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algumas consi Epos as guerra: épica” em Horicio Quintiliano ¢ Prof. Dr-Joio Angelo Oli DLCV/FFLCH/USP ‘a Neto Se, ao considerar a amplitude da poesia épica para os antigos gregos e latinos, nos restringirmos, mercé do peso com gue solitariamente tém preponderido na eritica ena historiografia das letras gregas ¢ latinas desde entdo, aos critérios de Aristételes © de Hordcio em suas Poéticas, nfo haverd territério genérico demarcado com termos antigos para poemas ¢ poetas como Teogonia e Trabalhos ¢ dias, de Hesiodo, e assim também as Geérgicas, de Virgilio; Os fendmenos de Arato de Solos, ¢ assim também as Astrondmicas, de Manil 10; Da natureza das coisas. de Lucrécio, as Metamorfoses. de Ovidio, entre outros. No entanto, os testemunhos da Crestomatia, de Proclo: as Instituigdes oratérias, de Quintiliano; a Biblioteca, de Pécio e os Eseélios em Tedcrito, arrolam inquivocamente es autores entre os épicos, 0 que nao bastou, porém, para que se admitisse mais explicitamente haver certo dissenso entre as teorias antigas, e muito menos se se dispusesse a investigar em que radica esse dissenso. Pondo a questo em outras palavras, uma postura € nilo aveitarmos, nds hoje. a validade da teoria dos géneros, outra € crer que os antigos no a tenham aceitado, Assim também, uma postura € nio aceitar que aqueles poctas sejam épicos, quer porque nao admitimos que épica inclua matéria nao-bélica — que me parece ser o né gérdio da questo —, quer simplesmente porque Aristételes e Horicio nfio os consideravam épicos, numa espécie de aristotelismo e horacionismo inerciais: outra E no admitirmos, a despeito de nossas imposturas, que aqueles outros teéricos antigos os classificavam como épicos, conforme veremos. A saida encontrada ma is recentemente para " classificar aqueles poetas tem lo a designagio “literatura sapi literature"'), consagrada por Martin West em seu estudo a Trabalhos e dias, e preponderantemente voltada aos poemas hes sificagao de Jédicos, complementar a ela, a c "poesia didatica”, utilizada amidde para designar mio sé a matéria agriria de Hesiodo. sendo ainda a matéria astronémica de Arato em grego © Manilio em latim, © a matéria filos6fica de Lucrécio”, Quanto 4 primeira, inegivel que seja que os poemas de Hesfodo se inserem em antiga tradigfo sapiencial do Levante, nao ¢ de negar tampouco que as circunstineias imediatas do proceso de composigio, ja em contexto helénico, em grande medida so ainda as mesmas dos poemas de Homero, com quem, além disso, mais de uma vez Hesiodo emulou, € que a recepeo coeva do poema, cujo metro é o mesmo, apresenta os mesmos protocols dos poemas homéricos. o que veio a determinar, pois, segundo a posterior teoria dos antigos, congeneridade entre uns ¢ outros poemas a despeito de toda diferenga. Assim, por correta ¢ adequada que seja a consideragzio moderna de West sobre Hesiod, voltada diretamente aos proprios poemas e sua organicidade, a compari-los antes a similares no Leste, fora do dmbito ego, cla passa ao largo da certa teorizagio genérica que deles os antigos fizeram, segundo a qual os poemas de Hesiodo sao épicos a despeito de Aristételes ¢ Horacio. Quanto a "poesia didatica”, designagdo que decerto guarda certa complementaridade com "literatura sapiencial™” — ensina-se 0 que € digno de saber — a designagdo € antiga e € subdivistio tematica do género narrativo ou exegético, como afirma Donato ou Sueténio*: (Poematos) exegetici uel narrativi species sunt tres, angeltice, historice, didascalice. angeltice est qua sententiae scribuntur, ut est Theognidis liber, item chriae. historice est qua narrationes ¢ genealogiae conponuntur, ut est HodSov 7uvaixdv KotdAoyos et similia. didascalice est qua comprehenditur philosophia ut Empedoclis et Lucreti, item astrologia, ut phaenomena " Apé:tov et Ciceronis, et georgica Vergili et his similia Kowod uel commmunis pocmatos species prima est heroica ut est Hiados et Aenzidos, secunda (est lyrica ut est +, tertia est) elegiaca (ut est «+, quarta est iambica) ut est Archiloci [et Horatius]. As espécies do [género de poema] exegético ou narrativo sto trés: premonitéria, histérica e didatica. Premonitéria é a aquela por meio de que se escrevem sentengas, como 6 livro de Tedgnis ¢ os manuais. Histérica é aquela por meio de que se compdem narragdes © genealogias, como 0 Catdlogo das mulheres, de Hesiodo, ¢ semelhantes. Didética & aquela por meio de que se abarcam a filosofia, como a de Empédocles ¢ Lucrécio, & igualmente a astrologia, como Os fendmenos, de Arato e de Cicero, e as Gedrgicas, de io, € 0 que é semelhante a esses, Do [género] comum a primeira espécie & a herdica, como a Miada ¢ a Eneida, a segunda € a lirica, como =.,a tercvira & a elegiaca, como +, a quarta é a idimbica, como [os poemas de Arquiloce [e como Horacio). Suetdnio/ Diomedes mantém 0 critério platGnico da repartigao dos géneros © aprofunda-o ao especificé-los tematicamente. Seu mérito & que, percebendo que todos esses 'SOSOMI|A SuatOY ap ORSILU 2 201 GopbL) amyogrouo voA1s Sitti SSOSONUIA SUBUOY LEIUT (S9[I0JOS 2 IO} 728) soquIE Liz tert] Saoygnouo Morty Gok voragoriul sovSeysutt v opsour gnb oagos vavorpuy “epindas Wy odEWN 9 eIpdods vUNS Wp SOOSUIIUUL [B10 Wa SEpo} OBS EDIPOIHD ep aued soreu ta rongine v “earquiernip vIsaod v “eIpauod e oUOD wag ‘ea1dEN eISgod Ba eIpdodo W Aoyoan.o g2 120 Urhri re0qo mononpitins roy Slmrowdng™ 1x Laorsya y Susnalyy Sua yO WL wnluouogrindagig l vox oigiriax ag 1g Solow SiigiA‘ds Sus L. vor lg woneuoxg O1EIOY 9 S[MOISHY “T :opSearpaad ens ep oalns owt so-euioy sajap opuned owios ‘sopeauiou pf ‘soroug8 10d eisaod ep ogSes9pysuos v spuade ogu agdnssaud sajagisay anb seyessou ap q “eigdods ep eaioe win epes sp rouzog kU o1>BIOL] 2 sajawIsLy ap cesisod ev ‘ouswnd “seSnsasur aqeo ‘eyoa, emossa seBysarur ap say “sepeowou wos anb 9 oe) “renoned opou ap vsad sosysoadsa soraqes owo9 Sepimrysuos urefaisa eYjoso|ly 2 wTojonse onb ap oyej o as-aqoouad sapauoic) o1upang ap ose ON ‘SoUdL Wea OU “BLLOD} Up 9URd Bjanbe auUOjUOd ‘nb ‘oULD9aI, 9H 9 O19919N"] solpuryA, “sofog ap omy soorpasepip so anb op aeuisua op opsuaqur souaut wesdan ‘gu ‘soaida ops anb pprauy vp oS 9 sopoy ap opuglody “o1WoHY “UIssy “oRSNOO]a vir wosard ‘osinosip sonbyenb ap sogdung sep vuin wipquie wia (avaz0p “araxopeg) épujsua “vagy aiduias quoweyoydun anb stod ‘osinosip owos vweed sesapisuod pod as aqiaureyaydxe opuenb ‘eougiay wp ouaape o sode a (,os0WO}{ ap OBIE] ZIP “R991 ¥ nowisus e190d 0,) Heed op sPUISSUL soQSuNy SEP eUIN LID “ope OWOD E9LIgIOY EP 9 LoNEd owls BYOSo[| ep oESIMNSUOD y JOLNUE ‘OFOI ODOM auDIqUE WHO ‘onb Bf ‘seuII0d ap aisadso wjonbep OAIsnjoxd 9 OBU OoNepIP Jo o anb inbe sAquIa] ages ‘OWEN SO[-INJOXS ap NO SO[-NMWO ap ZaA wa seBn] say]-eaasar ‘soonpHaxa seuode oys seuood E dizendo por completo é imitago de a cteres superiores a nds. [1448a] Enei 88 prpodvion ot jupovpevor mpdrrovtas, dwcryKn Sé ToLTOUS H oRoVdaioUs 7 crbhous eivert tc yep HON oZLddv cei TodtOLG deohovdel LOvorG, KoLKicL YELP KOLL dip evi 1 ON Sradépovor mav ter, fro PeAtiovac f KAO’ Hudig h xeipovag Kai ToLod rove, Gamep dt ypapeigr Mas como os imitadores imitam homens que paraticam alguma aedo, ¢ estes, necessariamente, so individuos de clevaca ou baixa indole (porque a variedade de caracteres 86 se encontra nestas diferengas [e, quanto a caréter todos os homens se distinguem pelo vieio ou pela virtude)), necessariamente também suceders que os poetas imitam homens melhores, piores ou a nds, como os piniores. Ora, pereebe-se que 0 critério prioritério com que Aristételes visa a matéria da epopéia, e nfo s6 dela, pode-se propriamente chamar "ético"’, pois que em substincia é virtude ou vicio, e como ele mesmo diz sempre e apenas virtude ou vicio, de que agdes ¢ caracteres sio s manifestagdes. Embora a sombra de Homero ¢ os exemplos dat Miada © da Oaisséia estejam sempre presentes, ou talvez, para ele, por