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NOTA INTRODUTÓRIA
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Direito Processual Penal
Índice
1 - DEFINIÇÕES ..................................................................................................................................... 5
2 - TIPO DE INFRACÇÕES EXISTENTES NO ORDENAMENTO JURÍDICO PORTUGUÊS ........ 6
3 - PROCESSAMENTO E JULGAMENTO DAS CONTRAVENÇÕES E TRANSGRESSÕES ........ 9
3.1. - AUTO DE NOTÍCIA .................................................................................................................. 9
3.2. - AUTO DE DENÚNCIA ............................................................................................................. 9
3.3. - PAGAMENTO VOLUNTÁRIO ................................................................................................ 9
3.4. - INQUÉRITO PRÉVIO ............................................................................................................. 10
3.5. - GARANTIAS ........................................................................................................................... 10
3.6. - JULGAMENTO ........................................................................................................................ 10
3.7. - TESTEMUNHAS ..................................................................................................................... 10
3.8. - DETENÇÃO EM FLAGRANTE DELITO .............................................................................. 10
3.9. - PROCESSO SUMÁRIO (art.º 16º do DL 17/91 e arts 381º e seguintes do CPP) ................... 11
4. – DIREITO PROCESSUAL PENAL - ESTRUTURA DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL ..... 12
5. - OS SUJEITOS E OS PARTICIPANTES PROCESSUAIS............................................................. 12
5.1. - TRIBUNAIS ............................................................................................................................. 13
5.2. - MINISTÉRIO PÚBLICO ......................................................................................................... 13
5.3. - ARGUIDO ................................................................................................................................ 14
5.4. - ASSISTENTE ........................................................................................................................... 14
5.5. - PARTES CIVIS ........................................................................................................................ 15
6. - NOTÍCIA DO CRIME ..................................................................................................................... 16
6.1. - DENÚNCIA OBRIGATÓRIA ................................................................................................. 16
6.2. - DENÚNCIA FACULTATIVA ................................................................................................. 16
6.3. – FORMA DA DENÚNCIA ....................................................................................................... 16
6.4. - AUTO DE NOTÍCIA ................................................................................................................ 17
7. - NATUREZA DOS CRIMES - CRIMES PÚBLICOS, SEMI-PÚBLICOS E PARTICULARES .. 18
7.1. – CRIMES PÚBLICOS ............................................................................................................... 18
7.2. - CRIMES SEMI-PÚBLICOS .................................................................................................... 19
7.3. - CRIMES PARTICULARES ..................................................................................................... 20
8. - DIREITO DE QUEIXA E ACUSAÇÃO PARTICULAR .............................................................. 20
8.1. - TITULARES DO DIREITO DE QUEIXA (113º CP).............................................................. 21
8.3 - EXTINÇÃO DO DIREITO DE QUEIXA (115º CP) ................................................................ 21
8.4. - RENÚNCIA E DESISTÊNCIA DA QUEIXA (116º CP) ........................................................ 21
8.5. - DIREITO DE ACUSAÇÃO PARTICULAR – ART.º 117º CP ............................................... 22
9. – IDENTIFICAÇÃO .......................................................................................................................... 23
9.1. - APLICAÇÃO DA LEI 5/95 de 21 de FEV. – LEI DA IDENTIFICAÇÃO............................. 23
9.2. - IDENTIFICAÇÃO CIVIL E EMISSÃO DO BILHETE DE IDENTIDADE .......................... 24
9.3. - MILITARES DA GNR ............................................................................................................. 25
9.3.1. - PROVA DA SUA IDENTIDADE ......................................................................................... 25
9.5. - IDENTIFICAÇÃO DE MENORES - Lei Tutelar Educativa - LEI 166/99 de 14SET ........... 29
9.6. - IDENTIFICAÇÃO DE PESSOAS COLECTIVAS ................................................................. 29
10. - FORMAS DO PROCESSO ........................................................................................................... 29
11. - COMPETÊNCIAS DOS ÓRGÃOS DE POLÍCIA CRIMINAL................................................... 35
12. - ACTOS QUE PODEM E QUE NÃO PODEM SER DELEGADOS NOS OPC .......................... 37
12.1. – DELEGAÇÃO GENÉRICA NOS OPC PARA A REALIZAÇÃO DO INQUÉRITO ......... 37
12.2. - ACTOS QUE NÃO PODEM SER DELEGADOS NOS OPC .............................................. 40
13. - A CONDIÇÃO DE ARGUIDO ..................................................................................................... 41
13.1 - QUALIDADE E CONSTITUIÇÃO DE ARGUIDO ART.º 57º CPP .................................... 42
13.2. - CONSTITUIÇÃO DE ARGUIDO (ARTº 58º, Nº 2 e 3 do CPP) .......................................... 42
13.3. - DIREITOS E DEVERES DO ARGUIDO – ART.º 61º CPP ................................................. 42
13.4. - O DEFENSOR ........................................................................................................................ 43
14. - A PROVA ...................................................................................................................................... 44
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
1 - DEFINIÇÕES
DIREITO: conjunto de normas jurídicas destinadas a regular as relações entre os homens.
DIREITO PENAL: em sentido formal, é o conjunto de normas jurídicas que regulam os pressupostos e
as consequências de um comportamento punível ou sujeito a medidas de segurança.
«Daqui resulta que a designação de Direito Penal é incorrecta, deveria antes designar-se “Direito das Penas e das
Medidas de Segurança”. A designação de Direito Penal explica-se historicamente pelo facto de as medidas de segurança
só muito tardiamente terem sido introduzidas nos Códigos Penais. No nosso sistema penal as medidas de segurança foram
introduzidas pela Reforma Prisional de 1936, nomeadamente pelo DL 26643 de 28 de Maio de 1936».
O Direito Penal tem por função saber se um facto é ou não crime, quem - à luz da lei - é o autor, se o autor pode ou não
ser responsabilizado, se existem situações que diminuem ou eliminem a culpa do agente, se existem ou não razões que
justifiquem o facto cometido e que pena, em abstracto, é aplicável ao agente.
DIREITO PENAL SECUNDÁRIO: conjunto de preceitos que constam de leis especiais, distintas do
Código Penal.
Do Direito Penal fazem parte, além dos crimes e das contravenções, muitas normas não contidas no Código
Penal que cominam penas para determinados comportamentos ilícitos (por exemplo: lei da droga, lei sobre a
criminalidade informática, lei do branqueamento de capitais, etc). Os princípios e os conceitos previstos na
Parte Geral do Código Penal aplicam-se não só aos crimes previstos no Código penal, mas também aos crimes
previstos no Direito Penal secundário.
DIREITO PROCESSUAL PENAL: conjunto de normas que regulam a averiguação dos factos puníveis
e a efectivação do direito estadual de punir.
O Direito Processual Penal vigente está fundamentalmente contido no Código de Processo Penal aprovado pelo Decreto-
Lei nº 78/87, de 17 de Fevereiro, alterado pelos Decretos-Lei nºs 387-E/87 de 29 de Dezembro, 212/89 de 30 de Junho,
317/95 de 28 de Novembro, pelas Leis nº 59/98 de 25 de Agosto, 3/99, de 13 de Janeiro, 7/2000, de 27 de Maio, pelo Dec.-
Lei n.º 320-C/2000, de 15 de Dezembro, pelas Leis n.º 30-E/2000, de 20 de Dezembro, 52/2003, de 22 de Agosto e pelo
Dec.-Lei n.º 324/2003, de 27 de Dezembro.
O Direito Processual Penal tem por função determinar quem vai investigar, quem recolhe as provas, que provas são
admissíveis e quais as que são proibidas, quem deduz a acusação e em que termos, que tipo de processo é seguido, quem
julga, que tribunal aprecia o caso e qual a pena que em concreto deve ser aplicada.
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Direito Processual Penal
CRIME TRANSGRESSÃO
Categorias de Sanções:
Sanção Principal – aplicada por si só (Ex: Pena de Prisão, Pena de Multa, Coima, etc.)
Sanção Acessória – Só aplicável juntamente com uma sanção principal (Ex: Inibição de um direito)
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Direito Processual Penal
JURISPRUDÊNCIA
I - A transgressão prevista no artigo 39º e artigo 43º, do Regulamento para a Exploração e Polícia dos
Caminhos de Ferro, aprovado pelo Decreto-Lei Nº 39780/1954, de 21 de Agosto de 1954 - viagem de comboio
sem que o passageiro esteja munido do respectivo título de transporte - inicia-se com a entrada daquele no
comboio, ocorre ainda a sua consumação quando tal situação é verificada pelo revisor, cessando essa mesma
consumação apenas no momento em que o transgressor termina a viagem, abandonando o comboio.
II - Se o passageiro sem bilhete inicia a viagem em Lisboa, é detectado pelo revisor na zona de Santarém e só
terminou a sua viagem no Porto, é o tribunal de Pequena Instância do Porto o competente para conhecer da
respectiva transgressão, face ao disposto no artigo 19º, Nº 1 e Nº 2, do Código de Processo Penal.
Acórdão do Supremo Tribunal da Justiça, de 2001.01.18, in Justiça e Cidadania, suplemento de O Primeiro de Janeiro, de 2001.03.30, pág.
29.
Para a verificação e punição de uma contra-ordenação não é necessário que exista dolo, bastando tão-só a
simples negligência.
Acórdão da Relação de Évora, de 1996.06.11, Boletim do Ministério da Justiça, 458, pág. 417.
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
– Auto de notícia aguarda 15 dias no local do pagamento após o que é enviado a tribunal no
prazo de 5 dias
– Pode ser feito em qualquer altura até ao início da audiência de julgamento Art.º 10º
Art.º 15º
3.8. - DETENÇÃO EM FLAGRANTE DELITO
- Quando a infracção for punível com pena de prisão
- Detenção efectuada por qualquer autoridade judiciária ou entidade policial
- Apenas quando o infractor tiver mais de 18 anos
SE INFRACTOR NÃO TIVER COMPLETADO 18 ANOS
▪ autuante levanta auto nos termos do art.º 3, nº 1
▪ remete o auto ao MP para inquérito
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Direito Processual Penal
3.9. - PROCESSO SUMÁRIO (art.º 16º do DL 17/91 e arts 381º e seguintes do CPP)
- Requisitos para julgamento em processo sumário:
▪ detidos em flagrante delito
▪ por contravenção ou transgressão punidas com pena de prisão
▪ detenção efectuada por qualquer Autoridade Judiciária ou entidade policial
▪ audiência ter início no prazo máximo de 48 horas ou, no caso do art.º 19º, 5 dias
após a detenção
ELABORAR AUTO DE
NÃO (ARTº 3º)
DENÚNCIA
PRESENCIADAS
REALIZAR O INQUÉRITO
OU NÃO (ARTº 5º)
PRÉVIO
VERIFICADAS
NOTIFICAR O INFRACTOR FALTA DE PAGAMENTO VOLUNTÁRIO DENTRO DO
PELO
PARA PAGAMENTO PRAZO: enviar o processo para tribunal
AUTUANTE
(ARTº 5º, Nº 1, alínea a) (ARTº 5º, Nº 1, alínea b)
ATÉ
(ARTº 15º) COMPLETAR - NÃO HÁ DETENÇÃO, MAS APENAS IDENTIFICAÇÃO DO INFRACTOR
18 ANOS - LEVANTAR AUTO E REMETER AO MP PARA INQUÉRITO ( Art.º 15º, nº 2)
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Direito Processual Penal
O Código de Processo Penal (CPP) constitui a base do Direito Processual Penal. Nele estão
contidas todas as normas jurídicas que se aplicam, de modo geral, ao processo criminal, regulando-o
nas várias fases, estipulando as formas a adoptar, os meios de prova admissíveis, disciplinando a
actividade dos órgãos de polícia criminal (OPC), do Ministério Público (MP) e dos juízes. Tudo isto
com a finalidade de se obter uma decisão final sobre um dado caso em concreto.
O CPP divide-se em duas partes:
Na 1ª Parte encontramos os assuntos referentes:
- Aos sujeitos do processo
- Aos actos processuais
- À prova
- Às medidas de coacção e garantia patrimonial
- Às relações com as autoridades estrangeiras e entidades judiciárias internacionais
A 2ª Parte refere-se:
- Às fases preliminares do processo
- Ao julgamento
- Aos processos especiais
- Aos recursos
- Às execuções
- À responsabilidade por taxa de justiça e de custas.
O CPP assume uma enorme relevância na actuação dos militares da GNR. Toda a nossa actuação,
procedimentos e respectivos limites em termos criminais se devem pautar pelos preceitos aí
consagrados: quais as provas admissíveis e proibidas, como podem ser obtidas, como tem lugar a
notícia dos crimes, quando se pode proceder a identificação e detenção de pessoas, quais as medidas
cautelares que podem ser tomadas por nossa iniciativa, etc.
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Direito Processual Penal
PARTICIPANTES PROCESSUAIS
SUJEITOS PROCESSUAIS PARTICIPANTES NORMAIS
(PARTICIPANTES ESPECIAIS) (MEROS PARTICIPANTES PROCESSUAIS)
5.1. - TRIBUNAIS
Os tribunais são órgãos de soberania e a sua função consiste em administrar a justiça (nº 1 do
art.º 202º da CRP). São os únicos órgãos competentes para decidirem os casos jurídico-penais que
sejam levados ao seu conhecimento, através dos processos, aplicando o Direito Penal. Os tribunais
administram a justiça penal de acordo com a lei e o direito (nº 1 do art.º 9º do CPP).
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Direito Processual Penal
5.3. - ARGUIDO
A ideia comum que se tem do arguido corresponde à do sujeito que cometeu um dado crime. No
entanto, este conceito não abrange todas as situações que determinam a existência de um arguido num
processo.
Pode haver pessoas que são constituídas arguidas e que mais tarde se vem a verificar que não
cometeram qualquer crime. Os arguidos não são “criminosos”, mas apenas se encontram sob
investigação por suspeita da prática de crimes, que pode ou não vir a confirmar-se. Apesar de tudo,
convém lembrar que nem mesmo o pior dos criminosos pode alguma vez perder a dignidade humana.
A qualidade de arguido é importante pela concessão legal de direitos e deveres (art.º 61º CPP) e
pela posição processual que a pessoa passa a ocupar. Tal qualidade, desde que adquirida, conserva-se
durante o decurso do processo, independentemente das fases por este percorridas (art.º 57º CPP, nº 2).
5.4. - ASSISTENTE
O assistente traduz a necessidade, prevista por lei, de intervenção das pessoas que se tenham
como ofendidos por um dado crime. É uma figura corrente nas legislações penais dos países
mediterrâneos da Europa.
Enquanto que o MP colabora com o tribunal na descoberta da verdade, o assistente é um
colaborador do MP. A sua actividade encontra-se subordinada ao MP, no entanto, em determinadas
situações, pode ter um papel mais interventivo, sem estar dependente da actividade do MP,
nomeadamente:
- Intervir no Inquérito ou na Instrução, oferecendo provas e requerendo as diligências
necessárias – alínea a) do nº 2 do art.º 69º CPP.
- Deduzir acusação independentemente do MP e, no caso dos crimes particulares, ainda que o
MP tenha decidido não deduzir acusação - alínea b) do nº 2 do art.º 69º CPP.
- Interpor recurso das decisões que o afectem, ainda que o MP não o tenha feito - alínea c) do
nº 2 do art.º 69º CPP.
O assistente é sempre representado por um advogado e não pode ter mais do que um
representante (nº 1 do art.º 70º conjugado com a parte final do nº 2 do mesmo artigo). Havendo vários
assistentes são todos eles representados por um só advogado, o que só não acontecerá se os interesses
dos vários assistentes forem entre si incompatíveis (art.º 70º CPP).
Para além das pessoas a quem leis especiais confiram tal legitimidade, PODEM SER
ASSISTENTES:
▪ Os ofendidos, desde que maiores de 16 anos - alínea a) do nº 1 do art.º 68º CPP.
▪ As pessoas de cuja queixa ou acusação particular depender o processo - alínea b) do nº 1 do art.º
68º CPP.
▪ O cônjuge sobrevivo não separado judicialmente de pessoas e bens e, na falta deste, os
ascendentes, irmãos e seus descendentes, adoptante, adoptado e pessoa que com o ofendido tenha
vivido em condições análogas às dos cônjuges, desde que o ofendido tenha falecido sem renunciar
à queixa e quando as pessoas em cima referidas não tenham comparticipado no crime - alínea c) do
nº 1 do art.º 68º CPP.
▪ As pessoas em cima mencionadas e o representante legal do ofendido, se este for incapaz e aquelas
pessoas não tenham comparticipado no crime - alínea d) do nº 1 do art.º 68º CPP.
▪ Qualquer pessoa nos crimes de corrupção e peculato - alínea e) do nº 1 do art.º 68º CPP
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
6. - NOTÍCIA DO CRIME
Toda a notícia de crime deve ser comunicada ao MP, pois é este que tem a legitimidade para
promover o Processo (ver art.º 48º CPP). Nos termos do art.º 241º do CPP, o MP pode ter
conhecimento do crime por três formas:
▪ Conhecimento próprio (por exemplo, o MP presencia um crime);
▪ Por intermédio dos Órgãos de Polícia Criminal (na maioria dos casos);
▪ Por denúncia (alguém que vai comunicar o crime ao MP).
O auto de notícia não é mais do que uma denúncia, embora seja uma denúncia especial (há quem
lhe chame denúncia qualificada), pois é elaborado por uma AJ, OPC ou entidade policial com base
naquilo que essas mesmas entidades presenciaram. Ou seja, o auto de notícia é o relato de um
acontecimento observado por aquelas entidades (nº 1 do art.º 243º do CPP).
O auto de notícia deve mencionar:
Factos que constituem o crime
Dia, hora, local e circunstâncias em que o crime foi cometido
Identificação dos agentes, ofendidos e testemunhas
Meios de prova conhecidos
A entidade que elabora o auto de notícia tem que obrigatoriamente assiná-lo (nº 2 do art.º 243º do
CPP) e remetê-lo ao MP no mais curto espaço de tempo, valendo o auto como denúncia (nº 3 do art.º
243º do CPP). Em casos de conexão (mesmo agente cometer vários crimes, mesmo crime cometido
por vários agentes, etc), nos termos do art.º 24º e seguintes do CPP, pode levantar-se apenas um único
auto de notícia (nº 4 do art.º 243º do CPP).
Um auto de denúncia contém, na medida do possível, a indicação dos mesmos elementos de um
auto de notícia (nº 3 do art.º 246º do CPP).
Nota: No apêndice 1 do anexo A encontra-se um modelo de auto de notícia.
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Direito Processual Penal
Nota: Existem crimes em que está definida a autoridade que tem legitimidade para apresentar a participação (ex:
Estado Português - art.º 319º, nº 2 e art.º 324º, nº 1 do CP) e outros que não especificam concretamente quem
são essas autoridades (ex: art.º 188º, nº 1, b) e 198º do CP).
Se, em consequência da entrada em vigor da lei nova, o crime que até aí revestia natureza pública passou a ser considerado semipúblico,
o Ministério Público manterá legitimidade para o procedimento criminal, independentemente de ter havido queixa formal por parte do titular
do respectivo direito, se o facto criminoso foi praticado e a acusação formulada na vigência da lei antiga.
Acórdão da Relação do Porto, de 1996.06.12, Boletim do Ministério da Justiça, 458, pág. 390
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Direito Processual Penal
Nestes crimes o procedimento criminal ou judicial, para além de depender da vontade do titular
do direito de queixa ou de quem o represente, à semelhança do que acontece com os crimes de
natureza semi-pública, depende ainda de acusação particular.
Os crimes particulares correspondem normalmente a infracções de pequena gravidade, que não se
relacionando com bens jurídicos fundamentais da comunidade, apenas atingem a pessoa visada, não se
sentindo a comunidade em si própria muito lesada, pelo que não sente necessidade de reagir. Assim,
deixa-se ao particular, a iniciativa de dar conhecimento e depois, ele próprio, se quiser, após a
diligência do inquérito, deduzir acusação.
Nestes crimes não há lugar a detenção em flagrante delito, mas apenas à identificação do
infractor.
Os titulares do direito de acusação particular são os que constam no art.º 113º do CP (ver art.º
117º do Código Penal), mas ela pode ser apresentada (nº 3 do art.º 50º CPP):
• pelo próprio titular do direito;
• por mandatário judicial;
• por mandatário munido de poderes especiais.
Nota:
Normalmente é no final do próprio artigo ou capítulo que aparece a referência “o procedimento criminal
depende de queixa” (Ex: Art.º 156º ou Art.º 178º do CP). Da mesma forma para os crimes particulares (Ex: Arts.
207º e 188º do CP).
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Direito Processual Penal
2) O MINISTÉRIO PÚBLICO
- Quando o direito de queixa não puder ser exercido porque a sua titularidade caberia apenas, no caso, ao
agente do crime e se especiais razões de interesse público o impuserem (113º, nº 5 do CP).
- Quando, nos casos previstos na lei, o interesse da vítima o impuser (113º, nº 6 do CP) – Exemplo: art.º
178º, nº 4 do CP.
8.2. - EXTENSÃO DOS EFEITOS DA QUEIXA (114º CP) - a apresentação da queixa contra um dos
comparticipantes no crime torna o procedimento criminal extensivo aos restantes.
8.3 - EXTINÇÃO DO DIREITO DE QUEIXA (115º CP)
A contar da data em que o titular tiver conhecimento do facto e dos seus autores
6 MESES A partir da morte do ofendido ou
A partir da data em que o ofendido se tornou incapaz
Com esta limitação do prazo, pretende-se evitar que o ofendido, movido por ódio ou desejo de
vingança, possa prolongar, ilimitadamente, a ameaça da acção penal, mantendo indefinidamente o
constrangimento sobre o arguido, ou procurando mesmo obter daí vantagens (chantagem).
Tendo, por alteração legislativa, mudado a natureza de determinado crime, pois que de público passou a semi-público deve ao ofendido, que ainda se não haja
pronunciado quanto ao direito de queixa e quando tenham decorrido mais de 6 meses a partir da prática do ilícito, ser conferido igual prazo a partir da entrada
em vigor da lei nova.
Acórdão da Relação de Lisboa, de 12.03.1996, Boletim do Ministério da Justiça, 455, pág. 558.
- O não exercício de queixa contra um dos comparticipantes no crime aproveita os restantes (115º, nº 2 , CP).
- Sendo vários os titulares do direito de queixa o prazo conta-se autonomamente para cada um deles (115º, nº
3 do CP).
Nota: A contagem do prazo de 6 meses só se inicia depois do titular do direito de queixa ter conhecimento, cumulativamente, do facto e dos seus autores,
pelo que a descoberta, por exemplo, de um cúmplice não basta para determinar o início da contagem do prazo.
