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ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

INTRODUÇÃO
Tudo indica que as primeiras utilizações de energia eólica deram-se com as
embarcações, algumas publicações mencionam vestígios de sua existência já por
volta de 4.000 a.C., recentemente testemunhado por um barco encontrado num
túmulo sumeriano da época, no qual havia também remos auxiliares.
Por volta de 1.000 a.C. os fenícios, pioneiros na navegação comercial, se
utilizavam de barcos movidos exclusivamente a força dos ventos. Ao longo dos anos
vários tipos de embarcações a vela foram desenvolvidos, com grande destaque para
as Caravelas - surgidas na Europa no século XIII e que tiveram papel destacado nas
Grandes Descobertas Marítimas.
As embarcações a vela dominaram os mares durante séculos, até que o
surgimento do navio a vapor, em 1807 veio dividir este domínio, mas pelo fato de
exigir menores despesas em contrapartida a menor regularidade oferecida no tempo
dos trajetos, o veleiro conseguiu manter o páreo por um bom tempo, só vindo a
perder a concorrência no início do século XX, quando foi praticamente abandonado
em favor do vapor. Atualmente os maiores usos das embarcações a vela são no
esporte e lazer
Em 30 de junho de 1998, a avaliação da utilização da energia eólica na
Alemanha levou ao número de 5 631 turbinas instaladas com uma potência nominal
de 2 389,6 MW. Foram instaladas, somente no primeiro semestre de 1998, 434
turbinas (cada uma tendo uma potência nominal de 5 ou mais KW) com uma
potência nominal total de 306,5 MW. Comparado com os primeiros seis meses de
1997, um aumento na nova capacidade instalada de 41,8 %, enquanto que o número
de novas turbinas instaladas cresceu apenas em 20,6%. A potência média das novas
turbinas instaladas alcança o valor de 706,2 KW por unidade. O capital total
estimado investido em aplicações eólicas no primeiro semestre de 1998 na
Alemanha, atinge cerca de 675 milhões de Marcos, ou seja 200 milhões Marcos a
mais do que nos primeiros seis meses de 1997.

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ENERGIA EÓLICA

A energia eólica ou energia dos ventos, tem sido utilizada há vários séculos,
sob as mais diversas formas e para as mais diversas aplicações.
Ícaro, usando asas e o vento, voou tão alto, que aproximou-se do Sol, que
derreteu a cera, que fixava as asas e despencou, segundo a mitologia.
O Hamurabi, famoso imperador da Babilônia, na Mezopotâmia ( 2000 AC ),
usou a energia dos ventos para irrigar os seus campos agrícolas, para o
desenvolvimento daquela região, que alcançou grande progresso. Vide Código de
Hamurabi com 250 artigos, Monumento aos Juristas.
Na China, na Pérsia, na Europa, sempre foram usados os cata-ventos, para
diversos fins, foi porem na Idade Média ( 1350 DC ), que os moinhos de vento
começaram a ser usados na Holanda.
Os aeromotores só apareceram em 1724, quando Leupold Jacob, começou a
acionar uma bomba de pistão alternativo, com auxílio de um cata-vento de 8 pás,
para retirar água de um poço, na Alemanha.
Os pássaros usam o vento em vôo a vela, desde que surgiram na Terra. Os
navegadores antigos usavam velas ao vento e remos e só recentemente apareceram
as máquinas a vapor, por isso os navios foram chamados de vapor.

ORIGEM DOS VENTOS


Diferença de temperatura entre a camada próxima da superfície da terra
aquecida pelos raios solares e as camadas superiores da nossa atmosfera, geram
correntes convectivas.
A energia da radiação solar, sendo responsável pelo movimento convectivo
do ar, direciona as correntes da nossa atmosfera, que sobem no equador e descem
nos pólos, condensando vapores, precipitando energia sob a forma de chuva.
As correntes ascendentes do equador são mais intensas do que as das outras
zonas da terra, por isso produzem ventos de 30 a 50 km horários e a rotação da terra,
interfere com a direção dos ventos, entre os pólos e o equador, provocando uma
resultante inclinada em relação a perpendicular pelo equador.
Perturbações magnéticas solares produzem os ventos de grandes altitudes,
conhecidos pelos aeronautas como tempestades de céu claro, depois estudos mais
acurados, comprovaram existirem as correntes de grandes altitudes, utilizadas para
economizar combustível nos vôos intercontinentais.
Os centros de baixa pressão que ocorrem na superfície da terra, produzem
correntes ascendentes de 100 milhas por hora e ventos de superfície de igual
intensidade, convergentes para o centro de baixa pressão, que, influenciados pelos
desvios da rotação da terra, geram movimentos rotacionais, conhecidos como
furacões, tão comuns na região do equador.

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O SURGIMENTO DOS MOINHOS DE VENTO

Parece ser difícil afirmar com segurança a época em que surgiram os


primeiros moinhos de vento, há indicações sobre tais motores primários já no século
X. Este assunto é bem dissertado no livro “ Uma História das Invenções Mecânicas”
de Abbot Payson Usher, editado pela primeira vez em 1929 e reproduzido no Brasil
pela editora Papirus Ciência, o livro cita relato de geógrafos descrevendo moinhos
de ventos usados no Oriente Médio para bombeamento d´agua. O mesmo aponta
ainda referências diversas como historias e crônicas - mas, neste caso, considerando
sua veracidade incerta - que mencionam o uso dos moinhos de vento já em 340 d.C.
Ainda conforme a citada publicação, até a sua introdução na Europa por
volta do século XII, os moinhos de vento eram projetados em função da direção
predominante dos ventos, tendo o seu eixo motor direção fixa. As características de
variação de intensidade e direção dos ventos na Europa incentivaram a criação de
mecanismos para mudança de direção do eixo dos cata-ventos, surgindo então os
primeiros modelos onde o eixo das pás podia ser girado em relação ao poste de
sustentação.
Na Holanda, onde os moinhos de vento eram usados desde o século XV para
drenarem as terras na formação dos pôlderes, a invenção dos moinhos de cúpula
giratória, que permitia posicionar o eixo das pás em função da direção dos ventos, é
registrada como um grande incremento de capacidade destes, e grande progresso nos
sistemas de dessecamento.

COMO PODEMOS CAPTAR A ENERGIA DOS


VENTOS

Podemos captar a energia eólica de diversas maneiras:

1- VELAS

Usadas só desportivamente

2- CATA-VENTOS

Multipás
Savonius
Darrieus
Hélice
Molinetes

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3- TURBINAS

Grandes turbinas acopladas a geradores.

4- SISTEMA FIXO

Baseado no princípio Magneto-aerodinâmico.

CATA -VENTOS
Para qualquer projeto envolvendo captação de energia eólica, tornam-se
necessários conhecimentos completos do comportamento do vento no local
escolhido para o empreendimento, pois os ventos variam de intensidade e direção a
cada instante, sendo necessário levantar dados de média durante o dia, média
durante a noite, variações do dia, variações da noite, formando gráficos semanais,
quinzenais, mensais, etc.
De modo geral, os aeromotores (cata-ventos), mesmo os de pequeno porte,
devem ser usados dentro dos limites de velocidade permitido para cada tipo, para
obtenção da maior eficiência.
Conhecendo-se os limites das curvas de eficiência de cada tipo e as
estatísticas das velocidades, podemos calcular os coeficientes de utilização, pelo
gráfico abaixo, que por sua vez, permitem determinar a energia recuperável de um
local selecionado, usando as curvas e as estatísticas

O coeficiente de utilização Ku, em relação à velocidade média é dado pela


seguinte equação:(42)
Ku = Vn3 (t2 - t1) + (integral de t2 a t3) . v3 dt / V3
sendo:
v - velocidade instantânea
V - velocidade média em m/s
Vn - velocidade nominal da máquina rpm
t1 - em dias no qual o vento é > V
t2 - em dias no qual o vento é > Vn
t3 - em dias com velocidade de vento suficiente para gerar energia
conforme projeto.

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TURBINAS
Atualmente, grandes turbinas são instaladas em grandes áreas, formando
“farms” para geração de grandes quantidades de energia, depois que alguns
problemas foram resolvidos:
Controle indireto da inclinação do eixo horizontal por meio de um sistema
cíclico da inclinação do eixo, criado por cientistas da Universidade de Saint Louis -
Missouri - USA, baseado no princípio do helicóptero, para eliminar excesso de carga
e vibração nas tempestades.
Turbinas melhoradas com convergedor afunilado guiando o vento para as
pás, para aumentar a produção de energia, segundo o autor Ken Foreman, da
Gruman Aero Nautic, fabricante de helicópteros.
Turbinas eólico-solar, aproveitando o calor dos raios solares, para formar
uma estufa forçando os gases quentes a subirem por uma chaminé de grande altura,
com velocidade de 70 km/h, acionando uma turbina de 10 m de diâmetro, numa área
de 250 m de diâmetro, instalada em Manzanares - Espanha, gerando 100 KW,
conforme dados abaixo:

Altura da chaminé...........................................300 m
Turbina de vento a...............................................9 m
Casa de maquina abaixo da turbina.....................8 m
C de alimentação formado pelo teto a .............2,5 m
Suporte da chaminé em estrutura de aço
Sistema de regulagem de alimentação...........d=30 m
Regulagem da alimentação por palhetas reguláveis
Teto solar em plástico transparente d= 300 m
Piso pintado de preto fosco

Na Dinamarca, na Península de Hurup Thy, situada no noroeste daquele


país, com 25 mil habitantes, 40 % da energia elétrica em 1992, já era fornecida por
turbinas aerogeradoras, 3 % de toda energia consumida no país é gerada eolicamente
e para o não 2000 está previsto 10 %.
No Brasil, o primeiro gerador eólico para 75 KW, foi instalado em 1992 na
Ilha de Fernando de Noronha, resultado de um Convênio celebrado entre o
Folkecenter da Dinamarca, com a Celpe e UFPe. A torre tem 23 m de altura e a
hélice tripás, tem 17 m de diâmetro.
Aconteceu algo de inusitado naquela instalação, pois os engenheiros
dinamarqueses quando terminaram o serviço, ordenaram a partida da turbina, porem
nada aconteceu. Checa de novo todas as ligações, contatos, tudo, liga de novo, “o
equipamento permanecia indiferente, como um componente insólito daquela bela

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paisagem da ilha” assim reportou o Jornal Tecnologia em Pernambuco, na edição de
abril de 1993. Depois de muitas tentativas infrutíferas, chegou a data dos técnicos

dinamarqueses voltarem, eles se foram deixando o “abacaxi” sem descascar para os


técnicos da Celpe, que também não tinham ao menos o “canivete” dos esquemas.
A “caixa preta” sobrou para Norton Lima Verde, que com seus
conhecimentos de eletrônica digital adquiridos no ITA, decifrou os “hieróglifos dos
circuitos integrados” desenhando tudo com paciência e competência, então depois
de três meses a turbina funcionou. ( O parêntesis é nosso).
Existem registros num trabalho publicado pelo cientista Guilherme Kranert
divulgado na Revista Energia, que no século passado, já eram construídos grandes
aerogeradores:

Dados............................Dm......N° Pás........kW
1890 Dinamarca............23............3.............200
1931 Rússia...................30............3.............100
1941 U.S.A...................54.............2............200
1959 Alemanha.............34............2.............100
1978 N A S A................50...........2.............200
1979 BOEING..............100..........2..............(*)
1981 Alemanha.............100..........2..........3.000

(*) Não revelado.

SISTEMA FIXO
Um gerador eólico sem peças moveis, baseado no processo magneto-hidro-
dinâmico, ou seja um fluido ou gás cortando as linhas de um campo magnético,
produz eletricidade.
Na Universidade de Dayton - USA, os cientistas aperfeiçoaram um Gerador
Eólico por Dinâmica da Eletro-Fluidês, que carrega eletricamente gotículas d’água,
mediante um eletrodo de atração.
O vento ao forçar a passagem das gotículas, através do eletrodo coletor, cria
um fluxo de corrente, carregando o eletrodo, pois o sistema está engrazado com 68
KV a 250 miliampéres e em laboratório, um modelo reduzido de 45 x 45 cm, gerou
16,3 watts, com vento de 40 km horário.

OS PRIMEIROS SISTEMAS DE CONTROLE DE


POTÊNCIA

A Revolução Industrial trouxe consigo as invenções das máquinas de


produção, como os teares industriais, tais máquinas assim como os moinhos de
farinha, exigiam uma certa constância da velocidade, evidenciando uma das
desvantagens da energia eólica em relação a força animal e a roda d´agua, que é o

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fato de sua ocorrência ser irregular e de intensidade variável. Para contornar a
variação de intensidade surgiram, ainda no século XVI, os primeiros sistemas de
controle ou limitação de potência, sendo mencionados o freio aplicado ao eixo das
pás - existindo inclusive esquemas de Leonardo da Vinci de um freio de cintas
aplicado a roda acionadora - e a inclinação do eixo das pás em relação ao horizonte.
Tais aperfeiçoamentos permitiram integrar os moinhos de vento também a estas
unidades produtivas, e até o século XVIII - século do surgimento da máquina a
vapor - os moinhos de vento, juntamente com as rodas d´agua, marcavam muitas
paisagens.

PRINCIPAIS TIPOS DE TURBINAS EÓLICAS NA


ATUALIDADE
Os aerogeradores e aeromotores, costumam ser classificadas pela posição do
eixo do seu rotor que pode ser vertical ou horizontal, a seguir mencionaremos os
principais modelos relativos aos tipos de classificação mencionados.

