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RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS

APOSTILA FLORESTAL N0 13

Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A.


Estação Experimental de Itajaí
Setor de Pesquisa em Recursos Florestais
2000
APOSTILA FLORESTAL N0 13

RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS

Milton Geraldo Ramos


Pesquisador , M. Sc.

Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A.


Estação Experimental de Itajaí
Setor de Pesquisa em Recursos Florestais
2000
SUMÁRIO

Pág.
LISTA DE FIGURAS.................................................................................................... 4
LISTA DE TABELAS................................................................................................... 5

1. Ecossistemas............................................................................................................ 6
1.1. Ecossistemas terrestres..................................................................................... 6
1.2. As comunidades vegetais de terra firme........................................................... 7
1.3. O solo como elemento básico do ecossistema.................................................. 7
1.3.1. Processos de formação de desenvolvimento do solo................................ 8
1.3.2. Humificação e transformação da matéria orgânica do solo...................... 8
1.3.3. Perfil do solo............................................................................................. 9
1.4. Os solos e as comunidades vegetais................................................................. 11
2. Degradação de ecossistemas florestais.................................................................... 12
3. Recuperação de ecossistemas florestais.................................................................. 14
3.1. Planejamento..................................................................................................... 14
3.1.1. Levantamento topográfico........................................................................ 14
3.1.2. Diagnóstico florístico e ambiental............................................................ 14
3.1.3. Metodologia operacional........................................................................... 15
3.2. Descrição das técnicas operacionais................................................................. 15
3.2.1. Remodelagem do terreno.......................................................................... 15
3.2.2. Conservação do terreno............................................................................. 15
3.2.3. Revegetação arbórea................................................................................. 20
4. Espécies para revegetação de ecossistemas florestais degradados....................... 29
4.1. Espécies arbóreas.............................................................................................. 30
4.2. Grupos ecológicos de espécies florestais......................................................... 30
4.2.1.Espécies pioneiras restauradoras............................................................... 30
4.2.2.Espécies pioneiras e secundárias iniciais................................................... 31
4.2.3.Espécies secundárias tardias...................................................................... 32
5. Literatura consultada............................................................................................. 34

3
LISTA DE FIGURAS

Pág.
Figura 1 – Perfil hipotético de um solo, com representação dos principais horizontes................ 10

Figura 2 – Canal de drenagem secundária, para área com declividade inferior a 30%................ 16

Figura 3 – Tipos de canais de drenagem em alvenaria para áreas com declividade


superior a 30%............................................................................................................. 16

Figura 4 – Paliçada com cordões de ramos vivos entrelaçados, para estabilização de encostas
instáveis...................................................................................................................... 18

Figura 5 – Paliçada com mudas de raiz nua, para estabilização de encostas instáveis................ 18

Figura 6 – Muro de arrimo com madeira roliça e com vegetação para estabilização de taludes. 19

Figura 7 – Paliçada com estacas vivas para contenção de vossorocas......................................... 20

Figura 8 – Seqüência de etapas de revegetação de ecossistemas florestais degradados.............. 21

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LISTA DE TABELAS

Pág.
Tabela 1 – Escala de degradação de ecossistemas florestais..................................................... 13

Tabela 2- Fases de intervenção para recuperação de ecossistemas florestais degradados........ 22

Tabela 3- Espécies pioneiras restauradoras............................................................................... 31

Tabela 4- Espécies pioneiras comuns e espécies secundárias iniciais de formações florestais


de Santa Catarina......................................................................................................... 32

Tabela 5- Espécies secundárias tardias e clímaces de formações florestais de Santa


Catarina........................................................................................................................ 33

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1. Ecossistemas

Os seres vivos associados ao seu ambiente específico podem ser agrupados em níveis de
organização escalonados do protoplasma celular ao sistema global dos seres vivos ou biosfera.
No nível inferior à biosfera encontram-se os ecossistemas, conceituados como sistemas
ecológicos que integram as comunidades bióticas e o ambiente abiótico.
Qualquer entidade reconhecível na natureza, desde que os principais componentes estejam
presentes e interatuando de forma a resultar na estabilidade funcional do sistema, ainda que
temporariamente, pode ser considerada um ecossistema (ODUM, 1971 ).
O ecossistema está formado basicamente pela massa orgânica de seres vivos animais e
vegetais, e pelo espaço vital ou habitat. Estruturalmente pode-se distinguir em cada ecossistema
os seguintes constituintes:
* Substâncias abióticas: elementos básicos e integrantes do ambiente.
* Componentes produtores: são os organismos antotróficos, principalmente as plantas
verdes, capazes de fixar energia luminosa e produzir alimento a partir de substâncias inorgânicas
simples.
* Componentes consumidores: organismo heterotróficos, que alimentando-se de outros
organismos rearranjam e decompõem os materiais complexos sintetizados pelos produtores.

Os componentes relacionam-se entre si e com o ambiente amplo em que se localiza o


ecossistema. Deste processo de interação resultam os fluxos internos do sistema e deste com o
ambiente, inclusive com outros ecossistemas.
Sendo um sistema e atuando como um todo, qualquer interferência em um ou mais
componentes afetará possivelmente todo o ecossistema, produzindo desequilíbrio nas forças
biológicas que sustentam o sistema.
Se a interferência for temporal outros fatores da comunidade reagirão e restituirão o
equilíbrio perdido, mas dependerá do grau de interferência.
Segundo ODUM (1975) o homem tem sido persistentemente destrutivo no uso dos recursos
de ecossistemas como o de campo através do pastoreio excessivo e da exaustão do solo pelo uso
excessivo do arado. O resultado tem sido a transformação de muitos campos que originalmente
sustentaram grandes populações de herbívoros, em desertos produzidos pelo homem.

1.1. Ecossistemas terrestres

A vegetação evoluiu de comunidades simples à formas complexas capazes de transformar


os elementos básicos e a luz solar em crescimento e energia armazenada. A evolução ocorreu a
partir da matéria prima ou elementos químicos básicos, tanto da atmosfera como da capa de solo
derivada da decomposição das rochas, tendo a água como meio para a dissolução e transporte
destes elementos, o calor e a luz solar como fonte de energia.
Paralelamente ao aumento da complexividade e à especialização das espécies vegetais,
ocorreu também o desenvolvimento correspondente da vegetação em sua totalidade. Inicialmente
as comunidades vegetais eram relativamente simples, compreendiam as algas, os briófitos e os
líquens, tal como ocorre hoje em áreas rochosas.
Ao final do período devoniano várias espécies arbóreas primitivas, como as precursoras das
coníferas haviam evoluído e cresciam em associações florestais de estrutura muito mais simples
que as comunidades florestais atuais. Posteriormente dominaram as cicadales e as coníferas.

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Afinal quando surgiram as angiospermas ou plantas com flores, desenvolveram-se as
florestas e outras comunidades atuais.
A evolução das plantas e da vegetação como um todo originou desta maneira, associações
cada vez mais complexas, capazes de transformar com maior eficiência a matéria prima
disponível, contando sempre com variadas combinações de calor, luz, umidade e de solo.

1.2. As comunidades vegetais de terra firme

A biomassa ou massa orgânica do conjunto de seres vivos ou biocenose, de um ecossistema


está constituída em sua maior parte pelos vegetais, que se agrupam formando associações.
As associações são comunidades vegetais de composição florística determinada, própria de
condições ecológicas uniformes e de fisionomia homogênea.
As comunidades desenvolvem-se em lugares geograficamente definidos denominados
localidade, sob influência de um conjunto de fatores externos ou fatores ambientais, ou habitat.
Uma determinada comunidade vegetal pode ser encontrada em muitas localidades, porém
geralmente prospera em um habitat determinado.

