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TRADIÇÃO FILOSÓFICA

LIBER - II
TEXTO REFLEXIVO

II

O NOSSO LADO SOMBRA

INTRODUÇÃO

A título de introdução para o melhor entendimento do texto que será


desenvolvido adiante, relembro um trecho do texto de boas vindas, recebido
por todos que ingressam neste grupo, chamado O QUE FAZEMOS AQUI.

Nele dizemos a certa altura o seguinte: “Um espaço mais profundo que o
inconsciente pessoal. Uma herança psíquica que assim como a herança
biológica (genética), trazemos conosco ao nascer. Estruturas definidas que
chamamos de arquétipos e que são expressões universais da humanidade.
Cada ser humano traz em si já uma direção, uma tendência, para desenvolver
determinados potencialidades arquetípicas. Estes arquétipos podem ser
conhecidos através dos estudos dos mitos universais, pois são comuns a
qualquer comunidade humana desde os primórdios.
Uma estrutura definida desde o nascimento mas no entanto vazia, esperando o
nosso contato com o mundo para ser preenchido pelos conteúdos de nossas
vivencias, nossos afetos, nossas experiências. Algo que podemos comparar
com o leito de um rio vazio, que sabemos os contornos e as direções mas não
sabemos de que nem como será preenchido ”.

Creio que o entendimento de arquétipo fica um pouco frouxo por não estar
contextualizado. Sem entrar em estudos psi, pois não é esta nossa intenção,
falaremos brevemente do contexto em que se encontra este chamado
arquétipo para solidificar este conceito e podermos desenvolver o texto deste
mês de forma a ser bem entendido.

Partindo do conceito de consciente e inconsciente criado por Freud, Jung


subdividiu este último, o inconsciente, em duas partes, o inconsciente pessoal e
o inconsciente coletivo. O primeiro, inconsciente pessoal, sendo basicamente
formado por conteúdos esquecidos, não registrados, reprimidos, enfim, que
passaram pela consciência e dela foi removida por algum motivo. O segundo,
que é o que nos interessa aqui, chama-se o inconsciente coletivo, uma camada
mais profunda do inconsciente, constituída de padrões e estruturas que não são
individuais e sim, universais e que trazemos conosco como uma herança
psíquica de nosso passado ancestral. São as estruturas chamadas de
arquétipos, que no trecho de texto acima, damos uma quase definição que
creio ser o suficiente para o nosso entendimento.

O NOSSO LADO SOMBRA

Dos arquétipos que compõe nosso inconsciente coletivo, temos o arquétipo


Sombra, que representa o lado escuro, inferior e primitivo em nós. A sombra
pode se manifestar através de atitudes mas também de sonhos, de imagens,
dotadas de atributos negativos, opostos àqueles socialmente aceitos, se
impondo a nós, deixando-nos confusos. Esta confusão se dá exatamente por
estas imagens serem aspectos nossos, pois se assim não fossem, simplesmente
as ignoraríamos ao despertar. No entanto, elas ficam martelando nossa cabeça.
Quantos dias acordamos de mal humor sem saber o porque ou mesmo,
irritamo-nos com facilidade com coisas simples no trabalho ou entre outros
espaços sociais.

Nos deparamos com nossa Sombra e não aceitamos. Quem de nós assume com
tranqüilidade o lado invejoso, egoísta, impulsivo, moralmente condenável. Por
isto o aspecto amoral da Wicca. Não por estar além da moralidade/imoralidade
mas por conhecer estes padrões sociais e saber que é possível buscar o
equilíbrio entre eles.

Não à passividade moralista que nos cerceia a criatividade e a ação assim como
não, ao individualismo sem respeitar o outro, seus espaços, seus conceitos e
crenças, por vezes até seus corações e mentes. Mas sim um equilíbrio entre
dois pólos.