EIXO HORIZONTAL

Está disposição necessita de mecanismo que permita o posicionamento do


eixo do rotor em relação a direção do vento, para um melhor aproveitamento global,
principalmente onde se tenha muita mudança na direção dos ventos. Encontra-se
ainda moinhos de vento seculares com direcionamento do eixo das pás fixo, mas
situam-se onde os ventos predominantes são bastante representativos, e foram
instalados em épocas em que os citados mecanismos de direcionamento ainda não
haviam sido concebidos.
Os principais modelos diferem quanto as características que definem o uso
mais indicado, sendo eles:
Rotor multipás - atualmente representa a maioria das instalações eólicas,
tendo sua maior aplicação no bombeamento d´agua. Suas características tornam seu
uso mais próprio para aeromotores, pois dispõe de uma boa relação torque de partida
/ área de varredura do rotor, mesmo para ventos fracos, em contrapartida seu melhor
rendimento encontra-se nas baixas velocidades, limitando a potência máxima
extraída por área do rotor, que não é das melhores, tornando este tipo pouco
indicado para geração de energia elétrica. O fato de alguns autores de livros, escritos
em outras décadas, contrariamente a percepção atual, apontarem-no como sendo a
melhor opção devido a sua característica de menor variação de velocidade do rotor
em função da velocidade do vento, devia-se as limitações de controle da curva de
tensão de saída dos sistemas de geração de energia disponíveis naquelas épocas, o
que restringia o aproveitamento da energia gerada, a uma faixa estreita de
velocidade do rotor.
Com o desenvolvimento da eletrônica este panorama mudou, pois os sistemas
atuais podem ser facilmente projetados para uma faixa de velocidade bastante ampla

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e com um rendimento bastante satisfatório, passando o fator determinante a ser a
potência obtida pelo rotor em relação a área de varredura, onde os modelos de duas e
três pás se destacam com um rendimento muito superior. Rotor de três ou duas pás –
é praticamente o padrão de rotores utilizados nos aerogeradores modernos, isto
deve-se ao fato da grande relação de potência extraída por área de varredura do
rotor, muito superior ao rotor multipás (embora isto só ocorra em velocidades de
vento superiores), pois além do seu rendimento máximo ser o melhor entre todos os
tipos, situa-se em velocidades mais altas. Entretanto, apresenta baixos valores de
torque de partida, e de rendimento para velocidade baixas, características que apesar
de aceitáveis em sistemas de geração de eletricidade, incompatibilizam seu uso em
sistemas que requeiram altos momentos de força e ou carga variável.

EIXO VERTICAL

A principal vantagem das turbinas de eixo vertical é não necessitar de


mecanismo de direcionamento, sendo bastante evidenciada nos aeromotores por
simplificar bastante os mecanismos de transmissão de potência.
Como desvantagens apresentam o fato de suas pás, devido ao movimento de
rotação, terem constantemente alterados os ângulos de ataque e de deslocamento em
relação a direção dos ventos, gerando forças resultantes alternadas, o que além de
limitar o seu rendimento, causa vibrações acentuadas em toda sua estrutura.

Rotor Savonius - Apresenta sua curva de rendimento em relação a


velocidade próxima a do rotor de multipás de eixo horizontal, mas numa faixa mais
estreita, e menor amplitude, seu uso, como o daquele, é mais indicado para
aeromotores, principalmente para pequenos sistemas de bombeamento d´agua, onde
o custo final devido a simplicidade do sistema de transmissão e construção do rotor
propriamente dito, podem compensar seu menor rendimento.

Rotor Darrieus - Por ter curva de rendimento característica próxima a dos


rotores de três pás de eixo vertical, são mais compatíveis com o uso em
aerogeradores, mas como nestes os sistemas de transmissão já são bastante simples,
seja qual for o tipo de disposição do eixo do rotor, o Darrieus perde uma das
vantagens comparativas. Além disto a necessidade de sistema de direcionamento

para o outro tipo de rotor, é compensada pela facilidade de implementação de


sistemas aerodinâmicos de limitação e controle de potência, que amplia a faixa de
utilização em relação a velocidade dos ventos e deixa-o muito menos susceptível a
danos provocados por ventos muito fortes. Desta forma o Darrieus parece ficar em
plena desvantagem em relação ao rotor de eixo horizontal, sendo seu uso pouco
notado.

OS AEROGERADORES

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Com o surgimento da máquina a vapor, dos motores de combustão interna e
das grandes usinas de eletricidade e rede de distribuição, os sistemas eólicos foram
relegados a um segundo plano por um bom tempo, permanecendo em algumas

aplicações, como o bombeamento d´agua em áreas rurais e salinas, além de outras


mais raras.
Durante a crise do petróleo, na década de 70, a energia eólica voltou a ser
bastante cogitada, e os avanços da aerodinâmica e surgimento da eletrônica,
permitiu o aparecimento de aerogeradores muito eficientes e com o custo por KW,
quando utilizado em sistemas de grande porte interligados a rede de distribuição,
comparável com o das hidroelétricas, com isto desde a década de 80, tem sido cada
vez mais comuns a instalação de parques eólicos em vários países principalmente da
Europa e nos Estados Unidos, atualmente podem ser encontrados em nível comercial
aerogeradores com potências nominais de até 1,5MW.
Os aerogeradores pequenos para sistemas autônomos de carregamento de
baterias, também evoluíram bastante incorporando novas tecnologia, tendo com isto
ampliando muito sua faixa de utilização, existe atualmente varias opções na faixa de
50 a 600W nominais.
No Brasil o primeiro aerogerador de grande porte foi instalado no
arquipélago de Fernando de Noronha, em 1992, tratando-se de uma turbina de
75KW, com rotor tripá de 17 metros de diâmetro, tendo o mesmo sido integrado ao
sistema de fornecimento de energia, formando um sistema híbrido com o gerador
diesel já existente na ilha, patrocinando uma economia de aproximadamente 10% no
consumo de diesel, alem da redução de emissão de poluentes.
O Atlas Eólico da Região Nordeste (CBEE & ANEEL - 1998), demonstra o
grande potencial que o Brasil tem a explorar, dispondo ao longo da costa grandes
áreas de ventos bastante regulares e de boa velocidade. Em 1998 foi inaugurada em
Sorocaba-SP, a Wobben Windpower, subsidiária da ENERCON, passando a
produzir no país aerogeradores com potência de 600 KW.
Com a instalação, em janeiro de 1999, do parque eólico de Palmas no
Paraná - primeiro parque eólico da região Sul - o incremento de seus 2,5MW,
promoveu a elevação da potência instalada no país, que já ultrapassa os 20MW.
Atualmente os maiores parques instalados são os do Ceará, representados pelo de
Taíba com 5MW e o de Prainha com 10 MW. Em Minas Gerais encontra-se o de
Gouveia com 1MW.

CONFIGURAÇÃO DE FORNECIMENTO, E
SISTEMAS DE ARMAZENAMENTO
Apesar de ser uma fonte relativamente barata a energia eólica apresenta
algumas características que dificultam seu uso como fonte regular de energia, além
de sua ocorrência ser irregular para pequenos períodos, a quantidade de energia
diária disponível, pode variar em muitas vezes de uma estação do ano para outra, em
um mesmo local.

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O fato da potência disponível variar com o cubo da velocidade do vento,
dificulta muito a questão do dimensionamento e a escolha do local para instalação,
limitando seu uso apenas em regiões de ventos fortes e relativamente constantes.

Atualmente os sistemas mais comuns de fornecimento de energia utilizando


sistemas eólicos são:

Sistemas eólicos de grande porte interligados a rede pública de distribuição


por dispensarem sistemas de armazenamento são bastante viáveis representando
atualmente a maior evolução em sistemas eólicos, já apresenta custos paritários ao
das hidrelétricas. Nesta configuração os sistemas eólicos podem ter uma
participação na ordem de 15% do fornecimento total de energia, envolvendo a
definição deste percentual estudos específicos de vários fatores que garantam
fornecimento regular e a qualidade de energia do sistema interligado como um todo.

Sistemas híbridos diesel-eólico de médio porte - nestes os geradores eólicos


podem representar fator de economia de combustível com custos bem atraentes para
locais onde não dispõe da rede de distribuição interligada e dependam de geradores
a diesel para fornecimento de energia elétrica, como o motor diesel garante a
regularidade e estabilidade no fornecimento de energia, dispensando sistemas de
armazenamento, e o transporte do diesel representa um custo adicional, a
implementação de aerogeradores é neste caso bastante compensador e recomendado.

Sistemas eólicos autônomos / armazenamento - sistemas de energia eólica


autônomos para fornecimento regular de eletricidade, tornam-se bastante
dispendiosos devido as complicações dos sistemas de armazenamento, que devem
compensar não só as variações instantâneas e diárias, mas também compensar a
variação da disponibilidade nos períodos do ano, Sendo sua aplicação limitada a
pequenos sistemas para recarga de baterias, em regiões remotas, principalmente para
fornecimento de eletricidade para equipamentos de comunicação e eletrodomésticos,
onde o benefício e conforto compensam o alto custo por watt obtido.
Outros usos diversos a geração de eletricidade, como aeromotores para
bombeamento d´agua são mais compatíveis com o uso singular da energia eólica.
Talvez o desenvolvimento de tecnologias de obtenção, aplicação e estocagem do
hidrogênio, venham a representar uma nova opção para um sistema de
armazenamento compatível com a energia eólica, possibilitando sistemas eólicos ou
eólicos-solares autônomos economicamente viáveis.

Aerogerador da Ilha de Fernando de Noronha (figura 1 )

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ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

A Companhia Energética de Pernambuco - CELPE, em convênio com o


Folkcenter - entidade Dinamarquesa e o Grupo de Energia Eólica da UFPe
instalaram na Ilha de Fernando de Noronha, a primeira turbina eólica de grande
porte em operação comercial na América do Sul.
Até pouco tempo, a eletricidade da Ilha de Fernando de Noronha era
produzida exclusivamente da geração térmica, utilizando o óleo diesel. Embora
ainda essencial, este tipo de geração é cara e traz riscos de poluição ambiental.
O equipamento instalado tem uma potência de 75kW e está fixado numa
torre de 23m de altura, com hélices de 17m de diâmetro. Foi feito um investimento
de cerca de US$ 250.000,00 na instalação da turbina prevendo-se uma economia de
cerca de 10% do óleo diesel consumido na geração de energia da Ilha.
O equipamento foi instalado em 1992 e produziu no período de 1992-1995
uma energia acumulada de 152.926kWh. Com os resultados satisfatórios, a CELPE
está estudando a implantação de outro aerogerador na ilha.

Características do Sistema :

1 Turbina Eólica de 75kW


Passo Fixo
3 pás de 17m de diâmetro
Torre autoportante de base quadrada com 23m de altura
Gerador elétrico
Tensão Nominal 3 - 380 Vrms/60Hz
Fusível de linha de 200A
Potência Nominal 90kVA/75kW (fp=0.93)
Potência do Trafo de Acoplamento à rede de 75kVA/380/13800 Vrms

Velocidade do vento Nominal : 12m/s


Partida: 3.5m/s

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Fazenda Eólica em Minas Gerais (figura 2 )

No biênio 1983-1984, a CEMIG realizou medições e avaliações do regime


do vento no Morro do Camelinho. Essas medições demostraram que a região se
apresentava como promissora para o aproveitamento energético do vento, levando a
CEMIG a escolher essa região para desenvolver novos estudos para a
implementação de um sistema de grande porte.
No segundo semestre de 1992, esse projeto foi enquadrado no Programa
Eldorado do Ministério da Ciência e Tecnologia do Governo Alemão, que oferecia
recursos na ordem de 70% dos custos totais do projeto. A usina foi instalada em
1994, no Morro do Camelinho e opera com capacidade de 1MW e teve um custo
total de US$1.540.00,00 sendo US$ 790.00,00 (51%) pagos pelo programa Eldorado
do governo alemão e US$ 750.00,00 (49%) custeados pela CEMIG e financiados
pela FINEP. Para a velocidade de vento média do local, estimada entre 6 a 7 m/s (a
30 metros de altura) prevê-se uma produção média anual de energia elétrica entre
1500 e 1800 MWh.

Características do Sistema

4 Turbinas Eólicas de 250kW cada


Rotor de eixo horizontal
3 pás de 26m de diâmetro
Torre tubular cônica de 30 metros de altura
Gerador elétrico assíncrono de pólos chaveados
Geração de 80/250 kW

Rotação de 900/1200 rpm


Tensão 380 V trifásico, 60Hz
Velocidade do vento
Nominal : 14m/s
Partida: 3m/s
Corte: 25m/s
Sobrevivência: 60m/s

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Fazenda Eólica em Mucuripe - Fortaleza CE (figura 3 )

A Companhia Energética do Ceará - COELCE inaugurou, em novembro de


1996, o parque anemoelétrico de Mucuripe. Esse parque eólico está instalado na
Praia Mansa do Porto do Mucuripe, Município de Fortaleza do Estado do Ceará, e
tem uma potência nominal de 1200 quilowatts, capaz de produzir cerca de 3,8
milhões de quilowatts-horas por ano, energia elétrica suficiente para abastecer uma
cidade de 15.000 habitantes com 3.000 residências de porte médio.
O projeto recebeu recursos subsidiados do Governo da Alemanha, através
do “Programa Eldorado”. A implantação foi viabilizada por um convênio de
cooperação firmado entre a COELCE, a Companhia Hidroelétrica do São Francisco
- CHESF e a Companhia Docas do Ceará - CDC, com a interveniência das
Secretarias Estaduais dos Transportes, Energia, Comunicação e Obras - SETECO e
de Ciência e Tecnologia - SECITECE
O objetivo geral desse projeto é demonstrar a viabilidade técnica e
econômica da produção de eletricidade em escala comercial, através da energia
eólica, no litoral do Ceará além de:

Avaliar a confiabilidade e o desempenho operacional de sistemas de conversão de


energia eólica nas agressivas condições climáticas da costa cearense.