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Direito Processual Penal
Nota: No caso de o procedimento depender de queixa ou de acusação particular, a prévia dedução do pedido
perante o tribunal civil pelas pessoas com direito de queixa ou de acusação vale como renúncia a este direito
(art.º 72.º, n.º 2 do CPP).
Compete ao Ministério Público homologar a desistência da queixa se esta se verificar antes da abertura da instrução ou antes do processo ser recebido no
tribunal para julgamento.
Acórdão da Relação de Coimbra, de 1996.11.06, Boletim do Ministério da Justiça, 461, pág. 533
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Direito Processual Penal
9. – IDENTIFICAÇÃO
l - Toda a pessoa tem direito a usar o seu nome, completo ou abreviado, e a opor-se a que outrem o use ilicitamente para sua identificação ou outros fins.
2- O titular do nome não pode, todavia, especialmente no exercício de uma actividade profissional, usá-lo de modo a prejudicar os interesses de quem
tiver nome total ou parcialmente idêntico.
Art.° 72.° do Código Civil - Direito ao nome
A todos são reconhecidos os direitos à identidade pessoal, ao desenvolvimento da personalidade, à capacidade civil, à cidadania, ao bom nome e
reputação, à imagem, à palavra, à reserva da intimidade da vida privada e familiar e à protecção legal contra quaisquer formas de discriminação.
Art.° 26.°, n.º l da CRP
…2. Ninguém pode ser total ou parcialmente privado da liberdade, a não ser em consequência de sentença judicial condenatória pela prática de acto
punido por lei com pena de prisão ou de aplicação judicial de medida de segurança.
3. Exceptua-se deste princípio a privação da liberdade, pelo tempo e nas condições que a lei determinar, nos casos seguintes:
…g) Detenção de suspeitos para efeitos de identificação, nos casos e pelo tempo estritamente necessários;
4. Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada imediatamente e de forma compreensível das razões da sua prisão ou detenção e dos seus
direitos.
Artº 27º da CRP
Estas situações são encaradas de forma diferente por vários autores e verifica-se igualmente
alguma disparidade entre os entendimentos dados pelos diversos magistrados do MP. Existe quem
afirme que a Lei 5/95 se encontra revogada e quem afirme o contrário. Existem magistrados que
recomendam que não se ultrapasse as 2 horas para a identificação e outros que não vêm qualquer
problema em utilizar 6 horas no procedimento de identificação. Existem ainda, nalguns locais,
recomendações para, no caso de ilícitos de mera ordenação social (contra-ordenações), não se
ultrapassar as 2 horas para o procedimento de identificação e, nos casos de suspeita de cometimento de
ilícitos criminais, utilizar as 6 horas. Existem ainda locais em que não se vê qualquer inconveniente em
deter os indivíduos durante as 6 horas e se após este período não estiver identificado, libertá-lo e voltá-
lo a deter por mais 6 horas. Na falta de legislação que estabeleça concretamente qual o sistema a
adoptar é recomendável que nas várias comarcas se peçam indicações quanto a este assunto ao
magistrado do MP local.
A Lei 5/95 foi tacitamente revogada pela Lei n.º 59/98 de 25 Agosto que alterou o CPP.
Opinião defendida por:
- Manuel Lopes Maia Gonçalves, CPP anotado, 10ª edição, 1999, pág. 487.
- Fernando Gonçalves e Manuel Alves, Os tribunais, as polícias e o cidadão – o Processo Penal prático, 2ª
edição, Almedina, 2002, pág. 107.
- Outros defensores da revogação da Lei 5/95 afirmam que não teria qualquer lógica a continuação da
existência de um período de 2 horas para identificação, quando na Lei Tutelar Educativa (Lei n.º 166/99 de
14 de Setembro) se prevê na alínea b) do art.º 58º, um período mais alargado (3 horas) para a identificação
de menores.
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Direito Processual Penal
- Quem se recusar a identificar deve ser conduzido ao Posto Policial. No caso de recusa em
acompanhar os OPC ao Posto Policial mais próximo, os militares da GNR devem fazer a cominação
do crime de desobediência previsto no art.º 348º do CP.
Cfr. Fernando Gonçalves e Manuel Alves, Os Tribunais, as polícias e o cidadão – Processo Penal prático, 2ª Edição, Almedina, 2002, pág. 113.
- Quem se recusar a identificar, apenas pode ser conduzido ao Posto Policial para identificação pelo
período previsto na Lei, pois esta é a única “sanção” que se encontra prevista na Lei.
Posição defendida por alguns docentes do Centro de Estudos Judiciários (CEJ).
- Quem se recusar a identificar, pode ser conduzido ao Posto Policial para identificação pelo período
previsto na Lei. Esgotado este tempo, se o indivíduo se continuar a recusar a identificar, deve ser
cominado o crime de desobediência.
Posição defendida por alguns autores e por alguns magistrados.
Ciente das dificuldades de delimitação do campo de aplicação dos dois regimes (Lei 5/95 e art.º 250º CPP), recomendou o IGAI (Inspecção Geral da
Administração Interna) que, por cautela, e até à entrada em vigor de nova legislação que ultrapasse tal ambiguidade, se tentasse não exceder o período de 2
horas.
Informação do IGAI de 8 de Abril de 1998
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Direito Processual Penal
É vedado a qualquer entidade pública ou privada reter ou conservar em seu poder bilhete de identidade, salvo nos casos
expressamente previstos na lei ou mediante decisão de autoridade judiciária – nº 2.
Nota: Existem várias instituições públicas e privadas que não cumprem esta disposição, retendo, por exemplo, o BI na entrada em troca de um cartão de
visita, cartão de parqueamento, etc. Sobre este assunto observe-se o Ofício Circular nº 1/IGAP/2003, da IGAI, de 09MAI2003 e o Despacho da
Secretária de Estado da Administração pública de 17FEV03:
1. A Lei de identificação Civil em vigor (Lei n.º 33/99, de 18 de Maio) estabelece que “a conferência de identidade que se mostre necessária a qualquer
entidade (...), efectua-se no momento da exibição do bilhete de identidade, o qual é imediatamente restituído após a conferência”, esclarecendo ainda que “é
vedado a qualquer entidade pública ou privada reter ou conservar em seu poder bilhete de identidade, salvo nos casos expressamente previstos na lei ou
mediante decisão de autoridade judiciária (Artigo 42.º).
2. É, assim, ilegal a retenção do bilhete de identidade na portaria de serviços públicos, durante a permanência do visitante nas instalações e como forma de
controlar a seu acesso, ainda que autorizado pelo respectivo titular.
3. De acordo com a mesma Lei de Identificação Civil, é punido com uma coima quem, ilegitimamente, retiver ou conservar em seu poder bilhete de identidade
alheio (Artigo 49.º).
4. Nestes termos, devem todos os serviços públicos fazer cessar a prática de retenção ou conservação do bilhete de identidade nas respectivas portarias, nos
casos em que esta se verifique, e adoptar métodos alternativos para o controlo de visitantes.”
Lei 5/95
Art.º 1º, nº 2 – os agentes só podem exigir a identificação depois de exibirem prova da
sua qualidade e de terem comunicado ao identificando os seus direitos, circunstâncias que
fundamentam a obrigação de identificação e os meios por que se pode identificar.
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
DEVERES DOS OPC - antes de procederem à identificação, os órgãos de polícia criminal devem –
nº 2:
➔ provar a sua qualidade;
➔ comunicar ao suspeito as circunstâncias que fundamentam a obrigação de identificação;
➔ indicar os meios por que este se pode identificar.
➔ Título de residência;
➔ Bilhete de identidade;
➔ Passaporte; Se for cidadão
estrangeiro
➔ Documento que substitua o passaporte.
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Direito Processual Penal
PROCEDIMENTOS ADICIONAIS
Os actos de identificação são sempre reduzidos a auto – nº 7;
As provas de identificação são destruídas na presença do identificando, a seu pedido, se a suspeita não se confirmar – nº 7.
Os OPC podem pedir ao suspeito, e dele receber, sem prejuízo do disposto no artigo 59.º
(constituição de arguido de testemunha que se incrimina e constituição de arguido a pedido do
suspeito), informações relativas a um crime e, nomeadamente, à descoberta e à conservação de
meios de prova que poderiam perder-se antes da intervenção da autoridade judiciária – nº 8.
Os OPC podem pedir a quaisquer pessoas susceptíveis de fornecerem informações úteis, e delas
receber, informações relativas a um crime e, nomeadamente, à descoberta e à conservação de
meios de prova que poderiam perder-se antes da intervenção da autoridade judiciária – nº 8.
Será sempre facultada ao identificando a possibilidade de contactar com pessoa da sua
confiança – nº 9.
Informação/Proposta nº 16/97 do IGAI - Proposta de procedimento a adoptar pelas forças de segurança, nos casos de condução de
suspeitos ao posto ou esquadra para identificação - MAI, IGAI, Lisboa, 2 de Junho de 1997
Considerando que:
1 - Em diversos processos e acções desencadeadas pela IGAI, tem sido constatada a falta de clarificação e a existência de dúvidas acerca
da adopção do procedimento de identificação pelas forças de segurança…
3 - Tais dificuldades respeitam ao conhecimento do campo específico da intervenção policial em sede de identificação, sobretudo de
identificação de suspeitos, sua distinção da intervenção em sede de detenção e, particularmente, à percepção de que a possibilidade de
condução à esquadra para identificação não poderá constituir um expediente a utilizar genericamente em situações indefinidas, de
previsível ilicitude, mas em que, por não haver flagrante delito, não há lugar à detenção…
Propõe-se que sejam adoptadas as seguintes normas procedimentais, que deverão completar anteriores directivas constantes de
documento elaborado pelo Gabinete do Excelentíssimo Ministro referentes às circunstâncias que permitem a identificação de cidadãos:
1 - Só haverá lugar à condução à esquadra ou posto de um suspeito da prática de um crime, para identificação, se o mesmo não puder ou
não se quiser identificar no lugar onde for encontrado.
2 - A condução à esquadra ou posto tem em vista obter a identificação e não constitui uma «outra forma» de resolver situações dúbias,
nomeadamente, quando não é aplicável o regime de detenção.
3 - A ordem de identificação deve observar o formalismo do art. 1°. n.° 2 da Lei n.° 5/95, nomeadamente a prévia exibição da qualidade
dos agentes, a indicação das razões da ordem e a informação sobre os meios de identificação possíveis.
4 - No caso de condução à esquadra ou posto, a permanência do identificando deve reduzir-se ao período de tempo indispensável à
identificação; por uma questão de cautela e até à clarificação do regime, deve tentar não se exceder o período de duas horas.
5 - A permanência na esquadra ou posto deve ser objecto de registo em livro próprio, do qual conste a hora de entrada e de saída.
6 - Deve ser facultado ao identificando a comunicação com pessoa da sua confiança; se for menor a comunicação ao responsável é
obrigatória.
7 - Deve ser elaborado autonomamente um auto de identificação, dele constando os elementos de identificação recolhidos, as
circunstâncias e razões da identificação e condução à esquadra ou posto, o qual deve ser assinado pelo agente e pelo identificando.
8 - Deve ser entregue cópia do auto de identificação ao identificando e deve ser enviada outra cópia ao M.P.
Nota:
A maioria das pessoas encara a palavra “detenção” como sendo desproporcionada quando nos
referimos à identificação de cidadãos. No entanto, é a própria Constituição, na sua alínea g) do n.º 3 do
art.º 27º, que admite a detenção de suspeitos para identificação, nos casos previstos e pelo tempo
estritamente necessário.
Atenção:
- Os controlos de identidade não podem ser arbitrários, nem constituir uma prática generalizada da
actividade policial.
- Todos e quaisquer controlos de identidade têm de justificar-se por razões objectivas, sob pena da ordem
de identificação ser considerada ilegal, por violar o art.º 26º, n.º 1; art.º 27º, n.º 1 e art.º 44º, n.º 1 da CRP,
que consagram, respectivamente, os direitos fundamentais à intimidade da vida privada, à liberdade e o
direito de deslocação.
- O militar que seja autor de uma ordem ilegal pode incorrer em responsabilidade criminal (exemplo: crime
de sequestro), responsabilidade civil (sujeição ao pagamento de indemnizações) e responsabilidade
disciplinar.
- Uma ordem ilegal legitima o cidadão visado a exercer o direito de resistência previsto no art.º 21º da CRP.
- Nunca esquecer de reduzir a auto todas as situações de condução de suspeitos ao Posto para
identificação, respeitando o disposto no art.º 250º, nº 7 e no art.º 253º do CPP.
- É obrigatória a menção do dia, mês e ano da prática do acto, bem como, tratando-se de acto que afecte
liberdades fundamentais das pessoas, da hora da sua ocorrência, com referência ao momento do
respectivo início e conclusão. O lugar da prática do acto deve ser indicado – nº 6º do art.º 94º do CPP -
forma escrita dos actos.
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Direito Processual Penal
Nota:
Enquanto que tratando-se de maiores de idade, a obrigação de apresentação de provas de identificação cabe aos próprios;
no caso dos menores (12 a 16 anos), são os OPC que têm a responsabilidade de colher esses elementos, junto dos pais ou
tutores. Quanto aos menores de doze anos, não poderão em circunstância alguma ser detidos; sendo encaminhados para os
pais ou tutores, a quem se solicitará a identificação, participando-se, caso existam motivos que o justifiquem, para a
Comissão de Protecção de Crianças e Jovens.
A forma comum define-se de modo negativo, ou seja, é toda aquela que não for especial. Assim,
para se saber se um processo deve assumir a forma comum tem-se que, previamente, determinar se,
perante um dado crime, o processo pode assumir uma das três formas de processo especiais:
• sumário,
• sumaríssimo,
• abreviado.
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Direito Processual Penal
INQUÉRITO
(MP) 262º a 285º CPP
INSTRUÇÃO
(JIC) 286º a 310º CPP (FACULTATIVA – só existe se requerida e apenas em processo comum)
JULGAMENTO
311º a 398º CPP
• Preliminares
• Audiência
SENTENÇA (decisão do tribunal singular) OU ACÓRDÃO (sentença de tribunal colectivo)
- decisões podem ser absolutórias ou condenatórias -
RECURSOS
Ordinário, extraordinário, revisão - 399º a 466º CPP (só se solicitado)
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Direito Processual Penal
O inquérito é a primeira fase que o processo atravessa na forma comum. É uma fase obrigatória,
ou seja, qualquer processo crime na forma comum tem de percorrer obrigatoriamente a fase de
inquérito. Aliás, ressalvadas algumas excepções previstas na lei, a notícia de um crime dá sempre lugar
à abertura de inquérito (nº 2 do art.º 262º do CPP).
De forma simplificada, pode-se então dizer que o arquivamento do Inquérito pode ocorrer nas
seguintes situações:
o Quando se chega à conclusão de que não houve crime;
o Quando houve crime, mas não se determinaram os seus agentes;
o Quando houve crime, mas o agente pode ser dispensado de pena (com a concordância do juiz de
instrução criminal);
o Quando houve crime, mas dada a invocação do estado de necessidade (ou outra situação
penalmente relevante) o agente é isento de pena (com a concordância do juiz de instrução
criminal).
Em qualquer das referidas situações, não deixou de haver previamente um inquérito, para verificar
se houve ou não houve crime.
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Direito Processual Penal
A audiência de julgamento é onde a prova é produzida perante o tribunal, e onde tal prova é
pesada através da apreciação que dela se fará em ordem a poder concluir-se pela culpabilidade ou não
dos arguidos acusados e pronunciados. A audiência em julgamento é pública salvo os casos em que o
presidente do tribunal decidir pela exclusão ou restrição dessa publicidade (321º do CPP) e é
contraditória na medida em que os sujeitos processuais deverão ser ouvidos (327º do CPP).
O arguido estará sempre presente na audiência, só sendo admitida a sua ausência nos casos
previstos no art.º 334º do CPP.
A audiência de julgamento termina com uma decisão sobre a causa. Isto é, o tribunal depois de
apreciar a prova produzida em tribunal e após ter conhecido as razões invocadas pelos diferentes
sujeitos processuais formula um juízo final expresso na sentença. Esta tomará o nome de acórdão
quando tomada por um tribunal colectivo. A sentença tanto pode ser condenatória como absolutória. A
primeira traduz-se na verificação de que um crime foi cometido e na prova de que tal crime é
imputável a alguém em concreto que, consequentemente, será sujeito a uma pena ou medida de
segurança. Por outro lado, a sentença absolutória resulta da verificação de que se não está perante um
crime ou havendo-o, de que a prova produzida não demonstra com clareza e segurança (ou não
demonstra de todo) que o arguido cometeu o crime.
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
“- Quando tenha havido libertação do arguido – detido em flagrante delito para ser presente a julgamento em
processo sumário – por virtude de a detenção ter ocorrido fora do horário de funcionamento normal dos
tribunais (art.º 387.º, n.º 2 do CPP), o início da audiência deverá ocorrer no 1.º dia útil seguinte àquele em que
foi detido, ainda que para além das quarenta e oito horas, mantendo-se, pois, a forma de processo sumário.”
ESPECIALIDADES ESSENCIAIS
Requerimento do MP depende da concordância do assistente no caso do crime ser particular (392º,
nº 2 do CPP).
Requerimento do MP deve conter a indicação precisa das sanções que concretamente propõe (394º,
nº 2 do CPP).
Juiz pode recusar o requerimento (395º do CPP) ou fixar sanção diferente, tendo de haver, neste
caso concordância do MP (395º, nº 2 do CPP).
Arguido pode-se opor ao requerimento no prazo de 15 dias (396º, nº 1 , b do CPP).
Juiz aplica a sanção por despacho, acrescentando condenação em custas, sendo a taxa de justiça
reduzida a um terço (397º, nº 1 do CPP).
Despacho do juiz vale como sentença condenatória e transita imediatamente em julgado (397º, nº 2
do CPP), sendo nulo o despacho que aplique pena diferente da proposta ou fixada (397º, nº 3 do
CPP).
Não é permitida a intervenção de partes civis (393º do CPP).
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Direito Processual Penal
12. - ACTOS QUE PODEM E QUE NÃO PODEM SER DELEGADOS NOS OPC
As Autoridades judiciárias podem delegar nos OPC o encargo de procederem a diligências e
investigações.
O juiz pode, no âmbito dos actos de instrução, conferir a órgãos de polícia criminal o encargo de
procederem a quaisquer diligências e investigações relativas à instrução, salvo tratando-se do
interrogatório do arguido, da inquirição de testemunhas, de actos que por lei sejam cometidos em
exclusivo à competência do juiz e, nomeadamente, os referidos no artigo 268.°, n.° 1, e no artigo 270.°,
n.° 2 do CPP (ver art.º 290º, nº 2 do CPP).
Por sua vez, o Ministério Público pode conferir aos órgãos de polícia criminal o encargo de
procederem a quaisquer diligências e investigações relativas ao inquérito (nº 1, art.º 270º do CPP).
Esta delegação pode ser efectuada por despacho de natureza genérica que indique (nº 4, art.º 270º do
CPP):
os tipos de crime ou
os limites das penas aplicáveis aos crimes em investigação.
A articulação da actuação dos OPC com o exercício das competências do MP, no âmbito do CPP
de 1987, teve, como ponto de referência principal, o Despacho da Procuradoria Geral das República de
21 de Dezembro de 1987. Este Despacho definiu as linhas estruturantes de intervenção dos OPC nas
tarefas do processo e desempenhou um papel fundamental na transição do sistema resultante do CPP
de 1929 e legislação complementar, para o sistema introduzido pelo novo CPP. Decorridos vários anos
após a publicação do CPP em vigor, tornou-se necessária a revisão dos procedimentos consagrados no
referido Despacho, de forma a contemplar as alterações ocorridas entretanto no sistema penal e
processual penal português.
Entre essas alterações surgem, com particular relevo, as operadas com:
➔ a revisão do CPP, através da Lei nº 59/98, de 25 de Agosto, que consagrou
expressamente a delegação genérica de competências no seu nº 4 do art.º 270º do CPP;
➔ a Lei da Organização da Investigação Criminal – Lei nº 21/2000 de 10 de Agosto,
alterada pelo Decreto-Lei 305/2002, de 13 de Dezembro;
➔ o novo Estatuto da Polícia Judiciária – Decreto-Lei nº 275º-A/2000, de 9 de Novembro,
alterado pela Lei nº 103/2001, de 25 de Agosto.
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Direito Processual Penal
O Magistrado titular do inquérito, sempre que ocorrerem motivos ponderosos, pode, no despacho
que recair sobre a notícia do crime, revogar a delegação genérica que tenha sido feita em certo
OPC.
Nos casos de delegação genérica de competência num OPC, enquanto a mesma se mantiver, os
magistrados devem abster-se de praticar, no processo ou seu translado, actos avulsos de
investigação.