isso mesmo, Aristételes nao indica’, dentre essas ages ¢ caracteres virtuosos ¢ superiores, quais so aqueles adequados, seniio proprios da épica, como fard Horicio (A.P. 72-73). com epistolar brevidade: Res gestae regumgue ducumgue et tristia bella quo scribi possent numero, mostrawit Homerus As gestas [aces realizadas] de reis e de chefes, as tristes guerras, em que ritmo podem ser descritas Homero mostrou’. Ora se assim & & assim i ferfvel que para Aristételes poemas como Trabalhos ¢ dias, ¢ as Geérgicus, Da natureza das coisas, Os fendmenos, Astrondmicas nao sb nto seriam épicos, como nem sequer seriam poesia, porque nio sio imitagio de agies caricteres de homens superiores. No caso do poema de Hesiodo, que Ihe & anterior, os diligentes trabalhos da terra, designados embora por Epyo., que poderiam ser tomados como um de um tipo de ago, por piedosos que fossem, sio to obrigatérios ¢ imediatos que ndo caracterizam agio de homen: ca seu critério pelo superiores, mas iguais. Aristoteles ratifi que diz acerea do tratado de fisica de Fi npédocles, versifieado em hexdmetros ¢ dos textos historiograficos de Herédoto’, de modo que excluiria analogamente os tratados da terra, de astronomia e de filosofia epicurista'®, porque, tratando do que é particular, nao se inserem, apesar da versificago, em seu critério de poesia. A conclusio nao é menos valida para Horécio, sendo porque segue a seu modo a algo da doutrina de Aristétetes'', também pelo fato de que a matéria épic: be que ele sim indi ica (tristia bella), exclui os poetas ¢ poetas mencionados. Um ¢ outro, porém, por implicar necessiria avaliago critica positiva do modelo épico prescrito, que & sempre Homero, implicam potencialmente avaliagdo negativa dos poemas, por assim dizer, proscritos ao siléncio. 2. A outra teoria a) Proclo © Fécio Biblioteca, 319a, 8-21 (PuOTIUS, Bibliotheque, 1 René Henry. Paris: Les Belles Lettres, 1967) ‘ome V. téxte Gtabli et traduit par Crestomatia 13-36 (Récherches sur la Chrestomatie de Proclos; premier partie, Le codex 239 de Photius, tome II, texte, traduction, commentaire de A. Severyns. Paris: Belles Lettres, 1977) Koi 61 16 Erog mpatov ev Edetpe nnoven h AndALwvos mpodiytrg, EoLeTPOLG 7, POLIS YPNGOEN Kai Enerdi toig yPNoUoic ta mpdyporta. cimeT Kai GHLGAVE. fv, nog 1 Ek TOV HETPaY KANGAVEL. Or 8E dao Ou Sid tiv KetacKEDiy Kai TY Giyav dnepoxiv uy Ey Wis EECErpOLg Oewpommévny w Kody bvoWE. 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Os melhores poctas épicos siio Homero, Hesiodo, Pisandro”, Paniase'’, Antimaco"’. Proclo estuda cada um deles, indicando na medida do possivel, familia, patria e alguns feitos particulares. b) Quintiliano, Instituigdo oratéria ) b. 1) 10,1,51 Verum hic omnis sine dubio et in omni genere eloquentiae procul a se reliquit, epicos tamen praecipue, uidelicet quia durissima in materia simili comparatio est. Raro adsurgit Hesiodus magnacue pars eius in nominibus est occupata, tamen utiles circa praecepta sententiae, leuitasque uerborum et compositions probabilis, daturque ei palma in illo medio genere dicendi. Contra in Antimacho uis et gravitas et minime uulgare eloquendi genus habet laudem. Sed quamuis ei secundas fere grammaticorum consensus deferat, et adfectibus et iucunditate et dispositione et omnino arte deficitur, ut plane manifesto appareat quanto sit aliud proximum esse, aliud secundum. Panyasin, ex utroque mixtum, putant in eloquendo neutrius aequare uirtutes, alterum tamen ab eo materia, alterum disponendi ratione superari. Apollonius in ordinem a grammaticis datum non uenit, quia Aristarchus atque Aristophanes, poetarum iudices, neminem sui temporis in numerum redegerunt, non tamen contemnendum edidit opus aequali quadam mediocritate. Arati materia motu caret, ut in qua nulla uarietas, nullus adfectus, nulla persona, nulla cuiusquam sit oratio; sufficit tamen operi cui se parem credidit. Admirabilis in suo genere Theocritus, sed musa illa rustica et pastoralis non forum modo uerum ipsam etiam urbem reformidat. Audire uideor undique congerentis nomina plurimorum poetarum. Quid? Herculis acta non bene Pisandros? Quid? Nicandsum frustra secuti Macer atque-Vergilius? Mas [Homero] sem diivida superou, em todo género de elogiiéncia, a quantos © sucederam, sobretudo os €picos, principalmente porque a comparagao € clarissima em matéria semelhante Hesiodo raramente se ergue, € a maior parte dele € ocupada por nomes: so, porém, titeis as sentengas acerca dos conselhos, é de aprovar a leveza das palavras e se Ihe di a palma no género médio de discurso. Por outro lado, em Antimaco merecem louvor a forca, a gravidade e 0 género de discurso nada vulgar. Mas por mais que quase todos os gramaticos Ihe confiram o segundo lugar, € deficiente nos afetos, na graca, na disposigdo e na arte como um todo, como fica evidente por estar proximo a outro ¢ dele ser segundo. Paniase consideram que & um misto dos dois anteriores, & ineapaz de igualar-Ihes as virtudes no discurso, mas que supera Hesiodo pela matéria, e Antimaco pela disposigao. Apolénio' nao € arrolado pelos gramiticos, porque Aristarco ¢ Aristfanes'’, juizes de poetas, niio incluiram nenhum contemporaneo. Sua obra, porém, nao deve ser desprezada, pela regularidade com que ocupa o género médio. A matéria de Arato carece de movimento, pois que ndo ha nela nenhuma variedade, nenhum afeto, nenhuma personagem, nenhum discurso de quem quer que seja. Dé conta, contudo, da espécie a que se acreditava capaz. Admirivel em su espécie é Tederito, mas aquela musa rastica e pastoral tem medo niio s6 do frum, como também da propria cidade. Acho que ougo meus leitores sugerir nomes de muitos poetas. O qué? Pisandro niio contou bem os feitos de Hércules? Macro” ¢ Virgilio imitaram Nicandro* em vio? b 2.) 10, 85-93: Idem nobis per Romanos quoque auctores ordo ducendus est. Itaque ut apad illos Homerus, sic apud nos Vergilius auspicatissimum dederit exordium, omnium eius generis poetarum Graecorum nostrorumque haud dubie proximus. Viar enim uerbis isdem quae ex Afro Domitio iuucnis excepi, qui mihi interroganti quem Homero crederet maxime accedere 'secundus' inquit ‘est Vergilius, propior tamen primo quam tertio’. Et hercule ut illi naturae caelesti atque inmortali cesserimus, ita curae et diligentiae uel ideo in hoe plus est, quod ei fuit magis laborandum, et quantum eminentibus uuineimur, fortasse aequalitate pensamus. Ceteri omnes longe sequentur. Nam Macer et Lueretius legendi quidem, sed non ut phrasin, id est corpus eloquentize, faciant, elegantes in sua quisque materia, sed alter humilis, alter difficilis. Atacinus Varro in iis per quae nomen est adsecutus interpres operis alieni, non spernendus quidem, uerum ad augendam facultatem dicendi param locuples. Ennium sicut sacros uetustate lucos adoremus, in quibus grandia et antiqua robora iam non tantam habent speciem quantam religionem. Propiores alii atque ad hoc de quo loguimur magis utiles. Lasciuus quidem in herois quoque Ouidius et nimium amator ingenii sui, laudandus tamen partibus. Cornelius autem Seuerus, etiam si est uersificator quam poeta melior, si tamen (ut est Gictum) ad exemplar primi libri bellum Siculum perseripsisset, uindicaret sibi jure secundum locum, Serranum consummari mors inmatura non passa est, puerilia tamen eius opera et maximam indolem ostendunt et admirabilem praccipue in aetate illa recti generis uoluntstem. Multum in Valerio Flacco nuper amisimus. Vehemens et poeticum ingenium Salei Bassi fit, nec ipsum senectute maturuit, Rabirius ac Pedo non indigni cognitione, si uacet. Lucanus ardens et concitatus et sententiis clarissimus et, ut dicam quod sentio, magis oratoribus quam poetis imitandus. Hos nominamus quia Germanicum Augustum ab institutis studiis deflexit cura terrarum, parumque dis uisum est esse eum maximum poetarum. Passo agora aos romanos ¢ devo seguir a mesma ordem. Tal como Homero para os gregos, assim também Virgilio