1.3. O solo como elemento básico do ecossistema

O solo representa o fundamento ou a base dentro e sobre o qual desenvolveram-se todas as


comunidades terrestres. É a zona de transição entre a crosta geológica ou litosfera e a atmosfera.
O solo serve de apoio e provê parte do alimento e do espaço vital para as comunidades
vegetais e animais, ao mesmo tempo que desenvolve-se sob os efeitos benéficos destas
comunidades.
Os fatores climáticos atuam continuadamente sobre a litosfera produzindo os constituintes
primários do solo. Uma vez formado, permanece no sítio ou é transportado pela ação da água, do
gelo ou dos movimentos atmosféricos. Na desintegração dos estratos superficiais das rochas que
formam os solos, influem além do clima, as interações entre o solo e os seres vivos.
Em certas áreas desérticas, onde as rochas desintegram-se em blocos ou em partículas
granulares, a falta de água impediu o aparecimento de organismos e portanto, o solos não se
desenvolveu. Mas em qualquer caso o tempo é essencial para que hajam os efeitos acumulativos
que contribuem para o desenvolvimento de um solo com seu perfil correspondente.
O solo tem sua formação desencadeada a partir da meteorização da rocha matriz, sob a ação
de agentes externos denominados agentes de meteorização. Sobre o material desintegrado e com
suprimento adequado de água, instalam-se vegetais de estrutura simples e inicia-se a formação do
componente orgânico do solo.
Tendo o suprimento de minerais e água garantidos as comunidades vegetais prosperam
viabilizando seu próprio crescimento e o aparecimento de outras comunidades. Os sistema
originado evolui como um todo em direção ao equilíbrio mas que não se estabelece por ser um
sistema aberto. Além disso as condições externas que intervém na formação do solo apresentam
oscilações periódicas, diárias e estacionais.
Assim a formação do solo mantém-se em contínua tendência ao equilíbrio e desde que este
desloca-se continuamente, os solos encontram-se submetidos a uma contínua transformação
(BLANQUET, 1979).

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1.3.1. Processos da formação e desenvolvimento do solo
A meteorização física desagrega as rochas e os minerais, aumentando a superfície
específica, tornando o material mais exposto aos processos químicos e bioquímicos. A
meteorização química transforma os minerais em compostos mais estáveis.
Nas regiões temperadas onde ocorrem geadas, o congelamento da água infiltrada nas fendas
é um expressivo agente de desagregação e sua ação é tanto mais intensa quanto mais porosa for a
rocha, quanto maior o conteúdo hídrico e quanto mais freqüente ocorrer o congelamento. Nas
regiões quentes e secas as rochas desagregam-se por tensões térmicas quando, estando aquecidas
intensamente pelos raios solares, esfriam-se repentinamente. O fenômeno é tanto mais intenso
quanto mais grosseiro seja o material e mais densa sua estrutura, quanto mais diferentes os
coeficientes de dilatação térmica dos compostos minerais, quanto maiores sejam as diferenças de
temperatura e quanto mais rápidas e freqüentes sejam as mudanças de temperatura.
Existem outros agentes de desagregação de menor importância como a hidratação de sais, o
crescimento das raízes, e o movimento de fatores meteorológicos.
A meteorização química principia com a penetração da água na parte superficial dos cristais
ou hidratação. Os compostos mais solúveis são deslocados no meio aquoso podendo suprir os
organismos por absorção ou difusão ou serem alocados em outros componentes por adsorsão ou
combinação química.
A hidrólise decompõe silicatos complexos em formas mais simples como ácidos silícicos e
hidróxidos de alumínio. Silicatos de estrutura laminar ou em camadas podem transformar-se
diretamente em minerais de argila por intercâmbio de cations metálicos. Minerais muito estáveis
decompõem-se quando compostos orgânicos formam complexos ou quelatos com os
componentes da rede mineral.
A formação de minerais de argila, como a transformação de mica (estrutura laminar) em
argila por intercâmbio iônico, é fundamental para o solo. Muitos sedimentos ou rochas
metamórficas contém minerais de argila que se formaram em ciclos de meteorização precedentes
e que são liberados após a decomposição do material cimentante, especialmente dos carbonatos.
Este processo de liberação de argila não deve ser confundido com o processo de formação
de argila, mas em solos jovens pode predominar o primeiro.
A decomposição dos minerais de argila ocorre tal como os demais silicatos, ou seja, por
hidrólise ou formação de quelatos.

1.3.2 Humificação e transformação de matéria orgânica do solo


O processo de humificação tem como substrato as substâncias orgânicas mortas, tais como
partes aéreas dos vegetais, raízes, animais e microorganismos. São denominados formadores de
húmus.
Os formadores de húmus mantém ainda os tecidos, de modo que é possível determinar sua
origem. Se os tecidos estão muito decompostos e parte do material já se transformou, denomina-
se humoides, e sua origem é quase irreconhecível.
Os materiais húmicos incluem aqueles compostos orgânicos constituídos a partir dos
formadores de húmus, em que perdem totalmente a estrutura celular, como aqueles que se
originaram por decomposição ou transformação (oxidação) e ainda aqueles compostos que
tenham sido sintetizados no solo, por processos biológicos ou químicos.
Estes últimos são denominados huminas, sendo muito mais resistentes à decomposição
biológica e química, comparados á substâncias não humínicas. São em geral de cor “parda” e
ácidos.
Os formadores de húmus são desintegrados por animais do solo, preparando para a
decomposição microbiana e decomposição química. A primeira rompe os compostos de elevado

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peso molecular (polímeros) em oligomeros e manomeros constituintes, que serão ainda mais
decompostos ou transformados, ou serão absorvidos e assimilados diretamente.
A participação dos organismos e seus enzimas é fundamental na decomposição dos
formadores de húmus, podendo a decomposição química direta ser preponderante em
determinadas condições como as turfas de altitude, muito ácidas.
As huminas formam-se possivelmente a partir de produtos simples da decomposição como
açúcares, aminoácidos e compostos aromáticos, por polimeração. Devido às grandes
possibilidades de combinação, possivelmente não se encontrará materiais químicos de elevado
peso molecular, com idêntica constituição.
A medida que aumenta o peso molecular, as moléculas de humina tornam-se mais escuras
aumentando proporcionalmente o peso equivalente e diminuindo a solubilidade.
A formação de huminas ocorre simultânea e paralelamente ao processo de decomposição e
deposição dos formadores de húmus. A quantidade e composição destes e as condições de
humificação são decisivas para a forma em que se apresentará a matéria orgânica do solo.
Segundo KUBIËNA, citado por BLANQUET (1979) pode-se distinguir nove formas de
húmus nos solos terrestres, podendo agrupar-se em três formas principais:
A - nos solos com nível adequado de umidade e ricos em bases, os formadores de húmus são
decompostos rapidamente, principalmente por bactérias e a matéria orgânica mistura-se
perfeitamente com os componentes minerais por ação das minhocas e outros vermes.
B - nos solos ácidos ou secos os formadores de húmus são desintegrados a princípio por
artrópodos e logo decompõem-se parcialmente por ação de fungos. A matéria orgânica mistura-se
pobremente ao material mineral.
C - em condições muito desfavoráveis, solos ácidos pobres em bases, clima frio, a decomposição
é muito lenta e não mistura-se com os materiais minerais. Acumula-se húmus bruto, composto
por um estrato superior de formadores de húmus, uma zona de decomposição que gradualmente
transmuta-se na zona de materiais húmicos.
Excluindo-se as influências climáticas a forma e o conteúdo de húmus estão determinados
essencialmente pela cobertura vegetal dominante, mas pode haver grandes variações em uma
mesma comunidade vegetal.
Os solos da maioria das comunidades apresentam uma forma característica de húmus, mas
não se pode detalhar quanto a forma de húmus influencia a comunidade e quanto esta condiciona
a forma de húmus. Intervém substâncias estimuladoras e inibidoras, o suprimento de nutrientes, o
pH, a água, a temperatura e a aeração.