Delegação genérica na Polícia Judiciária da competência para:
a investigação e para a prática dos actos processuais de inquérito derivados da mesma ou
que a integrem, relativamente aos crimes previstos no art.º 4º da Lei nº 21/2000, de 10 de
Agosto - Lei da Organização da Investigação Criminal (alterada pelo DL nº 305/2002 de 13
de Dezembro) e nº 2 do art.º 5º do Decreto-Lei nº 275-A/2000, de 9 de Novembro - Estatuto
da Polícia Judiciária (alterada pelo DL nº 304/2002 de 13 de Dezembro):
a) Homicídio doloso e ofensas dolosas à integridade física de que venha a resultar a morte;
b) Contra a liberdade e contra a autodeterminação sexual a que corresponda, em abstracto, pena superior a cinco anos de prisão,
desde que o agente não seja conhecido, ou sempre que sejam expressamente referidos ofendidos menores de 16 anos ou outros
incapazes;
c) Incêndio, explosão, exposição de pessoas a substâncias radioactivas e libertação de gases tóxicos ou asfixiantes, desde que, em
qualquer caso, o facto seja imputável a título de dolo;
d) Poluição com perigo comum;
e) Furto, roubo, dano, contrafacção ou receptação de coisa móvel que tenha valor científico, artístico ou histórico ou para o
património cultural que se encontre em colecções públicas ou privadas ou em local acessível ao público, que possua elevada
significação no desenvolvimento tecnológico ou económico ou que, pela sua natureza, seja substância altamente perigosa;
f) Falsificação de cartas de condução, livretes e títulos de propriedade de veículos automóveis de certificados de habilitações
literárias, de passaportes e de bilhetes de identidade;
g) Tráfico e viciação de veículos furtados ou roubados;
h) Contra a paz e a Humanidade;
i) Escravidão, sequestro e rapto ou tomada de reféns;
j) Organizações terroristas e terrorismo;
k) Contra a segurança do Estado, com excepção dos que respeitem ao processo eleitoral;
l) Participação em motim armado;
m) Captura ou atentado à segurança de transporte por ar, água, caminho de ferro ou rodovia a que corresponda, em abstracto, pena
igual ou superior a oito anos de prisão;
n) Executados com bombas, granadas, matérias ou engenhos explosivos, armas de fogo e objectos armadilhados, armas nucleares,
químicas ou radioactivas;
o) Roubo em instituições de crédito, repartições da Fazenda Pública e correios;
p) Associações criminosas;
q) Relativos ao tráfico de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, tipificados nos artigos 21º, 22º, 23º, 27º e 28º do Decreto-
Lei nº 15/93, de 22 de Janeiro, e dos demais previstos neste diploma que lhe sejam participados ou de que colha notícia;
r) Branqueamento de capitais, outros bens ou produtos;
s) Corrupção, peculato e participação económica em negócio e tráfico de influências;
t) Administração danosa em unidade económica do sector público e cooperativo;
u) Fraude na obtenção ou desvio de subsídio ou subvenção e ainda fraude na obtenção de crédito bonificado;
v) Infracções económico-financeiras cometidas de forma organizada ou com recurso à tecnologia informática;
w) Infracções económico-financeiras de dimensão internacional ou transnacional;
x) Informáticos;
y) Contrafacção de moeda, títulos de crédito, valores selados, selos e outros valores equiparados ou a respectiva passagem;
z) Relativos ao mercado de valores mobiliários;
aa) Insolvência dolosa;
bb) Abuso de liberdade de imprensa, quando cometido através de órgão de comunicação social de difusão nacional;
cc) Conexos com os crimes referidos nas alíneas s) a z);
dd) Ofensas, nas suas funções ou por causa delas, ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República, ao
Primeiro-Ministro, aos presidentes dos tribunais superiores e ao Procurador-Geral da República.
ee) Crimes tributários de valor superior a € 500 000, quando assumam especial complexidade, forma organizada ou carácter
transnacional;
ff) Tráfico de armas, quando praticado de forma organizada.
a prática dos actos previstos e não excepcionados pelo nº 3 do art.º 270º do CPP, bem como
a competência para a prática, por parte das Autoridades de Polícia Criminal (referidas no n.º
1 do art.º 11º do Estatuto da PJ), dos actos processuais previstos nas alíneas a), b), c) e d) do
art.º 11º-A do mesmo Estatuto, na redacção resultante da Lei nº 103/2001, de 25 de Agosto
(alteração ao Estatuto da PJ). Estes actos estão sujeitos a apreciação pelo magistrado
responsável pelo processo, na primeira intervenção que nele tenha.
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
Comunicações:
Os OPC devem transmitir ao MP, no mais curto prazo de tempo, a notícia de crime de que
tenham conhecimento ou lhes tenha sido denunciado (art.º 248º CPP).
Quando a competência para a investigação pertencer a outro OPC (nomeadamente nas
situações de competência reservada da PJ):
Enviar o original do auto de notícia ou de denúncia ao OPC competente;
Enviar o duplicado ao MP, mencionando o destino dado ao original do auto.
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Direito Processual Penal
os actos que tenham que ser ordenados ou autorizados pelo juiz de instrução (270º, nº 2 e 269º
do CPP):
buscas domiciliárias;
apreensões de correspondência (ver art.º 252º, nº 1 e art.º 179º, nº 3 do CPP);
intercepção, gravação ou registo de conversações ou comunicações;
praticar quaisquer outros actos que, por lei, dependam de ordem ou autorização do juiz;
receber depoimentos ajuramentados - 270º, nº 2, a) do CPP;
ordenar efectivação de perícia - 270º, nº 2, b) do CPP;
ordenar perícia que envolva a realização de autópsia médico-legal, o pedido de esclarecimento
relativamente a perícia já efectuada e a realização de nova perícia, mesmo em caso de urgência ou
perigo na demora - 270º, nº 3;
assistir a exame susceptível de ofender o pudor da pessoa - 270º, nº 2, c) do CPP;
ordenar ou autorizar revistas ou buscas - 270º, nº 2, d) do CPP;
outros actos que a lei expressamente determinar que sejam presididos pelo MP - 270º, nº 2, e) do
CPP;
no âmbito da instrução não podem ser delegados pelo juiz nos OPC o interrogatório do arguido, a
inquirição de testemunhas, os actos que por lei sejam cometidos em exclusivo à competência do
juiz e, nomeadamente, os referidos no artigo 268.°, n.° 1, e no artigo 270.°, n.° 2 do CPP (ver art.º
290º, nº 2 do CPP).
Desde o momento da sua constituição como arguido, este adquire um estatuto que lhe confere
direitos e deveres. Qualquer dúvida durante a tramitação processual deverá beneficiar sempre a
posição do arguido e não reverter em seu desfavor. São pois, inadmissíveis, sobretudo por parte dos
demais sujeitos processuais ou participantes no processo, quaisquer considerações ou insinuações que
ultrapassem o objecto do processo ou representem a antecipação de um juízo de culpa.
A qualidade de arguido, uma vez assumida, mantém-se durante o decurso de todo o processo (ver
nº 2 do art.º 57º do CPP).
Uma vez que o arguido é um sujeito processual, cujo estatuto comporta um conjunto de direitos e
deveres processuais, é necessário que tenha personalidade judiciária (art.º 5º do Código de Processo
Civil).
No processo penal a personalidade judiciária é a susceptibilidade de as pessoas poderem ser
objecto de imputação jurídico-penal. Têm assim personalidade judiciária, ou seja, poderão ser arguidos
as pessoas físicas maiores de 16 anos e as pessoas jurídicas colectivas (só relativamente a certos
crimes). Estes últimos podem ser susceptíveis de processo criminal através do seu representante legal
(aplica-se o art.º 21º do Código de Processo Civil, que estatui que as pessoas colectivas e as sociedades
são representadas por quem a lei designar, dado não existir nenhuma norma específica para o efeito no
CPP).
A qualidade de arguido, enquanto sujeito processual não se confunde com a responsabilidade
penal. Isto, porque se o autor do crime for, por exemplo, menor de 16 anos à data da prática dos factos,
poderá ser arguido, mas será insusceptível de imputação do crime que é objecto do processo.
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Direito Processual Penal
NOTAS:
No apêndice 2 do anexo A encontra-se um modelo de constituição de arguido.
Os direitos em cima enumerados não são taxativos, existindo outros espalhados pelo CPP:
- Outros direitos ao arguido - art.º 140º, n.º 1; art.º 287º, n.º 1, alínea a); art.º 325º, n.º 1; art.º 332º, n.º 7; art.º 334º, n.º 2
do CPP.
- Outros direitos de que goza e que não resultam da sua qualidade de arguido - art.º 89º, art.º 176º n.º 1, art.º 220º do
CPP.
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Direito Processual Penal
MAI, GABINETE DO MINISTRO, DESPACHO N.º 10 717/2000 (2.ª série), de 26FEV98, publicado no DR – n.º 121 – de 25MAI2000
Considerando o disposto no artigo 32.º, n.º 3 da Constituição da República e o desenvolvimento dessa garantia constitucional
consignada no artigo 61.º do Código de Processo Penal;
Considerando ainda a norma do artigo 62.º do Estatuto da ordem dos Advogados, aprovado pelo Decreto-lei n.º 84/84, de 16 de
Março;
Considerando as disposições conjugadas dos artigos 254.º a 261.º e 58.º n.º 1 al. c), do Código de Processo Penal, em conjugação com o
artigo 58.º da Ordem dos Advogados:
Determino as seguintes regras a observar pelas forças de segurança relativamente aos contactos no interior dos postos e
esquadras:
1.ª O arguido detido em estabelecimento policial das forças de segurança tem o direito de comunicar, oralmente ou por escrito, com o
seu defensor. O detido deve ser autorizado a contactar telefonicamente com o seu defensor, facultando-se-lhe a utilização do telefone
do estabelecimento policial por um período limitado, quando inexista telefone público nas instalações do posto ou esquadra.
2.ª As autorizações para as visitas podem ser requeridas e concedidas verbalmente, sem prejuízo dos registos a que houver lugar.
3.ª A realização da visita do advogado deverá ser autorizada pelo agente da autoridade mais graduado que, no momento, se encontrar no
posto ou na esquadra e deverá ter lugar a qualquer hora do dia ou da noite, logo após a realização das diligências impostas pelo caso
concreto e a elaboração do respectivo expediente.
4.ª Enquanto os estabelecimentos policiais não estiverem dotados de salas próprias para o efeito, deverão ser dadas aos defensores todas
as facilidades para contactarem com os seus constituintes, em condições de dignidade e segurança. Em circunstâncias excepcionais,
designadamente face ao elevado número de detidos e à falta de condições materiais, deverão adoptar-se as medidas impostas pelo caso
concreto, sem prejuízo das normas de segurança e da boa ordem do estabelecimento policial.
5.ª Não será feito qualquer controlo do conteúdo dos textos escritos e demais documentos que o defensor leve consigo.
6.ª A visita do defensor terá lugar por forma que as conversas não sejam ouvidas pelo encarregado da vigilância.
7.ª As visitas podem ser interrompidas por manifestas razões de segurança.
Não são inconstitucionais as normas do artigo 61º, nº 3, alínea b), e artigo 141º, Nº 3, do Código de Processo Penal, na parte em que
impõe ao arguido o dever de responder com verdade às perguntas feitas no primeiro interrogatório judicial sobre os seus antecedentes
criminais.
Acórdão do Tribunal Constitucional, de 1998.05.13, Boletim do Ministério da Justiça, 477, pág. 58
a) Todo o interveniente em processo penal que não conheça ou não domine a língua portuguesa, para beneficiar de um processo
equitativo, tem direito à assistência gratuita de um intérprete ou tradutor idóneo em todos os actos do processo que necessitar
compreender (cfr. Art.º 92º, nº 2 e 3 do CPP);
b) Implicando a constituição de arguido a entrega, sempre que possível no próprio acto, do documento previsto no art.º 58º, nº 3 do CPP,
afigura-se bastante prudente que ao arguido que não conheça ou não domine a língua portuguesa, seja facultada, sem prejuízo do referido
em a) e dessa entrega, a tradução de tal documento para a língua utilizada por aquele.
Parecer da Procuradoria-Geral da República de 15 de Outubro de 2001
“- Todos os indivíduos privados da liberdade devem ser notificados, por escrito, dos direitos dos detidos, ficando uma cópia da
notificação, assinada pelos mesmos, junta às cópias do expediente, no Posto (expediente interno que não deve ser enviado a tribunal). A
folha de direitos deve ser notificada aos indivíduos detidos em cumprimento de mandados, aos indivíduos conduzidos ao Posto para
identificação e aos detidos pela prática de crimes, neste último caso cumulativamente com a notificação dos direitos e deveres
processuais (Art.º 58, nº 3, e 61º do CPP);
“- A condução de detidos a estabelecimentos hospitalares, em casos de ferimentos ou de doenças, é um DIREITO destes, mas também
um DEVER a que os mesmos se devem submeter, especialmente nos casos em que os ferimentos/doenças ocorram ou se verifiquem em
momento anterior à detenção. É entendimento que os detidos, nestes casos, devem ser conduzidos ao estabelecimento hospitalar mesmo
contra a sua vontade, resultando do disposto nos nºs 21.1 e 21.2 do Regulamento das Condições Materiais de Detenção em
Estabelecimentos Policiais, legitimidade bastante para que a Guarda promova a sua condução.”
Nota Nº 7309 de 2 de Setembro de 1999 da 3ª REP/CG – Assunto: Acções de fiscalização da IGAI - Recomendação
13.4. - O DEFENSOR
13.4.1. - CONSTITUIÇÃO DE ADVOGADO
• O arguido pode constituir advogado em qualquer altura do processo – art.º 62º, nº 1 CPP.
• Se o arguido não constituir advogado e a assistência for obrigatória, o juiz nomeia-lhe um
advogado ou advogado estagiário (que cessa funções se o arguido constituir advogado próprio)
– art.º 62º, nº 2 CPP. Esta nomeação pode ser feita:
a) Nos casos previstos no artigo 64.°, n.° 1, alínea c), pelo MP ou por autoridade de polícia
criminal;
b) Nos casos previstos nos artigos 64.°, n.° 3, e 143.°, n.° 2, pelo MP.
• Havendo mais do que um defensor constituído, as notificações são feitas ao indicado em 1º lugar
no acto de constituição - art.º 62º, nº 4 CPP.
• O defensor exerce os direitos do arguido, mas este pode retirar eficácia aos realizados pelo
advogado, desde que o faça por declaração expressa anterior à decisão que deva ser tomada em
relação ao referido acto - art.º 63º CPP.
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Direito Processual Penal
14. - A PROVA
“ A Prova tem por função a demonstração da realidade dos factos.”- Art.º 341º do Código Civil
É através da produção da prova em julgamento que o tribunal vai formar a sua convicção sobre a
existência ou inexistência dos factos, das situações ou circunstâncias em que ocorreu o crime,
proferindo a sua decisão, a qual está cingida a critérios e regras gerais.
No que diz respeito à apreciação da prova, o ordenamento jurídico português segue o sistema
doutrinal da prova livre, ou seja, a apreciação da prova é deixada à livre convicção da entidade
julgadora, tendo em conta o material probatório que lhe é apresentado.
O sistema da prova livre contrapõe-se ao sistema da prova legal que assentava na ideia, de que,
deixando-se ao julgador, ao juiz, a valoração livre da prova, ele facilmente poderia incorrer em erro. A
imposição de normas e regras, baseadas nas regras gerais da vida e experiência, fixavam uma
hierarquia; hierarquizava-se o valor das provas, segundo a força que a lei atribuía a cada uma (por
exemplo, o depoimento do homem chegou, em tempos, a prevalecer sobre o da mulher e a confissão
do arguido era a “rainha das provas” - o que interessava era a confissão e não interessava o modo
como ela era obtida).
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Direito Processual Penal
Com os métodos científicos de prova, reduziu-se a margem de erro na apreciação da prova por
parte do tribunal.
14.1. - DISPOSIÇÕES GERAIS
14.1.1 - OBJECTO DA PROVA – ARTº 124º CPP
Constituem objecto de prova todos os factos juridicamente relevantes para a:
➢ Existência ou inexistência do crime
➢ Punibilidade ou não punibilidade do arguido
➢ Determinação da pena ou da medida de segurança aplicáveis
➢ Determinação da responsabilidade civil (quando tiver lugar pedido civil)
14.1.2. – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE DA PROVA – ARTº 125º CPP
SÃO ADMISSÍVEIS TODAS AS PROVAS QUE NÃO FOREM PROIBIDAS POR LEI.
14.1.3. - MÉTODOS PROIBIDOS DE PROVA – ARTº 126º CPP
SÃO NULAS, não podendo ser utilizadas as provas obtidas mediante:
➢ Tortura
Perturbação da liberdade de vontade ou decisão
➢ Coacção por qualquer meio cruel ou enganoso
Perturbação da capacidade de memória ou de
➢ Ofensa da integridade física avaliação
ou moral das pessoas Utilização da força
(mesmo que com o consentimento destas) Promessa de vantagem legalmente inadmissível
(proibição absoluta quanto aos métodos de prova que colidam directamente com a dignidade ou integridade
física ou moral do homem)
➢ Intromissão na vida privada, no domicílio,
na correspondência ou nas telecomunicações
Sem consentimento do respectivo titular ou fora dos casos permitidos por lei
(exemplo: quando autorizadas pelo juiz)
(proibição relativa de métodos de obtenção de prova no domínio dos direitos disponíveis através do
consentimento – ver art.º 34º da CRP)
NOTA: AS PROVAS PODEM SER UTILIZADAS APENAS COM O FIM EXCLUSIVO DE LEVAR À
PUNIÇÃO DE QUEM AS OBTIVER DE FORMA ILEGAL (por exemplo os militares da GNR) – nº 4
14.1.4. - LIVRE APRECIAÇÃO DA PROVA – ARTº 127º CPP (Princípio da liberdade da valoração)
Salvo quando a lei dispuser de maneira diferente, a prova é apreciada segundo as regras da
EXPERIÊNCIA e a LIVRE CONVICÇÃO da entidade competente (normalmente, o juiz).
Esta apreciação é discricionária, mas nunca poderá ser arbitrária.
Toda e qualquer apreciação da prova por parte do tribunal terá de ser reduzida a critérios
objectivos (o tribunal tem que justificar a sua decisão). Por outro lado, na apreciação da prova deverá
constar uma exposição dos motivos que fundamentaram a decisão do tribunal (ver art. 374º, nº 2 do
CPP).
Se o tribunal não fundamentar a sentença (a qual se fundamenta obrigatoriamente nos factos
provados e não provados), esta é susceptível de recurso na medida em que está a ser violado um
princípio geral de direito. Este recurso pode versar sobre os factos de direito, tendo como objecto, quer
a contradição material, quer a violação das regras da vida e a da experiência (art. 127º CPP).
Os meios de prova, que a seguir serão estudados, são valorados pela entidade competente, tendo
em conta as seguintes particularidades:
- Prova Testemunhal (art.º 128º e seguintes do CPP)
É deixada à livre convicção do tribunal, face ao depoimento prestado, achar este credível ou não.
O Tribunal e a pessoa contra quem é feita a prova podem levantar objecções, podendo pôr em causa a
razão de ciência do depoimento. Pode ser posto em causa a maneira como foi adquirido esse
conhecimento através da chamada contradita ou pôr em causa o depoimento comparando-o com o
depoimento de outra testemunha, tendo neste caso lugar a chamada acareação (art.º 146º do CPP). De
qualquer forma, a prova testemunhal é sempre deixada à livre apreciação do tribunal.
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
Nota importante:
A TESTEMUNHA NÃO É OBRIGADA A RESPONDER A PERGUNTAS QUANDO ALEGAR QUE DAS SUAS
RESPOSTAS RESULTA A SUA RESPONSABILIZAÇÃO PENAL - nº 2 do art.º 132º do CPP.
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Direito Processual Penal
I - Nos termos do artigo 131º do Código de Processo Penal vigente, o dever de testemunhar alargou-se a pessoas que, não podendo testemunhar face ao
disposto no artigo 216º, § 2º, do Código de Processo Penal de 1929, podiam, no entanto, prestar declarações.
II - Porém, o artigo 134º, Nº 1, alínea a), do Código de Processo Penal de 1987 veio reconhecer aos ascendentes, entre outras categorias de pessoas, o direito
de recusa a depor como testemunhas, não restringindo esse direito com qualquer obrigação de prestar declarações, como fazia o Código de Processo Penal
de 1929, introduzido, assim, um limite ao princípio da verdade material.
III - A razão de ser da admissão da recusa a depor, quando a testemunha é ascendente do arguido, mantém-se, não havendo motivo para distinguir se os
demais arguidos ou algum deles é responsável apenas por factos seus.
IV - Com efeito, tal depoimento, ainda que não contenda com os factos comuns aos arguidos, pode afectar razões que estiveram na base da recusa, devendo,
por isso, ser admitida mesmo em relação à globalidade dos arguidos e não só relativamente ao arguido parente ou aos factos deste e dos arguidos em que a
participação se verificou.
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 1996.01.17, Boletim do Ministério da Justiça, 453, pág. 313.
Nota:
Em consonância com o movimento internacional de reconhecimento dos direitos das
testemunhas, nomeadamente a Recomendação nº R (97) 13 do Conselho da Europa, a AR aprovou a
Lei nº 93/99 de 14 de Julho, a qual veio regulamentar a aplicação de medidas de protecção de
testemunhas em processo penal. O desenvolvimento e concretização dos mecanismos de protecção das
testemunhas foram, entretanto, regulamentados pelo Decreto-Lei nº 190/2003 de 22 de Agosto, o qual:
- Concretiza as regras de confidencialidade essenciais à efectiva protecção das testemunhas que
requeiram a reserva do conhecimento da identidade;
- Desenvolve os meios de efectivar as diferentes medidas pontuais de segurança previstas na lei;
- Desenvolve regras de funcionamento da comissão de programas especiais de segurança.
Processo Crime - Segredo bancário – Quebra
O interesse público na administração da justiça, consubstanciado no exercício por parte do Estado do direito de punir, sobrepõe-se inequivocamente ao
interesse privado do cidadão (eventualmente agente de crimes) em ver resguardado pelo segredo profissional a sua identificação, conta bancária e respectivos
movimentos.
Acórdão da Relação de Lisboa, de 1995.11.15, Boletim do Ministério da Justiça, 454, pág. 495.
Juramento, nos termos e dentro dos limites legais, se a isso for obrigada.
- As testemunhas prestam o seguinte juramento: «Juro, por minha honra, dizer toda a verdade e só
a verdade.» - art.º 91º, nº 1 do CPP.
- O juramento é prestado apenas perante a AJ competente, a qual adverte previamente quem o
dever prestar das sanções em que incorre se os recusar ou a eles faltar - art.º 91º, nº 3 do CPP.
- A recusa a prestar o juramento equivale à recusa a depor - art.º 91º, nº 4 do CPP.
Nota: As testemunhas não prestam juramento quando prestam declarações perante militares da
GNR, apenas o fazem perante as Autoridades Judiciárias.
Quando conveniente, podem ser mostradas às testemunhas peças, documentos, instrumentos ou
quaisquer objectos apreendidos relacionados com o processo.
A testemunha pode apresentar objectos ou documentos que possam servir como prova, os quais são
juntos ao processo ou guardados, fazendo-se menção da sua apresentação.
A recusa sem justa causa, a prestar depoimento é punida criminalmente nos termos do Art.º 360º,
n.º 2 do Código Penal.
TRANSGRESSÕES
São notificadas as que a acusação puder produzir, não podendo ser o seu número superior a três. O
número de testemunhas de defesa não pode exceder para cada infracção o que a acusação puder
produzir – art.º 12º do DL 17/91 de 10 de Janeiro.
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
Particulares - Todos os restantes documentos. Estes documentos são considerados autenticados, quando
confirmados pelas partes, perante notário, nos termos prescritos nas leis notariais (art.º 363º, nº3 do Código Civil)
e reconhecidos quando o mesmo acontece em relação a letra e/ou assinatura (art.º 375º do Código Civil). Nestes
documentos a intervenção das autoridades públicas verifica-se à posteriori, ainda que, com intensidades distintas.
Notas:
CERTIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS - O Decreto-Lei nº 28/2000 de 13 de Março conferiu a competência para a
conferência (certificação) de fotocópias às juntas de freguesia, aos Correios (CTT), às câmaras de comércio e indústria
(reconhecidas no DL 244/92, de 29 Dec), aos advogados e aos solicitadores. As fotocópias conferidas por estas entidades
têm o valor probatório dos originais (nº 5 do art.º 1º), desde que seja aposta ou inscrita no documento fotocopiado (nº 4 do
art.º 1º):
A declaração de conformidade com o original;
O local e a data da realização do acto;
O nome e assinatura do autor da certificação;
Carimbo profissional ou qualquer outra marca identificativa da entidade que procede à certificação.
