Inclui bibliografia.
ISBN 13 978-85-221-2254-7
ISBN 10 85-221-2254-7
CDU 612.821
CDD 612.8
Apresentação
Um conteúdo objetivo, conciso, didático e que atenda às expectativas de quem leva
a vida em constante movimento: este parece ser o sonho de todo leitor que enxerga
o estudo como fonte inesgotável de conhecimento.
Pensando na imensa necessidade de atender o desejo desse exigente leitor foi criado
este produto voltado para os anseios de quem busca informação e conhecimento
com o dinamismo dos dias atuais.
Com esses ideais em mente, nasceram os livros eletrônicos da Cengage Learning,
com conteúdos de qualidade, dentro de uma roupagem criativa e arrojada.
Em cada título é possível encontrar a abordagem de temas de forma abrangente,
associada a uma leitura agradável e organizada, visando a facilitar o aprendizado
e a memorização de cada disciplina.
A linguagem dialógica aproxima o estudante dos temas explorados, promovendo a
interação com o assunto tratado.
Ao longo do conteúdo, o leitor terá acesso a recursos inovadores, como os tópicos
“Atenção”, que o alertam sobre a importância do assunto abordado, e o “Para saber
mais”, que apresenta dicas interessantíssimas de leitura complementar e curiosida-
des bem bacanas, para aprofundar a apreensão do assunto, além de recursos ilustra-
tivos, que permitem a associação de cada ponto a ser estudado. Ao clicar nas palavras-
-chave em negrito, o leitor será levado ao Glossário, para ter acesso à definição da
palavra. Para voltar ao texto, no ponto em que parou, o leitor deve clicar na própria
palavra-chave do Glossário, em negrito.
Esperamos que você encontre neste livro a materialização de um desejo: o alcance
do conhecimento de maneira objetiva, concisa, didática e eficaz.
Boa leitura!
Prefácio 7
Prefácio
A neuropsicologia é a ciência dedicada a estudar a expressão comportamental das
disfunções cerebrais. Isso faz dela uma ciência interdisciplinar, multidisciplinar
e transdisciplinar, permitindo a sua vinculação a uma série de disciplinas que a
estudam sob diversos vieses.
No âmbito da educação, sua importância é ainda mais potencializada. Afinal de
contas, os principais sentidos dos seres humanos são despertados pelo sistema
nervoso central, orientados pelos sensores cerebrais que levam as informações
necessárias para cada atividade que o indivíduo necessita realizar.
A importância do estudo dessa matéria é delineada ao longo das unidades deste
material.
Os mistérios do funcionamento de cada sentido e a relevância de qualquer um de-
les para o processo do aprendizado são explorados nesta disciplina.
Na Unidade 1, o leitor conhecerá os conceitos básicos da neuropsicologia, estu-
dará a visão do cérebro e do seu funcionamento no decorrer dos séculos, além de
saber um pouco mais sobre a neuropsicologia no Brasil.
O estudo continua na Unidade 2, em que são apresentados temas como as fun-
ções executivas (linguagem, atenção, memória, sensação, percepção, emoção, en-
tre outros), além da formação de imagens, a simbolização e a conceituação. Outro
assunto importante tratado na referida unidade é o funcionamento do sistema
nervoso e o processo de aprendizagem.
Na Unidade 3, em que as funções neurológicas e os distúrbios de aprendizagem
são abordados, questões como as causas das dificuldades, distúrbios e transtor-
nos da aprendizagem; o tratamento para as dificuldades, distúrbios e transtornos
de aprendizagem; a classificação das dificuldades de aprendizagem (dislexia, dis-
grafia e discalculia); e o uso de instrumentos neuropsicológicos na avaliação dos
distúrbios / dificuldades de aprendizagem são explorados de forma didática e di-
reta, fomentando o debate acerca de cada assunto.
Finalmente, na Unidade 4, entram no cenário da discussão os distúrbios de apren-
dizagem ou de escolarização; as síndromes de déficit no desenvolvimento de funções
mentais superiores; a síndrome de dificuldades de aprendizagem de habilidades
8 Prefácio
UNIDADE 1
NEUROPSICOLOGIA: UM NOVO
INSTRUMENTO
Glossário, 27
10 Neuropsicologia
1. Introdução à neuropsicologia
Ao iniciar os estudos sobre a neuropsicologia, é preciso esclarecer que esse
conhecimento faz parte de um dos campos fundamentais da Neurociência, que
vem despertando, há algum tempo, o interesse de estudiosos de várias áreas.