As explosões emocionais que ocorrem por vezes em momentos de choro sem


motivo aparente, agressividade gratuita ou irritação diante de situações
aparentemente bobas, são o indício do represamento de nossa Sombra. Não
querendo aceita-la, tentamos esconde-la, nega-la, mas temos de saber que
nada mais forte e perigoso do que nós mesmo e nossas capacidades psíquicas.
Quando esta energia contida neste arquétipo nos toma, invadindo nossa
consciência (Ego), é difícil reagir. Diria quase impossível para quem não tem um
preparo espiritual, uma capacidade de retornar ao centro através da presença
de espírito. As conseqüências nós conhecemos e o comportamento, após passar
esta invasão, também, é o choro, o pedido de perdão, o arrependimento, o
martirizar-se.

Nos subterrâneos das igrejas medievais, quantos abades se auto flagelavam


pelo simples fato de sonhar com uma mulher ou desejar o corpo de uma bruxa
sendo torturada. Isto era fruto de uma postura que beira a perversidade, mas
que é característico da religiosidade repressora da religião vigente e poderosa
na época. Não é o nosso caso, não é o caso do praticante da Wicca em geral,
nem está dentro dos aspectos comportamentais de nossa nascente Tradição.

Existem formas inadequadas de tentar amenizar este nosso lado Sombra, por
mecanismos chamados mecanismos de defesa, tal qual a projeção, quando de
maneira bastante confortável para o ego “descobrimos” onde está o mal: no
outro ou como a infantil postura da negação; basta negar aquele algo em você
e pronto, ou através da repressão, que já vai por um viés que não cabe aqui
comentar pois temos de nos ater a nossa prática e extrair de teorias dos mais
diversos saberes, material para nossa busca.

O fato é que estes mecanismos nos dão um alento, que no entanto mais a
frente, explodirão.

O que nos cabe aqui é aceitar este aspecto Sombra que trazemos em nós e o
aceitando, desenvolver uma capacidade de dialogar e buscar extrair dele, o seu
lado bom, produtivo, estimulante e criativo. Como exemplo, podemos citar a
inveja de alguém por outro que tem o sucesso, que será negativa enquanto
energia canalizada para produzir ódio ou até mesmo prejudicar o outro. No
entanto, podemos utilizar esta mesma energia, canalizando-a de forma
produtiva, extraindo dela o estímulo e a criatividade necessária para buscar o
nosso sucesso ao invés de simplesmente remoermos, odiarmos e nos
incomodar com o sucesso alheio.

Um rotina mensal deve ser estabelecida por nós e seguida com disciplina, para
estarmos sempre renovando este dialogo e aproveitando esta energia do nosso
lado Sombra. Em nossa nascente Tradição, este momento será as noites de Lua
Negra, a Lua que está e não está. Rituais específicos e suas possibilidades de
variação serão expostos e estudados mais a frente em nossos textos
ritualísticos.

Por enquanto, cabe a nós, refletirmos sobre este texto e desenvolvermos nossa
capacidade de perceber o nosso lado Sombra. Um aparente inimigo que pode
ser um forte aliado se soubermos lidar com ele. Como disse Goethe: “nossos
amigos nos mostram o que podemos fazer, nossos inimigos nos ensinam o que
devemos fazer”.
Abençoados Sejam.
Fernando Martins
TEXTOS DOUTRINÁRIOS

A ASSOCIÇÃO DO MITO DE PERSÉFONE À RODA DO ANO NA


TRADIÇÃO FILOSÓFICA

INTRODUÇÃO

Em toda mitologia, poderemos verificar que dentre vários mistérios, um se faz


sempre presente: a polaridade vida/morte. Nos seguimentos pagãos, pré
cristãos, este mistério é sempre guardado na figura da deusa principal que é
sempre a Mãe Natureza, a Deusa da fertilidade da terra.

Em grego arcaico Mãe Terra é guê meter. Por influência do idioma dórico, por
conta das invasões ocorridas por volta de 1100 a.c., o termo passou a ser
designado: dé meter. Deméter ainda teve a designação na Frigia de Kybeléia
ou Cibele, utilizado posteriormente pelos romanos.

Vemos que existem sutis diferenças e este entendimento é importante se ter.