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Direito Processual Penal
Já agora diga-se que não concordamos com o Ministério Público junto da comarca quando parece entender “precisamente
para poder justificar a sua posição” que o sábado de manhã é dia útil, só porque há turnos (entenda-se tribunais de turno)…
Acórdão n.º 2/2004 – Processo n.º 2710/2003 do Supremo Tribunal de Justiça, publicado no DR I Série-A, de 12 de Maio de
2004 (Página 3005)
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Direito Processual Penal
É feita:
pela secretaria, oficiosamente ou precedendo despacho da autoridade judiciária ou de
polícia criminal competente;
➔ É executada:
pelo funcionário de justiça que tiver o processo a seu cargo, ou por agente policial,
administrativo ou pertencente ao serviço postal que for designado para o efeito e se
encontrar devidamente credenciado.
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Direito Processual Penal
d) EDITAIS E ANÚNCIOS, nos casos em que a lei expressamente o admitir (exemplos: art.º 51º, nº4
e art.º 335º do CPP)
É feita mediante a afixação de um edital em cada um dos seguintes locais – nº 11:
Na porta do tribunal;
Na porta da última residência do arguido
Nos lugares para o efeito destinados pela respectiva junta de freguesia.
Sempre que tal for conveniente:
É ordenada a publicação de anúncios em dois números seguidos:
de um dos jornais de maior circulação na localidade da última residência do arguido ou
de maior circulação nacional.
VALEM COMO NOTIFICAÇÃO
As convocações e comunicações feitas (salvo nos casos em que a lei exigir forma diferente) - nº 7:
a) Por autoridade judiciária ou de polícia criminal aos interessados presentes em acto processual
por ela presidida, desde que documentadas no auto;
b) Por via telefónica em caso de urgência, se respeitarem os requisitos constantes do n.° 2 do art.º
112º do CPP e se, além disso, no telefonema se avisar o notificando de que a convocação ou
comunicação vale como notificação e ao telefonema se seguir confirmação telegráfica, por
telex ou por telecópia.
NOTIFICAÇÃO FEITA A OUTRAS PESSOAS - nº 8
O notificando pode indicar pessoa, com residência ou domicílio profissional situados na área de
competência territorial do tribunal, para o efeito de receber notificações.
Neste caso, as notificações, levadas a cabo com observância do formalismo previsto no art.º
113º, consideram-se como tendo sido feitas ao próprio notificando.
NOTIFICAÇÕES DO ARGUIDO, DO ASSISTENTE E DAS PARTES CIVIS – nº 9
Podem ser feitas ao respectivo defensor ou advogado.
Ressalvam-se as notificações respeitantes:
à acusação;
à decisão instrutória;
à designação de dia para julgamento;
à sentença;
as relativas à aplicação de medidas de coacção e de garantia patrimonial;
as relativas à dedução do pedido de indemnização civil.
* devem igualmente ser notificadas ao advogado ou defensor nomeado;
* neste caso, o prazo para a prática de acto processual subsequente
conta-se a partir da data da notificação efectuada em último lugar.
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Direito Processual Penal
Devem ser condenados em multa, nos termos do artigo 116º do Código de Processo Penal, o arguido e a testemunha que,
devidamente notificados pela Guarda Nacional Republicana para comparecerem a fim de serem ouvidos em inquérito,
faltarem e não justificarem as respectivas faltas.
Acórdão da Relação do Porto, de 1998.10.07, Boletim do Ministério da Justiça, 480, pág. 546,
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Direito Processual Penal
Da comunicação consta, sob pena de não justificação da falta, a indicação (nº 2):
Do respectivo motivo;
Local onde o faltoso pode ser encontrado;
Duração previsível do impedimento.
Se for alegada doença, o faltoso apresenta atestado médico especificando (nº 4):
A impossibilidade ou grave inconveniência no comparecimento;
Tempo provável de duração do impedimento (não diz a doença – segredo médico).
Nota: A autoridade judiciária pode (nº 4):
Ordenar o comparecimento do médico que subscreveu o atestado;
Fazer verificar por outro médico a veracidade da alegação da doença.
Perante o atestado médico apresentado para justificação de uma falta, o tribunal pode assumir uma destas posições; ou o
aceita como autêntico e justifica a falta ou tem dúvidas sobre essa autenticidade e investiga-a.
Acórdão da Relação de Coimbra de 1995.03.08, Boletim do Ministério da Justiça, 445, pág. 631.
Se for impossível obter atestado médico, é admissível qualquer outro meio de prova (só práticas
médicas – exemplo: registo de entrada no hospital) – nº 5.
Havendo impossibilidade de comparecimento, mas não de prestação de declarações ou de
depoimento, esta realizar-se-á no dia, hora e local que a autoridade judiciária designar, ouvido o
médico assistente, se necessário.
A falsidade da justificação é punida, consoante os casos, nos termos (nº 7):
Do artigo 260.° CP – Atestado falso.
Do artigo 360.° CP – Falsidade de testemunho, perícia, interpretação ou tradução.
➔ Juiz pode ordenar, oficiosamente ou a requerimento (nº 3 do art.º 273º conjugado com nº 2, art.º 116º):
A detenção de quem tiver faltado injustificadamente pelo tempo indispensável à realização
da diligência;
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Direito Processual Penal
Condenar o faltoso ao pagamento das despesas ocasionadas pela sua não comparência,
nomeadamente das relacionadas com notificações, expediente e deslocação de pessoas.
Tratando-se do arguido, pode ainda ser-lhe aplicada medida de prisão preventiva, se esta
for legalmente admissível – nº 2.
89 euros *
* Valor actualizado automaticamente e válido para o triénio 2004 a 2006, face ao art.º 6º, nº 1 do DL 212/89, de 30 de Junho, e das disposições
conjugadas do art.º 5º do DL 212/89, de 30 de Junho, na redacção introduzida pelo DL 323/2001, de 17 de Dezembro e art.º 1º do DL 320-C/2002, de 30
de Dezembro.
17. – DETENÇÃO
Nos termos do art.º 27º da CRP todos têm direito à liberdade e à segurança e ninguém pode ser
total ou parcialmente privado da liberdade, a não ser em consequência de sentença judicial
condenatória pela prática de acto punido por lei com pena de prisão ou de aplicação judicial de medida
de segurança. No entanto, exceptua-se deste princípio a privação da liberdade, pelo tempo e nas
condições que a lei determinar, nos casos seguintes (nº 3 do art.º 27º da CRP):
✓ Detenção em flagrante delito;
✓ Detenção ou prisão preventiva por fortes indícios de prática de crime doloso a que corresponda
pena de prisão cujo limite máximo seja superior a 3 anos;
✓ Prisão, detenção outra medida coactiva sujeita a controlo judicial de pessoa que tenha penetrado
ou permaneça irregularmente no território nacional ou contra a qual esteja em curso processo de
extradição ou de expulsão;
✓ Prisão disciplinar imposta a militares, com garantia de recurso para o tribunal competente;
✓ Sujeição de um menor a medidas de protecção, assistência ou educação em estabelecimento
adequado, decretadas pelo tribunal judicial competente;
✓ Detenção por decisão judicial em virtude de desobediência a decisão tomada por um tribunal ou
para assegurar a comparência perante autoridade judiciária competente;
✓ Detenção de suspeitos para efeitos de identificação, nos casos e pelo tempo estritamente
necessários;
✓ Internamento de portador de anomalia psíquica em estabelecimento terapêutico adequado,
decretado ou confirmado por autoridade judicial competente.
Importante: Toda a pessoa privada da liberdade deve ser informada imediatamente e de forma
compreensível das razões da sua prisão ou detenção e dos seus direitos – nº 4 do art.º 27º da CRP.
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Direito Processual Penal
A detenção pode ocorrer em qualquer fase processual e pode ocorrer mesmo antes de
instaurado qualquer processo, como sucede com a detenção em flagrante delito. A detenção
caracteriza-se pela sua provisoriedade (é sempre precária) e pela sua finalidade específica.
O termos detenção e prisão são muitas vezes confundidos e utilizados de forma indiferenciada
pelas pessoas. Sendo uma falha desculpável ao cidadão comum, o mesmo não se poderá dizer quando
a confusão é feita por militares da GNR. De uma forma simples pode-se definir detenção e prisão da
seguinte forma:
Detenção – é a privação de liberdade do cidadão, levada a efeito por autoridade judiciária, autoridade
de polícia criminal, órgão de polícia criminal, ou por um cidadão comum, pela prática de um crime ou
transgressão punidos com pena de prisão, no período que vai desde a “voz de detenção” até o detido
ser presente à autoridade judiciária competente.
Prisão – é a privação da liberdade para cumprimento de uma pena de prisão ou prisão preventiva,
determinada por um juiz.
I - O termo detenção aplica-se aos casos em que a privação da liberdade haja que ser confirmada por subsequente intervenção judicial,
dado o seu carácter precário e condicional sujeita à condição resolutiva da homologação judicial. O seu tratamento insere-se no capítulo III
do título I do livro VI do Código de Processo Penal.
Acórdão da Relação de Lisboa, de 1998.01.06, Boletim do Ministério da Justiça, 473, pág. 549
2 - Conceito de detenção - considera-se detenção, para efeitos deste Regulamento, toda a privação da liberdade por um período inferior a quarenta e oito horas, bem como a
condição da pessoa sujeita ao procedimento de identificação obrigatória.
MAI, Gabinete do Ministro, Despacho n.º 8684/99 (2ª série), DR n.º 102, de 03MAI99 - Regulamento das Condições Materiais de Detenção em Estabelecimentos Policiais
QUANDO?
Em caso de flagrante delito, por crime punível com pena de prisão - nº 1.
Se o titular do direito de queixa não exercer o respectivo direito de queixa em "acto seguido" à
detenção deverá proceder-se à libertação imediata do detido (n.º 3 do art.º 255.º e última parte do n.º 1
do artigo 261.º) havendo, no entanto, lugar à identificação do infractor, à semelhança do procedimento
a adoptar perante os crimes particulares, garantindo-se, assim, ao ofendido, o eventual exercício dos
seus direitos de queixa, de indemnização e da perseguição penal.
COMO PROCEDER EM CASO DE O CRIME SER PARTICULAR? – nº 4
Não há lugar a detenção em flagrante delito, mas apenas à identificação do infractor.
Alguns autores não entendem bem a razão por que se admite a detenção relativamente aos crimes
semi-públicos e não àqueles que dependam de acusação particular. Na sua opinião, seria mais razoável
que o tratamento fosse idêntico, tanto mais que também relativamente aos crimes semi-públicos o
queixoso pode desistir da queixa posteriormente e a distinção entre uns e outros não assenta na
gravidade do crime.
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Direito Processual Penal
Esta forma de detenção deve ter um carácter residual, respeitando sempre escrupulosamente os
princípios da necessidade, proporcionalidade e adequação.
I - Quem tiver sofrido prisão manifestamente ilegal tem direito a ser indemnizado pelo Estado.
II - O mandado de captura deve indicar o facto imputado ao detido, não bastando a indicação do nome da infracção e
lei que a pune.
III - Este entendimento não é, porém, seguido por toda a doutrina, havendo quem defenda o contrário.
IV - Preso o autor com um mandado de captura que apenas indicava o nome da infracção e a lei que a punia, não é
o mandado manifestamente ilegal.
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 12.03.1998, Colectânea de Jurisprudência, STJ, 1998, I, pág. 131.
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Direito Processual Penal
- Audição do Arguido - Art.º 18º, nº 1 - a entidade que proceder à detenção comunica-a de imediato, pela via
mais expedita e que permita o registo por escrito, ao Ministério Público junto do Tribunal da Relação
competente.
- Audição do arguido pelo tribunal de 1ª Instância - Art.º 19º, nº 1 - Sempre que o detido não possa, por
qualquer razão, ser ouvido pelo tribunal da relação é apresentado ao Ministério Público junto do Tribunal
de 1ª instância da sede do tribunal competente.
PROCESSOS DE EXPULSÃO ADMINISTRATIVA DE ESTRANGEIROS EM SITUAÇÃO IRREGULAR
- O auto de detenção e o detido, no âmbito de processos de expulsão administrativa de estrangeiros em situação
irregular, deverão ser apresentados directamente ao juiz competente para efeitos de validação e aplicação da
medida de coacção, no prazo máximo de 48 horas – apresentação que caberá à entidade policial que procedeu à
detenção, sempre que se revele inviável a entrega, em tempo útil, do detido ao Serviço de Estrangeiros e
Fronteiras.
- Em processo de aplicação da medida de expulsão, o acto de apresentação de detido ao juiz, nos termos e para
os efeitos previstos pelo art.º 117º, nº 1 do DL nº 244/98, de 8 de Agosto (alterado pela Lei nº 97/99, de 26 de
Julho e pelos Decretos-Lei nºs 4/2001, de 10 de Janeiro e 34/2003, de 25 de Fevereiro), não requer qualquer
intervenção mediadora do Ministério Público.
- Os tribunais competentes para procederem à audição do cidadão estrangeiro detido são os juízos de pequena
instância criminal; onde não existirem juízos de pequena instância criminal, serão competentes os tribunais de
comarca, e quando houver desdobramento destes em tribunais de competência específica, os juízos criminais.
Despacho do Procurador-Geral da República de 13 de Novembro de 2003, veiculado através da Circular nº 3/2003 da PGR
e Informação nº 46/04 do Gabinete do Procurador-Geral
COMUNICAÇÕES DE DETENÇÕES
1- O militar que efectue uma detenção, comunica-a pela via mais rápida à respectiva Unidade «Destacamento ou Posto»,
que em caso de necessidade lhe presta o devido apoio operacional, logístico ou administrativo, podendo em situações
excepcionais socorrer-se para o efeito de outras forças ou serviços de segurança.
2- O órgão que efectua a detenção, fará de imediato, pessoalmente ou por via telefónica a sua comunicação à Autoridade
Judiciária competente (Ministério Público).
3- O mesmo órgão enviará àquela entidade, comunicação via fax, conforme modelo existente na GNR.
4- Quando um órgão da Guarda que procedeu à detenção não possuir instalações adequadas para manter os detidos,
deverá socorrer-se pelo tempo estritamente necessário, de outras instalações da Guarda, ou em situações excepcionais, de
outras Forças de Segurança, ou dos Serviços Prisionais.
5- A entrega dos detidos nas condições dos números anteriores far-se-á mediante Guia de Entrega «existente em uso na
Guarda», assinada por um Graduado, sendo Oficial nos casos em que a custódia do detido seja confiada a entidades
exteriores à Guarda – (nota: ver apêndice 9 do Anexo A)
6- A responsabilidade sobre a legalidade da detenção e pela apresentação do detido às Autoridades Judiciárias
competentes incumbe sempre ao órgão captor.
Art.º 259.º do CPP e Circular nº 776 de 27 de Janeiro de 1997 da 3.ª Rep/CG/GNR
- A comunicação da detenção trata-se de um conceito cuja concretização depende de circunstâncias, de momento e local,
por vezes até de carácter físico: a disponibilização de meios técnicos, a adopção de medidas cautelares urgentes e prévias,
assistência, revista de segurança, etc. Talvez por isso o legislador não tenha traduzido num espaço de tempo certo e
determinado.
- O que se pode dizer é que tal comunicação deverá e terá que ser efectuada tão depressa quanto for possível.
- Não pretendendo porém furtar-me ao solicitado, sempre direi, dentro do espírito de mera indicação, que se me afigura
genericamente razoável como prazo máximo para a comunicação da detenção o correspondente a 1 hora.
- Afigura-se-me pois aceitável uma recomendação interna no sentido de a comunicação da detenção por fax/telefónica seja
sempre feita de imediato e nessa perspectiva se tente nunca exceder um período de uma hora.
Informação de 8 de Abril de 1998 da IGAI
No apêndice 8 anexo A encontra-se o modelo de Fax existente na GNR para comunicação imediata da detenção à Autoridade
Judiciária, o qual foi elaborado com base no Despacho Ministerial do MAI de 15/07/96, por proposta da IGAI.
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privacidade e de um modo limpo e decente, sendo separadas do maciço da cama designadamente por uma baia de 0,90 m de altura.
4.9.1 - O equipamento mínimo das instalações sanitárias será constituído por lavatório, em aço inox incrustado num maciço de betão, com torneira temporizada, só tendo à vista
o botão accionador e a bica de água, e uma bacia de retrete, tipo turca, munida de fluxómetro embutido na parede, apenas sendo visível o botão de accionamento e a bica de
saída de água para a turca. A turca deverá ficar situada a um nível inferior ao pavimento de modo a funcionar como ralo de escoamento.
4.9.2 - As instalações sanitárias terão iluminação e renovação permanente de ar, asseguradas directamente do exterior da edificação.
4.9.3 - Em caso algum será prevista a utilização de aparelho de combustão, designadamente de esquentador a gás, nas instalações sanitárias.
4.9.4 - Existirá no exterior da cela uma torneira de segurança.
4.10 - Iluminação artificial - deverão ser observadas as normas técnicas admitidas nesta matéria. Não poderá ser instalada no espaço da cela nenhuma tomada de corrente, nem
nenhum comando de iluminação. Só deverá ser previsto um ponto luminoso, montado na parede contígua com a antecâmara, por cima da porta, protegido por uma grade
metálica, com acesso pela antecâmara e comandado a partir desta.
4.11 - Materiais e forma de aplicação:
4.11.1 - Os materiais a aplicar deverão ser resistentes ao fogo.
4.11.2 - Os maciços do lavatório, da cama e da baia de protecção terão todas as arestas e ângulos arredondados.
4.11.3 - As canalizações serão interiores.
4.11.4 - O pavimento da cela será em cimento que pode ser revestido com material cerâmico antiderrapante. As paredes e tectos serão rebocados, lisos e pintados com tinta
resistente, lavável, de cor clara e não facilmente inflamável.
5 - Limpeza das celas:
5.1 - As celas deverão ser mantidas cm boas condições de higiene e limpeza, para o que devem ser limpas diariamente.
5.2 - As celas deverão ser objecto de operações periódicas de desinfecção e desinfestação, com pulverização de produtos bactericidas.
5.3- Nos locais de detenção não poderão ser guardados quaisquer objectos que possam ser utilizados perigosamente pelos detidos, designadamente quando com eles possam
atentar contra a própria vida e ou a vida de outrem.
6 - Obras periódicas de conservação - as celas deverão ser reparadas e beneficiadas pelo menos uma vez em cada período de oito anos, com o fim de remediar as deficiências
provenientes do seu uso normal e de as manter em boas condições de utilização.
7 - Parecer prévio do Gabinete de Estudos e Planeamento de
Instalações:
7.1 - Estão sujeitos a parecer prévio vinculativo do Gabinete de Estudos e Planeamento de Instalações (GEPI):
a) Os projectos de todas as obras de construção de zonas de detenção;
b) Os projectos de obras de remodelação que impliquem alteração das estruturas das zonas de detenção.
7.2 - Não estão sujeitos ao procedimento previsto no número anterior as obras de simples conservação, restauro ou limpeza.
7.3 - O parecer do GEPI deverá ser emitido no prazo máximo de 30 dias.
8 - Inventário dos locais de detenção:
8.1 - Existirá uma lista oficial, por força de segurança, de todos os locais de detenção existentes nos estabelecimentos policiais, com a especificação da área, lotação e
localização de cada cela.
8.2 - A Guarda Nacional Republicana (GNR) e a Policia de Segurança Pública (PSP) remeterão cópia autenticada da respectiva lista à Procuradoria-Geral da República (PGR), à
Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI) e à Policia Judiciária (PJ).
9 - Vigilância dos estabelecimentos policiais:
9.1 - Sem prejuízo da intimidade da vida privada, deverão ser criados dispositivos de vigilância dos estabelecimentos policiais das zonas de detenção, para evitar tentativas de
evasão e melhor garantir a segurança dos funcionários policiais e dos detidos, designadamente impedindo os actos auto-agressivos e zelando pelo estado de saúde daqueles.
9.2 - A instalação de sistemas de vigilância áudio e vídeo do interior e exterior dos estabelecimentos policiais deve ser assinalada por meio de painel visível. As cassetes
gravadas serão conservadas por um período de 30 dias, findos os quais serão reutilizadas.
9.3 - As pessoas detidas devem ser objecto de vigilância regular e discreta pelo competente agente policial, intensificando-se as rondas sempre que os detidos apresentem sinais
de estar sob a influência de drogas, álcool, medicamentos ou num estado comocional recente.
CAPÍTULO III
Das condições de detenção
10 - Princípios gerais:
10.1 - Toda a pessoa detida é colocada sob a responsabilidade e protecção da polícia.
10.2 - Toda a pessoa detida deve ser tratada com humanidade e com respeito da dignidade inerente ao ser humano, sem qualquer discriminação, designadamente em razão da
nacionalidade, condição social, convicções políticas, religiosas ou outras.
10.3 - A pessoa detida deve beneficiar de um tratamento adequado à sua condição de pessoa não condenada e, sempre que possível, será separada das pessoas presas em
cumprimento de pena.
11-Alojamento:
11.1 - Sempre que possível e salvo contra-indicação devem os detidos ser alojados em compartimentos singulares.
11.2 - E garantida a completa separação dos detidos em função do sexo ou dos que sejam portadores de doença contagiosa.
11.3 - Se tal for exequível, os jovens, idosos e grávidas deverão ser guardados à vista, designadamente quando na cela permanecerem indivíduos presos a aguardar transporte
para o estabelecimento prisional.
11.4 - Sempre que o número de detidos exceda a lotação das celas deve o respectivo comandante diligenciar para que aqueles sejam transferidos para outros locais de detenção
mais próximos ou, não sendo tal possível, guardados à vista em condições de dignidade e segurança.
11.5 - Cada detido disporá de uma cama individual e roupa adequada para esta, mantida e substituída de modo a assegurar o seu bom estado de conservação e limpeza.
11.6 - Os cobertores disponíveis deverão ser em número suficiente, em função das condições térmicas existentes. Após cada utilização deverão ser objecto de desinfecção e
acondicionados em local adequado.
11.7 - Sem prejuízo das medidas de segurança que se mostrarem adequadas, as pessoas detidas em cumprimento de mandado de detenção para comparência a acto judicial
deverão, em princípio, ser guardadas à vista.
11.8 - As pessoas conduzidas ao estabelecimento policial para efeitos de identificação, ao abrigo dos artigos 250.º do Código de Processo Penal (CPP) e 3.º da Lei nº 5/95, de 21
de Fevereiro, não podem recolher às celas, devendo permanecer na área de atendimento ou numa sala destinada a esse fim, sem embargo das medidas de segurança que as
circunstâncias aconselhem. Logo que tenha decorrido o prazo legal de retenção a pessoa deve ser informada de que pode deixar o posto policial.