Determinar as condições de competitividade econômica e custos envolvidos no


projeto
Capacitar recursos humanos locais no dimensionamento, instalação, operação e
manutenção de parques eólicos
Criar condições favoráveis para viabilizar o processo de transferência de tecnologia
visando a produção local de componentes e equipamentos importados.
Incentivar o setor privado a investir na geração de eletricidade através de fontes
energéticas locais.

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Características do Sistema:

O Parque Eólico Piloto do Mucuripe é composto de quatro aerogeradores de


300kW de potência nominal cada, modelo TV 300 fabricados pela firma alemã
Tacke Windtechnik, com as seguintes especificações técnicas:
Conversor Eólico-elétrico: orientação up-wind, rotor de três pás de eixo horizontal
com 33m de diâmetro e velocidade de rotação de 23 a 35 rpm com controle por stol.

Características Operacionais: velocidade de partida: 3m/s, velocidade nominal:


14m/s, velocidade de parada: 25m/s, velocidade máxima suportável: 65m/s,
operação automatizada.

Gerador Elétrico: dois estágios em montagem coaxial, assíncrono, 6/4 pólos,


trifásico, 400V, 60Hz, 900/1200 rpm, fator de potência de 0.92, potência de 100kW
no 1o estágio e 300kW no 2o estágio.

Torre: cônica de duas seções, 40m de altura, confeccionada em aço com proteção
dupla contra corrosão.

Sistema: freio (duplo), orientação de direção e supervisão/controle.

Peso: pás: 3t. torre: 26 T

nacela: 20t, total: 49 T

Usina Eólica de Prainha e Taíba - Ceará

Foto da Usina Eólica de Prainha (figura 4 )

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Foto da Usina Eólica de Taíba (figura 5 )

Ao ganhar a licitação para instalação de parques eólicos em parceria com a


Coelce, a Wobben Windpower instalou o maior parque eólico da América Latina.
Foi inaugurada em 29 de Abril de 1999 a Usina Eólica de Prainha com capacidade
instalada de 10 MW, capacidade esta, suficiente para fornecer energia elétrica para
uma cidade de aproximadamente 100 mil habitantes
Os vinte aerogeradores com capacidade de gerar até 500 kW cada, foram
fabricados com alto índice de nacionalização pela Wobben Windpower, subsidiária
da Enercon, fabricante alemã de aerogeradores que já instalou aproximadamente
2.200 aerogeradores em todo o mundo totalizando 1.100 MW de potência instalada
em dezoito países.
A Wobben também instalou outra usina na Praia da Taíba no município de
São Gonçalo do Amarante – Ceará. Em Taíba, foram instaladas dez turbinas
totalizando uma potência instalada de 5 MW inaugurada em janeiro de 1999 o que,
desde então, fornece energia elétrica para a Coelce.
Uma característica interessante das duas usinas é que ambas foram
instaladas sobre dunas, sendo assim a primeira experiência mundial no tipo especial
de fundação para sustentação das turbinas.
Os investimentos da Wobben no Ceará ultrapassam US$ 15 milhões. A
Enercon transferiu toda a tecnologia de última geração através da Wobben a custo
zero.

(Figura 6)
 
PANORAMA DA ENERGIA EÓLICA NO BRASIL

O vento constitui uma imensa fonte de energia natural, a partir da qual é


possível produzir grandes quantidades de energia elétrica. Existem, atualmente, mais
de 20.000 turbinas eólicas de grande porte em operação no mundo, com uma
capacidade instalada de 5.500 MW. De acordo com a Agência Internacional de
Energia, a capacidade mundial de turbinas eólicas instaladas alcançará 10.000 MW

15
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
até o ano 2000. Na Europa, espera-se gerar 10% de toda eletricidade a partir do
vento, até o ano 2030.
Considerando o grande potencial eólico existente no Brasil, confirmado
através de medidas de vento precisas realizadas recentemente, é possível produzir
eletricidade a custos competitivos com centrais termelétricas, nucleares e
hidroelétricas. Análises dos recursos eólicos medidos em vários locais do Brasil,
mostram a possibilidade de geração elétrica com custos da ordem de US$ 40 - US$
60 por MWh.
De acordo com estudos da ELETROBRÁS, o custo da energia elétrica
gerada através de novas usinas hidroelétricas construídas na região amazônica será
bem mais alto que os custos das usinas implantadas até hoje. Quase 70% dos
projetos possíveis deverão ter custos de geração maiores do que a energia gerada por
turbinas eólicas (ver tabela 5). Outra vantagem das centrais eólicas em relação às
usinas hidroelétricas é que quase toda a área ocupada pela central eólica pode ser
utilizada (para agricultura, pecuária, etc.) ou preservada como habitat natural.

POTENCIAL HIDRÁULICO EXISTENTE NA REGIÃO


AMAZÔNICA (Total = 261GW)

CUSTO DE GERAÇÃO ELÉTRICA PREVISTO

33% US$40 / MWh


25% US$40 - US$60 / MWh
14% US$60 - US$70 / MWh
28% US$70 / MWh

Custos Previstos para a Geração Elétrica na Amazônia (Usinas


Hidroelétricas Planejadas)
A energia eólica poderá também resolver o grande dilema do uso da água do
Rio São Francisco no Nordeste (água para gerar eletricidade versus água para
irrigação). Grandes projetos de irrigação às margens do rio e/ou envolvendo a
transposição das águas do rio para outras áreas podem causar um grande impacto no

volume de água dos reservatórios das usinas hidrelétricas e, consequentemente,


prejudicar o fornecimento de energia para a região.
Entretanto, observando o gráfico abaixo, percebe-se que as maiores
velocidades de vento no nordeste do Brasil ocorrem justamente quando o fluxo de
água do Rio São Francisco é mínimo. Logo, as centrais eólicas instaladas no
nordeste poderão produzir grandes quantidades de energia elétrica evitando que se
tenha que utilizar a água do rio São Francisco.

16
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

Comparação entre o fluxo de água do Rio São Francisco e o regime de vento


no nordeste do Brasil.
Por outro lado, o Brasil possui milhares de locais isolados onde a
eletricidade é gerada através de óleo diesel. Apenas na região Amazônica, mais de
500 comunidades utilizam motogeradores diesel para a geração elétrica com custos
de geração entre US$ 0,20/kWh e US$ 0,80/kWh. Turbinas eólicas acopladas aos
sistemas diesel existentes (sistemas híbridos eólico/diesel) podem propiciar uma
economia substancial em termos de consumo de combustível, transporte,
armazenamento, operação, manutenção e logística, sem contar com a redução da
poluição ambiental.

(Figura7)

Energia Eólica

A energia eólica é a energia obtida pela força dos ventos, e não se tem
registro de sua descoberta, mas estima-se que foi há milhares e milhares de anos
para mover as pás dos moinhos, e hoje é pesquisada para gerar eletricidade.
Atualmente existem no mundo 20 mil geradores que produzem eletricidade
a partir de força eólica (principalmente nos Estados unidos).

17
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
Produzir energia a partir do vento no Brasil pode ser um bom negócio.
Prova disso está no interesse de algumas universidades no desenvolvimento de
técnicas e equipamentos para esse setor, bem como na busca de investimentos para
implementar o progresso desse território .
Algumas pessoas da área dizem que em muitos lugares essa fonte de energia
é mais competitiva do que outras alternativas, pois o custo é relativamente baixo e o
retorno se dá a curto prazo. Dizem que ela é capaz de gerar 10% da capacidade
<Figura: fontes de energia>instalada no Brasil hoje, sendo do tipo que deve ser
bancado pela iniciativa privada. Somente esse tipo de energia pode produzir energia
localmente, em pequena escala de forma viável.
É uma forma interessante para grandes consumidores de eletricidade, como
a indústria do aço.
A CSN, por exemplo, não instalaria turbinas eólicas em Volta Redonda, mas
poderia gerar energia no Nordeste, a custos baixos, e trocá-la. Tudo indica que é
uma forma alternativa viável e barata de se conseguir suprir as necessidades
energéticas locais sem causar significativos danos ao equilíbrio dos ecossistemas.

(Figura 8)

Histórico

Depois da própria força humana, a primeira fonte de energia que o homem


utilizou foi o fogo. A técnica de utilização do fogo deve ter sido inventada por volta
de 50 000 a.C., com o uso de  pedra e madeira. Entre 10 000 e 5 000 a.C. ocorreu a
chamada Revolução Neolítica: o homem domesticou certos animais, que passaram a
servir como fonte de energia; domesticou também certos vegetais, surgindo a
agricultura e a possibilidade de uso da biomassa como fonte de energia (embora só
com a Revolução Industrial tenha sido possível aproveitar com maior eficiência a
energia dos vegetais).
A utilização da força do vento, principalmente para a navegação, deve ter
começado em torno do ano 2 000 a.C. O aproveitamento da água, da força hidráulica
para mover moinhos, iniciou-se em torno do século II a.C. A partir do ano 1 000
d.C., ocorre a exploração mais intensa do carvão mineral (a hulha, inicialmente). A
partir de 1 700 surgem importantes inovações, ligadas à Revolução Indunstrial: a
invenção da máquina a vapor foi seu acontecimento mais importante no que se
refere às fontes de energia.

Por volta do final do século XIX, verifica-se o aparecimento da eletricidade,


o desenvolvimento dos motores a gasolina ou demais derivados do petróleo e, dessa
forma, um notável desenvolvimento nas explorações petrolíferas. Em meados do
nosso século, surge a energia nuclear, sendo que a fissão nuclear (princípio de
obtenção da energia nuclear) foi utilizada inicialmente para fins militares, durante a
Segunda Guerra Mundial.

18
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
E neste momento em que nos aproximamos já do final do século XX,
despontam novas fontes de energia que poderão no futuro desempenhar o papel que
o petróleo desempenhou até o momento: a energia solar? a biomassa? a energia das
marés? a geotérmica ? o hidrogênio? a eólica, ou a energia proveniente dos
minerais?
O gráfico ao lado nos mostra como se encontrava o consumo mundial de
energia em 1994.

Figura 9

O desenvolvimento industrial está intimamente ligado ao desenvolvimento


das fontes de energia. Pode-se dizer que há uma interdependência entre ambos: o
progresso industrial é resultado da descoberta de novas fontes energéticas, que, por
sua vez, ocorreram em conseqüência das necessidades da indústria.
Com efeito, as necessidades energéticas de um país são diretamente
proporcionais ao seu grau de industrialização. Assim, as economias altamente
industrializadas são grandes consumidoras de energia e precisam importar recursos
energéticos freqüentemente para suprir suas necessidades. Em geral, esse alto
consumo exige também a utilização de diversas fontes.
A enorme participação das fontes não-renováveis na oferta mundial de
energia coloca a sociedade diante de um desafio: a busca por fontes alternativas de
energia. E isso não pode demorar a ocorrer, sob o risco de o mundo, literalmente,
entrar em colapso, pelo menos se for mantido o atual modelo de vida, em que o
petróleo tem uma importância vital. Há diversas fontes alternativas disponíveis,
havendo a necessidade de um maior desenvolvimento tecnológico para que possam
ser economicamente rentáveis e, consequentemente, utilizadas em maior escala.
Provavelmente o século XXI não terá uma única fonte de energia
predominante, como ocorreu no século XIX com o carvão e no século XX com o
petróleo. Deverão coexistir várias fontes de energia, principalmente as renováveis e
pouco poluidoras, e aquelas de origem biológica deverão conhecer uma maior
expansão nas próximas décadas.
Observação: Apesar de existir controvérsias entre alguns autores e
estudiosos da área, trataremos a energia nuclear e o carvão mineral como fontes
alternativas de energia.

Palavra dos Editores:

O aproveitamento da energia eólica no Brasil desenvolveu-se


significativamente nos últimos anos, justificando a criação do GTEE - Grupo de
Trabalho de Energia Eólica, com os objetivos de coordenar, acompanhar e divulgar
as atividades relevantes da área. Entretanto, os resultados do GTEE têm ficado
restritos ao âmbito de reuniões realizadas periodicamente e do trabalho de algumas

19
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
comissões. Faz-se necessário, assim, um veículo de comunicação e informação,
capaz de promover a maior participação e integração dos membros do GTEE. Com a
finalidade de viabilizar essa comunicação e, simultaneamente, incentivar e registrar
os progressos, foi criado o informativo do GTEE, intitulado FOLHAS AO VENTO.
Espera-se que esses objetivos sejam alcançados o mais breve possível, para
isto, propõe-se que o veículo divulgue, de maneira constante e permanente, as
notícias de interesse do grupo. Assim sendo, estabeleceu-se a periodicidade
bimestral, pelo menos na fase de implantação.
Experimentalmente, foram criadas as seções Palavra dos Editores,
Atividades das Comissões, Eventos, Notícias. A apresentação gráfica do informativo
será a mais simples possível, a fim de viabilizar a produção. O mais importante,
entretanto, é a participação efetiva de todos os integrantes do GTEE, enviando
regularmente notícias e informações sobre seus projetos e atividades.
As colaborações deverão ser encaminhadas à coordenação do GTEE, no
endereço citado à folha 6. A edição do material, a composição, a impressão e a
distribuição das FOLHAS AO VENTO fica a cargo do CRESESB - Centro de
Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito.
Sugestões e ponderações sobre o conteúdo, as seções e qualquer outro
aspecto do informativo são bem-vindas e necessárias, para que o veículo possa ser
de real utilidade na promoção dos trabalhos e na veiculação de informações dos
participantes.

