepcionados pela RE 838.284, voto do rel. min. Dias Toffoli, j. 19-
Ordem Constitucional vigente. 10-2016, P, DJE de 22-9-2017, Tema 829:
Não viola a legalidade tributária a lei que, pres-
Art. 95. (Revogado pela Lei Complementar crevendo o teto, possibilita ao ato normativo in-
nº 143, de 2013). fralegal fixar o valor de taxa em proporção razoá-
vel com os custos da atuação estatal, valor esse
que não pode ser atualizado por ato do próprio
Art. 96. A expressão “legislação tributá-
conselho de fiscalização em percentual superior
ria” compreende as leis, os tratados e as con- aos índices de correção monetária legalmente
venções internacionais, os decretos e as nor- previstos.
mas complementares que versem, no todo ou
em parte, sobre tributos e relações jurídicas a RE 704.292, voto do rel. min. Dias Toffoli, j.
eles pertinentes. 19-10-2016, P, DJE de 3-8-2017, Tema 540:
É inconstitucional, por ofensa ao princípio
da legalidade tributária, lei que delega aos
Comentários: Pela pertinência, ver arts. 49 e 68,
conselhos de fiscalização de profissões
CF/88.
regulamentadas a competência de fixar ou

20
#LEGIS

majorar, sem parâmetro legal, o valor das leis, dos tratados e das convenções internacio-
contribuições de interesse das categorias nais e dos decretos:
profissionais e econômicas, usualmente
cobradas sob o título de anuidades, vedada,
ademais, a atualização desse valor pelos con- Comentário: A função primordial das normas
selhos em percentual superior aos índices le- complementares é a de explicitar o conteúdo das
galmente previstos. leis, de sorte a uniformizar a respectiva interpre-
tação por parte da Administração Tributária.
RE 648.245, rel. min. Gilmar Mendes, j. 1º-8-
2013, P, DJE de 24-2-2014, Tema 211: I - os atos normativos expedidos pelas au-
É inconstitucional a majoração do IPTU sem toridades administrativas;
edição de lei em sentido formal, vedada
a atualização, por ato do Executivo, em
percentual superior aos índices oficiais. Comentário: Caracterizam-se como normas edi-
tadas pelos servidores da administração tribu-
tária, de caráter geral e abstrato, com objetivo
Art. 98. Os tratados e as convenções in- de orientar contribuintes ou instruir servidores
ternacionais revogam ou modificam a legis- públicos, na realização de atos e procedimentos
lação tributária interna, e serão observados administrativos relativos a tributos.
pela que lhes sobrevenha.
II - as decisões dos órgãos singulares ou
Comentários: Tratados e Convenções interna- coletivos de jurisdição administrativa, a
cionais, são expressões sinônimas. Conforme que a lei atribua eficácia normativa;
Ricardo Alexandre (Direito Tributário, 2017, pg. III - as práticas reiteradamente observa-
270), trata-se de um acordo bilateral ou multi- das pelas autoridades administrativas;
lateral de vontades manifestadas por estados
soberanos ou organismos internacionais regu-
larmente representados por órgãos competen- Comentário: São os usos e costumes adotados
tes, destinando-se a produzir efeitos jurídicos. pela Administração. Em decorrência do Princípio
da Legalidade Tributária, jamais um costume da
Os Tratados e Convenções internacionais só administração poderá criar ou derrogar um tribu-
produzem efeitos quando devidamente incor- to.
porados ao direito interno. Nesse sentido é o
posicionamento do STF (AgRg 8.279-4). IV - os convênios que entre si celebrem a
União, os Estados, o Distrito Federal e os
O advento de um tratado suspende, no todo ou Municípios.
em parte, a eficácia de legislação que lhe seja
desfavorável. Caso o tratado seja denunciado,
a lei interna readquire sua eficácia. Não se tra- Comentário: Convênios são atos infralegais ce-
ta de repristinação, pois a lei não estava revo- lebrados pelo Poder Executivo, não inovando,
gada, apenas suspensa (RE 229.096). portanto, a ordem jurídica. A jurisprudência do
STF corrobora tal posicionamento (ADI 1.857/
SC), não sendo exigida a aprovação do Poder
Art. 99. O conteúdo e o alcance dos de- Legislativo, diferentemente do que ocorre com
cretos restringem-se aos das leis em função os tratados internacionais.
das quais sejam expedidos, determinados com
observância das regras de interpretação estabe- Parágrafo único. A observância das nor-
lecidas nesta Lei. mas referidas neste artigo exclui a imposição
de penalidades, a cobrança de juros de mora
Comentários: Os Decretos são atos normativos e a atualização do valor monetário da base de
secundários ou infralegais, da competência pri- cálculo do tributo.
vativa do Chefe do Poder Executivo.
Art. 101. A vigência, no espaço e no tem-
Art. 100. São normas complementares das po, da legislação tributária rege-se pelas dis-

21
#LEGIS

posições legais aplicáveis às normas jurídicas vorável ao contribuinte, e observado o dis-


em geral, ressalvado o previsto neste Capítulo. posto no artigo 178.

Comentários: A vigência é verificada com a pu- Comentário: Ver art. 150, III, “b” e “c”, CF/88, o
blicação da norma, podendo ser imediata ou no qual enuncia o Princípio da Anterioridade Tri-
lapso temporal previsto em seu texto legal (vaca- butária – na acepção geral e no que concerne à
tio legis). Caso não conste expressamente do tex- noventena -, que se aplica a todos os tributos
to legal o período de entrada em vigor, a LINDB em geral (com as exceções constitucionalmen-
determina a aplicação do prazo de 45 dias (art. te estabelecidas), e não apenas aos impostos
1°, § 1°). sobre o patrimônio ou a renda.

Art. 102. A legislação tributária dos Es- Jurisprudência:


tados, do Distrito Federal e dos Municípios vi-
gora, no País, fora dos respectivos territórios, Súmula 544 do STF: Isenções tributárias con-
nos limites em que lhe reconheçam extraterri- cedidas, sob condição onerosa, não podem ser
torialidade os convênios de que participem, ou livremente suprimidas.
do que disponham esta ou outras leis de normas
Súmula 669 do STF: Norma legal que altera o
gerais expedidas pela União.
prazo de recolhimento da obrigação tributária
não se sujeita ao princípio da anterioridade.
Comentários: A vigência espacial conecta-se, em
regra, ao Princípio da Territorialidade. “1. Conforme consignado na decisão agravada,
a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal
A extraterritorialidade, contudo, pode ser previs- fixou entendimento no sentido de que não só a
ta em convênio ou pela lei. majoração direta de tributos atrai a aplicação
do princípio da anterioridade, mas também a
majoração indireta decorrente de revogação
Art. 103. Salvo disposição em contrário,
de benefícios fiscais. Precedentes”. [RE 1214919
entram em vigor: AgR-segundo, Relator(a): Min. ROBERTO BARRO-
SO, Primeira Turma, julgado em 27/09/2019, PRO-
I - os atos administrativos a que se refere CESSO ELETRÔNICO DJe-221 DIVULG 10-10-2019
o inciso I do artigo 100, na data da sua pu- PUBLIC 11-10-2019].
blicação;
II - as decisões a que se refere o inciso II do
artigo 100, quanto a seus efeitos norma- Para Fixação:
tivos, 30 (trinta) dias após a data da sua
publicação; Ano: 2020/ Banca: CESPE/ SEFAZ-DF.

III - os convênios a que se refere o inciso IV Considerando as regras do CTN acerca da vigência
do artigo 100, na data neles prevista. da legislação tributária e das limitações constitu-
cionais ao poder de tributar, julgue o item que se
Art. 104. Entram em vigor no primeiro dia segue.
do exercício seguinte àquele em que ocorra a
sua publicação os dispositivos de lei, referentes Não havendo disposição em contrário, os efeitos
normativos das decisões dos órgãos coletivos de
a impostos sobre o patrimônio ou a renda:
jurisdição administrativa a que a lei atribua eficá-
cia normativa entram em vigor trinta dias após a
I - que instituem ou majoram tais impos- data da publicação da decisão.
tos;
II - que definem novas hipóteses de inci- ( ) Certo
dência; ( ) Errado
III - que extinguem ou reduzem isenções,
salvo se a lei dispuser de maneira mais fa-

22
#LEGIS

Ano: 2019/ Banca: CESPE/ TJ-PA Juiz de Direito.

Assinale a opção que indica matéria de ordem tri-


butária que pode ser instrumentalizada por lei or-
dinária, conforme a CF.

a) instituição de impostos expressamente previs-


tos na CF;

b) regulamentação das limitações constitucionais


ao poder de tributar;

c) estabelecimento de normas gerais sobre deca-


dência tributária;

d) instituição de impostos não previstos na CF;

e) estabelecimento de normas gerais sobre o ade-


quado tratamento tributário ao ato cooperativo.

Ano: 2019/ Banca: VUNESP/ Procurador de São


José dos Campos-SP.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente a lei pode estabelecer o fato gerador


da obrigação principal e da acessória.

b) Constitui majoração do tributo a atualização do


valor monetário da respectiva base de cálculo.

c) Os tratados e as convenções internacionais re-


vogam ou modificam a legislação interna, mas
não serão observados pela que lhes sobrevenha.

d) Os decretos, ainda que versem sobre tributos e


relações a eles pertinentes, não estão compreen-
didos na expressão “legislação tributária”, posto
que, expedidos pelo Poder Executivo, são fontes
secundárias do direito tributário.

e) Norma legal que altera o prazo de recolhimen-


to de obrigação tributária não se sujeita ao prin-
cípio da anterioridade.

Anotações:

Gabarito: 01 – C | 02 - A | 03 - E

23
#LEGIS

DIA 5 b) quando deixe de tratá-lo como con-


trário a qualquer exigência de ação ou
omissão, desde que não tenha sido frau-
Disciplina: Direito Tributário dulento e não tenha implicado em falta
de pagamento de tributo;
Responsável: Prof. Tiago Melo.
Dia 05: Do Art. 105 ao 127. c) quando lhe comine penalidade menos
severa que a prevista na lei vigente ao
tempo da sua prática.
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
Jurisprudência:

Art. 105. A legislação tributária aplica-se Súmula Vinculante 50 do STF: Norma legal
imediatamente aos fatos geradores futuros que altera o prazo de recolhimento de obriga-
ção tributária não se sujeita ao princípio da an-
e aos pendentes, assim entendidos aqueles
terioridade.
cuja ocorrência tenha tido início mas não este-
ja completa nos termos do artigo 116.
Art. 107. A legislação tributária será inter-
pretada conforme o disposto neste Capítulo.
Comentários: Fato gerador pendente é aquele
que tem início sob a égide de uma certa lei, mas
só se consuma quando já vigente uma lei nova. Art. 108. Na ausência de disposição ex-
pressa, a autoridade competente para aplicar
É fértil na doutrina pátria o debate acerca de a legislação tributária utilizará sucessivamen-
referida “espécie” de fato gerador e da recepção te, na ordem indicada:
do dispositivo transcrito pela Constituição de
1988, tendo em conta o Princípio da Irretroativi- I - a analogia;
dade Tributária, fundado na segurança jurídica,
disposto no art. 150, III, “a”, da Carta Magna. II - os princípios gerais de direito tributá-
rio;
Jurisprudência: “Especificamente no que con- III - os princípios gerais de direito públi-
cerne ao Imposto de Renda, o STF sumulou o co;
verbete de n. 584: “Ao Imposto de Renda calcu-
lado sobre os rendimentos do ano-base, aplica- IV - a equidade.
-se a lei vigente no exercício financeiro em que
deva ser apresentada a declaração.” Frase mnemônica: Ana, primeiro tente, pra
só depois pedir equidade.
Vale salientar que o STJ, em diversos julgados,
considera superada a Súmula n. 584, do STF, a
partir da Constituição de 1988”. § 1º O emprego da analogia não poderá
resultar na exigência de tributo não pre-
visto em lei.
Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pre- § 2º O emprego da equidade não pode-
térito: rá resultar na dispensa do pagamento de
tributo devido.
I - em qualquer caso, quando seja ex-
pressamente interpretativa, excluída a Art. 109. Os princípios gerais de direito
aplicação de penalidade à infração dos
dispositivos interpretados; privado utilizam-se para pesquisa da defini-
ção, do conteúdo e do alcance de seus institu-
II - tratando-se de ato não definitiva- tos, conceitos e formas, mas não para defini-
mente julgado: ção dos respectivos efeitos tributários.
a) quando deixe de defini-lo como infra-
ção; Jurisprudência: “Tributário. Simples Federal.
Lei 9.317/1996. Laboratório de análises clínicas.

24
#LEGIS

Serviço prestado por meio de médicos e enfer- pretação autêntica da Constituição a partir do
meiros. Exclusão. (...) 4. O conceito de ‘pessoa legislador infraconstitucional, na medida em que
jurídica’ é dado pelo Código Civil, e é a ele que esse não poderia balizar ou direcionar o intérpre-
devemos recorrer no momento de interpretar a te do próprio texto constitucional. O referido dis-
norma tributária (art. 109 do CTN). (...)” [STJ, 2.ª positivo do CTN não tem a amplitude conferida
T., REsp 1.260.332/AL, Rel. Min. Herman Benja- por sua interpretação literal.
min, j. 01.09.2011, DJe 12.09.2011].
Nesse sentido, legislação infraconstitucional não
poderia alterar qualquer conceito jurídico —do
Art. 110. A lei tributária não pode alterar a Direito Privado ou não — ou extrajurídico — da
definição, o conteúdo e o alcance de institutos, Economia ou de qualquer ramo do conheci-
conceitos e formas de direito privado, utilizados, mento — utilizado pelo constituinte para definir
expressa ou implicitamente, pela Constituição competências tributárias. Portanto, ainda que a
Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pe- contraposição entre obrigações de dar e de fa-
las Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Mu- zer para dirimir o conflito de competência entre
nicípios, para definir ou limitar competências o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza
tributárias. (ISSQN) e o Imposto sobre Circulação de Merca-
dorias e Prestação de Serviços (ICMS) fosse uti-
lizada no âmbito do Direito Tributário, novos cri-
Jurisprudência: térios de interpretação progressivamente teriam
ganhado espaço.
Súmula vinculante 31 do STF: É inconstitucional
a incidência do imposto sobre serviços de O Tribunal asseverou, ainda, que a chamada
qualquer natureza - ISS sobre operações de “Constituição Tributária” deve ser interpreta-
locação de bens móveis. da de acordo com o pluralismo metodológico,
abrindo-se para a interpretação segundo varia-
“As operadoras de planos privados de assistência dos métodos, desde o literal até o sistemático e
à saúde (plano de saúde e seguro-saúde) pres- teleológico. Por isso, os conceitos constitucionais
tam serviço sujeito ao Imposto Sobre Serviços de tributários não são fechados e unívocos, deven-
Qualquer Natureza (ISSQN), previsto no art. 156, do-se recorrer também aos aportes de ciências
III, da CF”. [RE 651703/PR, rel. min. Luiz Fux, julga- afins para a sua exegese, como a Ciência das Fi-
mento em 29-9-2016]. nanças, a Economia e a Contabilidade. Dessa sor-
te, embora os conceitos de Direito Civil exerçam
(...) papel importante na interpretação dos conceitos
constitucionais tributários, eles não exaurem a
O Colegiado afirmou que o aspecto primordial atividade interpretativa, conforme assentado no
para a compreensão da incidência do ISSQN julgamento do precedente acima referido.
encontra-se no enquadramento do conceito de
“serviço”. Apenas as atividades assim classifica-
das — à luz da materialidade constitucional do Art. 111. Interpreta-se literalmente a le-
mencionado conceito (CF, art. 156, III) — seriam gislação tributária que disponha sobre:
passíveis de atrair a obrigatoriedade do imposto,
previsto na Lei Complementar 116/2003. I - suspensão ou exclusão do crédito tribu-
tário;
(...)
II - outorga de isenção;
Com efeito, o art. 110 do Código Tributário Na- III - dispensa do cumprimento de obrigações
cional (CTN) (“A lei tributária não pode alterar a tributárias acessórias.
definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de direito privado, utilizados,
expressa ou implicitamente, pela Constituição Comentários: O que o dispositivo enuncia é o de-
Federal, pelas Constituições dos Estados, ou ver de interpretar de forma restritiva a legislação
pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos que importe a dispensa ou postergação de cum-
Municípios, para definir ou limitar competências primento da obrigação tributária. Não veda, toda-
tributárias”) não veicula norma de interpretação via, o emprego dos variados métodos de herme-
constitucional. Não seria possível elaborar inter- nêutica.

25
#LEGIS

Jurisprudência: “O art. 111 do CTN, que prescre- Comentários: A despeito de se encontrar po-
ve a interpretação literal da norma, não pode le- sicionamentos divergentes, tanto na doutrina
var o aplicador do Direito à absurda conclusão de quanto na jurisprudência, parece mais adequa-
que esteja ele impedido, no seu mister de apreciar do o entendimento segundo o qual a obrigação
e aplicar as normas de direito, de valer-se de uma acessória pode ser prevista em ato infralegal. O
equilibrada ponderação dos elementos lógico-sis- tema, todavia, é algo controverso.
temático, histórico e finalístico ou teleológico, os
quais integram a moderna metodologia de inter-
pretação das normas jurídicas”. [STJ, 2a T., REsp Jurisprudência: “2. Nos termos do art. 113, §§
192.531/RS, Rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 2.º e 3.º, do CTN, a obrigação acessória prevista
em 17/2/2005, DJ de 16/5/2005]. em “legislação tributária” pode vincular não só o
contribuinte, como terceiro, no objetivo de obri-
gá-los a fazer, não fazer ou tolerar que se faça, de
Art. 112. A lei tributária que define infra- modo que a não observância do dever legalmen-
ções, ou lhe comina penalidades, interpreta-se te imputado conduz à aplicação de penalidade
da maneira mais favorável ao acusado, em caso pecuniária (multa), que se transmuta em obriga-
de dúvida quanto: ção principal”. [STJ, 2.ª T., EDcl no REsp 1.384.832/
RN, Rel. Min. Humberto Martins, j. 18.03.2014, DJe
I - à capitulação legal do fato; 24.03.2014].
II - à natureza ou às circunstâncias materiais (...)
do fato, ou à natureza ou extensão dos seus
efeitos; “4. A emissão da nota fiscal é dever instrumen-
III - à autoria, imputabilidade, ou tal imposto ao contribuinte com vista a facilitar
punibilidade; o controle fiscal, pois a relação jurídica tributá-
ria refere-se não só à obrigação tributária stricto
IV - à natureza da penalidade aplicável, ou à sensu (obrigação tributária principal), como ao
sua graduação. conjunto de obrigação acessórias que a viabili-
zam, conforme se infere do art. 113, § 2.º, do CTN.
Comentários: O dispositivo prevê as hipóteses de A relevância da obrigação acessória, instituída
interpretação benigna. como o dever de fazer ou não fazer ou de tolerar
que se faça, tem o escopo de controlar o adim-
plemento da obrigação principal”. [STJ, 2.ª T.,
Jurisprudência: “A interpretação benigna, prevista REsp 1.285.939/ES, Rel. Min. Humberto Martins, j.
no art. 112 do CTN, pressupõe a existência de dú- 13.08.2013, DJe 26.08.2013].
vida objetiva na exegese da legislação fiscal. Não
havendo divergência acerca da interpretação da
legislação tributária, o art. 112 do CTN não pode § 3º A obrigação acessória, pelo simples
ser aplicado”. [STJ, 2a T., REsp 178.427/SP, Rel. fato da sua inobservância, converte-se
Min. Adhemar Maciel, j. em 1º/9/1998, v.u., DJ de em obrigação principal relativamente à
7/12/1998]. penalidade pecuniária.

Art. 113. A obrigação tributária é principal Art. 114. Fato gerador da obrigação princi-
ou acessória. pal é a situação definida em lei como necessá-
ria e suficiente à sua ocorrência.
§ 1º A obrigação principal surge com a
ocorrência do fato gerador, tem por obje- Comentários: Pela pertinência, ver art. 4º, do
to o pagamento de tributo ou penalidade CTN.
pecuniária e extingue-se juntamente com
o crédito dela decorrente. Vale salientar que o CTN, enquanto norma geral,
§ 2º A obrigação acessória decorre da não estabelece os fatos geradores específicos
legislação tributária e tem por objeto as dos tributos, cabendo tal atribuição, em regra, às
prestações, positivas ou negativas, nela respectivas leis instituidoras editadas pelos en-
previstas no interesse da arrecadação ou tes políticos competentes.
da fiscalização dos tributos.

26
#LEGIS

Art. 115. Fato gerador da obrigação aces- rágrafo único do artigo 116 do CTN é uma ferra-
sória é qualquer situação que, na forma da legis- menta de combate à elusão fiscal, caracterizada
lação aplicável, impõe a prática ou a abstenção como um planejamento tributário abusivo, em
de ato que não configure obrigação principal. desconformidade com a lei, havendo simulação
de determinado negócio no escopo de dissimular
a ocorrência do fato gerador da obrigação tribu-
Jurisprudência: (...) “1. O interesse público na tária.
arrecadação e na fiscalização tributária legitima
o ente federado a instituir obrigações, aos con-
tribuintes, que tenham por objeto prestações, Art. 117. Para os efeitos do inciso II do arti-
positivas ou negativas, que visem guarnecer o go anterior e salvo disposição de lei em contrá-
fisco do maior número de informações possíveis rio, os atos ou negócios jurídicos condicionais
acerca do universo das atividades desenvolvidas reputam-se perfeitos e acabados:
pelos sujeitos passivos (arts. 113, § 2.º e 115 do
CTN)”. [STJ, 1.ª T., REsp 899.895/SP, Rel. Min. Luiz I - sendo suspensiva a condição, desde o
Fux, j. 04.06.2009, DJe 05.08.2009]. momento de seu implemento;
(...) II - sendo resolutória a condição, desde o
momento da prática do ato ou da celebra-
“1. A obrigação acessória, quando inobservada, ção do negócio.
nos termos do arts. 113, §§ 2.º e 3.º e 115 do CTN,
torna-se obrigação principal, em relação à multa Art. 118. A definição legal do fato gerador é
pecuniária, seguindo a natureza jurídica dos tri- interpretada abstraindo-se:
butos e sujeita aos mesmos dispositivos aplicá-
veis”. [STJ, 1.ª T., REsp 837.949/RS, Rel. Min. Luiz I - da validade jurídica dos atos efetiva-
Fux, j. 28.04.2009, DJe 27.05.2009]. mente praticados pelos contribuintes, res-
ponsáveis, ou terceiros, bem como da natu-
(...) reza do seu objeto ou dos seus efeitos;
II - dos efeitos dos fatos efetivamente ocor-
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrá- ridos.
rio, considera-se ocorrido o fato gerador e exis-
tentes os seus efeitos: Comentário: Caso um ato, apesar de ilícito, con-
figure a situação prevista em lei como necessária
I - tratando-se de situação de fato, des- e suficiente ao nascimento da obrigação tributá-
de o momento em que o se verifiquem as ria, será devido o pagamento do tributo, nos ter-
circunstâncias materiais necessárias a que mos do artigo 118 do CTN, que estatui o princípio
produza os efeitos que normalmente lhe conhecido como pecunia non olet.
são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde STF, HC 77.530-RS-1998: (...) é legítima a tri-
o momento em que esteja definitivamente butação de produtos financeiros resultantes de
constituída, nos termos de direito aplicá- atividades criminosas, nos termos do art. 118, I,
vel. CTN.

