Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2019
MEDIDAS PARA REDUÇÃO DE NÍVEIS DE CURTO-CIRCUITO: ESTUDO
DE CASO DA ÁREA RIO
Examinado por:
iii
Agradecimentos
Primeiramente, agradeço aos meus pais, Antônio e Aparecida, por sempre me apoi-
arem e incentivarem ao longo da minha vida. Também agradeço à minha irmã,
Gabriela, por sempre estar torcendo por mim.
À minha namorada, Laís, por todo apoio desde antes do início da faculdade e
pela compreensão quando a prioridade foi a realização deste trabalho.
Aos amigos da UFRJ, Douglas de Luna, Gabriel dos Santos, Felipe Farage, João
Pedro Costa, Larissa Verlaine, Maisa Kashima, Maria de Fátima e Robson Elias.
Por toda ajuda durante a graduação e pelos momentos de descontração fora da
faculdade.
Às minhas orientadoras Tatiana e Marianna, pela orientação.
A todos os professores da UFRJ pelos ensinamentos passados durante a gradu-
ação e em especial aos professores do DEE, que serviram de motivação para seguir
a carreira de engenheiro eletricista.
Ao ONS, em especial aos colegas da GET-II e EGP, por todo conhecimento
adquirido nestes dois anos de estágio. À minha supervisora Marianna Bacelar, por
sempre estar disposta a sanar minhas dúvidas e por propor o tema deste trabalho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (CAPES) pela
oportunidade de realizar meu intercâmbio por meio do programa ciências sem fron-
teiras.
iv
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como
parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Eletricista.
Fevereiro/2019
v
Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment
of the requirements for the degree of Engineer.
February/2019
This work shows a short-circuit study with the purpose of identifying and sug-
gesting solutions to the problem of overstress of circuit breakers and describes the
methodology used by The Brazilian National Power Grid Operator (ONS) and by the
transmission, generation and distribution utilities of the Brazilian Electrical System
in the overstress’ analysis caused by symmetrical short-circuit current. Moreover, it
presents ways to reduce levels of short-circuit that are applied in a real case of the
Brazilian Electrical System which aims to evaluate its efficiency. Finally, it’s made
a suggestion of applying various mitigating measuares to solve the high short-circuit
level problem.
vi
Sumário
Lista de Figuras ix
Lista de Tabelas xi
1 Introdução 1
1.1 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Organização do trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2 Curto-Circuito 3
2.1 Importância dos estudos de curto-circuito . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Correntes de curto-circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.3 Cálculo de correntes de curto-circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3.1 Componentes simétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3.2 Representação do sistema elétrico em componentes simétricas 9
2.3.3 Curto-circuito trifásico-terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
2.3.4 Curto-circuito monofásico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
2.3.5 Curto-circuito bifásico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16
2.3.6 Curto-circuito bifásico-terra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2.3.7 Cálculo computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
3 Superação de Disjuntores 21
3.1 Superação por corrente de carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
3.2 Superação por corrente de curto-circuito simétrica . . . . . . . . . . . 24
vii
4.3 Dispositivos limitadores de curto-circuito (DLCCs) . . . . . . . . . . 33
4.3.1 Reatores limitadores de curto-circuito (RLCCs) . . . . . . . . 34
4.3.2 Dispositivos Pirotécnicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
4.4 Medidas não usuais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.4.1 Elos de corrente contínua . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
4.4.2 TCSC - Capacitor série controlado por tiristor . . . . . . . . . 42
4.4.3 Disjuntores eletrônicos de abertura rápida . . . . . . . . . . . 43
5 Caso de Estudo 44
5.1 Descrição do caso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
5.2 Simulações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.2.1 Reatores Limitadores nas linhas de 500 kV . . . . . . . . . . . 49
5.2.2 Reatores Limitadores nas linhas de 138 kV . . . . . . . . . . . 50
5.2.3 By-pass da SE Eletrobolt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
5.2.4 Seccionamento do barramento de São José 500 kV . . . . . . . 53
5.2.5 Seccionamento do barramento da SE Eletrobolt 138 kV . . . . 55
5.2.6 Seccionamento do barramento da SE Nova Iguaçu 138 kV . . . 56
5.2.7 Alteração dos subsistemas da Light . . . . . . . . . . . . . . . 57
5.2.8 Separação do sistema da Light em três subsistemas . . . . . . 58
5.2.9 Proposta final . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
6 Conclusões 63
Referências Bibliográficas 64
viii
Lista de Figuras
ix
4.1 Seccionamento de barramento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.2 By-pass de linha. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4.3 Aumento da corrente passante pelo disjuntor. . . . . . . . . . . . . . 30
4.4 Desligamento sequencial. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
4.5 Atuação de diferentes DLCCs. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
4.6 RLCCs instalados em série com os circuitos alimentadores. . . . . . . 35
4.7 RLCCs instalados em série com os circuitos de saída. . . . . . . . . . 36
4.8 Efeito do RLCC instalado na LT 345 kV Mogi das Cruzes - Itapeti. . 36
4.9 RLCC seccionando barramento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.10 RLCC na usina de Tucuruí. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.11 Curto-circuito trifásico em Tucuruí sem reator limitador. . . . . . . . 38
4.12 Curto-circuito trifásico em Tucuruí com reator limitador. . . . . . . . 39
4.13 Dispositivo pirotécnico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
4.14 Dispositivo pirotécnico em paralelo com um reator limitador. . . . . . 41
4.15 Efeito do dispositivo pirotécnico: (a) sem reator; e (b) com reator. . . 41
4.16 Diagrama TCSC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
x
Lista de Tabelas
xi
Lista de Abreviaturas
Ω Ohms, p. 37
GT Grupo de trabalho, p. 2
LT Linha de Transmissão, p. 10
SE Subestação, p. 24
xii
kA Kiloampere, p. 38
kV Kilovolt, p. 3
xiii
Capítulo 1
Introdução
1.1 Objetivos
O principal objetivo deste trabalho é apresentar soluções para reduzir os níveis de
curto-circuito em subestações, visando evitar a substituição de equipamentos devido
à superação por corrente de interrupção simétrica. Para isso, serão apresentadas
medidas mitigadoras como aplicações de dispositivos limitadores de curto-circuito
e medidas operativas. Essas medidas serão aplicadas em um caso real do Sistema
Elétrico Brasileiro em que diversas subestações da área do Rio de Janeiro apresentam
altos níveis de curto-circuito, inclusive, acima da capacidade dos equipamentos com
1
maior suportabilidade disponível no mercado nacional. Dessa forma, apresentar uma
solução para os problemas detectados nesse caso de estudo também é um objetivo
deste trabalho.