Missão GTZ:

A Eletrobrás e o CEPEL, através do CRESESB, acompanharam o consultor


da GTZ, Agência Alemã para Cooperação Técnica, em missão pelo Norte e
Nordeste do Brasil, para obtenção de informações sobre atividades exercidas com
energia eólica, no período de 23 de março a 17 de abril.
Os problemas observados em Mucuripe ressaltam a importância da
instalação de plantas pilotos na inserção de novas tecnologias para uma avaliação do
desempenho de equipamentos desenvolvidos em condições ambientais distintas e
para o aprendizado das empresas na adaptação de sua estrutura a esta nova
tecnologia.
Foram visitadas, além das concessionárias estaduais (COELBA, CELPE,
COSERN, COELCE E CELPA) e regionais (CHESF e Eletronorte), a UFPe e
algumas localidades promissoras para a instalação de parques eólicos em escala de
Mw. Esta missão dá seqüência aos entendimentos mantidos entre a Eletrobrás e o
GTZ para o projeto de assistência técnica para elaboração de metodologia
de planejamento de parques eólicos no Norte e Nordeste do Brasil.
Essa etapa do trabalho foi finalizada com a realização de um “workshop”
para elaboração de um planejamento de projetos orientados por objetivos, que
concluiu com a ampliação do objetivo inicial de dois projetos de parques eólicos,
para diversos projetos em cada área de atuação das concessionárias.
Estabeleceu-se, neste encontro, como objetivo a criação de pré-requisitos
técnicos e econômicos para a implantação de parques eólicos da classe de MW no

20
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
setor elétrico no Norte e Nordeste do Brasil. Esta conclusão fundamenta-se nos
seguintes aspectos:

 forte interesse declarado pelas concessionárias, motivadas


principalmente pela necessidade de expansão da geração em face do esgotamento
de novos aproveitamentos hidrelétricos na região.
 diversidade das características dos projetos quanto à localização,
aspectos topográficos e características da rede;
 possibilidade de garantias de financiamento e alavancamento de uma
indústria nacional de máquinas eólicas;
 possibilitar a criação de legislação favorável à disseminação da
tecnologia eólica para geração de eletricidade em grande escala.
O projeto será submetido à apreciação do governo alemão e as bases de
negociação estabelecidas através do entendimento do Ministério Alemão BMZ e a
ABC.

Relato das Comissões do GTEE:

O Grupo de Trabalho de Energia Eólica -GTEE foi criado em junho de 1995


tendo como modelo a experiência e a forma de condução das atividades do Grupo de
Trabalho de Energia Solar - GTES. Foram realizadas até o momento duas reuniões,
agosto de 1995 e março de 1996 nas instalações do CEPEL. Nestes encontros foram
estabelecidos metas e objetivos assim como formação de comissões setoriais.

Potencial Eólico:

Na II Reunião do GTEE foi apresentado um termo de referência contendo


uma proposta básica de trabalho com objetivos e estratégias. Para a próxima reunião
a comissão está preparando algumas propostas de ações concretas para serem
discutidas e implementadas pelo GTEE.

Econômico Financeiro:

Foram identificados dois objetivos principais para nortear as atividades da


comissão. Os objetivos dizem respeito a:

 formação do Banco de Dados do CRESESB;


 viabilizar a geração e utilização da energia eólica por concessionárias
públicas e privadas.
Foram identificadas tarefas específicas para os participantes da comissão,
cujos resultados deverão ser apresentados na próxima reunião. Nesta, serão
apresentados alguns aspectos referentes aos programas de incentivos à difusão e
aplicação da tecnologia eólica para geração de eletricidade de alguns países.

21
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
Durante a última reunião, foi feita uma reestruturação do GTEE e foram
formadas também as comissões de Banco de Dados técnicos, Divulgação de Dados
Técnicos e Linhas de Pesquisas

Notícias e Atividades:

O CRESESB também alimenta a Base de Dados do ETDE (Energy


Technology Data Exchange) com referências nacionais de artigos sobre Energia
Renováveis. Convocamos a todos para que enviem trabalhos publicados para
divulgação tanto na Base de Dados do ETDE, como na nossa biblioteca CRESESB.
Esta é uma boa maneira de ter o seu trabalho prestigiado.
A “home-page” do CRESESB está sempre em constante atualização
devendo ser consultada sempre que necessário. Estamos abertos para qualquer tipo
de crítica e sugestões para melhorarmos cada vez mais a disseminação da
informação.

UFPB

Sistema Eólico de Pequeno Porte para Geração Elétrica:

A Universidade Federal da Paraíba - UFPB está desenvolvendo um sistema


eólico de pequeno porte para geração elétrica. O rotor é de 5m de diâmetro, eixo
horizontal com três pás de madeira, com torção e possui passo regulado por
dispositivos centrífugos. O gerador elétrico de imãs permanentes é projetado para
operar a baixas rotações, com boa eficiência e com potência em torno de 250 W. O
projeto do gerador é tema de uma tese de doutorado que tem sua conclusão prevista
para o final do ano.
O sistema já está com vários sensores instalados para monitoramento dos
testes de campo. Falta apenas a fabricação de algumas peças do cubo do rotor e os
circuitos condicionadores dos sinais dos sensores, para que o sistema possa ser
instalado e testado em campo.

CHESF

Identificação do Potencial Eólico:

A CHESF através de estudos considerando as estações anemométricas


modernas do Estado do Ceará e também com os dados históricos de velocidade de
vento, usou preliminarmente o potencial da faixa litorânea do Rio Grande do Norte e
do Ceará, identificando um potencial da ordem de 12000MW por ano.

22
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
Como parte do aperfeiçoamento da quantificação do potencial da região, a
CHESF irá implantar uma rede anemométrica através de cooperação com as
concessionárias estaduais, no Ceará (5 anemômetros), Rio Grande do Norte (5),
Pernambuco (5), Xingó (1), Sobradinho (1) e Itaparica (1), no total de 18
anemômetros com um custo de R$ 54300,00. Está prevista a expansão desta rede
numa etapa posterior.
Instalados Novos Aerogeradores de Pequeno Porte
Na COFECO (colônia de férias da COELCE em Fortaleza), foram
instalados dois aerogeradores de pequeno porte (7kW), oriundos do Projeto
Fernando de Noronha da cooperação Brasil-Alemanha (1985-1991).

Estudos Sobre os Impactos da Energia Eólica:

A CHESF está realizando estudos dos impactos sócio-econômico-


ambientais e eletroenergéticos relativos à inserção de geração eólica no sistema
elétrico.

CEPEL

Convênio CEPEL-INMET:

Esta sendo firmado o termo de cooperação técnica entre o CEPEL e o


INMET. Este convênio refere-se ao projeto de recuperação de dados anemográficos
necessários para elaboração do Atlas Eólico.

Parque Eólico de Mucuripe:

Os quatro aerogeradores de 300kW do parque eólico de Mucuripe, Fortaleza


- CE, em operação desde outubro de 1996, tiveram em abril sua revisão dos 6
primeiros meses de operação. Esta primeira manutenção foi realizada através de
treinamento e supervisão fornecidas pelo fabricante Tacke Windtechnik. Além da
rotina usual de manutenção, verificação de óleo, sapatas de freio e fixação de
parafusos - foi enfatizada a superação dos problemas decorrentes da aclimatação dos

equipamentos: sobreaquecimento do óleo do multiplicador, sobreaquecimento do


painel de controle, corrosão e funcionamento do monitoramento remoto.
Os problemas observados em Mucuripe ressaltam a importância da
instalação de plantas pilotos na inserção de novas tecnologias para uma avaliação do
desempenho de equipamentos desenvolvidos em condições ambientais distintas e
para o aprendizado das empresas na adaptação de sua estrutura a esta nova
tecnologia.

23
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

Parque Eólico de 60MW do Estado do Ceará:

A COELCE, juntamente com o Governo do Estado do Ceará, tem dado


continuidade ao estabelecimento das bases para implantação de um parque eólico até
o final da década.
Nesta última semana de maio, o Ministro do Planejamento e o Secretário de
Energia do Estado do Ceará, viajarão ao Japão para assinatura do contrato de
financiamento do parque eólico. 60% do custo do projeto são provenientes de
fundos da OECF, o restante poderá ser constituído de um consórcio com
participação de outras empresas. Através de consulta do Governo do Estado do
Ceará, a CHESF manifestou interesse de participação no empreendimento para o
qual já se estão desenvolvendo entendimentos para sua viabilização.
Espera-se, já no 2º semestre, a licitação da empresa consultora que
deflagrará o processo de elaboração do projeto básico.
Produtor Independente de Energia na COELCE já é uma Realidade
A COELCE lançou um edital de licitação para aquisição de energia de
produtores independentes, com potência instalada de 30MW, utilizando qualquer
fonte primária de geração, excetuando-se carvão e lenha, para uma tarifa de compra
da ordem de R$50,65/MWh.
O julgamento será realizado no dia 8 de julho. Até o momento, um número
superior a 35 editais já foram adquiridos por proponentes com interesse
principalmente em geração eólica.

Certificação de Turbinas Eólicas

O Brasil já dispõe de instalações para certificação de máquinas eólicas a


serem implantadas no País com a inauguração, desde março de 1996, do Centro
Brasileiro de Testes de Turbinas Eólicas - CBTTE.
Localizado em Olinda - PE e com coordenação do Grupo de Energia Eólica
da UFPE, o Centro conta com recursos do FINEP, BNB e FACEPE, da ordem de
R$300.000,00 , e está apto à realização de testes de parâmetros aerodinâmicos,
estruturais e elétricos de acordo com normas internacionais.
No próximo mês de setembro deverá entrar em operação, no local, uma
máquina de 250kW, a qual juntamente com a de 20kW, já em operação, estabelecem

um apelo promocional de iluminação dos monumentos históricos da Cidade de


Olinda.

(Figura 10)

ENERGIA EÓLICA

24
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
Turbina Savonius de eixo vertical ( Fonte página do NERG ) (figura 11)

Turbina Darrieus de eixo vertical( Fonte página do NERG ) (figura 12 )

Turbina Darrieus de eixo vertical e pá reta ( Fonte página do NERG ) (figura


13 )

Turbina de eixo horizontal tripá com gerador de 75KW ( Fonte página do


CBEE ) (figura 14 )
Cata-vento multipá com bomba d´agua(Fonte Yvel) (figura 15 )

Os aeromotores classificam-se quanto a posição do eixo e a velocidade:


Os de eixos verticais que independem da direção do vento;

25
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
Os de eixos na horizontal que devem ser providos de leme direcional para
aproar sempre o vento;
A velocidade e a direção dos ventos, medem-se com instrumentos chamados
anemômetros.
A energia cinética de uma massa de ar em movimento é dada pela equação:

Ec = ½ m v2
donde:
m = massa do volume de ar em kg/m3
v = velocidade do vento em m/s

sendo S a área da superfície apresentada ao vento:


A quantidade de energia cinética teórica Q = ½ . 1,25m . S . V3
Potência recuperável em W = joules/s = 0,625 . S . V3
Betz fez experiências chegando a um limite:
Potência recuperável Pr = 16/17 .1/2 . 1,25 S V3
donde Pr = 0,37 S V3 sendo S = pi D2/4

O Limite de Betz, fica Pr = 0,29 D2 V3 que é a potência máxima de uma


Máquina Eólica, considerando o rendimento em relação ao limite de Betz, de acordo
com o rendimento de cada tipo abaixo:

Rendimento ideal 100 %


Rendimento de hélice de 2 pás max.75 %
Rendimento de hélice multipás max.50 %
Rendimento de Rotor Darrieus max.60 %
Rendimento do tipo Savonius max.25 %
Rendimento do tipo Moinho Holandez >25 %

A potência em Watts, também leva em consideração o diâmetro versus


velocidade em m/s.
Como a potência recuperável depende da área oferecida e velocidade do
vento, vejamos como se comportam as superfícies que são expostas ao vento,
lembrando que a reação é sempre proporcional a área e ao quadrado da velocidade,
temos que:
A potência em Watts, também leva em consideração o diâmetro versus
velocidade em m/s.

Outros elementos de um sistema aerogerador também interferem no


rendimento, como alternadores, redutores, baterias, hélice, etc., o rendimento final
máximo já alcançado é de 50% do Limite de Betz, para cada tipo.

Outro ponto importante é a orientação de todo o conjunto, em função da


direção do vento, que deve ser controlado por sensores, orientado por servo-motores

26
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
e sujeito a limite de diâmetro e velocidade, conforme abaixo, pelo fato de, com a
mudança da direção do vento, o triângulo de velocidade também pode mudar e por
conseqüência o rendimento.
Desse modo para uma mesma velocidade de vento, poderemos ter potências
diferentes, em função dos diâmetros. Tomando-se por base o trabalho de Kranert,
pode-se verificar junto a Estação Meteorológica local, os dados que são anotados de
hora em hora, sobre o vento, ou de 6 em horas, nos aeroportos, para preenchimento
das cartas sinópticas, podemos dimensionar um aerogerador, para experiências, com
materiais disponíveis no mercado, isto é: baterias, geradores de automóveis, hélice
de alumínio, relay, etc.
Estudo para dimensionar um aerogerador eólico, para uma praia da zona sul
de Pernambuco, para alimentar bateria, usando um gerador de Corcel, que gera 30 A
em 12v a 3000 rpm.