Gaia, Geia ou Réia são deusas primordiais e que também são ligadas a terra.
Sendo ligadas a terra automaticamente se associam às colheitas, a fertilidade
da terra, assim como Deméter. No entanto, são deuses primordiais, ligadas a
própria criação do mundo para os gregos, ao contrário de Deméter que se
estabeleceu de forma a ser a dinâmica da natureza, o nascer e morrer e
renascer desta. É ela que semeia os campos, preparando a terra para ser
fecundada e dar seus frutos para a humanidade.

Em outras culturas temos deusas correlatas, como Astarte entre os fenícios,


Pachamam entre os incas, Ishtar entre assírios-babilônicos, dentre outras. Kali
para os hindus, vai um pouco além, como a deusa que destrói e constrói, assim
como da terra nasce e para a terra retorna na morte, seus frutos. São relações
bastante subjetivas e belas e exercitar o entendimento destas nuances é
importante e deve ser tratado não como uma dificuldade mas sim, como algo
prazeiroso para o wiccan.

OS PERSONAGENS DA ALEGORIA

Na nascente Tradição Filosófica, viveremos a Roda do Ano, preservando os


aspectos crescente e decrescente do ano observados na Tradição Mãe
Gardneriana e em outros tantas Tradições européias. A mudança será nos
elementos da alegoria. Ao invés da alegoria do ano dividido entre o poder dos
deuses Carvalho e Azevinho, dividiremos o ano entre o encanto de Deméter e
o poder de Hades, tendo como elo de ligação, Perséfone.

Deméter está ligada ao chamado Mistérios de Elêusis. Elêusis é uma cidade


situada a pouco mais de 20km de Atenas. Desde o século XV a.c., eram
realizados anualmente os cultos à Deméter. Os cultos foram interrompidos por
volta do século IV, no governo de Teodósio, o grande, que após ser convertido
ao cristianismo, mandou destruir todos os templos pagãos do império romano.

Hades, conhecido também como O Invisível, está ligado ao mundo dos mortos,
na mitologia romana viria a ser chamado de Plutão. Hades é filho dos
primordiais Crono e Réia. Foi um dos filhos que não foi comido pelo pai Crono,
salvo pelo seu irmão Zeus, que promoveu a grande revolução assumindo
posteriormente a posição de “deus dos deuses” no monte Olimpo. Zeus quando
assumiu o poder, dividiu entre os outros deuses olímpicos os reinos do mundo,
sendo dado a seu irmão Hades, o reino das trevas. O motivo de Hades ser
chamado de O Invisível, é porque tinha ele um elmo que o fazia tornar-se
invisível, sempre que vinha a superfície, evitando ser visto pelos mortais.

Perséfone é filha de Zeus com Deméter e pivô de toda a nossa alegoria que
simbolizará os Sabás dos equinócios e solstícios. Ela encerra em si, o mistério
da vida, da morte e do renascimento, uma vez que nasce da mãe terra
Deméter, segue para o reino dos mortos de Hades e retorna para os braços de
sua mãe. Podemos associa-la também ao nosso mundo psíquico, onde o
consciente percebe a realidade a nossa volta e o inconsciente, nos remete às
profundezas mais misteriosas.

O mito grego de Perséfone, como tantos outros mitos gregos e de outras


culturas, são passíveis, por motivos óbvios, de terem modificações nas
interpretações e narrativas. Aqui, iremos nos ater a narrativa básica, evitando
nuances que possam confundir a quem pesquisou sobre este mito ou mesmo,
levantar polêmicas improdutivas.

O MITO DE PERSÉFONE

Perséfone, dotada de extrema beleza e candura, tinha como um de seus maior


prazeres, caminhar pelos campos a colher flores. Em um destes dias, uma
determinada flor chamou-lhe a atenção. Esta flor havia sido colocada ali por
Zeus, pai de Perséfone, a pedido de seu irmão Hades. Ao abaixar para pegá-la,
o chão se abriu, e Perséfone mergulhou pela fenda aberta, descendo até o
mundo subterrâneo, o mundo dos mortos, o reino de Hades.
Hades a recebeu com alegria e com a certeza de realizar seu desejo, que era
casar-se com ela. Usando do encanto da fruta mágica de seu reino, a romã,
Hades fez Perséfone se apaixonar por ele, dando-lhe a fruta para comer.

