MUSEOLOGIA
E SUAS
INTERFACES
CRÍTICAS:
MUSEU, SOCIEDADE E OS PATRIMÔNIOS
MUSEOLOGIA E SUAS INTERFACES CRÍTICAS:
MUSEU, SOCIEDADE E OS PATRIMÔNIOS
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Vários autores.
Inclui referências.
ISBN(online)
APRESENTAÇÃO .....................................................................................3
Ana Audebert
Camila A. de Moraes Wichers
Marijara Souza Queiroz
Não por acaso, Simone de Beauvoir dedica um capítulo inteiro de seu livro
“O Segundo Sexo” (1949) à Biologia. Ela argumenta que admitir a diferença
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Mary Wollstonecraft (Londres, 1759-1797) foi uma escritora, filósofa e defensora dos direitos da
mulher. Durante a sua breve carreira, escreveu romances, tratados, um livro sobre viagens, uma
história sobre a Revolução Francesa, um livro sobre comportamento social e livros para crianças. O
trabalho mais conhecido de Mary Wollstonecraft é A Vindication of the Rights of Woman (1792), no
qual ela defende que as mulheres não são, por natureza, inferiores aos homens, mas apenas
aparentam ser por falta de educação. Ela sugere que tanto os homens como as mulheres devem ser
tratados como seres racionais, e concebe uma ordem social baseada nessa razão.
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Uma das pioneiras do feminismo no Brasil, nasceu em Itaboraí (RJ). Em 1888 fundou o jornal A
Família em São Paulo, dedicada à educação de mães, como afirma o editorial do primeiro número.
O jornal foi posteriormente transferido para o Rio de Janeiro onde circulou comercialmente quase
dez anos, até 1897, sem interrupção. Defendia a educação feminina com a condição primeira para
construir a emancipação da mulher. Em abril de 1890 o ministro do interior, Cesário Alvim, publicou
seu parecer contrário ao alistamento eleitoral feito no Rio de janeiro por Isabel de Matos. Inspirada
nesse parecer, Josefina escreveu a peça teatral “Voto Feminino” que foi posteriormente publicada
em livro e também como folhetim nas páginas do jornal A Família, de agosto a novembro de 1890.
O final da vida de Josefina permanece desconhecido, mas seu papel relevante nas discussões pelo
direito ao voto e educação das mulheres é inquestionável. Ver: Dicionário das Mulheres no Brasil,
2000, p. 300.
Visto por esse prisma, Patrícia Hill Collins (2016) desenvolveu o conceito
de matriz de dominação como mecanismo que organiza poderes em camadas
verticais gerando novas matrizes de dominação, de modo que cada nova matriz
exercerá sua força no sistema de opressão interseccional. A eficácia desse
sistema consiste na inter-relação dos poderes estruturais – aparatos jurídico,
religioso, político e econômico; disciplinares – controle do Estado por meio de
aparelhos burocráticos; hegemônicos – estabelecimento de padrões de
opressão pela ideologia; e interpessoal – reprodução de opressões nas relações
humanas.
Outro aspecto problematizado por Carneiro (2005: 60) diz respeito aos
mecanismos de produção de conhecimento nas universidades brasileiras e em
“instituições apropriadas por brancos, conformando além de interpretações,
modos de subjetivação para o negro”. Enquanto as epistemologias clássicas são
consolidadas pelo discurso do homem branco sobre o negro, com produções que
dialogam entre si, “o pensamento do ativismo negro é desqualificado como fonte
de autoridade do saber” gerando um dualismo manifesto no discurso militante
versos discurso acadêmico. O racismo epistêmico ou epistemicídio, para Angela
Figueiredo (2017: 80 - 92), é uma prática que “reflete a crença de uma
desvinculação entre a produção do conhecimento e interesse político, assim
como revela uma suposta ‘neutralidade’ na produção do conhecimento”.
Portanto, do ponto de vista afrocentrado, “todo conhecimento é posicionado”.
(COLLINS, 1990; HARAWAY, 2014; FIGUEIREDO, 2017).
REFERÊNCIAS