12 - Higiene pessoal - deve ser exigido a todos os detidos que se mantenham limpos e, para este fim, ser-lhes-ão fornecidos os artigos de higiene necessários à sua saúde e
limpeza e praticar, na medida do possível, exercício ao ar livre.
13 - Alimentação:
13.1 - Serão fornecidas aos detidos refeições convenientemente preparadas e apresentadas de acordo com as normas dietéticas e de higiene, no que concerne à quantidade e
qualidade das mesmas.
13.2 - Cada detido deve ter sempre acesso a água potável.
13.3 - São proibidos a posse e o uso de bebidas alcoólicas no interior dos estabelecimentos policiais.
13.4 - Dentro dos limites com a boa ordem do estabelecimento policial, os detidos podem, se o desejarem, mandar vir do exterior alimentação, a expensas próprias, quer através
da administração, quer através de familiares ou amigos.
13.5 - A administração suportará os encargos com a alimentação das pessoas detidas que aleguem insuficiência económica.
14 - Informação de direitos:
14.1 - Em cada posto policial deverá ser afixado, em lugar bem visível e nas zonas de detenção, um painel com informação sobre os direitos e deveres dos detidos,
transcrevendo-se integralmente o artigo 61.º do CPP. Existirá ainda um folheto informativo contendo, em várias línguas, indicação sumária dos direitos e deveres da pessoa
detida.
14.2- A informação dos direitos de constituir advogado e de comunicação com familiar ou pessoa da sua confiança, bem como a entrega do folheto informativo referido no
número anterior, deverão ficar documentadas, lavrando-se de termo de notificação e entrega.
14.3 - A informação referida no número anterior deverá ser efectuada numa língua que o detido compreenda, solicitando-se sempre a presença de intérprete quando for caso
disso.
14.4 - O detido deve ser autorizado a informar imediatamente a família sobre a sua situação e devem ser-lhes dadas todas as facilidades razoáveis para o efeito, permitindo-se a
utilização do telefone do próprio posto, quando inexista telefone público.
14.5 - Após a detenção, deve o detido ser auxiliado na medida do possível na resolução dos seus problemas pessoais urgentes.
14.6 - No auto de detenção deverão especificar-se as circunstâncias em que ocorreu a detenção e descrever-se qualquer ferimento apresentado pelo mesmo com indicação da
respectiva origem.
15 - Contacto do detido com o seu defensor - o detido deve ser autorizado a contactar telefonicamente com o seu defensor, facultando-se-lhe a utilização do telefone do posto
por um período limitado, quando inexista telefone público nas instalações do posto policial.
69
Direito Processual Penal
16 - Livro de registo de detidos e boletim individual de detido:
16.1 - Em cada estabelecimento há um livro de registo,(1) de modelo aprovado superiormente, em que são consignados, relativamente a cada detido e pela ordem de entrada:
Identificação da pessoa detida;
Dia e hora da detenção e da apresentação à autoridade judiciária;
Local da detenção;
Identidade dos funcionários intervenientes na detenção;
Identificação do facto que motivou a detenção e das circunstâncias que legalmente a fundamentam.
16.2 - Sem prejuízo do livro referido no número anterior, será elaborado um boletim individual de detido,(2) de modelo a aprovar superiormente, destinado ao registo de todas
as circunstâncias e medidas relativas ao detido, designadamente o momento e a causa da privação de liberdade, o momento de informação dos direitos, marcas de ferimentos,
contactos com familiares, amigos ou advogado, incidentes ocorridos durante a detenção, momento da apresentação à autoridade judiciária e da libertação. Tal boletim deverá ser
assinado pelos agentes policiais intervenientes e pelo detido.
17 - Bens do detido:
17.1 - Sempre que por razões de segurança ou de saúde pública sejam retirados ao detido quaisquer objectos ou vestuário, será elaborado auto de depósito (3) que será registado,
numerado e identificado com o expediente relativo à detenção e assinado pelo detido e por quem dirigiu a diligência.
17.2 - As revistas deverão ser feitas em lugar reservado, sempre que possível por pessoa do mesmo sexo, sem prejuízo da adopção das medidas de segurança necessárias em
razão da perigosidade do detido. Todos os objectos do detido devem ser conservados em lugar seguro até à sua devolução, lavrando-se, então, o competente termo de entrega.
18 - Assistência aos familiares das pessoas detidas - o comandante do posto policial deve diligenciar. quando necessário, para que seja prestada assistência aos familiares a cargo
da pessoa detida, nomeadamente aos menores, promovendo, neste caso, que os serviços da segurança social assegurem a guarda dos menores deixados sem vigilância.
19 - Informação ao detido do falecimento ou de doença grave de familiar - todo o detido deve ser informado imediatamente do falecimento ou doença grave de um parente
próximo.
20 - Escolta a detidos:
20.1 - A condução dos detidos de e para o posto policial deve ser feita com discrição e obedecerá às regras de segurança, exigíveis em função dos riscos previsíveis.
20.2 - Na escolta aos detidos em visitas a familiares doentes ou participação em cerimónias fúnebres de familiares deverão adoptar-se as medidas indispensáveis para evitar
riscos de evasão ou acidente, conciliando. na medida do possível, a prudência e a atitudes humanas exigidas pelas circunstâncias.
21 - Doença ou falecimento do detido:
21.1- Sem prejuízo do direito de consultar médico da sua escolha, a expensas suas, deve o detido, com a brevidade possível e exigível pelas circunstâncias, designadamente se
exibir ferimentos ou em razão do seu estado de saúde, ser submetido a exame médico para diagnóstico de doenças ou anomalias físicas ou mentais que obriguem a providências
especiais imediatas.
21.2 - Os detidos doentes que necessitem de cuidados especializados devem ser transferidos para estabelecimento de saúde adequado ou ser-lhes assegurada a medicamentação
já anteriormente prescrita, adoptando-se todas as medidas para proteger a vida e a saúde da pessoa detida.
21.3 - O exame médico de uma pessoa detida deverá ser feito em local reservado. Salvo indicação em contrário do próprio médico, sem embargo da adopção das medidas de
segurança exigíveis pelas circunstâncias.
21.4 - Em caso de morte da pessoa detida deverá o comandante do posto policial comunicar imediatamente o facto ao Ministério Público, à IGAI, bem como ao familiar mais
próximo conhecido.
21.5 - O resultado da averiguação ou do inquérito administrativo será levado ao conhecimento do familiar mais próximo conhecido.
CAPÍTULO IV
Controlo administrativo
22 - Visitas de inspecção:
22.1 - Os locais de detenção das forças de segurança serão objecto de verificação sistemática por parte da Inspecção-Geral da Administração Interna.
22.2 - As visitas de inspecção serão efectuadas sem pré-aviso, a qualquer hora do dia ou da noite.
22.3 - O acesso aos locais de detenção deverá ser imediatamente facilitado, após identificação dos inspectores.
22.4 - Os inspectores poderão comunicar livremente em regime de absoluta confidencialidade com as pessoas detidas no momento da visita.
22.5 - Sempre que seja detectada alguma situação de detenção ilegal, deverão os inspectores diligenciar para que seja observado o disposto no artigo 261.º do CPP, promovendo
o controlo judiciário da detenção, sem prejuízo das medidas disciplinares que se impuserem.
23 - Dever de participação:
23.1 - O funcionário policial que seja testemunha de actos de violência ou de tratamento desumano ou degradante de pessoa detida deve fazê-los cessar e dar conhecimento
imediato ao superior hierárquico.
23.2 - Idêntica comunicação deverá ser feita, no menor prazo de tempo possível, à IGAI
território do Estado onde se encontram) e pela teoria do carácter representativo (a qual diz que os
diplomatas representam os Estados e os seus soberanos, pelo que devem ser tratados com a dignidade
que é devida aos seus representantes). Actualmente, é aceite a natureza funcional das imunidades, ou
seja, estas são limitadas aos interesses inerentes ao exercício da função. As imunidades diplomáticas
podem ser penais, jurisdicionais e fiscais, da mala diplomática e do edifício. Também os agentes
consulares gozam de algumas imunidades referidas à função e não à pessoa.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Art.º 130º da CRP - RESPONSABILIDADE CRIMINAL
1. Por crimes praticados no exercício das suas funções, o Presidente da República responde perante o
Supremo Tribunal de Justiça.
4. Por crimes estranhos ao exercício das suas funções o Presidente da República responde depois de
findo o mandato perante os tribunais comuns.
(Não pode em circunstância alguma ser detido).
OUTROS DIREITOS E REGALIAS
- Lei n.º 26/84, de 31 de Julho - concede algumas regalias aos Presidentes e ex-presidentes da República (não se aplicam aos ex-presidentes que apenas
tenham exercido interinamente o cargo, que dele tenham sido destituídos ou cuja perda tenha sido declarada pelo Tribunal Constitucional, salvo se por
impossibilidade física).
- Art.º 410º do Regulamento das Alfândegas (DL n.º 31730, de 15DEZ41, alterado pelo DL n.º 483-E/88, de 28DEZ88) - dispensado da revisão pessoal
(verificação dos objectos trazidos por passageiros tripulantes e outras pessoas que transitem pelo controlo aduaneiro, sobre si ou no seu vestuário) e de
revisão da bagagem (verificação dos volumes de bagagem trazidos por passageiros e tripulantes, bem como os que, vindo manifestados digam respeito a
móveis, roupas e outros objectos de uso doméstico).
- Art.º 139.º do CPP e art.º 624.º do Código de Processo Civil - para efeitos de inquirição como testemunhas ou para prestar declarações, goza da
prorrogativa de ser ouvido na sua residência e de depor primeiro por escrito se preferir.
- Art.º 625.º do Código do Processo Civil - pode usar do meio de declarar que não tem conhecimento dos factos sobre que foi pedido o seu depoimento ou
que não quer depor, não tendo lugar, neste caso, o depoimento.
- Artigo 24.º do DL n.º 319-A/76, de 3 de Maio - Regulamenta a eleição do Presidente da República - nenhum candidato poderá ser sujeito a prisão
preventiva, a não ser em caso de flagrante delito de crime punível com pena de prisão superior a três anos. Movido procedimento criminal contra algum
candidato e indicado este por despacho de pronúncia ou equivalente, o processo só poderá seguir após a proclamação dos resultados da eleição.
CONSELHO DE ESTADO (Art.º 141º a 146º da CRP - órgão político de consulta do Presidente da
República)
Artigos 14.º e 17.º da Lei 31/84, de 6 de Setembro
- Nenhum membro do Conselho de Estado pode ser detido ou preso sem autorização do conselho,
salvo por crime punível com pena de prisão superior a três anos e em flagrante delito.
- Movido procedimento criminal contra algum membro do Conselho de Estado e indiciado este
definitivamente por despacho de pronúncia ou equivalente, salvo no caso de crime punível com pena
de prisão superior a três anos, o Conselho decidirá se aquele deve ou não ser suspenso para efeito do
seguimento do processo.
Outros direitos e regalias
- Livre trânsito, considerado como livre circulação, no exercício das suas funções ou por causa delas, em locais públicos de acesso condicionado.
- Obtenção de qualquer entidade pública das publicações oficiais que considerem úteis para o exercício das suas funções.
- Passaporte especial, durante o período do exercício das respectivas funções.
- Cartão especial de identificação, de modelo anexo à presente lei, durante o período do exercício das respectivas funções.
- Uso, porte e manifesto gratuito de arma de defesa, independentemente de licença ou participação.
- Adiamento do serviço militar, mobilização civil e militar, ou serviço cívico.
71
Direito Processual Penal
72
Direito Processual Penal
Inviolabilidades das instalações - Art.º 31.º do DL n.º 183/72
- As autoridades do Estado receptor não podem penetrar na parte das instalações consulares que o posto utiliza exclusivamente para as necessidades do seu trabalho, salvo com o
consentimento do chefe do posto consular, da pessoa por ele designada ou pelo chefe da missão diplomática do Estado que envia. Todavia o consentimento do chefe do posto
consular poderá ser presumido em caso de incêndio ou de outro sinistro que exija medidas de protecção imediatas.
- O Estado receptor terá a obrigação especial de tomar as medidas apropriadas para evitar que as instalações consulares sejam invadidas ou danificadas, assim como para
impedirem que a tranquilidade do posto seja perturbada ou se atente contra a sua dignidade.
Protecção dos funcionários - Art.º 40.º DL n.º 183/72
- O Estado receptor tratará os funcionários consulares com o respeito que lhes é devido e tomará as medidas adequadas para evitar qualquer atentado à sua liberdade ou
dignidade.
Inviolabilidade pessoal dos funcionários - Art.º 41.º do DL n.º 183/72
- Os funcionários consulares não podem ser presos ou detidos excepto em casos de crime grave ou em virtude de decisão da autoridade judicial competente.
- Excepto no caso previsto no parágrafo anterior do presente artigo, os funcionários consulares não poderão ser presos nem submetidos a qualquer outra forma de limitação à sua
liberdade pessoal, salvo em execução de uma decisão judicial definitiva.
- Quando um processo penal for instaurado contra um funcionário consular, este será obrigado a comparecer perante as autoridades competentes. Quando for necessário colocar
o funcionário consular em estado de detenção, o processo contra ele instaurado deverá iniciar-se sem a menos demora.
Notificação em caso de prisão ou instauração de processo - Art.º 42.º do DL n.º 183/72
- Em caso de prisão, de detenção de um membro do pessoal consular ou de instrução contra o mesmo de processo penal, o Estado receptor deverá notificar imediatamente o
chefe do posto consular. Se este último for o objecto de tais medidas, o Estado receptor levará o facto ao conhecimento do Estado que envia por via diplomática.
Imunidades de jurisdição - Art.º 43.º do DL n.º 183/72
- Os funcionários consulares e os empregados consulares não estão sujeitos à jurisdição das autoridades judiciárias administrativas do Estado receptor pelos actos realizados no
exercício das suas funções consulares. Isto não se aplica em caso de acção civil:
»» Resultante da conclusão de um contracto feito por um funcionário consular ou um empregado consular que não tenha cumprido expressa ou implicitamente como
mandatário do Estado que envia;
»» Intentada por um terceiro como consequência de danos causados por acidente de veículo, navio ou aeronave ocorrido no Estado receptor.
Obrigação de Testemunhar - Art.º 44.º do DL n.º 183/72
- Os membros do posto consular poderão ser chamados a depor como testemunhas no decorrer de processos judiciais ou administrativos. Os empregados consulares e os
membros do pessoal de serviço não devem recusar-se a depor como testemunhas, no entanto, os membros de um posto consular não podem ser obrigados a depor sobre factos
relacionados com o exercício das suas funções, nem a exibir correspondência ou documentos oficiais que a eles se refiram. Se um funcionário consular se recusar a testemunhar,
nenhuma medida coerciva ou qualquer outra sanção lhe poderá ser aplicada.
- A autoridade que requerer o testemunho deverá evitar que o funcionário consular seja perturbado no exercício das suas funções. Poderá tomar o depoimento do funcionário
consular no seu domicílio ou no posto consular, ou aceitar as suas declarações por escrito, sempre que seja possível.
Isenção de registo de estrangeiros e de autorização de residência - Art.º 46.º do DL n.º 183/72
- Os funcionários consulares e os empregados consulares e os membros das suas famílias que com eles vivam estão isentos de todas as obrigações, previstas nas leis e
regulamentos do Estado receptor e relativas ao registo de estrangeiros e à autorização de residência. Estas medidas não se aplicarão aos empregados consulares que não sejam
empregados permanentes do Estado que envia ou que exerçam no Estado receptor actividade privada de carácter lucrativo, nem tão pouco aos membros da família desses
empregados.
Isenção de direitos aduaneiros e de inspecção alfandegária
- As bagagens pessoais que acompanham os funcionários consulares e os membros dos seus familiares que com eles vivam estarão isentos de inspecção alfandegária. Só
poderão ser sujeitos à inspecção se houver sérias razões para se supor que contenham objectos diferentes dos objectos destinados ao uso pessoal, ou cuja importação ou
exportação seja interdita pelas leis e regulamentos do Estado receptor, ou submetida às suas leis e regulamentos de quarentena. Esta inspecção só pode ser feita na presença do
funcionário consular ou do membro da sua família, interessado - Art.º 50.º do DL n.º 183/72.
- Os membros do posto consular e respectivos familiares são dispensados das revisões pessoal e de bagagem - artigo 412.º do Regulamento das Alfândegas, aprovado pelo
decreto n.º 31 730, de 15DEZ41 (com nova redacção dada pelo Dec. N.º 462/76, de 22 de Outubro).
Início e fim dos privilégios e imunidades consulares - Art.º 53.º do DL n.º 183/72
- Todos os membros do posto consular beneficiarão dos privilégios e imunidades previstos na presente Convenção desde a sua entrada no território do Estado receptor para
chegar ao seu posto ou, se já se encontrarem nesse território, desde que assumam as suas funções no posto consular.
Funcionários consulares honorários e postos consulares por eles geridos - Art.º 58.º do DL n.º 183/72
- O artigo 42.º (Notificação em caso de prisão, detenção ou instauração de processo), art.º 44.º, n.º 3 (obrigação de testemunhar), e art.º 53.º (início e fim dos privilégios e
imunidades consulares) aplicam-se aos funcionários consulares honorários.
- Os privilégios e imunidades não serão concedidos aos membros da família do consular honorário ou de um empregado consular de um posto consular gerido por um
funcionário consular honorário.
Facilidades, privilégios e imunidades em processo penal – Art.º 63.º do DL n.º 183/72
- Quando um processo penal for instaurado contra um funcionário consular honorário, este é obrigado a comparecer perante as autoridades competentes. Todavia, o processo
deverá ser conduzido com as deferências devidas ao funcionário consular honorário em virtude da sua posição oficial e, salvo se o interessado estiver preso ou detido, de forma
a perturbar o menos possível o exercício das funções consulares. Quando for necessário deter preventivamente o funcionário consular honorário, o processo correspondente
deverá iniciar-se o mais breve possível.
Protecção dos funcionários consulares honorários - Art.º 64 do DL n.º 183/72
- O Estado receptor é obrigado a conceder ao funcionário consular honorário a protecção de que possa necessitar em razão da sua posição oficial.
Infracções cometidas por veículos de funcionários consulares de carreira
- Estão abrangidos pela Convenção Consular aprovada pelo Dec.-Lei n.º 183/72.
- O procedimento contra estes agentes deve resumir-se à elaboração de simples participação que segue, pelas vias hierárquicas para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, não
estando isentos de pagamento de multas ou coimas, os funcionários consulares honorários.
73
Direito Processual Penal
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
- Os Juízes gozam, no exercício das suas funções e no decurso das viagens efectuadas nesse exercício, dos privilégios e imunidades seguintes (Art.º 2.º do Decreto n.º 40/82, de
05 de Abril):
»» Imunidade de prisão ou de detenção e de retenção da bagagem pessoal e imunidade de jurisdição pelos actos praticados na sua qualidade oficial, incluindo palavras e
escritos;
»» Isenção para eles e seus cônjuges de todas as medidas restritivas da sua liberdade de movimento: saída e entrada no País de residência e entrada e saída no País onde
exercem funções, bem como de qualquer formalidades de registo de estrangeiros, nos países visitados ou por eles atravessados no exercício das suas funções.
- No decurso das deslocações efectuadas no exercício das suas funções, são concedidas aos Juízes, em matéria aduaneira e de controlo de câmbios (art.º 3.º do Decreto n.º 40/82,
de 5 de Abril):
»» Por parte do seu próprio governo, as mesmas facilidades que as reconhecidas aos altos funcionários que se deslocam ao estrangeiro em missão oficial temporária;
»» Por parte dos governos dos outros Estados membros, as mesmas facilidades que as reconhecidas aos chefes de missão diplomática.
PROTOCOLO RELATIVO AOS PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES DA COMUNIDADE EUROPEIA - Resolução da Assembleia da República n.º 22/85, de18 de
Setembro de 1985
- Os locais e as construções da Comunidade são invioláveis. Não podem ser objecto de busca, requisição, confisco ou expropriação. Os bens e haveres da Comunidade não
podem ser objecto de qualquer medida coerciva, administrativa ou judicial sem autorização do Tribunal de Justiça – art.º 1º.
- Os arquivos da Comunidade são invioláveis – art.º 2º.
- A comunidade, os seus haveres, rendimentos e outros bens estão isentos de quaisquer impostos directos – art.º 3º.
- As instituições da Comunidade beneficiam, no território de cada Estado membro, para as comunicações oficiais e para a transmissão de todos os seus documentos, do
tratamento concedido por esse Estado às missões diplomáticas. A correspondência oficial e as outras comunicações oficiais das instituições da Comunidade não podem ser
censuradas – art.º 5º.
- Os presidentes das instituições da Comunidade podem atribuir aos membros e agentes destas instituições livres-trânsitos cuja forma será estabelecida pelo Conselho e que
serão reconhecidos como títulos válidos de circulação pelas autoridades dos Estados membros. Esses livres trânsitos serão atribuídos aos funcionários e agentes, nas condições
estabelecidas pelos estatutos previstos no artigo 212.º do Tratado. A comissão pode concluir acordos tendo em vista o reconhecimento desses livres-trânsitos como títulos
válidos de circulação no território de Estados terceiros – art.º 6º.
- As deslocações dos membros da Assembleia que se dirijam para, ou regressem do local da reunião da Assembleia não ficam sujeitas a restrições administrativas ou de
qualquer outra natureza –art.º 7º.
- Os membros da Assembleia não podem ser procurados, detidos ou perseguidos pelas opiniões ou votos emitidos no exercício das suas funções – art.º 8º.
- Enquanto durarem as sessões da assembleia, os seus membros beneficiam (art.º 9º):
»» No seu território nacional, das imunidades reconhecidas aos membros do Parlamento do seu país;
»» No território de qualquer outro Estado membro, da não sujeição a qualquer medida de detenção e a qualquer procedimento judicial.
»» De imunidade, quando se dirigem para, ou regressem do local de reunião da Assembleia (a imunidade não pode ser invocada em caso de flagrante delito e não pode
também construir obstáculo ao direito de a Assembleia levantar a imunidade de um dos seus membros).
- Os representantes dos Estados membros que participam nos trabalhos das instituições da Comunidade, bem como os seus conselheiros e peritos, gozam, durante o exercício
das suas funções e durante as viagens com destino ou em proveniência do local da reunião, dos privilégios imunidades e facilidades usuais. Isto é igualmente aplicável aos
membros dos órgãos consultivos da Comunidade – art.º 10º.
