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O custo de vida está cada vez mais alto e esta é uma das coisas que os consumidores, a
nível da cidade de Maputo, têm dificuldade em se adaptarem. “Os preços dos produtos
sobem quase sempre e é difícil viver desta maneira”, desabafa Sebastião José que
encontrámos a fazer compras no mercado de Xipamanine. “A vida está pesada. Mal
tentamos sobreviver com o pouco que ganhamos, eis que o preço dos produtos básicos
sobe. Não sei aonde iremos parar com esta situação”, queixa-se outro cidadão de nome
Júlio Manjate.
O mesmo ocorre com os produtos como feijão manteiga, batata reno, açúcar, cebola, ovos
e carapau cujo preço também regista uma variação considerável. Agostinho Madeira,
vendedor no mercado de Janeth, explica que este cenário “repete-se quase sempre” e é
condicionado pelos armazenistas. “Hoje compramos os produtos muito caros e vendemos
a um preço elevado para ter uma margem pequena de lucro”, conta.
Além dos preços dos produtos alimentares, o agravamento do preço da gasolina e gás
doméstico também está a deixar os moçambicanos “sem chão”. Esta nova realidade
tornou-se o assunto de conversa em tudo quanto é canto. Há razões mais do que
suficientes para tal: o preço da gasolina sofreu, pela quarta vez em menos de um ano,
passando dos anteriores 37,02 o litro para 39,93 meticais.
“Hoje a vida está a tornar-se um pesadelo e não sei como será daqui para diante. Serei
obrigado a parquear a minha viatura porque, pelo que oiço dizer por aí, prevê-se ainda
outras subidas nos próximos meses”, comenta o automobilista Bernardo Muchanga.
A subida do preço de gás de cozinha é outra grande dor de cabeça dos consumidores. O
mesmo registou um aumento de 3.19 meticais o quilo, ou seja, passa dos 48,93 meticais
para 52,85 o quilo. “É um situação lamentável. Não se justifica que num país onde se
produz gás se assista à subida de preço nesse produto. Isso irá forçar-nos a arranjar
outras alternativas, ou seja, teremos de optar por outras formas de energia”, diz Isabel
Pereira.
Acácio Chongo, proprietário de um estaleiro, afirma que adquire, por dia, 20 sacos, mas
com a alteração do preço passará a comprar apenas 15. “Também o preço vai subir”,
revela. Os blocos que custam entre 10 e 15 meticais serão comercializados a 15 e 18,
respectivamente. A “culpa” é do metical A moeda nacional, o metical, continua a ser o
“mau da fita”, uma vez que regista uma acelerada derrapagem face às principais divisas
estrangeiras usadas em Moçambique.
Nos primeiros três meses do ano, o metical caiu 5,07% em relação ao dólar e ao rand.
Tanto para o Governo, como para a Cimentos de Moçambique e os vendedores de bens
alimentares, os preços continuarão elevados uma vez que os produtos são importados
com recurso àquelas moedas. A produtora de cimentos afirma, através de um comunicado
de imprensa, que o agravamento do preço do seu produto se deve à desvalorização do
metical face ao dólar e ao rand, visto que a matéria-prima, cotada com base naquelas
divisas, para a produção de cimento registou um aumento superior a 20%.
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Medidas de austeridade e aumento dos preços de produtos básicos são desafios para o ano
que vem, em Moçambique. Para muitos cidadãos, a tendência é que a vida fique ainda mais
difícil.
A estas medidas juntam-se aumentos dos preços de alimentos básicos para as famílias de baixa
renda, como o carapau. Além disso, os preços das portagens também vão aumentar,
obrigando os transportes semicoletivos a agravar a tarifa.
Nas ruas de Maputo, capital do país, os cidadãos mostram-se preocupados com a economia no
próximo ano. O funcionário público David Cuche diz que os moçambicanos já não possuem
poder de compra.
"A cada dia que passa os preços vão subindo e, quando temos cortes, sentimos que em algum
momento o salário não nos favorece e fica difícil", ressalta o funcionário público.
O preço dos combustíveis também está a obrigar algumas famílias a refazer os seus planos
para 2018. É que para este mês de dezembro foi anunciada a subida da tarifa do transporte
semicoletivo, vulgo chapa, num acordo alcançado em setembro.
Para Raúl Alexandre este aumento deixará as coisas ainda mais difíceis. "Sempre há de ser
difícil para nós que recebemos pouco. Recebemos menos e estou a tentar fazer o possível com
este menos para desenrascar".