Dados disponíveis:

Tensão...............................12v DC
Consumo P1......................5 A por 3 horas
Consumo P2......................1 A por10 horas
Dias sem vento..................5 dias
Dias com ventos >10 kt....15 dias
Vento de 10 kt (nós).........5,5 m/s
Dias com vento médio......10 dias a 5,5 m/s
Rotação máxima...............1.000 rpm

Pede-se
Diâmetro da Hélice.......................?
Potência de consumo.....................?
Capacidade das Baterias................?

Seqüência de cálculos:
Taxa de trabalho: Tb = (10x1+3x5)/24h = 1,042
Consumo equivalente: P = 12v(5+1).1,042 = 75 W/h

Para 5 dias sem vento:


P = 5( 3x75 ) = 1.125 w
P = 5 (7x12x1,042) = 438 w
P1......Soma.......= 1.563 w

Capacidade da bateria: B = 1563/12 = 130 ampéres


Reposição em 15 dias: P2 = 1.563/360 = 4,34 w/h
Potência do gerador: P3 = 75 + 4,34 = 79,34 w/h

O cientista Betz pesquisou e achou que a potência máxima, nas condições


de laboratório, que se poderia obter de um sistema Gerador Eólico, é dado por:

27
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

Pmax = 0,5 x 0,29 D2 V3 (Limite de Betz) = 0,145 D2 V3


e que na prática, só se consegue 50% do Limite de Betz, fica:
P = 0,5 x 0,29 D2 V3 = 0,145 D2 V3
logo D2 = P3/0,145 V3 = 79,34/0,145 x 5a3 = 3,29
donde: Diâmetro da hélice D = 1,81 m

Como para 2 pás a eficiência de modelos testados pela NASA chega a 75%,
com área equivalente a 0,83 à velocidade máxima, verificando se temos vento
suficiente, fica:

V3 = P3/0,2175 D2 = 79,34/0,2175 x 1,81a2 = 111,35


donde: Velocidade mínima V = 4,82 m/s Das tabelas e gráficos de Kranert,
temos para D = 2 m ---> rpm max = 1.000, a potência será:

O gerador disponível é para 30 ampéres e 12v a 3.000 rpm:


Pw = 30 A x 12v = 360 W a 3.000 rpm
logo para 1.000 rpm -----> Pw = 360/3 = 120 w/h

Respostas:
Potência do gerador será 120 w/h > P3
Diâmetro da hélice será 1,81 m
Consumo será 79,34 w/h
Capacidade da bateria será 130 ampéres/h

Podemos considerar o aerogerador em movimento como uma superfície


plana, perpendicular ao vento, cuja área é dada por 0,7854 D2, assim a pressão sobre
a hélice, fica:
Pmax = 0,83 V2 N/m2 = 0,83 . 5,52 . 0,7854 . 1,81a2 = 64,6 N
Pmax = 64,6 N
que multiplicado pela altura da torre, dá o esforço na base do sistema de
sustentação com o vento na velocidade máxima, sendo fundamental manter a
freqüência do sistema, longe da rotação da hélice.

USINAS

UEE Taíba – Ceará (figura 16)

UEE Prainha – Ceará (figura 17)

28
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

Usina Eólio-Elétrica Palmas 2,5 MW  -  Paraná – Brasil (figura 18)

Situada no município de Palmas, sudoeste do estado do Paraná, é a primeira


Usina Eólio-Elétrica do sul do Brasil. .Construída e operada pela empresa Centrais
Eólicas do Paraná Ltda., uma SPC entre a Wobben Windpower e a COPEL -
Companhia Paranaense de Energia . É produtora independente de energia e toda sua
produção é adquirida pela Copel. São 05 aerogeradores  ENERCON E-40/500 kW
com capacidade total instalada de 2,5MW.  A geração anual é da ordem de 7.000
MWh, suficientes para atender as necessidades de uma população de cerca de 20 mil
pessoas.  Investimento total de US$ 3 milhões.

Usina Eólio-Elétrica Taíba 5 MW  -  Ceará – Brasil (figura 19)

Situada no litoral oeste do Estado do Ceará, na praia da Taíba - município


de São Gonçalo do Amarante, a Usina Eólio-Elétrica da Taíba é a primeira do
mundo construída  sobre dunas de areia.  Foi implantada em 6 meses e inaugurada
em janeiro de 1999. A Usina Eólica da Taíba é uma unidade produtora independente
de energia elétrica, com 10 aerogeradores ENERCON E-40/500 kW, sendo que toda
a energia produzida é adquirida pela Companhia Energética do Ceará - COELCE.   
Apresenta uma capacidade total instalada de 5 MW (cinco megawatts).  A
energia elétrica anual produzida é da ordem de 17.5 milhões de kWh, suficiente para
suprir - de forma limpa e renovável - as necessidades domiciliares de uma população
de cerca de 50 mil pessoas. O investimento total para a realização do
empreendimento foi da ordem de US$ 5 milhões.

Usina Eólica-Elétrica Prainha 10 MW   -  Ceará – Brasil (figura 20 )

Situada no litoral leste do Estado do Ceará, na localidade denominada


Prainha, município de Aquiraz, a Usina Eólio-Elétrica Prainha é a maior do gênero
da América do Sul.  Foi implantada em 7 meses e inaugurada em abril de 1999.   É
uma unidade produtora independente de energia elétrica, com 20 aerogeradores

29
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
ENERCON E-40/500 kW, sendo que toda a energia produzida é adquirida  pela
Companhia Energética do Ceará - COELCE.    Com capacidade total instalada de 10
MW (dez megawatts)., sua produção anual de energia elétrica - de forma limpa e
renovável - é da ordem de 35 milhões de kWh, suficiente para suprir as necessidades
domiciliares de uma população de cerca de 100 mil pessoas.  O investimento total
para a realização do empreendimento foi da ordem de US$ 10 milhões.
           O grande sucesso das turbinas eólicas ENERCON se deve não apenas
à qualidade e confiabilidade, mas especialmente pelas características de sua
tecnologia única e inovadora:

a) Acoplamento direto, rotor/gerador, eliminando a necessidade de caixa


de engrenagens, o que resulta em enormes benefícios como: maior vida útil,  menor
custo de manutenção e ausência de problemas ocasionados pelo desgaste de
engrenagens, troca de óleo e outros.
b) Rotação variável : maior eficiência aerodinâmica, início de geração
com velocidades baixas de vento, menor nível de ruído.
c) Conversor e gerenciador de energia: melhor para estabilizar redes
fracas, com qualidade superior de energia, sem harmônicos e maior segurança
operacional.
d) Controle ativo das pás do rotor por ângulo de passo: melhor controle
de potência, maior segurança em qualquer regime de ventos.        

AEROGERADOR E-12

Fabricante ENERCON GmbHModeloE-12Capacidade nominal 30kW


Diâmetro do Rotor12 m Altura do eixo24-32 m (diversas opções de torres e bases). 

Rotor com controle ativo de ângulo de passo das pás:

Tipo na Frente da Torre Sentido de rotação Horário Número de pás 3 Área


varrida pelas pás113 m2 Material das pás Fibra de vidro (reforçado com epoxy) com
proteção total contra descargas atmosféricas Velocidade do rotor variável de 30-90
rpm Controle de potência Ativo (eletromecânico)  

Gerador

Eixo Rígido Mancais Rolamento de esferas Gerador Máquina síncrona


ENERCON com imã permanente e acionamento direto rotor/gerador  Alimentação
da rede elétrica via conversor ENERCON  Sistemas de controle.

30
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
 Controle ativo de passo das pás;
 Freio de gerador para serviço;
 Trava de rotor para serviço;
 Passo bandeira das pás para proteção contra sobrevelocidade.

Controle do orientação passivo por sensor eólico de leme  Velocidade do


vento - início de produção3 m/s  Velocidade do vento - potência nominal11 m/s

AEROGERADOR E-30

Fabricante ENERCON GmbHModeloE-30Vento Classe I Potência nominal


280kW Diâmetro do Rotor 26m Vento Classe II Potência nominal 200/230kW
Diâmetro do Rotor 30m Altura do eixo36-50 m (várias opções de torres e bases) 

Rotor com controle ativo de ângulo de passo das pás

Tipo Na frente da torre Sentido de rotação Horário Número de pás 3


Comprimento das pás 12/14m Área varrida pelas pás531/707 m2Material das pás
Fibra de vidro (reforçado com epoxy) com proteção total contra descargas
atmosféricas Velocidade do rotor variável de 16-48 / 18-60 rpm Velocidade de ponta
de pá25-75 / 25-82 m/s. Controle de potência 3 sistemas elétricos de acionamento

sincronizado do ângulo de passo das pás, com suprimento reserva de energia para
emergências  

Gerador

Eixo Rígido Mancais Rolamentos de esferas Gerador Gerador de anel


ENERCON com acionamento direto rotor/gerador  Alimentação da rede elétrica
Conversor ENERCON  Sistemas de frenagem
 3 sistemas independentes de controle do ângulo de passo das pás;
 Freio de rotor;
 trava de rotor para serviço e manutenção.

Controle do orientação Ativo por engrenagens, amortecimento por


atrito  Velocidade do vento - início de produção2,5 m/s  Velocidade do vento -
potência nominal12 m/s

AEROGERADOR E-40

31
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

Fabricante WOBBEN Windpower / ENERCON GmbHModeloE-40Vento


Classe I Potência nominal 600kW Diâmetro do Rotor40m Vento Classe II Potência
nominal 500/600kW Diâmetro do Rotor42-44 m Altura do eixo44-78 m (várias
opções de torres e bases) 

Rotor com controle ativo de ângulo de passo das pás:

Tipo na frente da torre Sentido de rotação Horário Número de pás3Área


varrida pelas pás1276/1385/1521 m2Comprimento das pás19/20/21m Material das
pás Fibra de vidro (reforçado com epoxy), com proteção total contra descargas
atmosféricas Velocidade do rotor variável, 18-38/18-36/18-34 rpm Velocidade de
Ponta de Pá38-80/40-80/41-78 m/s Controle de potência3 sistemas elétricos de
acionamento sincronizado do ângulo de passo das pás, com suprimento reserva de
energia para emergências.
  
Gerador

Eixo Rígido Mancais Rolamentos de esferas em fila dupla Gerador Gerador


de anel ENERCON com acionamento direto rotor/gerador  Alimentação da rede
elétrica Conversor ENERCON  Sistemas de frenagem

 3 sistemas independentes de controle do ângulo de passo das pás;


 Freio de rotor;
 Trava de rotor para serviço e manutenção.

Controle de orientação Ativo por engrenagens, amortecimento por


atrito  Velocidade do vento - início de produção2,5 m/s  Velocidade do vento -
potência nominal13,0 m/s

AEROGERADOR E-58

Fabricante ENERCON GmbHModeloE-58Potência nominal 850 a 1.000


kW Diâmetro do Rotor58 m Altura do eixo A partir de 70 m (várias opções de torres
e bases). 

Rotor com controle ativo de ângulo de passo das pás:

Tipo Na frente da torre Sentido de rotação Horário Número de pás3Área


varrida pelas pás2.642 m2Comprimento das pás23/27 m Material das pás Fibra de
vidro (reforçado com epoxy) com proteção total contra descargas atmosféricas
Velocidade do rotor variável de 10-23 rpm Velocidade de Ponta de Pá30-70 m/s

32
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
Controle de potência3 sistemas elétricos de acionamento sincronizado do ângulo de
passo das pás, com suprimento reserva de energia para emergências  

Gerador

Eixo Rígido Mancais Rolamentos de esferas em fila dupla Gerador Gerador


de anel ENERCON com acionamento direto rotor/gerador  Alimentação da rede
elétrica Conversor ENERCON  Sistemas de frenagem:
 3 sistemas independentes de controle do ângulo de passo das pás ;
 Freio de rotor;
 Trava de rotor para serviço e manutenção.

Controle de orientação Ativo por engrenagens, amortecimento por


atrito  Velocidade do vento - início de produção2,5 m/s  Velocidade do vento -
potência nominal12 m/s

AEROGERADOR E-66

Fabricante ENERCON GmbHModeloE-66Potência nominal 1.500 a 1.800


kW Diâmetro do Rotor66-70 m Altura do eixo65 - 98 m (várias opções de torres e
bases) .
Rotor com controle ativo de ângulo de passo das pás:

Tipo Na frente da torre Sentido de rotação No sentido horário Número de


pás3Área varrida pelas pás2.827/3.421/3.848 m2Comprimento das pás27/30,8/32 m
Material das pás Fibra de vidro (reforçado com epoxy) com proteção total contra
descargas atmosféricas Velocidade do rotorvariável,10 - 22 rpm Velocidade de
Ponta de Pá35-76 m/s Controle de potência3 sistemas elétricos de acionamento
sincronizado do ângulo de passo das pás, com suprimento reserva de energia para
emergências  

Gerador

Eixo Rígido Mancais Rolamentos cônicos e cilíndricos Gerador Gerador de


anel ENERCON com acionamento direto rotor/gerador  Alimentação da rede
elétrica Conversor ENERCON  Sistemas de frenagem

 3 sistemas independentes de controle do ângulo de passo das pás;


 Freio de rotor;
 Trava de rotor para serviço e manutenção.