- No território de cada Estado membro e independentemente da sua nacionalidade, os funcionários e agentes da Comunidade referidos no artigo 212.º do Tratado (art.º 11º):
»» Gozam de imunidade de jurisdição no que diz respeito aos actos por eles praticados na sua qualidade oficial, incluindo as suas palavras e escritos, e continuarão a
beneficiar desta imunidade após a cessação das suas funções;
»» Não estão sujeitos, bem como os cônjuges e membros da família a seu cargo, às disposições que limitam a imigração e às formalidades de registo de estrangeiros;
»» Gozam, no que respeita às regulamentações monetárias ou de câmbio, da facilidade usualmente reconhecidas aos funcionários das organizações internacionais;
»» Têm o direito de importar o mobiliário e bens pessoais, livres de direitos, do país da última residência ou do país de que são nacionais por ocasião do início de funções no
país em causa, e do direito de reexportar o mobiliário e bens pessoais, livres de direitos, aquando da cessação das suas funções no referido país, sem prejuízo, num ou
noutro caso, das condições julgadas necessárias pelo governo do país em que tal direito é exercido;
»» Têm o direito de importar, livre de direitos, o automóvel destinado a uso pessoal, adquirido no país da última residência ou no país de que são nacionais, nas condições do
mercado interno deste, e de reexportar, livre de direitos, sem prejuízo, num e noutro caso, das condições julgadas necessárias pelo governo do país em causa.
- Os funcionários e agentes da Comunidade ficam isentos de impostos nacionais que incidam sobre os vencimentos, salários e emolumentos pagos pela Comunidade – art.º 12º.
- O Estado membro no território do qual está situada a sede da Comunidade concede às missões dos Estados terceiros acreditados junto da Comunidade as imunidades
diplomáticas usuais – art.º 16º.
Banco Europeu de Investimentos
- Este Protocolo é igualmente aplicável ao Banco Europeu de Investimentos, aos membros dos seus órgãos ao seu pessoal e aos representantes dos Estados membros que
participem nos seus trabalhos, sem prejuízo do disposto no Protocolo relativo aos Estatutos do Banco.
DEPUTADOS
Art.º 157º da CRP - IMUNIDADES
3. Nenhum Deputado pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia da República, salvo
por crime doloso a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior a três anos e
em flagrante delito.
Art.º 11º da Lei nº 7/93 de 1 de Março (alterado pela Lei n.º 45/99, de 16 de Junho, a Lei já havia sido
alterada pela Lei n.º 24/95 de 18 de Agosto) -INVIOLABILIDADE
1. Nenhum Deputado pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia da República, salvo
por crime doloso a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior a 3 anos e em
flagrante delito.
Outros direitos e regalias
- O Presidente da Assembleia da República:
- é dispensado das revisões pessoal e de bagagem - Art.º 410.º do Regulamento das Alfândegas.
- goza da prorrogativa de depor primeiro por escrito se preferir - Art.º 624.º do Código de Processo Civil.
- responde perante o Plenário do Supremo Tribunal de Justiça - Art.º 34.º da lei n.º 34/87, de 16 Julho.
- Os deputados não respondem civil, criminal ou disciplinarmente pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções - Art.º 10.º da Lei n.º
7/93, de 1 de Março.
- Os deputados não podem ser ouvidos como declarantes, nem como arguidos sem autorização da Assembleia, sendo obrigatória a decisão de autorização.
no segundo caso, quando houver fortes indícios de prática de crime doloso a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja superior a três anos.
Movido procedimento criminal contra um Deputado e acusado este definitivamente, a Assembleia decide se o Deputado deve ou não ser suspenso para
efeito de seguimento do processo - Art.º 157º da CRP e Art.º 11.º da Lei n.º 7/93, de 1 de Março, alterado pela Lei n.º 45/99, de 16de Junho.
- Todas as entidades públicas estão sujeitas ao dever geral de cooperação com os Deputados no exercício das suas funções ou por causa delas - Art.º 12.º
da Lei n.º 7/93, de 1 de Março.
- A falta de Deputados por causa das reuniões ou missões da Assembleia a actos ou diligências oficiais a ela estranhos constitui motivo justificado de
adiamento destes, sem encargo, mas tal fundamento não pode ser invocado mais de uma vez em cada acto ou diligência - Art.º 15º da Lei n.º 7/93, de 1 de
Março, alterado pela Lei n.º 45/99, de 16 de Junho.
74
Direito Processual Penal
- Gozam da prorrogativa de serem inquiridos na sua residência ou na sede dos respectivos serviços - Art.º 624.º do Código de Processo Civil.
- Os deputados gozam ainda dos seguintes direitos e regalias (art.º 158.º da CRP e art.º 15.º da Lei n.º 7/93, de 1 de Março):
- Adiamento do serviço militar, do serviço cívico ou da mobilização civil.
- Livre trânsito, considerado como livre circulação em locais públicos de acesso condicionado, mediante exibição do cartão especial de identificação.
- Passaporte diplomático por legislatura, renovado em cada sessão legislativa.
- Cartão especial de identificação.
- Remunerações e subsídios que a lei prescrever.
- Direito de uso e porte de arma.
- Prioridade nas reservas de passagem nas empresas públicas de navegação aérea durante o funcionamento efectivo da Assembleia ou por motivos
relacionados com o desempenho do seu mandato.
- Art.º 30º da Lei n.º 7/93, de 1 de Março, alterada pela Lei n.º 24/95 de 18 de Agosto - cria o título de Deputado honorário que é atribuído por deliberação
do plenário, sob proposta fundamentada subscrita por um quarto dos deputados em exercício de funções, aos Deputados que, por relevantes serviços
prestados na defesa da instituição parlamentar, tenham contribuído decisivamente para a sua dignificação e prestígio. O Deputado honorário tem direito ao
correspondente cartão de identificação e goza das mesmas prerrogativas nos artigos Deputados, e outras a definir pelo Presidente da Assembleia da
República.
Art.º 10.º da Lei n.º 14/79, de 16 de Maio - nenhum candidato a Deputado pode ser sujeito a prisão preventiva a não ser em caso flagrante delito, por crime
punível com pena de prisão superior a três anos. Movido procedimento criminal contra algum candidato e indiciado este por despacho de pronúncia ou
equivalente, o processo só pode seguir após a proclamação dos resultados das eleições.
ASSEMBLEIAS LEGISLATIVAS REGIONAIS
Deputados da Região Autónoma da Madeira - Resolução da Assembleia Legislativa Regional n.º 1/93/M, de 18ABR93.
IRRESPONSABILIDADE - Os deputados não respondem civil, criminal ou disciplinarmente pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções e no âmbito
destas - Art10.º.
INVIOLABILIDADE - Nenhum Deputado pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia, salvo por crime punível com superior a três anos maior e em flagrante
delito. Movido procedimento criminal contra algum Deputado e indiciado este por despacho de pronúncia ou equivalente salvo no caso de crime punível com pena maior, a
Assembleia deliberará se o Deputado ser ou não suspenso para efeito de seguimento do processo - Art.º 11º.
JURADOS, PERITOS OU TESTEMUNHAS - Os Deputados não podem, sem autorização da Assembleia, ser jurados, peritos ou testemunhas nem ser ouvidos como
declarantes nem como arguidos, excepto, neste último caso, quando presos em flagrante delito, ou quando suspeitos de crime a que corresponda pena superior a três anos. A
autorização, ou sua recusa, serão precedidas de audição do deputado - Art.º12.º.
DIREITOS E REGALIAS SOCIAIS (Art.º 12º):
a) Adiamento do serviço militar, do serviço cívico ou da mobilização civil;
b) Livre trânsito, considerado como livre circulação no exercício das suas funções ou por causa delas, em locais públicos de acesso condicionado;
c) Cartão especial de identificação;
d) Passaporte diplomático por legislatura, renovado em cada sessão legislativa;
e) Subsídios e outras regalias;
f) Seguros pessoais.
Deputados da Região Autónoma dos Açores - Decreto Regional n.º 1/81/A, de 23 de Março.
SUSPENÇÃO CONDICIONADA - O deputado poderá ser suspenso do seu mandato por decisão da Assembleia se for indiciado, por despacho de pronúncia ou equivalente, por
crime a que corresponda pena superior a três anos - Art.º 3º.
IMUNIDADES - Os Deputados gozam das imunidades estabelecidas no artigo 21.º do Estatuto Autónomo e estão dispensados de comparecer a actos ou diligências oficiais
estranhos à assembleia por causa de reuniões ou emissões desta. A falta de comparência, referida no número anterior, que impossibilite a realização do acto ou da diligência
oficial constitui motivo justificativo do adiamento desta sem quaisquer encargos, mas só pode ser invocada uma vez em relação a cada um destes actos ou diligências - Art.º 6º.
ESTATUTO AUTONÓMICO - Art.º 37.º da Lei n.º 34/87, de 16 de Julho
- Os Deputados não respondem civil, criminal ou disciplinarmente pelos votos e opiniões que emitirem no exercício das suas funções.
- Nenhum Deputado à Assembleia Regional pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia, salvo por crime punível com pena superior a três anos e em flagrante
delito.
- Movido procedimento criminal contra algum Deputado à Assembleia regional e indiciado este por despacho de pronúncia ou equivalente, a Assembleia decidirá se o Deputado
deve ou não ser suspenso para efeito de seguimento de processo.
Os Deputados gozam dos seguintes direitos e regalias (Art.º 22º da Lei n.º 39/80, de 5 de Agosto):
- Adiamento do serviço militar, do serviço cívico ou da mobilização civil;
- Livre trânsito em locais públicos de acesso condicionado no exercício das suas funções ou por causa delas;
- Cartão especial de identificação e passaporte especial;
- Subsídios determinados por decreto regional.
MEMBROS DO GOVERNO
Art.º 196º da CRP (ver também o art.º 35.º da Lei n.º 34/87, de 16 de Julho) - Efectivação da
responsabilidade criminal dos membros do Governo
1. Nenhum membro do Governo pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia da
República, salvo por crime doloso a que corresponda pena de prisão cujo limite máximo seja
superior a três anos e em flagrante delito.
2. Movido procedimento criminal contra algum membro do Governo, e acusado este definitivamente,
a Assembleia da República decidirá se o membro do Governo deve ou não ser suspenso para efeito
de seguimento do processo, sendo obrigatória a decisão de suspensão quando se trate de crime do
tipo referido no número anterior.
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Direito Processual Penal
Artigo 3.º
- Enquanto empossados nas suas funções, o Presidente do Governo Regional não poderá ser testemunha sem autorização da Assembleia Regional.
- Enquanto empossados nas suas funções, os Secretários do Governo regional não poderão ser testemunhas sem autorização do Governo Regional.
Artigo 5.º
- Constituem direitos e regalias dos membros do Governo Regional:
- Adiamento do Serviço militar, mobilização civil ou serviço cívico, quando em substituição ou cumprimento do serviço militar;
- Dispensa do Serviço cívico e estudantil, no caso de exercício de mandato por período mínimo de um ano;
- Livre trânsito, considerado como livre circulação no exercício das suas funções ou por causa delas, em locais públicos de acesso condicionado;
- Passaporte especial;
- Cartão especial de identificação.
Membros do Governo da Região Autónoma dos Açores - Decreto. Regional n.º 8/77/A, de 17 de Maio
Artigo 1.º
- Os membros do Governo Regional não podem ser prejudicados na sua colocação, nos seus benefícios sociais ou no seu emprego permanente, por virtude do desempenho das
suas funções.
- Os membros do Governo Regional estão dispensados de todas as actividades profissionais públicas ou privadas durante o período do exercício do cargo.
- O desempenho das funções conta como tempo de serviço para todos os efeitos, salvo para aqueles que pressuponham o exercício efectivo da actividade profissional.
Artigo 2.º
- Os membros do Governo Regional têm direito a cartão especial de identificação e de livre trânsito considerado este como livre circulação, no exercício das suas funções ou por
causas delas, em locais públicos de acesso condicionado.
- Embora este Decreto Regional nada refira quanto a outros direitos e regalias, subentende-se que, por analogia, os membros do Governo Regional dos Açores gozam também
das prorrogativas concedidas aos membros do Governo Regional da Madeira pelo Decreto Regional n.º 1/77/M, de 06JAN.
- Art.º 39.º da Lei n.º 34/87, de 16JUL - Lei dos crimes de responsabilidade dos titulares de cargos políticos - movido procedimento judicial contra membro de Governo
Regional pela prática de qualquer crime, e indiciado esta por despacho de pronúncia ou equivalente, o processo só seguirá no caso de ao facto corresponder pena superior a três
anos, se o membro de Governo for suspenso do exercício das suas funções.
MEMBROS DAS MESAS DAS ASSEMBLEIAS OU DAS SECÇÕES DE VOTO (Presidente, Suplente e 3 vogais)
A Lei nada refere expressamente. No entanto, estes elementos deveriam estar em igualdade de condições com os “Delegados das listas” e, ainda neste
caso, não nos parece que seja a Polícia a ter de intervir por sua iniciativa, em relação a qualquer dos elementos da mesa que cometesse algum crime
porquanto, para o efeito e com competência legal, existiria qualquer dos restantes elementos que poderia e devia requisitar a comparência do Comandante
da Força Armada. Atendendo ao disposto no Art.º 78.º do D.L. n.º 701-B/76:
- “Constituída a mesa, ela não poderá ser alterada, salvo caso de força maior”.
- Polícia das Assembleias de voto - “compete ao presidente da mesa, coadjuvado pelos vogais da mesma...”
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Direito Processual Penal
PROVEDOR DE JUSTIÇA
Imunidades - Art.º 8º, nº 2 da Lei nº 9/91 de 9 de Abril (alterada pela Lei 30/96, de 14 de Agosto)
(Lei 9/91 revogou a Lei nº 81/77 de 22 de Novembro)
O Provedor de Justiça não pode ser detido ou preso sem autorização da Assembleia da República,
salvo por crime punível com pena de prisão superior a três anos e em flagrante delito.
Outros direitos e regalias
Lei n.º 9/91, de 9 de Abril (Alterada pela Lei 30/96, de 14 de Agosto):
Artigo 8.º - Imunidades
- O Provedor de Justiça não responde civil ou criminalmente pelas recomendações, reparos ou opiniões que emita ou pelos actos que pratique no exercício das suas funções.
- Movido procedimento criminal contra o Provedor de Justiça, e acusado definitivamente, a Assembleia da República delibera se o Provedor de Justiça deve ou não ser suspenso
para efeito de seguimento do processo, salvo no caso de crime punível com a pena referida no número anterior.
Artigo 9.º - Honras, direitos e garantias
O Provedor de Justiça tem os direitos, honras, precedência, categoria, remunerações e regalias idênticas às de Ministro, incluindo as constantes da Lei n.º 4/85, de 9 de Abril,
designadamente dos seus artigos 12.º, n.ºs 1 e 2, e 24.º a 31.º.
Artigo 14.º - Identificação e livre trânsito
- O Provedor de Justiça tem direito a cartão especial de identificação passado pela secretaria da Assembleia da República e assinado pelo Presidente.
- O cartão de identificação é simultaneamente de livre trânsito e acesso a todos os locais de funcionamento da administração central, regional, local e institucional, serviços civis
e militares e demais entidades sujeitas ao controlo do provedor de Justiça.
Artigo 18.º - Garantia de autoridade
- O Provedor de Justiça, os Provedores Adjuntos de Justiça, os coordenadores e os assessores são considerados autoridades públicas, inclusive para efeitos penais.
Artigo 19.º - Auxílio das autoridades
- Todas as autoridades e agentes de autoridade devem prestar ao Provedor de Justiça o auxílio que lhes for solicitado para o bom desempenho das suas funções.
Artigo 21.º - Poderes
No exercício das suas funções, o Provedor de Justiça tem poderes para:
- Efectuar, com ou sem aviso, visitas de inspecção a todo e qualquer sector da actividade da administração central, regional e local, designadamente serviços públicos e
estabelecimentos prisionais civis e militares, ou a quaisquer entidades sujeitas ao seu controlo, ouvindo os respectivos órgãos e agentes e pedindo as informações, bem como a
exibição de documentos, que reputar convenientes;
- Proceder a todas as investigações e inquéritos que considere necessários ou convenientes, podendo adoptar, em matéria de recolha e produção de provas, todos os
procedimentos razoáveis, desde que não colidam com os direitos e interesses legítimos dos cidadãos;
- Procurar, em colaboração com os órgãos e serviços competentes, as soluções mais adequadas à tutela dos interesses legítimos dos cidadãos e ao aperfeiçoamento da acção
administrativa.
Artigo 29.º - Dever de cooperação
- Os órgãos e agentes das entidades públicas, civis militares, têm o dever de prestar todos os esclarecimentos e informações que lhes sejam solicitados pelo Provedor de Justiça.
- As entidades públicas, civis e militares, prestam ao Provedor de justiça toda a colaboração que por este lhes for solicitada, designadamente informações, efectuando inspecções
através dos serviços competentes e facultando documentos e processos para exame, remetendo-os ao provedor, se tal lhes for pedido.
- O disposto supra não prejudica as restrições legais respeitantes ao segredo de justiça nem a invocação de interesse superior do Estado, nos casos devidamente justificados pelos
órgãos competentes, em questões respeitantes à segurança, à defesa ou às relações internacionais.
- O Provedor de Justiça pode fixar por escrito prazo não inferior a 10 dias para satisfação de pedido que formule com nota de urgência.
- O Provedor de Justiça pode determinar a presença na Provedoria de Justiça, ou noutro qualquer local que indicar e que as circunstâncias justifiquem, de qualquer funcionário
ou agente de entidade pública, mediante requisição à entidade hierarquicamente competente, ou de qualquer titular de órgão sujeito ao seu controlo, a fim de lhes ser prestada a
cooperação devida.
- O incumprimento não justificado do dever de cooperação por parte de funcionário ou agente da administração pública central, regional e local, das Forças Armadas, de
Instituto Público, de empresa pública ou de capitais maioritariamente públicos ou concessionário de serviços públicos ou de exploração de bens de domínio público, constitui
crime de desobediência, sem prejuízo do procedimento disciplinar que no caso couber.
Artigo 30.º - Depoimentos
- O Provedor de Justiça pode solicitar a qualquer cidadão depoimentos ou informações sempre que os julgar necessários para apuramento de factos.
- Em caso de recusa de depoimento ou falta de comparência no dia e hora designados, o Provedor de Justiça pode notificar, mediante aviso postal registado, as pessoas que
devem ser ouvidas constituindo crime de desobediência qualificada a falta injustificada de comparência ou a recusa de depoimento.
Art.º 624.º do Código do Processo Civil - O Provedor de Justiça, goza de prerrogativa de depor, em inquirição, primeiro por escrito, se preferir.
MAGISTRADOS JUDICIAIS
Art.º 16º do EMJ - Lei nº 21/85 de 30 de Julho (alterada Lei 10/94 de 5 de Maio e pela Lei n.º 143/99, de 31 de Agosto) -
PRISÃO PREVENTIVA E BUSCA DOMICILIÁRIA
- Os magistrados judiciais não podem ser presos ou detidos antes de ser proferido despacho que designe dia para
julgamento relativamente a acusação contra si deduzida, salvo em flagrante delito por crime punível com pena de prisão
superior a 3 anos..
Outros direitos e regalias
- Os magistrados judiciais não podem ser responsabilizados pelas suas decisões - n.º 1 do art.º 5.º da Lei 21/85, de 30 de Julho e art.º 216.º da CRP.
- Só nos casos especialmente previstos na Lei os magistrados judiciais podem ser sujeitos em razão do exercício das suas funções, a responsabilidade civil, criminal ou
disciplinar (n.º 2).
Fora dos casos em que a falta constitua crime, a responsabilidade civil apenas pode ser efectividade mediante acção de regresso do Estado contra o respectivo magistrado, com
fundamento em dolo ou culpa grave - n.º 3 do art.º 5.º da Lei n.º 21/85, de 30 de Julho, alterado pela Lei n.º 143/99, de 31 de Agosto.
Os magistrados judiciais são nomeados vitaliciamente, não podendo ser transferidos, suspensos, promovidos aposentados, demitidos ou por qualquer forma mudados de situação
senão nos casos previstos no respectivo estatuto - Art.º 6.º da Lei n.º 21/85, de 30 de Julho.
Em caso de detenção ou prisão, o magistrado judicial é imediatamente apresentado à autoridade judiciária competente.
O cumprimento da prisão preventiva e das penas privativas da liberdade pelos magistrados judiciais ocorrerá em estabelecimento prisional comum, em regime de separação dos
restantes detidos.
Havendo necessidade de busca no domicílio pessoal ou profissional de qualquer magistrado judicial é a mesma, sob pena de nulidade, presidida pelo juiz competente, o qual
avisa previamente o Conselho Superior de Magistratura, para que um membro delegado por este Conselho possa estar presente - Art.º 16.º da Lei n.º 21/85, de 30 de Julho,
alterado pelas Leis n.º 10/94, de 5 de Maio e n.º143/99, de 31 de Agosto.
São direitos especiais dos magistrados judiciais (Art.º 17.º da Lei n.º 21/85, de 30 de Julho, alterada pelas Leis n.º 10/94, de 5 de Maio e n.º143/99, de 31 de Agosto):
- A entrada e livre trânsito em gares, cais de embarque e aeroportos mediante simples exibição do cartão de identidade;
- O uso, porte e manifesto gratuito da arma de defesa, independentemente de licença ou participação;
- A utilização gratuita de transportes colectivos públicos, terrestres e fluviais, de forma a estabelecer pelo Ministério da Justiça, dentro da área da circunscrição em
que exerçam funções e desta para a sua residência;
- Ter telefone em regime de confidencialidade, se para tanto for colhido o parecer favorável do Conselho Superior de Magistratura;
- O acesso, nos termos constitucionais e legais, a bibliotecas e bases de dados documentais públicas, designadamente a dos tribunais superiores, do Tribunal
Constitucional e da Procuradoria-Geral da República;
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Direito Processual Penal
- A vigilância especial da sua pessoa, família e bens, a requisitar pelo Conselho Superior de Magistratura ou, em caso de urgência, pelo magistrado ao comando da força policial
da área da sua residência, sempre que poderosas razões de segurança o exijam;
- Quando em exercício de funções os juízes têm ainda direito, à entrada e livre trânsito nos navios ancorados nos portos, nas casas e recintos de espectáculos ou outras diversões,
nas associações de recreio e, em geral, em todos os lugares em que se realizem reuniões ou seja permitido o acesso ao público mediante o pagamento de uma taxa, realização de
certa despesa ou apresentação de bilhete que qualquer pessoa possa obter.
- Os Juízes dos Tribunais Superiores e os Membros do Conselho Superior de Magistratura gozam da prerrogativa de depor primeiro por escrito, se preferirem - Art.º 624.º do
Código de Processo Civil.