proveu-nos do mais auspicioso exérdio dos poetas de todo género. Sem diivida, entre 0s poctas gregos © denire os nossos ele & © que mais se aproxima de Homero. Usarei as mesmas palavras que, ainda jovem ouvi de Domicio Afro, que 4 pergunta que fiz sobre quem ele achava que mais se aproximava de Homero, respondeu-me: "Virgilio vem em segundo, porém mais préximo do primeiro que do terceiro". F ainda que reconhegamos a natureza imortal e celeste de Homero, ha em Virgilio mais cuidado e exatidao, principalmente pelo fato de que Ihe era preciso elaborar mais. Talvez compensemos em regularidade quanto somos superados nas passagens nouiveis. Macro ¢ Luerécio sao de fato dignos de ler, mas n&o pelo traseado que forjam, isto & 0 corpo da elogtigncia: so elegantes, cada um em sua matéria, um humilde, outro dificil. Varrao Atacino”” naquelas obras com que obteve renome como tradutor da obra alheia ndo é mesmo de desprezar, mas é dotado de poucos recursos para desenvolver as possibilidades do discurso. Enio™ devemos cultuar como aos bosques que pela antigtidade so sagrados, nos quais a beleza dos imensos carvalhos nao € to grande quanto a religiosa veneraco que nos despertam. H outros mais proximos e, para aquilo de que falo, mais tleis. Ovidio € lascivo até mesmo nos versos herdicos € muito amante do préprio engenho; ¢ louvavel, porém, em certas partes. Todavia Cornélio Severo", ainda que seja melhor versificador que poeta, ainda que, como se diz, tenha escrito A guerra da Sicilia a exemplo de seu primeiro livro, revindicaria para si o segundo lugar. A morte prematura néto permitiu a Serrano consumar-se como pocta, mas suas obras de juventude revelam 0 maior engenho e vontade de praticar 0 género correto, admiravel na sua idade. Perdemos muito junto com Valerio Flaco™. O engenho de Saleio Basso™ foi poético e veemente mas nao atingiu a maturidade porque poeta no chegou 4 velhice. Rabirio e Pedao® nio sto indignos de conhecer se houver tempo. Lucano é ardente, arrebatado, clarissimo pelas sentengas e, para ser franco, deve ser imitado mais pelos oradores que pelos poeias. Nomeei sé estes, porque 0 governo do mundo desviou Germanico Augusto das atividades poéticas e porque nao aprouve aos deuses que fosse 0 maior poeta. ©) Suda, s.u. O&OKPLTOS Ocoxprt0s, Xiog, pH(tap, HEAONTTAE Mnjtpoddipov 108" IooxporttKod. [..] EOTL KOLL Etepoc © eOxpLtog, HpaGaryopov Kat budiwne, ot Sé Tyyizou Lvpaxovsrog, dt SE deus Kipov' pt eTOKI SE SE EV LUPAKOVGONE. Ofitog EypOLyE TH. KAAOLMEVA BOVKOAIKG EmN Aw@prdr Sie ext. vig BE daverpépovow eic arty KeLi TeHttOL Mportiba.g; Ekmidac’ Yuvous,’ Hpa, voig} Emtaribeto: én, theyeios Kou \euPous, Emypdporta. Lotto 6E Ott THEI YEOvAL ot BovKodixdiv enGv nountor, Osoxprtog odtosi, Moayog LiKeduweng Koi Bio 6 Tuvp varios, Ex Tivos XupISiov KetLovpevon .daons, Tederito, era de Quios, retor, aluno de Metrodoro, 0 isocritico. [...] Ha outro Teéerito, fitho de Praxigoras e Filine, ou de Simico, segundo alguns. Era de Siracusa, outros dizem que nasceu em Cés, mas mudou-se para Siracusa. Escreveu os chamados epos bucélicos em dialeto dérico. Alguns solome op pysi7 euun ap eSuasaid v “PanwureH eissod wp so1ugs sop WN pes UIO “jAvIOW 2 ‘Sojaigisiay wo v1aey ef onb paxiquod opsiatp e ephuv ‘sueaodut| stew 9 anb o «| seiood 9p Jou owisow o otuoumeonesd “oputiad erFojouorD & anb o opundas ‘9 (, Rota “Oquue! “e199 ‘vord9) soiougs op wiapo euusaut ev sopor warerounuap wstA efey *Q “Pp X] O[Nd9s ou Pf “oso 918 2, o}>0I4 “OUR: ep oamisiny ap oyduaw vjad “soupspuexaye “os und epuy epaiua “OIDUBZIg| Op SOURJOISUY 9 vIOENOWIES assou 9 “stod “Soanstajay ‘saysioisuy’ & sarotiaisod visaod ep so91199} ap v19} vjanbe onb wiquuey osnj9 way susUIELpUNDDg DSsIp as, ouios ‘sostgzay] no ‘sonaurexay wo za anb eusdod oarUN *s -asofioun)apy Sep “OLpiso, sopepouse 1oJ “eauHUY Wanb e “oy1199a], anb stod ‘svayoong. 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Proclo; iudices poetarum, diz Quintiliano, sobre Aristarco e Aristéfanes de Bizancio: quem Homero crederet maxime accedere 'secundus’, "quem ele achava que mais de perto secundava Homero", dizia Domicio Afro. A importincia dos mivaxes, dessas listas, destes tipos de rol, ou modemnamente dos ‘cdnones" de poetas se verifgica pelo fato mesmo de que nao so para os latinos outta coisa que as "classes", aquilo, pois, que em Ambito pedagdgico determinara, gostemos ou nao, o que & "classico”. Vejamos a seguir o cdnone em relagio aos trés niveis em que opera: na teoria, na poesis e na recepedo. s téoricos cos ou bibliotecarios ou A. presenga do inon nos teéricos ou filélogos ou criti poetas criticos pos-Aristotélicos, nfo obstante a importaneia do estagirita na racionalidade da Biblioteca, é a manifestagdio mesma da primeira diferenga com que poesia é tratada por um e por outros: "a relag da nova geraedio com o pasado diferia completamente da de Aristételes: a pers da critica literaria estava mudada por inteiro", diz Pfeiffer”, De todas ess s listas, os mais importantes para 0 que trato so os de Calimaco: Tlivorkes tay bv mcton mondeia Biakayrydvear, Koi Gv coveypayery, tv BIB iorg x xa p, NDICES Dos QUE FORAM EMINENTES EM CADA DISCIPLINA DO QUE ESCREVERAM EM 120 LIvROS Estio evidentes a seriagio em "ramos", “disciplinas” — Mot5eta — e a graduacio em scu interior ~ Siakapyavtor, de Sardunw — literamente "dos que brilharam em meio a" outros autores. E: sas disciplinas, por sua vez, recobrem os géneros da prosa e da poesia, € nesta, entre outros, a poesia épica 10 Os poetas-bibliotecérios, querendo revigorar a poesia, precisavam, além de fisicamente conserva ld, organicamente estuda-la, comparando no acervo da Biblioteca indmeros poemas ¢ poetas. Era mister, entdo, a admissio prévia da semelhanga ou potencial equivalénia dos objetos que iam comparar: a partir, pois, da anterior existéncia de géneros atestada em Aristételes essa equivaléncia foi entdo a congeneridade™, isto é, a necessidade imperiosa de pertencer ao mesmo género obras ¢ autores a ajuizar. Efeito do cAnon no poetar dos poctas Na atividade dos poetas-criticos alexandrinos em particular e helenisticos em geral, no poetar que, unos, péem em funcionamento sem poder nem querer eximir-se do ser fil6logos, a seriago genérica, de que o cdnon é parte necessiria, abalizou a composigio de seus proprios poemas, porque nela estavam judicados os melhores poetas, que tinham sido sim julgados por eles mesmos, criticos-poetas. Em outras palavras, criticavam poemas alheios © scus autores ¢, juizes, decidiam quem cram os melhores. Quando, poetas, compunham os seus préprios poemas, era compreensivel que procurassem fazer como izeram os que haviam considerado ser os melhores, tomados entio modelo (mapadetyict, dizem os gregos, exemplar, dirio logo os latinos). Percebe-se assim que a mediagio do conceito de género poético ¢ de suas leis — ainda quando pressupusessem e viessem de fato a ser transgredidas, combinadas, misturadas* — e da graduagdo no interior de cada um deles tenham na verdade entronizado de vez. na composigao de novos poemas os processos de nitagdo e emulacdo. Poetas, imitando poemas, emularam outros poetas que julgaram excelentes, e os desejayam igualar e superar, e assim dialeticamente estabeleceram uma tradigao e, mai ri que isso, um repertério em dominio piiblico, como dit Horacio, para a invengdo de vindouros poetas. Em mais um capitulo do agonismo helénico € depois latino, o territério genérico & arena da disputa diacronica entre auctores, bem entendido, entre as autoridades reconhecidas daquele género, ¢ em qualquer disputa a xceléncia, a aret i Quint a palma, como no, estd necessariamente em jogo. Gi avo Guerrero™, watando da lirica, considerando embora um "atoleiro" a classificagdio. dos alexandrinos por tentar conciliar a oralidade primordial dos poemas areaicos ¢ sua atual condigao de textos escritos, que Ihe parece irreconciliveis, ressalta: sens 9 a0usuad anb v o1ougS 