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Era uma vez uma abelhinha que nasceu com asas de um lado só.
Não podia voar, nem um pouquinho. Tinha mesmo de andar. E ela ficava
tão cansada que suspirava assim: a...
A abelhinha olhou para um lado, olhou para outro e não viu nada. Nada,
nada, nada... Começou a sentir um pouquinho de medo. Pensou em voltar correndo
para junto da escova mágica. Nisto saiu do mato um pequeno índio, todo enfeitado
de penas.
A abelhinha, muito espantada, perguntou:
- Foi você que fez aquele barulhinho, foi?
- Eu mesmo! Por quê?
A abelhinha disse logo:
- Porque eu estava com medo. Mas agora já passou. Sabe de uma coisa?
Estou gostando muito de você. Quer ser meu amigo, indiozinho?
- Feito, falou o pequeno índio.
Na mesma hora, os dois combinaram um a porção de brincadeiras boas.
Uma tarde, a abelhinha e o índio brincavam no quintal de uma casa grande.
A abelhinha viu no chão uma coisa muito esquisita.
Olhou... Olhou... Tornou a olhar... Nunca tinha visto aquilo. Parecia um
bicho mas não era. Que é que podia ser?
A abelhinha resolveu perguntar:
- Como é o seu nome?
Mas a tal coisa esquisita só fez um barulhinho assim: ó...
Foi aí que a abelhinha viu que a tal coisa esquisita eram uns óculos
quebrados.
Cheia de pena, ela indagou:
- Que foi que aconteceu com você, amigo óculos? Você escorregou?
Tropeçou numa pedra? Caiu de algum lugar?
Os óculos não disseram uma palavra.
Então a abelhinha achou que os óculos estavam precisando de ajuda. Para
consolar o amigo, falou com muito carinho:
- Eu vou ajudar você, ouviu? Vou pedir à minha amiga, a escova mágica,
que conserte você. Quer ir comigo a casa dela? Amigo índio, quer vir conosco?
O indiozinho logo aceitou o convite. Apanhou os óculos e acompanhou a
abelhinha. Andaram... andaram... andaram...
De repente, que é que eles viram junto de uma árvore? Um ursinho! O
ursinho era muito levado. Quis logo fazer uma travessura. Escondeu-se atrás da
árvore e para assustar os amigos ele fez assim: u...
A escova mágica achou que era hora de ajudar o vaga-lume e ensinou a ele
o caminho da casa de Dona Júlia.
O vaga-lume se despediu dos amigos:
- Bem... Vocês me dão licença que eu já vou. Preciso chegar ainda hoje à
casa da vovó.
E lá se foi ele, dizendo assim:
- Obrigado, meus amigos! Muito obrigado! Adeus! Adeus!
Capítulo 3
Um dia, a abelhinha viu lá no céu uma pipa balançando pra lá, pra cá, pra
lá, pra cá. Quando o vento batia na pipa com força, ela fazia um barulhinho assim:
p...
A abelhinha estava tão distraída ouvindo o barulhinho que não viu o gato
Golias chegar.
- Abelhinha, que é que você está fazendo? – perguntou o gato muito
curioso.
- Ah! Eu estou sonhando, amigo Golias... Sabe o quê? Com as asas que
vou ganhar deste lado. Quando isto acontecer, eu poderei voar... voar... voar...! A
escova mágica me prometeu ajuda, mas disse que eu tenho de esperar.
O gato, para alegrar a abelhinha, perguntou:
- Você quer dar um passeio lá onde está a pipa?
- Quero sim! Respondeu ela bem depressa.
Então o gato puxou a pipa. A abelhinha segurou-se nela e a pipa subiu
outra vez.
Golias prendeu a linha da pipa numa pedra e foi tirar uma soneca. Logo
depois, o gato roncava fazendo um barulhinho assim: g...
Com isso o gato abriu os olhos. Espiou em volta: não viu ninguém. Ele ainda
estava com muito sono e acabou dormindo outra vez.
Raque-Raque aproveitou a ocasião para nova brincadeira: deu um peteleco
nas orelhas do bichano e fez cócegas no focinho dele.
Depois procurou um lugar para se esconder. Não queria medir forças com o
gato Golias, não! O ratinho não era tolo.
Escondeu-se atrás de uma pedra e lá ficou muito quietinho. Mas agora
Golias saiu miando com raiva, querendo descobrir que é que tinha mexido com ele.
E assim a pipa ficou abandonada, balançando de um lado para outro.
A força do vento foi aumentando, aumentando e a linha da pipa arrebentou.
A pipa, levada pela ventania, acabou ficando presa alto de uma torre.
O vento soprava cada vez mais forte! E como batia na torre! ... E como batia
na pipa! ... E como sacudia a abelhinha! ...
De vez em quando, por causa da força do vento, a torre parecia que
estalava, fazendo um barulhinho assim: t ...
Num dia de sol bem quente, a abelhinha estava com muita sede.
Então a abelhinha entrou numa casa. Viu em cima do fogo um bule e
pensou: “Talvez eu ache água para beber, neste bule”.
A abelhinha chegou mais perto. Parecia que o bule estava resmungando.
Ela ouviu um barulhinho assim: b...
A figura nada mais era do que o retrato do neném, o neto de dona Júlia.