33
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
Controle de orientação Ativo por engrenagens, amortecimento por
atrito  Velocidade do vento - início de produção 2,0 m/s  Velocidade do vento -
potência nominal 13,0 m/s

Utilização Internacional de Energia Eólica

- Situação no final de 1997 e previsão para 2002 -

O desenvolvimento internacional da aplicação da energia eólica envolve


mais e mais países. A Espanha instalou 262 MW apenas em 1997, um grande passo
adiante, e quase ultrapassou a Dinamarca, país de grande tradição em energia
eólica, com 285 MW no mesmo período. Para os próximos cinco anos, ou seja,
2002, é esperada a instalação de 12 500 MW em aerogeradores em todo o mundo.
Pelo menos para a Alemanha, a taxa de crescimento é considerada como sendo
muito moderada se comparada com, a instalação esperada em 1998, que já será
40% do crescimento assumido de 5 anos de 2 100 MW. Para o mundo inteiro, a taxa
de crescimento esperada por ano é de cerca de 2 500 MW.

- A Experiência Alemã –

1.Introdução

A taxa de instalação de 533 MW em 1997 que substituiu o antigo recorde anual de


505 MW , ocorrido em 1995, não apenas mantém a Alemanha na posição de líder
entre todos os países que utilizam a energia eólica no mundo, como também
ultrapassa a barreira dos 2000 MW em instalações de turbinas eólicas na Alemanha.
Há dez anos atrás, a indústria eólica alemã era muito pequena e vista tecnicamente
como obsoleta. Hoje os fabricantes alemães são líderes do desenvolvimento técnico
e os sistemas de geração de energia eólica da classe de megawatt são um produto da
competição do mercado na Alemanha. Atualmente muitas pessoas estão interessadas
em saber como iniciou-se este incrível desenvolvimento nos últimos anos.
Desde 1974 até 1988 a Alemanha gastou cerca de 300 milhões de Marcos no
desenvolvimento de coversores de energia eólica. De 1989 em diante uma quantia
adicional de 300 a 400 milhões de Marcos serão gastos até o ano 2006 com pesquisa
e subsídios ao mercado. Enquanto que nos 15 primeiros anos de subsídios
governamentais para a energia eólica a Alemanha era conhecida como a campeã em

subsídios sem resultados visíveis, o período de 1989 em diante mostrou um sucesso


no desenvolvimento não esperado, sob mais ou menos as mesmas condições de
orçamento anterior. A grande diferença foi que desde 1989 grande parte da verba
alocada foi diretamente dirigida ao desenvolvimento do mercado e não mais para

34
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
atividades de pesquisa. Como primeiro passo, o então conhecido como “Programa
Experimental de 250 MW” foi lançado em meados de 1989 e que subsidiava o kWh
gerado com 0,08 DM e a partir de 1991 com 0,06 DM .
Desde 1991 a Lei Federal de Alimentação Elétrica para energias renováveis garante
90% do preço médio de venda da energia elétrica. Ambas medidas foram
combinadas com subsídios estaduais adicionais de, inicialmente, até 50% dos custos
de investimentos do projeto. Este lado financeiro foi acompanhado por ordens de
planejamento político que instruíam os distritos a determinar uma certa quantidade
de localidades para utilização em geração de energia eólica. Estudos preparatórios
para localizar terrenos para fazendas eólicas, a mudança da lei federal para
construção de edificações para localidades situadas fora das áreas de planejamento
para construções (construções em terra branca) das comunidades e a fundação de
novos institutos de energia eólica ajudaram a indústria, os investidores de energia
eólica, ministérios e administrações locais em seu objetivo de alcançar uma
aplicação mais intensiva da energia eólica.
Este relatório mostra , em maiores detalhes, as razões e os efeitos das
medidas federais e de governos locais que deram apoio técnico, legal e financeiro e
que tornaram a utilização da energia eólica um setor promissor da economia alemã
com ótimas chances de crescimento contínuo no futuro. Após vários anos
desinteresse e atraso técnico, a indústria alemã assumiu uma posição de liderança
econômica e técnica com conceitos inovativos e altos padrões de qualidade. O ano
de 1998 representa o segundo ano de operação bem sucedida do novo aerogerador
de1,5 MW no mercado alemão , um desenvolvimento que não era esperado após as
experiências do desenvolvimento dos aerogeradores da classe de megawatt nos anos
oitenta e início dos anos noventa.

2. Desenvolvimento Técnico da Energia Eólica

2.1 Desenvolvimento e Aplicação de Pequenos Aerogeradores antes de 1989

Por algum tempo, aerogeradores pequenos, na classe de20 a 50 kW, foram


utilizados na Dinamarca, quando em 1982 surgiu o mercado americano de
aerogeradores na Califórnia. Possibilidades especiais de depreciação e programas de
subsídios estaduais , válido de 1979 a1985, foram eficazes e alavancaram o número
de pequenos aerogeradores de 150 em 1981 a aproximadamente 16 000 em 1985.
Devido ao fato que a Dinamarca possuía uma pequena indústria para aerogeradores
de até 55 KW, os fabricantes dinamarqueses participaram com cerva de 75% de
todos os aerogeradores instaladas na Califórnia.

A lição aprendida do evento Califórnia foi que é mais importante atrair o


capital privado e desenvolver uma mercado de energia eólica em vez de contar com
subsídios estaduais, P & D, e com concessionárias apenas. Dentro de um curtíssimo
período vários novos fabricantes dinamarqueses apareceram no mercado

35
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
californiano e quiseram tirar um pedaço do bolo para eles próprios. Esta dura
competição junto com a produção seriada necessária levaram os preços dos
aerogeradores a um rápido declínio enquanto a demanda crescia simultaneamente. A
maior parte dos fabricantes dinamarqueses que surgiram simultaneamente, ainda
hoje encontram–se no mercado e alinham-se como maiores fabricantes de
aerogeradores em todo o mundo.
Durante os poucos, porem ativos anos do mercado californiano, os fabricantes
já haviam começado a aumentar o tamanho dos aerogeradores. Aos aerogeradores
de 55 KW seguiram-se os de 75 KW e estes foram seguidos pelos de 100 KW. Por
causa da relativa independência do tamanho na instalação dos aerogeradores, o
diâmetro do rotor aumentou em paralelo ao aumento da potência de 15 até 17 a 19m.
Os tamanhos maiores sempre demonstraram ser mais econômicos e portanto
eram preferidos pelos investidores. No fim do rush dos aerogeradores na Califórnia
em 1985, os primeiros aerogeradores de 25m com cerca de 250KW apareceram
como protótipos e vagarosamente entraram no mercado. Os fabricantes
dinamarqueses então redescobriram o mercado na própria Dinamarca, que, devido a
condições financeiras favoráveis para ligação à rede, cresceu rapidamente e manteve
os fabricantes dinamarqueses vivos.

2.2 Desenvolvimento de Grandes Protótipos de Aerogeradores antes de 1989

Paralelamente ao desenvolvimento de aerogeradores, muitos países


subsidiaram o desenvolvimento de grandes máquinas. Por um longo período, que
começou em 1976 e terminou mais ou menos nos anos oitenta, todos esses
desenvolvimentos de grandes aerogeradores no mundo foram independentes das
demandas de mercado. A idéia política vigente era que com aerogeradores da classe
de megawatt, confiáveis tecnicamente, as concessionárias comprariam estas
máquinas para produzir energia elétrica através do vento, e isto poderia criar um
mercado comercialmente interessante para a indústria. Mas a realidade mostrou
exatamente o contrário. As concessionárias, mesmo quando engajadas no
desenvolvimento de grandes aerogeradores não estavam interessadas na aplicação
comercial da energia eólica, principalmente porque havia um excesso na potência
instalada e, claro, porque a falta de engajamento financeiro das companhias que
desenvolviam finalmente não conduziram a um aerogerador da classe de MW
confiável.

2.3 Desenvolvimento de Grandes Aerogeradores Comerciais após 1989

Até o começo do rápido desenvolvimento da energia eólica na Alemanha em


1989, os maiores aerogeradores situavam-se na faixa de 25 m de diâmetro do rotor

36
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
com cerca de 150 a 250 KW de potência. O próximo passo do desenvolvimento foi
na direção dos rotores com dimensões de 30 a35 m e potências superiores a 300 kW.
Por um período de dois a três anos esta classe dominou o mercado alemão , até que
em agosto de 1992 o primeiro aerogerador de 500 kW , produzido pela Tacke
Windtechnik entrou em operação , seguida, alguns meses mais tarde, pela E-40 da
ENERCON e por outros fabricantes europeus. O resultado do desenvolvimento
desta máquina de 500 kW , que iniciou com o diâmetro medindo 37 m, foi a
máquina de 600 kW e 46 m, especialmente projetada para regiões com valores de
ventos mais baixos, para aplicação no interior.
Uma vez que os fabricantes sempre procuraram por melhores condições
econômicas para os grandes aerogeradores, seu desenvolvimento rapidamente
evoluiu. No final de 1996, apenas quatro anos após a máquina de 500 KW da Tacke
Windtechnik ter entrado no mercado , a ENERCON colocou em operação o
aerogerador de 1,5 MW com 66 m de diâmetro do rotor.. Outros fabricantes
apresentaram um estágio intermediário no desenvolvimento e produziram máquinas
de 500 KW ou 1 000 KW antes de passarem à classe de 1,5 MW. Hoje em dia
vários fabricantes europeus produzem aerogeradores da classe de MW e o velho
jogo de alterar um pouquinho o diâmetro ou a potência para ultrapassarem seus
competidores recomeçou . Após a máquina de 1,5 MW e 66 m de diâmetro, um
competidor ofereceu uma máquina com o diâmetro porém com 1,65 MW de
potência e um outro já está desenvolvendo uma de 1,8 MW com 70 m. Potências de
mais de 2 MW já estão em desenvolvimento.
Como resultado, pode-se afirmar que o desenvolvimento dirigido pelo
aspecto comercial das máquinas da classe de MW foi vitorioso e portanto mostram
que o fracasso de aerogeradores desta classe desenvolvidos anteriormente não tem
nenhuma relação com os problemas causados pelo tamanho. A questão é: quis são os
limites comerciais para o desenvolvimento das potências? No momento potências de
2 a 3 MW com 70 a 80 m de diâmetro do rotor podem ser razoáveis para aplicações
terrestres. A tendência para aplicações “offshore” pode ser para unidades ainda
maiores em decorrência da infra-estrutura e problemas de acesso para O & M para
máquinas localizadas no mar.

Com ou sem Multiplicador?

Alguns fabricantes desenvolveram com sucesso aerogeradores sem


multiplicador e abandonaram a maneira tradicional de construir uma turbina eólica
com caixa de transmissão mecânica para adaptar a baixa velocidade do rotor à
velocidade rotacional muito mais elevada dos geradores convencionais. Até o
presente, ambos os tipos de aerogeradores são bem sucedidos no mercado
internacional sem uma clara tendência de qual tipo ganhará a competição. Ambos os

tipos possuem suas vantagens e desvantagens mais ou menos igualmente


distribuídas. A decisão em usar o multiplicador ou fabricar um aerogerador sem
caixa de engrenagens portanto freqüentemente é uma questão de filosofia do
fabricante, baseada em tradição, metas de desenvolvimento tecnológico e custo total

37
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
de gestão. Possuir ou não multiplicador, portanto, não é somente uma questão de
comparação de custo entre um conjunto gerador/multiplicador e um gerador anel.
As idéias por trás dos diferentes projetos são explicadas em detalhe abaixo.
Aerogerador sem Multiplicador
Para alguns fabricantes, a turbina eólica sem multiplicador possui tantos
aspectos atrativos que eles abandonaram a maneira tradicional de projetá-las. Ao
invés de utilizar uma caixa de engrenagens com uma alta relação de transmissão
para alcançar a alta rotação de geradores padrão bem compactos, eles utilizam
geradores multipolos de baixa velocidade de grandes dimensões que ocasionam uma
certa desvantagem no transporte especialmente na classe de megawatt. Por outro
lado, o número de peças mecânicas é consideravelmente reduzido. Sem grandes
caixas de engrenagens, sem elementos acopladores, poucos elementos rotativos ,
projeto da nacele muito simples e por último, mas não menos importante, menos
manutenção .

Fig. 1: Projeto de uma Turbina Eólica sem Multiplicador

Em combinação com stol ou controle de passo motorizado e um sistema de


orientação da nacele elétrico, todo óleo de lubrificação ou hidráulico pode ser
evitado, o que se constitui, certamente, numa vantagem de operação e manutenção.
O argumento que estes geradores anel fabricados para energia eólica em
pequenas quantidades são muito caros para competirem com os aerogeradores
tradicionalmente projetados não é, na verdade, válido. Com o crescente aumento de
tamanho, também os geradores tradicionais e as caixas de multiplicação são
produzidos em menor quantidade, o que significa que a vantagem de custos baixos
devidos à produção seriada tornam-se menos importantes.
Aerogerador com Multiplicador
A maneira tradicional de projetar uma turbina eólica é a de se colocar o trem
de engrenagens entre o rotor e o gerador, o qual consiste de eixos, mancais,
engrenagens de transmissão e acoplamentos. Em princípio, todas essa partes são
peças normais que podem ser compradas de fabricantes especializados através de
ofertas. Na opinião de projetistas de aerogeradores isto garante alta qualidade a
preços baixos, a incorporação de um know-how de longa data e a chance de mudar
de fornecedor de componentes para aumentar a qualidade ou reduzir custos.
Também com respeito ao negócio como um todo, peças padrão podem ser
fabricadas mais facilmente em outros países industrializados, sendo freqüentemente
um item que permite a inserção em um determinado país.