JURADOS
Art.º 15º da Lei nº 387-A/87 de 29 de Dezembro
Os jurados não podem, durante o exercício da respectiva função, ser privados da liberdade sem culpa
formada, salvo no caso de detenção em flagrante delito por crime punível com prisão superior a três
anos.
MILITARES – São detidos em flagrante delito por crime punível com pena de prisão. Fora de
flagrante delito, a sua detenção deve ser requisitada aos seus superiores hierárquicos (nº 2 do art.º 124º
do CJM). Em qualquer situação deve-se sempre informar a instituição a que pertencem sobre a
detenção.
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Direito Processual Penal
17.11.3. – DETENÇÃO DE MENORES – Lei Tutelar Educativa (LTE) - Lei n.º 166/99 de 14 Set.
“Direito à liberdade e Segurança - Artigo 27º da CRP
3. Exceptua-se deste princípio a privação da liberdade, pelo tempo e nas condições que a lei
determinar nos casos seguintes:
e) Sujeição de um menor a medidas de protecção, assistência ou educação em estabelecimento
adequado, decretadas pelo tribunal judicial competente”.
A detenção de menores encontra-se regulada na Lei Tutelar Educativa (LTE). No entanto, esta lei aplica-se apenas a
jovens de idade compreendida entre os 12 e os 16 anos, pelo que, relativamente a factos praticados por menores de 12 anos,
a situação não pode ser avaliada à luz da LTE.
Os menores de 12 anos apenas podem ser alvo da intervenção para promoção dos direitos e protecção da criança e do
jovem, no âmbito da Lei de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo (LPCJP), desde que verificada a situação de perigo,
nos termos do art.º 3º, nºs 1 e 2 da (LPCJP), podendo, em casos extremos, ter lugar o encaminhamento do menor para
instituições de acolhimento.
SITUAÇÕES QUE DÃO LUGAR A DETENÇÃO DE MENORES - Artigo 51.º da LTE
• A detenção do menor é efectuada: - n.1
Em caso de flagrante delito, para, no mais curto prazo, sem nunca exceder 48 horas, ser
apresentado ao juiz, a fim de ser interrogado ou para sujeição de medida cautelar - a);
Para assegurar a presença imediata ou, não sendo possível, no mais curto prazo, sem nunca
exceder 12 horas, perante o juiz, a fim de ser interrogado ou para aplicação ou execução de
medida cautelar, ou em acto processual presidido por autoridade judicial; (requer mandado
detenção) – b);
Para sujeição, em regime ambulatório ou de internamento, a perícia psiquiatra ou sobre a
personalidade. (requer mandado detenção) - c).
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
Desnecessidade de aplicação de medida tutelar, sendo o facto qualificado como crime punível
com pena de prisão de máximo não superior a três anos. - c)
“O despacho de arquivamento é comunicado ao menor e aos pais, ao representante legal ou a
pessoa que tenha a sua guarda de facto”. – n.º 2
SITUAÇÕES DE RECURSO A MEDIDA COMPULSÓRIA - Artigo 103º da LTE
Se se tornar necessário para assegurar a realização da audiência, o juiz emite mandados de detenção
do menor e determina as diligências necessárias para a realização da audiência no mais curto prazo
que não pode exceder doze horas. - n.º 1
O recurso a medida compulsória (detenção fora de flagrante delito – n.º 2 do art.º 51º da LTE) tem
apenas lugar quando a comparência do menor não puder ser assegurada pelos pais, representante
legal ou pessoa que tenha a sua guarda de facto. – n.º 2
DIREITO SUBSIDIÁRIO E CASOS OMISSOS - Artigo 128º da LTE
Aplica-se subsidiariamente às disposições deste titulo o Código de Processo Penal. - n.º 1
Nos casos omissos observam-se as normas do processo civil que se harmonizem com o processo
tutelar. - n.º 2
COLABORAÇÃO DAS AUTORIDADES POLICIAIS COM O TRIBUNAL
APRESENTAÇÃO DO MENOR NO CENTRO EDUCATIVO PARA EXECUÇÃO DE MEDIDA DE
INTERNAMENTO - Artigo 151º da LTE
O tribunal notifica o menor, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto e o
defensor, da data e hora de admissão no centro educativo. – n.º 1
No caso de a medida aplicada ser executada em centro educativo de regime aberto ou semiaberto, o
tribunal notifica igualmente os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto para
que o apresentem no centro educativo, na data e hora fixadas, dando conhecimento aos serviços de
reinserção social, a quem aqueles podem solicitar apoio. – n.º 2
O tribunal emite mandado de condução, a cumprir por entidades policiais, no caso de a medida ser
de executar em centro educativo de regime fechado ou quando a apresentação do menor (em centro
educativo de regime aberto ou semi-aberto), não possa ou não tenha podido realizar-se por causa
imputável ao menor, aos pais, ao representante legal ou a quem tenha a sua guarda de facto. - n.º 3
A menos que o tribunal o proíba, (no caso de mandado de condução a cumprir por entidades
policiais) não obsta a que o menor possa ser acompanhado por um dos pais, representante legal ou
quem tenha a sua guarda de facto, se as condições da viatura das entidades encarregadas da
apresentação o permitirem. – n.º 4
No caso de o menor já se encontrar internado em centro educativo diferente do fixado para a
execução da medida, a sua condução ao novo centro cabe aos serviços de reinserção social, (sem
exclusão de recurso às entidades policiais, em último caso). – n.º 5
APRESENTAÇÃO DO MENOR NO CENTRO EDUCATIVO PARA EXECUÇÃO DE OUTROS
INTERNAMENTOS - Artigo 153º da LTE
Nos casos específicos para:
a execução da medida cautelar de guarda em centro educativo;
internamento a fim da realização de perícia sobre a personalidade;
cumprimento da detenção;
internamento em fins-de-semana.
“O tribunal notifica o menor, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto e
o defensor, da data e hora de admissão no centro educativo”. – n.º 1
Nos casos de:
internamento a fim da realização de perícia sobre a personalidade;
internamento em fins-de-semana.
“O tribunal notifica igualmente os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto para
que o apresentem no centro educativo, na data e hora fixadas. Pode o tribunal emitir mandado de
condução, a cumprir por entidades policiais, quando a apresentação do menor não possa ou não tenha
podido realizar-se por causa imputável ao menor, aos pais, ao representante legal ou a quem tenha a sua
guarda de facto”. – n.º 2
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Direito Processual Penal
O tribunal emite mandado de condução ao centro educativo, a cumprir pelas entidades policiais,
para a execução da detenção e da medida cautelar de guarda, podendo o menor, a menos que o
tribunal o proíba ser acompanhado por um dos pais, representante legal ou quem tenha a sua guarda
de facto, se as condições da viatura o permitirem. – n.º 3
AUSÊNCIA NÃO AUTORIZADA DO MENOR - Artigo 155º da LTE
Considera-se ausência não autorizada a fuga e o não regresso ao centro, após uma saída autorizada.
– n.º 1
Cabe ao tribunal determinar que a localização e recondução do menor ausente sem autorização seja
feita, se necessário, por entidades policiais, emitindo mandado de condução. – n.º 4
18.2. - LEI DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS EM PERIGO (LPCJP) aprovada pela Lei nº
147/99 de 1 de Setembro alterada pela Lei nº 31/2003 de 22 de Agosto.
Esta Lei trouxe novos princípios pelos quais se privilegia o interesse superior da criança ou do
jovem. Define também uma intervenção mínima e precoce das entidades públicas de forma a obviar o
perigo, responsabilizando os pais para as respostas ao perigo; só quando não é possível a intervenção
da família é que se avança para outras soluções jurídicas.
Estabelece o direito a privacidade da criança ou do jovem e da sua família evitando a difusão das
notícias sobre os factos em que estejam envolvidos através dos meios de comunicação, das polícias ou
do apoio social. Estabelece ainda o direito da criança ou do jovem ser informado, assim como a
audição obrigatória da criança a partir dos 12 anos de idade, a participação dos pais ou daquele que
detiver o poder paternal na resposta a encontrar relativamente ao perigo em causa, para efeito de
reintegração do menor.
A intervenção das autoridades públicas (lares de protecção de crianças e jovens e as comissões
de protecção) deve em primeiro ser efectuada de modo consensual com os pais ou quem detiver o
poder paternal, verificando-se a intervenção judiciária apenas nas situações em que não há
consentimento dos pais ou daquele que detém a guarda de facto da criança/jovem, ou quando esta se
opõe a intervenção da comissão de protecção.
Há legitimidade das entidades públicas, (Tribunal, Ministério Público e Polícias) em caso de
perigo de vida ou para a integridade física da criança ou jovem, mesmo sem consentimento do poder
paternal, para proceder à entrada, durante o dia (não esquecer o art.º 177º CPP – Busca Domiciliária),
em qualquer casa para retirar a criança ou o jovem do perigo em que se encontrar, requerendo sempre
esta acção uma coordenação com as autoridades judiciais.
LEI DE PROTECÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS EM PERIGO (LPCJP)
O QUE ESTABELECE? - Artigo 1º da LPCJP
▪ A promoção dos direitos e a protecção das crianças e dos jovens em perigo, por forma a garantir o
seu bem-estar e desenvolvimento integral.
QUAL O ÂMBITO DE APLICAÇÃO? - Artigo 2º da LPCJP
▪ Aplica-se às crianças e dos jovens em perigo que residam ou se encontrem em território nacional.
ATÉ QUE IDADE? - Artigo 5º da LPCJP
▪ Criança ou jovem - a pessoa com menos de 18 anos ou a pessoa com menos de 21 anos que solicite
a continuação da intervenção iniciada antes de atingir os 18 anos. – a)
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
▪ Dar conhecimento de imediato ao Ministério público das situações de perigo de que tenham
conhecimento. – nº 2 do Artigo 91º da LPCJP.
▪ Na impossibilidade da imediata intervenção dos tribunais retirar a criança ou o jovem do perigo em
que se encontra e assegurar a sua protecção de emergência em casa de acolhimento temporário, nas
instalações de lares de infância e juventude ou em outro local adequado. – nº 3 do Artigo 91º da
LPCJP.
▪ Velar para que o menor; quando detido, seja obrigatoriamente assistido por defensor em todos os
actos processuais e possa comunicar com ele em privado. - al. e) n.º 3 do Artigo 45º da LTE e al. c),
nº 1 do Artigo 64º CPP.
▪ Não sendo o menor portador de documentos de identificação, comunicar de imediato com os pais,
representante legal ou pessoa que tenha a sua guarda de facto. – al. a) do Artigo 50º LTE
▪ O menor não pode permanecer no posto policial para identificação por mais de três horas. – al. b)
do Artigo 50º da LTE
▪ Para assegurar a presença imediata perante o juiz, a fim de o jovem ser interrogado ou, para
aplicação ou execução de medida cautelar, ou em acto processual presidido por autoridade judicial
(pressupõe que haja um mandado para que se efectue a detenção) nunca exceder o prazo de 12
horas. – alínea b) do nº 1 do Artigo 51º LTE. (pessoas maiores de 16 anos – 24 horas - b), nº 1, art.º
254º CPP)
▪ A denúncia ou transmissão de denúncia é, sempre que possível, acompanhada de informação sobre
a conduta anterior do menor e a sua situação familiar, educativa e social. Se não acompanhar a
denúncia deve ser apresentada no prazo máximo de 8 dias – nº 2, do Artigo 73º da LTE (ver
apêndice 26 do Anexo A).
▪ A audição do jovem cabe à autoridade judicial (em caso algum pode ser interrogado pelos OPC) –
Artigo 47º e 77º n.º 1 da LTE
▪ A acareação em que intervenha o jovem (Arguido), só pode ter lugar se efectuada pelo AJ e na sua
presença. - Artigo 70º da LTE
▪ Comunicar a detenção ao MP (art.º 259º CPP) e aos pais/representante legal – Artigo 53º da LTE
91
Direito Processual Penal
Para situações em que, face à interposição de medida de coacção de prisão preventiva ao detido,
se imponha dar destino à criança que o acompanhou a tribunal, perante a inexistência de qualquer
familiar ou terceira pessoa contactável (disponível e idónea), será obrigatoriamente accionado o
procedimento judicial urgente a que alude o art.º 91º da LPCJP.
Cabe as Equipas de Acolhimento de Emergência, em função da faixa etária, sexo e outros dados
referentes à criança, proceder à indicação do local adequado ao seu acolhimento, sendo, em função de
tal indicação, a criança para aí directamente encaminhada.
Sempre que os militares da GNR receberem mandados de detenção de indivíduos que, por
qualquer fonte, se souber que têm a seu cargo menores, deverão averiguar se a situação dos menores se
encontra salvaguardada.
O procedimento judicial urgente a instaurar nestas eventualidades, deve em tudo ser semelhante
ao adoptado, com as necessárias adaptações, à providência a instaurar perante a notícia da existência
de criança, por exemplo, abandonada em maternidade ou em qualquer outra situação de perigo actual
ou eminente para a vida ou integridade física.
92
Direito Processual Penal
19.1. - EXAMES
A finalidade do exame é fixar documentalmente ou permitir a observação directa pelo tribunal de
factos relevantes em matéria probatória. Sempre que a recolha ou fixação dos factos através de exame
exigir do seu autor conhecimentos especiais de índole científica, técnica ou artística, terá lugar uma
perícia e não um exame.
Durante o Inquérito e a Instrução, os exames são, normalmente, executados pelo OPC a quem
compete igualmente assegurar as providências cautelares necessárias a garantir a salvaguarda dos
meios de prova.
As pessoas, quando submetidas a exame, são objecto de observação que, no entanto, deve sempre
respeitar a sua dignidade pessoal.
Os exames podem ter lugar ainda antes de iniciado o procedimento, como providência cautelar em
relação aos meios de prova (arts 249º, 171º n.º 2 e 173º do CPP).
Nos exames inspeccionam-se os vestígios que possam ter ficado no local do crime, mas esta
inspecção não exige obrigatoriamente especiais conhecimentos técnicos, científicos ou artísticos. Os
vestígios são depois objecto de perícia e valorados directa e livremente pela autoridade judiciária.
Pressupostos - Artigo 171.º do CPP
Logo que houver notícia da prática de crime, providencia-se para evitar, quando possível (nº 2):
que os seus vestígios se apaguem ou alterem antes de serem examinados;
proibir, se necessário, a entrada ou o trânsito de pessoas estranhas no local do crime;
quaisquer outros actos que possam prejudicar a descoberta da verdade.
Se os vestígios deixados pelo crime se encontrarem alterados ou tiverem desaparecido (nº 3):
descrever o estado em que se encontram as pessoas, os lugares e as coisas em que possam
ter existido;
procurar, quanto possível, reconstituí-los;
descrever o modo, o tempo e as causas da alteração ou do desaparecimento.
Enquanto não estiver presente no local a autoridade judiciária ou o órgão de polícia criminal
competentes, cabe a qualquer agente da autoridade tomar provisoriamente as providências
referidas no n.º 2, se de outro modo houver perigo iminente para obtenção da prova – nº 4.
Sujeição a exame - Artigo 172.º do CPP
Autoridade judiciária competente pode compelir pessoas a sujeitarem-se a exame ou a facultar
coisa que deva ser examinada – nº 1.
Os exames susceptíveis de ofender o pudor das pessoas devem respeitar a dignidade e, na medida
do possível, o pudor de quem a eles se submeter – nº 2.
Ao exame só assistem (nº 2):
quem a ele proceder;
autoridade judiciária competente;
pessoa da confiança do examinando, se não houver perigo na demora, e
devendo este ser informado de que possui essa faculdade.
93
Direito Processual Penal
As revistas e buscas são autorizadas ou ordenadas por despacho pela autoridade judiciária
competente, devendo esta, sempre que possível, presidir à diligência (nº 3), excepto as revistas e as
buscas efectuadas por órgão de polícia criminal nos casos (nº 4) – ver apêndice 11 do anexo A:
a) DE TERRORISMO, CRIMINALIDADE VIOLENTA OU ALTAMENTE ORGANIZADA (definição dada
pelo nº 2 do art.º 1º do CPP), quando haja fundados indícios da prática iminente de crime que ponha
em grave risco a vida ou a integridade de qualquer pessoa;
A realização da diligência é, sob pena de nulidade, imediatamente comunicada ao juiz de instrução
e por este apreciada em ordem à sua validação – art.º 174.º, n.º 5 do CPP
b) Em que os visados consintam, desde que o CONSENTIMENTO prestado fique, por qualquer forma,
DOCUMENTADO – ver apêndice 12 do anexo A;
I - Nas buscas efectuadas em processo penal e feitas com dispensa de autorização judicial prévia, o consentimento do visado pode ser prestado por escrito
por si assinado ou em que aponha a sua impressão digital, sem necessidade de reconhecimento notarial da sua identificação.
II - A falta de oportuna e posterior validação judicial da busca constitui nulidade processual que pode ser arguida até ao encerramento do inquérito ou do
debate instrutório, se a este houver lugar.
Acórdão da Relação de Lisboa, de 1995.02.21, Colectânea de Jurisprudência (B.G.F.S.N.), 1995, I, pág. 163.
I - Deve considerar-se proibida uma busca à casa da arguida, levada a efeito por agentes policiais, sem precedência de autorização da competente autoridade
judiciária nem consentimento da pessoa visada - artigo 174º, Nº 4, do Código de Processo Penal -, sendo irrelevante o consentimento dado pelo filho da
arguida.
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 1995.02.08, Boletim do Ministério da Justiça, 444, pág. 358.
Notas:
- Sempre que haja fundadas suspeitas, as forças de segurança podem realizar buscas e revistas
tendentes a detectar a introdução ou presença de armas e substâncias ou engenhos explosivos ou
pirotécnicos nos estabelecimentos de ensino ou recintos onde ocorram manifestações cívicas, políticas,
religiosas, artísticas, culturais ou desportivas - art.º 5º da Lei n.º 8/97, de 12 de Abril.
- As forças de segurança destacadas para um espectáculo desportivo, sempre que tal se mostre
necessário, podem proceder a revistas aos espectadores, por forma a evitar a existência no recinto de
objectos ou substâncias proibidos ou susceptíveis de possibilitar actos de violência - art.º 12º, n.º 2, da
Lei n.º 16/04, de 11 de Maio.
- Durante o EURO 2004 existiu uma Lei de vigência temporária (de 1 de Junho a 11 de Julho) – Lei
2/2004 de 12 de Maio, que no seu art.º 31º, permitia às forças e serviços de segurança a realização de
revistas de prevenção e segurança, mesmo sem se verificar suspeita de existência de crime.
FORMALIDADES DA BUSCA - Artigo 176.º do CPP
Antes de se proceder a busca – ENTREGAR a quem tiver a disponibilidade do lugar em que a
diligência se realiza CÓPIA DO DESPACHO (excepto criminalidade violenta, consentimento do
visado e detenção em flagrante - 174º, nº 4) que a determinou, na qual se faz menção de que pode
assistir à diligência e fazer-se acompanhar ou substituir por pessoa da sua confiança e que se
apresente sem delonga - 176º, nº 1.
Faltando as pessoas que tiverem a disponibilidade do lugar, a cópia é, sempre que possível,
entregue a um parente, a um vizinho, ao porteiro ou a alguém que o substitua – 176º, nº 2.
95
Direito Processual Penal
Juntamente com a busca ou durante ela pode proceder-se a revista de pessoas que se encontrem
no lugar, se quem ordenar ou efectuar a busca tiver razões para presumir indícios de que alguém
oculta na sua pessoa quaisquer objectos relacionados com um crime ou que possam servir de prova
(174.º, n.º 1) – 176º, nº 3.
A autoridade judiciária ou o OPC competentes podem determinar que alguma ou algumas
pessoas se não afastem do local da busca (173º, nº 1) – 176º, nº 3 do CPP.
Cabe a qualquer agente da autoridade determinar que as pessoas não se afastem do local de
busca (173º, nº 2) – 176º, nº 3.
II - Não constitui por isso detenção a disponibilidade do buscado para acompanhar os agentes encarregados das diligências, ainda que
isso implique limitação da liberdade durante o tempo indispensável ao cumprimento dessas diligências ordenadas no processo.
Acórdão da Relação de Lisboa, de 1998.01.06, Boletim do Ministério da Justiça, 473, pág. 549
I - A busca domiciliária não é um acto processual em sentido estrito mas sim um acto de inquérito, ou de instrução, consoante a fase em
que seja realizada.
II - Não está, portanto sujeita ao prazo estabelecido no Nº 1 do artigo 105º do Código de Processo Penal devendo ser efectuada no prazo
fixado por quem a ordenar ou autorizar, só tendo de obedecer a critérios de necessidade, decorrente da finalidade da fase processual em
que seja ordenada e a critérios de oportunidade.
Acórdão da Relação de Lisboa, de 1996.04.16, Colectânea de Jurisprudência, 1996, II, pág. 152.
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Direito Processual Penal
I - A disciplina do artigo 176º e artigo 177º do Código de Processo Penal autoriza a realização de busca em casa habitada sem a presença ou a autorização do
dono, não estando aquele artigo 176º ferido de inconstitucionalidade, no cotejo com o artigo 34º da Constituição da República Portuguesa.
II - A falta de entrega de cópia do despacho que determinou a busca à pessoa que a esta assistir, inobservando o disposto no artigo 176º do Código de
Processo Penal, constitui, quando muito, nulidade suprível, sanada por falta da respectiva arguição até ao encerramento do debate instrutório.
III - A busca realizada na casa do arguido sem o seu consentimento constitui procedimento ressalvado no Nº 3 do artigo 126º do Código de Processo Penal,
quanto à regra da nulidade das provas obtidas mediante intromissão no domicílio sem o consentimento do respectivo titular.
Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 1995.11.08, Boletim do Ministério da Justiça, 451, pág. 238
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Direito Processual Penal
Nota:
Elaborar sempre auto discriminatório das apreensões efectuadas e entregar cópia, se solicitado, ao visado (Art.º
178.º e 183.º CPP). No Auto de Busca e Apreensão, deve fazer-se constar a qualidade e quantidade do objecto
apreendido (Art.º 94.º, 99.º e 100.º do CPP). Sempre que possível, o Auto de Busca deve ser elaborado no local e
no decurso da busca.
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Direito Processual Penal
101
Direito Processual Penal
Nota:
A Lei 5/2002, de 11 de Janeiro estabeleceu um regime especial de recolha de prova, quebra de segredo
profissional e perda de bens a favor do Estado, relativamente aos crimes de:
a) Tráfico de estupefacientes, nos termos dos artigos 21º a 23º e 28º do DL nº 15/93, de 22 de Jan;
b) Terrorismo e organização terrorista;
c) Tráfico de armas;
d) Corrupção passiva e peculato;
e) Branqueamento de capitais;
f) Associação criminosa;
g) Contrabando;
h) Tráfico e viciação de veículos furtados;
i) Lenocínio e lenocínio e tráfico de menores;
j) Contrafacção de moeda e de títulos equiparados a moeda.