Deméter que ouvira os gritos de Perséfone, foi em sua busca de sua filha sem
sucesso.

Buscou a ajuda de Hécate que a levou até o deus Sol. Este contou à Deméter o
destino de sua filha, o que levou Deméter a um estado de tristeza profundo,
abandonando o Olimpo e partindo para perambular pelo mundo, transformada
na figura de uma velha senhora.

Foi nesta jornada que ela encontrou a cidade de Elêusis e conheceu Céleo , seu
rei, que a contratou para cuidar de seu filho.

Durante este período, a terra não mais deu seus frutos, uma vez que Deméter
recusava-se a gerar sementes até que tivesse a filha de volta.

Foi aí que Zeus, não viu outra alternativa a não ser tentar convencer Hades de
devolver Perséfone à mãe. Sem as sementes de Deméter, a terra não produzia
e ameaçava a existência da humanidade e a humanidade deixando de existir,
os deus também desapareceriam.

Zeus enviou Hermes, o único com permissão de penetrar no mundo dos


mortos, para falar com Hades mas este deixou claro que Perséfone não
desejava mais voltar. Como era uma questão de sobrevivência, Zeus convenceu
a Hades de permitir que Perséfone ficasse com a mãe durante um período e
que em outro, volta-se para o seu reino. Hades combinou tudo com Perséfone
e esta comunicou a mãe.

A partir dali, a terra voltou a ser semeada e a dar seus frutos, entristecendo no
período em que Perséfone se prepara para partir para o reino de Hades e
morrendo no inverno, para renascer na primavera, quando Perséfone volta para
junto da mãe.
A ALEGORIA DA RODA DO ANO

Como dito no Líber anterior, celebraremos de forma clássica os 4 Sabás


maiores e desenvolveremos a alegoria do mito de Perséfone, nos 4 Sabás
menores, os solstícios e equinócios.

A seguir vamos descrever as etapas do mito associado aos 4 Sabás menores. O


desenvolvimento dos rituais serão apresentados um a um, a cada novo Líber,
sendo neste, apresentado o Sabá maior de Samhain, pela proximidade da data.

Equinócio de Primavera – A alegoria irá apresentar o retorno de Perséfone


aos braços da mãe. As energias da divindade Tália (floração) serão evocadas na
abertura deste Sabá.

Solstício de Verão – A alegoria irá apresentar a semeadura dos campos por


intermédio da dança de Deméter. As energias da divindade a serem evocadas
na abertura deste Sabá serão da própria deusa Deméter.

Equinócio de Outono – A alegoria irá apresentar a sedução de Perséfone por


Hades. As energias da divindade Eros serão evocadas na abertura deste Sabá.

Solstício de Inverno – A alegoria irá apresentar o nascer da esperança em


Deméter de que sua filha retornará, através do firmamento de pensamento dos
participantes, na esperança de um grande ano, após o Samhain que passou. As
energias dos 4 elementos presentes serão trabalhadas junto a todos os
participantes.

Vemos assim que os equinócios e solstícios que serão o grande diferencial na


TF, sendo toda esta alegoria uma particularidade nossa.

Até os próximos Textos Ritualísticos.

Abençoados Sejam e Estejam

Fernando Martins
TEXTO RITUALÍSTICO

II
SAMHAIN NA TRADIÇÃO FILOSÓFICA

O Sabá de Samhain será o primeiro Sabá a ser apresentado por seu contexto
simbólico. Na Wicca tudo é simbolismo e este Sabá encerra o fim e o início de
um ciclo (por isto dizerem ser a passagem de ano pagã). Logo, nada como ser
ele o primeiro a ser apresentado.