Parágrafo único. A autoridade administrati- STF, 1a T., HC 77530/RS: Sonegação fiscal de lu-
cro advindo de atividade criminosa: “non olet”.
va poderá desconsiderar atos ou negócios jurí- Drogas: tráfico de drogas, envolvendo socieda-
dicos praticados com a finalidade de dissimular des comerciais organizadas, com lucros vultosos
a ocorrência do fato gerador do tributo ou a na- subtraídos à contabilização regular das empre-
tureza dos elementos constitutivos da obriga- sas e subtraídos à declaração de rendimentos:
ção tributária, observados os procedimentos a caracterização, em tese, de crime de sonegação
serem estabelecidos em lei ordinária. fiscal, a acarretar a competência da Justiça Fede-
ral e atrair pela conexão, o tráfico de entorpecen-
tes: irrelevância da origem ilícita, mesmo quando
Comentários: A despeito da consagrada nomen- criminal, da renda subtraída à tributação. A exo-
clatura: norma geral antielisiva, a rigor, o pa-

27
#LEGIS

neração tributária dos resultados econômicos de Comentários: Trata-se da herança de compe-


fato criminoso – antes de ser corolário do prin- tência tributária, nos termos da doutrina de Sa-
cípio da moralidade – constitui violação do prin- cha Calmon Navarro Coelho (Curso de Direito Tri-
cípio de isonomia fiscal, de manifesta inspiração butário Brasileiro, 9. ed., Rio de Janeiro: Forense,
ética. 2006, p. 683).

Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a Art. 121. Sujeito passivo da obrigação
pessoa jurídica de direito público, titular da principal é a pessoa obrigada ao pagamento de
competência para exigir o seu cumprimento. tributo ou penalidade pecuniária.

Comentários: O sujeito ativo da obrigação tribu- Parágrafo único. O sujeito passivo da obri-
tária pode ser uma autarquia, por exemplo, des- gação principal diz-se:
de que referida atribuição lhe seja deferida por
lei instituída pelo ente político detentor da res- I - contribuinte, quando tenha relação pes-
pectiva competência tributária. soal e direta com a situação que constitua o
respectivo fato gerador;
Jurisprudência: “não há que se confundir a com- II - responsável, quando, sem revestir a
petência tributária com a capacidade tributária condição de contribuinte, sua obrigação
ativa. A União, no caso, detém a competência decorra de disposição expressa de lei.
tributária, podendo legislar sobre a contribuição
previdenciária. Mas, quem detém a capacidade Comentário: Contribuinte (sujeito passivo
tributária ativa para gerenciar, exigir e cobrar a direto) é aquele que realiza o fato gerador da
contribuição previdenciária é a autarquia federal obrigação tributária principal; responsável (su-
INSS”. [STJ, 1a T., AgRg no REsp 440.921/PR]. jeito passivo indireto) é pessoa que, sem reali-
zar o fato gerador, por alguma relação específica
“Ilegitimidade passiva da União para participar com este, prevista em lei, é obrigado a proceder
de demanda que visa a compensar contribuições ao recolhimento do tributo.
previdenciárias por empresas vinculadas ao SIM-
PLES”.
Art. 122. Sujeito passivo da obrigação
“7. O Sistema Integrado de Pagamento de Impos- acessória é a pessoa obrigada às prestações
tos e Contribuições das Empresas de Pequeno que constituam o seu objeto.
Porte – SIMPLES – (Lei nº 9.317/96) não altera a
composição da relação jurídico-tributária firma- Art. 123. Salvo disposições de lei em con-
da pelo ordenamento. Esse sistema compreende, trário, as convenções particulares, relativas à
apenas, uma técnica unificada de recolhimento, responsabilidade pelo pagamento de tributos,
fiscalização e controle dos impostos e das contri-
buições previdenciárias”. não podem ser opostas à Fazenda Pública,
para modificar a definição legal do sujeito pas-
“8. Os entes tributantes (União e INSS, por exem- sivo das obrigações tributárias correspondentes.
plo) sujeitam-se aos procedimentos desburocra-
tizados de arrecadação das exações que lhe são Jurisprudência: “3. No sistema tributário, as
devidas, confirmando, porém, o exercício da au- convenções particulares não são oponíveis à Fa-
tonomia competencial outorgada por lei”. (...) zenda Pública. A relação tributária se estabelece
entre o Fisco, de um lado, como seu sujeito ativo,
Art. 120. Salvo disposição de lei em contrá- e, de outro, o contribuinte, como seu sujeito pas-
rio, a pessoa jurídica de direito público, que se sivo. É uma relação de natureza objetiva, onde
não devem ser admitidos elementos estranhos,
constituir pelo desmembramento territorial de a teor do disposto no art. 123 do CTN”. [STJ, 2.ª T.,
outra, subroga-se nos direitos desta, cuja legis- REsp 1.285.939/ES, Rel. Min. Humberto Martins, j.
lação tributária aplicará até que entre em vigor a 13.08.2013, DJe 26.08.2013].
sua própria.
Art. 124. São solidariamente obrigadas:

28
#LEGIS

I - as pessoas que tenham interesse co- II - a isenção ou remissão de crédito exo-


mum na situação que constitua o fato ge- nera todos os obrigados, salvo se outor-
rador da obrigação principal; gada pessoalmente a um deles, subsis-
II - as pessoas expressamente designadas tindo, nesse caso, a solidariedade quanto
por lei. aos demais pelo saldo;
III - a interrupção da prescrição, em favor
Parágrafo único. A solidariedade referida ou contra um dos obrigados, favorece ou
neste artigo não comporta benefício de ordem. prejudica aos demais.

Comentário: Em Direito Tributário, não existe Jurisprudência: “(...) 3. O despacho de citação


solidariedade ativa. A lei apenas prevê hipóte- do contribuinte (alienante do imóvel) interrompe
ses de solidariedade entre sujeito passivos. a prescrição com relação ao responsável solidá-
rio (adquirente), nos termos do art. 125, III, c/c o
art. 174, parágrafo único, I, todos do CTN”. [STJ,
Jurisprudência: “1. Todas as espécies tributá- 2.ª T., REsp 1.319.319/RS, Rel. Min. Eliana Calmon,
rias, entre as quais as contribuições de segurida- j. 15.10.2013, DJe 24.10.2013].
de social, estão sujeitas às normas gerais de di-
reito tributário” [STF, Tribunal Pleno, RE 562.276/ “(...) 4. Havendo solidariedade passiva pela quan-
PR]. tia cobrada em juízo, aplica-se o disposto no art.
125, III, do CTN, o qual estabelece que a interrup-
2. O Código Tributário Nacional estabelece algu- ção do prazo prescricional em relação a um dos
mas regras matrizes de responsabilidade tributá- executados também atinge os demais devedo-
ria, como a do art. 135, III, bem como diretrizes res. (...).” [STJ, 2.ª T., REsp 1.164.558/SP, Rel. Min.
para que o legislador de cada ente político esta- Castro Meira, j. 09.03.2010, DJe 22.03.2010].
beleça outras regras específicas de responsabili-
dade tributária relativamente aos tributos da sua Art. 126. A capacidade tributária passiva
competência, conforme seu art. 128.
independe:
3. O preceito do art. 124, II, no sentido de que são
solidariamente obrigadas “as pessoas expressa- I - da capacidade civil das pessoas natu-
mente designadas por lei”, não autoriza o legis- rais;
lador a criar novos casos de responsabilidade II - de achar-se a pessoa natural sujeita a
tributária sem a observância dos requisitos exi- medidas que importem privação ou li-
gidos pelo art. 128 do CTN, tampouco a descon- mitação do exercício de atividades civis,
siderar as regras matrizes de responsabilidade comerciais ou profissionais, ou da adminis-
de terceiros estabelecidas em caráter geral pelos tração direta de seus bens ou negócios;
arts. 134 e 135 do mesmo diploma. A previsão le-
gal de solidariedade entre devedores – de modo III - de estar a pessoa jurídica regular-
que o pagamento efetuado por um aproveite aos mente constituída, bastando que configu-
demais, que a interrupção da prescrição, em fa- re uma unidade econômica ou profissional.
vor ou contra um dos obrigados, também lhes te-
nha efeitos comuns e que a isenção ou remissão Jurisprudência: “(...)1. Nos termos do art. 126 do
de crédito exonere a todos os obrigados quando CTN, a capacidade tributária passiva indepen-
não seja pessoal (art. 125 do CTN) – pressupõe de da capacidade civil, de modo que uma filial
que a própria condição de devedor tenha sido es- poderá ser considerada contribuinte indepen-
tabelecida validamente. (...) dente da sua respectiva sede e de outras filiais
da mesma pessoa jurídica. Assim, não obstante
Art. 125. Salvo disposição de lei em con- a relação de subordinação jurídica existente entre
a matriz e suas filiais, à luz da legislação tributá-
trário, são os seguintes os efeitos da solidarie- ria, cada ente configura um contribuinte distinto,
dade: com apurações próprias e apartadas das demais.
É o que se verifica dos autos, em que o CNPJ n°
I - o pagamento efetuado por um dos obri- 88304001000170 refere-se à matriz (f1.7 1), en-
gados aproveita aos demais; quanto que o CNPJ n° 88304001000928 designa a

29
#LEGIS

filial, ora impetrante”. [STJ, AGRAVO EM RECURSO triz ou de outras filiais. (...)” [STJ, 2.ª T., AgRg no
ESPECIAL Nº 1.494.369 - SP (2019/0119982-0)]. Ag em REsp 192.658/AM, Rel. Min. Castro Meira, j.
23.10.2012, DJe 06.11.2012].
Art. 127. Na falta de eleição, pelo contri- “(...) 2. A jurisprudência desta Corte Superior de
buinte ou responsável, de domicílio tributário, Justiça é no sentido de que a matriz não tem le-
na forma da legislação aplicável, considera-se gitimidade para representar processualmente
como tal: as filiais nos casos em que o fato gerador do tri-
buto se dá de maneira individualizada em cada
Comentário: Em Direito Tributário, a regra é o estabelecimento comercial/industrial. (...)” [STJ,
domicílio de eleição, estabelecendo o CTN as 2.ª T., AgRg no Ag em REsp 73.337/MA, Rel. Min.
respectivas exceções. Mauro Campbell Marques, j. 06.12.2011, DJe
13.12.2011].
I - quanto às pessoas naturais, a sua re-
sidência habitual, ou, sendo esta incerta Anotações gerais sobre os artigos anteriores:
ou desconhecida, o centro habitual de sua
atividade;
II - quanto às pessoas jurídicas de direito
privado ou às firmas individuais, o lugar
da sua sede, ou, em relação aos atos ou
fatos que derem origem à obrigação, o de
cada estabelecimento;
III - quanto às pessoas jurídicas de direito
público, qualquer de suas repartições no
território da entidade tributante.
§ 1º Quando não couber a aplicação das
regras fixadas em qualquer dos incisos des-
te artigo, considerar-se-á como domicílio
tributário do contribuinte ou responsável
o lugar da situação dos bens ou da ocor-
rência dos atos ou fatos que deram origem
à obrigação.
§ 2º A autoridade administrativa pode re-
cusar o domicílio eleito, quando impossi-
bilite ou dificulte a arrecadação ou a fis-
calização do tributo, aplicando-se então a
regra do parágrafo anterior.

Jurisprudência:

Súmula 435 do STJ: Presume-se dissolvida irre-


gularmente a empresa que deixar de funcionar
no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos
órgãos competentes, legitimando o redireciona-
mento da execução fiscal para o sócio-gerente.

“(...) 2. O art. 127, I, do CTN consagra o princípio


da autonomia de cada estabelecimento da em-
presa que tenha o respectivo CNPJ, o que justi-
fica o direito à certidão positiva com efeito de
negativa em nome de filial de grupo econômico,
ainda que fiquem pendências tributárias da ma-

30
#LEGIS

Para Fixação: a) a notificação do auto de infração faz cessar


a contagem da decadência para a constituição
Ano: 2020/ Banca: CESPE/ SEFAZ-AL. do crédito tributário.

A respeito de responsabilidade, de obrigação e b) o mandado de segurança não constitui ação


de administração tributária, julgue o item sub- adequada para a declaração do direito à com-
sequente. pensação tributária.

Auditor fiscal que, com o intuito de beneficiar c) o benefício da denúncia espontânea se apli-
terceiro devedor de tributos, expedir certidão ca aos tributos sujeitos a lançamento por ho-
negativa ignorando os débitos fiscais devidos mologação regularmente declarados, mas pa-
será responsabilizado pessoalmente pelo cré- gos a destempo.
dito tributário e pelos juros de mora acresci-
dos. d) a decretação da indisponibilidade de bens e
direitos, na forma do Código Tributário Nacio-
( )Certo. nal, dispensa o exaurimento das diligências na
( )Errado. busca por bens penhoráveis.

e) a compensação de créditos tributários pode


ser deferida em ação cautelar ou por medida
Ano: 2019/ Banca: AOCP/ TJ-MG Juiz Leigo. liminar cautelar ou antecipatória.

Acerca da obrigação tributária, assinale a alter- Anotações:


nativa correta.

a) A obrigação tributária é principal ou acessó-


ria, e esta, pelo simples fato de sua inobservân-
cia, converte-se em obrigação principal relati-
vamente à penalidade pecuniária.

b) A obrigação acessória decorre da legislação


tributária e tem por objeto as prestações posi-
tivas nela previstas no interesse da arrecada-
ção ou da fiscalização dos tributos.

c) A obrigação principal surge com a ocorrência


do fato gerador, tem por objeto o pagamento
de tributo e extingue-se juntamente com o cré-
dito dele decorrente.

d) O sujeito ativo da obrigação tributária é a


pessoa de direito público, titular da compe-
tência para exigir seu cumprimento, e o direi-
to passivo da obrigação tributária é a pessoa
obrigada ao seu pagamento, que reveste obri-
gatoriamente a condição de contribuinte.

Ano: 2019/ Banca: VUNESP/ TJ-RJ Juiz Subs-


tituto.

Com base na jurisprudência do Superior Tribu-


nal de Justiça, é correto afirmar que
Gabarito: 01 – C | 02 - A| 03 - A

31
#LEGIS

DIA 6 “É devida a restituição da diferença do ICMS pago


a mais no regime de substituição tributária para
frente se a base de cálculo efetiva da operação
Disciplina: Direito Tributário for inferior à presumida. (...) De acordo com o art.
150, § 7º, in fine, da Constituição da República,
Responsável: Prof. Tiago Melo.
a cláusula de restituição do excesso e respectivo
Dia 06: Do Art. 128 ao 138. direito à restituição se aplicam a todos os casos em
que o fato gerador presumido não se concretize
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3 empiricamente da forma como antecipadamente
tributado. Altera-se parcialmente o precedente
firmado na ADI 1.851, de relatoria do ministro
Ilmar Galvão, de modo que os efeitos jurídicos
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste desse novo entendimento orientam apenas
capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso os litígios judiciais futuros e os pendentes
a responsabilidade pelo crédito tributário a submetidos à sistemática da repercussão geral.”
[STF, RE 593.849, rel. min. Edson Fachin, j. 19-10-
terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da 2016, P, DJE de 5-4-2017, Tema 201].
respectiva obrigação, excluindo a responsabili-
dade do contribuinte ou atribuindo-a a este em “Na substituição tributária, sempre teremos duas
caráter supletivo do cumprimento total ou par- normas: a) a norma tributária impositiva, que
cial da referida obrigação. estabelece a relação contributiva entre o contri-
buinte e o fisco; b) a norma de substituição tri-
Comentários: Ver art. 150, § 7º, CF/88 e art. 97, III, butária, que estabelece a relação de colaboração
parte final, CTN. entre outra pessoa e o fisco, atribuindo-lhe o de-
ver de recolher o tributo em lugar do contribuin-
te. A validade do regime de substituição tributá-
Jurisprudência: “Art. 1º do decreto 39.647/1999, ria depende da atenção a certos limites no que
pelo qual alterado o art. 8º do regulamento do diz respeito a cada uma dessas relações jurídicas.
ICMS no Rio Grande do Sul. (...) Nos termos do Não se pode admitir que a substituição tributária
§ 7º do art. 150 da Constituição da República ‘a resulte em transgressão às normas de competên-
lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação cia tributária e ao princípio da capacidade con-
tributária a condição de responsável pelo paga- tributiva, ofendendo os direitos do contribuinte,
mento de imposto ou contribuição, cujo fato ge- porquanto o contribuinte não é substituído no
rador deva ocorrer posteriormente, assegurada seu dever fundamental de pagar tributos. A par
a imediata e preferencial restituição da quantia disso, há os limites à própria instituição do dever
paga, caso não se realize o fato gerador presumi- de colaboração que asseguram o terceiro substi-
do’. Desnecessidade de lei complementar. Este tuto contra o arbítrio do legislador. A colaboração
Supremo Tribunal já decidiu sobre a legalidade dele exigida deve guardar respeito aos princípios
da cobrança antecipada do Imposto sobre Circu- da razoabilidade e da proporcionalidade, não se
lação de Mercadorias e Serviços – ICMS no regime lhe podendo impor deveres inviáveis, excessiva-
de substituição tributária, mensurada segundo o mente onerosos, desnecessários ou ineficazes.
estoque de mercadorias desde que observados Não há qualquer impedimento a que o legislador
os princípios da irretroatividade e da anteriorida- se valha de presunções para viabilizar a substitui-
de geral e nonagesimal. As normas impugnadas ção tributária, desde que não lhes atribua cará-
estabelecem o regime de substituição tributária ter absoluto. A retenção e recolhimento de 11%
‘para frente’, ou ‘progressiva’ alcançando merca- sobre o valor da nota fiscal é feita por conta do
dorias em estoque de profusa distribuição dentro montante devido, não descaracterizando a con-
dos Estados como discos, lâminas de barbear, is- tribuição sobre a folha de salários na medida em
queiros, pilhas, baterias elétricas e sorvetes, não que a antecipação é em seguida compensada
se verificando, na espécie, afronta aos princípios pelo contribuinte com os valores por ele apura-
da irretroatividade e da anterioridade”. [STF, ADI dos como efetivamente devidos forte na base de
2.044, rel. min. Cármen Lúcia, j. 20-11-2019, P, DJE cálculo real. Ademais, resta assegurada a restitui-
de 9-12-2019]. ção de eventuais recolhimentos feitos a maior”.
[STF, RE 603.191, rel. min. Ellen Gracie, j. 1º-8-
2011, P, DJE de 5-9-2011, Tema 302].

32
#LEGIS

Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se rência dos fatos geradores é anterior ao ato
por igual aos créditos tributários definitiva- de aquisição originária da propriedade”. [STJ,
mente constituídos ou em curso de constitui- REsp 1.668.058-ES, Rel. Min. Mauro Campbell
ção à data dos atos nela referidos, e aos consti- Marques, por unanimidade, julgado em 8/6/2017,
tuídos posteriormente aos mesmos atos, desde DJe 14/6/2017].
que relativos a obrigações tributárias surgidas
até a referida data. Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

Jurisprudência: I - o adquirente ou remitente, pelos tribu-


tos relativos aos bens adquiridos ou remi-
“(...) 2. A responsabilidade tributária não está dos;
limitada aos tributos devidos pelos sucedidos, II - o sucessor a qualquer título e o cônju-
mas também se refere às multas, moratórias ou ge meeiro, pelos tributos devidos pelo de
de outra espécie, que, por representarem dívida cujus até a data da partilha ou adjudicação,
de valor, acompanham o passivo do patrimô- limitada esta responsabilidade ao montan-
nio adquirido pelo sucessor”. [STJ, 2.ª T., REsp te do quinhão do legado ou da meação;
1.017.186/SC, Rel. Min. Castro Meira, j. 11.03.2008,
III - o espólio, pelos tributos devidos pelo
DJe 27.03.2008].
de cujus até a data da abertura da sucessão.
“3. Nada obstante os art. 132 e 133 apenas refi-
ram-se aos tributos devidos pelo sucedido, o art. Comentário: Para a doutrina, o dispositivo traz
129 dispõe que o disposto na Seção II do Código hipótese de responsabilidade exclusiva dos su-
Tributário Nacional aplica-se por igual aos cré- cessores.
ditos tributários definitivamente constituídos
ou em curso de constituição, compreendendo o
crédito tributário não apenas as dívidas decor- Jurisprudência:
rentes de tributos, mas também de penalidades
pecuniárias (art. 139 c/c § 1.º do art. 113 do CTN). Súmula 554 do STJ: Na hipótese de sucessão
(...)” [STJ, 2.ª T., REsp 1.017.186/SC, Rel. Min. Cas- empresarial, a responsabilidade da sucessora
tro Meira, j. 11.03.2008, DJe 27.03.2008]. abrange não apenas os tributos devidos pela
sucedida, mas também as multas moratórias ou
punitivas referentes a fatos geradores ocorridos
Art. 130. Os créditos tributários relativos até a data da sucessão.
a impostos cujo fato gerador seja a proprieda-
de, o domínio útil ou a posse de bens imóveis,
Art. 132. A pessoa jurídica de direito priva-
e bem assim os relativos a taxas pela prestação
do que resultar de fusão, transformação ou in-
de serviços referentes a tais bens, ou a contribui-
corporação de outra ou em outra é responsável
ções de melhoria, subrogam-se na pessoa dos
pelos tributos devidos até à data do ato pelas
respectivos adquirentes, salvo quando conste
pessoas jurídicas de direito privado fusionadas,
do título a prova de sua quitação.
transformadas ou incorporadas.
Parágrafo único. No caso de arrematação
Parágrafo único. O disposto neste artigo
em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o
aplica-se aos casos de extinção de pessoas ju-
respectivo preço.
rídicas de direito privado, quando a exploração
da respectiva atividade seja continuada por
Jurisprudência: “Desapropriação. Aquisição ori- qualquer sócio remanescente, ou seu espólio,
ginária de propriedade. Exigibilidade de tributos sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma
anteriores ao ato desapropriatório. Ausência de
individual.
responsabilidade do ente expropriante.”