1.3.3 Perfil do solo


As condições externas que atuam no edafogenesis, geralmente variam no sentido vertical. A
parte superior do solo está em contato com a atmosfera e a parte inferior, com a crosta terrestre .Por
conseqüência a influência dos organismos diminui com a profundidade. Assim os solos mostram
uma marcante anisotropia na direção vertical, formando um perfil com horizontes, que podem ser
definidos como porções do perfil do solo formados através dos processos edafogênicos no próprio
local. São designados por símbolos ou letras (Figura 1).
A = horizonte superior, húmico e eluvial (que sofre o processo de lavagem de nutrientes). Pode
ser analisado com maior precisão, subdividindo em camadas específicas e designando-as por sub-
índices:

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Aoo
Ao
A1

A2

A3

B1

B2

B3

Figura 1. Perfil hipotético de um solo, com representação dos principais horizontes

Aoo = corresponde à camada de serapilheira com idade máxima de um ano.


Ao = húmus bruto ou serapilheira com vários anos. Geralmente Aoo e Ao não são incluídos ao
medir-se a profundidade do perfil por que são muito variáveis, podendo ser facilmente
eliminados por agentes externos.
A1 = horizonte humífero, apresentando a maior acumulação de materiais humínicos formados in
situ e em geral misturados com material mineral. Apresenta coloração pardo-acinzentada e
atividade biológica de máxima intensidade.
A2 = horizonte mineral eluvial, contendo muito menos matéria orgânica que a camada A1.
A3 = transição de A para B, mas com mais características de A.

B = horizonte mineral, iluvial, em que se acumulam materiais procedentes do horizonte A.


Diferencia-se dos horizontes A e C por granulação, estrutura ou coloração. Não é uma simples
transição.
B1 = transição de A para B, porém com mais características de B.
B2 = camada típica do horizonte B.
B3 = transição de B para C, porém com mais características de B.

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C = é a rocha matriz, constituída pelo material que formou o solo, sem ter sido afetada pelos
processos de edafogenesis. As vezes considera-se como horizonte C apenas o material já
desagregado.
A origem e a constituição distinguem os horizontes em biogênicos e petrogênicos. Os
horizontes biogênicos estão determinados principalmente pelo quimismo, pela cobertura vegetal e
pela fauna que depende desta cobertura. Os horizontes petrogênicos, dependem do subsolo ou
horizonte C e dos fatores climáticos como a precipitação pluviométrica e a temperatura.
Os horizontes biogênicos tem especial importância na diferenciação das comunidades
vegetais. Cada associação bem desenvolvida nas comunidades florestais, está relacionada à
determinadas características do perfil do solo, sobretudo da parte biogênica do mesmo.

1.4 Os solos e as comunidades vegetais

As comunidades vegetais e os solos desenvolvem-se conjuntamente, mantendo estreito


relacionamento, tão intensamente que geralmente não é possível distinguir-se entre causa e
efeito.
Tais relações baseiam-se nas condições fisiológicas que o solo oferece à comunidade
vegetal, ou seja, nutrientes, água, condições de oxigenação e temperatura e as possibilidades de
fixação.
Considerando-se apenas as características do solo com efeitos fisiológicos, poder-se-ia
afirmar que os solos de uma dada comunidade são equivalentes, sempre que as demais condições
externas, como o clima, sejam as mesmas.

Agregando-se as características morfológicas e sistemáticas, pode-se então afirmar que os


solos de uma comunidade vegetal são análogos, ou seja, são funcionalmente equivalentes.

Quanto mais “específica” for a comunidade (posição inferior na escala sociológica) mais
estreita são suas relações com o solo, ou seja, mais refletem as condições do solo em que se
desenvolvem.
As comunidades pioneiras, de transição e também as permanentes em sentido estrito, tem o
maior valor indicador com relação ao solo.
Por outro lado, as comunidades climáticas estão mais relacionadas a um clima específico, e
menos aos solos. Quanto mais aproxima-se uma comunidade ao limite de sua região climática,
mais estreita torna-se sua relação com um determinado solo.

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2. DEGRADAÇÃO DE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS

As áreas de vegetação natural, florestas e outras formações tem sido submetidas a processos
de deterioração em grau alarmante, seguindo-se ao aumento da população humana, que exerce
pressão sobre todas formações vegetais. Nas últimas décadas as atividades econômicas e o
crescimento da população mundial tem evoluído a um ponto tal que os efeitos das atividades
antropicas sobre o ambiente não pode ser mais desconsiderados. A qualidade dos elementos
básicos dos recursos naturais, ar, água e solo, está sendo deteriorada (LUPO & BROWN, 1980).
A degradação dos ecossistemas pode abranger parcial ou integralmente a biomassa e ser
mais ampla ainda atingindo também o habitat.
A exploração de minerais a céu aberto, as construções civis como represas, rodovias,
instalações industriais e mesmo os aglomerados urbanos, em geral resultam na degradação total
do ecossistema na área abrangida.
A exploração florestal em forma extrativista degrada o ecossistema florestal parcialmente,
porque afeta principalmente a biomassa.
A supressão dos ecossistemas florestais para as atividades agrícolas, resultam a princípio
em degradação parcial, se o solo for racionalmente utilizado, de acordo com a sua capacidade de
uso. Inicialmente a biomassa é eliminada, mas se o solo for inadequadamente utilizado, como
normalmente ocorre, a degradação passará a ser total, atingindo o habitat.
Na Tabela 1 apresenta-se uma escala gradativa da degradação que pode ocorrer em um
ecossistema terrestre florestal.
A escala inicia com um nível de intervenção mínima, decorrentes da extração de produtos
florestais não madeiráveis, como frutos, flores e alimentos e outras. A degradação máxima é
decorrente das ações antrópicas para a extração de minerais a céu aberto e construção civis,
suprimindo a biomassa com máxima degradação do habitat.
Até um determinado nível (DG3) a natureza por seus próprios recursos será capaz de
recompor o ecossistema quase sem seqüelas, e m tempo razoavelmente curto.
Nos níveis intermediários (DG4 e DG7) o tempo necessário será maior e dependerá do
tempo e da forma de utilização do recurso solo. Da mesma forma, a qualidade da regeneração
(biodiversidade) será afetada em função das citadas circunstâncias.
Finalmente nos níveis mais altos de degradação (DG8 e DG10) a regeneração ocorrerá
lentamente, tanto mais lento e descaracterizada quanto mais intensa tiver sido a degradação.
A interferência do homem, acelerando ou proporcionando qualidade ao processo de
regeneração pode ser importante, mas tanto mais alto o grau de degradação, quanto mais
complexo será o processo e mais incertos os resultados.