38
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
Fig. 3 : Projeto de Nacele Integrada
A Fig. 2 mostra o projeto da máquina com os componentes separados,
ocasionando estruturas de nacele maiores, porém proporcionando fácil substituição e
manutenção dos componentes individuais.
Uma nacele bem mais compacta é possível com a integração de vários
componentes no multiplicador (Fig.3 ) , que também serve de berço para todos os
componentes da máquina.
Sob as normas de fabricação de engrenagens atuais, o ruído produzido por
um multiplicador não é motivo para fabricar um aerogerador sem este. Bem
projetada, as engrenagens de transmissão são capazes de alcançar a vida útil
desejável de vinte anos e a troca de óleo lubrificante pode ser reduzida a poucas
vezes. Todo o maquinário no interior da nacele é dividido em partes compactas,
cada uma com um tamanho tal que, mesmo para a classe de megawatt, permite fácil
transporte para montagem no sítio.

Sistema Elétrico das Turbinas Eólicas

A conversão de energia das turbinas eólicas mais modernas pode ser


dividida em três conceitos principais, máquinas de velocidade constante com uma ou
duas velocidades e máquinas de velocidade variável. O conceito preferido é o da
máquina de suas velocidades (veja o gráfico) , mas mesmo assim, uma tendência
para as máquinas de velocidade variável pode ser observada no desenvolvimento
dos aerogeradores da classe megawatt.
Os três componentes principais para a conversão de energia nos
aerogeradores são o rotor , o multiplicador e o gerador. O rotor converte a energia
eólica flutuante em energia mecânica e é, portanto, o componente diretor no sistema
de conversão. O gerador e possivelmente um inversor eletrônico consomem a
potência mecânica produzida , convertendo –a para energia elétrica, e injetando-a na
rede. O multiplicador adapta a velocidade do rotor à do gerador. O multiplicador não
é necessária par geradores multipolos de baixa velocidade.
Nas máquinas de velocidade constante , o gerador é diretamente conectado
à rede. A freqüência da rede determina a rotação do gerador e portanto a do rotor. A
baixa rotação do rotor da turbina n(rotor) é transmitida para o gerador n(gerador) por
um multiplicador com relação de transmissão r. A velocidade do gerador depende
do número de pólos p e da freqüência da rede f(rede)

n ( rotor) = n(generator)
------------------
r

n (generator) = f (grid)
-----------
p

n (rotor) = f (grid)

39
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
----------
r.p

Fig.

Os detalhes das máquinas de velocidade constante estão representadas no


gráfico. As maiores vantagens dos aerogeradores com geradores assíncronos é sua
construção simples e barata. Além disso, não são necessários dispositivos para
sincronismo. Com exceção dos mancais, não existem partes sujeitas a desgaste. As
desvantagens dos geradores assíncronos são as altas correntes de partida, que
comumente são suavizadas por um tiristor de controle, e sua demanda por reativos.
Nas máquinas de velocidade variável o gerador é conectado à rede por um
sistema inversor eletrônico ou então os enrolamentos de excitação de gerador são
alimentados por uma freqüência externa de um inversor. No primeiro caso estamos
falando de sistemas geradores com link de inversor cc e seus detalhes são mostrados
na Figura a baixo.

Fig.
A idéia básica da turbina com velocidade variável é o desacoplamento da
velocidade de rotação do gerador e, consequentemente, do rotor da turbina da
freqüência de rede. O rotor pode funcionar com velocidade variável ajustada à
situação real da velocidade do vento.
A principal vantagem é a redução da potência e as flutuações de carga
mecânica através do armazenamento da energia eólica em energia cinética rotacional
do rotor do aerogerador e o melhor ajuste da velocidade do rotor para operar a um
coeficiente de potência cp Máximo. As desvantagens são os altos esforços de
construção e a geração de harmônicos, o que pode, evidentemente, ser reduzido a
níveis insignificantes. Ambos os conceitos básicos de aerogeradores provaram sua
confiabilidade e eficiência na geração de energia em fazendas eólicas e em
aplicações isoladas nos últimos anos.

Conexão à Rede de Aerogeradores

A maioria dos aerogeradores convertem energia eólica em energia elétrica, a


qual é injetada no sistemas de fornecimento de eletricidade. A ligação dos
aerogeradores aos sistemas de fornecimento de energia é possível ao:

40
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
Sistema de baixa Para aerogeradores pequenos a médios(até ~
tensão 300 KW)

Sistema de média Para aerogeradores médios a grandes e


tensão pequenas a médias fazendas eólicas até 10 – 15 MW
Sistema de alta Grandes fazendas eólicas > 15 MW
tensão

A maioria dos aerogeradores são conectados aos sistemas de média tensão .


Devido às altas perdas sem linhas de baixa tensão, cada uma das turbinas numa
fazenda eólica possui seu próprio transformador para elevar sua tensão (400 ou 690
V) para a tensão da linha de média tensão. Para grandes fazendas eólicas, é
necessária uma subestação separada para transformação do sistema de média tensão
para o sistema de alta tensão.
Qualidade de Energia e Interferências da Rede
O termo qualidade de energia de aerogeradores descreve o desempenho
elétrico do sistema gerador de eletricidade da turbina. Reflete a geração de
interferências na rede e, portanto , a influência de um aerogerador na qualidade da
energia e tensão da rede. Especialmente em áreas com fracas condições de rede, e
com crescente penetração da energia eólica, a qualidade de energia torna-se um
dos fatores mais importantes para a instalação de aerogeradores. O desempenho da
qualidade de energia de um aerogerador afeta os requisitos para conexão à rede e
portanto a situação econômica dos projetos de energia eólica. As interferências
causadas por aerogeradores na rede são, principalmente, distorções de tensão, que
podem ser descritas em diferentes domínios de tempo:

Harmônicos acima de 50 Hz
Cintilação 0,01 – 35 Hz
Elevação < 0,01 Hz
transitórios aleatórios

Além das distorções da tensão , também devem ser considerados o consumo


de potência reativa e o fator de potência. As interferências na rede são induzidas por
diferentes causas de distorção, que são , em sua maioria, específicas das turbinas.
Causas como produção média de energia, intensidade da turbulência e
camada limite são determinadas por condições meteorológicas e de terreno. As
causas restantes são todas decorrentes de desempenho técnico dos aerogeradores,
que não é dado somente pelas características dos componentes elétricos , como o
gerador, transformador etc., mas incluem as características aerodinâmicas e
mecânicas do rotor e do trem de acionamento. Também o projeto do controle dos
aerogeradores tem uma alta influência na qualidade de energia. Melhoramentos no

41
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
controle dos aerogeradores ou das fazendas eólicas proporcionam melhor qualidade
de energia e portanto reduzem os custos de instalação ou resultam em melhor
eficiência na geração de energia.
Os fatores essenciais da perturbação do sistema são:
 Skv: potência de curto-circuito da rede no ponto de acoplamento
(PCC)
 Snom : potência aparente nominal da turbina eólica
 Propriedades especiais do sistema (projeto elétrico, método de
operação etc.)
 Efeito combinado de várias turbinas eólicas similares na rede

A perturbação do sistema aumenta com o aumento da potência aparente


nominal do aerogerador e diminuiu com o crescimento da potência de curto-circuito.
Para fazendas eólicas, a penetração máxima pode ser somada
aritmeticamente ou para cintilação e inter harmônicos pode ser somados
geometricamente multiplicando por n , onde é o número de aerogeradores isolados.

Parâmetro Causa
Elevação /queda de tensão Produção de energia
Flutuações de tensão e Operações de chaveamento, efeito
cintilação sombra da torre, erro de passo da pá, erro de
mudança de direção, camada limite,
flutuações da velocidade do vento,
intensidade da turbulência
Harmônicos Inversor de freqüência, controlador
do tiristor,(capacitores)
Consumo de potência reativa Componentes indutivos ou sistemas
de geração
Picos e quedas de tensão, Operações de chaveamento
transitórios

Variações de Tensão

A produção e consumo de potências ativa e reativa leva a aumentos ou


quedas de tensão.
Essas variações de tesão podem ser calculadas a partir da potência e as
complexas impedâncias da rede. No caso de redes complexas, tais como sistema em
anel ou malhados, o aumento ou queda de tensão pode ser determinado por
complexos cálculos de fluxo de potência.
As correntes de partida dos aerogeradores levam a picos de tensão. O fator
K (imax) de pico de corrente descreve o valor máximo atingido durante as operações
de chaveamento em relação à corrente nominal.

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ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
Medições do Desempenho de Aerogeradores

A curva de potência de uma Turbina Eólica (TE) é um dos fatores mais


importantes na decisão sobre a rentabilidade de um projeto de energia eólica, além
das condições de vento e econômicas gerais. Além disso, a curva de potência pode
servir de base para futuros desenvolvimentos técnicos e melhoramentos de das
turbinas existentes. É um critério importante para avaliação de uma turbina eólica
para o fabricante, assim como para o operador potencial. Com base na curva de
potência medida por um órgão independente, o fabricante pode garantir a eficiência
da turbina eólica e portanto o método confiável par avaliar o risco de um
investimento.

Procedimento de Medição

Como toda a faixa de velocidade de vento deve ser medida no local de


instalação da turbina eólica para se obter uma curva de potência completa, as
medições devem ser feitas durante um período longo de tempo, de muitos meses.
Este período de medição depende essencialmente do local e da estação , em
decorrência das condições variáveis do vento.
O critério para o sistema de aquisição de dados, incerteza de medição e
avaliação estatística dos dados medidos é definido na norma IEC.

Arranjo para Medição

O potencial de energia eólica depende da velocidade do vento, temperatura e


pressão do ar e, em menor grau, da umidade do ar. Esta dependência define quais
parâmetros
Físicos devim ser determinados adicionalmente à potência elétrica de um
aerogerador.
Uma determinação precisa da velocidade do vento é muito importante por
causa da Relação cúbica entre a potência eólica e a velocidade do vento a ( medida
na altura do cubo). Em algumas faixas de potência, um erro de 1% na medição na
velocidade do vento ocasiona uma incerteza de 3% na medição da potência.
Para medições de curva de potência, a velocidade do vento na altura do cubo
da turbina eólica é determinada com anemômetros montados em mastros
meteorológicos especiais, que são localizados a uma distância da turbina entre 2 e 4
vezes o diâmetro do rotor no lado do fluxo de ar sem perturbação. Os sinais de
medição mais relevantes como velocidade do vento, potência elétrica e direção do
vento são registrados com uma taxa de amostra de aproximadamente 1 Hz.

Avaliação

De acordo com a norma IEC os dados registrados tem que ser a média
obtida num intervalo de 10 minutos. Este processo de tomar a média garante que os

43
ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
dados de velocidade média de vento são representativos para o fluxo de ar incidente
visto pela turbina eólica, não obstante a distância relativamente grande entre o
mastro de medição e a localização da turbina. Estes pares de dados de velocidade
média e potência formam o conhecido “dados brutos” de uma curva de potência.
Limitados pela dispersão relativamente ampla dos dados brutos, uma curva
de potência assim determinada dificilmente é adequada para dados posteriores. Este
método é chamado de “método dos intervalos”.

Calibração de Anemômetros

Geral

Medições de velocidade de vento são de suma importância ao se considerar


os aspectos econômicos de projetos de turbinas eólicas. Um erro de 3% nas
medições de velocidade de vento levam a erros de 10% na produção anual de
energia e , por esta razão, não é aceitável. Portanto, a calibração de um anemômetro
individualmente, antes e após uma campanha de medições é absolutamente
necessária.

Cálculo de Energia Produzida e Emissão de Ruído para Fazendas


Eólicas.

De modo a otimizar a exploração da energia eólica em fazendas eólicas é


necessário executar um avaliação das condições de vento existentes e das
características especiais do terreno disponível. A principal tarefa no projeto de
fazendas eólicas é otimizar o alinhamento geométrico das instalações com respeito
à energia gerada, viabilidade econômica e emissão de ruídos acústicos.
Investigações são necessárias para possibilitar a exploração ótima de um sítio ou
fazenda eólica.

Medições da Velocidade do Vento e Perfis do Vento

As medições da velocidade do vento são o ponto mais crítico para a


avaliação do recurso de vento, determinação do desempenho e predição da energia
anual gerada. Em termos econômicos, erros traduzem-se diretamente em risco
financeiro. Não há outro setor onde a importância das incertezas nas medições da
velocidade do vento é tão grande como na energia eólica.

Devido à falta de experiência, muitas medições de velocidade de vento


possuem incertezas inaceitavelmente altas porque não são aplicadas boas práticas na
seleção, calibração e montagem dos anemômetros e na seleção do local de medição.