0 9 vusaod o anus sag eja1-4O UL sep [eIsuajod o RANE “eUOIOE siuswieessezau anb o “preqaoa1 anb op uior aja anb eauvivadxa glad sesioa sen axua epeauuod us 9 “eianp 9 ogu ouereULsap 9 o1xa1 axnUD ORSE[AL e voL|gad AMO] LP OULSSLL PLIPU Jos BINYD] EP voEULUIP CU oN seIqUID] ap Os SLU “OWLIDSO OyxA} ap 10V!9] 0 vad OpEI!IAL r HO] ep voRULULP P no opriues vudod ap a1utano op feaoduia 9 voISojoaisd vanoadsiod ap opseioy[e wp aeeEN ap owusau Wau BiL9Sa Ep o nou v weeULEGIssod onb sieamunfued svoLIOrsiy ssQsipuos sep ordewuoysuen v geSnsaauiar mbe aqua opn “ouusumdiod a osded ap sojor wo ejuaso aquawuayuespuodaid seur “os ou oo'gnd o8 vavayo vIsa0d v oaNsIUajay opouiad op anid & ouamediouud seur ‘seBas8 sendy sep o21sspjo opoyiad onp wysse o apsaq o ;Sdaa04 vu WOUgD Op OHA -aquasaud ye *,pomxay opSdooau,, aseay v wH09 “304 now! & ‘oprooe ap sfeut ‘ostiqnd a o1xat / some annua ogSeja1 v anb op — 9 Sun no oxseutUt & 9 apepinSuuy eu onb — eavren anb ap ‘sasomne ap oeSejaraaqur v sour ejduo}u0s anb ‘jenxoy ogSenouodioqut, wioasuasa “1ayaeyag opuruofusu “oramang _lemxay orddagor 9p 9 oxSnpoud ap ouatioug, win awaUIEMNsIpUY 9 anb vo1So] ‘apeprso.ouad ep tonpuiBerd voto] vb reuueyo eLapod os anb op “sonusoue soja “oUred wozeE OINIUD afonbe No aysa.1od sopiuyap xs owOD Si} so.0ug So amtaKRANa}a “9 rst ‘SOLU SoUALIT so !aauO] steU at astoaud 9 anb ostiag ‘uouR> op 2 o1sug8 9p oa1e o4P9UO9 op oBssnauocdar BAAN SOWAIDA “opEUOIOUDUL 1ayJOBYS ap wlodessed 8 SOULIBDIJLIOA 9g “SOpeyLUY 9 SopejntL soja sod soaT|stuD[ay 9 SoULApURXa]e SeIo0d so aNUD soqur tyas1090 anbiod 9s soupiod s aod So ana na11090 apepsda wa onb “sorxo sosnno 4eio3 9p apepioedea ep -,apeploiiouss,, ap vane ogdIpuod v nossed koluURD oLdepEAt ep BssanoU ens WoD o/a¥AS ‘oVUNfuOD oxaWL ap Batssed OL>IpUOD vp anb 9 9A 98 aNb CO ga BANI}IOS0 Op ZUNNCU CUUN Ua LULOY a as-zeULIOJsuEN ap LY OALIAUAS OJepoUr uN ap EULIOF ¥ gos sOROFOILY sored orsodord omustednUTE © Slog “Apeprnaiouas ep eonpuiied volo] v, noweyD soyaeysg anh jemxar ovdenordrowut 2 ogSnpord ap ouawougy assa e ‘eueLo! OgSdasal e WOd “wmABoIUL as eoLIpUE EISaod v 9 Soot sejaod 80 aigos soyjeqen So o1faJa WO} “eLupIAIH] OBSN[OAa EU OAISI>Ap pow! ap INU aNb ootuKBUIP JOTRY tty ayDAttOd ag anbrod opmaigos sell ‘st1 OUD SOIN9I SOP EIDUQALAAIQOS & ayLUULIad onbsod Os gu “fennel essa aonb op] aiuevodury sieur unt ayuowjaneniqnpu 9 sagdeayisse|a sens a souoUes snas “Sa05:p9 StS WO SOULPURXATE sop OS1oJs9 O ‘AMIN OF OESEIAL WD operaxdio1Uy 3 a mate que os auctores praticaram ou deixaram de praticar ¢ a adequagdo com que o fizeram os dotados de mais autoridade. Florence Dupont analisou com perspicécia a interpenetrago do publico ¢ do autor ao mostrar o papel da recitatio no fim da Repiblica e no Império’, que em Plinio o Jovem vemos documentada: Plinio, o Jovem, Epistola, 5, 3-7-1 fel 7. Recito tamen, quod illi an fecerint nescio. Etiam: sed illi iudicio suo poterant esse contenti, mihi modestior constantia est quam ut satis absolutum putem, quod a me probetur. & Itaque has recitandi causas sequor, primum quod ipse qui recitat aliquanto acrius scriptis suis auditorum reuerenti intendit; deinde quod de quibus dubitat, quasi ex consilii sententia statuit. 9. Multa etiam multis admonetur, et si non admoneatur, quid quisque sentiat perspicit ex uultu oculis nutu manu murmure silentio: quae satis apertis notis iudicium ab humanitate discernunt. 10, Atque adeo si cui forte eorum qui interfuerunt curae fuerit eadem lla legere, intelleget me quaedam aut commutasse aut practeri jo, quamuis ipse eihil dixerit mihi. 11. Atque haee ita disputo quasi populum in auditorium, non in cubiculum amicos aduocarim, quos plures habere multis, gloriosum, reprehensioni nemini fuit. Vale. sse, fortasse etiam ex suo (J 7. Eu recito meus poemas, & verdad, & nfo sei se eles 0 fizeram, Sim, mas eles podiam estar contentes com seu préprio julgamento, e, quanto a mim, minha certeza é muito mediocre para que eu considere perfeitamente acabado 0 que eu venha a aprovar. 8. Por isso. tenho as seguintes razoes para recitar: em primeiro lugar, quem recita se aplica com muito mais alencdo a seus escritos em considerago aos ouvintes e, em segundo lugar, quem tem alguma divida sobre algo em seus escritos resolve-a, por assim dizer, a partir da opiniao implicita num conselho. 9, Ademais, muito se sugere numa reunizio de mmitas pessoas e, se nao se sugere explicitamente, © que cada um sente transparece no rosto, nos olhos, no gesto, nas maos, no murmiirio € no siléncio, que com sinais ‘muito mais claros distinguem o que € opinido do que é gentileza. 10. E isto chega a tal ponto, que se acaso algum dos presentes tiver 0 cuidado de ler © que ouviu, perceberd que algumas passagens eu mudei ou suprimi, quem sabe até por causa de sua prépria apinido, ainda que nao me tenha dito nada. 11. Mas eu discuto como se me dirigisse ao piblico num auditério e nao, numa salinha, aos amigos, que ter em grande quantidade & glorioso para muitos e para ninguém foi motive de repreensio, Adeus, Em outra espistola, por fim, Plinio patenteia precisamente o papel do género ¢ do efinone na recepgio: Plinio, 0 Jovem Epistola, 4, 14: el 7. Practerea sapiens subtilisque lector debet non diversis conferre diuersa, sed singula expendere, nee deterius alio putare quod est in suo genere perfectum. Lol 13 7. Além disso, o Icitor inteligente ¢ sutil no deve comparar passagens de cariter que divergem centre si, mas avalii-las cada uma em si mesma e ndo considerar que é pior que outra aquela que esta perfeita em seu género. Nos mivaxes, nos indices, nos cénones, os poetas-criticos arrolam por género os auciores, ctiticam-nos, selecionam-nos e os graduam em cada género. Com isso, estabelecem paradigmas para imitagdo ¢ emulaco, que vém a alterar a composi¢o mesma de poemas préprios ¢ alhcios, ¢ também a recepco por um pablico douto, pois doutrinado no mesmo critério de género e canon, jé com o concurso da escrita, que, como é claro, concorrera nas Bibliotecas para a proprio labor critico © poético. Em cada uma dessas fases = critica, composigaio e recepgio — é absolutamente necessario assumir a existéncia semelhanga prévia, de equivaléncia ¢ preambular dos objetos que se comparam, eriticam & avaliam, pois do contritio nfo poderiam jamais ser objeto de comparagio critica e valorativa. Tal semelhanga ¢ equivaléneia prévia & a congeneridade dos poctas © poemas que se ha de avaliar, 0 que no exclui a possibilidade de haver diferengas no interior do género, que podem ser entendidas como espécies. Para aqueloutras fontes, portanto, so épicos, isto é. pertencentes ao epos. as seguintes espécies que se tém chamado poesia didética, que aqui também nés arrolamos: a) poemas genealdgicos (Hesiodo, Teogonia, e Ovidio, Metomorfoses): a) poemas agricolas (Hesiodo, Trabalhos ¢ dias, ¢ Virgilio, Gedrgicas); b) poemas astronémicos (Arato, Fendmenos, e Manilio, Astronomia): c) poemas bucdlicos (Tederito, Idilios. e Virgilio, Bucélicas); ¢) poemas filoséficos (de Lucrécio, Da natureza das coisas). Com isso em mente devemos, pois que era divida, falar de Tedcrito © os Idilios. "Ad ‘el em seu "género” & Tedcrito, mas aquela musa pastoral tem medo no sé do forum, como também da propria cidade”. Quintiliano emprega genere para designar “aquela musa pastoral”, € © emprego nao significa absolutamente que bucélicas, idilios. éclogas ou como quer que se chamem aqui sejam outro género, que nao pertencente a0 pos, € a razao € clara: vimos que Quintiliano esta a arrolar primeiro em grego uma precisa cordem de géneros — épica, clegia, iambo lirica — ¢ no interior deles uma gradaco de poetas, de modo que a insergo de género diferente seria ali totalmente estranha. No rol | 4 ordem & a mesma, ¢ Quintiliano omite as Bucélicas de Virgilio, porque evidentemente a musa pastoral de Virgilio também temeria o forum ea cidade. Assim, deve-se entender 0 termo genus como “espécie” (OLD, 6a), que