Caracterizada pela multidisciplinaridade, a neurociência reúne diversos saberes
e pontos de vista sobre o funcionamento do Sistema Nervoso, além do interesse
por mecanismos de aprendizagem, memória, atenção, linguagem e comunica-
ção, estabelecendo, dessa forma, uma interface com a Psicologia.
Essa ciência tem como objetivo tanto o estudo do Sistema Nervoso normal,
quanto do patológico, e visa a esclarecer os processos das doenças neurológicas
e das doenças mentais.
O Sistema Nervoso (SN) realiza várias funções de extrema importância no corpo
humano, porque, ao atuar em conjunto com outros órgãos, auxilia no funciona-
mento do organismo.
Pode-se dizer, de maneira geral, que o SN é composto por córtex cerebral, tronco
encefálico, cerebelo, medula, nervos e terminações nervosas. É dividido em:
Sistema Nervoso
Somático
contrai a pupila
estimula a salivação
contrai os brônquios
estimula o peristaltismo
e a produção de
secreções
promove a ereção
contrai a bexiga
dilata a pupila
inibe a salivação
relaxa os brônquios
acelera os
batimentos cardíacos
inibe os movimentos
peristálticos e a
produção de secreções
estimula a liberação de
glicose pelo fígado
relaxa a bexiga
P ARA SABER MAIS! A expressão “funções mentais superiores” foi criada pelo
fisiologista russo Ivan Pavlov (1849-1936) no começo do século XX.
P ARA SABER MAIS! O encéfalo faz parte do Sistema Nervoso Central (SNC). Ele é
tudo que está dentro da caixa craniana. É formado pelo córtex cerebral (cérebro,
ponte, hipotálamo, tálamo, bulbo e cerebelo).
lobo occipital
lobo temporal
ponte
cerebelo
medula oblonga (bulbo) medula espinal
P ARA SABER MAIS! As teorias sobre o corpo humano defendidas por Galeno domi-
naram a Medicina por quatorze séculos, quando só então alguns de seus aponta-
mentos foram contestados.
P ARA SABER MAIS! Para conhecer e interagir com o Mapa Frenológico de Gall/Spur-
zheim acesse o link: <http://www.cerebromente.org.br/n01/frenolog/frenmap_port.
htm> Acesso em: jan. 2015.
área de Wernicke
lobo occipital
ponte
cerebelo
medula oblonga (bulbo) medula espinal
Unidade 1 – Neuropsicologia: um novo instrumento 19
No fim do século XVIII, após o cérebro ter sido exaustivamente estudado, pre-
dominava a discussão sobre a localização das funções cerebrais. Os cientistas
já haviam identificado que havia o mesmo padrão de saliências e sulcos no cé-
rebro, na superfície cerebral, e que o encéfalo era dividido em lobos ou lóbulos.
Finalmente, nos anos 1990, com os avanços tecnológicos, o cérebro passa a ser
observado em funcionamento, e isso contribuiu para o esclarecimento de quais
regiões cerebrais específicas estariam ativas durante diferentes funções mentais.
Em decorrência dos avanços das técnicas de neuroimagem que possibilitaram a
confirmação das interações entre as funções cognitivas e as áreas cerebrais, os
anos 1990 ficaram conhecidos como a “Década do cérebro”.
Os pesquisadores Roger Sperry (1913-1994) e Michael Gazzaniga (1939-), estu-
diosos do corpo caloso, descobriram que a separação dos hemisférios cerebrais
produzia dois meio-cérebros, cada um com percepções, pensamentos e consciência
independentes. Em 1981, o neuropsicólogo Sperry foi um dos ganhadores do Prê-
mio Nobel de Fisiologia e Medicina por seus estudos sobre a lateralização cerebral.
No fim do século XX e início do século XXI, Alexander Romanovich Luria (1902-
1977) e Lev Semenovitch Vygotsky (1896-1934) apresentaram uma proposta
diferente da abordagem localizacionista. Eles se basearam em três princípios
centrais das funções corticais:
• a plasticidade;
• os sistemas funcionais dinâmicos;
• a perspectiva a partir da mente humana.
Luria é considerado por muitos estudiosos “o pai da Neuropsicologia”. Ele inves-
tigou casos de pacientes com lesões no Sistema Nervoso Central e demonstrou
que as funções mentais superiores estão organizadas em sistemas funcionais
complexos. Seu objetivo era identificar precocemente o local onde ocorriam as
lesões e oferecer a reabilitação adequada ao paciente.