A abelhinha achou que devia levar o retrato para casa da vovó. Mas como
retrato era grande e pesado! Sozinha, ela na ia agüentar. Pensou em pedir ajuda ao
vaga-lume.
No mesmo instante o vaga-lume apareceu e foi logo fazer o que a abelhinha
queria. Chamou alguns companheiros para levarem, juntos, o retrato do neném à
casa da vovó.
Na hora da partida, a abelhinha reclamou:
- E eu? Vocês se esqueceram de mim? Ou não sabem que eu também
quero ir?
Os vaga-lumes responderam logo:
- Você também vai, abelhinha! Dê um pulo pra cima do retrato. Temos de ir
embora, porque já está anoitecendo.
Os vaga-lumes voaram pelo céu afora. Voaram... Voaram...
De vez em quando ascendiam às lanterninhas para iluminar a escuridão da
noite.
Por fim, chegaram à casa da vovó. Ele brincava sozinho, na cama. Viu os
vaga-lumes e gostou da luz que eles traziam. Mas como não sabia falar, o neném
começou a fazer assim: n...
A vovó estava preparando torradas. Ela cortava as fatias do pão com muita
dificuldade, porque a faca estava cega. Todas as vezes que a faca roçava na casca
do pão fazia assim: f...
I. (nh)
A abelhinha e o caracol entraram no quarto do neném.
Ele estava dormindo na sua caminha azul.
A abelhinha foi logo perguntando o caracol:
- Como é o nome daquilo que está ali?
- É uma harpa de brinquedo, respondeu o caracol.
- Para que serve uma harpa? Tornou a perguntar a abelhinha.
- A harpa serve para tocar música, abelhinha! Ela é da família do violão.
Basta à gente puxar uma corda e pronto: ouve logo um som bonito.
- Como você é sabido, caracol! Eu nunca tinha visto uma harpa. Depois,
muito entusiasmada, a abelhinha gritou:
- Eu quero ouvir a harpa tocar! Eu quero ouvir agora mesmo!
A abelhinha fez uma algazarra tão grande que acordou o neném. A cama
dele era muito baixinha: ficava bem perto do chão. O neto de Dona Julia desceu da
cama devagarinho e começou a engatinhar, muito contente. Ele engatinhou até ficar
ao lado da harpa de brinquedo, assim:
O boneco de mola, nessa altura, já não estava mais aborrecido. Por isso,
ele pulou de alegria, bateu palmas e virou cambalhotas.
De repente... zás... Xaveco deu um pulo e saiu pela janela do quarto.
O caracol quis ver o que o boneco de molas estava fazendo lá fora. Largou
a harpa e saiu do quarto se arrastando.
A harpa ficou, outra vez, esperando que um amigo aparecesse para brincar
com ela
III. (lh)
Uma vez, a escova encantada foi ao quarto do neném. A harpa estava
sozinha. A escova teve pena dela e pensou: “Eu preciso ajudar a minha amiga: Ah!
Já sei o que vou fazer...”
A escova repetiu, três vezes, a palavra mágica: QUADIDUVIVU.
No mesmo instante, apareceu ao lado da harpa uma caixa de papelão deste
tamanho, embrulhada num papel dourado.
A escova abriu a caixa e falou:
- Aqui está um presente. Amiga harpa! Eu acho que você vai gostar muito.
A escova mágica disse isto e foi embora. Então o presente começou a se
mexer: primeiro devagarinho, depois depressa... De repente, deu um pulo e zás...
saiu da caixa.
Que é que vocês pensam que a escova mágica deu de presente à harpa?
Então a abelhinha entendeu tudo: já tinha quatro asas. Agora podia voar
para onde quisesse. A abelhinha quase chorou de alegria. Mas não levou o tempo
todo só pensando na sua felicidade. Lembrou-se também de que a harpa que estava
presa no galho da árvore.
A harpa deu um pulo e zás... Caiu num canteiro de folhagens macias. A
abelhinha foi pra lá voando... Voando... Que delícia!
A abelhinha olhou bem para a harpa e ficou muito espantada: a harpa não
estava quebrada, nem um pouquinho. Não tinha mesmo um arranhão.
Então a abelhinha, bem junto da harpa, fez assim: ah!
A abelhinha estava muito feliz. Ela falava tão alto, fazia tanto barulho, que
chamou a atenção de indiozinho e dos óculos. Eles estavam brincando ali perto e
vieram depressa. Quiseram logo saber por que a abelhinha fazia aquela algazarra!
A abelhinha contou o que havia acontecido com a harpa, mas fez segredo
das asas novas. Ela queria que os amigos descobrissem sozinhos o motivo da sua
grande alegria.
Os óculos não podiam acreditar no que acabavam de ouvir. Resolveram ver
a harpa, bem de perto. E ficaram admirados: a harpa estava mesmo perfeita.
Então os óculos, juntinhos da harpa, fizeram assim: oh!
BIBLIOGRAFIA:
SILVA, Almira Sampaio Brasil da; PINHEIRO, Lúcia Marques; CARDOSO, Risoleta
Ferreira. Método Misto de Ensino da Leitura e da Escrita e História da Abelhinha
– Guia do Mestre. 7. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1973.