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Universidade de Brasília - UnB Departamento de História – HIS

Disciplina: História Contemporânea I Código: 139165


Professor: Virgílio Arraes Turma: B
Nome: Rebecca Mª Q Ribeiro Matrícula: 13/0061654

Fichamento IX

A sociedade industrial que vinha se consolidando ao final do século XVIII e início


do XIX continha aspectos que transformaram a cultura da época: a busca pelo progresso, a
política liberal, individualismo. Porém, para alguns industriais e comerciantes, isso
significava o declínio da espécie humana; e esses tentaram, então, modificar – ainda que em
pequena escala – a ‘ruína’ que observavam a seu redor, com a criação de idéias e ideologias
que propunham o sentido comunitário a vida humana, o que julgavam não ser encontrado
na sociedade industrial; propondo comunidades ideais e independentes que funcionariam
dentro do sistema egoísta que presenciavam.
Um desses idealizadores de comunidades igualitárias foi Robert Owen. Ele
acreditava que as instituições existentes na época, sejam de caráter social, religioso ou
político, não atendiam às necessidades humanas, e não podiam aliviar o sofrimento da
sociedade. Enquanto dono de uma fábrica e parte integrante dessa ‘sociedade industrial’ e
da camada de proprietários industriais, Owen pode conhecer e observar os aspectos
degradantes desse sistema (como a supervalorização das maquinas em detrimento do
tratamento para com os seres humanos) e partindo de um pensamento racional ao extremo
(o qual o levava a acreditar que, por métodos matemáticos, poder-se-ia chegar a solução
dos problemas da sociedade), formulou seu pensamento e sua teoria acerca do que seria
necessário para transformar as pessoas e devolvê-las seu caráter inato: a bondade – aspecto
esse herdado da atmosfera intelectual da época, de apropriação da teoria de Rousseau.
Robert Owen acreditava ser possível transmitir bons ensinamentos e dessa maneira
criar indivíduos bons e felizes, logo era crucial uma boa educação no período inicial de
formação, visto que isso proporcionaria a instrução necessária para que os indivíduos
compreendessem a forma ideal de funcionamento da sociedade: o interesse de cada um é
compatível com o interesse de todos os outros. Owen pode colocar em prática seu ‘molde’
de comunidade primeiramente numa fábrica da Escócia, na qual trabalhavam operários
miseráveis, e a partir dela criou um novo ambiente de alto padrão de vida e um bom nível
de instrução. Modificou os métodos que os industriais regularmente adotavam, aumentou
os salários, diminuiu a carga horária e educava as crianças. Sua conclusão, então, foi que a
simples adoção desses princípios por todos, transformaria a sociedade num lugar de melhor
convivência e proporcionaria maior felicidade para todos, eliminando as desigualdades.
Porém, ele mesmo aplicou nessa comunidade alguns meios de vigilância e observação
contínua, logo a criação desse tipo de ambiente não se deveu a simples adoção de uma nova
mentalidade por parte dos operários e a educação proporcionada às crianças; deve-se
principalmente ao próprio Owen e ao tipo de moralidade que projetava sobre eles (outros
lugares seguindo os mesmos métodos, não observavam os mesmos resultados).
Ele considerava que os ocupantes dos cargos mais altos estavam interessados na
melhoria da sociedade como um todo, e cabia a ele demonstrar como isso seria possível.
Entretanto, foi levado a constatar que os industriais estavam interessados, na verdade, na
exploração e nos lucros próprios. Um projeto de lei contra o trabalho de menores foi
rejeitado, as leis elaboradas para o mundo industrial eram feitas por homens que estavam
alheios a pratica efetiva e conseqüências da mesma. E, finalmente o que o fez perceber o
desinteresse nas implicações dessa industrialização desumana, ao apontar que o progresso
poderia proporcionar a todos educação e alimentação decente, foi surpreendido pela
resposta que os governos da Europa tinham consciência disso e era justamente o que não
desejavam. Owen decidiu, então, que era necessário um lugar imaculado para que seu
projeto funcionasse perfeitamente: os EUA foram o ponto de fundação de sua comunidade
dentro de todas as pré-determinações que ele havia considerado. E quando concluiu a
construção da mesma, Owen deixou que ela seguisse seu próprio funcionamento; o que
acabou se revelando como um desastre, já que o projeto durou menos de três anos. As
tentativas seguiram-se pela Inglaterra e pela Irlanda, sempre com o mesmo resultado.
A diferença entre o sucesso da fábrica na Escócia e as tentativas posteriores foi que,
no primeiro caso, a administração era do próprio Owen, sua única e os rendimentos da
fábrica eram altos o suficiente para mantê-la e ainda promover melhorias; ao contrário dos
gastos com as comunidades posteriores e o desperdício de grandes investimentos. Owen
acabou por seguir na direção da diminuição de prestigio e de seus rendimentos, apoiando a
classe operaria. Apesar das decepções de suas experiências, acreditava que seu modelo e
seu objetivo ainda eram corretos e necessários. Via a sociedade se dirigindo para um ponto
de mudança proveniente da situação insustentável de extrema concentração de riquezas;
acreditava que finalmente veriam como era necessário a felicidade comunitária para que
todos sejam felizes individualmente.

WILSON, Edmund. Origens do socialismo: as comunidades de Fourier e Owen. IN: Rumo à estação
Finlândia – escritores e atores da História. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.

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