no Quint por ser alheia ao forum ¢ 4 cidade. Nao descartamos a possibilidade de entrever que o 0 seria a espécie de epos, de que ino vem falando, dotada de materia pastoral, inadequada para a educagio oratsria, tratamento de Quintiliano, porque explicita a matéria pastoral (mus pastoralis), fla a come que processo de autonomizagao da bucélica, que de espécie de epos esta a tormar-se género bucdlico independente, exemplificando aquela mesma genericidade mencionada por Schaefer: em hexametros Tederito, eupytiig. inventa combinando epos © matéria, lugar & personagens pastoris, com os mesmos ré modos: narrative, mimético (dialogado ou amebeu) € misto que o epos herdico possuia. Sobre bucdlicas ainda ha duas passagens notiveis que ilustram, cremos . a projeciio de conceito que épica e epopéia tém hoje sobre o emprego de epos em textos antigos. Dissemos que em latim se diz epos, mas nao exemplificamos, pois Quintiliano nao empregara a palavra, Hordcio a emprega na Sditira 1, 4, v. 42-45 forte epos acer ut nemo Varius ducit, molle atque facetum Vergilio adnuerunt gaudentes rure Camenae. Viirio, aspero como ninguém, tece 0 epos forte. O suave € gracioso a Virgilio concederam as Camenas, que se comprazzm com 0 campo. ‘Todas as tradugdes, tendo entendido corretamente epos forte, "epos forte", como sintagma, (a épica bélica), nao relacionam, ao contrario do uso mais corriqueiro do latim, os adjetivos molle e facetum, a despeito da perfeita concordancia de género, niimero ¢ ¢aso, a epos, neutro singular acusativo, mas entendem que estejam substantivados, "o que é suave", © “o que € faceto". Eo fazem, mesmo que, quanto sintaxe, seja mais evidente que, tendo falado do "epos acerbo", Horacio fale em seguida do "epos suave € faceto", com decorosa el ipse de epos. para evitar repeti¢dio, e mesmo que, quanto ao sentido, contrastivamente seja mais eficaz, ressaltar a diferenga de espécie, precisamente por isolé-la no meio da restante Para di semelhanga, que ¢ a congeneridade, apontamento de quem aduziu aqui 0 Oxford Latin Dictionary, encontram-se 1 abonados suaue ¢ facetum exatamente como fazem as tradugdes, sobre que falaremo s logo adiante. 15 ‘A segunda passagem é dos Remédios do amor, v. 395, de Ovidio: Tantum se nobis elegi debere fatentur, quantum Vergilio nobile debet epos. A elegia confessa que deve tanto a mim quanto © epos nobre [ou seja, a épica] deve a Virgilio. No contexto Ovidio reivindica para si no género da elegia a mesma autoridade que Virgilio possui na épica béliea, que é 0 que designa epos nobile, em oposigdo, precisamente a outras espécies de epos, como por exemplo, facerum, suaue, como diz Horacio, ou até Bovxoduxc Em como duas vezes diz 0 escoliasta em Tederito, Ora. se epos, epopéia, j4 significa necessariamente, como se eré. a épica bélica, que sabemos por Aristételes, corresponder ao género elevado da imitagiio, teriamos de supor que Ovidio emprega 0 adjetivo nobile epexegeticamente como mera explicag%o apositiva, que. sendo possivel, nao estaria, porém, em consonoé cia com © emprego que na equagéo faz de elegia, nobis, Vergilio, palavras tmicas. Se se entender nobile como adjetivo resiritiv, 0 sintagma nobile epos, ainda que formado por mais de uma palavra, tem, como sintagma, a mesma unicidade de elegia, nobis, Vergilio, que parece coerente com 0 que quer Ovidio. Conelusbes Parece-nos, em verdade, que a maioria das tradugdes ¢ a abonagdo de um diciondrio como o OLD sé revelam inexistir a mera possibilidade de que os fildlogos admitam a acepgao irrestrita de M0g, epicus © epos a despeito das fontes mencionadas, que, fontes que sdo, so mais elogiientes do que projegées, por exemplo, da acepg%io mais restrita que poesia épica veio a ter nas varias artes poéticas que surgiram a partir do Renascimento, que, sabemos, influiram indiretamente na formagio desses fildlogos. Se desconsiderarmos a projegdo de conceito moderno sobre textos antigos. parece-me, entio, em termos mais precisos, que © maior prestigio tedrico e criti 20 que Aristételes e Hordcio tém para esses estudiosos obliterou a consideragdo meramente lin; tica e textual das outras fontes, que & a filologia, para a qual es "superioridade" critica ne: plano nada importa. A relativizago com que supomos se deve ler qualquer teoria toteles tiga, inclusive Aris Horacio, pode ser exemplificada pelo cotejo entre o que eles prescrevem e a efetiva 16 "desobediéneia” dos poeta antigos. O proprio Aristételes, acerca da unidade da poema, a0 aconselhar que da inteireza do mito referente a uma personagem se escolham apenas os episédios organicamente pertinentes a narragdio, ¢ nao todos, denuncia que poetas houve que no procederam assim’. O mesmo vale para Horacio, que, censurando o escritor e trate a matéria in medias res” ciclieo, prescreve que s Nao concordarmos hoje com o qué pensava parte dos antiges nfo pode equivaler a deixar de admitir que essa parte pensava 0 que pensava e que seu pensamento veio a repercutir na composigao de po Epica e epopéia os gregos, como Aristételes, dizem tnonoua: Calimaco Proclo ¢ 0 escoliasta em Tedcrito Emog, Epica e epopéia os latinos latinos dizem epos, Calimaco 0 cemprega para Hesiodo ¢ Arato, Proclo para Hesfodo ¢ 0 escoliasta para Tedcrito. Assim, entende-se que 0 grego Emt0g ¢ o lat no epos, indubitavelmente pelo prestigio do nome de Homero e da Iliada em particular, podem ter vindo a designar por "exceléneia". bem propriamente aqui, a nat ragao de gesta herdica e guerreira, como parece ter feito Horicio, também ele prestigioso. Mas nfo foi o caso de Proclo, para quem a oxceléneia que justificou a nomeagio do género com o termo foi do hexdmetro oracular"”, nao do hexdmetro homérico, nem de Calimaco, que o emprega para Hesiodo e Arato, nem para Proclo, que © emprega para Hes odo, nem para o escoliasta, que o emprega para Tedcrito. Ha em grego o adjetivo Exonduxog atestado em Aristoteles, ¢ em latim epicus, aterstasdo em Quintiliano. Analogamente, pelo adjetivo deve-se em principio entender que al > & relative a todo Enog / epos, nao s6 a0 subconjunto bélico, 4 espécie guerreira da Epica. Assim 0 usa Quintiliano, que 0 emprega para Hesiodo, Teécrito e Lucrécio, a despeito de considerar supremos Homero Virgilio. Vemos que épica tem para ele abrangéneia maior do que a narragio da gesta guerrei que esta supostamente contasse os melhores autores e poemas. Assim, quanto a Ieitura ¢ compreensio dos termos antigos ha, pois. que distinguir a abrangéneia da acepeiio dos termos no uso antigo: enomotice, Emog ¢ seu equivalente latino io de gesta bélica epos, em principio implicam narragdio, mas no necessariamente narragi ow herdica, por mais que consideremos, com Atistételes e€ Horicio, que os melhores exemplos de épica tenham sido dessa matéria e por mais que prefiramos hoje acolher outras teorias segundo as quais épica, epopéia so necessariamente narragiio de gesta herbi 7 guerreira, Lembremos que esses exemplos melhores ja em Ambito homérico ndo incluem a propria Odisséia, entendida arcait amente como espécie distinta da congénere Miada: Portanto, se por disposigdes tedricas, por costume, por evitar confusio nao iB no queremos hoje relacionar “epopéia", "épica" e "épico" aqueles poctas "diditicos precisamos fazé-lo. Talvez no devamos de fato, pois que o sentido restrito 4 se impregnou aos termos como abonam os dicionérios hodiernos, 0 que no significa que contra toda evidéncia devamos recusar que os termos gregos ¢ latinos dos quais aqueles derivam foram im empregados em outras linguas, por outras pessoas em outros tempos. Dessa forma talyez devamos empregar justamente © substantive epos com o mesmo sentido antigo, © na compreensiio de epicus, quando for o caso, como ¢ em Quintiliano, entender © mesmo traduzir epicos por "autores / escritores de epos", distingiiindo-o de escritores de "epopéia" © de "épica", pois que é de admitir, analogamente, que se hoje "epopsia” & ica" sto hoje © que dizem os dicionarios, 0 poema Da natureza das coisas, ¢ todos os que arrolamos, no pode ser épicos, embora sejam epos Mesmo a designacio "didético”, "didascélico", que & antiga e aparentemente a predileta hoje, nao deve implicar que se desconsiderem outras abordagens igualmente antigas, ' Wisdom literature", em Hesiod, Works and days. Oxford: at Clarendom Press, 1978, p. 3-25. * Bruno Gentili ef af, Storia della letteratura latina. Bari: Laterza, 1987, p. 442, "Letteratura didascalica, scientifica € tecnic: West usa para o que trata o termo "didactic", p. 5: p. 25; "moral-didactic", p. 13, etc * Oexcerto tem sido atribuido a Diomedes. Augustus Reifferscheid atribui a Suet6nio, C, Suetonii Tranquil, praeter Caesarum libros Reliquiae. Edidit Augustus Reifferscheid. Lipsiae: MDCCCLX, p. 16. ® Rep. 606e. Veja-se Marcel Detienne (Los maestros de verdad en fa Greeia arcaica, Madrid: Vaurus, 1986, p. 27): "Tradicionalmente a funeo do poeta é dupla: ‘celebrar os Imortais e celebrar as faganhas dos homens intrépidos’. O exemplo de Hermes pede ilustrar 0 primeiro reaistro: 'elevando a voz, tangendo harmoniosamente a cilara, cujo amavel canto 0 acompanhava, tornou efetivos (Kpatvev}, mediante seus louvores, os Deuses Imortais ¢ a Terra tenebrosa; dizia o que no principio foram que atributos recebeu cada ‘um deles na partilha’. Estamos no plano dos mitos de aparigdo © ordenamento, das cosmogonias, das teogonias". Esse plano, que evidentemente diz respeito a Hesiodo, © mais antigo representante da "poesia diditica’, conviria perfeitamente a tal nomenclatura, mas note-se como prossegue Detienne (ibid): "Mas a0 lado das historias divinas, existe também em toda tradigio grega uma palaver que celebra as faganhas dividuais dos guerreiros", o que nitidamente diz respeite a Homero, que assim nfo deixaria de ser wualmente poeta didatico (grifo nosso). Esse critério permeia o pensamento de Aristételes, como se pode aferir por ser © mesmo com que na Retérica, discrimima as espécies do género. demonstrative: (1, 3, 3; 1358, 12-13): EMBELKTIKOD SE TO WEV ENcLLVOS TH & yOyOS, "No gérero epiditico temos tanto o elogio, quanto a censura (dt 3 5: 1358b. 27-28}: Wis 8 Enaavodow xai yEyouoU 16 NaALY Kai w aloxPEY, "Para os que elogiam ou eesnuram, 0 fim € 0 blo ¢ ~o feo 1 9% it — (id1366a, 23-26): 7 guerreira, Lembremos que esses exemplos melhores ja em Ambito homérico ndo incluem a propria Odisséia, entendida arcaicamente como espécie distinta da congénere Miada. Portanto, se por disposigées tedricas, por costume, por evitar confusio nao © "gic" Aqueles poetas “didéticos’, nao queremos hoje relacionar “epopé precisamos fazé-lo. Talvez nfio devamos de fato, pois que o sentido restrito jit se impregnou aos termos como abonam os dicionérios hodiernos, 0 que nao significa que contra toda evidéncia devamos recusar que os termos gregos ¢ latinos dos quais aqueles derivam foram im empregados em outras linguas, por outras pessoas em outros tempos. Dessa forma talvez devamos empregar justamente 0 substantive epos com o mesmo sentido antigo. © na no, entender © mesmo compreensio de epicus, quando for o caso, como & em Quintili traduzir epicos por "autores / escritores de epos", distingiiindo-o de escritores de "epopéia" e de "épica", pois que & de admitir, analogamente, que se hoje "epopéia” e "épica" sio hoje © que dizem os dicionarios. 0 poema Da natureza das coisas, e todos os que arrolamos, nao pode ser épicos, embora sejam epos Mesmo a designagio “didético”, "didascalico", que & antiga e aparentemente a predileta hoj nao deve implicar que se desconsiderem outras abordagens igualmente antigas. ' Wisdom literature", em Hesiod, Works and days. Oxford: at Clarendom Press, 1978, p. 3-25. * Bruno Gentili ef af, Storia della letteratura latina. Bari: Laterza, 1987, p. 442, "Letteratura didascalica, West usa para o que trata o termo "didactic", p. 5: p. 25; "moral-didactic", p. 13, ete * Oexcerto tem sido atribuido a Diomedes. Augustus Reifferscheid atribui a Suetonio, C, Suetonii Tranguilli, practer Caesarum libros Reliquiae. Edidit Augustus Reifferscheid. Lipsiac: MDCCCLX, p. 16. » Rep. 606e. Veja-se Marcel Detienne (Los maestros de verdad en fa Grecia arcaica, Madrid: Taurus, 1986, p. 27): "Tradicionalmente a funeo do pocia é dupla: 'celebrar os Imortais ¢ celebrar as faganhas dos homens intrépidos’. O exemplo de Hermes pode ilustrar o primeiro registro: 'elevando a voz, tangendo harmoniosamente a ciiara, cujo amavel canto o acompanhava, tormou efetivos (Kpaivey}, mediante seus louvores, os Deuses Imortais ¢ a Terra tenebrosa; dizia o que no principio foram que atributos recebeu cada um deles na partilha’. Estamos no plane dos mitos de aparigdo e ordenamento, das cosmogonias, das teogonias”. Esse plano, que evidentemente diz respeito a Hesiodo, © mais antigo representante da "poesia diditica”, conviria perfeitamente a tal nomenclatura, mas note-se como prossegue Detienne (ibid): "Mas a0 lado das historias divinas, existe também em toda tradigdo grega uma palaves que celebra as_fuganhas individuais dos guertciros", 0 que nitidamente diz respeito a Homero, que assim ndo deisaria de ser igualmente poeta didatico (grifo nosso). Esse critério permeia o pensamento de Aristételes, como se pode aferir por ser © mesmo com que na Retirica, discrimima as espécies do género. demonstrative: (1, 3, 3; 1358b, 12-13): EmBerctixod 8 1 uev Excrivos 1 & WoYES, "No vérer0 epiditico temos tanto o elozio, quanto a censura (id, Es 5 1358b, 27-28): Wis 8 Enaavodow xai yEyouoU 1 NaALy Rai wo aioxPEy, "Pare os que elogiam ou cesnuram, 0 fm & 0 belo ce ~o feo% 1 9% 15 (id,1366a, 26): nifica ¢ tecnica” herd: 8: todta ALyopev nepi diperiig worl Kauxiosg Kal KOAOD Ket aitozpod obtor yep SKOMO 11 Enawoover Koi yeyoutr’ cumplicetan yep duct nepi cobtav REyortaG KEKEIVeL SYAODY 8E Gv nowt wwe moi nOONGoueBe. Kuve 10 fiB0s, "Depois disto, falemos da virtude © do vicio, do belo © do vergonhoso; pois estes Go os objetivos de quem elegia ou censura. Com efeito, sucederd que a0 smo tempo que falarmos destas questdes, estaremos também a mostrar aqueles meios pelos quais nés deveremos ser considerados como pessoas. de um cerfio caréter". (id, 1, 9, 32; 2 24); bnei 8 bx wav mpsEcwv 0 Enoavos, roy Be tod oxovdatov w Kod mpoaipeory, Reporte ov Berkvoven npcitrovt Kern Rpoxipeciy, "Ora como o elogio provém das ages, e & préprio do homem honesto agir por escolha, ¢ preciso empenharmo-nos em mostrar que ele agi por escotha”, " Arisiételes, com efeito, nfo deixa de apontar esparsamente outros elementos da epopéia, por exemplo: a) que 0 metro & invaridvet. 1 8 % LEtpov SrAODY EXEL (1449, 11): b) que € narragdo, emprezando para dois termos, - cutoryyeAia «=e StvemG: §— (1459, 26), tv Bt TH Emonotig. Sid tO SMO: Exew wor deccyyeniay eivar (144%, 10); ©) que € arte mimeética em hexcimetros: Tig Ev BEQMLETpOLG pUNTUKTIG (149b, 21); d) que, por nao ter atores, admite 0 irracional e ° maravithoso: Ui] Enomonig, 1 dAoyou, St’ d ovmPariver piAroce 1 BoryeroTOV, Biot 1 ph Opdv Eig to pot ‘TOVEEL (14604, 13-4). Mas esses elementos, com toda adequacdo que apresentem, subordinam-se ao critério, tivo, como se vera pelo que discute diz de Empédocles ¢ Herédoto. * Horicio, conquanto persiga a direcdo aristotélica (ver abaixo comentirio de Rostagni), trlha, por assim dizer, sentido oposto, pois, partindo da matéria ~ que para a realizadas, de reis ¢ chefes, © as tristes guetras" — chega ao género que, mencionado Homero, nem precisa nomear. Horicio desereve épica, elegia, iambo ¢ lirica nessa ordem, e em cada um desses géneros sempre aponts matéria (materies v. 131: ‘materia, v.38; res, v.29; 310; 40; 73; 82; 89; 148; 171; 179; 3113 329; 369; 411), ritmo (mmeras, v. 74), 6 quando possivel, o inventor (Homerus, v. 74, Archilocum, v. 79), deixando evidente, sem explicitar, que entre fe ritmo ha adequa corréspondents aqui a ebprrtite: ef. Rostegni, v: 73). de hot p) que, assim procedendo, Hordcin parece querer poeticamente mimetizar 0 processo pelo qual as matérias ocupam adequadamente o lugar que Ihes cabe pela acaso (w. 92). b); que Horacio indigita precisamente as diferentes matérias dos diferentes géneros de poesia, enquanto Aristoteles as designa pelo acusativo neutro plural: £tepdt, "coisas diferentes" (I+47a, 17), &, "as coisas” (1448a, 25}: Tc deck, “as mesmas coisas" (1448a, 18), (Ao dizer que a matéria ou argumento da Ouisscia € breve, emprega o terme hO7OS: tig 1p “OBvoeEIUs Od HaXpds & AOyos Loriv (1455b, 17). Fazo mesmo em 1455a, 34 para tragédia), . Poética. 