“O ente desapropriante não responde por tri- Jurisprudência: “(...) 5. Ademais, por ocasião
butos incidentes sobre o imóvel desapropria- do julgamento dos EREsp 1.695.790/SP (DJe
do nas hipóteses em que o período de ocor- 26.3.2019), consagrou-se no STJ a orientação de

33
#LEGIS

que a sucessão empresarial não se equipara à hi- Jurisprudência: “(...) 3. O acórdão recorrido
pótese de identificação errônea do sujeito passi- permitiu o redirecionamento da Execução Fiscal
vo, pois a empresa sucessora assume todo o pa- ante o reconhecimento da existência de suces-
trimônio da empresa sucedida, respondendo em são empresarial de fato, firmando-se nos seguin-
nome próprio pela dívida desta última. Inexistindo tes fundamentos (fls. 577-579, e-STJ): “(...) Nessa
comunicação adequada, antes do lançamento, aos ordem de ideias, a conclusão de que houve su-
órgãos cadastrais competentes (que pode ser, além cessão empresarial de fato, nos exatos termos do
do Detran, órgão da Administração Fazendária, parágrafo único, do art. 132 do CTN, mostra-se
conforme eventual disciplina da legislação tribu- inafastável. (...) Percebe-se, pois, que restaram
tária do ente tributante), a hipótese enseja respon- identificados a transferência do fundo de comér-
sabilidade tributária automática da empresa incor- cio entre a empresa sucedida e a sucessora por
poradora, independentemente de qualquer outra meio da prática de atos de comércio realizados
diligência do ente público credor”. [STJ, 2ª T, REsp entre comerciantes, admitindo a construção de
1696242 / SP]. uma presunção calcada em indícios para estabe-
lecer a sucessão de empresas e da responsabili-
“(...) 2. Embora não conste expressamente do rol dade tributária. Assim, para que haja o redirecio-
do art. 132 do CTN, a cisão da sociedade modalida- namento da execução à empresa apontada como
de de mutação empresarial sujeita, para efeito de sucessora, não se faz necessária a prévia com-
responsabilidade tributária, ao mesmo tratamento provação da responsabilidade tributária desta,
jurídico conferido às demais espécies de sucessão bastando, neste momento, a presença de fortes
(REsp 970.585/RS, 1.ª T., Min. José Delgado, DJe indícios apontando para a sucessão comercial”.
07.04.2008). (...)” [STJ, 1.ª T., REsp 852.972/PR, [REsp 1766934/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJA-
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, j. 25.05.2010, DJe MIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 12/03/2019,
08.06.2010]. DJe 02/08/2019].

Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de di- (...)


reito privado que adquirir de outra, por qualquer
título, fundo de comércio ou estabelecimento co- 7. A Corte de origem, com fundamento no su-
porte fático-probatório dos autos, reconheceu a
mercial, industrial ou profissional, e continuar existência de sucessão empresarial e concluiu se
a respectiva exploração, sob a mesma ou outra tratar de hipótese de aplicação da responsabili-
razão social ou sob firma ou nome individual, res- dade solidária estabelecida no art. 133, I, do CTN,
ponde pelos tributos, relativos ao fundo ou esta- porquanto suficientemente provado nos autos
belecimento adquirido, devidos até à data do ato: que uma empresa adquiriu o fundo de comér-
cio de outra, ainda que através de subterfúgios
I - integralmente, se o alienante cessar a ex- jurídicos, fato apto a atribuir a responsabilidade
ploração do comércio, indústria ou atividade; pelo débito executado solidariamente a ambas.
II - subsidiariamente com o alienante, se
(...)
este prosseguir na exploração ou iniciar den-
tro de seis meses a contar da data da aliena-
“1. A responsabilidade do art. 133 do CTN ocorre
ção, nova atividade no mesmo ou em outro
pela aquisição do fundo de comércio ou estabe-
ramo de comércio, indústria ou profissão.
lecimento, ou seja, pressupõe a aquisição da pro-
priedade com todos os poderes inerentes ao do-
Anotações gerais sobre os artigos anteriores: mínio, o que não se caracteriza pela celebração
de contrato de locação, ainda que mantida a mes-
ma atividade exercida pelo locador. Precedente:
REsp 108.873/SP, Rel. Ministro ARI PARGENDLER,
SEGUNDA TURMA, julgado em 04/03/1999, DJ
12/04/1999 p. 111.” [REsp 1140655/PR, Rel. Minis-
tra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado
em 17/12/2009, DJe 19/02/2010].

2. O Direito tributário utiliza-se dos institutos,


conceitos e formas de Direito privado tal qual uti-

34
#LEGIS

lizados nos ramos jurídicos específicos, sendo- cipal pelo contribuinte, respondem solidaria-
-lhe vedado modificar-lhes o conteúdo, sentido mente com este nos atos em que intervierem ou
e alcance. pelas omissões de que forem responsáveis:
3. Recurso especial não provido.
Comentários: Apesar de o dispositivo falar em
“(...) 2. A responsabilidade tributária dos suces- solidariedade, trata, em verdade, de hipóteses
sores de pessoa natural ou jurídica (CTN, art. 133) de responsabilidade subsidiária, uma vez que
estende-se às multas devidas pelo sucedido, se- o Fisco só pode cobrar dos responsáveis no caso
jam elas de caráter moratório ou punitivo. Prece- de impossibilidade de adimplemento pelo con-
dentes.” [REsp 544.265/CE, Rel. Min. Teori Albino tribuinte e no que diz respeito a atuação imputá-
Zavascki, 1.ª T., j. 16.11.2004, DJ 21.02.2005, p. vel a tais responsáveis.
110] (...) [STJ, 2.ª T., AgRg no REsp 1.321.958/RS,
Rel. Min. Humberto Martins, j. 04.10.2012, DJe I - os pais, pelos tributos devidos por seus
16.10.2012]. filhos menores;
II - os tutores e curadores, pelos tributos
§ 1º O disposto no caput deste artigo não devidos por seus tutelados ou curatelados;
se aplica na hipótese de alienação judi-
cial: III - os administradores de bens de tercei-
ros, pelos tributos devidos por estes;
I – em processo de falência; IV - o inventariante, pelos tributos devidos
pelo espólio;
II – de filial ou unidade produtiva isolada,
em processo de recuperação judicial. V - o síndico e o comissário, pelos tributos
devidos pela massa falida ou pelo concor-
§ 2º Não se aplica o disposto no § 1º deste datário;
artigo quando o adquirente for:
Comentários: A Lei n. 11.101/2005 não mais fala
I – sócio da sociedade falida ou em recu- em síndico e comissário, expressões hoje substi-
peração judicial, ou sociedade controlada tuídas pelo termo administrador judicial.
pelo devedor falido ou em recuperação ju-
dicial; VI - os tabeliães, escrivães e demais ser-
II – parente, em linha reta ou colateral até ventuários de ofício, pelos tributos devi-
o 4o (quarto) grau, consanguíneo ou afim, dos sobre os atos praticados por eles, ou
do devedor falido ou em recuperação judi- perante eles, em razão do seu ofício;
cial ou de qualquer de seus sócios; ou VII - os sócios, no caso de liquidação de so-
III – identificado como agente do falido ciedade de pessoas.
ou do devedor em recuperação judicial
com o objetivo de fraudar a sucessão tri- Parágrafo único. O disposto neste artigo só
butária. se aplica, em matéria de penalidades, às de ca-
ráter moratório.
§ 3º Em processo da falência, o produto
da alienação judicial de empresa, filial ou
unidade produtiva isolada permanecerá Jurisprudência: “...flagrante ausência de tec-
em conta de depósito à disposição do nicidade legislativa se verifica no artigo 134, do
juízo de falência pelo prazo de 1 (um) ano, CTN, em que se indica hipótese de responsabili-
contado da data de alienação, somente dade solidária ‘nos casos de impossibilidade de
podendo ser utilizado para o pagamento de exigência do cumprimento da obrigação princi-
créditos extraconcursais ou de créditos que pal pelo contribuinte’, uma vez cediço que o ins-
preferem ao tributário. tituto da solidariedade não se coaduna com o
benefício de ordem ou de excussão. Em verdade,
o aludido preceito normativo cuida de responsa-
Art. 134. Nos casos de impossibilidade de bilidade subsidiária”. [STJ, 1a S., EREsp 446.955/
exigência do cumprimento da obrigação prin- SC, DJe de 19/5/2008].

35
#LEGIS

“(...)2. Nos termos do art. 134 do CTN, nos casos (...)


de impossibilidade de exigência do cumprimen-
to da obrigação principal, respondem solidaria- TESE REPETITIVA: 14. Para fins dos arts. 1.036
mente os sócios, no caso de liquidação de socie- e seguintes do CPC/2015, fica assim resolvida a
dade de pessoas, nos atos em que intervierem controvérsia repetitiva:
ou pelas omissões de que forem responsáveis.
(...)” [STJ, 2.ª T., AgRg no Ag em REsp 387.020/DF, (i) o prazo de redirecionamento da
Rel. Min. Humberto Martins, j. 17.10.2013, DJe Execução Fiscal, fixado em cinco anos,
25.10.2013]. contado da diligência de citação da pessoa
jurídica, é aplicável quando o referido ato
Art. 135. São pessoalmente responsáveis ilícito, previsto no art. 135, III, do CTN, for
pelos créditos correspondentes a obrigações precedente a esse ato processual;
tributárias resultantes de atos praticados com (ii) a citação positiva do sujeito passivo
excesso de poderes ou infração de lei, contrato devedor original da obrigação tributária,
social ou estatutos: por si só, não provoca o início do prazo
prescricional quando o ato de dissolução
I - as pessoas referidas no artigo anterior; irregular for a ela subsequente, uma vez
que, em tal circunstância, inexistirá, na
II - os mandatários, prepostos e emprega- aludida data (da citação), pretensão contra
dos; os sócios-gerentes (conforme decidido no
III - os diretores, gerentes ou representan- REsp 1.101.728/SP, no rito do art. 543-C
tes de pessoas jurídicas de direito privado. do CPC/1973, o mero inadimplemento da
exação não configura ilícito atribuível aos
sujeitos de direito descritos no art. 135 do
Jurisprudência: CTN). O termo inicial do prazo prescricional
para a cobrança do crédito dos sócios-
Súmula 430 do STJ: O inadimplemento da obri- gerentes infratores, nesse contexto, é a data
gação tributária pela sociedade não gera, por si da prática de ato inequívoco indicador do
só, a responsabilidade solidária do sócio-geren- intuito de inviabilizar a satisfação do crédito
te. tributário já em curso de cobrança executiva
promovida contra a empresa contribuinte,
Súmula 435 do STJ: Presume-se dissolvida irre- a ser demonstrado pelo Fisco, nos termos
gularmente a empresa que deixar de funcionar do art. 593 do CPC/1973 (art. 792 do novo
no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos CPC - fraude à execução), combinado com
órgãos competentes, legitimando o redireciona- o art. 185 do CTN (presunção de fraude
mento da execução fiscal para o sócio-gerente. contra a Fazenda Pública); e,
(iii) em qualquer hipótese, a decretação
“(...) 3. Na demanda, almeja-se definir, como da prescrição para o redirecionamento
muito bem sintetizou o eminente Ministro Napo- impõe seja demonstrada a inércia da
leão Nunes Maia Filho, o termo inicial da prescri- Fazenda Pública, no lustro que se seguiu
ção para o redirecionamento, especialmente na à citação da empresa originalmente
hipótese em que se deu a dissolução irregular, devedora (REsp 1.222.444/RS) ou ao ato
conforme reconhecido no acórdão do Tribunal a inequívoco mencionado no item anterior
quo, após a citação da pessoa jurídica. Destaca- (respectivamente, nos casos de dissolução
-se, como premissa lógica, a precisa manifesta- irregular precedente ou superveniente à
ção do eminente Ministro Gurgel de Faria, favorá- citação da empresa), cabendo às instâncias
vel a que “terceiros pessoalmente responsáveis ordinárias o exame dos fatos e provas
(art. 135 do CTN), ainda que não participantes atinentes à demonstração da prática de
do processo administrativo fiscal, também po- atos concretos na direção da cobrança
dem vir a integrar o polo passivo da execução, do crédito tributário no decurso do prazo
não para responder por débitos próprios, mas prescricional. (...).
sim por débitos constituídos em desfavor da em-
presa contribuinte””. [STJ, REsp 1201993/SP, Rel.
Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SEÇÃO, Art. 136. Salvo disposição de lei em con-
julgado em 08/05/2019, DJe 12/12/2019]. trário, a responsabilidade por infrações da le-

36
#LEGIS

gislação tributária independe da intenção do “6. Não tendo efetivamente a COOPERSUCAR


agente ou do responsável e da efetividade, natu- praticado nenhuma infração tributária - tan-
reza e extensão dos efeitos do ato. to que o Fisco Paulista nada lhe imputou, nes-
se sentido, e também sequer a autuou sob tal
fundamento - não há como atribuir-lhe, sem a
Jurisprudência: demonstração da necessária conduta ilícita, a
alegada responsabilidade pela dita infração (a
Súmula 509 do STJ: É lícito ao comerciante de mencionada tredestinação da mercadoria); a
boa-fé aproveitar os créditos de ICMS decorren- orientação de que, em casos assim, não surge a
tes de nota fiscal posteriormente declarada ini- responsabilidade tributária, já foi adotada pelo
dônea, quando demonstrada a veracidade da egrégio STJ, pela voz dos seus mais eminentes
compra e venda. julgadores. (...)”.

“O adquirente de boa-fé não pode ser responsa- (...) 3. Muito embora a regra seja a responsabili-
bilizado pelo tributo que deixou de ser oportu- dade objetiva pelo cometimento de infrações tri-
namente recolhido pela empresa vendedora que butárias (art. 136, do CTN e art. 94, caput e §2º,
realizou a operação mediante indevida emissão do Decreto-Lei n. 37/66), a responsabilidade sub-
de nota fiscal”. [STJ, AREsp 1.198.146-SP, Rel. Min. jetiva é admitida quando a lei assim o estabele-
Gurgel de Faria, por unanimidade, julgado em ce. Tal ocorre no art. 95, I, do Decreto-Lei n. 37/66
04/12/2018, DJe 18/12/2018]. que exige o concurso, e no art. 95, II, que em
interpretação conjunta com o art. 112, do CNT,
“(...)3. Na definição do art. 121, II do CTN, o res- exige a culpa in eligendo ou in vigilando, confor-
ponsável tributário é aquele que, sem revestir a me a jurisprudência consagrada na Súmula 138
condição de contribuinte, seja ex vi legis obriga- do extinto TFR: “A pena de perdimento de veí-
do a satisfazer o dever jurídico de pagar o tributo; culo utilizado em contrabando ou descaminho
a reflexão sobre o fundamento da emergência da somente é aplicada se demonstrada a respon-
responsabilidade tributária - de quem não reves- sabilidade do proprietário na prática do delito”.
te a condição de contribuinte - pelo pagamento (...). [STJ, REsp 1371211/PR, Rel. Ministro MAURO
de tributos”. [STJ, REsp 1574489/SP, Rel. Ministro CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TUR- em 02/10/2014, DJe 08/10/2014].
MA, julgado em 21/09/2017, DJe 03/10/2017].
Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao
“4. No caso de cometimento de infrações, alvitra- agente:
-se a chamada (e abominável) responsabilidade
tributária objetiva, que se ancoraria (no dizer dos
que a sustentam) no art. 136 do CTN, mas essa I - quanto às infrações conceituadas por
sugestão é absolutamente contrária aos princí- lei como crimes ou contravenções, salvo
pios do Direito Público moderno e, em especial, quando praticadas no exercício regular de
ao sistema do CTN, porquanto esse Código pro- administração, mandato, função, cargo ou
clama, nos seus arts. 108, IV e 112, que a inter- emprego, ou no cumprimento de ordem ex-
pretação da lei tributária se fará com a aplicação pressa emitida por quem de direito;
da equidade e do princípio in dubio pro contri-
buinte, conforme já assinalou o preclaro Ministro Jurisprudência: “(...) 1. A responsabilidade pes-
TEORI ALBINO ZAVASCKI (REsp. 494.080/RJ, DJ soal do agente público por força das obrigações
16.11.2004)”. [STJ, REsp 1574489/SP, Rel. Ministro tributárias só incide quando pratica atos com
NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TUR- excesso de poder ou infração à Lei atuando com
MA, julgado em 21/09/2017, DJe 03/10/2017]. dolo o que é diverso do exercício regular de admi-
nistração, mandato, função, cargo ou emprego.
“5. Insigne Ministro LUIZ FUX, ao analisar esse Inteligência do art. 137, I do CTN. (...)” [STJ, 1.ª T.,
mesmo tema, sob a sistemática do art. 543-C do REsp 981.511/AL, Rel. Min. Luiz Fux, j. 01.12.2009,
CPC (REsp. 1.148.444/MG, DJe 27.04.2010), con- DJe 18.12.2009].
signou no seu voto, para asseverar a indispen-
sabilidade do elemento subjetivo na conduta do
obrigado tributário”. II - quanto às infrações em cuja definição o
dolo específico do agente seja elementar;

37
#LEGIS

III - quanto às infrações que decorram di- em lei ordinária, conforme ressalva ao início do
reta e exclusivamente de dolo específico: art. 136).
(...)
a) das pessoas referidas no artigo 134,
contra aquelas por quem respondem; A tese suscitada no v. acórdão recorrido no sen-
tido de que em matéria de obrigação tributária
b) dos mandatários, prepostos ou empre- a responsabilidade por infrações é sempre ob-
gados, contra seus mandantes, preponen- jetiva, portanto, contraria o entendimento já há
tes ou empregadores; algum tempo pacífico no âmbito desta E. Corte
c) dos diretores, gerentes ou represen- Superior, que admite o afastamento da respon-
tantes de pessoas jurídicas de direito pri- sabilidade objetiva quando se trata de infração
vado, contra estas. cometida dolosamente por terceiro.

Nem poderia ser diferente, considerando que,


Jurisprudência: “(...) Não obstante, conforme no caso em exame, a Recorrente não poderia ter
demonstrado anteriormente, se alguém (com- feito nada para evitar os supostos desvios co-
prador, transportadores ou ambos, em conluio) metidos pela adquirente ou os transportadores,
desviou dolosamente o local de entrega do de modo que atribuir a ela a responsabilidade
bem, somente sobre ele pode recair qualquer mesmo nesse caso seria consagrar, no âmbito
exigência é, em especial, a penalidade (multa)”. tributário, a denominada ‘Teoria do Risco Inte-
[STJ, AgInt no AREsp 1256398]. gral’, inaplicável mesmo nos casos de responsa-
bilidade objetiva do Estado.
Isto em obediência ao art. 135 do CTN, que es-
tabelece que são ‘pessoalmente responsáveis No caso em exame, todas as cautelas foram
pelos créditos correspondentes a obrigações adotadas para certificar-se da regularidade da
tributárias resultantes de atos praticados com adquirente e da própria operação.
excesso de poderes ou infração de lei, contrato
social ou estatutos’ (os incisos I a III relacionam Disto resulta que, se o comprador ou os trans-
os responsáveis). portadores desviaram o local de entrega, tal se
deu mediante dolo específico, ou seja, vontade
Já o art. 137, do mesmo Código, ao tratar espe- deliberada de descumprir o quanto havia sido
cificamente das penalidades tributárias, afirma contratado e a previsão, contida nas Notas Fis-
que ‘a responsabilidade é pessoal do agente’ cais, de que a mercadoria deveria ser entregue
quanto às infrações conceituadas como crimes no local indicado nas mesmas.
ou contravenções (inciso I) e em que há dolo es-
pecífico do agente (incisos II e III). Caso tenham entregue a mercadoria em terri-
tório paulista, praticaram, sem o conhecimento
A leitura de ambos os dispositivos revela que, a da Recorrente, uma segunda operação, esta sim
despeito da responsabilidade objetiva que ca- de natureza interna, recaindo a eles a responsa-
racteriza, em regra, o Direito Tributário (art. 136 bilidade pelo pagamento do imposto (art. 135
do CTN), quando a falta de pagamento decorre do CTN), bem como, e em especial, pela multa
de infração da lei e há dolo especifico do agente, aplicada (art. 137 do CTN).
o que, aliás, é o cerne da acusação e foi corro-
borado pelo v. acórdão, somente dele pode ser Quanto à multa por este desvio, fica mais cla-
exigido quer o imposto, quer, em especial, a pe- ra ainda sua responsabilidade haja vista que a
nalidade. Recorrente não tinha condições de presumir, ou
mesmo desconfiar que, após a tradição, poderia
Sobretudo no que diz respeito à multa, a inter- haveria um desvio no local de entrega, eis que
pretação dos arts. 136 e 137 do CTN revela que todos os documentos indicavam a plena regula-
os dispositivos convivem numa relação har- ridade das adquirentes.
mônica entre norma geral e norma especial.
Isso significa que o art. 136 aplica-se a todas as Além do art. 137 do CTN, aplica-se ao caso o art.
infrações cometidas pelos contribuintes, exceto 112, do mesmo Codex, que impõe a interpreta-
aquelas que se encontram tipificadas no art. 137 ção mais favorável ao acusado quando houver
(além de outras hipóteses porventura previstas dúvida quanto à capitulação legal do ato, às cir-

38
#LEGIS

cunstâncias materiais do fato, à autoria/impu- galmente prevista, a administração tributária po-


tabilidade e à graduação da penalidade. Tal é derá impor a penalidade considerando:
de rigor quando menos no que respeita à multa
imposta. (...). a) a intenção do agente causador.

b) a efetividade do ato.
Art. 138. A responsabilidade é excluída
pela denúncia espontânea da infração, acom- c) a natureza do ato.
panhada, se for o caso, do pagamento do tri-
buto devido e dos juros de mora, ou do depó- d) a extensão dos efeitos do ato.
sito da importância arbitrada pela autoridade
administrativa, quando o montante do tributo e) a ocorrência do ato.
dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espon- Ano: 2017/ Banca: PGR/ Procurador da Repú-
tânea a denúncia apresentada após o início blica.
de qualquer procedimento administrativo ou
medida de fiscalização, relacionados com a in- SOBRE A RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA É IN-
fração. CORRETO AFIRMAR QUE:

a) o inadimplemento da obrigação tributária pela


Jurisprudência: sociedade gera, por si só, a responsabilidade so-
lidária do sócio-gerente;
Súmula 360 do STJ: O benefício da denúncia
espontânea não se aplica aos tributos sujeitos b) na hipótese de sucessão empresarial, a res-
a lançamento por homologação regularmente ponsabilidade da sucessora abrange não apenas
declarados, mas pagos a destempo. os tributos devidos pela sucedida, mas também
as multas moratórias ou punitivas referentes a
“(...) 2. O STJ firmou entendimento de que a de- fatos geradores ocorridos até a data da sucessão;
núncia espontânea não tem o condão de afastar
a multa decorrente recolhimento do tributo fora c) a lei poderá atribuir a sujeito passivo de obri-
do prazo legal, já que os efeitos do art. 138 do gação tributária a condição de responsável pelo
CTN não se estendem às obrigações acessórias. pagamento de imposto ou contribuição, cujo
(...)” [STJ, 2.ª T., AgRg no Ag em REsp 88.344/ fato gerador deva ocorrer posteriormente, asse-
SP, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 17.12.2013, DJe gurada a imediata e preferencial restituição da
07.02.2014]. quantia paga, caso não se realize o fato gerador
presumido;
1. O instituto da denúncia espontânea (art. 138
do CTN) não se aplica nos casos de parcelamen- d) a lei pode atribuir de modo expresso a res-
to de débito tributário. [STJ, REsp 1102577/DF, ponsabilidade pelo crédito tributário a terceira
Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, PRIMEIRA SE- pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva
ÇÃO, julgado em 22/04/2009, DJe 18/05/2009]. obrigação, excluindo a responsabilidade do con-
tribuinte ou atribuindo-a a este em caráter suple-
2. Recurso Especial provido. Acórdão sujeito tivo do cumprimento total ou parcial da referida
ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução obrigação.
8/2008 do STJ.

Para Fixação: Ano: 2017/ Banca: FMP Concursos/ PGE-AC.