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Tabela 1. Escala de degradação de ecossistema florestal

Grau Biomassa Habitat Condições

Exploração de produtos não madeiráveis


GD1
GD2 Exploração de madeira: árvores mortas,
caídas, doentes...
GD3 Exploração de madeira em nível baixo
(<IMA) (*)
GD4 Extração de madeira em nível médio (=IMA)

GD5 Extração de madeira em nível alto (>IMA)

GD6 Supressão cobertura arbórea sem afetar Aoo


(serapilheira)
GD7 Supressão cobertura arbórea + supressão
Aoo
GD8 Supressão cobertura arbórea + supressão
Aoo e Ao
GD9 Supressão solo: Aoo, Ao, A1, A2, B1, B2

GD10 Supressão solo: Aoo a B2 + agregação


agentes poluidores

(*) Incremento Médio Anual

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3- RECUPERAÇÃO DE ECOSSISTEMAS FLORESTAIS DEGRADADOS

A degradação dos ecossistemas naturais resulta quase sempre em impactos ambientais


sobre o solo, recursos hídricos, fauna e flora, que deterioram a paisagem e apresentam reflexos
sobre diversos aspectos sociais e econômicos. A recuperação está associada à ecologia, ao
saneamento rural e até urbano, apresentando consequentemente importantes reflexos sócio-
econômicos.
A reversão do processo de degradação, independentemente do grau, passa necessariamente
pela adoção de um conjunto de técnicas que conferem inicialmente estabilidade ao habitat (solo),
e proporcionam as pré-condições para a implantação das técnicas de revegetação.
A tecnologia a ser utilizada depende basicamente do grau de degradação sofrido pela
vegetação e habitat (solo) e do tempo decorrido. A recuperação do componente solo, se
degradado, é decisivo no processo geral da recuperação do ecossistema.

3.1 Planejamento

O planejamento tem como objetivo produzir o plano operacional, contemplando as ações


necessárias, desde o diagnóstico de situação até a implementação das operações. A abrangência e
o detalhamento do plano dependem do tamanho da área a ser recuperada e do grau de
degradação.
Quanto maior a área e maior o grau de degradação, maior será a necessidade de um plano
operacional abrangente, composto basicamente por:
* levantamento topográfico,
* diagnóstico florístico e ambiental,
* metodologia operacional para remodelagem e conservação da superfície, se necessárias,
e para revegetação.

3.1.1 Levantamento topográfico


O mapa plani-altimétrico da área deverá indicar a posição e a dimensão dos acidentes,
destacando-se:
* formações de vegetação nativa remanescentes;
* áreas de agricultura ou similares não interferidas;
* áreas degradadas, classificadas segundo a Tabela 1;
* cursos e depósitos de água, naturais e resultantes da interferência;
* cavidades e montes formados;
* outros acidentes naturais ou formados.

3.1.2 Diagnóstico florístico e ambiental


Estão associados ao levantamento topográfico, que complementam. O diagnóstico florístico
determina a composição e a freqüência das espécies que ocorrem nas formações vegetais.
O diagnóstico ambiental deve expor a situação do habitat com destaque para as
transformações ocorridas sobre os recursos solo e água:

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* perfil das camadas de solo ou substrato, caracterizando principalmente a estrutura e
composição de cada camada;
* características físicas e químicas das camadas superficiais principalmente: densidade,
capacidade de infiltração de água, conteúdo de matéria orgânica, nutrientes minerais, elementos
acidificantes, agentes poluidores como metais pesados e outros;
* características físicas e químicas das águas correntes e estagnadas, destacando-se os
elementos acidificantes e os agentes poluidores;
* características biológicas da camada superficial (presença de microorganismos, pequenos
animais, insetos).

3.1.3 Metodologia operacional


A reversão do processo de degradação de um ecossistema florestal ou a sua recuperação
baseiam-se na aplicação de um conjunto de medidas técnicas, capazes de conferir estabilidade ao
habitat e de viabilizar a implantação do processo de revegetação espontânea ou conduzida.
Assim dependendo do grau de degradação, o processo operacional pode abranger as seguintes
fases operacionais:
* remodelagem ou operações de macro sistematização da área, necessárias em caso de
alterações profundas;
* conservação da superfície através de medidas físicas e físico-biológicas, necessárias para
conferir estabilidade ao terreno e melhorar as condições para a revegetação.
* revegetação, que pode ser arbórea, herbácea ou mista.

3.2. Descrição das técnicas operacionais

3.2.1 Remodelagem
Quando a área é severamente alterada, com revolvimento de subsolo e materiais primários,
como na extração de carvão mineral ou minérios a céu aberto, a paisagem resultante é uma
sucessão de montes ou pilhas e cavidades ou poços. Os montes em geral são constituídos por
rochas, rejeitos, e camadas superficiais de subsolo e solo, se não foram previamente removidos
para posterior restituição.
Nestes casos busca-se através de remodelagem horizontal a sistematização do relevo em
pendentes com menor declividade possível e com sistema de drenagem capaz de escoar
eficientemente as águas das chuvas.
Nos taludes e encostas íngremes a remodelagem vertical tem como objetivo conferir
estabilidade, principalmente desviando e conduzindo o escoamento superficial das águas das
chuvas.

3.2.2 Conservação do terreno


Visa estabilizar o terreno, evitando ou minimizando os efeitos do processo erosivo que se
estabelece em superfícies desprotegidas e que nos casos mais severos resulta na formação de
vossorocas e arraste de material.
Podem ser aplicadas medidas físicas e físico-biológicas, freqüentemente consideradas
complementares, mas que no entanto, podem determinar o êxito de ações para recuperação de
áreas degradadas (SANTOS, 1993).

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3.2.2.1 Medidas físicas - aplicáveis para o controle do processo erosivo a curto prazo e
imprescindíveis nas áreas em estado avançado de degradação, com vossorocas e com taludes
instáveis. Requerem projeto específico e execução criteriosa. Destacam-se os canais de drenagem
superficial, com objetivos específicos de desviar e conduzir gradualmente o escoamento
superficial em cananis apropriados, reduzindo o processo erosivo da drenagem natural.
A - Canais de drenagem secundária - são canais de desvio com desnível mínimo e com redutores
de velocidade, construídos com material de baixo custo, como madeira roliça tratada e pedras
(Figura 2). Não são indicados para locais de aterro e com declividade superior a 30%.

Figura 2. Canal de drenagem secundária, para área com declividade inferior a 30%.

B - Drenagem em degraus - canais de desvio construídos em alvenaria e em degraus,


especialmente indicados quando a declividade é superior a 30% (Figura 3).

Figura 3. Tipos de canais de drenagem em alvenaria para áreas com declividade superior a 30%.

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3.2.2.2 Medidas físico-biológicas - são medidas que combinam o uso de plantas lenhosas
arbóreas ou plantas herbáceas com medidas físicas para o controle da drenagem superficial, na
estabilização de taludes instáveis e na conservação de superfícies desprotegidas.

A - Revestimento de taludes - utilizado na conservação de superfícies em taludes instáveis ou


encostas recém escalvadas, prevenindo a erosão superficial.