1.2 Motivação
Os elevados níveis de curto-circuito nas subestações da área Rio de Janeiro trouxe-
ram a necessidade da criação de um grupo de trabalho (GT) denominado GT "So-
luções para a redução dos níveis de curto-circuito no Rio de Janeiro". Este grupo
é composto pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE) e por agentes proprietários de instalações da área Rio,
como Light e Furnas. O objetivo desse grupo é encontrar medidas para reduzir os
níveis de curto-circuito na área Rio. Com as obras já planejadas para esta área,
muitas subestações passam a apresentar problemas de superação de equipamentos,
comprometendo a evolução do sistema.
A participação nas atividades deste GT e a oportunidade de poder estudar sobre
um caso real envolvendo o Sistema Interligado Nacional (SIN) foram as grandes
motivações para a elaboração do presente trabalho.
2
Capítulo 2
Curto-Circuito
3
Tabela 2.2: Principais causas perturbações na rede básica.
Causa (%)
Condições metereológicas adversas 24
Queimada 16,2
Falhas em equipamentos e acessórios 12,6
Falha humana 8,4
Dispositivos de proteção/teleproteção 5,2
Vegetação 5,6
Fiação 2,4
Outros 25,6
4
Os estudos de curto-circuito têm diversas aplicações em um sistema de potência.
Dentre elas, podemos destacar:
VL + VR = v(t) (2.1)
di(t) √
L + Ri(t) = 2V sen(ωt + α) (2.2)
dt
A solução da equação 2.2 é:
5
√
2V
i(t) = p (sen(ωt + α − θ) − sen(α − θ)e−t/τ ) (2.3)
2
R + (ωL)2
Em que:
ωL
θ = tan−1 (2.4)
R
L
τ= (2.5)
R
A corrente i(t), dada pela equação 2.3, é chamada de corrente de curto-circuito
assimétrica e pode ser dividida em duas componentes. A primeira componente,
que varia senoidalmente com o tempo, é chamada de componente simétrica e a
segunda componente, que varia com uma exponencial decrescente, é chamada de
componente contínua [6]. A Figura 2.2 ilustra graficamente a evolução da corrente
de curto-circuito assimétrica ao longo do tempo, evidenciando cada uma das duas
componentes.
6
2.3 Cálculo de correntes de curto-circuito
2.3.1 Componentes simétricas
Em 1918, C.L. Fortescue desenvolveu o método das componentes simétricas. Este
método é utilizado para representar um sistema desequilibrado de N fases em N
sistemas equilibrados, denominados componentes simétricas.
Para o caso dos sistemas elétricos de potência trifásicos, haverá três componentes:
7
Vc = Vc0 + Vc+ + Vc− (2.8)
Tomando Va+ como referência, pode-se reescrever as equações 2.6, 2.7 e 2.8 da
seguinte forma:
Em que a = 1∠120◦ .
Como a fase “a” estará sempre em evidência, o índice “a” será ocultado para
simplificar, tornando Va+ , Va− , e Va0 em V1 , V2 , e V0 . Dessa forma, as tensões Va ,
Vb e Vc podem ser escritas em função das componentes simétricas da fase “a” da
seguinte maneira:
Va V0
Vb = A V1 (2.12)
Vc V2
Em que a matriz A é dada por:
1 1 1
A = 1 a2 a (2.13)
1 a a2
E para obter as componentes de sequência, basta manipular a equação 2.12,
multiplicando os dois lados da equação por A−1 , obtendo:
V0 Va
−1
V1 = A Vb (2.14)
V2 Vc
Em que:
1 1 1
1
A−1 = 1 a a2 (2.15)
3
1 a2 a
O conceito de componentes simétricas se torna fundamental no estudo dos curtos-
circuitos desbalanceados, que serão abordados nas próximas seções [7].
8
2.3.2 Representação do sistema elétrico em componentes si-
métricas
A modelagem dos elementos do sistema elétrico torna-se necessária para o cálculo
de curtos-circuitos. Nesta seção serão abordadas as representações dos principais
elementos de um sistema de potência por suas sequências zero, positiva e negativa.