14476, Thiy ot évtpeonot ye owdincortes 75 HEE 1 ROLEIY EAeyeLOROIOd. TOdG BE EMOMOIOLg dvoLELOLTL oby, dg Korte TY HLoW MOUNTS AAAG KOLA KaLTEL tO MEtpOY mpogoryopEbovtes Ka Yep év iorPpLR Ov A Quoixty a did. THY NETO EKoEPDOW, ODT KaAEIY EHdoLY ObSEY Se KOWEY LOTR Omtpe KOA Eunedowiet mhiyy 1 wérpoy, Bid wv psy rompeiy dixenov KeReIv, toy 8 pusiohéyou uaAROV A none ¥; "Mas os homens ao metro juntaram a palavra “poeta”, chamando uns “poetas clegiacos”, a outros “poet Epicos”, nao segundo a imitagdo, mas segundo © metro utilizado. E se explicarem um tema de medicina ou de fisiea cm verso, é costume aplicar-lhe este nome, mas nada tém em comum Homero e Empédocles com do metro. Por isso, & justo chamar iquele “poeta” ¢ a este 'isidlogo’ mais que ‘poeta’. Id. 1451a, 36- (decenter, ¥. 92) estabelecida na origem pele inventor (auctor, v. 77, 40: ocvepov B& Ex tv eipnneveov Kai Ott ob 1 ac yevOuteva: Léyew, Toiito roUItod Epyov kathy, GAN’ dit Gey YEvorto Kai te Bova.te. KO:TEL TO EIKOG HI 7 evoEyKation, 6 YEP LaTOPIKOS Kal 8 FoINTAG Ob 7A A) ENE exper LEyeL” fy Guterpar Bicspépovow: [1451b, Lak Ein 16p dv tel Hpodbtov etc HétpaL tediivaL Kai OLSED fittor Gy ein totopia: tg Mets NEcpOD A GivED H Epo tLe tir Srapeper, 1G tov ptv cc yevopewe MeyEN, thy BE dict dv yEvOrTo. Hd Kai rho} chrepoy Kai cnowdatdtepor moinI< totopiag Eotiy” fh MeV Yep RoiNaIg HEAAOY te KUDSAOD, HS L6TOp ice tc Kad’ EkootoV AéyeI, "Pelas precedentes consideragées, que no é oficio de poeta narrar o que aconteceu: é, sim, o de representar 0 que poderia acontecer. Com efeito, nao diferem o historiador e © poeta por escreverem verso ou prosa (pois que bem poderiam ser postas em verso as obras de Herédoto, e nem por isso deixariam de ser hist6ria, se fossem em verso 0 que eram em prosa) - diferem, sim, em que diz um as coises que sucederam, ¢ outro as que poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filoséfico e mais, sério do que a historia, pois refere aquela principalmente o universal, ¢ esta 0 particular” "Da Teogonia poder-se-ia pensar que Arist6teles a considerasse épica pela superioridade do carter dos deuses e pela conversibilidade em tragédia de parte do argumento, que se vé pelo Prometew prisioneizo, de Esquilo, EL Augusto Rostagni (em Orazio, Arte poetica, Torino: Loescher, 1986, "Prefzione”,p. vi, tadugdo nossa), “as fontes que confluem em Horacio estio em grande parte perdidas (com excegdo da Poética de Arisibteles ¢ de outros poucos fragmentos)". Outras fontes de Horicio so um tratado peripatético epi rommxiic, de Necptolemo de Pario (entre fim do séc. IV e inicio do III a.C), do qual se reconheceram fragmentos citados no tratado Tlept xounpecteav, de Filodemo, ¢ Didimo de Alexandria, (Filélogo que viveu em Roma no século 1.a.C., contemporines de Augusto © de Horicio) autor de Hept nomty. Pede-se reconstruir, assim, como que uma teia entretecida pelo tocar-se de alguns teoricos da poesia, posteriores a de Arisiteles: Neoptélemo de Pério, Filocemo, Didimo de Alexandria ¢ até aqui Hordcio. O que importa ressaltar € que, mereé da mudanga de perspectiva tedrica dos tedricos alexandrinos, a que concorreram a criagZo das bibliotecas e, pois, o tipo de filologia eserita li praticada, a0 eritério de Aristételes ~ centrado no conceito mesmo de mimese de ages ¢ caracteres de homens superiores, que se encontram, enfim, no mito © ha matureza — soma-se 20 quase de substituir, o conceito de imitacdo que, mediante a emulagdo de autores (bem entendido, poetas dotadas de antoridade) incide agora em seus pocmas. tomades assim como moilelos. Dada vénia ao didatismo, Aristételes registra e presereve que 0 poeta imita a natureza, os tedricos heleaisticos, de que Horicio em parte € representante, prescrevem que 0 poeta imite a imitagio feita pelos poeta anteriores. Para ilustrar a afirmagio, aiente-se para esta extraordinaria passagem da Poaétiew (1459, 31- 39:1460a, 2 5): 1 3E netpov % hpurxdy dnd wig neipas Apwoner. et yep us bv EAAw TA pee SOIR Hi now moisito i Ev modi, empents cv carivorto 1 yop hewrxdy ctacdtato” Ko [35] byKwStoTa cov cdiv petpaw botiy (ro Kar. yRabste Kot. eTaOOpeLC BEyeTEA NeRLoTaA) bel Bid obBeig HaKpav cboraSw kv EARw mEMOiNKEY f 1H ode, GAN Gonep eincuey aca h Garg BSc oxer 1 apyortoy atbtij aipeicBat, "Quanio a métrica, prova a experiéncia que & 0 verso herdico o tinico adequado epopéia: efttivamente se alguém pretendesse compor uma imitagao narrativa, quer em metro diferente do herdico, quer servindo-se de metros varios, logo se aperceberia da incoveniéneia da empresa. Na verdade, 0 verso heréico é 0 mais grave e o mais amplo, ¢, portanto, melhor que qualquer outro se presta a acolter vocabulos raros¢ metatoricos [..] eis porque ninguém se serviu de verso que nao Fosse o heréico para compor um poema exienso. Como dissemos, a propria natureza nos ensinou a escolher o metro adequado” (negritos meus). Horicio, na passagem citada, alude evidentemente a sentenga final de Arisiteles, mas altera-a: a Aristételes, quem Ihe ensina 0 metro adequado é a natureza, enquanto a Horicio, quer Iho mostra primeiro ¢ Homero. Imnita enula exmeplar paread slo termos teniucas que ecoan nos tratados de Retérica, de Poética e nos metapoemas sobre poesia ver XXX " Pizandro de Rodes (862. VIEVI a.C), autor de uma Heraeléia. 'S Paniase de Halicamasso (séc. V a.C.}, autor de uma Heraeléia. * Antimaco de Célofon (cirea 405) autor de uma Tebaida. ' Apoldnio de Rodes (sée. I a.C.), autor dos Argonduticas. '© Aristarco da Samotrécia (civea 217-145 a.C.), biblioteciio, gramitico e filélogo alexandrino. Aristéfanes (circa.247-180 a.C), bibliotecario de Alexandria, grande erudito, editor da Hliada e da Odisséia. "' Enilio Macro, amigo de Ovidio, imitou Nicandro em seu pocma Teriacas ou ss serpentes; ver abaixo nota a Nicandto. ** Nicandro de Célofon (séc III a.C.), autor de a) Teriacas (OnpLoxc, do adjetive GnpraxKos, de ONP, “animal selvagem"), que se poderia traduzir por as serpentes, poem hexamético sobre os animais vene0sos € os antidotos; b) de Alexifirmacos (de Ghi&ea, "repelie" ¢ ¢PUAKOY, “droga"), isto & Os antidotes, & ¢) Metamorfoses. Virgilio imitou-o nas Geérgicas © Varro Atacino (82-37 a..C.), tradutor das Argonduticas, de Apolinio de Rodes, e autor de poemas épicos % Quinto Enio (239-1692), entre outras obras autor dos Anats, epopeia hexamética de materia historica 2" Comélio Severo, amigo ¢ contemporinco de Ovidio. A guerra da Sicilia foi contra Pompeu e seu poema talvez integrasse uma obra maior sobre as guerras civis. Séneca nas Suasdrias preservou fragmento ce seu poera. ® Serrano, poeta desconhecido Caio Valério Flaco (morto por volta de 95 4.C), autor de umas Argonduticas, que delxou incompletas. * Salcio Basso: protegido de Vespasiano, elogiado por Técito no Didlogo dos oradores; nada restou de sua obra * Rabirio, Pedio. Rabirio, contemporanco de Ovidio, supostamente autor de um fragmento sobre a baalha de Acio, achado em Herculeno. Caio Albidovano Pedio é autor de poema sobre a viagem le Germinico eo norte da Germania. ®° Quanto a Hesiodo € Arato lembremos de vez 0 que Calimaco, nfio menos alexandrino que bibliotecirio & poeta, dissera no epigrama 27 Honéfov 16 T ceicpe Kait & sponog ob tov dord6v Eqyotov, Gch}! dkvEW ph Tt HeAU{poteLtov T@v Engwv © Tore cumeUcavor youpere Aewtenr