Procedimentos: Cobrir a área do talude, total ou em faixas, com plantas herbáceas, de germinação
e crescimento rápidos e adaptadas à condições adversas. Pode ser executado por semeadura,
plantio de mudas ou aplicação de placas de gramas.
A.1 – Semeadura - a semeadura pode ser feita a lanço ou pelo método de almofadas de
sementes.
Semeadura a lanço:
• preparar a superfície do talude escavando pequenas plataformas distantes 20 a 30 cm
entre si.
• aplicar uma mistura de material argiloso e orgânico na proporção de 1:1, enriquecida
com calcário ( 1 a 2 kg/m3) e adubo da fórmula 05-20-10 ou similar (250 a 300 g/m3) . A
mistura deve ser lançada de formas a ser retida nas pequenas plataformas escavadas.
• a semente deve ser tratada com gelatina micronizada a seco.
• semear logo após a ocorrência de chuva ou irrigar previamente.

Almofada de sementes:

• misturar material orgânico (esterco curtido, composto, húmus de minhoca) com areia,
na proporção de 5 a 3:1 e incorporar as sementes (gramíneas e leguminosas
adaptadas à condições adversas).
• acondicionar a mistura em sacos de estopa ou aniagem de fácil decomposição,
formando almofadas com 10 a 15 cm de altura.
• dispor as almofadas em faixas, fixando-as pelas extremidades com estacas.

A.2- Plantio de mudas- indicado para as condições de aterros.

A.3 - Placas de grama – podem ser aplicadas sobre a superfície total do talude ou em faixas
formando pequenos terraços. Dispor as placas, transversalmente ao declive, apoiando a fileira de
placas em varas de bambu ou fixando cada placa com estacas.

B - Estabilização de encostas - tem como objetivo a estabilização de encostas instáveis, sujeitas a


forças internas de tração ou compressão, e que necessitam de reforço estrutural.

Procedimentos:
B.1 - paliçada com cordões de ramos vivos entrelaçados (Figura 4).
• cravar estacas de 80 a 100 cm em curvas de nível , espaçadas de 80 a 100 cm, e intercalar
estacas menores a cada 30-40 cm.
• entre as estacas entrelaçar ramos de espécie arbórea de fácil enraizamento, formando cordões
ou feixes. Podem ser dispostas em sulcos ou rente à superfície e cobertas para facilitar o
enraizamento.
• a distância entre os cordões dependerá da declividade.

17
Figura 4. Paliçada com cordões de ramos vivos entrelaçados, para estabilização de
encostas instáveis.

B.2 – paliçada com mudas de raiz nua ou estaca viva (Figura 5)


• escavar pequeno terraço em nível, na base da encosta, com profundidade de 50 a 70 cm. A
base do terraço deve ter inclinação mínima de 10 a 20%;
• dispor as mudas ou estacas vivas a cada 20-30cm, enterrando cerca de metade da muda de
raiz nua ou dois terços da estaca;
• escavar o segundo terraço cobrindo o primeiro com o material retirado, a distância deve variar
com a inclinação da encosta.

Figura 5. Paliçada com mudas de raiz nua, para estabilização de encostas instáveis.

18
C – Contenção de taludes, sulcos e vossorocas – estas medidas tem como objetivo a estabilização
através de estruturas instaladas na base dos taludes ou no leito de valetas ou vossorocas.

Procedimentos:

C.1 – muro de arrimo de madeira, com vegetação (Figura 6)


• utilizar peças roliças, preferentemente tratadas, com 15 a 25 cm de diâmetro e com 1 a 2 m de
comprimento;
• preparar uma base inclinada (10%) e gradear as peças, fixando a extremidade exterior sobre
uma linha transversal também de madeira roliça. A extremidade inferior pode ser cravada na
terra firme ou ser disposta também sobre uma linha roliça;
• a altura do muro não deve ser superior a 4m;
• entre as peças cravar estacas vivas, em forma inclinada, cerca de dois terços do comprimento.
Os espaços vazios são preenchidos com terra.

Figura 6. Muro de arrimo com madeira roliça e com vegetação para estabilização de taludes.

19
C.2 – paliçada de estacas de madeira, com vegetação (Figura 7).
• utilizar estacas vivas de espécies com boa capacidade de enraizamento e brotação;
• cravar as estacas formando uma paliçada, e sob condições que favoreça, o enraizamento
(enterrar 20 a 30 cm);
• a parte superior das estacas deve ser fixada (amarrada) em linha transversal engastada
solidamente nas laterais da valeta, no caso de vossorocas, ou escorada quando utilizada para
estabilização de encostas.

Figura 7. Paliçada com estacas vivas para contenção de vossorocas.

3.2.3 Revegetação arbórea


A estratégia para a revegetação arbórea de ecossistemas degradados baseia-se no processo
natural de regeneração em estágios ou etapas sucessionais (Figura 8). A intervenção depende do
grau de degradação a que foi submetida a área.

Operacionalmente consideram-se os seguintes aspectos:


• definição do sistema de intervenção;
• seleção de espécies;
• técnicas operacionais de plantio e proteção.

20
B- Plantio de espécies recuperadoras.
A- Área escalvada ou com cobertura
herbácea.

C- Cobertura arbórea transitória de espécies D- Plantio de espécies pioneiras e


recuperadoras. secundárias iniciais.

E- Formação dossel do estrato médio por F- Plantio de espécies secundárias tardias


espécies pioneiras e secundárias iniciais. e/ou clímaces.

G- Floresta secundária desenvolvida.

Figura 8- Seqüência de etapas da revegetação de ecossistemas florestais degradados.

21
3.2.3.1 Definição do sistema de intervenção – o sistema de intervenção depende do grau de
degradação, por sua vez relacionado ao estado da cobertura vegetal remanescente na área (Tabela
2).
• sistema de intervenção para área escalvada ou com cobertura herbácea rala;
• sistema de intervenção para áreas com cobertura arbustiva ou arbórea incipiente;
• sistema de intervenção para áreas com cobertura arbórea estabelecida.

Tabela 2. Fases de intervenção para recuperação de ecossistemas florestais degradados .

GRAU DE DEGRADAÇÃO

10-9-8... ...7-6... ...5... ...4-3


FASE DE INTERVENÇÃO
COBERTURA VEGETAL
OBJETIVOS AUSENTE OU HERBÁCEA/ ARBÓREA ARBÓREA
HERBÁCEA ARBUSTIVA RALA

sistematização
1 cobertura herbácea
FASE DE INTERVENÇÃO

OBJETIVOS

2 formação
cobertura arbórea

formação
3 sub-bosque

4 formação
dossel superior

REPOSIÇÃO...LIMPEZA...PROTEÇÃO

FLORESTA EM TRANSIÇÃO

22
A - Sistema de intervenção para área escalvada ou com cobertura herbácea rala
Este sistema destina-se à áreas escalvadas ou áreas cuja vegetação arbórea original foi
substituída por atividade agropastoril, ou suprimida para qualquer outro fim, encontrando-se sem
vegetação ou em fase inicial de regeneração.
Neste ambiente de alta insolação (céu aberto), de solo pobre e degradado, de pouco ou
nenhum banco de semente no solo, deve-se iniciar a revegetação com espécies florestais de
crescimento rápido e adaptadas à estas condições.
Utilizar a seguinte estratégia:
• Formar cobertura arbórea transitória utilizando espécies ou grupos de espécies
especializadas para esta função. São indicadas espécies restauradoras Fabáceas,
Mimosáceas ou Caesalpináceas (ex-família Leguminosas) que fixam nitrogênio do ar,
além de possuírem um sistema radical especializado para condições adversas. Estas
espécies são de rápido crescimento e provocam um bom derrame foliar sobre o solo.
Nesta fase o plantio pode ser simples (uma espécie) ou combinado (várias espécies),
sistematizado ou disperso (3-5m²/panta). Estas espécies tem ciclo curto.
• Na fase seguinte, decorridos três a cinco anos, e formada a cobertura arbórea transitória,
iniciar o processo de recomposição da floresta por plantios de enriquecimento, com
espécies nativas selecionadas, buscando a maior diversidade possível.
• Desenvolvido ambiente com sombreamento adequado, introduzir através do plantio
de enriquecimento, espécies secundárias tardias e clímaces em forma dispersa (50 a
60m2/planta).