9
Em que Zg0 , Zg1 e Zg2 são, respectivamente, as impedâncias de sequência zero,
positiva e negativa do gerador e Eg1 é a tensão interna do gerador [7].
A Figura 2.6, adaptada de [6], mostra a seção de uma linha de transmissão (LT)
trifásica.
Em que Zaa0 , Zbb0 e Zcc0 são, respectivamente, as impedâncias próprias das fases
“a”, “b” e “c” e Zab , Zbc e Zac são as impedâncias mútuas entre fases.
Considerando que a impedância própria de cada fase tem o mesmo valor (Zaa0 )
e que a linha de transmissão é idealmente transposta, pode-se assumir que as im-
pedâncias mútuas também tem o mesmo valor (Zab ). Com isso, a representação
de uma LT trifásica é feita por três diagramas de sequências desacoplados, como
mostra a Figura 2.7 [6].
10
As impedâncias mútuas entre linhas de transmissão devem ser consideradas, pois
se tornam relevantes no cálculo dos curtos-circuitos desbalanceados. As impedâncias
mútuas de sequência positiva e negativa têm um valor menor que 7% da impedância
própria da linha [8]. Por isso, o acoplamento mútuo de sequência positiva e negativa
normalmente é desconsiderado. Já a impedância mútua de sequência zero possui
um valor significativo, entre 50% e 70% da impedância própria [8].
A Figura 2.8, adaptada de [8], apresenta um caso genérico de duas linhas de
transmissão paralelas com acoplamento mútuo.
O circuito equivalente de sequência zero para este caso é mostrado na Figura 2.9,
adaptada de [8].
Figura 2.9: Circuito equivalente para linhas de transmissão com acoplamento mútuo.
Em que Z0AB e Z0CD são as impedâncias de sequência zero das linhas, Z0M é
a impedância mútua de sequência zero e I0AB e I0CD são as correntes de sequência
zero.
11
Também há os casos em que as linhas possuem uma ou duas extremidades em
comum. Além disso, pode ocorrer a situação em que apenas um trecho das linhas
têm acoplamento mútuo. O circuito equivalente de sequência zero de cada uma
dessas situações pode ser visto em detalhes em [9].
Representação de transformadores
12
Figura 2.11: Circuito equivalente de sequência zero de transformadores de dois en-
rolamentos.
13
Va Ia Zf
Vb = Ib Zf (2.18)
Vc Ic Zf
Ia 1
2
Ib = Ia a (2.19)
Ic a
Utilizando estes valores na equação 2.14, têm-se:
V0 0
V1 = I1 Zf (2.20)
V2 0
Estes resultados mostram que as componentes simétricas de sequência zero e
sequência negativa das tensões são nulas. Com isso, o curto-circuito trifásico pode
ser representado como mostra a Figura 2.13.
Pela Figura 2.13, verifica-se que o circuito de sequência positiva é o único ativo,
portanto, ele é o único que é considerado no cálculo de curtos-circuitos trifásicos.
A corrente de sequência positiva da fase “a” é dada pela seguinte expressão: [1]
Eg1
I1 = (2.21)
Z1 + Zf
14
Figura 2.14: Diagrama de um curto-circuito monofásico.
Va = Zf · Ia (2.22)
Ib = Ic = 0 (2.23)
Ia
I1 = I2 = I0 = (2.24)
3
Em seguida, utilizando as equações 2.24 e 2.6 na equação 2.22, têm-se:
Para que as equações 2.23 e 2.25 sejam satisfeitas, é necessário que os três cir-
cuitos de sequência sejam conectados em série, como mostra a Figura 2.15 [1].
15
Eg1
I0 = I1 = I2 = (2.26)
Z0 + Z1 + Z2 + 3Zf
E a corrente que passa efetivamente na fase “a”, que é a corrente que o disjuntor
deve interromper, é obtida utilizando a equação 2.26 na equação 2.12:
3Eg1
Ia = (2.27)
Z0 + Z1 + Z2 + 3Zf
Ia = 0 (2.28)
Ib = −Ic (2.29)
Vb − Vc = Zf · Ib (2.30)
I0 = 0 (2.31)
1
I1 = (a − a2 )Ib (2.32)
3
1
I2 = (a2 − a)Ib = −I1 (2.33)
3
16
E utilizando as equações 2.10 e 2.11 na equação 2.30:
V1 − V2 = Zf · Ib (2.34)
Para que as equações 2.33 e 2.34 sejam satisfeitas, conclui-se que, para represen-
tar o curto-circuito bifásico, os circuitos de sequência positiva e negativa devem ser
conectados em paralelo, como mostra a Figura 2.17.
E g1
I1 = −I2 = (2.35)
Z1 + Z2 + Z0
E utilizando as equações 2.31 e 2.35 na equação 2.12, obtém-se as correntes nas
fases “b” e “c” [7].
√
−j 3Eg1
Ib = −Ic = (2.36)
Z1 + Z2 + Zf
17
Figura 2.18: Diagrama de um curto-circuito bifásico-terra.
Ia = 0 (2.37)
Vb = Vc (2.38)
Vb = Zf (Ib + Ic ) (2.39)
I0 + I1 + I2 = 0 (2.40)
V2 = V1 (2.41)
V0 − V1 = 3Zf I0 (2.42)
Para que estas condições sejam satisfeitas, os circuitos de sequência devem ser
conectados da forma que é mostrada na Figura 2.19.