Ano: 2019/ Banca: CESPE/ SEFAZ-RS. O art. 134, VII, do CTN menciona que são solida-
riamente responsáveis com o contribuinte em
Verificada situação que enseje a imposição de caso de impossibilidade de exigência os sócios,
multa em decorrência de infração tributária le- no caso de liquidação de sociedades de pessoas.
Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA.

39
#LEGIS

a) As sociedades limitadas são sociedades de


pessoas e, portanto, os sócios deste tipo societá-
rio são solidariamente responsáveis em caso de
liquidação.

b) Os sócios serão responsáveis apenas em caso


de falência e, mesmo assim, apenas os sócios-ge-
rentes.

c) Esta responsabilidade de todos os sócios so-


mente ocorre em caso de falência fraudulenta e
de forma automática.

d) O CTN está a referir apenas os sócios de socie-


dades de pessoas cujo tipo societário não seja o
de responsabilidade limitada.

e) A responsabilidade limitada é instituto de di-


reito comercial que não se aplica ao Fisco.

Anotações:

Gabarito: 01 – E | 02 - A | 03 - D

40
#LEGIS

DIA 7 Súmula 397 do STJ: O contribuinte do IPTU é


notificado do lançamento pelo envio do carnê ao
seu endereço.
Disciplina: Direito Tributário
Súmula 436 do STJ: A entrega de declaração
Responsável: Prof. Tiago Melo.
pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal
Dia 07: Do Art. 139 ao 155-A. constitui o crédito tributário, dispensada qual-
quer outra providência por parte do fisco.
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
Art. 142. Compete privativamente à autori-
dade administrativa constituir o crédito tribu-
Art. 139. O crédito tributário decorre da tário pelo lançamento, assim entendido o pro-
obrigação principal e tem a mesma natureza cedimento administrativo tendente a verificar a
desta. ocorrência do fato gerador da obrigação corres-
pondente, determinar a matéria tributável, cal-
cular o montante do tributo devido, identificar o
Comentários: Crédito tributário é a obrigação
sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação
tributária tornada líquida, certa e exigível pelo
lançamento. da penalidade cabível.

Comentário: O lançamento tributário constitui-


Art. 140. As circunstâncias que modificam
-se em procedimento administrativo com finali-
o crédito tributário, sua extensão ou seus efei- dade dúplice: a um só tempo, verifica se ocorreu,
tos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuí- efetivamente, no mundo fenomênico, a hipótese
dos, ou que excluem sua exigibilidade não afe- legal necessária e suficiente ao nascimento da
tam a obrigação tributária que lhe deu origem. relação jurídica obrigacional tributária; e faz nas-
cer o crédito tributário, que nada mais é do que
Comentários: Apesar da relação estabelecida a obrigação correlata devidamente individualiza-
pelo artigo 139, CTN, crédito tributário e obri- da e quantificada.
gação tributária são realidades jurídicas formal-
mente distintas. A despeito da redação do artigo 142, CTN, há o
lançamento por homologação, que conta com
nítido dever de colaboração do contribuinte na
Art. 141. O crédito tributário regularmente constituição do crédito tributário, cabendo ao
constituído somente se modifica ou extingue, Fisco verificação posterior de legitimidade.
ou tem sua exigibilidade suspensa ou excluí-
da, nos casos previstos nesta Lei, fora dos quais Parágrafo único. A atividade administrativa
não podem ser dispensadas, sob pena de res- de lançamento é vinculada e obrigatória, sob
ponsabilidade funcional na forma da lei, a sua pena de responsabilidade funcional.
efetivação ou as respectivas garantias.
Comentário: Não cabem, no lançamento tribu-
Comentário: Para estabelecer o devido alcance e tário, ponderações discricionárias da autoridade
compreensão da norma acima, ver arts. 111; 142; fiscal.
145; 151 e 156, do CTN.
Art. 143. Salvo disposição de lei em contrá-
Jurisprudência: rio, quando o valor tributário esteja expresso
em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á
Súmula Vinculante 24 do STF: Não se tipifica sua conversão em moeda nacional ao câmbio
crime material contra a ordem tributária, previs- do dia da ocorrência do fato gerador da obriga-
to no art. 1º, incisos I a IV, da Lei 8.137/1990, an-
ção.
tes do lançamento definitivo do tributo.

41
#LEGIS

Art. 144. O lançamento reporta-se à data rel. min. Celso de Mello, j. 23-10-1991, P, DJ de 5-3-
da ocorrência do fato gerador da obrigação e 1993].
rege-se pela lei então vigente, ainda que poste-
riormente modificada ou revogada. “(...) Nos termos do art. 105 do CTN, a legislação
tributária se aplica aos fatos geradores futuros e
pendentes, não se aplicando, portanto, a fatos
§ 1º Aplica-se ao lançamento a legislação
geradores pretéritos, salvo nas hipóteses do art.
que, posteriormente à ocorrência do fato
106 do CTN, o que não é o caso dos autos. Tal con-
gerador da obrigação, tenha instituído no-
clusão também se extrai do caput do art. 144 do
vos critérios de apuração ou processos
CTN, segundo o qual o lançamento reporta-se à
de fiscalização, ampliado os poderes de
data da ocorrência do fato gerador da obrigação
investigação das autoridades administra-
e rege-se pela lei então vigente, ainda que poste-
tivas, ou outorgado ao crédito maiores
riormente modificada ou revogada. (...)”. [STJ, 2.ª
garantias ou privilégios, exceto, neste
T., REsp 1.488.517/RS, Rel. Min. Mauro Campbell
último caso, para o efeito de atribuir res-
Marques, j. 04.11.2014, DJe 10.11.2014].
ponsabilidade tributária a terceiros.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica
aos impostos lançados por períodos cer- Art. 145. O lançamento regularmente no-
tos de tempo, desde que a respectiva lei tificado ao sujeito passivo só pode ser alterado
fixe expressamente a data em que o fato em virtude de:
gerador se considera ocorrido.
I - impugnação do sujeito passivo;
Comentário: Trata-se do Princípio da Irretroativi- II - recurso de ofício;
dade, consagrado pelo art. 150, III, “a”, da CF/88. III - iniciativa de ofício da autoridade ad-
Ver art. 106, CTN. ministrativa, nos casos previstos no artigo
149.
Jurisprudência:
Art. 146. A modificação introduzida, de ofí-
Súmula 577 do STF: Na importação de mercado- cio ou em consequência de decisão administra-
rias do exterior, o fato gerador do imposto de cir- tiva ou judicial, nos critérios jurídicos adotados
culação de mercadorias ocorre no momento de pela autoridade administrativa no exercício do
sua entrada no estabelecimento do importador. lançamento somente pode ser efetivada, em
relação a um mesmo sujeito passivo, quanto a
“O princípio da irretroatividade somente condi-
ciona a atividade jurídica do Estado nas hipóte- fato gerador ocorrido posteriormente à sua in-
ses expressamente previstas pela Constituição, trodução.
em ordem a inibir a ação do poder público even-
tualmente configuradora de restrição gravosa (a) Jurisprudência: “A mudança de critérios classi-
ao status libertatis da pessoa (CF, art. 5º, XL), (b) ficatórios, por parte do Fisco, no lançamento do
ao status subjectionais do contribuinte em maté- imposto de importação e do IPI, não autoriza sua
ria tributária (CF, art. 150, III, a) e (c) a segurança revisão, depois de recolhidos os tributos pelo im-
jurídica no domínio das relações sociais (CF, art. portador”. [STF, 2a T., RTJ 113/908].
5º, XXXVI). Na medida em que a retroprojeção
normativa da lei não gere e nem produza os gra-
vames referidos, nada impede que o Estado edite Art. 147. O lançamento é efetuado com
e prescreva atos normativos com efeito retroati- base na declaração do sujeito passivo ou de ter-
vo. As leis, em face do caráter prospectivo de que ceiro, quando um ou outro, na forma da legisla-
se revestem, devem, ordinariamente, dispor para ção tributária, presta à autoridade administrativa
o futuro. O sistema jurídico-constitucional brasi- informações sobre matéria de fato, indispensá-
leiro, contudo, não assentou, como postulado veis à sua efetivação.
absoluto, incondicional e inderrogável, o princí-
pio da irretroatividade. A questão da retroativi-
dade das leis interpretativas”. [STF, ADI 605 MC, Comentário: Nos termos do CTN, há três moda-
lidades distintas de lançamento, servindo para
qualificá-las a maior ou menor colaboração do

42
#LEGIS

sujeito passivo exigida pela lei na liquidação da ressalvada, em caso de contestação, avaliação
matéria tributável. contraditória, administrativa ou judicial.

Nessa senda, o lançamento pode ser:


Comentário: O arbitramento é medida excep-
cional, cabível apenas nas hipóteses legalmente
a) Direto ou de ofício (art. 149, CTN); estabelecidas, a qual gera presunção relativa
b) Por homologação, também dito em favor do Fisco, uma vez que admite prova em
autolançamento (art. 150, CTN); contrário, o que a norma especifica como avalia-
ção contraditória.
c) Misto ou por declaração (art. 147, CTN).

§ 1º A retificação da declaração por ini- Jurisprudência: “(...) 1. A pauta de valores só é


ciativa do próprio declarante, quando admitida nos casos previstos no art. 148 do CTN,
vise a reduzir ou a excluir tributo, só é em que, mediante processo regular, seja arbitra-
admissível mediante comprovação do da a base de cálculo. Esse dispositivo é emprega-
erro em que se funde, e antes de notifica- do quando forem reconhecidamente inidôneos
do o lançamento. os documentos e as declarações prestados pelo
contribuinte. (...)”. [STF, 1.ª T., Segundo AgRg no
§ 2º Os erros contidos na declaração e apu-
RE 278.248/ES, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 05.03.2013,
ráveis pelo seu exame serão retificados de
DJe 26.04.2013].
ofício pela autoridade administrativa a que
competir a revisão daquela.
“O Fisco está legalmente autorizado a realizar
o arbitramento do lucro quando a escrituração
Jurisprudência: “(...)2. Segundo o art. 147, § 1.º, contábil não se presta à verificação do lucro real.
do CTN (aplicável por analogia aos tributos lan- (...)”. [STJ, 2a T., REsp 331.163/PB, Rel. Min. Peça-
çados por homologação), a alteração da declara- nha Martins, j. em 1º/6/2004, DJ de 8/11/2004, p.
ção somente pode ocorrer antes do lançamento, 194].
quando comprovada a ocorrência de erro. (...)”.
[STJ, REsp 860.596/CE, Rel. Min. Eliana Calmon, j.
18.09.2008, DJe 21.10.2008]. Art. 149. O lançamento é efetuado e revisto
de ofício pela autoridade administrativa nos se-
“(...) 5. O lançamento pode ser revisto se consta- guintes casos:
tado erro em sua feitura, desde que não esteja
extinto pela decadência o direito de lançar da Fa- I - quando a lei assim o determine;
zenda Pública. Tal revisão pode ser feita de ofício II - quando a declaração não seja presta-
pela autoridade administrativa (art. 145, III, c/c da, por quem de direito, no prazo e na for-
149, IV, do CTN) e a pedido do contribuinte (art. ma da legislação tributária;
147, § 1.º, do CTN). No caso dos autos, os erros
contidos na declaração apurados por perícia fo- III - quando a pessoa legalmente obriga-
ram retificados de ofício pela autoridade admi- da, embora tenha prestado declaração nos
nistrativa, em conformidade com o disposto no termos do inciso anterior, deixe de aten-
art. 147, § 2.º do CTN. (...)”. [STJ, 2.ª T., AgRg no der, no prazo e na forma da legislação tri-
REsp 1.166.893/RS, Rel. Min. Humberto Martins, j. butária, a pedido de esclarecimento for-
22.06.2010, DJe 01.07.2010]. mulado pela autoridade administrativa,
recuse-se a prestá-lo ou não o preste satis-
fatoriamente, a juízo daquela autoridade;
Art. 148. Quando o cálculo do tributo te-
nha por base, ou tome em consideração, o valor IV - quando se comprove falsidade, erro
ou omissão quanto a qualquer elemento
ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos ju-
definido na legislação tributária como sen-
rídicos, a autoridade lançadora, mediante pro- do de declaração obrigatória;
cesso regular, arbitrará aquele valor ou preço,
sempre que sejam omissos ou não mereçam fé V - quando se comprove omissão ou ine-
xatidão, por parte da pessoa legalmente
as declarações ou os esclarecimentos presta-
obrigada, no exercício da atividade a que
dos, ou os documentos expedidos pelo sujeito se refere o artigo seguinte;
passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado,

43
#LEGIS

VI - quando se comprove ação ou omis- o direito de lançar da Fazenda Pública. Tal re-
são do sujeito passivo, ou de terceiro le- visão pode ser feita de ofício pela autoridade
galmente obrigado, que dê lugar à apli- administrativa (art. 145, III, c/c 149, IV, do CTN)
cação de penalidade pecuniária; e a pedido do contribuinte (art. 147, § 1.º, do
VII - quando se comprove que o sujeito CTN). No caso dos autos, os erros contidos na
passivo, ou terceiro em benefício daque- declaração apurados por perícia foram retifica-
le, agiu com dolo, fraude ou simulação; dos de ofício pela autoridade administrativa,
em conformidade com o disposto no art. 147,
VIII - quando deva ser apreciado fato não § 2.º do CTN. (...)”. [STJ, 2.ª T., AgRg no REsp
conhecido ou não provado por ocasião 1.166.893/RS, Rel. Min. Humberto Martins, j.
do lançamento anterior; 22.06.2010, DJe 01.07.2010].
IX - quando se comprove que, no lança-
mento anterior, ocorreu fraude ou falta “1. A retificação de dados cadastrais do imó-
funcional da autoridade que o efetuou, vel, após a constituição do crédito tributário,
ou omissão, pela mesma autoridade, de autoriza a revisão do lançamento pela auto-
ato ou formalidade especial. ridade administrativa (desde que não extin-
to o direito potestativo da Fazenda Pública
pelo decurso do prazo decadencial), quando
Comentário: De maneira simplória e sem pre- decorrer da apreciação de fato não conheci-
tensão de absoluta exaustividade, é possível do por ocasião do lançamento anterior, ex vi
condensar as hipóteses de lançamento direto do disposto no artigo 149, inciso VIII, do CTN”.
ou de ofício em duas: [STJ, REsp 1130545/RJ, Rel. Ministro LUIZ FUX,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 09/08/2010, DJe
i) Quando a lei assim o determinar: 22/02/2011].
nesses casos, originariamente, cabe ao
Fisco a realização dos procedimentos de 2. O ato administrativo do lançamento tribu-
liquidação do tributo, sendo mínimo ou tário, devidamente notificado ao contribuinte,
inexistente o dever de colaboração do somente pode ser revisto nas hipóteses enu-
sujeito passivo (art. 149, I, CTN); meradas no artigo 145, do CTN, (...).
ii) Quando, por algum motivo, se 3. O artigo 149, do Codex Tributário, elenca os
verifique que o lançamento anterior, casos em que se revela possível a revisão de
a ser realizado pelo próprio Fisco ou ofício do lançamento tributário, (...)
pelo sujeito passivo, não se tenha
perfectibilizado devidamente (em 4. Destarte, a revisão do lançamento tribu-
virtude das omissões do contribuinte, tário, como consectário do poder-dever de
como ocorre na ausência de entrega autotutela da Administração Tributária, so-
de declaração exigida); ou tenha mente pode ser exercido nas hipóteses do
sido praticado sem observância de artigo 149, do CTN, observado o prazo deca-
aspectos fáticos ou jurídicos legalmente dencial para a constituição do crédito tribu-
determinados, independentemente de tário.
dolo ou culpa de qualquer das partes (...)
(Art. 149, II a IX, CTN).
11. Recurso especial provido. Acórdão subme-
Remete-se o leitor aos arts. 150, §4º e 173, I, tido ao regime do artigo 543-C, do CPC, e da
ambos do CTN. Resolução STJ 08/2008.

Parágrafo único. A revisão do lançamen- Art. 150. O lançamento por homologa-


to só pode ser iniciada enquanto não extinto o ção, que ocorre quanto aos tributos cuja le-
direito da Fazenda Pública. gislação atribua ao sujeito passivo o dever
de antecipar o pagamento sem prévio exame
da autoridade administrativa, opera-se pelo
Jurisprudência: “(...) 5. O lançamento pode
ser revisto se constatado erro em sua feitura, ato em que a referida autoridade, tomando co-
desde que não esteja extinto pela decadência nhecimento da atividade assim exercida pelo
obrigado, expressamente a homologa.

44
#LEGIS

Jurisprudência: “(...) Quando do advento da LC “(...) É possível simplificar a aplicação da citada


118/05, estava consolidada a orientação da Pri- regra de direito intertemporal da seguinte forma:
meira Seção do STJ no sentido de que, para os
tributos sujeitos a lançamento por homologa- I) Para os recolhimentos efetuados até
ção, o prazo para repetição ou compensação de 8/6/2000 (cinco anos antes do início da
indébito era de 10 anos contados do seu fato ge- vigência LC 118/2005) aplica-se a regra dos
rador, tendo em conta a aplicação combinada ‘cinco mais cinco’;
dos arts. 150, § 4º, 156, VII, e 168, I, do CTN”. [STF,
RE 566.621, DJe-195, publicado em 11/10/2011]. II) Para os recolhimentos efetuados entre
9/6/2000 a 8/6/2005 a prescrição ocorrerá
A LC 118/05, embora tenha se autoproclamado em 8/6/2010 (cinco anos a contar da
interpretativa, implicou inovação normativa, ten- vigência da LC 118/2005); e
do reduzido o prazo de 10 anos contados do fato III) Para os recolhimentos efetuados a partir d
gerador para 5 anos contados do pagamento in- 9/6/2005 (início de vigência da LC 118/2005)
devido. aplica-se a prescrição quinquenal contada
da data do pagamento. Conclui-se,
Lei supostamente interpretativa que, em verda- ainda, de forma pragmática, que para
de, inova no mundo jurídico deve ser considera- todas as ações protocolizadas até 8/6/2010
da como lei nova. (...) (cinco anos da vigência da LC 118/05) é
de ser afastada a prescrição de indébitos
A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo efetuados nos 10 anos anteriores ao seu
para a repetição ou compensação de indébito ajuizamento, nos casos de homologação
tributário estipulado por lei nova, fulminando, tácita. (...)”.
de imediato, pretensões deduzidas tempestiva-
[STJ, 1a T., REsp 1.086.871/SC, j. em 24/3/2009,
mente à luz do prazo então aplicável, bem como
DJe de 2/4/2009].
a aplicação imediata às pretensões pendentes de
ajuizamento quando da publicação da lei, sem
“É necessária a efetiva comprovação do
resguardo de nenhuma regra de transição, im-
recolhimento feito a maior ou indevidamente
plicam ofensa ao princípio da segurança jurídica
para fins de declaração do direito à compensação
em seus conteúdos de proteção da confiança e
tributária em sede de mandado de segurança”.
de garantia do acesso à Justiça.
[STJ, REsp 1715294 / SP, Tema Repetitivo n. 118].
(...)
“A decadência, consoante a letra do art. 156, V,
do CTN, é forma de extinção do crédito tributá-
O prazo de vacatio legis de 120 dias permitiu aos
rio. Sendo assim, uma vez extinto o direito, não
contribuintes não apenas que tomassem ciência
pode ser reavivado por qualquer sistemática de
do novo prazo, mas também que ajuizassem as
lançamento ou auto-lançamento, seja ela via do-
ações necessárias à tutela dos seus direitos.
cumento de confissão de dívida, declaração de
débitos, parcelamento ou de outra espécie qual-
(...)
quer (DCTF, GIA, DCOMP, GFIP, etc.)”. [STJ, REsp
1355947/SP, Tema Repetitivo n. 604].
Reconhecida a inconstitucionalidade art. 4º,
segunda parte, da LC 118/05, considerando-se
Comentário: Ou seja, “Não é possível a constitui-
válida a aplicação do novo prazo de 5 anos tão-
ção de crédito tributário com base em documen-
-somente às ações ajuizadas após o decurso da
to de confissão de dívida tributária apresentado,
vacatio legis de 120 dias, ou seja, a partir de 9 de
para fins de parcelamento, após o prazo deca-
junho de 2005. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do
dencial previsto no art. 173, I, do CTN”.
CPC aos recursos sobrestados. Recurso extraor-
dinári0 desprovido.
“A notificação do contribuinte para o recolhimen-
to do IPVA perfectibiliza a constituição definitiva
Súmula 360 do STJ: O benefício da denúncia
do crédito tributário, iniciando-se o prazo pres-
espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a
cricional para a execução fiscal no dia seguinte
lançamento por homologação regularmente de-
à data estipulada para o vencimento da exação”.
clarados, mas pagos a destempo.
[STJ, REsp 1320825/RJ, Tema Repetitivo n. 903].

45
#LEGIS

§ 1º O pagamento antecipado pelo obriga- Jurisprudência:


do nos termos deste artigo extingue o cré-
dito, sob condição resolutória da ulterior Súmula 112 do STJ: O depósito somente sus-
homologação ao lançamento. pende a exigibilidade do crédito tributário se for
§ 2º Não influem sobre a obrigação tribu- integral e em dinheiro.
tária quaisquer atos anteriores à homolo-
gação, praticados pelo sujeito passivo ou “As causas de suspensão da exigibilidade do
por terceiro, visando à extinção total ou crédito tributário estão definidas, numerus clau-
parcial do crédito. sus, no art. 151 do CTN”. [STJ, 1a T., AgRg no
Ag 641.237/RS, Rel. Min. José Delgado, j. em
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo 19/4/2005, DJ de 30/5/2005, p. 229].
anterior serão, porém, considerados na
apuração do saldo porventura devido e, “A suspensão da exigibilidade do crédito tribu-
sendo o caso, na imposição de penalida- tário na via judicial impede o Fisco de praticar
de, ou sua graduação. qualquer ato contra o contribuinte visando à
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologa- cobrança de seu crédito, tais como inscrição em
ção, será ele de cinco anos, a contar da dívida, execução e penhora, mas não impossibi-
ocorrência do fato gerador; expirado esse lita a Fazenda de proceder à regular constituição
prazo sem que a Fazenda Pública se tenha do crédito tributário para prevenir a decadência
pronunciado, considera-se homologado do direito de lançar”. [STJ, 1a S., EREsp 572.603/
o lançamento e definitivamente extinto o PR, Rel. Min. Castro Meira, j. em 8/6/2005, DJ de
crédito, salvo se comprovada a ocorrên- 5/9/2005, p. 199].
cia de dolo, fraude ou simulação.
“(...) A jurisprudência desta Corte possui o enten-
dimento de que nos casos em que houver sus-
Art. 151. Suspendem a exigibilidade do pensão da exigibilidade depois do vencimento
crédito tributário: do prazo para o pagamento, o prazo prescricio-
nal continuará sendo a data da constituição do
I - moratória; crédito, mas será descontado o período de vigên-
II - o depósito do seu montante integral; cia do obstáculo à exigibilidade. (...)”. [STJ, 1a T.,
AgRg no Ag 1.331.941/RS, DJe de 10/2/2011].
III - as reclamações e os recursos, nos ter-
mos das leis reguladoras do processo tribu-
tário administrativo; Art. 152. A moratória somente pode ser
concedida:
IV - a concessão de medida liminar em
mandado de segurança.
I - em caráter geral:
V – a concessão de medida liminar ou de
tutela antecipada, em outras espécies de a) pela pessoa jurídica de direito público
ação judicial; competente para instituir o tributo a que
se refira;
VI – o parcelamento.
b) pela União, quanto a tributos de com-
petência dos Estados, do Distrito Federal
Recurso mnemônico: Modere a conta: compre ou dos Municípios, quando simultanea-
parcelado. mente concedida quanto aos tributos de
competência federal e às obrigações de
Parágrafo único. O disposto neste artigo direito privado;
não dispensa o cumprimento das obrigações
acessórias dependentes da obrigação principal II - em caráter individual, por despacho
da autoridade administrativa, desde que
cujo crédito seja suspenso, ou dela consequen-
autorizada por lei nas condições do inciso
tes. anterior.