Como dito no primeiro Líber, os Sabás maiores por força de sua natureza terão
seus nomes preservados – no caso de Lughnasad também conhecido como
Lamas e Imbolg, também conhecido como Candlemmas, os primeiros nomes é
que serão utilizados – e seu simbolismo observado, sendo que na nascente
Tradição, incluiremos um momento ritualístico voltado para a interpretação do
fogo por nós acesso.

Em Samhain, já citado também no Líber I, do fogo das fogueiras, observaremos


a luz. Um Sabá introspectivo, reverencial, voltado para o silêncio. Nele
trabalharemos os aspectos dos dons e as vivências mágicas.
Creio que será este nosso primeiro Sabá realizado após a fundação e
Consagração da Tradição Filosófica, por isto, creio que até maio do próximo
ano, os solitários já estejam acompanhados para que o ritual seja feito em

grupo, de qualquer forma, após a apresentação do quarto Sabá maior, um Líber


especial com a ritualística para solitários, será enviada para estes.

A seguir, o ritual de Samhain na nascente Tradição.

Abertura

O altar básico montado, a fogueira acesa, todos os participantes formando um


círculo. Utilizando das palavras de Doreen, consagrar por athame, espada ou
poder, utilizaremos na TF, o traçamento do Círculo por poder.

Todos concentrados, respiração em dinâmica aprendida nos textos vivências,


mentalização de uma esfera de energia (luz). A cor desta luz creio que não
cabe convencionar pois cada um a imaginará de uma cor pois esta cor falará ao
participante em sua individualidade e, embora sejamos um grupo, somos um
grupo de indivíduos e não um rebanho cujo corações e mentes são
domesticados por um pastor...

A esfera de energia faz se fazendo cada vez mais clara, mas real, até que o
condutor do ritual anunciará:

Que se faça o Círculo!

E todos sem exceção, traçarão o Círculo mentalmente.

O condutor então poderá Consagra-lo. Aqui segue uma sugestão:


Eu (neste momento o nome sagrado do condutor é dito)

Sob a Luz Prata da Rainha da Noite

Consagro-te Círculo Sagrado

Para que seja fronteira

Entre o mundo dos homens

E o domínio dos deuses

Para que seja espaço de amor,

De encontro, de alegria e verdade.

E que dentro de ti

A palavra e o desejo se imponham

Produzindo os efeitos desejados

Consagro-te Círculo Sagrado

Nesta noite de Samhain

Todos os membros erguem seus athames em direção ao céu e repetem:


consagro-te Círculo Sagrado.

Direcionam seus athame para a fogueira e repetem: consagro-te Círculo


Sagrado.

Com as duas mãos encostam o athame ao peito e repetem: consagro-te Círculo


Sagrado e assim permanecem enquanto imediatamente após a última fala as
energias dos elementos são evocados pelo condutor.
Eu (dizer o nome sagrado do condutor)
Sob a Luz de Prata da Rainha da Noite
Evoco as energias dos quatro elementos
Que se apresentem forças do elemento Ar
Nos trazendo clareza psíquica,
a visão e percepção,
Necessária ao nosso Ritual
Que se apresentem forças do elemento Fogo
Nos trazendo vigor físico e a
Paixão pela Vida
Necessário ao nosso Ritual
Que se apresentem forças do elemento Água
Nos trazendo equilíbrio de espírito
E paz no coração
Necessários ao nosso Ritual
Que se apresentem forças do elemento Terra
Nos trazendo a certeza
Da materialização de nossos desejos
Necessária ao nosso Ritual
Bem vindos sejam
Abençoados estejam
Em harmonia
E em toda plenitude se manifestando
Dentro deste sagrado Círculo
Produzindo seus efeitos
Para o bom andamento e sucesso
De nosso Ritual
Todos os membros repetem com o gestual anterior os últimos versos:

Bem vindos sejam


Abençoados estejam
Em harmonia
E em toda plenitude se manifestando
Dentro deste sagrado Círculo
Produzindo seus efeitos
Para o bom andamento e sucesso
De nosso Ritual

Por ser Samhain, evoquemos o casal divino, a Deusa e o Deus, relembrando os


antigos pagãos, os espíritos em geral e os em particular e abençoado-os.

