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RAPHAEL LAURINDO DE LIMA

FICHAMENTO: A Equação de Slutsky: (p. 131-154). 8º capítulo.

VARIAN, Hal R. Microeconomia: uma abordagem moderna. Tradução da 9º edição, 2016.

Uma relação econômica natural para o consumidor em geral é que quando um preço de um
determinado produto aumenta, o consumo deste diminui por causa da restrição orçamentária que o
consumidor sofre. E quando o preço diminui do bem diminui, o consumo aumenta pelo mesmo
motivo. Temos casos especiais em que a diminuição do preço pode provocar a diminuição do
consumo, pois o consumidor preferiria usar a renda que ele possui para comprar outro produto
qualquer. Esses casos, estudados e aprimorados por Robert Giffen, um estatístico e economista
britânico, são chamados de Bens de Giffen.

Há duas explicações para que o preço de um bem sofra variação: a relação de troca que o
consumidor possui para optar entre um bem e outro ou mesmo o poder aquisitivo do próprio
consumidor varia. A primeira opção, da variação da demanda em relação à taxa de troca entre os
bens, ocorre quando o preço deste bem aumenta ou diminui. A segunda opção, da variação na
demanda devido o aumento do poder aquisitivo, ocorre quando a renda do consumidor aumenta ou
diminui. Isso faz com que o mercado também varie as condições e relações de troca de um bem
pelo outro. Se o “bem um” diminui seu preço, o consumidor tem sua taxa de substituição reduzida
do bem dois em relação ao bem um na sua escolha, ao mesmo tempo em que ele poderá, com sua
renda mantida, comprar mais do bem um em relação à antes. Se o preço aumenta, a taxa de
substituição aumenta e o consumidor poderá comprar menos deste bem agora.

O primeiro efeito, que é a variação na demanda do bem em relação à taxa de troca dos dois
bens, é chamado de efeito substituição. O segundo efeito, quando ocorre variação na demanda
devido à variação do poder aquisitivo do consumidor, é chamado de efeito renda.

O efeito substituição é conhecido quando, ao calcular funções de demanda do consumidor


para se chegar às escolhas ótimas do mesmo, observa as variações das curvas de indiferença nas
escolhas do consumidor, onde estas varrições podem ser pequenas ou grandes. Esse efeito
substituição pode ser chamado também de variação na demanda compensada, uma vez que haveria
certa “compensação” em relação ao aumento de preço do bem, ou por sua diminuição. O efeito
renda consiste em variar a renda do consumidor enquanto os preços dos bens analisados se mantêm
fixos. Se os bens forem considerados “normais” para o consumidor, ao reduzir sua renda devemos
reduzir a quantidade demandada para que o poder aquisitivo do indivíduo. Se os bens forem
considerados “inferiores” para o consumidor, ao reduzir sua renda devemos aumentar a quantidade
demandada.

Temos casos em que a ocorre uma variação total na demanda do indivíduo, que é quando
se tem uma variação na demanda devida à variação no preço, e a renda se mantem fixa. Ou seja,
essa variação total é igual ao efeito substituição mais o efeito renda. Essa equação foi criada por
Eugen E. Slutsky, um economista e estatístico ucraniano-russo.

Slutsky ficou conhecido pelo seu trabalho de derivações na popular equação de Slutsky
(ou identidade de Slutsky), que é muito utilizada em microeconomia, na teoria do consumidor, para
separar o efeito substituição do efeito renda, quando ocorre uma mudança no preço de um bem
demandado. A lei da demanda é simples: se a demanda de um bem aumenta quando a renda do
indivíduo aumenta, a demanda desse bem tende a diminuir quando o preço desse bem aumentar.
Essa relação advém da equação de Slutsky: se a renda aumentar quando a renda subir, teremos um
bem considerado normal para o consumidor. E se o bem é normal, o efeito substituição e o efeito
renda se reforçam naturalmente, de modo que um possível aumento de preço certamente reduzirá a
demanda daquele determinado bem.

O efeito substituição é o nome que os economistas dão à variação na demanda quando os


preços variam, mas o poder aquisitivo do consumidor permanece o mesmo, e assim a cesta de
consumo original ainda seria acessível para escolha. Essa, pelo menos, é uma definição deste
conceito que Eugen Slutsky desenvolveu. Outra forma de ver isso é através do modelo que Sir John
Richard Hicks desenvolveu. John Hicks foi economista britânico, professor da London School of
Economics e da Universidade de Oxford. E ainda recebeu o Prémio Nobel de Economia em 1972.

O efeito substituição de Hicks, sofre uma variação de modo em que a cesta de consumo
original não é mais acessível ao consumidor, entretanto ele terá como comprar outra cesta que para
ele é indiferente à cesta original. Assim esse efeito mantém constante a utilidade, em vez de manter
o poder aquisitivo.

O efeito substituição de Slutsky fornece ao consumidor o dinheiro exatamente necessário


para voltar a seu nível original de consumo. Já o efeito substituição de Hicks fornece ao consumidor
a quantidade de dinheiro exatamente necessária para que retorne à sua antiga curva de indiferença.

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