Parágrafo único. A lei concessiva de mora-


tória pode circunscrever expressamente a sua

46
#LEGIS

aplicabilidade à determinada região do terri- neficiado, ou de terceiro em benefício da-


tório da pessoa jurídica de direito público que a quele;
expedir, ou a determinada classe ou categoria II - sem imposição de penalidade, nos de-
de sujeitos passivos. mais casos.

Art. 153. A lei que conceda moratória em Parágrafo único. No caso do inciso I des-
caráter geral ou autorize sua concessão em cará- te artigo, o tempo decorrido entre a concessão
ter individual especificará, sem prejuízo de ou- da moratória e sua revogação não se computa
tros requisitos: para efeito da prescrição do direito à cobrança
do crédito; no caso do inciso II deste artigo, a
I - o prazo de duração do favor; revogação só pode ocorrer antes de prescrito
II - as condições da concessão do favor em o referido direito.
caráter individual;
III - sendo caso: Art. 155-A. O parcelamento será conce-
dido na forma e condição estabelecidas em lei
a) os tributos a que se aplica; específica.
b) o número de prestações e seus venci- § 1º Salvo disposição de lei em contrário,
mentos, dentro do prazo a que se refere o o parcelamento do crédito tributário não
inciso I, podendo atribuir a fixação de uns e exclui a incidência de juros e multas.
de outros à autoridade administrativa, para
cada caso de concessão em caráter indivi- § 2º Aplicam-se, subsidiariamente, ao
dual; parcelamento as disposições desta Lei,
relativas à moratória.
c) as garantias que devem ser fornecidas
pelo beneficiado no caso de concessão em § 3º Lei específica disporá sobre as con-
caráter individual. dições de parcelamento dos créditos tri-
butários do devedor em recuperação ju-
Art. 154. Salvo disposição de lei em con- dicial.
trário, a moratória somente abrange os crédi-
tos definitivamente constituídos à data da lei Comentário: Ver art. 10-A, da Lei n.10522/2002.
ou do despacho que a conceder, ou cujo lança- Ver art. 57 da Lei nº 11.101/05 e art. 191-A do
mento já tenha sido iniciado àquela data por CTN.
ato regularmente notificado ao sujeito passivo.
§ 4º A inexistência da lei específica a que
Parágrafo único. A moratória não aprovei- se refere o § 3o deste artigo importa na
ta aos casos de dolo, fraude ou simulação do aplicação das leis gerais de parcelamen-
sujeito passivo ou do terceiro em benefício da- to do ente da Federação ao devedor em
recuperação judicial, não podendo, neste
quele. caso, ser o prazo de parcelamento inferior
ao concedido pela lei federal específica.
Art. 155. A concessão da moratória em
caráter individual não gera direito adquirido
e será revogado de ofício, sempre que se apu- Anotações gerais sobre os artigos anteriores:
re que o beneficiado não satisfazia ou deixou
de satisfazer as condições ou não cumprira ou
deixou de cumprir os requisitos para a conces-
são do favor, cobrando-se o crédito acrescido
de juros de mora:

I - com imposição da penalidade cabível,


nos casos de dolo ou simulação do be-

47
#LEGIS

Para Fixação: acordo com o Código Tributário Nacional, essa


impugnação, se apresentada tempestivamente
Ano: 2018/ Banca: VUNESP/ TJ-RS. pelo sujeito passivo, suspende:

Acerca do lançamento tributário, é correto afir- a) o direito de o sujeito passivo extinguir o crédi-
mar que: to tributário.

a) a retificação da declaração por iniciativa do b) a exigibilidade do crédito tributário.


próprio declarante, quando vise a reduzir ou a
excluir tributo, só é admissível mediante com- c) o direito de a Fazenda Pública realizar procedi-
provação do erro em que se funde e antes de no- mentos de fiscalização no sujeito passivo.
tificado o lançamento.
d) a fluência do prazo decadencial, desde que
b) salvo disposição de lei em contrário, quando seja efetuado o depósito integral do crédito tri-
o valor tributário esteja expresso em moeda es- butário questionado.
trangeira, no lançamento far-se-á sua conversão
em moeda nacional ao câmbio do dia em que e) a fluência do prazo decadencial.
este ato for realizado.

c) é vedado à autoridade administrativa


Ano: 2017/ Banca: CESPE/ DPU.
responsável pela revisão da declaração retificar
de ofício os erros nela contidos e apuráveis pelo
Acerca da suspensão e da extinção do crédito tri-
seu exame.
butário, julgue o item a seguir à luz do CTN.
d) a modificação introduzida, de ofício ou em
Por meio do instituto da transação tributária, é
consequência de decisão administrativa ou judi-
possível a suspensão do crédito tributário em be-
cial, nos critérios jurídicos adotados pela autori-
nefício do contribuinte.
dade administrativa no exercício do lançamento,
alcança os fatos geradores ocorridos anterior-
( )Certo
mente à sua introdução, desde que relacionados
ao mesmo sujeito passivo. ( )Errado

e) não se aplica ao lançamento a legislação que, Anotações:


posteriormente à ocorrência do fato gerador da
obrigação, tenha ampliado os poderes de inves-
tigação das autoridades administrativas, ou ou-
torgado ao crédito maiores garantias ou privilé-
gios, exceto, neste último caso, para o efeito de
atribuir responsabilidade tributária a terceiros.

Ano: 2018/ Banca: FCC/ PGE-TO.

O art. 35, caput, inciso I da Lei estadual no


1.288/2001, que dispõe sobre o Contencioso Ad-
ministrativo-Tributário e os Procedimentos Ad-
ministrativo-Tributários, estabelece que o Auto
de Infração formaliza a exigência do crédito tri-
butário. Desse modo, o Auto de Infração é o ins-
trumento legal que materializa o lançamento de
ofício do tributo no Estado do Tocantins. Em seu
art. 41, a mesma lei estabelece que a fase conten-
ciosa do procedimento de que trata este Capítulo
inicia-se com a apresentação de impugnação ao
lançamento formalizado por auto de infração. De Gabarito: 01 – A | 02 - B | 03 - E

48
#LEGIS

DIA 8 Parágrafo único. A lei disporá quanto aos


efeitos da extinção total ou parcial do crédito
sobre a ulterior verificação da irregularidade da
Disciplina: Direito Tributário sua constituição, observado o disposto nos arti-
Responsável: Prof. Tiago Melo. gos 144 e 149.
Dia 08: Do Art. 156 ao 174.
Art. 157. A imposição de penalidade não
ilide o pagamento integral do crédito tributá-
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
rio.

Jurisprudência: Isto significa que, no caso de


Art. 156. Extinguem o crédito tributário: infrações tributárias, o sujeito passivo terá de
pagar, além da multa (penalidade), o crédito tri-
I - o pagamento; butário (dívida principal) acrescido dos consec-
tários legais.
II - a compensação;
III - a transação;
Art. 158. O pagamento de um crédito não
IV - remissão; importa em presunção de pagamento:
V - a prescrição e a decadência;
VI - a conversão de depósito em renda; I - quando parcial, das prestações em que
se decomponha;
VII - o pagamento antecipado e a homo-
logação do lançamento nos termos do II - quando total, de outros créditos refe-
disposto no artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; rentes ao mesmo ou a outros tributos.
VIII - a consignação em pagamento, nos
termos do disposto no § 2º do artigo 164; Jurisprudência: “A expedição de certificado
de registro e licenciamento de veículo, embora
IX - a decisão administrativa irreformá- condicionada à quitação de tributos inciden-
vel, assim entendida a definitiva na órbi- tes sobre a propriedade de veículo automotor,
ta administrativa, que não mais possa ser não é dotada de qualquer eficácia liberatória de
objeto de ação anulatória; obrigação fiscal”. [STJ, 1a T., REsp 688.649/RS,
X - a decisão judicial passada em julgado. Rel. Min. José Delgado, j. em 17/2/2005, DJ de
11/4/2005, p. 201].
XI – a dação em pagamento em bens imó-
veis, na forma e condições estabelecidas A quitação de tributos se promove via Docu-
em lei. mento de Arrecadação Fiscal – DARF, com recibo
emitido pela instituição financeira credenciada
Comentário: Ver arts. 4º e 4º-A, da Lei n. ao recebimento dos valores recolhidos a esse tí-
13.259/2016. tulo, não se prestando a esse mister certificado
lavrado por terceiro estranho à relação tributá-
ria, mesmo que órgão público, vinculado ao Es-
Recurso mnemônico: Pague as contas, traba- tado credor.
lhe, reze pra Deus. Converse, passeie, conte
paródias. Decida advogar ou decida julgar, dê No Direito Tributário, a quitação de parcelas
o seu melhor. subsequentes não cria a presunção de paga-
mento das anteriores. Inteligência do art. 158
do CTN.
Jurisprudência:

Súmula 461 do STJ: O contribuinte pode optar Art. 159. Quando a legislação tributária
por receber, por meio de precatório ou por com- não dispuser a respeito, o pagamento é efetua-
pensação, o indébito tributário certificado por do na repartição competente do domicílio do
sentença declaratória transitada em julgado. sujeito passivo.

49
#LEGIS

Comentário: Quanto à determinação do domicí- § 1º Se a lei não dispuser de modo diverso,


lio do sujeito passivo, ver art. 127, CTN. os juros de mora são calculados à taxa de
um por cento ao mês.
Art. 160. Quando a legislação tributária
não fixar o tempo do pagamento, o vencimento Comentário: A norma acima é meramente su-
do crédito ocorre trinta dias depois da data em pletiva, aplicável na falta de legislação específica
que se considera o sujeito passivo notificado do do ente tributante. Atualmente, pelo menos em
âmbito federal, a correção monetária e os juros
lançamento.
de mora integram índice único, a chamada Taxa
Referencial do Sistema Especial de Liquidação e
Parágrafo único. A legislação tributária de Custódia - SELIC.
pode conceder desconto pela antecipação do
pagamento, nas condições que estabeleça.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica
na pendência de consulta formulada pelo
Comentário: Conforme o dispositivo, o prazo devedor dentro do prazo legal para paga-
para pagamento (vencimento) do tributo não mento do crédito.
é matéria sujeita à reserva de lei (art. 97, CTN),
podendo ser tratada na legislação tributária. To-
davia, caso conste de norma legal em sentido es- Comentário: Nesse caso, não há falar em sus-
trito, só poderá ser alterada pela mesma espécie pensão da exigibilidade do crédito tributário.
normativa. Apenas suspende-se a fluência dos efeitos da
constituição em mora.

Art. 161. O crédito não integralmente pago


Art. 162. O pagamento é efetuado:
no vencimento é acrescido de juros de mora,
seja qual for o motivo determinante da falta, sem
I - em moeda corrente, cheque ou vale
prejuízo da imposição das penalidades cabíveis postal;
e da aplicação de quaisquer medidas de garan-
tia previstas nesta Lei ou em lei tributária. II - nos casos previstos em lei, em estam-
pilha, em papel selado, ou por processo
mecânico.
Jurisprudência:

Súmula 523 do STJ: A taxa de juros de mora inci- Comentário: Na prática, não se observa mais o
dente na repetição de indébito de tributos esta- pagamento de tributos mediante vale postal, es-
duais deve corresponder à utilizada para cobran- tampilha, papel selado ou processo mecânico.
ça do tributo pago em atraso, sendo legítima a
incidência da taxa Selic, em ambas as hipóteses, Em verdade, até o pagamento em cheque caiu
quando prevista na legislação local, vedada sua em desuso, sendo mais comum o pagamento em
cumulação com quaisquer outros índices. espécie, por meios eletrônicos de compensação
bancária ou transferência de fundos.
“Aplica-se a taxa SELIC, a partir de 1º.1.1996, na
atualização monetária do indébito tributário, § 1º A legislação tributária pode determi-
não podendo ser cumulada, porém, com qual- nar as garantias exigidas para o pagamen-
quer outro índice, seja de juros ou atualização to por cheque ou vale postal, desde que
monetária”. [STJ, REsp 1111175 / SP, Tema Repe- não o torne impossível ou mais oneroso
titivo 145]. que o pagamento em moeda corrente.
Se os pagamentos foram efetuados após § 2º O crédito pago por cheque somente se
1º.1.1996, o termo inicial para a incidência do considera extinto com o resgate deste pelo
acréscimo será o do pagamento indevido; haven- sacado.
do pagamentos indevidos anteriores à data de
vigência da Lei 9.250/95, a incidência da taxa SE- Comentário: Apesar de o cheque ser caracteriza-
LIC terá como termo a quo a data de vigência do do como título de crédito, se utilizado para paga-
diploma legal em tela, ou seja, janeiro de 1996.

50
#LEGIS

mento de tributo não implica transmutação da estabelecer a preferência, cabe ao credor com-
obrigação tributária em obrigação cambial. provar a existência de débitos preferenciais capa-
zes de desfazer a indicação do devedor”. [STJ, 2a
T., REsp 462.996/SP, Rel. Min. Eliana Calmon, j. em
§ 3º O crédito pagável em estampilha con-
2/3/2004, DJ de 17/5/2004, p. 177].
sidera-se extinto com a inutilização regular
daquela, ressalvado o disposto no artigo
150. Art. 164. A importância de crédito tributá-
§ 4º A perda ou destruição da estampilha, ou rio pode ser consignada judicialmente pelo su-
o erro no pagamento por esta modalidade, jeito passivo, nos casos:
não dão direito a restituição, salvo nos ca-
sos expressamente previstos na legislação I - de recusa de recebimento, ou subordi-
tributária, ou naquelas em que o erro seja nação deste ao pagamento de outro tribu-
imputável à autoridade administrativa. to ou de penalidade, ou ao cumprimento
§ 5º O pagamento em papel selado ou por de obrigação acessória;
processo mecânico equipara-se ao paga- II - de subordinação do recebimento ao
mento em estampilha. cumprimento de exigências administrati-
vas sem fundamento legal;
Art. 163. Existindo simultaneamente dois III - de exigência, por mais de uma pessoa
ou mais débitos vencidos do mesmo sujeito pas- jurídica de direito público, de tributo idên-
sivo para com a mesma pessoa jurídica de direito tico sobre um mesmo fato gerador.
público, relativos ao mesmo ou a diferentes tribu-
tos ou provenientes de penalidade pecuniária ou § 1º A consignação só pode versar sobre o
juros de mora, a autoridade administrativa com- crédito que o consignante se propõe pa-
petente para receber o pagamento determinará gar.
a respectiva imputação, obedecidas as seguintes § 2º Julgada procedente a consignação,
regras, na ordem em que enumeradas: o pagamento se reputa efetuado e a im-
portância consignada é convertida em ren-
I - em primeiro lugar, aos débitos por obri- da; julgada improcedente a consignação
gação própria, e em segundo lugar aos de- no todo ou em parte, cobra-se o crédito
correntes de responsabilidade tributária; acrescido de juros de mora, sem prejuízo
das penalidades cabíveis.
II - primeiramente, às contribuições de me-
lhoria, depois às taxas e por fim aos impos-
tos; Jurisprudência: “Não obstante o entendimento
doutrinário no sentido de admitir a ação de con-
III - na ordem crescente dos prazos de pres- signação em pagamento, com base no art. 164, III,
crição; do CTN, apenas quando houver dúvida subjetiva
IV - na ordem decrescente dos montantes. em relação a entes tributantes que possuam a
mesma natureza (Estado contra Estado e Municí-
pio contra Município) (...), a doutrina majoritária
Jurisprudência: “O contribuinte não está obriga- tem admitido a utilização da ação mencionada
do compensar os valores de créditos escriturais do quando plausível a incerteza subjetiva, mesmo
IPI com débitos consolidados inscritos no Progra- que se trate de impostos cobrados por entes de
ma de Recuperação Fiscal – REFIS, porquanto o natureza diversa. (REsp 931.566/MG, 1.ª T., Min.
artigo 163 do CTN trata d possibilidade de impu- Denise Arruda, DJe 07.05.2009)”. [STJ, 1.ª T., REsp
tação de pagamento quando houver mais de um 1.160.256/MG, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, j.
débito do mesmo sujeito passivo em relação ao 04.08.2011, DJe 12.08.2011].
mesmo sujeito ativo”. [STJ, 1a T., REsp 550.177/PR,
Rel. Min. Teori Albino Zavascki, j. em 3/5/2005, DJ “Não se constata a recusa de recebimento dos
de 23/5/2005, p. 152]. valores por parte do Fisco, nem a imposição de
obrigações administrativas ilegais ou a exigência
“A imputação de pagamento consagra o princí- de tributo idêntico sobre um mesmo fato gera-
pio da autonomia das dívidas tributárias, ao dor por mais de uma pessoa de direito público.
estabelecer uma escala de preferência. [...] Para

51
#LEGIS

Trata o caso de pretensão de pessoa jurídica na feita a quem prove haver assumido o referido
obtenção de acesso a programa de incentivo fis- encargo, ou, no caso de tê-lo transferido a ter-
cal estadual por meio do não cumprimento inte- ceiro, estar por este expressamente autorizado
gral das exigências administrativas impostas (no a recebê-la.
caso, o depósito de valor correspondente a 1/120
do total da dívida), socorrendo- se, para tanto, da
ação de consignação. [...] Inocorrentes as hipóte- Jurisprudência:
ses taxativamente previstas no art. 164, incisos I,
II e III, do CTN, que dão supedâneo à propositura Súmula 546 do STF: Cabe a restituição do tribu-
da ação consignatória, há de se reconhecer a ina- to pago indevidamente, quando reconhecido por
dequação da via eleita”. [STJ, 1a T., REsp 628.568/ decisão, que o contribuinte de jure não recuperou
RS, Rel. Min. José Delgado, j. em 20/5/2004, DJ de do contribuinte de facto o quantum respectivo.
14/6/2004, p. 184].
Súmula 447 do STJ: Os Estados e o Distrito Fe-
deral são partes legítimas na ação de restituição
Art. 165. O sujeito passivo tem direito, in- de imposto de renda retido na fonte proposta por
dependentemente de prévio protesto, à resti- seus servidores.
tuição total ou parcial do tributo, seja qual for
a modalidade do seu pagamento, ressalvado o Art. 167. A restituição total ou parcial do
disposto no § 4º do artigo 162, nos seguintes ca- tributo dá lugar à restituição, na mesma pro-
sos: porção, dos juros de mora e das penalidades
pecuniárias, salvo as referentes a infrações de
I - cobrança ou pagamento espontâneo de
caráter formal não prejudicadas pela causa da
tributo indevido ou maior que o devido
em face da legislação tributária aplicável, restituição.
ou da natureza ou circunstâncias materiais
do fato gerador efetivamente ocorrido; Parágrafo único. A restituição vence juros
não capitalizáveis, a partir do trânsito em jul-
II - erro na edificação do sujeito passivo,
na determinação da alíquota aplicável, no gado da decisão definitiva que a determinar.
cálculo do montante do débito ou na ela-
boração ou conferência de qualquer docu- Jurisprudência:
mento relativo ao pagamento;
Súmula Vinculante 17 do STF: Durante o pe-
Comentário: Na verdade, o dispositivo se refere ríodo previsto no parágrafo 1º do artigo 100 da
a erro na identificação do sujeito passivo, e não, Constituição, não incidem juros de mora sobre
edificação, como ficou registrado na lei, por um os precatórios que nele sejam pagos.
equívoco textual.
Comentário: Após a EC n. 62/2009, o parágrafo
do artigo 100, da CF, a que se refere a súmula aci-
III - reforma, anulação, revogação ou resci- ma, é o § 5º.
são de decisão condenatória.
Súmula 162 do STJ: Na repetição de indébito tri-
Comentário: O dispositivo é impróprio ao falar butário, a correção monetária incide a partir do
em decisão condenatória. Na verdade, refere-se pagamento indevido.
à situação em que o contribuinte, após pagar o
tributo, discute-o na seara judicial e, aí, obtém Súmula 188 do STJ: Os juros moratórios, na re-
decisão que lhe é favorável. petição do indébito tributário, são devidos a par-
tir do transito em julgado da sentença.
Ver, a respeito, o art. 168, II do CTN.

Art. 166. A restituição de tributos que Comentário: Na prática, atualmente, é utilizada


a taxa SELIC para corrigir débitos fiscais em mora
comportem, por sua natureza, transferência e, consequentemente, na eventualidade de res-
do respectivo encargo financeiro somente será tituição do indébito.

52
#LEGIS

Art. 168. O direito de pleitear a restitui- não fica reduzida aquém de cinco anos, embora
ção extingue-se com o decurso do prazo de 5 o titular do direito a interrompa durante a pri-
(cinco) anos, contados: meira metade do prazo.