23
Fase 1
Situação: área escalvada ou com vegetação herbácea incipiente
Ação: remodelar e conservar a superfície
Operações: sistematização, práticas de conservação de superfície

Fase 2
Situação: área escalvada, superfície remodelada e conservada
Ação: formar cobertura arbórea transitória com espécies pioneiras restauradoras (Figura 8-B)
Operações: coveamento, plantio, proteção

(3 a 5 anos)

Fase 3
Situação: cobertura arbórea transitória formada (Figura 8-C)
Ação: formar dossel do sub-bosque com espécies pioneiras e secundárias iniciais, sob
a cobertura das pioneiras restauradoras (Figura 8-D)
Ação complementar: plantar espécies frutíferas nas bordas do reflorestamento
Operações: coveamento, plantio, proteção

(15 a 30 anos)

Fase 4
Situação:dossel do sub-bosque formado (Figura 8-E)
Ação: introduzir espécies eseiofilas que integrarão o dossel superior
Ação complementar: plantar espécies frutíferas
Operações: coveamento, plantio, proteção

24
B - Sistema de intervenção para áreas com cobertura arbustiva ou arbórea rala

Este sistema é usado em áreas cuja vegetação original foi degradada pela atuação de
fatores antrópicos diversos, estando a área ocupada por capoeira, com domínio de espécies
características de estágios iniciais de sucessão. O solo está parcialmente recuperado, a
luminosidade é média, existe banco de sementes no solo e a fauna dispersora começa a
aparecer. A estratégia indicada é a seguinte:
• Quando houverem clareiras, completar a cobertura arbórea com o plantio de espécies
recuperadoras.
• Iniciar o reflorestamento com o plantio de espécies pioneiras e secundárias iniciais formando
o dossel do estrato médio.
• formado o ambiente adequado fazer a introdução de espécies de ciclo longo, esciófilas,
secundárias tardias e clímaces.

Fase 1
Situação: cobertura arbórea rala ou incipiente
Ação: uniformizar cobertura arbórea com espécies recuperadoras
Operações: limpeza, coveamento, plantio, proteção

(2- 3 anos)

Fase 2
Situação: cobertura arbórea uniformizada
Ação: formar dossel do sub-bosque com espécies pioneiras e secundárias iniciais sob a
cobertura das pioneiras restauradoras
Ação complementar: plantar espécies frutíferas nas bordas do reflorestamento
Operações: coveamento, plantio, proteção

(15 – 30 anos)

Fase 3
Situação: dossel do sub-bosque formado
Ação: introduzir espécies esciófilas que integrarão o dossel
superior
Ação complementar: plantar espécies frutíferas
Operações: coveamento, plantio, proteção

25
C - Sistema de intervenção para áreas com cobertura arbórea estabelecida

Este sistema é usado quando a cobertura florestal foi alterada mas mantém a maioria das
características bióticas e abióticas das formações originais. Existindo condições ambientais
propícias de luminosidade, solo e microclima, bem como banco de sementes no solo e fauna
dispersora, a estratégia adequada pode ser a regeneração espontânea, complementada por
plantios de enriquecimento.

• Dinamizar a regeneração, através da limpeza, por corte dos cipós, trepadeiras, taquaras,
árvores doentes, secas e defeituosas.
• Havendo excesso de indivíduos de uma mesma espécie ou distribuição espacial inadequada
eliminar o excesso por meio de raleio.
• Se a regeneração ocorrer com pouca diversidade de espécies, fazer o enriquecimento com
plantio de espécies secundárias tardias e clímaces, em forma dispersa.

Fase 1
Situação: dossel do sub-bosque existente, regeneração espontânea
inadequada
Ação: favorecer regeneração espontânea

Operações: roçadas, raleio

(2 a 3 anos)

Fase 2
Situação: condições adequadas para regeneração espontânea

Ação: aumentar diversidade através do enriquecimento com espécies secundárias


tardias, climaces e frutíferas

Operações: coveamento, plantio, proteção

26
3.2.3.2 Seleção de espécies - as espécies arbóreas para revegetação de ecossistemas
degradados devem ser selecionados basicamente segundo as condições (grau de degradação)
do ecossistema e segundo as características do grupo a que pertencem (Tabelas 3,4,5).

Grupo Características do ambiente


Pioneira recuperadora  sem cobertura ou cobertura herbácea rala
 solo ausente ou altamente degradado
 alta incidência de luz

Pioneira comum  cobertura herbácea densa ou arbustiva rala


 solo pouco degradado
 alta incidência de luz

Secundária inicial  cobertura arbustiva densa ou arbórea rala (pioneiras)


 solo pouco degradado, presença de serapilheira

Secundária tardia  cobertura arbórea formada


 solo recuperado, alta deposição de serapilheira
 incidência baixa de luz

Clímace  cobertura arbórea original ou semelhante


 solo e microclima florestais recuperados ou não
alterados

Cada espécie pode apresentar algum tipo de limitação, quanto à disponibilidade de


sementes, produção de mudas e até de implantação (plantio e pega).
Estas restrições devem ser consideradas na seleção das espécies, sendo recomendável
dispor-se de duas ou três alternativas para cada objetivo.

3.2.3.3 Técnicas operacionais de plantio e proteção - as técnicas para implantação do


reflorestamento de áreas degradadas pouco diferem do plantio de florestas comerciais. As
operações consistem basicamente na definição da forma ou arranjo de plantio, preparo da área
a ser reflorestada, preparo das covas, plantio das mudas e práticas de proteção.

A - Definição do arranjo de plantio

A.1 - plantio sistematizado-preferencialmente em linhas e indicado para o plantio de espécies


recuperadoras, pioneiras e secundárias iniciais.
A.2 - plantio disperso - recomendado para as espécies secundárias tardias e clímaces.
A.3 - plantio em faixas - indicado para o reflorestamento de áreas ciliares: utiliza-se uma faixa
marginal, da linha d’água até o início da faixa complementar, ambas com largura adequada às
circunstâncias do local. Na faixa marginal deve-se utilizar preferentemente espécies adaptadas
a estas condições
O espaçamento entre plantas deve ser dimensionado de acordo com o grupo de espécies,
independentemente da forma de plantio definida:

• recuperadoras/pioneiras = 3 a 5m2/planta;
• secundárias = 20 a 30 m2/planta;

27
• clímaces = 50 a 60 m2/planta.

B - Preparo da área a ser reflorestada

B.1 - área escalvada: dependendo do grau de degradação devem ser aplicadas medidas físicas
ou fisico-biológicas para remodelagem ou sistematização da área e conservação da superfície.
B.2 - área com vegetação herbácea: conforme o arranjo de plantio definido, a limpeza, por
roçada ou capina, deverá ser feita em linha ou no local de plantio (coroamento).
B.3 - área com cobertura arbórea em desenvolvimento ( estágios iniciais de sucessão).
- supressão das plantas herbáceas nos locais de plantio,
- raleio de espécies pioneiras em excesso, se necessário.
B.4 - área com cobertura densa ( estágios avançados de sucessão)
- supressão de plantas herbáceas e arbustivas que limitam a germinação das sementes e
crescimento das plantas das espécies importantes.
- raleio de indivíduos de espécies arbóreas em excesso.