A teoria de Luria tem sido a base para o estudo da relação entre o comporta-
mento e o cérebro, visando a compreender as funções cerebrais. Conhecer a
obra desse autor é condição essencial para investigar não só os problemas de
aprendizagem de crianças e adolescentes, mas também para elaborar novas
ações de reabilitação (RODRIGUES; CIASCA, 2010).
Luria considera que o cérebro está dividido em três unidades funcionais bási-
cas. Cada uma delas teria uma função específica, e o processo cognitivo, assim
20 Neuropsicologia
lobo parietal
lobo frontal
lobo occipital
lobo temporal
cerebelo
ponte
P ARA SABER MAIS! Localização dos lobos cerebrais: o lobo occipital está localizado
na região ao fundo do cérebro; o temporal, na região acima das orelhas; o parietal,
na região acima do lobo temporal e o anterior ao lobo occipital; o frontal encontra-se na
região anterior da caixa craniana.
3. A neuropsicologia no Brasil
No Brasil, como área específica de estudo, a Neuropsicologia é relativamente re-
cente, embora sua fundamentação científica resulte de décadas de investigação
e conhecimento.
Na década de 1980, já aconteciam pesquisas em vários estados e instituições do
Brasil, mas os estudiosos trabalhavam de maneira individualizada e não havia
o compartilhamento dos conhecimentos.
Em 1988, a Neuropsicologia foi oficialmente reconhecida no Brasil com a fun-
dação da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia (SBNp). No entanto, em 2007,
para se adequar ao novo Código Civil, foi designada como Associação Brasileira
Multidisciplinar de Neuropsicologia, mantendo o nome fantasia de Sociedade
Brasileira de Neuropsicologia (SBNp, 2015).
22 Neuropsicologia
Existem três campos de atuação que o CFP considera fundamentais para a prá-
tica do neuropsicólogo:
• Diagnóstico – Por meio da utilização de testes (qualitativos e quantitativos),
baterias e escalas padronizadas, o neuropsicólogo poderá observar as habili-
dades do indivíduo (atenção, percepção, aprendizagem, memória, linguagem
entre outras) e estabelecer o tipo de intervenção que será mais adequada
para a pessoa avaliada.
• Tratamento/reabilitação – Acontece a partir do diagnóstico. Tem como ob-
jetivo corrigir ou diminuir as consequências dos déficits cognitivos levando o
paciente se reintegrar ao contexto social, escolar e profissional. Nessa etapa,
a intervenção pode ocorrer diretamente nas funções cognitivas; pode aconte-
cer no contexto familiar, para que a família seja coparticipante do processo
de reabilitação; pode ser desenvolvida em parceria com equipes multidiscipli-
nares, universidades e profissionais liberais que buscam (re)inserir a pessoa
no contexto familiar com a adaptação individual às situações de longo prazo
e/ou permanentes.
• Pesquisa – Envolve a compreensão da relação do funcionamento cerebral
com as emoções, a personalidade do indivíduo, o comportamento e a cog-
nição. O uso dos testes neuropsicológicos, de neuroimagem funcional por
Unidade 1 – Neuropsicologia: um novo instrumento 23
4. Avaliação neuropsicológica
A avaliação neuropsicológica visa a identificar clinicamente, por meio de testes
e exercícios neuropsicológicos, as alterações observadas no comportamento do
paciente, relacionando-as com as possíveis áreas do cérebro envolvidas nesse
processo (MALLOY-DINIZ, 2010).
A Neuropsicologia, por ser uma ciência de caráter multidisciplinar necessita, no
exame neuropsicológico, da contribuição aprofundada de cada saber envolvido
no processo avaliativo. A interpretação dos resultados da testagem exige conhe-
cimento de Neurologia, Psicologia, Psiquiatria, Pediatria, Geriatria entre outros.
Os estudiosos têm se preocupado com a visão de que a avaliação neuropsico-
lógica esteja restrita a um exame clínico baseado na testagem. Esse teste, no
entanto, é uma anamnese, um instrumento cuja ênfase não está em si mesmo,
mas, sim, em seu sentido.
Os testes informam o desempenho do paciente no momento exato de sua aplica-
ção. Por isso a avaliação neuropsicológica envolve várias etapas, em diferentes
períodos, para que se possa observar se o paciente faz uso de medicação, se está
em tratamento psicológico e/ou fonoaudiológico e se, durante as etapas ava-
liativas, algum acontecimento desestruturante está acontecendo (WINOGRAD;
JESUS; UEHARA, 2012).