I - nas hipóteses dos incisos I e II do ar- Comentário: Apesar da súmula se referir ao


tigo 165, da data da extinção do crédito prazo prescricional de 5 anos, é aplicável, por
tributário; analogia, ao prazo de 2 anos correlato à ação de
restituição.
II - na hipótese do inciso III do artigo 165,
da data em que se tornar definitiva a de-
cisão administrativa ou passar em julgado Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as
a decisão judicial que tenha reformado, garantias que estipular, ou cuja estipulação em
anulado, revogado ou rescindido a deci- cada caso atribuir à autoridade administrativa,
são condenatória. autorizar a compensação de créditos tributá-
rios com créditos líquidos e certos, vencidos
Comentário: O prazo para pleitear a restituição ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fa-
pela via administrativa ou judicial é decaden- zenda pública.
cial, de 5 anos.
Parágrafo único. Sendo vincendo o cré-
Art. 169. Prescreve em dois anos a ação dito do sujeito passivo, a lei determinará,
anulatória da decisão administrativa que de- para os efeitos deste artigo, a apuração do
negar a restituição. seu montante, não podendo, porém, cominar
redução maior que a correspondente ao juro
Parágrafo único. O prazo de prescrição é de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a
interrompido pelo início da ação judicial, re- decorrer entre a data da compensação e a do
começando o seu curso, por metade, a partir vencimento.
da data da intimação validamente feita ao re-
presentante judicial da Fazenda Pública interes- Jurisprudência:
sada.
Súmula 212 do STJ: A compensação de créditos
tributários não pode ser deferida em ação cau-
Comentário: Há doutrina a questionar a consti- telar ou por medida liminar cautelar ou anteci-
tucionalidade do art. 169, § único, uma vez que patória.
a prescrição continua a fluir após a propositura
da demanda. Súmula 213 do STJ: O mandado de segurança
constitui ação adequada para a declaração do
Aplicando o dispositivo, todavia, a jurisprudên- direito à compensação tributária.
cia, embora não pacificada, tem entendido que
não se opera a prescrição intercorrente em pre- Súmula 460 do STJ: É incabível o mandado de
juízo do autor, salvo se a demora no processo segurança para convalidar a compensação tri-
lhe for imputável. butária realizada pelo contribuinte.
Saliente-se que se o contribuinte formular a Súmula 461 do STJ: O contribuinte pode optar
pretensão de restituição diretamente perante por receber, por meio de precatório ou por com-
o Judiciário, sem recorrer à via administrativa, pensação, o indébito tributário certificado por
aplica-se o prazo do art. 168, CTN, perdendo re- sentença declaratória transitada em julgado.
levância a discussão apontada.
Súmula 464 do STJ: A regra de imputação de
Jurisprudência: pagamentos estabelecida no art. 354 do Código
Civil não se aplica às hipóteses de compensação
Súmula 383 do STF: A prescrição em favor da tributária.
Fazenda Pública recomeça a correr, por dois
anos e meio, a partir do ato interruptivo, mas Comentário: Conforme a jurisprudência acima
(Súmulas n. 213 e 460, STJ), é viável o manejo de

53
#LEGIS

mandado de segurança para declarar o direito à Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade
compensação tributária, mas não para convali- administrativa a conceder, por despacho funda-
dar a compensação já realizada pelo sujeito pas- mentado, remissão total ou parcial do crédito
sivo, o que demandaria dilação probatória. tributário, atendendo:

Art. 170-A. É vedada a compensação me- I - à situação econômica do sujeito passi-


diante o aproveitamento de tributo, objeto de vo;
contestação judicial pelo sujeito passivo, antes II - ao erro ou ignorância escusáveis do
do trânsito em julgado da respectiva decisão sujeito passivo, quanto a matéria de fato;
judicial. III - à diminuta importância do crédito tri-
butário;
Comentário: O dispositivo acima foi incluído IV - a considerações de equidade, em rela-
pela LC n. 104/2001. Assim, entende o STJ, que o ção com as características pessoais ou ma-
dispositivo não se aplica às ações propostas an- teriais do caso;
tes da respectiva vigência:

“A compensação pode ser realizada independen- Comentário: O art. 108, § 2º, CTN dirige-se ao
temente do trânsito em julgado, pois à época da aplicador da legislação tributária, proibindo o
propositura da ação (15.12.2000), não estava em emprego da equidade para dispensar o paga-
vigor a Lei Complementar nº 104/2001, que intro- mento de tributo devido.
duziu no Código Tributário o art. 170-A, segun-
do o qual ‘é vedada a compensação mediante o Já o inciso IV, do art. 172, CTN, acima, dirige-se
aproveitamento de tributo, objeto de contesta- ao legislador, autorizando-o a utilizar a equidade
ção judicial pelo sujeito passivo, antes do trân- como critério para, diante de características pes-
sito em julgado da respectiva decisão judicial’.” soais ou materiais do caso, editar lei concedendo
[STJ, 1a T., REsp 825.637/SP, Rel. Min. Teori Albino ou autorizando a concessão de remissão.
Zavascki, j. em 4/5/2006, DJ de 15/5/2006, p. 185].
V - a condições peculiares a determinada
Art. 171. A lei pode facultar, nas condições região do território da entidade tributante.
que estabeleça, aos sujeitos ativo e passivo da
obrigação tributária celebrar transação que, me- Parágrafo único. O despacho referido neste
diante concessões mútuas, importe em determi- artigo não gera direito adquirido, aplicando-se,
nação de litígio e consequente extinção de crédi- quando cabível, o disposto no artigo 155.
to tributário.
Jurisprudência: “Não incumbe ao Judiciário,
Comentário: Onde está escrito: determinação de mesmo por analogia a leis de outros entes tri-
litígio, leia-se terminação de litígio. butantes, decretar, de ofício, a extinção da ação
de execução fiscal, ao fundamento de que o
valor da cobrança é pequeno ou irrisório, não
Parágrafo único. A lei indicará a autorida- compensando sequer as despesas da execução,
de competente para autorizar a transação em porquanto o crédito tributário regularmente lan-
cada caso. çado é indisponível (art. 141, do CTN), somente
podendo ser remitido à vista de lei expressa do
Jurisprudência: “1. As sentenças que homolo- próprio ente tributante (art. 150, § 6.º, da CF e art.
gam transação são consideradas sentenças de 172, do CTN”. [STJ, 2.ª T., REsp 1.319.824/SP, Rel.
mérito e necessitam de revisão pelo Tribunal Min. Mauro Campbell Marques, j. 15.05.2012, DJe
de Apelação (remessa oficial)”. [STJ, 2.ª T., REsp 23.05.2012].
895.700/MT, Rel. Min. Eliana Calmon, j. 17.03.2009,
DJe 25.05.2009]. “O cancelamento da certidão de dívida ativa por
2. A transação é modalidade de extinção do cré- remissão fiscal, concedida em caráter geral em
dito tributário (art. 156, III, CTN), exigindo autori- razão da diminuta importância do crédito tri-
zação por lei formal (art. 171 do CTN). butário, acarreta a extinção da execução fiscal
sem qualquer ônus para a Fazenda Pública – art.

54
#LEGIS

26 da Lei nº 6.830/80”. [STJ, 2a T., REsp 214.707/ não justifica o acolhimento da arguição de pres-
PR, Rel. Min Castro Meira, j. em 16/9/2004, DJ de crição ou decadência.
13/12/2004, p. 273].
Súmula 314 do STJ: Em execução fiscal, não lo-
calizados bens penhoráveis, suspende-se o pro-
Art. 173. O direito de a Fazenda Pública cesso por um ano, findo o qual se inicia o prazo
constituir o crédito tributário extingue-se após da prescrição quinquenal intercorrente.
5 (cinco) anos, contados:
Súmula 409 do STJ: Em execução fiscal, a pres-
I - do primeiro dia do exercício seguinte crição ocorrida antes da propositura da ação
àquele em que o lançamento poderia ter pode ser decretada de ofício (art. 219, § 5.º, do
sido efetuado; CPC).
II - da data em que se tornar definitiva a
decisão que houver anulado, por vício Parágrafo único. A prescrição se interrom-
formal, o lançamento anteriormente efe- pe:
tuado.
I – pelo despacho do juiz que ordenar a ci-
Parágrafo único. O direito a que se refe- tação em execução fiscal;
re este artigo extingue-se definitivamente com
II - pelo protesto judicial;
o decurso do prazo nele previsto, contado da
data em que tenha sido iniciada a constituição III - por qualquer ato judicial que constitua
do crédito tributário pela notificação, ao sujeito em mora o devedor;
passivo, de qualquer medida preparatória in- IV - por qualquer ato inequívoco ainda que
dispensável ao lançamento. extrajudicial, que importe em reconheci-
mento do débito pelo devedor.
Comentário: É trivial a distinção entre decadência
e prescrição. Anotações gerais sobre os artigos anteriores:
Com efeito, o prazo outorgado ao Fisco para rea-
lizar o lançamento da obrigação tributária é de-
cadencial (art. 173, CTN). Já o prazo para ajui-
zamento da execução fiscal é prescricional (art.
174, CTN).

Jurisprudência:

Súmula 555 do STJ: Quando não houver decla-


ração do débito, o prazo decadencial quinquenal
para o Fisco constituir o crédito tributário con-
ta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do
CTN, nos casos em que a legislação atribui ao su-
jeito passivo o dever de antecipar o pagamento
sem prévio exame da autoridade administrativa.

Art. 174. A ação para a cobrança do crédi-


to tributário prescreve em cinco anos, contados
da data da sua constituição definitiva.

Jurisprudência:

Súmula 106 do STJ: Proposta a ação no prazo fi-


xado para o seu exercício, a demora na citação,
por motivos inerentes ao mecanismo da justiça,

55
#LEGIS

Para Fixação: março de 2016. A tramitação do processo nunca


parou.
Ano: 2019/ Banca: CESPE/ SEFAZ-RS.
Tendo em vista as normas do Código Tributário
Isenção do crédito tributário estabelecida por Nacional acerca desta matéria, na data em que
determinada lei federal foi proferida a referida sentença,

a) dispensará o cumprimento de obrigações a) ainda não tinha ocorrido a prescrição.


acessórias.
b) já tinha ocorrido a prescrição, em maio de
b) será extensiva aos tributos que venham a ser 2011.
criados após a concessão dessa isenção, se tiver
sido destinada a determinado grupo de pessoas. c) já tinha ocorrido a prescrição, em junho de
2015.
c) não alcançará as taxas, mas apenas as contri-
buições de melhoria, caso seja destinada a deter- d) ainda não tinha ocorrido a prescrição, mas ti-
minado grupo de pessoas. nha ocorrido a decadência.

d) não poderá ser restritivamente concedida a e) já tinha ocorrido a prescrição, na data do ofe-
uma região do território da entidade tributante. recimento dos embargos pelo executado.

e) poderá ser concedida sob determinadas con-


dições ou por prazo certo.
Ano: 2018/ Banca: CESPE/ DPE-PE.

De acordo com o Código Tributário Nacional, as


Ano: 2018/ Banca: FCC/ PGE-AP. hipóteses de suspensão do crédito tributário in-
cluem a
Um determinado Estado concedeu desconto de
80% sobre as multas moratórias aplicáveis aos a) moratória, o parcelamento e a remissão.
contribuintes devedores do ICMS, desde que
eles (1) requeressem esse benefício até o dia b) prescrição, a decadência e o parcelamento.
30/06/2010, (2) confessassem expressamente o
débito do imposto e dos encargos incidentes so- c) remissão, o parcelamento e o depósito do
bre ele, e (3) efetuassem o pagamento de todo montante integral do crédito.
o crédito tributário devido, com o referido des-
conto, em, no máximo, 12 parcelas consecutivas. d) concessão de liminar em favor do sujeito pas-
O não pagamento de qualquer parcela, na data sivo, a compensação e a transação.
de vencimento, autorizaria a Fazenda Pública
estadual a romper o acordo e a ingressar, ime- e) moratória, o depósito do montante integral do
diatamente, com ação de execução fiscal, para crédito e a concessão de liminar em favor do su-
cobrança do valor remanescente, objeto de con- jeito passivo.
fissão.
Anotações:
Determinada empresa requereu o benefício em
25/10/2010, relativamente a um débito líquido
e certo, constituído definitivamente no mês de
maio de 2006, confessou o débito na mesma data,
mas só pagou a primeira das 12 parcelas. Em ra-
zão disso, foi proposta a ação de execução fiscal,
e a empresa em questão foi regularmente cita-
da em 10/02/2014. Ao oferecer seus embargos à
execução, dias depois de sua citação, ela alegou,
entre outras coisas, a ocorrência de prescrição. A
decisão de primeira instância só foi proferida em
Gabarito: 01 – E | 02 - A| 03 - E

56
#LEGIS

DIA 9 Art. 177. Salvo disposição de lei em con-


trário, a isenção não é extensiva:

Disciplina: Direito Tributário I - às taxas e às contribuições de melho-


Responsável: Prof. Tiago Melo. ria;
Dia 09: Do Art. 175 ao 193. II - aos tributos instituídos posterior-
mente à sua concessão.
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
Art. 178 - A isenção, salvo se concedida
por prazo certo e em função de determinadas
condições, pode ser revogada ou modificada
Art. 175. Excluem o crédito tributário: por lei, a qualquer tempo, observado o dis-
posto no inciso III do art. 104.
I - a isenção;
II - a anistia. Art. 179. A isenção, quando não concedi-
da em caráter geral, é efetivada, em cada caso,
ISENÇÃO ANISTIA por despacho da autoridade administrativa,
em requerimento com o qual o interessado
Exclui o crédito referen- Exclui o crédito referen-
faça prova do preenchimento das condições e
te ao tributo. te à penalidade.
do cumprimento dos requisitos previstos em
lei ou contrato para sua concessão.
Parágrafo único. A exclusão do crédito tri-
butário não dispensa o cumprimento das obri- § 1º Tratando-se de tributo lançado por
gações acessórias dependentes da obrigação período certo de tempo, o despacho re-
principal cujo crédito seja excluído, ou dela con- ferido neste artigo será renovado antes
sequente. da expiração de cada período, cessando
automaticamente os seus efeitos a partir
Comentário: Ver arts. 97, VI e 111, I, do CTN; e art. do primeiro dia do período para o qual o
150, §6°, CF/88. interessado deixar de promover a conti-
nuidade do reconhecimento da isenção.
§ 2º O despacho referido neste artigo
Art. 176. A isenção, ainda quando prevista
não gera direito adquirido, aplicando-
em contrato, é sempre decorrente de lei que -se, quando cabível, o disposto no artigo
especifique as condições e requisitos exigidos 155.
para a sua concessão, os tributos a que se aplica
e, sendo caso, o prazo de sua duração.
Jurisprudência: “(...) 2. Nos termos do art. 176 do
CTN, ‘A isenção, ainda quando prevista em con-
Parágrafo único. A isenção pode ser res- trato, é sempre decorrente de lei que especifique
trita a determinada região do território da en- as condições e requisitos exigidos para a sua con-
tidade tributante, em função de condições a ela cessão, os tributos a que se aplica e, sendo caso,
peculiares. o prazo de sua duração’”. [STJ, 2.ª T., AgRg no Ag
em REsp462.043/RS, Rel. Min. Herman Benjamin,
j. 27.03.2014, DJe 22.04.2014].
Comentário: Ver art. 151, I, CF/88, que trata do
Princípio da Uniformidade Geográfica.
3. Compete ao Município disciplinar a forma pela
qual deve ser concedida isenção do IPTU, não ha-
Jurisprudência: vendo, em princípio, direito irrestrito e absoluto
à fruição desse benefício pelo simples fato de o
Súmula 544 do STF: Isenções tributárias conce- imóvel ter sofrido tombamento. (...).
didas, sob condição onerosa, não podem ser li-
vremente suprimidas. “A interpretação extensiva da lei de isenção, para
atingir tributos futuramente criados, não se coa-

57
#LEGIS

duna com o sistema tributário brasileiro. O art. 3.º, Art. 181. A anistia pode ser concedida:
§ 4.º, da Lei 9.317/1996 deve ser interpretado de
forma sistemática com o disposto no art. 150, § 6.º, I - em caráter geral;
da Constituição e no art. 111 do CTN”. [STJ, 2.ª T.,
AgRg no REsp 1.434.314/PE, Rel. Min. Mauro Cam- II - limitadamente:
pbell Marques, j. 08.04.2014, DJe 23.04.2014].
a) às infrações da legislação relativa a de-
As empresas optantes pelo SIMPLES são isen- terminado tributo;
tas apenas das contribuições que já haviam sido b) às infrações punidas com penalidades
instituídas pela União na data da vigência da Lei pecuniárias até determinado montante,
9.317/1996. Com efeito, firmou-se nesta Corte o conjugadas ou não com penalidades de ou-
entendimento de que não há isenção do PIS-Im- tra natureza;
portação e da Cofins-Importação, na hipótese de
pessoas jurídicas optantes c) a determinada região do território da
entidade tributante, em função de condi-
pelo Simples, porque a Lei 9.317/1996 não pode- ções a ela peculiares;
ria isentar contribuições que foram criadas por lei d) sob condição do pagamento de tributo
posterior, nos termos do art. 177, II, do CTN, que no prazo fixado pela lei que a conceder, ou
preceitua que a isenção não é extensiva aos tribu- cuja fixação seja atribuída pela mesma lei à
tos instituídos posteriormente à sua concessão. autoridade administrativa.

Art. 180. A anistia abrange exclusivamente Art. 182. A anistia, quando não concedida
as infrações cometidas anteriormente à vigência em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por
da lei que a concede, não se aplicando: despacho da autoridade administrativa, em re-
querimento com a qual o interessado faça prova
I - aos atos qualificados em lei como crimes do preenchimento das condições e do cumpri-
ou contravenções e aos que, mesmo sem mento dos requisitos previstos em lei para sua
essa qualificação, sejam praticados com concessão.
dolo, fraude ou simulação pelo sujeito pas-
sivo ou por terceiro em benefício daquele; Parágrafo único. O despacho referido neste
II - salvo disposição em contrário, às infra- artigo não gera direito adquirido, aplicando-se,
ções resultantes de conluio entre duas ou quando cabível, o disposto no artigo 155.
mais pessoas naturais ou jurídicas.
Jurisprudência: “(...) a alegação de não caber ao
Jurisprudência: “1. O STJ firmou entendimento Poder Judiciário a análise dos requisitos estabe-
de que o não recolhimento do tributo por si só não lecidos pelo art. 182 do CTN, que trata da anistia
constitui infração à lei”. [STJ, 2a T., REsp 448.193/ fiscal em caráter individual, mas somente à Ad-
SP, Rel. Min. Eliana Calmon, j. em 10/8/2004, DJ de ministração Pública, não tem razão de ser, haja
11/10/2004, p. 264]. vista que, uma vez preenchidas as condições
impostas pela sobredita norma de regência – di-
2. Se o contribuinte preenche os requisitos da nor- reito líquido e certo do impetrante – e caso não
ma que concedeu anistia fiscal, não é lícito impe- seja deferida a benesse fiscal ao contribuinte por
dir o gozo do benefício em face do art. 180, I e II despacho da autoridade administrativa, pode o
do CTN, presumindo-se ter havido dolo pelo não órgão jurisdicional competente conferir ao des-
recolhimento do tributo sem procedimento admi- tinatário do comando legal o proveito do perse-
nistrativo com obediência ao contraditório e ao guido privilégio tributário. (...)”. [STJ, 2.ª T., AgRg
devido processo legal. (...). no AgIn 1.340.457/BA, Rel. Min. Castro Meira, j.
23.11.2010, DJe 01.12.2010].
“(...) 2. Se ao executado não foi imposta sequer a
conduta dolosa de exonerar-se do pagamento de
tributos devidos, não se pode invocar a aplicação Art. 183. A enumeração das garantias atri-
do art. 180, I, do CTN. (...)”. [STJ, 2.ª T., AgRg no AgIn buídas neste Capítulo ao crédito tributário não
326.191/SP, Rel. Min. Francisco Peçanha Martins, j. exclui outras que sejam expressamente previs-
22.02.2005, DJe 28.03.2005].

58
#LEGIS

tas em lei, em função da natureza ou das carac- sob a sistemática do representativo da contro-
terísticas do tributo a que se refiram. vérsia, esta Corte Superior assentou o entendi-
mento de que não se aplica à Execução Fiscal o
Parágrafo único. A natureza das garantias Enunciado 375 da Súmula de sua jurisprudên-
atribuídas ao crédito tributário não altera a na- cia, segundo o qual o reconhecimento da fraude
à execução depende do registro da penhora do
tureza deste nem a da obrigação tributária a que bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro
corresponda. adquirente. Sendo assim, há presunção absolu-
ta da fraude à execução quando a alienação é
Art. 184. Sem prejuízo dos privilégios es- efetivada após a inscrição do débito tributário
peciais sobre determinados bens, que sejam em Dívida Ativa, ou, em sendo a alienação fei-
previstos em lei, responde pelo pagamento do ta em data anterior à entrada em vigor da LC
crédito tributário a totalidade dos bens e das 118/2005, presume-se fraudulenta quando feita
rendas, de qualquer origem ou natureza, do su- após a citação do devedor, sendo desnecessária,
jeito passivo, seu espólio ou sua massa falida, portanto, a discussão acerca da má-fé ou não do
adquirente. (...)”. [STJ, AgRg no AREsp 696.938/
inclusive os gravados por ônus real ou cláusula RS, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO,
de inalienabilidade ou impenhorabilidade, seja PRIMEIRA TURMA, julgado em 09/03/2020, DJe
qual for a data da constituição do ônus ou da 11/03/2020].
cláusula, excetuados unicamente os bens e ren-
das que a lei declare absolutamente impenho- “1. A lei especial prevalece sobre a lei geral (lex
ráveis. specialis derrogat lex generalis), por isso que a
Súmula n.º 375 do Egrégio STJ não se aplica às
execuções fiscais”. [STJ, REsp 1141990/PR, Rel.
GARANTIAS PRIVILÉGIOS Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
Normas que asseguram Normas que atribuem 10/11/2010, DJe 19/11/2010].
direitos ou prerrogativas ao crédito tributário
em prol do crédito tribu- uma posição de vanta- 2. O artigo 185, do Código Tributário Nacional -
tário. gem quanto aos demais. CTN, assentando a presunção de fraude à exe-
cução, na sua redação primitiva, dispunha que:
“Art. 185. Presume-se fraudulenta a alienação
Jurisprudência: “(...) 2. A indivisibilidade do ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo,
bem não lhe retira, por si só, a possibilidade de por sujeito passivo em débito para com a Fazen-
penhora, eis que os arts. 184 do CTN e 30 da Lei da Pública por crédito tributário regularmente
6.830/1980 trazem previsão expressa de que a inscrito como
totalidade dos bens do sujeito passivo responde
pelo pagamento do crédito tributário ou dívida dívida ativa em fase de execução.
ativa da Fazenda Pública. (...)”. [STJ, 2.ª T., REsp
1.404.659/PB, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
j. 01.04.2014, DJe 07.04.2014]. aplica na hipótese de terem sido reservados pelo
devedor bens ou rendas suficientes ao total pa-
Art. 185. Presume-se fraudulenta a alie- gamento da dívida em fase de execução.”
nação ou oneração de bens ou rendas, ou seu
3. A Lei Complementar n.º 118, de 9 de fevereiro
começo, por sujeito passivo em débito para
de 2005, alterou o artigo 185, do CTN, que passou
com a Fazenda Pública, por crédito tributário a ostentar o seguinte teor: “Art. 185. Presume-se
regularmente inscrito como dívida ativa. fraudulenta a alienação ou oneração de bens ou
rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em
Parágrafo único. O disposto neste artigo débito para com a Fazenda Pública, por crédito
não se aplica na hipótese de terem sido reser- tributário regularmente inscrito como dívida ati-
vados, pelo devedor, bens ou rendas suficien- va.
tes ao total pagamento da dívida inscrita.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se
aplica na hipótese de terem sido reservados,
Jurisprudência: “1. Ao julgar o REsp. 1.141.990/ pelo devedor, bens ou rendas suficientes ao total
PR, da relatoria do eminente Ministro LUIZ FUX, pagamento da dívida inscrita.”