bijotec! Apitrov obuBohov ceypunving Poesia é 0 canto, 0 modo de Hesiodo: ao menor edo niio, porém, creio, a0 que em épica tnd mais fino moldou-se © poeta Sélio; salve! ‘grdecis linhas, vigilia e af& de Arato. Nesse epigrama notivel, mini-arte poética alexandrina, além dz designagiio de Hesiodo © Arato como épicos (exéwv, v. 3), encontram-se explicitos os procedimentos posticos da emulagio e da imitagao valerizados pelos poetas-criticos alexandrinos: Hesiodo é o paradigma do canto (&e1ouc, v. 1), nele esta 0 modo (1pomG, v. 1) que se deve imitar, € Arato & 0 émolo que nele se moldou (&newdéécto, v. 3). A significdncia do epigrama seri tanto maior, quanto mais se perceber a oposigao ticita a Aristoteles, expressa na substituigo de Homero por seu consénere Hesiodo como paradigma da épica. "A fonte mais segura que chegou até nds sobre a ubicagéo da categoria [de lirica] nas classificagies alexandrinas € a Crestonatia de Proclo, possivelmente um gramatico do século II de nossa era, cuja obra foi resumida por Fécio, em sua Biblioteca. ‘Trata-se de um manual de literatura que examina as diferentes especies poéticas ¢ que se apresenta sob a forma de uma classi ral, considera-se que © verdadeiro autor da repartigio é Didimo, o grande compilador dos estudos do Museu, que sintetiza e difunde as teses alexandrinas até 0 século 1 a.C. |...) As [-] genealogias, com efeito, apontam claramente para Alexandria © dao crédito a raiz alesandiina de uma elassificagto que, pela fi reproduzida, gozou de sem chivida de certo prestigio durante a Antigtidade.” Gustavo Guerrero, Teorias de fa Lirica, México: Fondo de Cultura, 1998, p. 38, tradugio nossa). * Esta ordem da poesia narrativa esta presente no seguimento dos excertos de Horicio: pica, v. 73-74: clegia, v. 75-78; iambo, v. 79; excurso sobre iambo ma tragédie e na comédia: v. $0-82; lirica, v. 83- 85. Em Quintitiano, sempre no livro 10, capitulo I, 0 rol de poetas gregos comeca pela épica, 46-58: elegia, 58-59; iambe, 59-61 ¢ litica, 61-64. O rol de poetas latinos comeca pele épica, 85-92: clegia, 93; sitia, 93-96. qual, sendo a seu ver exclusivamente romana (fot nostra), nao tem correspondente entre 0s gregos, © que ri desfaz, pois, a ordem:; iambo, 96; e lirica, 96. Proclo, embora amuncie o iambo antes da elegia (§ 12), apresemta-o na ordem usual: épica, 13-23; elegia, 24-27; iambo, 28-31; lirica, 32-99. Severyns, p. 81. conjectura possivel lapso. Fécio, por fim, anuncia os géneros da poesia narrativa na ordem usual, 3192, $-8, € assim os presenta: épica, $19a, 17- 319D, 5; elexia, 319b, 6-14; iambo, 319b, 15-31; liiea, 3196, 40. "6 termo grego para “escolher" autores e “indicar" os seus nomes em listas escothidas era EYRpIVELW & esses autores foram chamados EyKPLOEVTEC, ‘Temos uma atestagio disso s6 para oradores, mas deve ser aplicada também aos poctas, pois quando Horicio concluia a primeira ode do primeiro livro com uma expressao florida quod si me lvricis watibus inseres aludia com certeza a este termo e acariciava a esperanca de que Mecenas 0 pusesse no grupo dos nouent brief. O temo de Quimtlino, ordo, transferido da tetminologia das classes sociais & estera literiria, ndo foi © que os autores posteriores preferiram. Mas em de classes quando, eqigneia com que foi Cicero encontramos tims distings 10 compars-to com Deidcrito, aerola unn filsof> estéico na quinta classe (Acad. Il, 73); tomouese habitual em Roma chamar os Ey EpLBEVTES classct, que significa escritores da primeira class. primae classis na linguegem militar e politica, Mais tarde ouviremos muito este termo, que se nos tornou familiar porque o adotaram os filélogos do Renascimento. Os repertérios completes foram chamados RLvALxes, indices: mas niio havia uma palavea grege ou latina correspondente para ss lstas escothidas. Em 1768 o termo "eanon’ foi cunhado por David Runken Pistoriaeritica oratorum graecorum, ed. Rutilio Rupo, 1768, p. 386), quando escreveu.Ex magna oratorum copia tamquam in canomen dlecem dumtasat retulenunt (6c. Aristarchus et Aristophanes Byzantius). Entéo, Runken deixou escapar 0 evidadoso tamquam e continuow a chamar todas as listas eseolnias canones", Rudoft Pfeifer. Stor della filolozia cassica, dalle crigin alla fine dell esa ellenistica, Napoli: Gaetano Maechiaroli Libraio, Eore, 324. Op. cit., p. 158. 153 (PF). suns ‘ednones’, ou em Rafaele Cantarela, La lieratura griega de la epoca helenistica, Buenos Aires, Editorial Losada, p. 172. Mesmo que se argument que Atistoteles compare Epica © Uagédia (1449). 9-16; 1462a-b), géneros diferentes, cle os compara porque parte do fato de que ambos pertencem ao conjunto de poemas cujas personagens so superiores § Refiro-me as reflexes de Rossi, L.. E., “I generi letterari e loro leggi seritte e non seritte nelle letterature lassiche”; in Bulletin of the Institute of Classical Studies, 18 (1971), p. 69-94, Op. city pel % Gustavo Guererro, op. cit. p. 42. % Oulest ce qu un genre literaire. Paris: Editions du Seuil, 1989, p. 68; tradugo nossa, itilico do autor. * "0 recitator tem absohita necessidade da presenga dos ouvintes, que participam ativamente da leitura, s80 eles que a solicitam ~ ele nao thé dé inicio a nao ser a pedido do pablico ~ sfo eles que com seu aplauso o fardio continuar e que por fim Ihe fardo criticas. A recitatio & tio importante na vida de um nobre romano, que assistir a ela € um dos deveres do cliente, um dever moral ¢ social. Nao se trata somente de assistr leitura, ‘mas de emitirjuizos sobre a qualidade do texto. O evento pac prova as virtudes amicais dos participantes: 0 rigor intelectual, a honestidade, a franqueza de cada um sero apreciados entre os ouvintes, assim como no recitétor a lucidez ¢ a modéstia, aceitando as eriticas € em conseqiiéncia corriginio seu texto." fn Florence Dupont, Linvention de la littérature, Paris: Editions la Decouverte, 1994, p. 258, tradugo nossa, ‘ Pottica, LSta, 18-21 TOMA. Yep Kok Grerpe 1 evi CUUPaiveL, FE Gv view obdév kot Ev obtag BE xox npcierg kvdG MOA Aoi eiow, BE Gv pie obepier yivetoar mpakrG, bid Révtes Ecixao euapteiveW door TY omNtaY Hp. xinida: Ononisa Ker te Tora ronHCe RenoUIKcOW" dlovon. Yep, Enet dic fiv 6 HowKAtic, Evo. Ket 1 Ty WBBoy eiver RoTKEL, "Muitas sio as agdes que uma pessoa pode pratiear, mas no por ivo elas cosstituem tuna aeio una, Assim, parece-me que fenham erado todos os poetas que fenbam composto uma Heraeteida, ow uma Teseids. ou outtos poemas que tai por entenderem que. sendo Hérackss um s6, todas as agbes haviam de constituir uma unidaie’ * Poitica, 136-152: panicularmente © verso 137: nec sic incipies, ut seriptor evelicus olin: / fortimam Priami cantabo et ngbile bellum, "nao iniciaras como outrora 0 escritor ciclico: 'a fertuna de Priamo cantare & 1a famosa guerra". E notivel o contraste com © progmio da guileida, v. 1-7, de Esticio, por cujo mero titulo jd se vé que 0 poeta nao acede a prescricao de Aristoteles: “Magnaniriwm Aeaciden formidatamque Tonanti progeniem et patrio uetitam suecedere eaelo, dina, refer. Quamguam acta viri multum inelita cant Maconio (sed plura nacart), nos ire sic amor estherod welis Scyrogue latentem Dulichia proferre 1 sistere, sed tota iunenem deducere Troi. Esticio, Aguileida, 1-7: Conta, deusa, o magnanimo cicida e a formidavel raga, pelo Tonante, proibida de subir ao patrio eéu, Embora as agées do vario sejam muito famosas pelo canto mednio, mais ainda, porém, estio faltando: percorrermos toda a vida do herdi — assim ¢ nosso desejo ~ e narramos com irombeta duliquia que ele em Ciros se ocultou fem véus, © ndo paramos em Heitor arrastado, mas despojamos de Trdia inteira a juventude; (grilos © tradugdo nossos). *° Lembremos que E06, da raiz *wek" , é cognato de wor, em latim, "voz", sentido que nfo deixa de estar muito proximo, no dmbito da oralidade das respostas oraculares, da acepgiio de *palavra” por exceléncia.

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