Atualmente, o exame ou a avaliação neuropsicológica não tem por objetivo lo-
calizar a lesão, mas identificar qual sistema está comprometido. Os resultados
24 Neuropsicologia
Glossário – Unidade 1
Corpo caloso – é o maior feixe de fibras do cérebro que une os dois hemisférios.
Dominância manual – é a habilidade e a destreza de usar mais uma mão do que a outra.
Medula espinhal – é o que está dentro do canal das vértebras; é uma extensão do Sistema
Nervoso Central; se inicia na primeira vértebra cervical (na junção do crânio) e termina na
região lombar.
Patologia – significa doença. É uma parte da Medicina que estuda a doença, seus sinto-
mas, causas e variações no organismo.
UNIDADE 2
AS FUNÇÕES NEUROLÓGICAS E OS
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM –
PARTE I
Capítulo 2 Sinapse, 31
Capítulo 4 Linguagem, 33
Glossário, 46
30 Neuropsicologia
P ARA SABER MAIS! A partir dos 30 anos de idade, o número de nossos neurônios
tende a diminuir em uma pequena porcentagem. Isso, no entanto, não prejudica
nossas funções cognitivas.
2. Sinapse
Quanto maior for a capacidade de o cérebro modificar sua morfologia por meio
da aprendizagem, mais intensa será sua possibilidade de aprender (TEIXEIRA,
2004).
32 Neuropsicologia
3. Funções executivas
O conceito de funções executivas é relativamente recente dentro da neuropsico-
logia. Os estudiosos dessa área têm deixado claro que esse conceito difere do de
inteligência geral e de memória.
São funções com elevado grau de complexidade e de componentes cognitivos
que interagem dinamicamente, tais como atenção, memória e linguagem, que
executam um ou mais comportamentos voltados para alcançar determinados
objetivos.
As funções executivas ou funções mentais superiores são responsáveis pelo pro-
cessamento da informação, e se houver qualquer dano nas referidas funções,
alterações de comportamento podem ser geradas.
4. Linguagem
A linguagem é o que faz o homem se distinguir de outras espécies.
É a capacidade que o indivíduo tem de comunicar-se por meio de ideias ou sen-
timentos, utilizando para isso símbolos preestabelecidos, sinais gráficos, sono-
ros, gestos etc.
A linguagem verbal é composta por três componentes:
a) gramática – organiza, formula, constrói, flexiona e dá expressão aos fonemas,
morfemas, palavras, frases etc.;
b) semântica – dá significação às palavras;
c) sintaxe – estrutura os elementos linguísticos, relacionando-os entre si, propi-
ciando uma relação lógica.
São três os processos de aquisição da linguagem: a interna, a receptiva e a
expressiva. Dentro de cada uma delas podem ocorrer distúrbios que tendem a
comprometer a aprendizagem. A seguir, abordaremos cada linguagem:
34 Neuropsicologia
giro angular
área de Broca
1) Atenção
Ocorre quando o indivíduo, por um breve ou um longo período, se dirige e se
fixa em algum objeto ou situação. Pode ser atenção voluntária ou atenção
involuntária, e esta permanece dependendo da repetição, da intensidade e do
movimento.
Sem a atenção, outras funções mentais podem ficar comprometidas. A capaci-
dade de reter a informação permite, por exemplo, o funcionamento da memória
e da percepção, que é o início de nosso processamento cognitivo.
O significado de atenção vem de “atender”, “cuidar”. Nesse sentido, a atenção
está intimamente ligada às questões socioafetivas em relação ao outro, especial-
mente ao modelo vindo do indivíduo adulto (FERNANDEZ, 2001).
É importante que o diagnóstico de falta de atenção seja investigado, tendo em
vista que ele não surge apenas a partir dos dados externos, mas envolve, igual-
mente, aspectos internos do indivíduo.
O adulto, como referência para a criança e o adolescente, ajuda-os a construir
e a desenvolver a atenção voluntária, que acontece até cerca dos 12 anos de
idade, quando elas recebem orientações e instruções que visam a ampliar sua
atenção seletiva e que, com o tempo e a maturação, orientarão seu processo de
atenção (DAL’OLIO, 2011).
A atenção voluntária pode ser classificada em:
• alternada – quando o indivíduo é capaz de colocar um estímulo no lugar do
outro;
• dividida – quando o indivíduo consegue desenvolver várias ações ao mesmo
tempo;
• seletiva – quando o indivíduo seleciona algo específico, seja um objeto, seja
um estímulo, e foca sua atenção.