59
#LEGIS

4. Consectariamente, a alienação efetivada 11. Recurso especial conhecido e provido. Acór-


antes da entrada em vigor da LC n.º 118/2005 dão submetido ao regime do artigo 543-C do CPC
(09.06.2005) presumia-se em fraude à execução e da Resolução STJ n.º 08/2008.
se o negócio jurídico sucedesse a citação válida
do devedor; posteriormente à 09.06.2005, consi-
deram-se fraudulentas as alienações efetuadas Art. 185-A. Na hipótese de o devedor tri-
pelo devedor fiscal após a inscrição do crédito butário, devidamente citado, não pagar nem
tributário na dívida ativa. apresentar bens à penhora no prazo legal e não
forem encontrados bens penhoráveis, o juiz
5. A diferença de tratamento entre a fraude civil determinará a indisponibilidade de seus bens
e a fraude fiscal justifica-se pelo fato de que, na e direitos, comunicando a decisão, preferencial-
primeira hipótese, afronta-se interesse privado, mente por meio eletrônico, aos órgãos e entida-
ao passo que, na segunda, interesse público, por- des que promovem registros de transferência de
quanto o recolhimento dos tributos serve à satis- bens, especialmente ao registro público de imó-
fação das necessidades coletivas.
veis e às autoridades supervisoras do mercado
6. É que, consoante a doutrina do tema, a fraude bancário e do mercado de capitais, a fim de que,
de execução, diversamente da fraude contra cre- no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a
dores, opera-se in re ipsa, vale dizer, tem caráter ordem judicial.
absoluto, objetivo, dispensando o concilium frau-
dis. (...) § 1º A indisponibilidade de que trata o
caput deste artigo limitar-se-á ao valor
9. Conclusivamente: (a) a natureza jurídica tribu- total exigível, devendo o juiz determinar
tária do crédito conduz a que a simples alienação o imediato levantamento da indisponibili-
ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, dade dos bens ou valores que excederem
pelo sujeito passivo por quantia inscrita em dívi- esse limite.
da ativa, sem a reserva de meios para quitação
§ 2º Os órgãos e entidades aos quais se
do débito, gera presunção absoluta (jure et de
fizer a comunicação de que trata o caput
jure) de fraude à execução (lei especial que se so-
deste artigo enviarão imediatamente ao
brepõe ao regime do direito processual civil); (b)
juízo a relação discriminada dos bens e
a alienação engendrada até 08.06.2005 exige que
direitos cuja indisponibilidade houverem
tenha havido prévia citação no processo judicial
promovido.
para caracterizar a fraude de execução; se o ato
translativo foi praticado a partir de 09.06.2005,
data de início da vigência da Lei Complemen-
tar n.º 118/2005, basta a efetivação da inscrição Jurisprudência:
em dívida ativa para a configuração da figura da
fraude; (c) a fraude de execução prevista no arti- Súmula 560 do STJ: A decretação da indispo-
go 185 do CTN encerra presunção jure et de jure, nibilidade de bens e direitos, na forma do art.
conquanto componente do elenco das “garantias 185-A do CTN, pressupõe o exaurimento das
do crédito tributário”; (d) a inaplicação do artigo diligências na busca por bens penhoráveis, o
185 do CTN, dispositivo que não condiciona a qual fica caracterizado quando infrutíferos o
ocorrência de fraude a qualquer registro público, pedido de constrição sobre ativos financeiros
importa violação da Cláusula Reserva de Plená- e a expedição de ofícios aos registros públicos
rio e afronta à Súmula Vinculante n.º 10, do STF. do domicílio do executado, ao Denatran ou De-
tran.
10. In casu, o negócio jurídico em tela aperfei-
çoou-se em 27.10.2005, data posterior à entra- “1. Para efeitos de aplicação do disposto no
da em vigor da LC 118/2005, sendo certo que a art. 543-C do CPC, e levando em consideração
inscrição em dívida ativa deu-se anteriormente o entendimento consolidado por esta Corte
à revenda do veículo ao recorrido, porquanto, Superior de Justiça, firma-se compreensão no
consoante dessume-se dos autos, a citação foi sentido de que a indisponibilidade de bens e
efetuada em data anterior à alienação, restando direitos autorizada pelo art. 185-A do CTN de-
inequívoca a prova dos autos quanto à ocorrên- pende da observância dos seguintes requisi-
cia de fraude à execução fiscal. tos”:

60
#LEGIS

(i) citação do devedor tributário; 6. O deslinde de controvérsias idênticas à dos


(ii) inexistência de pagamento ou autos exige do magistrado ponderação a res-
apresentação de bens à penhora no prazo peito das diligências levadas a efeito pelo exe-
legal; e quente, para saber se elas correspondem, ra-
zoavelmente, a todas aquelas que poderiam
(iii) a não localização de bens penhoráveis ser realizadas antes da constrição consistente
após esgotamento das diligências na indisponibilidade de bens.
realizadas pela Fazenda, caracterizado
quando houver nos autos (a) pedido de 7. A análise razoável dos instrumentos que se
acionamento do Bacen Jud e consequente encontram à disposição da Fazenda permite
determinação pelo magistrado e (b) concluir que houve o esgotamento das dili-
a expedição de ofícios aos registros gências quando demonstradas as seguintes
públicos do domicílio do executado e ao medidas: (i) acionamento do Bacen Jud; e (ii)
Departamento Nacional ou Estadual de expedição de ofícios aos registros públicos do
Trânsito - DENATRAN ou DETRAN. domicílio do executado e ao Departamento Na-
cional ou Estadual de Trânsito - DENATRAN ou
DETRAN. (...).
[STJ, REsp 1377507/SP, Rel. Ministro OG
FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em “1. A utilização do Sistema BACEN-JUD,
26/11/2014, DJe 02/12/2014]. no período posterior à vacatio legis da Lei
11.382/2006 (21.01.2007), prescinde do exau-
2. O bloqueio universal de bens e de direitos rimento de diligências extrajudiciais, por parte
previsto no art. 185 -A do CTN não se confunde do exequente, a fim de se autorizar o bloqueio
com a penhora de dinheiro aplicado em insti- eletrônico de depósitos ou aplicações finan-
tuições financeiras, por meio do Sistema Ba- ceiras (...).” [STJ, REsp 1184765/PA, Rel. Mi-
cenJud, disciplinada no art. 655-A do CPC. nistro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em
24/11/2010, DJe 03/12/2010].
3. As disposições do art. 185-A do CTN abrange-
rão todo e qualquer bem ou direito do devedor, 9. A antinomia aparente entre o artigo 185-A, do
observado como limite o valor do crédito tri- CTN (que cuida da decretação de indisponibili-
butário, e dependerão do preenchimento dos dade de bens e direitos do devedor executado)
seguintes requisitos: e os artigos 655 e 655-A, do CPC (penhora de
dinheiro em depósito ou aplicação financeira)
(i) citação do executado; é superada com a aplicação da Teoria pós-mo-
(ii) inexistência de pagamento ou de derna do Diálogo das Fontes, idealizada pelo
oferecimento de bens à penhora no prazo alemão Erik Jayme e aplicada, no Brasil, pela
legal; e, por fim, primeira vez, por Cláudia Lima Marques, a fim
de preservar a coexistência entre o Código de
(iii) não forem encontrados bens Defesa do Consumidor e o novo Código Civil.
penhoráveis.
10. Com efeito, consoante a Teoria do Diálo-
4. A aplicação da referida prerrogativa da Fa- go das Fontes, as normas gerais mais benéfi-
zenda Pública pressupõe a comprovação de cas supervenientes preferem à norma especial
que, em relação ao último requisito, houve o (concebida para conferir tratamento privilegia-
esgotamento das diligências para localização do a determinada categoria), a fim de preser-
de bens do devedor. var a coerência do sistema normativo.

5. Resta saber, apenas, se as diligências realiza- 11. Deveras, a ratio essendi do artigo 185-A, do
das pela exequente e infrutíferas para o que se CTN, é erigir hipótese de privilégio do crédito
destinavam podem ser consideradas suficien- tributário, não se revelando coerente “colocar
tes a permitir que se afirme, com segurança, o credor privado em situação melhor que o cre-
que não foram encontrados bens penhoráveis, dor público, principalmente no que diz respei-
e, por consequência, determinar a indisponibi- to à cobrança do crédito tributário, que deriva
lidade de bens. do dever fundamental de pagar tributos (arti-
gos 145 e seguintes da Constituição Federal de

61
#LEGIS

1988)” (REsp 1.074.228/MG, Rel. Ministro Mau- ditos decorrentes da legislação do trabalho ou
ro Campbell Marques, Segunda Turma, julgado do acidente de trabalho.
em 07.10.2008, DJe 05.11.2008).
Parágrafo único. Na falência:
12. Assim, a interpretação sistemática dos artigos
185-A, do CTN, com os artigos 11, da Lei 6.830/80
I – o crédito tributário não prefere aos cré-
e 655 e 655-A, do CPC, autoriza a penhora ele-
ditos extraconcursais ou às importâncias
trônica de depósitos ou aplicações financeiras
passíveis de restituição, nos termos da lei
independentemente do exaurimento de diligên-
falimentar, nem aos créditos com garantia
cias extrajudiciais por parte do exequente.
real, no limite do valor do bem gravado;
13. À luz da regra de direito intertemporal que II – a lei poderá estabelecer limites e con-
preconiza a aplicação imediata da lei nova de dições para a preferência dos créditos de-
índole processual, infere-se a existência de dois correntes da legislação do trabalho; e
regimes normativos no que concerne à penhora III – a multa tributária prefere apenas aos
eletrônica de dinheiro em depósito ou aplicação créditos subordinados.
financeira:

(i) período anterior à égide da Lei 11.382, Ordem de preferência dos créditos na falência.
de 6 de dezembro de 2006 (que obedeceu a
vacatio legis de 45 dias após a publicação), 1. Créditos extraconcursais;
no qual a utilização do Sistema BACEN- 2. Importâncias passíveis de restituição;
JUD pressupunha a demonstração de que
o exequente não lograra êxito em suas 3. Créditos trabalhistas, limitados até 150 salá-
tentativas de obter as informações sobre o rios mínimos por credor, e os decorrentes de aci-
executado e seus bens; e dentes de trabalho (sem limitação);
(ii) período posterior à vacatio legis da 4. Créditos com garantia real até o limite do bem
Lei 11.382/2006 (21.01.2007), a partir do gravado;
qual se revela prescindível o exaurimento
de diligências extrajudiciais a fim de se 5. Créditos tributários, independente da nature-
autorizar a penhora eletrônica de depósitos za e constituição, excetuadas as multas tributá-
ou aplicações financeiras. rias;
(...) 6. Créditos com privilégio especial;
17. Contudo, impende ressalvar que a penhora 7. Créditos com privilégio geral;
eletrônica dos valores depositados nas contas
bancárias não pode descurar-se da norma inser- 8. Créditos quirografários;
ta no artigo 649, IV, do CPC (com a redação dada
pela Lei 11.382/2006), segundo a qual são abso- 9. Multas contratuais e penas pecuniárias por in-
lutamente impenhoráveis “os vencimentos, sub- fração às leis penais ou administrativas, inclusive
sídios, soldos, salários, remunerações, proventos as multas tributárias;
de aposentadoria, pensões, pecúlios e monte-
pios; as quantias recebidas por liberalidade de 10. Créditos subordinados.
terceiro e destinadas ao sustento do devedor e
sua família, os ganhos de trabalhador autônomo
e os honorários de profissional liberal”. Jurisprudência: “(...) 2. A teor do art. 186 do
CTN, os créditos tributários preferem todos os
(...) demais, ressalvados os decorrentes da legisla-
Acórdão submetido ao regime do artigo 543-C, ção trabalhista e de acidente de trabalho, sen-
do CPC, e da Resolução STJ 08/2008. do legítimo que o produto da arrematação de
imóvel também penhorado em execução fiscal,
ainda que a alienação tenha sido levada a efei-
Art. 186. O crédito tributário prefere a to em autos de execução diversa, se destine à
qualquer outro, seja qual for sua natureza ou o satisfação do crédito fiscal. (...)”. [STJ, 1.ª T., AgRg
tempo de sua constituição, ressalvados os cré-

62
#LEGIS

no REsp 1.154.926/MG, Rel. Min. Sérgio Kukina, j. III - Municípios, conjuntamente e pró rata.
22.05.2014, DJe 28.05.2014].
Comentário: A doutrina contesta a constitucio-
Art. 187. A cobrança judicial do crédito tri- nalidade da norma, mas a Jurisprudência a tem
butário não é sujeita a concurso de credores ou aplicado.
habilitação em falência, recuperação judicial,
concordata, inventário ou arrolamento. Jurisprudência: “1. O crédito tributário de au-
tarquia federal goza do direito de preferência em
Jurisprudência: “1. A Corte de origem entendeu relação àquele de que seja titular a Fazenda Es-
que possuindo a União Federal a prerrogativa de tadual, desde que coexistentes execuções e pe-
escolher entre receber seu crédito por meio da nhoras”. [STJ, REsp 957.836/SP, Rel. Ministro LUIZ
execução fiscal ou pela habilitação de crédito, FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/10/2010,
ao optar pela adoção de um procedimento, con- DJe 26/10/2010].
sequentemente renunciará ao outro”. [STJ, REsp
1815825/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, (...)
SEGUNDA TURMA, julgado em 01/10/2019, DJe
18/10/2019]. 2. A instauração do concurso de credores pres-
supõe pluralidade de penhoras sobre o mesmo
2. A prejudicialidade do processo falimentar para bem, por isso que apenas se discute a preferên-
a satisfação do crédito tributário não implica a cia quando há execução fiscal e recaia a penhora
ausência de interesse processual no pedido de sobre o bem excutido em outra demanda execu-
habilitação do crédito tributário ou na penhora tiva.
no rosto dos autos.
(...)
3. A necessidade de aguardar o término da ação
de falência para eventual satisfação do seu cré- 3. In casu, resta observada a referida condição à
dito não retira da credora/exequente a faculdade análise do concurso de preferência, porquanto
de optar por ambas as vias de cobrança: habili- incontroversa a existência de penhora sobre o
tação no processo falimentar e ajuizamento da mesmo bem tanto pela Fazenda Estadual como
execução fiscal. pela autarquia previdenciária.

4. A tentativa de resguardar o interesse público (...)


subjacente à cobrança de tal espécie de crédito,
através do ajuizamento da execução fiscal e de 6. Deveras, verificada a pluralidade de penhoras
habilitação no processo falimentar, não encon- sobre o mesmo bem em executivos fiscais ajui-
tra óbice na legislação aplicável. Inteligência dos zados por diferentes entidades garantidas com o
arts. 187 do CTN e 29 da Lei 6.830/1980. privilégio do concurso de preferência, consagra-
-se a prelação ao pagamento dos créditos tribu-
5. Em caso da existência de processo falimentar, tários da União e suas autarquias em detrimento
eventual produto da alienação judicial dos bens dos créditos fiscais dos Estados, e destes em re-
penhorados deve ser repassado ao juízo univer- lação aos dos Municípios, consoante a dicção do
sal da falência. art. 187, § único c/c art. 29, da Lei 6.830/80.

7. O Pretório Excelso, não obstante a título de


6. Recurso Especial provido.
obiter dictum, proclamou, em face do advento da
Constituição Federal de 1988, a subsistência da
Parágrafo único. O concurso de preferên- Súmula 563 do STF: “O concurso de preferência a
cia somente se verifica entre pessoas jurídicas que se refere o parágrafo único do art. 187 do Có-
de direito público, na seguinte ordem: digo Tributário Nacional é compatível com o dis-
posto no art. 9º, I, da Constituição Federal”, (...)
I - União; Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do
CPC e da Resolução STJ 08/2008.
II - Estados, Distrito Federal e Territórios,
conjuntamente e pró rata;

63
#LEGIS

Art. 188. São extraconcursais os créditos ministração pública da União, dos Estados, do
tributários decorrentes de fatos geradores ocor- Distrito Federal, ou dos Municípios, ou sua autar-
ridos no curso do processo de falência. quia, celebrará contrato ou aceitará proposta
em concorrência pública sem que o contratante
§ 1º Contestado o crédito tributário, ou proponente faça prova da quitação de todos
o juiz remeterá as partes ao processo os tributos devidos à Fazenda Pública interessa-
competente, mandando reservar bens da, relativos à atividade em cujo exercício con-
suficientes à extinção total do crédito e trata ou concorre.
seus acrescidos, se a massa não puder
efetuar a garantia da instância por outra
forma, ouvido, quanto à natureza e valor Anotações gerais sobre os artigos anteriores:
dos bens reservados, o representante da
Fazenda Pública interessada.
§ 2º O disposto neste artigo aplica-se aos
processos de concordata.

Art. 189. São pagos preferencialmente a


quaisquer créditos habilitados em inventário ou
arrolamento, ou a outros encargos do monte, os
créditos tributários vencidos ou vincendos, a
cargo do de cujus ou de seu espólio, exigíveis no
decurso do processo de inventário ou arrola-
mento.

Parágrafo único. Contestado o crédito tri-


butário, proceder-se-á na forma do disposto no §
1º do artigo anterior.

Art. 190. São pagos preferencialmente a


quaisquer outros os créditos tributários venci-
dos ou vincendos, a cargo de pessoas jurídicas
de direito privado em liquidação judicial ou vo-
luntária, exigíveis no decurso da liquidação.

Art. 191. A extinção das obrigações do fa-


lido requer prova de quitação de todos os tri-
butos.

Art. 191-A. A concessão de recuperação


judicial depende da apresentação da prova de
quitação de todos os tributos, observado o dis-
posto nos arts. 151, 205 e 206 desta Lei.

Art. 192. Nenhuma sentença de julgamento


de partilha ou adjudicação será proferida sem
prova da quitação de todos os tributos relati-
vos aos bens do espólio, ou às suas rendas.

Art. 193. Salvo quando expressamente au-


torizado por lei, nenhum departamento da ad-

64
#LEGIS

Para Fixação: e) são extraconcursais os créditos tributários de-


correntes de fatos geradores ocorridos até o 30º
Ano: 2019/ Banca: CESPE/ SEFAZ-RS. dia que antecedeu o início do processo de falên-
cia.
Um contribuinte está em débito para com a fa-
zenda pública em razão de um crédito tributário
regularmente inscrito como dívida ativa.
Ano: 2017/ Banca: CESPE/ PGE-SE.
Com relação a essa situação hipotética, é correto
afirmar que, em regra, presume-se lícita a condu-
Um devedor tributário, devidamente citado em
ta do contribuinte mesmo que ele promova
execução fiscal, não pagou nem apresentou bens
à penhora no prazo legal.
a) a alienação de seus bens.
Nesse caso, considerando-se as garantias e os
b) a alienação de suas rendas.
privilégios do crédito tributário, a declaração da
indisponibilidade dos bens do devedor prevista
c) a oneração de seus bens, desde que reserve
no CTN dependerá da demonstração do esgota-
rendas suficientes para o pagamento total da dí-
mento das diligências para a localização de bens
vida.
penhoráveis.
d) a oneração de suas rendas, desde que reserve
Segundo a jurisprudência do STJ, o esgotamento
bens suficientes para o pagamento de mais de
dessas diligências caracteriza-se pela
80% do total da dívida.
a) comprovação da tentativa ou consumação de
e) a oneração de rendas em um procedimento
alienação ou oneração de bens ou rendas após a
com esse objetivo ainda em estágio inicial.
inscrição em dívida ativa, como acontece na me-
dida cautelar fiscal.

Ano: 2018/ Banca: FCC/ PGE-AP. b) diligência da fazenda pública em demonstrar


ter realizado buscas razoavelmente exigíveis, já
Relativamente às “Garantias e Privilégios do Cré- que inexiste na jurisprudência um rol mínimo de
dito Tributário”, o Código Tributário Nacional es- diligências a serem realizadas.
tabelece algumas regras de preferência, inclusive
para o caso de empresas em processo falimentar. c) existência de pedido e determinação, nos au-
De acordo com este Código, tos, de constrição sobre ativos financeiros via
BacenJud, expedição de ofícios aos registros pú-
a) são extraconcursais os créditos tributários de- blicos do domicílio do executado e ao Departa-
correntes de fatos geradores ocorridos até o 60º mento Nacional — ou estadual — de Trânsito.
dia que antecedeu o início do processo de falên-
cia, e no curso de processo de recuperação judi- d) existência de pedido e determinação, nos au-
cial. tos, de constrição sobre ativos financeiros via
BacenJud, expedição de ofícios aos registros de
b) os créditos extraconcursais não poderão ser imóveis do local de residência do executado e da
pagos, no curso de processo de falência da em- sede da comarca e da capital da respectiva uni-
presa, com recursos oriundos da sua alienação dade da Federação.
judicial.
e) simples inexistência de pagamento ou de ofe-
c) são extraconcursais os créditos tributários re- recimento de bens à penhora no prazo legal da
ferentes a impostos cujos fatos geradores tive- contestação, como ocorre na medida cautelar
rem ocorrido no curso do processo de falência. fiscal.

d) somente os créditos extraconcursais poderão Anotações:


ser pagos, no curso de processo de falência da
empresa, com recursos oriundos da sua aliena-
ção judicial.
Gabarito: 01 – C | 02 - C| 03 - C

65
#LEGIS

DIA 10 forma da legislação aplicável, que fixará prazo


máximo para a conclusão daquelas.

Disciplina: Direito Tributário Parágrafo único. Os termos a que se re-


Responsável: Prof. Tiago Melo. fere este artigo serão lavrados, sempre que
Dia 10: Do Art. 194 ao 218. possível, em um dos livros fiscais exibidos;
quando lavrados em separado deles se entre-
gará, à pessoa sujeita à fiscalização, cópia au-
Estudado Revisão 1 Revisão 2 Revisão 3
tenticada pela autoridade a que se refere este
artigo.