C - Preparo de covas

C.1 - áreas escalvadas ou com vegetação herbácea, solos compactados: abrir covas com
dimensões aproximadas de 30x30 cm e 40 cm de profundidade, de formas a ultrapassar a
camada compactada.
C.2 - áreas com vegetação arbórea, solos não compactados: nesta situação as covas podem ter
dimensões menores, o suficiente para adubação e colocação da muda.

D - Adubação
Em áreas com solos degradados a adubação pode ser importante para a rápida implantação do
reflorestamento. Recomenda-se:

• calcário dolomítico = 300 - 500 g/cova, aplicados 30-60 dias antes do plantio
• fosfato = 100g superfosfato simples ou 200 g de fosfato natural por cova.
• adubo orgânico = 2-3 litros de cama de aviário ou 5 a 6 litros de esterco de gado
curtidos; em caso de solo degradado, com ausência dos horizontes superficiais
(orgânicos ) ou no caso de aterros, a quantidade de matéria orgânica deve ser
aumentada.

E - Proteção

Os cuidados com o reflorestamento são basicamente os mesmos com as florestas


comerciais: formiga e plantas daninhas. As formigas devem ser controladas preventivamente,
localizando e eliminando os formigueiros.
As plantas daninhas devem ser controladas pela capina, coroando-se as mudas e por roçadas
entre plantas.

28
4. ESPÉCIES PARA REVEGETAÇÃO DE ECOSSISTEMA DEGRADADO
A revegetação de ecossistemas degradados depende do nível de degradação, da espécie e da
interação. Quanto mais degradado estiver o ecossistema tanto mais crítico será a relação com a
espécie vegetal. A partir do nível DG 7, em que a camada “Ao” esta suprimida, a espécie vegetal
deverá ter características de adaptabilidade à condições adversas, alto grau de acidez (pH abaixo
de 4,0, alto teor de Alumínio livre), níveis muito baixo de nutrientes, características físicas
alteradas e condições desequilibradas de umidade e temperatura do microclima rente à superfície
do solo.
No nível máximo de degradação poderá ocorrer a agregação de agentes poluidores,
acidificantes, metais pesados, substâncias tóxicas e outros fatores adversos.
A adaptabilidade das plantas à estas condições está relacionada a mecanismos bioquímicos
adquiridos no processo evolutivo de cada espécie. Entre estes mecanismos destacam-se relações
de dependência ou consórcio vegetal, em que os componentes dependem mutuamente de algum
modo, como a simbiose entre o grupo de plantas das leguminosas e as bactérias de solo do gênero
Rhizobium.
A multiplicação destes microorganismos na rizosfera é estimulada pelas excreções da
raiz. As bactérias aderem a superfície da raiz através de mecanismo ainda pouco conhecido,
desenvolvendo-se um processo de infecção dos pelos absorventes da raiz. Forma-se o cordão de
infecção, sendo induzido nas células do hospedeiro o processo de poliploidia, que resulta na
formação e desenvolvimento dos nódulos. No interior dos nódulos desenvolve-se então um
processo bioquímico de fixação de N2 em NH3, que pode ser assimilado pela planta hospedeira da
bactéria ( FRANCO, 1982).
Algumas espécies de fungos como os basidiomicetos, unem-se às raizes de plantas
superiores resultando na associação micorrízica ou micorriza. Trata-se de associação simbiótica
entre raizes finas, não lenhosas e fungos altamente especializados, que utilizam substâncias
sintetizadas pelo hospedeiro e em contrapartida proporcionam maior absorção de nutrientes do
solo. Existem dois tipos de micorrizas ocorrendo em diferentes espécies florestais.
As ectomicorrizas têm o crescimento das hifas entre as celulas do córtex das raizes e
formam externamente, na superfície das mesmas um tipo de manta micelial, de espessura
variada. Em geral modificam o hábito de crescimento das raizes laterais curtas, que se bifurcam e
se ramificam intensamente. As endomicorrizas tem o crescimento das hifas no interior das
celulas do córtex e não alteram o crescimento das raizes, dificultando sua detecção visual.
As ectomicorrizas ocorrem naturalmente em muitas espécies florestais, como as espécies de
Pinus, enquanto que espécies de Eucalyptus podem associar-se com ectomicorrizas, dependendo
das condições do solo (KRÜGNER, 1982).
Outra forma de associação simbiótica ocorre entre espécies vegetais superiores e o
actinomiceto Frankia. O fungo infecta os pelos absorventes das raizes finas fixando nitrogênio
atmosférico tal como na associação das espécies de leguminosas com a bactéria Rhizobium. São
cerca de 170 espécies lenhosas entre elas as espécies de Casuarina (NATIONAL RESEARCH
COUNCIL, 1984).

29
4.1 Espécies arbóreas

As espécies arbóreas, pelo maior porte e maior volume de biomassa podem ter maior
eficiência na reabilitação de ecossistemas degradados. O maior volume de biomassa resulta em
reciclagem mais intensa de nutrientes, maior deposição de serapilheira e maior influencia sobre o
microclima acima do solo. Assim o maior desempenho ambiental das espécies arbóreas pode
estar relacionado a uma das seguintes características:

• fixação simbiótica do nitrogênio atmosférico e favorecimento na extração de nutrientes


minerais do solo, pela associação radicular com microorganismos.
• acréscimo de matéria orgânica ao solo através do derrame de serapilheira e de raizes
mortas.
• modificação da porosidade do solo e da taxa de infiltração, reduzindo a erodibilidade
do solo.
• aumento da eficiência de ciclagem de nutrientes no sistema solo-planta.
As espécies do gênero Acacia, integram a família Mimosaceas ( ex-Leguminosas) com
cerca de 1000 espécies, disseminadas pelas regiões tropicais e subtropicais, abrangendo desde
pequenos arbustos até árvores com 35 m de altura ou mais. Seu habitat varia de regiões áridas
com baixa pluviosidade, às florestas úmidas e vale de rios. Desenvolvem-se em muitos tipos de
solos. Uma vez estabelecidas em um dado sítio podem gerar condições que induzem o
crescimento normal de outras espécies, agindo como espécies pioneiras, preparando ambientes
degradados para a recomposição da vegetação e mesmo para a agricultura.
Espécies da família Casuarináceas, podem também apresentar bom desempenho ambiental.
Formam um grupo com cerca de 80 espécies, originárias em sua maioria da Austrália, onde
ocorrem em diferentes regiões costeiras e também em regiões áridas interiores.
A espécie, Casuarina equisetifolia tem sido muito utilizada como ornamental na orla
marítima e para estabilização de dunas, devido à sua adaptabilidade às condições de salinidade.
Outras casuarinas tem apresentado bom desenvolvimento em ambientes degradados, como
áreas degradadas de mineração.

4.2 Grupos ecológicos de espécies florestais

Dada a dificuldade em tratar individualmente cada espécie, para fins ambientais são
estabelecidos grupos em que as espécies são reunidas por características da altura do dossel,
índice de luminosidade e condições edafoclimáticas. A utilização das diversas espécies para cada
circunstância de sítio, deve seguir as condicionantes do respectivo grupo ecológico.