18
Figura 2.19: Diagrama de de sequência de um curto-circuito bifásico-terra.
E g1
I1 = (2.43)
Z1 + [Z2 //(Z0 + 3Zf )]
Z0 + 3Zf
I2 = −I1 (2.44)
Z0 + 3Zf + Z2
Z2
I0 = −I1 (2.45)
Z0 + 3Zf + Z2
E utilizando as equações 2.43, 2.44 e 2.45 na equação 2.14, têm-se as correntes
de fase [7].
19
Para os cálculos de curto-circuito, não é necessário que se conheça todos os
elementos da matriz ZBarra , apenas os elementos referentes às colunas relativas as
barras envolvidas no curto-circuito. Como os métodos para obtenção da matriz
ZBarra são mais complexos quando comparados aos métodos para construção da
YBarra , é comum a utilização da representação do sistema pela matriz de admitâncias
e a partir da fatoração da matriz YBarra obtém-se facilmente os elementos de interesse
da matriz ZBarra [6].
Para calcular as correntes de curto-circuito utilizando a matriz ZBarra , utilizam-se
as mesmas equações apresentadas nesse capítulo, porém, as impedâncias de sequên-
cia positiva, negativa e zero são calculadas a partir do elemento da diagonal das
matrizes ZBarra . Por exemplo, a corrente para um defeito monofásico na barra k
fica da seguinte forma [6]:
3Eg1
I1ϕ = (2.46)
Z0kk + Z1kk + Z2kk + 3Zf
Em que Z0kk , Z1kk e Z2kk são, respectivamente, os elementos da diagonal das
matrizes ZBarra de sequência zero, positiva e negativa.
Pode-se ainda calcular a tensão em qualquer barra do sistema durante a falta.
Para isso, basta utilizar a equação 2.47 para calcular a variação da tensão e depois
somar com a tensão antes do defeito [6].
∆V = ZBarra · I (2.47)
Vk − Vm
Ikm = (2.49)
Zkm
No capítulo 3 serão apresentadas as metodologias utilizadas pelo ONS e pelos
agentes de transmissão, geração e distribuição para análise de superação de equi-
pamentos. Para os estudos de superação por correntes de curto-circuito, uma das
etapas é o cálculo das correntes de curto-circuito, conforme descrito aqui.
20
Capítulo 3
Superação de Disjuntores
21
A partir dos últimos relatórios do PAR, foram levantados os dados relativos
à quantidade de disjuntores indicados para troca nos últimos anos. A Figura 3.1
mostra o número de disjuntores superados indicados para troca nos últimos cinco
ciclos do PAR4 .
Pela Figura 3.1 vê-se que a quantidade de disjuntores indicados em cada ciclo é
aleatória, podendo aumentar ou diminuir a cada ciclo e que nos últimos cinco ciclos
do PAR foram indicados 348 disjuntores para substituição.
Também foram verificadas as causas das superações desses disjuntores, conforme
mostra a Figura 3.2.
A Figura 3.2 mostra que dos 348 disjuntores indicados nos últimos ciclos do
PAR, 307 foram devido à superação por corrente de curto-circuito simétrica, 17 por
corrente nominal e 24 por outros motivos.
4
O ciclo do PAR é o horizonte de análise nos estudos do PAR, que compreende o período entre
o primeiro e o quinto ano subsequente ao ano de elaboração do plano.
22
Como a maior parte das superações de disjuntores do SIN acontecem por cor-
rente de curto-circuito simétrica e corrente de carga, somente serão abordadas neste
capítulo as metodologias para análise de superação por estas duas grandezas. A
metodologia para análise de superação por corrente de curto-circuito simétrica será
mais detalhada por ser o foco do presente trabalho. As metodologias para análise
de superação por outras causas podem ser vistas em detalhe em [15] e [12].
A seguir, serão apresentadas as metodologias utilizadas pelo ONS e pelos agentes
de transmissão, geração e distribuição do setor elétrico para identificar disjuntores
superados por corrente de carga ou corrente de curto-circuito. Essas metodologias
estão descritas em detalhes em [16] e [17] .
23
3.2 Superação por corrente de curto-circuito simé-
trica
A superação por corrente de curto-circuito simétrica ocorre quando são identifica-
das correntes de curto-circuito simétricas superiores às capacidades de interrupção
simétrica do disjuntor.
A análise de superação de disjuntores começa com a escolha do caso de estudo
que será utilizado no programa de cálculo de curto-circuito. Este caso deve conter
toda a modelagem da rede a ser analisada e, para que sejam obtidas as maiores
correntes de curto-circuito, todos os componentes da rede são considerados ligados
[19].
Em seguida, é utilizado o programa de cálculo de curto-circuito para a obtenção
das correntes de defeito monofásico, trifásico e bifásico-terra nas barras do sistema
analisado.
A próxima etapa consiste em comparar os níveis de curto-circuito na barra com
o menor valor da capacidade de interrupção simétrica dos disjuntores instalados no
barramento.
Caso a relação entre a maior corrente de defeito e o menor valor de capacidade de
interrupção simétrica dos disjuntores instalados no barramento seja maior que 100%,
a subestação apresentará indícios de superação e então deverá ser feita uma análise
mais detalhada para comprovar a superação de algum disjuntor da subestação. Esta
análise mais detalhada consiste em verificar a corrente passante por cada vão da
subestação e compará-la com o valor da capacidade de interrupção simétrica do
disjuntor deste vão [20].