Unidade 2 – As funções neurológicas e os distúrbios de aprendizagem – parte I 37
2) Memória
Trata-se da capacidade de adquirir, recuperar, registrar e armazenar as infor-
mações captadas e que estão armazenados no cérebro. Ela registra novas expe-
riências e relembra as que já passaram.
A memória pode ser discriminada em três fases:
• aprendizagem – com a recepção e o registro da informação;
• armazenamento ou consolidação – com o registro da informação destacan-
do sua codificação cerebral;
• recordação – com a evocação e reconhecimento das informações anterior-
mente armazenadas.
A memória pode ser classificada em:
• Memória de curto prazo ou memória operacional – memória prioritaria-
mente processada pelo córtex pré-frontal. Ela foca na informação do mo-
mento, sua capacidade é limitada, restringindo-se de sete a nove itens, tendo
em vista que ela se mantém em razão do processo de atenção, que pode durar
segundos (OLIVEIRA; BUENO, 1993). Essa memória guarda nos arquivos
cerebrais as informações por um tempo. Esse período é determinado pelo
decurso colocado entre a necessidade ou não de evocar essa lembrança. Essa
pode ficar na memória de longo prazo ou se “perder”, tendo em vista que, por
não ser acessada, não está mais sendo útil.
• Memória de longo prazo – memória que retém informações por intervalos
maiores cujo sistema é mais permanente, tendo em vista que tudo que foi arma-
zenado já passou pelo processo de consolidação. Fazem parte desse processo:
– a memória declarativa ou explícita – onde conscientemente estão armaze-
nados fatos, acontecimentos, pessoas, lugares etc., levados ao nosso conhe-
cimento pelos órgãos dos sentidos e pelos processos cerebrais. Podem ser
acionados tanto verbalmente (o expressar dos pensamentos por meio das
palavras) quanto não verbalmente (por meio de imagens, sons etc.). Essa
memória está subdividida em: memória episódica e memória semântica.
– a memória de procedimento, implícita ou procedimental – onde as infor-
mações são adquiridas gradualmente no decorrer de várias experiências.
As mudanças de comportamento que ocorrem não são oriundas das lem-
branças, e sim da repetição padronizada de atividade específica. Aqui es-
tão incluídas todas as habilidades motoras, sensitivas e intelectuais além
das variadas formas de condicionamento.
– a amnésia – a inabilidade, parcial ou total, de reter e trazer à lembrança
informações novas (amnésia anterógrada) ou de trazer as antigas (amnésia
38 Neuropsicologia
Zona de
desenvolvimento
proximal
Zona de Zona de
desenvolvimento desenvolvimento
real potencial
P ARA SABER MAIS! O nome “hipocampo” vem do fato de essa seção cerebral
assemelhar-se a um cavalo marinho. A palavra vem do grego: hippos = cavalo e
kampi = curva.
Aprender ludicamente ainda tem sido uma maneira prazerosa de acessar nosso
cérebro. Brincar faz que nosso Sistema Límbico identifique mais sensações de
prazer do que de desprazer (METRING, 2011).
P ARA SABER MAIS! O Sistema Límbico é uma estrutura cerebral que se relaciona,
também, com outras estruturas cerebrais que processam comportamentos
emocionais, sexuais, além da memória, aprendizagem, motivação etc.
5. Neuropsicologia da aprendizagem
Como vimos anteriormente, a neuropsicologia tem como foco de estudo as rela-
ções existentes entre o comportamento humano e o funcionamento do Sistema
Nervoso.
42 Neuropsicologia
Conceituação
Simbolização
Formação de imagens
Percepção
Sensação
Fonte: Autor.
Sensação
Tem referência direta com o desencadeamento das estruturas sensoriais.
Na hierarquia dos processos de aprendizagem está no nível comportamental
mais primitivo.
É por meio das sensações que podemos interagir com o contexto em que esta-
mos inseridos e perceber o que nos cerca.
Percepção
É a partir das sensações que vão acontecendo que o organismo toma ciência
delas e forma imagens sobre o que percebe.
Do ponto de vista neurológico, a percepção é considerada um comportamento
superior à sensação. Do ponto de vista psicológico, ela é ainda primária, rústica.
A conversão das sensações em impulsos elétricos para a eficácia da percepção
fica na dependência do funcionamento de todo o sistema neurológico.
Formação de imagens
Tem relação com os processos de memória e se relaciona com sensações já cap-
tadas e percebidas do cotidiano. Seria como um arquivo de vivências que não
estão associadas às palavras.
