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Fazer?
portalped.com.br/especialidades-da-pediatria/medicina-intensiva/serie-intubacao-orotraqueal-via-aerea-dificil-o-que-
fazer
11 de dezembro de 2018
Novamente ressalto que não discutirei neste texto a indicação clínica de intubação. Estou
pressupondo que a indicação já foi pensada e as medidas para que o procedimento seja
realizado já foram tomadas. Considero também que, na maioria das vezes, a intubação
orotraqueal está se dando por um motivo clínico, numa criança gravemente enferma, o que
exige que tenhamos um “plano B” já elaborado e pronto para ser executado. Entretanto,
algumas dessas opções são também viáveis para pacientes que seriam submetidos
eletivamente à intubação, para realização de um procedimento, por exemplo.
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A princípio, esse tubo deve ser retirado, a criança deve ser ventilada com bolsa-válvula-
máscara (BVM) e oxigenada até nova estabilização, para então ser realizada nova
laringoscopia. Entretanto, faço uma ressalva: caso a criança em questão apresente uma
via aérea difícil, manter esse tubo que está locado no esôfago pode ser útil na próxima
laringoscopia, demarcando a via digestiva e facilitando a localização da via aérea.
Veja também
Caso o capnógrafo não esteja disponível e não ocorra a estabilização após a intubação,
devemos realizar cuidadosamente a inspeção e ausculta do tórax, além da avaliação
radiográfica. Entretanto, sem a estabilização, deve-se considerar o uso de relaxante
muscular, pois não é incomum a rigidez de caixa torácica, muitas vezes limitando o
volume corrente ofertado. Lembre-se, sempre, de checar também o correto funcionamento
do equipamento, seja a bolsa autoinflável, seja o ventilador mecânico.
Mais uma situação é a intubação seletiva. O tubo orotraqueal normalmente apresenta uma
marca negra em sua extremidade distal, devendo essa marca ser posicionada na altura
das cordas vocais. Outra dica é utilizar a regra de “3 vezes o tamanho do tubo ideal” como
o valor aproximado de posicionamento da cânula no lábio superior — ou seja, um tubo
número 5 deve, aproximadamente, ser posicionado no número 15 no lábio superior. Além
dessas dicas, a inspeção e ausculta estarão assimétricas, denotando o posicionamento
inadequado da cânula, que deve ser, então, reposicionada.
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da via aérea e considere novo ciclo de oxigenação/ventilação, para atingir novo
patamar de estabilidade antes da nova laringoscopia.
Equipamento: tenha certeza de que a luz do laringoscópio está adequada, assim
como o tamanho da lâmina. Considere a troca de lâmina reta por curva, ou vice-
versa, lembrando-se de adequar a técnica de laringoscopia conforme a escolha da
lâmina.
Caso a ventilação com BVM esteja eficaz e tal patamar de estabilidade seja atingido — e
se você já tiver corrigido todos esses aspectos (e outros particulares de cada situação) —,
considere solicitar o auxílio de outro profissional, normalmente o anestesista ou o
intensivista, caso estejam disponíveis no seu serviço. Mantenha a ventilação manual, com
a criança monitorizada e observada continuamente.
Reversão da sedação/curarização
Naqueles casos em que a ajuda vai demorar a chegar ou há falha grave no equipamento,
às vezes trazer a criança para a situação de base antes do início do procedimento talvez
seja a única alternativa. Definitivamente não é a melhor opção, mas você deve saber que
ela existe e como fazê-la.
O benzodiazepínico pode ter seu efeito depressor revertido com o uso de flumazenil. A
droga deve ser administrada em bôlus, na dose de 0,01–0,02 mg/kg, até o máximo de 0,2
mg por dose, podendo ser repetida até a reversão do efeito do diazepínico ou até 1 mg (5
doses). Devemos prestar atenção, pois normalmente a meia-vida do sedativo é superior à
do flumazenil e nova depressão respiratória/neurológica não é incomum.
O opioide pode ser revertido com naloxone. Existem diversas doses em literatura e
diversos esquemas propostos. Eu prefiro recomendar o que a Lexicomp® nos diz: 0,5 mL
(0,2 mg) para qualquer idade e peso, repetindo até que o efeito desejado seja atingido. Em
nossa calculadora de drogas de emergência, também sugerimos a dose por peso de 0,1
mg/kg, até a dose máxima de 2 mg. Lembro que essa dose é para reversão total do opioide
e o que queremos, normalmente, é apenas reverter a depressão respiratória, motivo pelo
qual prefiro o primeiro esquema.
Drogas como a cetamina e o propofol, também sugeridas como sedação no texto anterior,
normalmente não causam depressão respiratória significativa, não necessitando de
qualquer reversão, além do fato de que a meia-vida do propofol é ultracurta.
Airtraq/King Vision
É um equipamento que tem uma curvatura definida, disponível em diversos tamanhos, com
uma ótica ou um pequeno monitor de LCD, uma iluminação adequada e um trilho para
introdução e passagem do tubo. Está disponível para venda no Brasil e não é tão caro
quanto imaginamos.
https://youtu.be/jSMO6YmsO4I
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Fibroscópio
Seu manuseio requer treinamento. Entretanto, ele pode ser usado como guia para o tubo.
Sua flexibilidade permite que localizemos adequadamente a via aérea e possamos
introduzir o tubo por sobre o fibroscópio sem dificuldades.
Bougie
É um introdutor, um fio-guia semiflexível, que auxilia na introdução do tubo. Deve-se fazer a
laringoscopia, locar o bougie na via aérea e, depois, correr o tubo por sobre ele até o
correto posicionamento.
https://youtu.be/DQmIP5luvXM
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Dispositivos supraglóticos
Máscara laríngea
Todos os serviços deveriam ter um conjunto de máscaras laríngeas. Sou especialmente fã
delas. É um dispositivo supraglótico que não necessita de laringoscopia para introdução.
Por ser supraglótico, tem contraindicações, como estômago cheio, traumatismo
craniocervical grave, laringite e malformação laringotraqueal. Sua ponta fica localizada no
esôfago, o balão insuflado veda e isola a região supraglótica enquanto a ventilação é
proporcionada nesse local. É um dispositivo para utilização temporária, até que a via aérea
definitiva seja providenciada.
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https://youtu.be/Qvs8YbsHGrA
Tubo laríngeo
Semelhante à mascara laríngea, pois fornece a ventilação na região supraglótica. Utiliza-se
do princípio de que a introdução às cegas de dispositivo de ventilação, sem a realização de
laringoscopia e exposição da via aérea por posicionamento da epiglote, leva naturalmente
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o dispositivo para o esôfago. Apresenta 2 “cuffs” (balonetes): um que vedará o esôfago e
um que vedará e isolará a região supraglótica, proporcionando a ventilação
temporariamente. Tem contraindicações semelhantes às da máscara laríngea.
Veja também
O formato da via aérea pediátrica e a relação com o uso de tubo traqueal com cuff
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