Para obter a corrente mais severa que efetivamente passa por cada disjuntor,
são simuladas três situações. A seguir serão ilustradas cada uma dessas situações,
exemplificando o estudo de corrente passante para o disjuntor 4 (DJ4 ).
24
Nesta situação, ocorre um curto na barra e a corrente que passa pelo disjuntor
é a própria corrente do vão que ele está instalado.
Em cada uma das três situações, são feitas simulações para um curto-circuito
monofásico, trifásico e bifásico-terra, totalizando nove simulações por vão. Então,
25
compara-se o valor de capacidade de interrupção simétrica do disjuntor instalado no
vão com a maior corrente calculada nessas nove simulações [21].
De acordo com o resultado da comparação entre a corrente de curto-circuito e a
capacidade de interrupção simétrica, um disjuntor pode apresentar três estados. A
Tabela 3.1 apresenta as condições necessárias para um disjuntor ser classificado em
cada estado.
26
Figura 3.6: Metodologia para análise de superação de disjuntores por corrente de
curto-circuito simétrica.
27
Capítulo 4
1. Restrições operativas;
2. Modificações na rede.
28
4.1.1 Restrições Operativas
• Seccionamento de barramento
Esta medida acarreta a diminuição dos níveis de curto-circuito monofásico,
trifásico e bifásico. Ela consiste na divisão do barramento em dois e está
ilustrada na Figura 4.1, adaptada de [16].
Pela Figura 4.1 vê-se que, sem o seccionamento, o barramento recebe a contri-
buição de quatro circuitos e, após a separação, cada uma das barras recebe a
contribuição de apenas dois. A diminuição do nível de curto-circuito acontece
devido ao fato de os circuitos conectados a uma das barras não contribuírem
para um defeito na outra.
• By-pass de linha
O by-pass é utilizado para que circuitos que estejam conectados à barra deixem
de contribuir para o defeito, reduzindo o nível de curto-circuito. A Figura 4.2,
adaptada de [16], mostra os efeitos do by-pass de linha.
A Figura 4.2, adaptada de [16], mostra que, sem o by-pass de linha a barra re-
cebe a contribuição de quatro circuitos e, após o by-pass, apenas dois circuitos
contribuem para o defeito.
29
• Desligamentos sequenciais
Por meio desta medida o disjuntor superado só irá operar após a abertura
de outros disjuntores de terminais remotos. Dessa forma, no momento da
abertura do disjuntor a corrente passante por ele é menor, fazendo com que
ele possa operar normalmente [22]. As Figura 4.3 e 4.4 ilustram o uso desta
medida.
A Figura 4.3 mostra o caso em que a conexão de uma nova unidade geradora
acarreta a superação de um disjuntor da subestação (DJ1 ). Antes da conexão
dessa nova geração, a corrente passante pelo disjuntor DJ1 , no momento de
sua abertura, era I1 +I2 e após a conexão, passa a ser I1 +I2 +I3 , violando a
capacidade de interrupção do disjuntor.
30
dificuldade para os operadores do sistema fazerem o controle de tensão, visto
que estes equipamentos são utilizados para controle de tensão.
3Eg1
I1ϕ = (4.1)
Z0 + Z1 + Z2 + 3Zf
3Eg1
I1ϕ = (4.2)
Z0 + 2Z1
Eg1
I3ϕ = (4.3)
Z1
31
• Especificação de novos equipamentos de geração e transformação
Ao se instalar um novo transformador ou uma nova unidade geradora, pode-se
optar pela utilização de equipamentos com uma impedância maior que a usual,
aumentando a impedância do sistema e consequentemente diminuindo o nível
de curto-circuito [22].
Esta medida não é comummente utilizada, principalmente devido ao seu custo
elevado, quando comparado com a substituição dos disjuntores superados por
outros de maior capacidade. No entanto, recentemente foi recomendada pela
Empresa de Pesquisa Energética a troca de um grupo de transformadores de
230/13,8 kV e 230/23 kV das subestações da região metropolitana de Porto
Alegre para limitar os níveis de curto-circuito na rede de distribuição que
faz fronteira com a rede de transmissão em nível de tensão de 230 kV. A
impedância recomendada para estes novos transformadores é de no mínimo
29% na base do equipamento [24], sendo que de acordo com o submódulo 2.3
dos Procedimentos de Rede do ONS, a impedância dos transformadores deve
ser de no máximo 14% na base do equipamento [25].
Neste caso, dois fatores foram considerados para escolha dessa medida. O
primeiro é a restrição de espaço físico nas subestações, impossibilitando a
instalação de equipamentos com a finalidade de limitar as correntes de curto-
circuito, e por estarem localizadas dentro do perímetro urbano, a expansão da
subestação por meio da compra de terrenos adjacentes não é viável ou apre-
senta um custo elevado. O segundo fator é a abrangência da superação, que
afeta um grande número de equipamentos da rede de distribuição, cujos limi-
tes de curto-circuito são naturalmente inferiores aos da rede de transmissão.
Especificamente no caso citado, os limites de curto-circuito dos equipamentos
existentes de 13,8 kV são de 10,6 kA e de 23 kV são de 8 kA, enquanto que os
da rede de 230 kV variam entre 23,6 kA e 40 kA.