A formação de imagens não fica restrita ao aspecto visual, são também marca-
das pelas percepções advindas dos outros órgãos dos sentidos:
• Olfato – pelos odores, agradáveis ou desagradáveis, específicos de diversas
coisas.
44 Neuropsicologia
Glossário – Unidade 2
Hipocampo – estrutura cerebral localizada nos lobos temporais. Faz parte do sistema lím-
bico e se relaciona diretamente com a memória.
Redes neurais – arranjos diversos que os neurônios fazem estabelecendo conexão com
outros neurônios. Eles estendem os axônios que, através de uma célula nervosa, disparam
corrente uns para os outros. Cada célula pode, a partir da união com outras, que podem
estar próximas ou distantes no cérebro, construir um incontável número de arranjos.
Sinapses – palavra que vem do grego synapsis e significa ação de juntar. As sinapses são
áreas ativas de contato entre a parte extrema do axônio de um neurônio e a superfície de
células, como, por exemplo, as sensoriais, glandulares e musculares. As sinapses nervosas
podem se dividir em: sinapse elétrica e sinapse química.
Sistema nervoso periférico – compõe o sistema nervoso e está conectado com o sistema
nervoso central através dos prolongamentos dos neurônios.
Unidade 2 – As funções neurológicas e os distúrbios de aprendizagem – parte I 47
UNIDADE 3
AS FUNÇÕES NEUROLÓGICAS E OS
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM –
PARTE II
Glossário, 63
48 Neuropsicologia
Em relação à DA, outra observação importante é que o cérebro afetado por pro-
blemas neurológicos pode diminuir o seu potencial de entendimento, de recor-
dação e de comunicação das informações, gerando, a partir disso, dificuldades
no processo de aprendizado (SMITH; STRICK, 2001).
As informações seriam captadas pelos órgãos dos sentidos, de maneira desor-
denada, provocando transtornos permanentes na retenção e na expressão do
que foi percebido. O indivíduo estaria afetado em seu funcionamento cerebral
e, como esse é um processo dinâmico de interações internas e externas, geraria
uma rede de impedimentos para a aprendizagem como um todo.
As interações sociais experimentadas no ambiente escolar nos fazem lidar com mui-
tas variáveis, tanto positivas quanto negativas, que afetam nossa história de vida.
Unidade 3 – As funções neurológicas e os distúrbios de aprendizagem – parte II 51
P ARA SABER MAIS! Conheça a lista de verificação dos sinais que podem ser
indicadores de dificuldade de aprendizagem, bem como a tabela que faz essa
abordagem focando no nível escolar. Disponível em: <http://someeducacional.com.br/
apz/dificuldade_de_aprendizagem/DificuldadeAprendizagem.pdf - pp.12-13>. Acesso
em: fev. 2015.
Também já foi observado em estudos que o disléxico pode ter parentesco próxi-
mo com algum familiar com problemas fonológicos. Esse não necessariamente
apresenta o quadro de dislexia.
As pesquisas têm demonstrado alguns avanços importantes (OLIVEIRA, 2007)
no estudo da dislexia. Tais avanços indicaram certas descobertas, como:
• O gene da dislexia ocorre na alteração do cromossomo 6.
• O gene DCDC2, que exerce ação nas áreas de leitura do cérebro, está relacio-
nado com a dislexia.
• O gene de desenvolvimento Robo1 é o que direciona os axônios entre os dois
hemisférios cerebrais.
• Em breve, os indivíduos que tenham familiares com histórico de dislexia po-
derão ser submetidos a um teste para saber se, geneticamente, estão predis-
postos a serem disléxicos.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), a faixa populacional
disléxica ficaria entre 0,5% e 17%, e os indivíduos considerados com inteligên-
cia mediana ou superior poderiam fazer parte dessa porcentagem.
P ARA SABER MAIS! Conheça o livro paradidático João, preste atenção, de Patrícia
Secco, que está disponível para download no site da Associação Brasileira de
Dislexia (ABD): <http://www.dislexia.org.br/>. Acesso em: dez. 2014.
Sinais da dislexia
Para o disléxico, sua dificuldade com o aprendizado da leitura e da escrita é tão
pontual que, se for alfabetizado por uma metodologia mais tradicional, isso só
reforçará as incapacidades que permeiam seu transtorno.
Pensando na inclusão do estudante com dislexia no ambiente escolar, é essen-
cial conhecer os indicativos de avanços e retrocessos de seu processo de apren-
dizagem para conseguir, assim, fazer as devidas intervenções pedagógicas ou
psicopedagógicas.
Os sintomas da dislexia tornam-se mais ou menos evidentes, dependendo dos
fatores que a envolvem.
