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espírito
I - Silêncio e trabalho matutino
ESTES conselhos não se dirigem a todo mundo: um
número muito pequeno de espíritos, no atual estado
do mundo, são ou desejam ser capazes de segui-los.
Dirigem-se àquele homem de vinte anos, espírito
raro e privilegiado, coração ainda mais
privilegiado, que, no momento em que seus colegas
de estudo chegaram ao final de sua trajetória,
compreende que sua educação está apenas
começando; que, na idade em que o amor pelo
prazer e pela liberdade, pelo mundo, por suas
honras e riquezas arrasta e precipita a multidão,
detém-se, ergue os olhos e busca, no
imenso horizonte da vida, no céu e na terra, o
objeto de um outro amor. Suponho que me dirijo a
esse homem. É para ele que falo aqui. A posse da
sabedoria, digo antes de qualquer outra coisa,
tem rigorosas condições; nunca se esqueça disso.
Essas condições, é verdade, são mais severas em
aparência do que na realidade. Mas, enfim, a
iniciação exige austeras provas. Você é corajoso?
Aceita o silêncio e a solidão? Aceita, no seio da sua
liberdade, um trabalho mais profundo, e também
mais regular que o trabalho exigido pela escola,
esse trabalho que os homens impõem às crianças
mas não a si mesmos? Aceita, nesse rude caminho,
ver seus semelhantes, por um caminho fácil,
ultrapassarem-lhe na corrida e ocuparem seu lugar
no mundo? Pode sacrificar tudo, sem exceção, à
justiça e à verdade? Então ouça bem.
II
III
NOTAS
1 Mt 23,8.
3 Ap 8, I-NT.
5 Ap 2, 26-NT.
14 Jo 5, 38 -NT.
II - A idéia inspiradora
CONTINUO a dar-lhe estes conselhos, a você, que crê
na presença de Deus, e que está resolvido a assumir
a austera disciplina de sua divina escola. Espero
fazer-me compreender e conduzi-lo à prática
mesma!
NOTAS
1 Mt 23, 10-NT.
III - A noite e o repouso
NEM tudo foi dito sobre essas horas da manhã que
lhe devem dar, como fruto secundário, o dom de
escrever; elas abrem as fontes da alma e do
pensamento original; fazem a razão trabalhar em
nós mais do que anos de leitura; põem em
movimento o homem inteiro; clareiam o espírito e
mesmo o corpo. Eu não expus ainda todos os meios
de dar a essas horas plena fecundidade, nem os de
fazê-lo chegar ao grande objetivo, você, discípulo
da justiça e da verdade, que deseja ter a Deus por
mestre.
NOTAS
1 Mc 4, 27-28-NT.
3 Is 57, 10 -NT.
IV - A oração
Ouso esperar que você não achará esses conselhos
inúteis para o progresso da Lógica viva, ou seja,
para o desenvolvimento do Verbo em você. Penso
que eles são mais úteis, em lógica propriamente
dita, que o estudo das formas do silogismo,
estudo que não desprezo, como você sabe.1 Dou-
lhe os meios práticos de desenvolver em você
mesmo a verdadeira luz da razão. Se empregá-los,
se preparar os seus dias pela consagração da noite,
até mesmo o seu sono trabalhará. Despertará cheio
de seiva, cheio de idéias implícitas, de harmonias
inauditas. Se, para escutar essa fermentação interior
da vida, essa voz do Verbo no fundo da
alma, souber estabelecer em si mesmo o silêncio, o
verdadeiro silêncio, exterior e interior; se, para não
se limitar a vagas audições desses murmúrios
distantes, que cessariam imediatamente com
a mínima preguiça, corresponder a eles pelo
trabalho; se procurar fixar-lhes com precisão e em
seus detalhes pelo pensamento articulado e
encarnado na escrita, esteja certo de que depois de
alguns poucos dias de um tal esforço verá os seus
frutos. E quando, depois do trabalho, tomar um dia
de repouso, e, depois de uma jornada, algumas
semanas — se for um verdadeiro repouso, e não o
seu oposto —, verá que o repouso continuará seu
trabalho, e que poderá dizer de seu espírito o que se
diz da terra: “Nec nulla interea est inaratae gratia
terra;”.2
"Meditem escrevendo".
NOTAS
II
NOTAS
1 Jo 8, 31-32 — NT.
Falta-nos fé.
Se tivésseis fé como um grão de mostarda, disse
Cristo, transportarieis montanhas, e nada vos seria
impossível. Ora, quem crê hoje em dia que nada é
impossível? Quem crê que se pode transportar
montanhas, que se pode curar os povos, fazer
predominar a justiça no mundo, e, no espírito
humano, a verdade? Onde estão esses crentes?
II
III
IV
2 Lc 12,56.
3 Lc 18, 8 — NT.
8 Mt 23, 8 — NT.
9 Mt 18, 20-NT.
VII - Ciência comparada
I
II
III
Sob esse aspecto, os alemães dão-nos exemplo.
Com a restrição de que o panteísmo extravia um
grande número deles. O falso princípio dos
hegelianos opera, no domínio das ciências, a
paródia do que expomos aqui. Pretendem que só
haja uma ciência, pois que tudo é absolutamente
um; que não se deve fragmentar a ciência em
lógica, moral, física, metafísica, teologia: tudo isso,
dizem eles, é rigorosamente um e idêntico, porque
todos os objetos são idênticos, tudo sendo Deus.
IV
NOTAS
6 Tb 6,3 — NT.
VIII - Matemática
I
II
Nesciet. 2
III
IV
NOTAS
NOTAS
2 Jo 10, l6 NE.
X - Física
O que é a física? Chamamos de física a ciência da
natureza inorgânica, e de fisiologia a ciência da
natureza organizada. Essas palavras entendem-se
por si mesmas.
NOTAS
2 Cauchy.
3 Henri Martin, Philosophie spiritualiste de la
nature. Dezobry et E. Magdeleine, Paris, 1849.
5 Ibid., p. 20.
7 At 17, 28 — NT.
XI - Fisiologia
SE HÁ UMA CIÊNCIA ESTERILIZADA POR SEU ISOLAMENTO,
E QUE SERIA VIVIFICADA, OU ANTES TRANSFIGURADA, POR
SUA UNIÃO À FILOSOFIA, E ATRAVÉS DESTA À TEOLOGIA, É
A FISIOLOGIA. 1
II
III
Vá então para a segunda e, sem nunca perder de
vista todo esse primeiro quadro, retome, sempre
através do sincronismo, e da história geral
comparada, a história distinta das raças e das
nações; sempre rapidamente, percorrendo, na maior
velocidade possível, cada linhagem, desde sua
origem perceptível até nossos dias. Somente os
exames das totalidades podem ser
instrutivos. Somente assim compreenderá o que
retarda ou faz progredir cada nação e o conjunto da
humanidade. Assim verá claramente onde está a
corrente principal da história, onde estão as águas
paradas. Verá em que época específica a
humanidade deixou de repousar como um lago,
lago exposto a se corromper completamente;
em que época específica correu enfim desse lago
um rio de água viva e vivificante, que talvez
transportará tudo.
IV
Quanto à terceira das questões históricas, “qual o
curso do futuro?”, creio que lhe será útil colocá-la e
procurar respondê-la. Não se trata mais, pode-se
dizer, de filosofia da história. Que seja. E
precisamente a ciência comparada que buscamos.
NOTAS
NOTAS