32
Também deve ser levado em consideração o estágio de envelhecimento dos equipa-
mentos da subestação, desempenho, disponibilidade e custos com peças de reposição
e serviços de manutenção
Um aspecto muito importante que também deve ser analisado é a disponibili-
dade de espaço físico nas subestações. Pode ser inviável a utilização de dispositivos
limitadores de curto-circuito, por não haver espaço para sua instalação, sendo então
necessário optar pela troca do equipamento superado. Este caso ocorreu com as
subestações elevadoras das Usinas Hidrelétricas (UHE) Jupiá e Ilha Solteira.
Há também casos específicos em que a subestação se encontra em áreas valoriza-
das, sendo então viável fazer a substituição de SEs convencionais por SEs isoladas a
gás SF6, que ocupam um espaço menor e possibilitam uma ampliação da subesta-
ção sem a necessidade da compra de terrenos adjacentes ou até mesmo a venda do
terreno que não está mais sendo utilizado [26].
33
Figura 4.5: Atuação de diferentes DLCCs.
Na Figura 4.5, a curva (a) mostra como atuam os dispositivos que limitam a
corrente de curto-circuito. No instante t = 0, acontece o curto-circuito e a corrente
começa a crescer, até que no instante t1 o DLCC atua limitando a corrente de defeito,
que passa a apresentar uma amplitude relativamente pequena até que a corrente seja
interrompida pelo disjuntor no instante t2 .
A curva (b) mostra o comportamento dos dispositivos que interrompem as cor-
rentes de defeito. Para um curto-circuito em t = 0, o DLCC atua em t3 , levando a
corrente a zero até que o sistema seja recomposto.
No presente trabalho, serão abordados os DLCCs que atuam das duas maneiras.
Dentre os que atuam limitando as correntes de curto-circuito estão os reatores limita-
dores de curto-circuito (RLCCs) e o capacitor série controlado por tiristor (TCSC).
Os dispositivos pirotécnicos e disjuntores de abertura rápida atuam interrompendo
as correntes de defeito.
34
até mesmo a instalação de telas, visando restringir a circulação de trabalhadores ao
redor do equipamento. Em instalações já existentes, e que não possuem um grande
espaço físico disponível, este pode ser um fator de restrição para a instalação de um
RLCC.
Como já foi mencionado, o RLCC introduz perdas ao sistema. Por isso, é im-
portante fazer uma análise dessas perdas do ponto de vista econômico para garantir
que a instalação do RLCC seja mais benéfica do que a substituição de equipamentos
superados.
Para calcular o valor da impedância do RLCC são realizados estudos de curto-
circuito para definir qual valor é necessário para limitar a corrente de defeito, estudos
de fluxo de potência para determinar os valores de queda de tensão e perdas que
o RLCC irá introduzir e estudos de transitórios eletromagnéticos para reavaliar
requisitos de TRT no disjuntor do vão onde o RLCC será instalado [26].
Os RLCCs podem ser instalados de três formas diferentes:
35
Na Figura 4.6 são mostrados os casos em que o DLCC está conectado em série
com os transformadores e com o geradores.
Figura 4.8: Efeito do RLCC instalado na LT 345 kV Mogi das Cruzes - Itapeti.
36
3. Seccionando um barramento.
A utilização de um reator limitador seccionando o barramento de uma subes-
tação, como mostra a Figura 4.9, adaptada de [22], traz a grande vantagem
de viabilizar a operação de barramentos que foram seccionados operarem fe-
chados, aumentando a confiabilidade e a flexibilidade operativas.
37
Novamente, utilizando o caso de referência de curto-circuito do ONS para o ano
de 2018, foi simulado um curto-circuito trifásico na barra de 500 kV da usina
de Tucuruí em duas situações: com o reator limitador desligado e com reator
limitador ligado. Ressalta-se que, neste caso, todas as 23 unidades geradoras
da usina de Tucuruí estão em operação. Os resultados são apresentados nas
Figuras 4.11 e 4.12.
38
Figura 4.12: Curto-circuito trifásico em Tucuruí com reator limitador.
39
Figura 4.13: Dispositivo pirotécnico.
40
Figura 4.14: Dispositivo pirotécnico em paralelo com um reator limitador.
Figura 4.15: Efeito do dispositivo pirotécnico: (a) sem reator; e (b) com reator.
Pela Figura 4.15, verifica-se que, sem o dispositivo pirotécnico, a corrente atingi-
ria valores acima da capacidade de interrupção do disjuntor. No entanto, quando há
o dispositivo pirotécnico, ele interrompe a corrente rapidamente antes de ela atingir
um valor muito elevado. Quando há um reator em paralelo, a corrente é limitada
em um valor abaixo da capacidade do disjuntor, fazendo com que ele possa operar
com segurança.
41
4.4 Medidas não usuais
Nas seções anteriores foram abordadas as medidas mais utilizadas na redução de
níveis de curto-circuito. A seguir serão apresentados dispositivos ainda em fase de
desenvolvimento ou que já estão disponíveis no mercado, mas que ainda não são
amplamente utilizados.
Como o uso desses dispositivos como limitadores de correntes de curto-circuito
é limitado ou são apenas funções secundárias, não serão abordados em detalhes.
Para que o TCSC possa ser utilizado para reduzir níveis de curto-circuito, ele
deve ser dimensionado para suportar altas correntes e apresentar uma reatância
indutiva elevada [22].