Art. 194. A legislação tributária, observa- Art. 197. Mediante intimação escrita, são
do o disposto nesta Lei, regulará, em caráter ge- obrigados a prestar à autoridade administra-
ral, ou especificamente em função da natureza tiva todas as informações de que disponham
do tributo de que se tratar, a competência e os com relação aos bens, negócios ou atividades
poderes das autoridades administrativas em de terceiros:
matéria de fiscalização da sua aplicação.
I - os tabeliães, escrivães e demais ser-
Parágrafo único. A legislação a que se re- ventuários de ofício;
fere este artigo aplica-se às pessoas naturais ou II - os bancos, casas bancárias, Caixas
jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que Econômicas e demais instituições finan-
gozem de imunidade tributária ou de isenção ceiras;
de caráter pessoal. III - as empresas de administração de
bens;
Jurisprudência: IV - os corretores, leiloeiros e despa-
chantes oficiais;
Súmula 439 do STF: Estão sujeitos a fiscaliza-
ção tributária ou previdenciária quaisquer livros V - os inventariantes;
comerciais, limitado o exame aos pontos objeto VI - os síndicos, comissários e liquidatá-
da investigação. rios;
VII - quaisquer outras entidades ou pes-
Art. 195. Para os efeitos da legislação tri- soas que a lei designe, em razão de seu
butária, não têm aplicação quaisquer disposi- cargo, ofício, função, ministério, atividade
ções legais excludentes ou limitativas do direi- ou profissão.
to de examinar mercadorias, livros, arquivos,
documentos, papéis e efeitos comerciais ou Parágrafo único. A obrigação prevista nes-
fiscais, dos comerciantes industriais ou produ- te artigo não abrange a prestação de informa-
tores, ou da obrigação destes de exibi-los. ções quanto a fatos sobre os quais o informante
esteja legalmente obrigado a observar segre-
Parágrafo único. Os livros obrigatórios do em razão de cargo, ofício, função, ministério,
de escrituração comercial e fiscal e os compro- atividade ou profissão.
vantes dos lançamentos neles efetuados serão
conservados até que ocorra a prescrição dos Art. 198. Sem prejuízo do disposto na le-
créditos tributários decorrentes das operações gislação criminal, é vedada a divulgação, por
a que se refiram. parte da Fazenda Pública ou de seus servido-
res, de informação obtida em razão do ofício
Art. 196. A autoridade administrativa que sobre a situação econômica ou financeira do
proceder ou presidir a quaisquer diligências de sujeito passivo ou de terceiros e sobre a natu-
fiscalização lavrará os termos necessários para reza e o estado de seus negócios ou atividades.
que se documente o início do procedimento, na

66
#LEGIS

§ 1º Excetuam-se do disposto neste artigo, de um determinado portador, que tem o dever de


além dos casos previstos no art. 199, os se- sigilo, para outro, que mantém a obrigação de si-
guintes: gilo, permanecendo resguardadas a intimidade e
a vida privada do correntista, exatamente como
I – requisição de autoridade judiciária no determina o art. 145, § 1º, da Constituição Fede-
interesse da justiça; ral.
II – solicitações de autoridade administra- 5. A ordem constitucional instaurada em 1988
tiva no interesse da Administração Pública, estabeleceu, dentre os objetivos da República
desde que seja comprovada a instauração Federativa do Brasil, a construção de uma so-
regular de processo administrativo, no ór- ciedade livre, justa e solidária, a erradicação da
gão ou na entidade respectiva, com o obje- pobreza e a marginalização e a redução das desi-
tivo de investigar o sujeito passivo a que se gualdades sociais e regionais. Para tanto, a Carta
refere a informação, por prática de infração foi generosa na previsão de direitos individuais,
administrativa. sociais, econômicos e culturais para o cidadão.
Ocorre que, correlatos a esses direitos, existem
§ 2º O intercâmbio de informação sigilo- também deveres, cujo atendimento é, também,
sa, no âmbito da Administração Pública, condição sine qua non para a realização do proje-
será realizado mediante processo regular- to de sociedade esculpido na Carta Federal. Den-
mente instaurado, e a entrega será feita tre esses deveres, consta o dever fundamental de
pessoalmente à autoridade solicitante, me- pagar tributos, visto que são eles que, majorita-
diante recibo, que formalize a transferência riamente, financiam as ações estatais voltadas
e assegure a preservação do sigilo. à concretização dos direitos do cidadão. Nesse
quadro, é preciso que se adotem mecanismos
efetivos de combate à sonegação fiscal, sendo o
§ 3º Não é vedada a divulgação de infor- instrumento fiscalizatório instituído nos arts. 5º e
mações relativas a: 6º da Lei Complementar nº 105/ 2001 de extrema
significância nessa tarefa.
I – representações fiscais para fins penais;
II – inscrições na Dívida Ativa da Fazenda 7. O art. 1º da Lei Complementar 104/2001, no
Pública; ponto em que insere o § 1º, inciso II, e o § 2º ao
art. 198 do CTN, não determina quebra de sigi-
III – parcelamento ou moratória. lo, mas transferência de informações sigilosas
no âmbito da Administração Pública. Outros-
Jurisprudência: “1. Julgamento conjunto das sim, a previsão vai ao encontro de outros coman-
ADI nº 2.390, 2.386, 2.397 e 2.859, que têm como dos legais já amplamente consolidados em nosso
núcleo comum de impugnação normas relativas ordenamento jurídico que permitem o acesso da
ao fornecimento, pelas instituições financeiras, Administração Pública à relação de bens, renda e
de informações bancárias de contribuintes à ad- patrimônio de determinados indivíduos.
ministração tributária”. [STF, ADI 2859, Relator(a):
Min. DIAS TOFFOLI, Tribunal Pleno, julgado em 8. À Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, ór-
24/02/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-225 DI- gão da Advocacia-Geral da União, caberá a defe-
VULG 20-10-2016 PUBLIC 21-10-2016]. sa da atuação do Fisco em âmbito judicial, sen-
do, para tanto, necessário o conhecimento dos
(...) dados e informações embasadores do ato por ela
defendido. Resulta, portanto, legítima a previsão
4. Os artigos 5º e 6º da Lei Complementar nº constante do art. 3º, § 3º, da LC 105/2001. (...).
105/2001 e seus decretos regulamentares (De-
cretos nº 3.724, de 10 de janeiro de 2001, e nº Art. 199. A Fazenda Pública da União e as
4.489, de 28 de novembro de 2009) consagram, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
de modo expresso, a permanência do sigilo das prestar-se-ão mutuamente assistência para a
informações bancárias obtidas com espeque em
seus comandos, não havendo neles autorização fiscalização dos tributos respectivos e permuta
para a exposição ou circulação daqueles dados. de informações, na forma estabelecida, em ca-
Trata-se de uma transferência de dados sigilosos ráter geral ou específico, por lei ou convênio.

67
#LEGIS

Parágrafo único. A Fazenda Pública da I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos


União, na forma estabelecida em tratados, co-responsáveis, bem como, sempre que
acordos ou convênios, poderá permutar infor- possível, o domicílio ou a residência de
mações com Estados estrangeiros no interesse um e de outros;
da arrecadação e da fiscalização de tributos. II - a quantia devida e a maneira de calcu-
lar os juros de mora acrescidos;
Comentário: A permuta de informações não é III - a origem e natureza do crédito, men-
autoexecutável, dependendo de lei ou de convê- cionada especificamente a disposição da
nio a autorizar a transferência de sigilo entre os lei em que seja fundado;
signatários. IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo ad-
Art. 200. As autoridades administrativas ministrativo de que se originar o crédito.
federais poderão requisitar o auxílio da for-
ça pública federal, estadual ou municipal, e Parágrafo único. A certidão conterá, além
reciprocamente, quando vítimas de embaraço dos requisitos deste artigo, a indicação do livro
ou desacato no exercício de suas funções, ou e da folha da inscrição.
quando necessário à efetivação dê medida pre-
vista na legislação tributária, ainda que não se
Jurisprudência: “1. A norma contida no art. 2º, §
configure fato definido em lei como crime ou
3º da Lei 6.830/80, segundo a qual a inscrição em
contravenção. dívida ativa suspende a prescrição por 180 (cento
e oitenta) dias ou até a distribuição da execução
Art. 201. Constitui dívida ativa tributária fiscal, se anterior àquele prazo, aplica-se tão-so-
a proveniente de crédito dessa natureza, regu- mente às dívidas de natureza não-tributárias,
larmente inscrita na repartição administrativa porque a prescrição das dívidas tributárias re-
competente, depois de esgotado o prazo fixado, gula-se por lei complementar, no caso o art. 174
para pagamento, pela lei ou por decisão final do CTN. (...)”. [STJ, REsp 881.607/MG, Rel. Ministra
proferida em processo regular. ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em
10/06/2008, DJe 30/06/2008].
Parágrafo único. A fluência de juros de “1. A petição inicial da execução fiscal apresen-
mora não exclui, para os efeitos deste artigo, a ta seus requisitos essenciais próprios e especiais
liquidez do crédito. que não podem ser exacerbados a pretexto da
aplicação do Código de Processo Civil, o qual,
Comentário: Para uma adequada compreen- por conviver com a lex specialis, somente se apli-
são acerca do conceito de dívida ativa e respec- ca subsidiariamente”. [STJ, REsp 1138202/ES,
tiva execução, recomenda-se a leitura da Lei n. Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado
6.830/1980 (Lei das Execuções Fiscais), também em 09/12/2009, DJe 01/02/2010].
disponível na coleção Ouse Legis.
2. Os referidos requisitos encontram-se enume-
rados no art. 6º, da Lei 6.830/80,
Jurisprudência: “(...) a fixação da data do ven-
cimento do imposto, via decreto, não viola o (...)
CTN (arts. 97 e 160 CTN) simplesmente porque
o vocábulo ‘legislação’ não significa apenas 3. Consequentemente, é desnecessária a apre-
lei; o mesmo raciocínio é válido para o texto do sentação do demonstrativo de cálculo, em execu-
art. 201 CTN. (...)”. [STJ, 2a T., REsp 63.618/SP, ção fiscal, uma vez que a Lei n.º 6.830/80 dispõe,
Rel. Min. Peçanha Martins, j. em 2/6/1998, DJ de expressamente, sobre os requisitos essenciais
18/12/1998, p. 315]. para a instrução da petição inicial e não elenca o
demonstrativo de débito entre eles. Inaplicável à
espécie o art. 614, II, do CPC.
Art. 202. O termo de inscrição da dívida
ativa, autenticado pela autoridade competente, (...)
indicará obrigatoriamente:

68
#LEGIS

4. A própria Certidão da Dívida Ativa, que embasa Parágrafo único. A presunção a que se re-
a execução, já discrimina a composição do débi- fere este artigo é relativa e pode ser ilidida por
to, porquanto todos os elementos que compõem prova inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou
a dívida estão arrolados no título executivo - que do terceiro a que aproveite.
goza de presunção de liquidez e certeza -, con-
soante dessume-se das normas emanadas dos
§§ 5º e 6º, do art. 2º, da Lei nº 6830/80, Comentário: No mesmo sentido é a disposição
constante do art. 3º da Lei n. 6.830/1980 (Lei das
(...) Execuções Fiscais – LEF).

§ 6º - A Certidão da Dívida Ativa conterá os


mesmos elementos do Termo de Inscrição e será Jurisprudência: “1. Esta Corte firmou o enten-
autenticada pela autoridade competente. dimento, em sede de Recurso Especial Repe-
titivo, que a lista de serviços anexa do Decre-
(...) to-Lei 406/1968 (com a redação dada pela LC
56/1987), que estabelece quais serviços sofrem
7. Recurso especial provido. Acórdão submetido a incidência do ISS, comporta interpretação
ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução extensiva, para abarcar os serviços correlatos
STJ 08/2008. àqueles previstos expressamente. Precedente:
REsp. 1.111.234/PR, Rel. Min. ELIANA CALMON,
1a. Seção, DJe 8.10.2009”. [STJ, AgInt no AREsp
Art. 203. A omissão de quaisquer dos re- 430.610/PR, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA
quisitos previstos no artigo anterior, ou o erro a FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/09/2017,
eles relativo, são causas de nulidade da inscri- DJe 05/10/2017].
ção e do processo de cobrança dela decorrente,
mas a nulidade poderá ser sanada até a decisão 2. Entendimento pacificado através da Súmula
de primeira instância, mediante substituição da 424/STJ que: É legítima a incidência de ISS so-
certidão nula, devolvido ao sujeito passivo, acu- bre os serviços bancários congêneres da lista
anexa ao DL 406/1968 e à LC 56/1987.
sado ou interessado o prazo para defesa, que
somente poderá versar sobre a parte modifica- 3. Ademais, de acordo com a orientação conso-
da. lidada nesta Corte Superior, a dívida ativa re-
gularmente inscrita é dotada de presunção
Jurisprudência: juris tantum de certeza e liquidez, só poden-
do ser afastada por prova inequívoca, a teor
Súmula 392 do STJ: A Fazenda Pública pode subs- do disposto no art. 3o. da Lei de Execuções Fis-
tituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prola- cais. Precedentes: AgRg no REsp. 1.283.570/AL,
ção da sentença de embargos, quando se tratar Rel. Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, DJe
de correção de erro material ou formal, vedada a 29.9.2016; AgInt no REsp. 1.580.219/RS, Rel. Min.
modificação do sujeito passivo da execução. HERMAN BENJAMIN, DJe 12.9.2016.

Súmula 558 do STJ: Em ações de execução fiscal, 4. Agravo Interno do Banco desprovido.
a petição inicial não pode ser indeferida sob o ar-
gumento da falta de indicação do CPF e/ou RG ou Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da
CNPJ da parte executada. quitação de determinado tributo, quando exigí-
Súmula 559 do STJ: Em ações de execução fis- vel, seja feita por certidão negativa, expedida à
cal, é desnecessária a instrução da petição inicial vista de requerimento do interessado, que con-
com o demonstrativo de cálculo do débito, por tenha todas as informações necessárias à identi-
tratar-se de requisito não previsto no art. 6.º da ficação de sua pessoa, domicílio fiscal e ramo de
Lei 6.830/1980. negócio ou atividade e indique o período a que se
refere o pedido.
Art. 204. A dívida regularmente inscrita
goza da presunção de certeza e liquidez e tem Parágrafo único. A certidão negativa será
o efeito de prova pré-constituída. sempre expedida nos termos em que tenha sido

69
#LEGIS

requerida e será fornecida dentro de 10 (dez) zenda Pública, responsabiliza pessoalmente o


dias da data da entrada do requerimento na re- funcionário que a expedir, pelo crédito tributá-
partição. rio e juros de mora acrescidos.

Art. 206. Tem os mesmos efeitos previs- Parágrafo único. O disposto neste artigo
tos no artigo anterior a certidão de que conste não exclui a responsabilidade criminal e fun-
a existência de créditos não vencidos, em curso cional que no caso couber.
de cobrança executiva em que tenha sido efetiva-
da a penhora, ou cuja exigibilidade esteja sus- Comentário: Apesar de o dispositivo falar em
pensa. responsabilidade pessoal, a doutrina entende
que, em verdade, o termo mais adequado seria
Certidão positiva com responsabilidade solidária.
Certidão negativa de
efeitos de negativa
débito (CND) É que não há cogitar a responsabilidade
(CPD-EN) exclusiva do servidor, exonerando o sujeito
Prevista no art. 206, passivo originário, no que configuraria nítido
Prevista no art. 205, locupletamento indevido deste.
CTN, atesta situação
CTN, certifica a ausên-
em que há débitos do
cia de débitos fiscais do Art. 209. A expressão “Fazenda Pública”,
requerente perante a
requerente perante a quando empregada nesta Lei sem qualificação,
Fazenda manifestante,
Fazenda Pública mani- abrange a Fazenda Pública da União, dos Esta-
porém tais débitos não
festante. dos, do Distrito Federal e dos Municípios.
são exigíveis.

Art. 210. Os prazos fixados nesta Lei ou le-


Jurisprudência: gislação tributária serão contínuos, excluindo-
-se na sua contagem o dia de início e incluindo-
Súmula 446 do STJ: Declarado e não pago o dé- -se o de vencimento.
bito tributário pelo contribuinte, é legítima a re-
cusa de expedição de certidão negativa ou positi-
Parágrafo único. Os prazos só se iniciam
va com efeito de negativa.
ou vencem em dia de expediente normal na
“(...) 2. A expedição de Certidão Positiva com efei- repartição em que corra o processo ou deva ser
tos de Negativa está condicionada à existência de praticado o ato.
penhora suficiente ou à suspensa da exigibilida-
de do crédito tributário, nos termos dos arts. 151 Jurisprudência: “(...) 3. O programa de parce-
e 206 do CTN. (...)”. [STJ, 2.ª T., REsp 1.479.276/MG, lamento instituído pela Lei 10.684/2003 (PAES)
Rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. 16.10.2014, instituiu prazo de adesão em 31.8.2003, um do-
DJe 28.10.2014]. mingo”. [STJ, 2.ª T., REsp 1.332.712/CE, Rel. Min.
Humberto Martins, j. 27.11.2012, DJe 04.12.2012].
Art. 207. Independentemente de disposi-
ção legal permissiva, será dispensada a prova 4. É devida a prorrogação para o primeiro dia útil
subsequente, 01.09.2003 (segunda-feira), pois o
de quitação de tributos, ou o seu suprimento,
art. 210, parágrafo único, do CTN estabelece que
quando se tratar de prática de ato indispensável os prazos fixados na ‘legislação tributária’ – à
para evitar a caducidade de direito, responden- qual se amolda o programa de parcelamento em
do, porém, todos os participantes no ato pelo tri- comento –, somente vencem em dia de expedien-
buto porventura devido, juros de mora e pena- te normal na repartição em que corra o processo
lidades cabíveis, exceto as relativas a infrações ou deva ser praticado o ato. (...).
cuja responsabilidade seja pessoal ao infrator.
Art. 211. Incumbe ao Conselho Técnico de
Art. 208. A certidão negativa expedida com Economia e Finanças, do Ministério da Fazenda,
dolo ou fraude, que contenha erro contra a Fa- prestar assistência técnica aos governos esta-

70
#LEGIS

duais e municipais, com o objetivo de assegurar Art. 217. As disposições desta Lei, nota-
a uniforme aplicação da presente Lei. damente as dos arts 17, 74, § 2º e 77, parágrafo
único, bem como a do art. 54 da Lei 5.025, de 10
Art. 212. Os Poderes Executivos federal, de junho de 1966, não excluem a incidência e a
estaduais e municipais expedirão, por decreto, exigibilidade:
dentro de 90 (noventa) dias da entrada em vigor
desta Lei, a consolidação, em texto único, da le- I - da “contribuição sindical”, denominação
gislação vigente, relativa a cada um dos tribu- que passa a ter o imposto sindical de que
tos, repetindo-se esta providência até o dia 31 de tratam os arts 578 e seguintes, da Consoli-
janeiro de cada ano. dação das Leis do Trabalho, sem prejuízo
do disposto no art. 16 da Lei 4.589, de 11 de
dezembro de 1964;
Art. 213. Os Estados pertencentes a uma
mesma região geo-econômica celebrarão entre II - das denominadas “quotas de previdên-
si convênios para o estabelecimento de alíquota cia” a que aludem os arts 71 e 74 da Lei
3.807, de 26 de agosto de 1960 com as al-
uniforme para o imposto a que se refere o artigo
terações determinadas pelo art. 34 da Lei
52. 4.863, de 29 de novembro de 1965, que in-
tegram a contribuição da União para a pre-
Parágrafo único. Os Municípios de um mes- vidência social, de que trata o art. 157, item
mo Estado procederão igualmente, no que se re- XVI, da Constituição Federal;
fere à fixação da alíquota de que trata o artigo 60. III - da contribuição destinada a constituir
o “Fundo de Assistência” e “Previdência do
Comentário: Os mencionados artigos 52 e 60 do Trabalhador Rural”, de que trata o art. 158
CTN foram revogados antes mesmo do advento da Lei 4.214, de 2 de março de 1963;
da CF/88, pelo que se esvaziou o teor do disposi- IV - da contribuição destinada ao Fundo de
tivo acima. Garantia do Tempo de Serviço, criada pelo
art. 2º da Lei 5.107, de 13 de setembro de
Art. 214. O Poder Executivo promoverá a 1966;
realização de convênios com os Estados, para V - das contribuições enumeradas no § 2º
excluir ou limitar a incidência do imposto sobre do art. 34 da Lei 4.863, de 29 de novembro
operações relativas à circulação de mercadorias, de 1965, com as alterações decorrentes do
no caso de exportação para o exterior. disposto nos arts 22 e 23 da Lei 5.107, de 13
de setembro de 1966, e outras de fins so-
ciais criadas por lei.
Comentário: Ver art. 155, § 2º, X, “a”, CF/88.

Art. 215. A lei estadual pode autorizar o Po- Comentário: A contribuição destinada ao FGTS
não é considerada tributo, a ela não se aplicando
der Executivo a reajustar, no exercício de 1967, a
as disposições do CTN.
alíquota de imposto a que se refere o artigo 52,
dentro de limites e segundo critérios por ela es-
tabelecidos. Jurisprudência: “A Seção, ao julgar o recurso
sob o regime do art. 543-C do CPC c/c a Res. n.
Art. 216. O Poder Executivo proporá as me- 8/2008-STJ, reafirmou, com base na jurisprudên-
didas legislativas adequadas a possibilitar, sem cia deste Superior Tribunal, que a Taxa Referen-
cial (TR) é índice aplicável a título de correção
compressão dos investimentos previstos na pro-
monetária aos débitos do FGTS decorrentes dos
posta orçamentária de 1967, o cumprimento do valores recolhidos pelos fundistas e não repas-
disposto no artigo 21 da Emenda Constitucional sados ao Fundo. Observou o Min. Relator que a
nº 18, de 1965. taxa Selic não tem aplicação nas contribuições
do FGTS por não possuírem natureza tributá-
Comentário: Os artigos 215 e 216 tiveram as ria. Consectariamente, os débitos referentes
respectivas vigências exauridas no exercício de ao FGTS possuem disciplina própria de atuali-
1967.

71
#LEGIS

Para Fixação:
zação monetária e cobrança de juros morató-
rios (Lei n. 8.036/1990), quando o empregador Ano: 2019/ Banca: CESPE/ SEFAZ-RS.
não efetua os respectivos depósitos. Preceden-
tes citados: REsp 992.415-SC, DJe 5/3/2008; REsp Conforme o CTN, com o objetivo de aprimorar a
654.365-SC, DJ 1º/10/2007, e REsp 830.495-RS, DJ fiscalização tributária, a permuta de informações
23/11/2006”. [STJ, REsp 1.032.606-DF, Rel. Min. entre a fazenda pública da União e determinada
Luiz Fux, julgado em 11/11/2009]. secretaria de fazenda estadual é permitida

Art. 218. Esta Lei entrará em vigor, em todo a) se houver previsão em lei ou convênio e desde
que não inclua informações sigilosas.
o território nacional, no dia 1º de janeiro de 1967,
revogadas as disposições em contrário, especial- b) independentemente da existência de lei, con-
mente a Lei n. 854, de 10 de outubro de 1949. vênio ou processo administrativo, e pode incluir
qualquer tipo de informação.
Anotações gerais sobre os artigos anteriores:
c) se houver previsão legal e desde que inclua
apenas informações não sigilosas.

d) se houver previsão em lei ou convênio e pode


incluir informações sigilosas.

e) se houver previsão legal e deve restringir-se a


informações estritamente sigilosas.

Ano: 2018/ Banca: VUNESP/ TJ-RS.

Um cidadão protocola pedido administrativo


junto à Secretaria da Fazenda do Município X,
pleiteando acesso à lista dos 50 maiores devedo-
res do Município, considerando apenas os débi-
tos inscritos em dívida ativa.

A autoridade competente da Secretaria da Fa-


zenda, com base na legislação tributária vigente,
deve

a) deferir o pedido, porque não há vedação legal


à divulgação de informações relativas às inscri-
ções na Dívida Ativa da Fazenda Pública.

b) indeferir o pedido, porque a divulgação des-


ses dados somente é permitida quando houver
solicitação de autoridade administrativa no inte-
resse da Administração Pública, desde que com-
provada a instauração regular de processo admi-
nistrativo com o objetivo de investigar o sujeito
passivo a que se refere a informação, por prática
de infração administrativa.

c) indeferir o pedido, porque essas informações


foram obtidas pela Fazenda Pública em razão do
ofício sobre a situação econômica ou financeira
do sujeito passivo e sobre a natureza e o estado
de seus negócios ou atividades.

72
#LEGIS

d) deferir o pedido, desde que a entrega das


informações seja realizada pessoalmente ao
solicitante, mediante recibo, que formalize a
transferência dos dados solicitados e assegure a
preservação do seu sigilo.

e) indeferir o pedido, porque a divulgação de in-


formações sobre inscrição de débito em dívida
ativa da Fazenda Pública somente pode ser rea-
lizada ante a requisição de autoridade judiciária
no interesse da justiça.

Ano: 2018/ Banca: CESPE/ SEFAZ-RS.

Autoridade fazendária lavrou termo de inscrição


de dívida ativa contendo apenas os seguintes da-
dos: nome do devedor, quantia devida, data da
inscrição e número do processo administrativo
do qual se originou.

De acordo com o CTN, o termo deveria conter,


ainda, obrigatoriamente,

a) a memória de cálculo detalhada dos juros de


mora.

b) os responsáveis tributários.

c) o endereço do devedor.

d) o CPF e o RG do devedor.

e) a previsão legal do crédito.

Anotações:

Gabarito: 01 – D | 02 - A| 03 - E

73

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