Lei 5/2002 de 11 de Janeiro - Artigo 6º - Registo de voz e de imagem
1. É admissível, quando necessário para a investigação de crimes referidos no artigo 1º, o registo de voz e de imagem, por
qualquer meio, sem consentimento do visado.
2. A produção destes registos depende de prévia autorização ou ordem do juiz, consoante os casos.
3. São aplicáveis aos registos obtidos, com as necessárias adaptações, as formalidades previstas no artigo 188º do Código
de Processo Penal.
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Direito Processual Penal
pessoas, arguidos ou não, mas não têm como objectivos os indicados para as medidas de coacção e de
garantia patrimonial. Ou seja distinguem-se destas pela finalidade processual.
A aplicação de medidas de coacção ou garantia patrimonial durante o Inquérito compete
exclusivamente ao juiz de instrução (alínea b) do nº 1 do art.º 268º do CPP), à excepção do Termo de
Identidade e Residência, que com a alteração ao CPP verificada a Lei 59/98 de 25 de Agosto, passou a
poder ser efectuada pelos Órgãos de Polícia Criminal.
103
Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
A obrigação de permanência na habitação prevista no artigo 201º do Código de Processo Penal é uma medida afim da prisão preventiva, estando sujeita aos
prazos desta, impondo, por isso, a obrigatoriedade da sua reapreciação nos termos do artigo 213º daquele Código.
Acórdão da Relação do Porto, de 07.05.1997, Boletim do Ministério da Justiça, 467, pág. 633
O perigo (relevante) de continuação da actividade criminosa terá de ser aferido a partir de elementos factuais que o revelem ou o indiciem e não de mera
presunção (abstracta ou genérica), ou seja, terá de ser apreciado caso a caso em função da contextualidade de cada caso ou situação, pelo que não cabem
aqui juízos de mera possibilidade e só o risco real (efectivo) de continuação da actividade criminosa pode justificar a aplicação das medidas de coacção,
maxime da prisão preventiva.
Assim sendo, a mera possibilidade de continuação da actividade criminosa não constitui motivo suficiente para concretizar uma qualquer situação como
consubstanciadora de perigo de continuação da actividade criminosa.
Acórdão da Relação de Coimbra, de 1999.06.02, in Boletim do Ministério da Justiça, 1999, Nº 488, pág. 419.
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Direito Processual Penal
21. – DROGA
21.1. - TRÁFICO E CONSUMO DE ESTUPEFACIENTES E PSICOTRÓPICOS
DECRETO-LEI Nº 15/93 de 22 de Janeiro
A Polícia Judiciária é a entidade policial com competência para a investigação, e para a prática
dos actos processuais de inquérito derivados da mesma ou que a integrem, relativamente aos crimes
previstos no art.º 4º da Lei nº 21/2000, de 10 de Agosto (Lei da Organização da Investigação Criminal)
e nº 2 do art.º 5º do Decreto-Lei nº 275-A/2000, de 9 de Novembro alterado pela Lei nº 103/2001, de
25 de Agosto (Estatuto da Polícia Judiciária), nomeadamente:
q) Relativos ao tráfico de estupefacientes e de substâncias psicotrópicas, tipificados no artigo 21º,
artigo 22º, artigo 23º, artigo 27º e artigo 28º do Decreto-Lei Nº 15/1993, de 22 de Janeiro, e dos
demais previstos neste diploma que lhe sejam participados ou de que colha notícia;
A DCITE (Direcção Central de Investigação do Tráfico de Estupefacientes) da PJ é o órgão
responsável, a nível nacional, pela coordenação de esforços no combate ao tráfico da droga.
Sendo os crimes mais importantes relacionados com a droga da competência exclusiva da PJ, à
GNR está reservada apenas a investigação de crimes como tráfico de menor gravidade (art.º 25º),
traficante-consumidor (art.º 26º), incitamento ao uso (art.º 29º), abandono de seringas (art.º 32º) e os
ilícitos contra-ordenacionais relacionados com o consumo, o qual foi descriminalizado.
Para melhor esclarecimento do papel que deve desempenhar cada um dos OPC no combate ao tráfico de
estupefacientes, convém fazer uma análise ao Plano de Cooperação e Coordenação das Forças e Serviços de
Segurança, o qual foi objecto de uma reunião das Unidades de Coordenação e Intervenção Conjunta no Combate
ao Tráfico de Droga (UCIC’s/Nacional). Desta reunião, resultou um relatório, o qual foi difundido em Agosto de
2003, e do qual importa reter os seguintes aspectos:
Crimes previstos nos arts 21º, 22º, 23º, 27º (abuso do exercício da profissão) e 28º do DL 15/93 de 23 de
Fevereiro:
- Responsabilidade da coordenação – PJ
- Responsabilidade de acção – PJ
- Procedimentos – Os OPCs e Forças de Segurança devem comunicar à DCITE/PJ todas as informações
que obtenham, devendo fazê-lo de imediato quando tomem conhecimento da preparação, início de
execução ou execução de quaisquer infracções, sem prejuízo da imediata tomada de medidas adequadas
à preservação da prova.
Crimes previstos nos arts 21º (quando ocorram situações de distribuição directa aos consumidores, a
qualquer título, das plantas, substâncias ou preparações), 26º (traficante-consumidor), 29º (incitamento ao
uso de estupefacientes ou substâncias psicotrópicas), 30º (tráfico e consumo em lugares públicos ou de
reunião), 32º (abandono de seringas), 33º (desobediência qualificada):
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Direito Processual Penal
-Responsabilidade da coordenação – PJ
-Responsabilidade de acção – GNR e PSP
-Procedimentos
✓ A GNR e a PSP transmitem previamente à DCITE as acções planificadas a desencadear (tem que se
pronunciar no prazo de 24 horas; se nada disser pressupõe-se que não existe qualquer inconveniente
na actuação e que a DCITE não tem qualquer informação relevante para fornecer).
✓ A DCITE centraliza a informação e exerce a coordenação divulgando a informação pertinente para a
actuação da GNR e PSP.
✓ A GNR e a PSP remetem à DCITE todo os dados informativos, a cópia dos autos de notícia e a cópia
dos relatórios finais dos inquéritos que elaborem e as demais informações que por esta lhe sejam
solicitadas.
✓ A GNR e a PSP remetem de imediato à DCITE notícia de todas as acções inopinadas que tenham
lugar.
Podem ser solicitadas informações à EUROPOL.
O estabelecimento dos princípios relativamente à formação e preparação especializada no âmbito da
prevenção e investigação do tráfico de estupefacientes compete ao Instituto Superior de Polícia Judiciária e
Ciências Criminais.
21.2. – CONSUMO
O consumo da droga (ilícito contra-ordenacional) encontra-se regulado nos seguintes preceitos legais dos
quais se apresentam as partes mais relevantes:
• Lei Nº 30/2000 de 29 de Novembro - Define o regime jurídico aplicável ao consumo de estupefacientes e
substâncias psicotrópicas, bem como a protecção sanitária e social das pessoas que consomem tais substâncias
sem prescrição médica.
• Decreto-Lei N.º 130-A/2001 – Estabelece a organização, o processo e o regime de funcionamento da
Comissão para a dissuasão da toxicodependência, a que se refere o n.º1 do art.º 5º da Lei 30/2000 de 29 Nov.
• Portaria n.º 94/96 de 26 de Março. Estabelece os limites quantitativos máximos para cada dose média diária.
21.2.1. - LEI Nº 30/2000
Preâmbulo - Define o regime jurídico aplicável ao consumo de estupefacientes e substâncias psicotrópicas,
bem como a protecção sanitária e social das pessoas que consomem tais substâncias sem prescrição médica.
ARTIGO 2º CONSUMO
- O consumo, a aquisição e a detenção para consumo próprio de plantas, substâncias ou preparações
compreendidas nas tabelas referidas no artigo anterior constituem contra-ordenação – nº 1.
- Para efeitos da presente lei, a aquisição e a detenção para consumo próprio das substâncias referidas no
número anterior não poderão exceder a quantidade necessária para o consumo médio individual durante
o período de 10 dias – nº 2.
ARTIGO 3º TRATAMENTO ESPONTÂNEO
- Não é aplicável o disposto nesta lei quando o consumidor ou o seu representante legal (no caso dos menores,
interditos ou inabilitados) solicite a assistência de serviços de saúde públicos ou privados – nº 1.
- Qualquer médico pode assinalar aos serviços de saúde do Estado os casos de abuso de plantas, substâncias
estupefacientes ou psicotrópicas que constate no exercício da sua actividade profissional, quando entenda que
se justificam medidas de tratamento ou assistência no interesse do paciente, dos seus familiares ou da
comunidade, para as quais não disponha de meios – nº 2.
- Nos casos previstos nos números anteriores há garantia de sigilo, estando os médicos, técnicos e restante
pessoal de saúde que assistam o consumidor sujeitos ao dever de segredo profissional, não sendo obrigados a
depor em inquérito ou processo judicial ou a prestar informações sobre a natureza e evolução do processo
terapêutico ou sobre a identidade do consumidor – nº 3.
ARTIGO 4º APREENSÃO E IDENTIFICAÇÃO
- As autoridades policiais procederão à identificação do consumidor e, eventualmente, à sua revista e à
apreensão das plantas, substâncias ou preparações encontradas na posse do consumidor, que são perdidas a
favor do Estado, elaborando auto da ocorrência, o qual será remetido à comissão territorialmente competente
– nº 1.
- Quando não seja possível proceder à identificação do consumidor no local e no momento da ocorrência,
poderão as autoridades policiais, se tal se revelar necessário, deter o consumidor para garantir a sua
comparência perante a comissão, nas condições do regime legal da detenção para identificação – nº 2.
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
TABELA
Plantas substâncias ou preparações constantes das tabelas I a IV de Limite quantitativo
Tabela
consumo mais frequente máximo (1dia)
Heroína (diacetilmorfina) I-A (2) 0,1gr
Metadona I-A (2) 0,1 gr
Morfina I-A 0,2 gr
Ópio (suco) I-A (3-b) 1 gr
Cocaína (cloridrato) I-B (2) (4) 0,2 gr
Cocaína (éster metílico de benzoilecgonina) I-B (2) (4) 0,03 gr
Canabis (folhas e sumidades floridas ou frutificadas) I-C (3-c , d) 2,5 gr
Canabis (resina) I-C (3-c , d) 0,5 gr
Canabis (óleo) I-C (3-f) 0,25 gr
Fenciclidina (PCP) II-A (3-a) 0,01 gr
Lisergida (LSD) II-A 50 (micra)g
MDMA II-A (2) (3-g) 0,1 gr
Anfetamina II-B 0,1 gr
Tetraidrocanabinol II-B 0,05 gr
(1) Os limites quantitativos máximos para cada dose média individual diária são expressos em gramas, excepto quando
expressamente se indique unidade diferente.
(2) Os limites referidos foram estabelecidos com base em dados epidemiológicos referentes ao uso habitual.
(3) As quantidades indicadas referem-se:
a) Às doses diárias mencionadas nas farmacopeias oficiais;
b) Às doses equipotentes à da substância de abuso de referência;
c) À dose média diária com base na variação do conteúdo médio do TIIC existente nos produtos da Canabis;
d) A uma concentração média de 2% de A9TIIC;
e) A uma concentração média de 10% de A9TIIC;
f) A uma concentração média de 20% de A9TIIC;
g) Às doses médias habituais referidas na literatura que variam entre 80 mg e 160 mg (ca. 2 mg/kg) da substância
pura. No entanto pode aparecer misturada com impurezas (por exemplo, MDA, cafeína) ou ainda em
associação com heroína.
(4) Para a cocaína são especificados limites quantitativos diferentes, respectivamente para o cloridrato e para o éster
metílico de benzoilecgonina, uma vez que o potencial adictivo das duas formas químicas é muito diferente.
110
Direito Processual Penal
Por exemplo, para um crime de furto (art.º 203º do CP) que nos tenha sido denunciado e cujo autor
seja conhecido, o Inquérito poderia ser constituído pelas seguintes peças processuais:
Ofício de envio do relatório ao Tribunal (ver apêndice 14 do anexo A).
Original de Auto de Denúncia (a elaborar logo que os factos nos sejam denunciados e cuja cópia
já havia sido remetida ao MP logo após ao denúncia do crime – ver apêndice 1 do anexo A).
Original do Auto de Declarações do ofendido (elaborado com base nas declarações prestadas
pelo ofendido, após ter sido notificado para comparecer no Posto – ver apêndice 5 do anexo A ).
Termo de Notificação do art.º 75º e segs. do CPP ao ofendido (notificação de que pode pedir
indemnização pelos eventuais prejuízos físicos, materiais, psicológicos, etc, que sofreu - ver
apêndice 4 do anexo A ).
Folha para junção de documentos ao inquérito (folha simples através da qual fazemos juntada
ao processo de documentos. Por exemplo: orçamentos, facturas, despesas hospitalares, etc,
apresentadas pelo ofendido e das quais quer receber compensação por parte do arguido).
Auto de Constituição de arguido (caso o indivíduo ainda não tenha sido constituído arguido
durante o processo - ver apêndice 2 do anexo A ).
Termo de Identidade e residência (caso o indivíduo ainda não tenha prestado TIR durante o
processo - ver apêndice 3 do anexo A ).
Nota:
no caso de haver concurso de crimes (por exemplo, o arguido ter cometido 2 crimes de furto),
devemos fazer a constituição de arguido e sujeitar a TIR o arguido por cada um dos crimes por ele
cometidos (se cometeu 2 crimes de furto é constituído arguido e sujeito a TIR por cada um dos
crimes que cometeu).
Auto de Interrogatório de Arguido (a elaborar no âmbito do inquérito realizado no Posto –
quando estiverem em causa crimes conexos, o arguido pode ser inquirido em auto único para os
vários processos, uma vez que ambos os processos se encontram conexos, elaborando-se assim um
único auto de interrogatório - ver apêndice 6 do anexo A ).
Inquérito sócio económico a efectuar ao arguido (este inquérito sobre os bens do arguido é
muitas vezes pedido pelo MP para avaliar as posses do arguido, pelo que devemos tomar a
iniciativa de o fazer, evitando a execução deste trabalho mais tarde - ver apêndice 15 do anexo A ).
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Direito Processual Penal
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Direito Processual Penal
concluída no dia em que se tiver iniciado, é interrompida, para continuar no dia útil imediatamente
posterior (art.º 328º, nº 1 e 2 do CPP).
O adiamento da audiência só é admissível, em casos especificamente previstos no CPP. Em caso
de interrupção da audiência ou do seu adiamento por período não superior a oito dias, a audiência
retoma-se a partir do último acto processual praticado na audiência interrompida ou adiada. Retomada
a audiência, o tribunal, oficiosamente ou a requerimento, decide de imediato se alguns dos actos já
realizados devem ser repetidos. O adiamento não pode exceder 30 dias. Se não for possível retomar a
audiência neste prazo, perde eficácia a produção de prova já realizada. O anúncio público em audiência
do dia e da hora para continuação ou recomeço daquela vale como notificação das pessoas que
devam considerar-se presentes (art.º 328º, nºs 3 a 7 do CPP).
115
Direito Processual Penal
- Responder prontamente quando lhe for perguntado o seu nome completo, Posto e local onde
presta serviço (eventualmente pode-lhe também ser perguntado pelas suas relações pessoais,
familiares e profissionais com os participantes e pelo seu interesse na causa);
- Ainda na posição de pé é então submetido a juramento (no caso de ser testemunha), pelo que
após essa formalidade, o Juiz há-de dizer “Pode-se sentar” ;
- Durante a inquirição, e apesar de estar sentado, o militar deve manter uma postura digna e
correcta de forma a não pôr em risco a imagem da instituição que representa;
- Terminada a inquirição há-de ser dito ao militar que pode abandonar a sala de audiência, ou
que, caso entenda assistir ao resto da audiência se deve sentar nos bancos destinados a esse
efeito (o militar só pode abandonar o local da audiência após a ordem ou autorização do juiz –
art.º 353º do CPP);
117
Direito Processual Penal
dos órgãos de justiça. Em qualquer caso, compete ao tribunal a protecção da honra e consideração das
testemunhas, que são direitos de personalidade.
- Direito de indemnização: Quando os militares forem convocados em razão do exercício das suas
funções, o juiz arbitra, sem dependência de requerimento, uma quantia correspondente à dos montantes
das ajudas de custo e dos subsídios de viagem e de marcha que no caso forem devidos, que reverte,
como receita própria, para o serviço onde os militares prestam serviço. Para esse efeito, os serviços em
causa devem remeter ao tribunal as informações necessárias, até 5 dias após a realização da audiência.
Quando não houver lugar a esta aplicação, o juiz pode, a requerimento dos convocados que se
apresentarem à audiência, arbitrar-lhes uma quantia, calculada em função de tabelas aprovadas pelo
Ministério da Justiça, a título de compensação das despesas realizadas (art.º 317º do CPP).
Juízes
Não existem, normalmente, especificidades dignas de realce no relacionamento, em audiência de
julgamento, entre o agente policial como testemunha e os juízes. Contudo durante a inquirição deve ser
adoptada pelos militares, entre outras, uma postura corporal correcta e o uso do título respectivo
(Meritíssimo Sr. Doutor Juiz, V.ª Ex.ª, etc).
Enquanto testemunhas, os militares da GNR devem seguir as orientações dadas pelo juiz
presidente (nos julgamentos com tribunal colectivo), ou do juiz (nas situações de tribunal singular),
relativamente à forma de prestação do depoimento.
Ministério Público
Regra geral, os agentes policiais são indicados como testemunhas pelo Ministério Público (MP).
Parte-se do princípio que quem apresentou a testemunha sabe o que ela conhece sobre os factos e que
esse conhecimento favorece o interesse da sua posição processual. Nesse sentido a relação entre o MP
e a testemunha (agente policial) é, normalmente, de colaboração e entendimento mútuo.
Convém por isso que o militar da Guarda prepare convenientemente o seu testemunho, e tenha
uma atenção redobrada às questões do MP, por forma a compreender a linha de raciocínio e a antecipar
o objectivo pretendido, ou seja, a produção de prova suficiente para o conhecimento da realidade dos
factos.
Advogados de defesa
A primeira ideia que nos vem à cabeça quando pensamos numa situação de tribunal em que
intervenham um advogado de defesa e um agente policial, é a do primeiro a “espremer” ou “apertar” o
segundo. Embora nem sempre assim seja, é contra este tipo de situações que os agentes policiais têm
de estar preparados quando são chamados a depor em Tribunal.
É de toda a conveniência uma grande concentração e algum poder de antecipação do fim
efectivamente pretendido ou escondido na pergunta do advogado, por forma a que o agente, sem fugir
à verdade, não vá de encontro aos objectivos por ele pretendidos.
Tem que se compreender a posição e a função desempenhada pelo advogado de defesa, não
entendendo os seus “ataques” como algo pessoal, mas apenas como a sua tentativa de absolver o seu
cliente.
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Preparação do depoimento
O militar deve preparar-se com afinco, tentando antecipar-se às prováveis fontes de argumentação
dos advogados, sendo fundamental que o agente resista à tentação de ignorar os aspectos essenciais.
Estudo prévio das peças processuais
Quando notificado para comparecer em Tribunal, o militar deverá “perder” algum tempo a
refrescar a memória através do estudo das peças processuais mais importantes: autos de
denúncia/notícia, relatórios intercalares, autos de busca e apreensão, cotas, relatórios de exames, etc.
Ou seja, as peças processuais que contenham matéria considerada relevante e que poderá ser
questionada em tribunal.
Confiança naquilo que se afirma
O testemunho não é persuasivo em Tribunal se a testemunha que o produz não estiver confiante
em relação ao que afirma, confiança que também se alcança através da referida preparação prévia.
“Anchoring”
Em tribunal os agentes de autoridade são objecto de uma grande pressão, pelo que importa
começar a controlar os nervos de forma a obter-se o domínio sobre a estratégia da defesa. São bastante
frequentes sintomas de stress como: batimento cardíaco descontrolado, formigueiro no estômago, boca
seca, mãos suadas, tiques nervosos, etc.
Estes condicionalismos podem ser ultrapassados através do chamado “anchoring”, o qual permite
aos militares ficarem mais confiantes, com maior auto-estima e mais calmos.
Uma das principais formas de utilizar a técnica de “anchoring” consiste em trazer à memória uma
prestação onde o militar tenha sido brilhante ou bem sucedido. Se for bem utilizada esta técnica, os
nervos poderão dar lugar a energia positiva, alcançando-se a calma, a confiança e a concentração
necessárias. Com toda a sua experiência e vivência de situações complicadas, o militar tem que se
mentalizar da sua capacidade para enfrentar qualquer obstáculo.
Comportamento adequado
Deve-se ter em atenção que quando está a testemunhar, o militar da GNR representa naquele
momento toda a instituição a que pertence e qualquer comportamento menos correcto durante a
audiência vai ser associado a todos os seus camaradas. Uma postura correcta e uma perfeita
concentração sobre o que está a ser perguntado são fundamentais para um bom desempenho e uma boa
imagem.
Comunicação não verbal
A comunicação não verbal tem um papel importante no que a mente humana, consciente ou
inconscientemente, escolhe para acreditar. Este tipo de comunicação inclui a linguagem corporal,
comunicação visual, tom de voz, apresentação pessoal, uso oportuno de palavras-chave,
espontaneidade nas respostas e mecanismos de defesa rigorosos aos contra interrogatórios e aos
engodos utilizados.
Linguagem corporal: A tendência para a utilização excessiva de gestos faciais (tiques), excessiva
gesticulação ou tamborilar os dedos enquanto se fala, não impressionam positivamente o tribunal e
podem prejudicar gravemente a credibilidade do que se afirma. Se o militar tem tendência para mexer
os dedos ou contorcer as mãos enquanto depõe, o melhor será mantê-las agarradas uma à outra, à
frente ou atrás, sendo a última a que denota uma atitude mais respeitosa.
Voz e tom de voz: O tom de voz alto e forte é normalmente melhor que um tom amedrontado. Uma voz
tímida e fraca não inspira confiança e pode por em questão a credibilidade do testemunho. As variações do
volume e a velocidade da voz podem contribuir para uma maior eficácia do testemunho.
Contacto visual: Deve-se tentar manter um contacto visual normal com os restantes interlocutores evitando
a utilização de olhares inquisidores. O olhar directo (“olhos nos olhos”) com os outros interlocutores pode ter
importância na credibilidade do testemunho. Em situação de contra-interrogatório não se deve olhar para a parte
que arrolou o militar como testemunha (regra geral, o MP) sob pena desse olhar ser interpretado como uma
forma de pedido de ajuda ou de falta de certeza no que está a dizer.
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