42
Como este equipamento apresenta um custo elevado, utilizá-lo exclusivamente
como limitador de corrente de curto-circuito não é viável. No Brasil, existem quatro
TCSCs em operação, instalados no setor de 500 kV das subestações Imperatriz
e Serra da Mesa. Estes equipamentos têm o objetivo principal de amortecer as
oscilações de potência nas interligações Norte-Sul I e II, porém, entre as funções do
TCSC de Imperatriz está a limitação de correntes de curto-circuito [23].
43
Capítulo 5
Caso de Estudo
44
45
46
Figura 5.3: Sistema da Light divido em dois subsistemas.
47
Tabela 5.1: Nível de curto-circuito nas subestações da área Rio.
Nível de curto-circuito (kA) Capacidade do menor
Nome Tensão (kV)
Caso 2018 Caso 2023 disjuntor (kA)
Pela Tabela 5.1 verifica-se que no horizonte de 2018 há subestações com níveis
de curto-circuito elevados e até mesmo em estado de alerta, porém, nenhuma delas
apresenta problemas de superação. Já para o horizonte de 2023, 15 subestações
encontram-se superadas.
O setor de 138 kV da subestação de Jacarepaguá já teve seus disjuntores indicados
para troca nos estudos PAR 2015-2017 e autorizados pela resolução autorizativa
(REA) da ANEEL 5.710/2016 [30]. Por isso, esta subestação não será objeto de
análise no presente estudo.
O submódulo 2.3 dos Procedimentos de Rede do ONS estabelece que as subesta-
48
ções de tensão maior ou igual 345 kV devem ter seus equipamentos com capacidade
de interrupção de, no mínimo, 50 kA [31]. Por esta razão, a troca dos equipamentos
de 31,5 kA das subestações de Adrianópolis 500 kV e Cachoeira Paulista 500 kV é
mais indicada em vez de buscar soluções para a redução dos níveis de curto-circuito.
As outras subestações com problemas de superação são tratadas a seguir, por
meio da implantação de medidas mitigadoras apresentadas no capítulo 4. Os setores
de 138 kV das subestações Nova Iguaçu e São José serão o principal foco das análises,
pois os reforços planejados nessas subestações são a maior causa da elevação dos
níveis de curto-circuito na área Rio.
5.2 Simulações
Nesta seção serão apresentadas propostas para reduzir os níveis de curto-circuito
nas subestações com problema de superação da área Rio. As análises foram feitas
utilizando o programa ANAFAS.
O horizonte de estudo foi o de 2023. Para isso, foi elaborado um caso de análise
a partir do caso de referência de curto-circuito do ONS referente ao ano de 2020, em
que foram acrescentadas as obras com entrada em operação previstas para o ano de
2023. Todas as análises que serão apresentadas a seguir foram feitas a partir deste
caso e, por isso, ele será chamado de "Caso Base".
Para cada caso simulado, será apresentada uma tabela com o nível de curto-
circuito mais severo nas barras de interesse. No entanto, estas tabelas só irão conter
as barras que tiveram uma mudança maior ou igual a 1% nos níveis de curto-circuito
após a implantação da medida em análise.
49
Tabela 5.2: Casos analisados.
o
Caso N Descrição
A Tabela 5.3 apresenta o nível de curto-circuito mais severo nas barras de inte-
resse para cada um dos casos descritos na Tabela 5.2.
Tabela 5.3: Nível de curto-circuito após a instalação de RLCCs no setor de 500 kV.
Nível de Curto-circuito (kA) Capacidade do menor
Subestação Tensão (kV)
Caso Base Caso 1 Caso 2 Caso 3 Caso 4 disjuntor (kA)
50
As usinas térmicas (UTE) Termorio e Eletrobolt têm grande contribuição para
defeitos no setor de 138 kV das subestações Nova Iguaçu, São José e Eletrobolt.
Por essa razão, tomar ações nos circuitos de saída destas usinas se mostra uma boa
opção para a redução dos níveis de curto-circuito nestas subestações. O diagrama
apresentado na Figura 5.5 mostra a localização dos reatores e a Tabela 5.4 descreve
cada uma das propostas.
6 Reator limitador de 10Ω nas LTs 138 kV UTE Termorio - São José
7 Reator limitador de 15Ω nas LTs 138 kV UTE Termorio - São José
51
Tabela 5.5: Nível de curto-circuito após a instalação de RLCCs no setor de 138 kV.
Nível de curto-circuito (kA) Capacidade do menor
Subestação Tensão (kV)
Caso Base Caso 5 Caso 6 Caso 7 Caso 8 Caso 9 disjuntor (kA)
NOVA IGUAÇU (LIGHT) 138 42,1 41,8 41,5 41,4 41,6 41,3 63
NOVA IGUACU (LTTE) 138 72,4 71,5 70,9 70,5 70,8 69,7 40
O uso de reatores limitadores nas LTs 138 kV UTE Termorio - São José se
mostrou eficaz, já que, para todos os valores de impedância simulados, a SE São
José 138 kV deixa de apresentar problemas de superação. No entanto, no caso 5, o
nível de curto-circuito ainda é muito elevado (49,5 kA), apresentando uma relação
de 99% entre o nível de curto-circuito e capacidade do menor disjuntor. O mesmo
acontece com o uso de RLCCs nas LTs 138 kV Eletrobolt - Nova Iguaçu, resolvendo
o problema das subestações Eletrobolt e Nova Iguaçu.