Segundo o site da ABD (2015), alguns sinais podem ajudar na identificação de
um indivíduo com dislexia.
Na pré-escola, por exemplo, o indivíduo apresenta:
• atraso linguístico;
• dispersão;
56 Neuropsicologia
P ARA SABER MAIS! Associação Nacional de Dislexia (AND) possui um canal rico
de informações na internet, em que é possível encontrar esclarecimentos desde
o conceito básico da dislexia até os trabalhos realizados na área da educação,
depoimentos e trocas de experiências, além de outros assuntos. Disponível em: <http://
www.andislexia.org.br/>. Acesso em: fev. 2015.
Unidade 3 – As funções neurológicas e os distúrbios de aprendizagem – parte II 57
Disgrafia
A palavra disgrafia, de origem grega, vem de dis = dificuldade e graph = escrita,
no sentido de registro manual. Significa a falta de habilidade com a caligrafia
e, às vezes, também com a ortografia e a coerência dos pensamentos expressos
pelo indivíduo.
A falha na aquisição da escrita, com comprometimento para a leitura, pode difi-
cultar a identificação das letras, além do desenvolvimento da escrita, da comu-
nicação de ideias e da transmissão/absorção de conhecimentos.
Trata-se de um transtorno da psicomotricidade que faz o indivíduo ter dificulda-
de para organizar os movimentos sequenciais dos dedos. No entanto, ele pode não
apresentar essa desorganização nos estágios iniciais do desenvolvimento motor.
Há disgráficos que não têm dificuldade de ler o que escrevem, mas outros nem
sequer identificam o que está escrito.
A disgrafia pode se manifestar isoladamente ou estar associada a quadros de
dislexia ou dificuldade de aprender a linguagem oral e escrita.
De maneira global, a disgrafia pode ser classificada da seguinte forma (PINHEI-
RO; NOBILE, 2014):
• Disgrafia disléxica – o texto, em geral, não pode ser lido, especialmente se
apresentar um alto grau de complexidade. A cópia do texto e a sua ilustra-
ção estão dentro do padrão de normalidade da maioria dos indivíduos dito
normais.
• Disgrafia motora – a leitura da escrita espontânea e da cópia do texto é in-
compreensível. A escrita e a sua ilustração são bastante comprometidas.
• Disgrafia espacial – a escrita, tanto a espontânea quanto a cópia, é impossí-
vel de ser lida. A ilustração é comprometida.
Alguns sinais de disgrafia possíveis de ser observados:
• caligrafia sem condições de ser lida;
• omissão de palavras;
• palavras ou letras incompletas com espaçamento irregular entre elas;
• dificuldades com o posicionamento da escrita em relação às margens e li-
nhas; em soletrar; em escolher um posicionamento do lápis/caneta que deixe
58 Neuropsicologia
Discalculia
A palavra discalculia, de origem grega, vem de dis = dificuldade, e do latim,
calculare = calcular.
Trata-se de um distúrbio que afeta a capacidade do indivíduo de compreender
os conceitos da matemática, o processo numérico e os cálculos, o que o impede
de identificar os símbolos matemáticos, de realizar sequências lógicas, de fazer
a montagem das operações, de entender os princípios de medida, entre outros
conceitos específicos dessa ciência.
Pesquisas sugerem que a discalculia poderia ter um componente hereditário.
Esse transtorno é perceptível desde a infância, e suas causas não perpassam
por inadequação do ensino formaliza-
do, fatores socioculturais, Quociente
de Inteligência (QI), circunstâncias mé-
dicas ou transtornos psicológicos e/ou
afetivos.
O psicólogo Ladislav Kosc foi pioneiro ao
apresentar, na Bratislava, capital da Es-
lováquia, a terminologia Discalculia do
Desenvolvimento. Outros países, poste-
riormente, também desenvolveram estu-
dos nessa área, como Estados Unidos,
Alemanha, Israel, Suíça e Inglaterra.
Unidade 3 – As funções neurológicas e os distúrbios de aprendizagem – parte II 59
Alguns testes são considerados favoráveis, ou não, para uso profissional e pri-
vativos para psicólogos.
O modelo neuropsicológico busca compreender os distúrbios da aprendizagem
reunindo indicativos das funções mentais superiores (linguagem, atenção, me-
mória, sensação, percepção, emoção e pensamento) e suas relações organizacio-
nais de funcionamento do cérebro (MORETTI; MARTINS, 1997).