Athames guardados, mãos dadas na posição para o Círculo (este gesto será
apresentado no próximo texto vivencial – um gesto particular na TF), o
condutor profere o chamado para a presença divina da Deusa e do Deus.

O chamado também é uma particularidade da TF e não será apresentado aqui


mas sim posteriormente, em Líber especial para os que estiverem no grupo nas
vésperas da fundação e Consagração da Tradição e conseqüentemente,
iniciados nesta.

Procedimentos de Harmonização

Por ser tratar de um ritual de Sabá maior fora da alegoria do mito de


Perséfone, a preparação do altar e dos instrumentos da alegoria a ser
apresentada obviamente estará descartada, partindo assim o condutor para a
leitura de um texto pertinente a data.

Após a leitura, todos sentam-se mantendo o Círculo em torno da fogueira para


refletir sobre Samhain, em momento individual de introspecção e elevação
espiritual.
Após isto, partimos para os

Procedimentos Associados

No caso, como previsto, a fundação e Consagração de nossa Tradição ocorrer


em Samhain do próximo ano, teremos as cerimônias de iniciação dos membros,
que por motivos óbvios, não será apresentada aqui e sim nas vésperas do
ritual.

Procedimentos Finais

Após os procedimentos que variam a cada Sabá e neste em particular que será
celebrado no próximo ano terá como objetivo, a fundação, Consagração da TF
e iniciação dos aprendizes, temos os procedimentos finais que são básicos.

A Runa das Bruxas é uma adaptação do canto original, escrito por Doreen
Valiente e Gardner e que é apresentado na sua forma original no livro “Eight
Sabbats for Witches” de Janet e Stewart Farrar. Este livro pode ser encontrado
no Brasil em português, depois colocarei como encontra-lo em mensagem no
Grupo.

A Runa é uma dança e um canto e o ritmo será gravado e enviado em mp3


posteriormente para os membros. Para cada Sabá teremos um canto,
enquadrado na mesma melodia.

Após a Runa, o momento de descontração com a última evocação, antes do


encerramento, que se refere à Consagração dos alimentos.

Sentados, a bebida e o alimento é distribuído entre os membros em cestos.


Assim que todos estejam com o seu, o condutor com uma garrafa de vinho nas
mãos, procede a libação e todos proferem juntos a evocação.
Grande Mãe,
Abençoai este alimento
Para nossos corpos
Nos concedendo
saúde e prazer
Neste momento único
De paz,
harmonia e alegria
Este é nosso desejo
Que assim se faça

O condutor toma um gole de vinho e a garrafa vai sendo passada entre os


membros, com cada um tomando um gole até voltar ao condutor.

Daí para a frente, momento de relaxamento, conversas informais e de


alimentar-se.

Encerramento

Este procedimento é básico e faz parte de toda estrutura ritualística, diferindo


apenas na despedida das divindades evocadas naquele ritual. Apresentaremos
as palavras proferidas que serão comuns em todos os Sabás da TF em relação
a dispersão das energias dos elementos antes do desfazimento do Círculo.

Todos os membros de pé, movimentando as mãos no ritmo dos elementos


(este procedimento será apresentado nos textos vivenciais), dizem, todos
juntos, o nome de um elemento, imediatamente após a frase marcada proferida
pelo condutor.

Este procedimento é sempre o mesmo em todos os Sabás.


Condutor: Que se dispersem as energias elementais.

Todos: Água!

Condutor: Que se dispersem as energias elementais.

Todos: Fogo!

Condutor: Que se dispersem as energias elementais.

Todos: Terra!

Condutor: Que se dispersem as energias elementais.

Todos: Ar!

Após a dispersão, a despedida e agradecimento a Deusa e ao Deus.

Neste momento, a despedida e agradecimento a uma Divindade específica pode


ser feita. A princípio não será o caso em um Sabá de Samhain.