52
5.2.3 By-pass da SE Eletrobolt
Neste caso (Caso 10), o by-pass da SE Eletrobolt é utilizada para eliminar a con-
tribuição dos dois circuitos que saem da SE Fontes Nova, como mostra a Figura
5.6.
53
Figura 5.7: Seccionamento do barramento de São José 500 kV.
Tabela 5.8: Nível de curto-circuito após o seccionamento de São José 500 kV.
Nível de curto-circuito (kA) Capacidade do menor
Subestação Tensão (kV)
Caso Base Caso 11 Caso 12 Caso 13 Caso 14 disjuntor (kA)
54
o mais eficaz, com uma redução de 5,5 kA. Já os casos utilizando o reator limitador
se mostraram ineficazes, pois, mesmo havendo uma redução nos níveis de curto-
circuito no setor de 138 kV da SE São José, cerca de 2 kA, os disjuntores da mesma
continuam superados.
55
5.2.6 Seccionamento do barramento da SE Nova Iguaçu 138
kV
Com a entrada em operação do terceiro banco de transformadores na Se Nova Iguaçu,
os níveis de curto-circuito da própria subestação ficam em uma situação inoperável,
acima de 63 kA. Com isso, o seccionamento do barramento de 138 kV torna-se
essencial. Esta proposta já foi feita pelo ONS e a Light se encarregou de fazer
os estudos necessários, sugerindo a distribuição dos circuitos como é mostrado na
Figura 5.9.
56
Tabela 5.10: Nível de curto-circuito após o seccionamento do barramento da SE
Nova Iguaçu 138 kV.
Nível de curto-circuito (kA) Capacidade do menor
Subestação Tensão (kV)
Caso Base Caso 16 disjuntor (kA)
57
A Tabela 5.11 mostra o resultado desta proposta.
Verifica-se pela Tabela 5.11 que esta alternativa é inviável, já que os níveis de
curto-circuito de diversas subestações aumentaram consideravelmente, com destaque
para a SE Grajaú 138 kV, que apresenta níveis de curto-circuito maiores que 63 kA.
58
Figura 5.11: Sistema da Light dividido em três subsistemas.
Observa-se pela Tabela 5.12 que esta medida reduz drasticamente os níveis de
curto-circuito em diversas subestações. Destaca-se a redução no setor de 138 kV
das SEs Cascadura, Nova Iguaçu e São José, que apresentaram uma redução de
respectivamente 14,3 kA, 6,9 kA e 4,9 kA.
59
5.2.9 Proposta final
No decorrer deste capítulo foram apresentadas diversas propostas para a redução
dos níveis de curto-circuito e o impacto de cada uma delas foi visto individualmente.
Muitas destas ações se mostraram ineficazes e até mesmo inviáveis. No entanto, mui-
tas delas se mostraram efetivas, embora não resolvam o problema quando aplicadas
individualmente.
A partir da seleção das propostas mais eficazes, pode-se propor uma alternativa
que engloba algumas das alternativas anteriores. Esta última consiste em agrupar
quatro ações já citadas anteriormente, que são:
• Reator limitador de 5Ω nas LTs 138 kV UTE Termorio - São José 138 kV.
60
Tabela 5.13: Níveis de curto-circuito da proposta final.
Nível de curto-circuito Capacidade do menor
Subestação Tensão (kV)
Caso Base Caso Final disjuntor (kA)
Verifica-se pela Tabela 5.13 que os resultados são satisfatórios. Muitas das su-
bestações que se encontravam superadas já não apresentam mais este problema e
agora permitem uma expansão do sistema sem que os níveis de curto-circuito se-
jam impeditivos. As subestações ZIN 138 kV, Jacarepaguá 138 kV, Adrianópolis
500 kV e Cachoeira Paulista 500 kV, continuam apresentando problemas de supera-
61
ção. Ressalta-se que as SEs Jacarepaguá 138 kV, Adrianópolis 500 kV e Cachoeira
Paulista 500 kV não eram objetos de análise.
As medidas propostas não foram efetivas na redução dos níveis de curto-circuito
da SE ZIN 138 kV, que continua superada. Além disso, as SEs Fontes Nova 138 kV
e Leopoldo 138 kV também não têm seus níveis de curto-circuito reduzidos signifi-
cativamente, apresentando disjuntores em estado de alerta, porém, muito próximas
da superação. A medida proposta para estas três subestações é a substituição dos
equipamentos superados, sendo então necessário indicar a substituição destes equi-
pamentos no próximo ciclo do PAR.
62
Capítulo 6
Conclusões
63
Referências Bibliográficas
[7] GLOVER, J., SARMA, M., OVERBYE, T. Power System Analysis & Design,
SI Version. Cengage Learning, 2012.
64
[14] ONS. Procedimento de Rede - Módulo 4 - Submódulo 4.3 - Metodologia para
Elaboração das Propostas de Ampliações e Reforços. , 2016.
[24] EPE. Estudo de Atendimento Elétrico ao Estado do Rio Grande do Sul: Região
Metropolitana de Porto Alegre - Volume I. , 2018.
[27] CIGRÉ. Brochure 239 - Fault Current Limiters in Electrical Medium and High
Voltage System. , 2003.
65
[29] DE OLIVEIRA FRONTIN, S. Alternativas Não Convencionais Para a Tras-
missão de Energia Elétrica - Estado da Arte. Goya Editora LTDA., 2011.
66