Comparação interlaboratorial internacional de calibração de anemômetros


comprovou que incertezas superiores a até +- 3,5% ocorreram nas calibrações em

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ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
diferentes túneis de vento. Isto significa cerca de 10% de incerteza na predição da
energia gerada. Os túneis de ventos aceitos pela MEASNET não diferem em mais do
que 0.5% da velocidade de vento de referência. A MEASNET desenvolveu um
Procedimento de Medição para Calibração de Anemômetros de concha,
especialmente desenvolvido para aplicações de energia eólica. É muito importante
que cada anemômetro utilizado para as medições da velocidade do vento seja
calibrado individualmente num túnel de vento.
Tão importante quanto a calibração, é a seleção dos anemômetros.
Anemômetro de má qualidade causam altas incertezas nas medições da velocidade
do vento, mesmo se eles forem individualmente calibrados num túnel de vento. A
razão para isto é que, sob condições atmosféricas reais, em ar com turbulência, os
anemômetros se comportam diferentemente em relação ao túnel de vento.
Investigações demonstraram que alguns anemômetros são extremamente sensíveis a
fluxos de ar inclinados, que sob condições reais ocorrem mesmo em terrenos planos
devido a fluxo turbulento. Em terrenos complexos estes efeitos são de capital
importância e levam a uma super ou subavaliação das condições reais de vento.
Apenas poucos anemômetros evitam estes efeitos.
Outra fonte de erros nas medições da velocidade de vento é a relacionada
com a montagem dos anemômetros. As extensões dos, mastros devem ser montadas
de tal modo que a perturbação do campo de escoamento devido ao mastro seja
minimizada. Caso seja necessária proteção contra raios, a mesma regra deve ser
seguida. A exatidão da montagem horizontal dos anemômetros é também importante
para se evitar os efeitos da inclinação.
Medições de velocidade de vento bem executadas por um período de, pelo
menos, um ano reduzem significativamente o risco financeiro de um parque eólico,
uma vez que as incertezas próprias das medições da velocidade de vento são muito
menores do que predições baseadas em modelo de fluxo. A posição do mastro
dentro do parque eólico deve ser representativa deste. Para grandes parques eólicos
em terrenos complexos, devem ser escolhidas duas ou três posições para os mastros
meteorológicos. Pelo menos uma medição deve ser feita na altura do cubo das
turbinas planejadas, pois a extrapolação a partir de uma altura do cubo traz
incertezas adicionais. Se um dos mastros meteorológicos for posicionado próximo à
área do parque eólico , este poderá ser utilizado como um mastro de referência da
velocidade de vento durante a operação do parque eólico e para a determinação do
desempenho da potência do parque eólico por setor. Se a produção de energia for
garantida num contrato de um parque eólico. As partes devem decidir sobre a
posição do mastro e um instituto independente deve executar as medições e
avaliações da velocidade do vento.

Perfis da Velocidade do Vento

A rugosidade da superfície do terreno diminui a velocidade do vento. Em


alturas superiores ao nível do solo, a rugosidade influencia menos e a velocidade do
vento aumenta.

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ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

Verificação do Desempenho da Fazendas Eólicas

Os aspectos econômicos de uma fazenda eólica dependem principalmente


da disponibilidade de potencial eólico e do desempenho da potência das turbinas
eólicas. A avaliação do desempenho da uma fazenda eólica é freqüentemente
requerida num contrato entre empreendedores, agentes financeiros e fabricantes. A
maioria dos fabricantes do aerogeradores garante o desempenho de potência de seus
produtos aos seus clientes. Os empreendedores tem que provar que cada máquina
está tendo o desempenho conforme garantido incluindo avaliações de campo e
situações de esteira.
Dois métodos diferentes são descritos para medir a curva de potência de
uma fazenda eólica completa, também num terreno complexo e para verificar a
curva de potência de cada turbina eólica de per si numa fazenda eólica.
Uma verificação do desempenho de potência pode também servir para
otimizar a operação de turbinas eólicas e para provar a disponibilidade das turbinas,
que é também garantida por alguns fabricantes. Geralmente, uma otimização do
desempenho de potência de apenas 1% rapidamente trará retorno dos custos para
uma verificação de longo prazo das características operacionais do aerogerador.

Verificação de Curva de Potência

A velocidade de vento na nacele é usada para verificar as curvas de potência


de todas as turbinas em uma fazenda eólica. O estabelecimento da medição e a
avaliação da curva de potência para uma turbina será feita de acordo com a IEC
61400-12. A relação entre a velocidade do vento de corrente livre e a velocidade do
vento na nacele (cada anemômetro da nacele será calibrado pelo DEWI antes da
instalação das turbinas eólicas) será determinada, corrigida para o efeito do terreno
dado pela calibração de campo. Esta relação pode ser usada para a determinação
(verificação) das curvas de potências de todas as turbinas eólicas na fazenda eólica
através do anemômetro da nacele de cada turbina. Uma distribuição de velocidade
de vento de referência (acordada entre as partes) para o sítio será então usada para
calcular e comparar a produção de energia (tomando 100% de disponibilidade) de
cada turbina eólica na fazenda para a produção de energia determinada pela a curva
de potência garantida.

1) Calibração no sítio com dois mastros meteorólogicos (antes da


instalação das turbinas eólicas) ;
2) Calibração de todos os anemômetros das naceles em túnel do
vento;
3) Medição da Curva de Potência de um turbina de acordo com a
IEC 61400-12;
4) Determinação da relação entre a velocidade de vento de
corrente livre e a velocidade de vento na nacele;

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ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO
5) Determinação de todas as curvas de potência através da
velocidade de vento de corrente livre e a velocidade de vento na nacele;
6) Comparação da produção de energia determinada a partir das
curvas de potência medidas de todas as turbinas com a produção de energia
determinada a partir da curva de potência garantida.

Desempenho das fazendas Eólicas

Este método é utilizado para a verificação do desempenho global de uma


fazenda eólica em vez do desempenho individual das máquinas. Os empreendedores
de fazendas eólicas podem verificar suposições de modelo feitas no planejamento da
fazenda eólica. Este método destina-se a energia total de uma fazenda eólica
entregue no acoplamento à rede. O desempenho da fazenda eólica é determinado
para setores direcionais deferentes (todas as turbinas em operação, incluídas
situações de esteira).

Avaliação do Potencial Eólico

Para se planejar de maneira economicamente atrativa projetos de energia


eólica, são necessários conhecimentos confiáveis das condições de vento
predominantes na área em questão. Devido a razões de ordem financeira e temporal,
medições de longo prazo não são freqüentemente levadas em consideração. Como
substituição, métodos matemáticos podem ser usados para predizer velocidades de
vento em cada localidade. As condições calculadas de vento e dados de produção de
energia podem servir como base para cálculos econômicos. Além disso, simulações
de condições de vento podem ser usadas para correlacionar medições de vento em
uma determinada localidade com as condições de vento em localidades vizinhas de
forma a estabelecer um regime de vento para toda a área.

Determinação das condições do terreno

Uma vez que a velocidade do vento pode variar significativamente em


distâncias curtas, por exemplo, algumas centenas de metros, os procedimentos para
avaliar o local de futuros sítios de turbinas eólicas geralmente consideram todos os
parâmetros regionais que provavelmente influenciam as condições do vento. Tais
parâmetros são:

 Obstáculos nas redondezas;


 A topografia ambiental nos locais mais afastados que é caracterizada
pela vegetação, utilização da terra, e construções (descrição da rugosidade do
terreno);
 A orografia, como colinas, podem causar efeito da aceleração ou
desaceleração no fluxo do ar.

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ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

Esta informação sobre as condições regionais é obtida de mapas


topográficos assim como de visitas a sítios para registrar obstáculos nas
proximidades. Também dados de satélite (do ambiente) demonstraram possuir uma
grande importância. Após ser calculada a distribuição de freqüência das velocidades
de vento levando em consideração todos os aspectos regionais, a energia eólica
esperada pode ser estabelecida de acordo com o desempenho de potência da turbina
eólica.

Procedimento

O procedimento mais utilizado para predição a longo prazo de velocidades


de vento e energia gerada para localidades isoladas é o Atlas Eólico Europeu –
Modelo “Wasp”. Uma distribuição de freqüência das velocidades de vento medidas
numa estação de referência por muitos anos e preparada de tal forma que esta pode
ser transferida para outras localidades. O modelo computacional combina a
descrição detalhada do sítio da localidade na qual o potencial eólico deve ser
estimado com distribuição de freqüência modificada da estação de referência. A
distribuição de referências pode estar a uma distância de até 100 Km da localidade
considerada. Em conjunto com a curva de potência da turbina eólica (potência
elétrica em função da velocidade do vento), a produção de energia esperada pode ser
calculada para esta localidade.
Para se obter a maior exatidão na predição da energia gerada, devem ser
utilizadas apenas curvas de potência medidas por institutos independentes.
Além disso, novas estações de referência são construídas constantemente de
modo a reduzir a incerteza das predições do potencial eólico.
Dependendo da complexidade das regiões examinadas, procedimentos
deferentes devem ser usados para determinar as condições do vento. Além do
modelo computacional “ Wasp” acima mencionado, outros procedimentos existem,
como os modelos mesoescala. Falando de maneira geral, estes procedimentos
requerem muitos esforços computacionais, mas eles possibilitam descrições
extensivas do movimento do fluido em três dimensões, especialmente para terrenos
montanhosos complexos.
Uma maneira completamente diferente de avaliação dos recursos leva em
conta as medições de velocidade de vento diretamente do sítio de interesse. Tais
medições, tipicamente realizadas durante o período de um ano, podem ser
correlacionadas com a área circunvizinha ou podem ser transformadas para a altura
do cubo de um determinado tipo de turbina eólica utilizando-se as simulações de
fluxos descritas acima (geralmente referidas como método MPC – medir ,
correlacionar, predizer). Uma maneira de se incorporar as medições de vento
específicas é usar os dados registrados como da estação de referência no modelo
“Wasp”. Isto é especialmente útil se nenhum outro dado de referência confiável
estiver disponível ou de modo a se verificar o potencial eólica previsto em terreno
complexo.

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ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

Aspectos Econômicos dos Projetos Eólicos

Parte Econômica dos Projetos de Energia Eólica

Os aspectos econômicos de um projeto de energia eólica, respectivamente


os custos de geração de energia dependem primariamente do preço da turbina eólica
e da energia gerada. Porém, também as variáveis como despesas de capital
adicionais, custos de capital, subsídios, reembolso e parâmetros construtivos das
turbinas eólicas influenciam os custos de geração de energia.

Despesas de Capital

A expansão permanente do uso da energia eólica nos últimos anos foi


acompanhada pelas novas gerações de turbinas. Gerações novas com potência
instalada maior e economicamente melhores. Os preços das turbinas eólicas
diminuíram devido à produção seriada. Porém, próximo aos preços, as despesas
adicionais são um fator essencial para os aspectos econômicos de um projeto de
energia eólica. Tais despesas adicionais podem ser:

 Custos de fundação;
 Custos de conexão à rede (por exemplo , transformador, subestação de
despacho, reforço da rede etc.);
 Preparação do terreno ;
 Custos de planejamento (taxas, relatórios, pagamentos de equalização,
etc.)

Na Alemanha, as despesa adicionais (percentual relativo ao preço de lista


dos aerogeradores) são:

Fundações 7%
Conexão à rede 17%
Preparação do terreno 2%
Custos de planejamento 4%
Somatório das despesas 30%
adicionais

Outros custos que normalmente surgem devido à operação de uma turbina


eólica são os conhecidos custos operacionais. Estes podem ser, por exemplo:

 Seguros;
 Contrato de manutenção;
 Custos de arrendamento de área;
 Peças sobressalentes, etc.

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ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

Os custos operacionais na Alemanha montam a cerca de 4% ao ano (relativo


ao preço de lista das turbinas).

Custos de Geração de Energia

Sob a suposição de dadas restrições, ela mostra a velocidade do vento que é


necessária para alcançar o ponto de igualdade na Alemanha. A vida útil esperada
corresponde à taxa de depreciação na Alemanha.
Os resultados expressam que os custos de geração de energia aumentam
com o tamanho crescente das turbinas. Enquanto que turbinas da classe de 1000KW
podem ser operadas economicamente com velocidades média de vento de
aproximadamente 5,6 m/s, a 30 m de altura, as turbinas de 1 500KW já necessitam
velocidades de vento média de 6,0 m/s para alcançar o ponto de equilíbrio. Uma
redução de custo é esperada para o futuro, de maneira que as turbinas de 1 500KW
possam alcançar o desempenho econômico das turbinas da classe de 500 e
1 000KW.

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ENERGIA EÓLICA – UMA VISÃO DE FUTURO

CONCLUSÃO

Com a escassez de energia nos dias atuais , obriga ao homem a explorer


novas fontes energéticas.
A escolha dessas fontes devem proporcionar um menor impacto natural e que
sejam renováveis.A geração de energia através dos ventos é uma grande saída ,
considerando que é umas das fontes menos danosas para a natureza como um todo, e
há disponibilidade de um grande potencial.
Comercialmente já é viável , fazendo com que o seu custo tenda a cair com o
domínio de novas tecnologias , tornando-se competitiva com as demais fontes
geradoras que conhecemos.
O custo do MWh gerado em 1980 estava em US$ 300 , caindo para US$ 56
em 1995.

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BIBLIOGRAFIA

- Energia Eólica - “ DEWI , Instituto Alemão de Energia eólica


- COELCE – Companhia Energética do Ceará

- Visita Técnica ao Parque Eólico da WOBBEN WINPOWER


( Prainha )

- Centro Tecnológico da UNIFOR – Centro de Estudos de Energia


Eólica.

- INTERNET – www.eolica.com.br

- INTERNET – www.cepel.br

- INTERNET – www.coelce.com.br

- INTERNET - www.nerg.ufpb.br

- INTERNET – www.ventosolar.br

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