Todos juntos, com as mãos dadas na posição para o Círculo, o condutor profere
e todos imediatamente depois repetem.

Grande Mãe, Grande Deusa, nossa e dos antigos, agradecemos sua presença
assim como a de seu filho e consorte, o Grande Deus. Vós saudamos e nos
despedimos, até o próximo encontro sob vossa Luz.

Todos os membros repetem.


Após, todos inclusive o condutor repetem 3 vezes:
Agradecemos, vos saudamos e nos despedimos.

Logo após o condutor encerra o ritual:


Que se desfaça o Círculo!
Aplausos e sorrisos. Termina mais um Sabá.
Um Sabá obviamente é um momento de interação energética entre os
participantes e destes com as forças naturais. Muito do que ocorre em um Sabá
só é conhecido por quem dele participa, por isto, as demais apresentações
serão parecidas com esta, demonstrando apenas os aspectos básicos e comuns
em todo Sabá, diferenciando logicamente as evocações que podem inclusive
serem alteradas.
A liberdade de evocação na Wicca é o que a faz ser poética. Inclusive é assim
chamada por Doreen Valiente as evocações na Wicca, poesia.
Até o próximo Texto Ritualístico.
Abençoados Sejam e Estejam.
Fernando Martins
TEXTO PARA DEBATE E PESQUISA

II

TEMAS PARA DEBATES

 Xamanismo e Bruxaria

Teria alguma diferença entre um xamã e um bruxo? Ambos não lidam com a
magia natural? Seria o termo bruxo utilizado pela medieval igreja católica como
um termo pejorativo e o xamã, um termo utilizado para classificar bruxos de
formação indígena? Concordam que tem certos termos que no fundo querem
dizer a mesma coisa?

 Expansão da Wicca

Segundo dados da PFI a nível mundial e observados no dia a dia em jornais,


fotos, livrarias. A Wicca vem se tornando realmente um evento religioso e
crescente. Ao que você atribui este crescimento?
TEMAS PARA PESQUISA

 GOLDEN DAWN

A Ordem Golden Dawn foi a mais importante Ordem que existiu no que tange a
reunião de cabeças pensantes, intelectuais, artistas, ocultistas que existiu.
Muito de seus elementos, foram aproveitados por Gardner para a criação da
Wicca, embora Doreen posteriormente tenha substituído muito do material
posto por Gardner.

A proposta é que os membros pesquisem sobre esta Ordem, suas origens, sua
filosofia, seu criado, principais participantes, como terminou, em que se
transformou, etc.

 TERAPIAS ALTERNATIVAS

O mundo esotérico entrando de sola na Wicca, como demonstrado na última


conferência da Austrália, demonstra bem a abertura e a necessidade de
aproveitarmos elementos deste mundo para comporem a parte do Ofício em
nossa nascente Tradição.

A proposta é que os membros pesquisem, o que há de novo, além das mágicas


erva e os minerais, já clássicos na Magia, no seguimento de terapias
alternativas para que membros querendo, possam se desenvolver nestas.

Volto a lembrar, que buscar textos na internet sem autor, além de não terem
nenhuma credibilidade, ocupam espaço no nosso grupo e geralmente, pouco
são aproveitados.

Na verdade o ideal é que o próprio membro fizesse seu texto e colocasse a


bibliografia.
Bem mãos a obra. A participação de todos é importante tanto para a
solidificação de nosso grupo como um Grupo quanto para a solidificação de
nossa nascente Tradição.

Até o próximo Líber.

Abençoados Sejam e Estejam.

Fernando Martins

TEMAS DO LIBER III

O próximo Líber trará o seguinte conteúdo:

 Texto Reflexivo

Magia e Energia Psíquica

 Texto Ritualístico

Os Esbás e o momento de Hécate

 Texto Doutrinário

Montagem e Consagração de Altar e Instrumentos

 Texto Vivencial

Nossos sentidos e nosso estar no mundo

 Texto para Debate e Pesquisa

Não vamos adiantar nem a pesquisa nem o debate.

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