4.2.1 Espécies pioneiras restauradoras


São espécies pioneiras e apresentam em geral as características básicas do grupo,
evidenciadas pelo crescimento rápido, devido à alta capacidade fotossintética e ao evoluido
sistema radical de absorção de nutrientes minerais e água do solo, através de raizes graminoides,
finas, ramificadas e longas. As espécies restauradoras são especiais e destacam-se entre as
pioneiras devido a sua habilidade para colonizar e restaurar ambientes degradados. As espécies
deste grupo recomendadas para regiões bioclimáticas de Santa Catarina apresentam poucas
restrições quanto à disponibilidade de sementes, produção de mudas ou sobrevivência.
Uso ecológico: as espécies restauradoras são utilizadas para iniciar a revegetação arbórea
de áreas degradadas, escalvada ou com vegetação herbácea pioneira. Algumas espécies são
apresentadas na Tabela 3.
30
Tabela 3- Espécies pioneiras restauradoras

Nome comum Nome científico Origem (1) Região


bioclimática(2)
Acácia-mangium Acacia mangium E 7
Acácia-auriculiformis Acacia auriculiformis E 7
Acácia-negra Acacia meanrsii E 2-7-9
Acácia-trinervis Acacia longifolia E 7
Bracatinga Mimosa scabrella N 1-2
Silva, maricá Mimosa bimucronata N 7
Casuarina Casuarina equisetifolia E 7-2-9
Casuarina Casuarina cunninghamiana E 7-2-9
Pinus Pinus spp E 1-2-7-9
Ingá-macaco Inga sessilis N 7-2
(1)
E= exótica; N= nativa
(2)
1 = Planalto; 2 = Alto Vale do Itajaí; 7 = Litoral; 9 = Vale Rio Uruguai

4.2.2 Espécies pioneiras e secundária iniciais


São espécies heliofilas, que necessitam incidência luminosa em todas as fases de seu
crescimento e desenvolvimento. As espécies indicadas deste grupo são nativas das formações
florestais de Santa Catarina. Apresentam habilidade para povoamento de áreas sob condições de
pleno sol, ou clareiras, mas em baixo nível de degradação. As espécies destes grupos
recomendadas para as regiões bioclimáticas de Santa Catarina, podem apresentar alguma
restrição, quanto à disponibilidade de sementes, produção de mudas ou sobrevivência.

Uso ecológico: as espécies destes grupos devem ser utilizadas nos estágios iniciais de sucessão
quando o ecossistema começa a regenerar sua vegetação arbórea. Sob condições naturais o
indicativo é a ocorrência de vassouras (Baccharis spp). As condições edáficas devem estar pouco
alteradas ou em fase adiantada de recuperação, com a camada “Ao”, presente no perfil. As
secundárias iniciais podem ser utilizadas no inicio do declínio das espécies recuperadoras. São
relacionadas algumas espécies, entre outras, com menos restrições (Tabela 4).

31
Tabela 4 - Espécies pioneiras comuns e espécies secundárias iniciais de formações
florestais de Santa Catarina.

Nome comum Nome científico Grupo Região


ecológico(1) bioclimática(2)
Timbó Ateleia glazioviana P 9
Vassourão-branco Piptocarpa angustifolia P 1-2
Vassourão-preto Vernonia discolor P 1-2
Jacatirão-açú Miconia cinnamomifolia P 7
Jacatirão-de-flor Tibouchina pulchra P 7
Pixirica Miconia spp P 7-2
Angico-vermelho Parapiptadenia rigida SI 9-1-2
Araribá-amarelo Centrolobium robustum SI 7
Aroeira-vermelha Schinus terebinthifolius SI 7-2-1
Grapia Apuleia leiocarpa SI 9
Jacarandá-vermelho Platimiscium floribundum SI 7-2
Louro-pardo Cordia trichotoma SI 9-7-2-1
Tanheiro Alchornea triplinervia SI 7-2-9
Timbaúba Enterolobium contortisiliquum SI 9-7
Guarapuvú Schizolobium parahyba SI 7
Imbiruçu Pseudobombax grandiflorum SI 7-2
Ingá-cipó Ingá edulis SI 7
Ipê-do-morro Tabebuia chrysotricha SI 7
Paineira Chorisia speciosa SI 9
Canela-lajeana Ocotea pulchella SI 1-2-7-9
Canela-branca Nectandra leucothyrsus SI 7
Sucurujuva Colubrina glandulosa SI 7
Canafístula Peltophorum dubium SI 9
(1)
P = pioneira; SI = secundária inicial
(2)
1 = Planalto; 2 = Alto Vale do Itajaí; 7 = Litoral; 9 = Vale Rio Uruguai

4.2.3 Espécies secundárias tardias e clímaces


As espécies pertencentes aos grupos ecológicos de espécies secundárias tardias e espécies
clímaces devem ser utilizadas quando existe ambiente adequado de sombreamento e de solo.
As espécies secundárias tardias são caducifólias, mesmo sob condições normais de
precipitação. Ocorrem naturalmente a partir do estágio de capoeira e capoeirão e alcançam altura
média entre 20 e 30 m.
As espécies climaces surgem nos estágios de sucessão florestal mais adiantados sob
condições de habitat do capoeirão e floresta secundária. Alcançam altura de 30 a 45 m e são de
crescimento lento ou muito lento.

Uso ecológico: as espécies secundárias tardias podem ser utilizadas nas fases intermediárias de
sucessão, quando a vegetação apresenta dossel arbóreo formado principalmente pelas espécies
secundárias iniciais. Já as espécies clímaces devem ser introduzidas nas fases mais adiantadas de

32
sucessão, com as espécies secundárias tardias em pleno desenvolvimento, tendo formado com as
secundárias iniciais um dossel mais fechado (Tabela 5).

Tabela 5 . Espécies secundárias tardias e espécies clímaces de formações florestais de


Santa Catarina

Nome comum Nome científico Grupo Região


ecológico(1) bioclimática(2)
Pinheiro-brasileiro Araucaria angustifolia ST 1-2
Canela-amarela Nectandra lanceolata ST 1-2-7-9
Canela-garuva Nectandra rigida ST 7-2
Canjerana Cabralea glaberrima ST 9-7-2
Cedro-rosa Cedrela fissilis ST 9-1-2-7
Pindabuna Duguetia lanceolata ST 7
Tarumã-preto Vitex megapotomica ST 9-1
Tucaneira Cytharexylum myriantum ST 7
Baguaçú Talauma ovata C 7
Bicuiba Virola oleifera C 7
Canela-preta Ocotea catharinensis C 7-2
Imbuia Ocotea porosa C 1-2
Pau-óleo Capaifera trepezifolia C 7-2
Peroba Aspidosperma olivaceum C 7-2
Sassafrás Ocotea pretiosa C 1-2-7-9

(1) ST = secundária tardia; C = clímace


(2) 1 = Planalto; 2 = Alto Vale do Itajaí; 7 = Litoral; 9 = Vale Rio Uruguai

33
5 - LITERATURA CONSULTADA

BLANQUET, J.B. Fitosociologia – Bases para el estudio de las comunidades


Vegetales. Madrid: H. Blume Ediciones, 1979.820 p.

DELA CRUZ, R. Acacias for Enviromental Conservation. In Acacias for Rural,


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Seminário Sobre Atualidades e Perspectivas Florestais: Associações
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LUPO, A.E. & BROWN,S. Tropical forest ecosystems: sources or sink of


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