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Introdução:
O evangelho de João é diferente dos outros. Ele apresenta Jesus como a Palavra de Deus, o
Verbo Divino, que existiu desde a eternidade com Deus, e se fez um ser humano, mostrando assim
o verdadeiro amor e a verdade de Deus. O autor diz que o propósito do evangelho é fazer que os
leitores creiam que Jesus é o Messias, o filho de Deus, e que, por meio desta fé, tenham vida
(20.31).
Esboço:
Introdução - cap. 1.1-18
João Batista e os primeiros discípulos de Jesus - cap. 1.19-51
O trabalho de Jesus na Galiléia e Judéia - caps. 2-12
A última semana de Jesus em Jerusalém - caps. 13-19
A ressurreição e as aparições de Jesus - caps. 20-21
Capítulos: 21
Assunto: Jesus, o filho de Deus
Palavra chave: Vida eterna
Versículo chave: 3.16
Autor: Embora o quarto evangelho em parte alguma dê claramente o nome de seu escritor,
pouca dúvida existe de que João, “o discípulo amado”, foi seu autor. Somente uma testemunha
ocular dentre o círculo mais íntimo dos seguidores do Senhor Jesus poderia fornecer os detalhes
íntimos que aparecem no livro.
Data: 85 d.C.
O DUALISMO JOANINO
Trevas e luz – O mundo inferior é o reino das trevas, mas o mundo de cima é o reino da luz.
Cristo veio para o reino das trevas a fim de trazer-lhe a luz. Luz e trevas são consideradas como
dois princípios em conflito um com o outro. “A luz resplandece nas trevas, e as trevas não
prevalecem contra ela” (1.5). O próprio Jesus é a luz (8.12) e veio para que os homens não mais
permaneçam nas trevas, mas possam ter a luz da vida e serem capazes de andar na luz de forma a
não tropeçarem (8.12; 9.5; 11.9; 12.35, 46). Os que recebem a luz tornam-se filhos da luz (12.36).
entretanto, apesar do fato de que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas do que a
luz e recusaram-se a aceitar a luz porque as suas obras eram más, Todo aquele que “pratica a
verdade” vem para a luz a fim de que a sua verdadeira natureza possa ser revelada (3.19-20). Em
João, a descrença em Jesus é a coroação do mal e o desprezo da luz.
Carne e espírito - Um outro contraste, neste dualismo, embora de uso mais limitado, é o
que se faz entre carne e espírito. Carne pertence ao reino de baixo; Espírito, ao reino de cima. A
carne não é pecaminosa, como em Paulo, mas representa a fraqueza e impotência do reino inferior.
A vida humana comum é “nascida... da vontade da carne” (1.13), isto é, através do processo natural
de procriação humana. A carne em si não é pecaminosa, pois “o Verbo se fez carne e habitou entre
nós” (1.14). Carne é expressão sinônima de humanidade – o gênero humano. Contudo a carne é
limitada ao reino inferior; ela não pode elevar-se à vida do mundo de cima. “O que é nascido da
carne é carne” (3.6); os homens precisam nascer de cima. Ser nascido de cima é descrito como
sendo nascido do Espírito. O homem em e de si mesmo é fraco e mortal; somente através de uma
operação interior do Espírito de Deus é que ele poderá tanto compreender como experimentar as
bênçãos do reino celestial (3.12). Vida eterna é a dádiva do Espírito de Deus; na luz da eternidade, a
carne não tem qualquer valor. Ela não pode capacitar o homem a alcançar a vida eterna (6.63).
A CRISTOLOGIA EM JOÃO
O próprio evangelista declara o propósito de seu escrito: “Estes, porém, estão escritos para
que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”
(20.31). O propósito de João é confirmar os cristãos em sua fé em Jesus como o Messias e Filho de
Deus face às interpretações errôneas que estavam surgindo na Igreja. Uma compreensão correta de
Cristo é, então, o principal objetivo de João. A cristologia é central ao livro, pois a vida eterna
depende de um correto relacionamento com Jesus Cristo.
João nos apresenta Cristo como:
Logos – O uso teológico que João faz do conceito do Logos não encontra paralelos que na
filosofia helenística quer no pensamento judaico. O significado primeiro e mais importante é a
preexistência de Jesus, que é o Logos. “No princípio” aponta para além da criação, pois o Logos foi
agente da criação. Esta expressão, com toda a certeza, é uma alusão deliberada a Gênesis 1.1: “No
princípio criou Deus os céus e a terra”. “O princípio”, em João 1.1, ultrapassa Gênesis 1.1. No
princípio do passado da eternidade a palavra já existia.
Em segundo lugar, João usa a idéia do Logos para asseverar a deidade de Jesus. O Logos
estava com Deus, e o Verbo era Deus. O Verbo era deidade.
Em terceiro lugar, João afirma que o Logos foi o agente da criação. Ele não é parte da
criação, mas o agente através do qual Deus criou o mundo.
