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em Hegel
Michele Borges Heldt*
Considerações iniciais
Sobre o dever-ser
Necessidade em Hegel
Dessa forma, para Hegel, o puro eu, sem a presença do outro, torna-
-se uma essencialidade vazia na medida em que não consegue se efetivar
completamente, quer no pensamento, quer na realidade. Tudo somente
é em relação às coisas a sua volta, pois a consciência só consegue se de-
senvolver por meio desse relacionar que, por sua vez, somente se dá atra-
vés dos conceitos. Essa necessidade de se relacionar e essa conexão sem
a qual a consciência não consegue se desenvolver é o que Hegel chamou
de necessidade absoluta, e é a partir dessa necessidade que a consciência
se torna “consciência-de-si”.
Inicialmente, a consciência-de-si é a negatividade do outro, uma
vez que surge a partir do contraste entre a consciência singular com ou-
tra coisa exterior a ela. É para si a própria realidade, e tem nela mesma o
seu objeto. Contudo, esse objeto primeiramente é reconhecido somente
como uma efetividade que não é a sua, mas de um ser-outro. Nesse pri-
meiro movimento, a consciência visa tornar-se consciente-de-si como
essência singular em outra consciência-de-si, ou, dito de outro modo,
em conter essa outra consciência dentro de si mesma.
Entretanto, esse saber é, antes, o saber de algo que tem outro “ser-
-para-si” e outra efetividade que não os da consciência-de-si. Essa relação
de dependência é chamada por Hegel de necessidade, uma vez que as
coisas para si são somente essencialidades puras e onde cada uma delas
Não há que duvidar que cada coisa real, que efetivamente existe,
tenha uma interioridade em si e, assim, pressuponha uma possi-
bilidade [...], a questão decisiva é a de saber se a necessidade possui
e pressupõe, sempre e em todos os casos, como que uma outra face
às costas de si mesma, a saber, a contingência (1996, p. 101).
Considerações finais