Em quarto lugar, há a surpreendente declaração de que “o verbo se fez carne” (1.14). Tal
afirmação escandalizaria e refutaria todos os dualismos filosóficos e gnósticos que separavam Deus
do seu mundo. João deseja enfatizar que foi o próprio Deus, no Verbo, que entrou na história
humana, não como um fantasma, mas como um homem real, de carne e osso. A palavra traduzida
por “habitou”, ou “tabernacular”, é uma metáfora bíblica para indicar a presença de Deus. Esta
declaração implica que o próprio Deus estava presente na carne, na humilhação.
O quinto significado do vocábulo Logos é que ele veio em carne como revelador. Ele vem
para revelar aos homens a vida (1.4), luz (1.4-5), graça (1.14), verdade (1.14), glória (1.14) e até
mesmo o próprio Deus.
O Filho do Homem - Da mesma forma que nos Sinópticos, a expressão “Filho do Homem”
é usada somente pelo próprio Jesus. Nunca ela á aplicada a ele, quer da parte dos seus discípulos
quer da parte do povo. Reflete-se muito mais claramente a perplexidade das pessoas quanto ao seu
significado quando aplicada para designar um homem entre os homens. Jesus perguntou ao cego de
nascença, se ele cria no Filho do Homem; ao que o cego replicou: “Quem é, Senhor, para que nele
creia?” (9.36). Ao referir-se, Jesus, à morte do Filho do Homem (12.23), os judeus perguntaram:
“Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu: Importa que o
Filho do Homem seja levantado? Quem é este Filho do Homem?” (12.34). Isto pode refletir
ignorância do sentido da frase “Filho do Homem” e pode ser entendido como evidência de que a
expressão não possui conotações messiânicas, mas igualmente pode indicar a confusão suscitada na
mente dos judeus, quando a expressão era usada para designar um homem entre os demais homens.
O Filho de Deus – Uma das diferenças mais marcantes entre os Sinópticos e João é o papel
diferente que a filiação de Jesus a Deus desempenha. Na tradição sinóptica, Jesus é reticente em
falar de sua filiação e da paternidade de Deus. Nos Sinópticos esta forma de expressão está
confinada à última metade do seu ministério, e é usada por Jesus somente ao se dirigir em particular
aos seus discípulos. Entretanto, Jesus fala cento e vinte e seis vezes de Deus como Pai em João, e o
uso não é restringido a qualquer período de seu ministério ou a qualquer grupo particular de
ouvintes. Ele usa a frase “meu Pai vinte e quatro vezes em João, dezoito em Mateus, seis em
Marcos e três em Lucas. É óbvio que a filiação de Jesus é a idéia cristológica central em João e que
este escreveu o seu Evangelho para tornar explícito o que estava implícito nos Sinópticos. O
Evangelho de João foi escrito para que os homens possam crer que Jesus é o Messias, porém, mais
do que Messias,; ele é o Filho de Deus (20.31).
A descrição que João apresenta da vida cristã é bem diferente da encontrada nos Sinópticos,
especialmente em Mateus, que demonstra grande preocupação com a justiça do Reino (Mt 5.20) e a
expõe em profundidade no Sermão do Monte. João, da mesma forma que os Sinópticos, está
preocupado com a conduta cristã, mas ele a expressa em termos bem diferentes. Os seguidores de
Jesus devem praticar (fazer) a verdade (3.21). Esta expressão é de origem completamente estranha à
mentalidade grega, mas possui um fundo histórico véterotesamentário (Is 26.10), sendo que ela
aparece com freqüência nos escritos de Qumran. Em João, a palavra “verdade” assume seu
significado particular, com base no fato de Jesus incorporar o propósito redentor de Deus, e praticar
(fazer) a verdade significa viver na luz da revelação que Cristo trouxe ao mundo. Analisando-se o
texto de João 1.17, fica evidente que Jesus inaugurou uma nova era, que é maior do que a era da Lei
e os profetas (1.45; 5.39). em lugar da Lei como guia para orientar a conduta, colocam-se as
palavras de Jesus (8.51; 12.47; 15.7), as quais, de fato, são as palavras do próprio Deus (17.8). Os
discípulos de Jesus devem ouvir essas palavras, recebê-las e guardá-las. Jesus fala também dos seus
mandamentos, que devem ser guardados pelos seus discípulos (14.15, 21; 15.10). Além do mais, a
fé em Jesus que conduz à vida eterna é obediência a ele (3.36). Tal tipo de vida também é descrito
como fazer a vontade de Deus (7.17). Um exame mais acurado das passagens torna claro que tudo
aquilo que João deseja significar pelo uso da expressão “palavras e mandamentos” de Jesus resume-
se numa simples palavra: amor. “O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim
como eu vos amei"”(15.12). "“m novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim
como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros”. (13.34). Não seria exagero dizer que
toda a vida cristã ensinada por Jesus, em João, se resume no amor.
Conclusão
João nos mostra um maravilho Salvador! Como devemos dar-lhe valor, amá-lo, exaltá-lo, dar
testemunho dele, e ansiar por aquele dia em que o veremos. Ele é a plenitude de suprimento para
todas as nossas necessidades. A plenitude acha-se incorporada nele, para que possa ser transmitida a
nós. Todos temos recebido da sua plenitude. Vamos, pois, manter-nos recebendo, pois ele veio
para que “tenhamos vida.. em abundância” (10.10).
Bibliografia