Vale relembrar que em qualquer altera-
ção no funcionamento cerebral, tanto
nas lesões como nas disfunções, há a in-
terferência no processamento da infor-
mação e no processo de aprendizagem.
Para processarmos a informação é
necessário recebê-la, integrá-la e ex-
pressá-la. Se houver qualquer dano
cerebral, isso afetará o indivíduo na
compreensão de si mesmo e do mundo
no qual está inserido (MORETTI; MAR-
TINS, 1997).
62 Neuropsicologia
Glossário – Unidade 3
Caligrafia – é uma forma de escrita à mão que preza pela a beleza e a harmonia entre os
símbolos gráficos (sejam letras ou números).
Estratégias – caminhos, métodos, planos e recursos que são organizados para se alcançar
algum resultado ou objetivo, geral ou específico.
Gene – componente cromossômico que carrega nossas informações genéticas. Pode ser
classificado como dominante, recessivo, estrutural, operador e regulador.
Idade cronológica – tempo de vida que um indivíduo tem. É o que chamamos de anos de
vida.
Intervenções – são maneiras de influenciar determinado grupo e/ou contexto com a pro-
posta de modificar comportamentos e/ou resultados.
Rótulo – marca com forte significado simbólico que traz no seu conceito, ou dentro de si,
todos os aspectos, positivos e negativos, do indivíduo e/ou de um produto.
Unidade 3 – As funções neurológicas e os distúrbios de aprendizagem – parte II 65
UNIDADE 4
DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
OU DE ESCOLARIZAÇÃO
Glossário, 81
Referências, 82
66 Neuropsicologia
A TENÇÃO! Ninguém sabe mais. Alguém sabe alguma coisa. E todos sabem que
compartilhar propiciará aprender mais. Todo ser humano pode aprender. Cada
um do seu jeito... mas todos podem aprender!
tados não apenas teoricamente, mas também no intercâmbio das práticas com
outros especialistas, para que a avaliação seja dinâmica e sofisticada.
Uma avaliação sofisticada envolve a observação da natureza do motivo pelo qual
o indivíduo apresenta distúrbios/dificuldades de aprendizagem, especialmente
no que se relaciona com o processamento da informação ao ler, escrever e tra-
balhar com a matemática (FONSECA, 2013).
Hoje, um grande desafio tem sido a existência de serviços, tanto na rede pú-
blica quanto na rede privada, que identifiquem precocemente os DAs. Serviços
estes que, após uma avaliação psicopedagógica dinâmica, proponham a inter-
venção, educacional e/ou clínica, necessária – na qual o foco envolva respeito
à individualidade de cada um e às necessidades demandadas a partir do que
foi avaliado. Que as dificuldades de aprendizagem sejam vistas, também, como
uma busca da qualidade do ensino e da melhoria no suporte de atendimento e
serviços a indivíduos que são realmente únicos, não pelo seu diagnóstico, mas
pela sua natureza ímpar e singular.
P ARA SABER MAIS! Sobre os questionários aplicados para identificar alguns dos
possíveis sintomas do TDAH tanto em crianças, adolescentes como também em
adultos. Acesse <http://www.tdah.org.br/br/sobre-tdah/diagnostico-criancas.html>
(para crianças e adolescentes); e <http://www.tdah.org.br/br/sobre-tdah/diagnosti-
co-adultos.html> (para adultos). Acesso em: fev. 2015.
Jovem em terapia.
Unidade 4 – Distúrbios de aprendizagem ou de escolarização 75
5. Distúrbios de linguagem
As questões que envolvem as alterações de linguagem afetam e influenciam di-
retamente o rendimento escolar, especialmente no que se refere ao sucesso do
estudante.
Os danos precoces no hemis-
fério cerebral esquerdo têm
sido uma referência de que
seria, frequentemente, o fa-
tor que se relacionaria com
os motivos de atraso no pro-
cesso de desenvolvimento da
linguagem (GLOZMAN, 2014).
Existe uma gama de distúr-
bios de linguagem e a presen-
ça de comorbidades é rela-
tivamente frequente. Dessa
maneira, além de o indivíduo
apresentar prejuízo no processo de adquirir a linguagem, ele pode desenvolver,
também, dificuldades para leitura, escrita e em relacionamentos com seus pa-
res. A totalidade desses sintomas, inevitavelmente, afeta seu processo de esco-
larização.
O indivíduo que apresenta distúrbios de linguagem pode se comunicar melhor
em lugares familiares e onde se sinta mais confortável; no entanto, isso não
quer dizer que inexista seu comprometimento linguístico.
Vale ressaltar que se deve ter muito cuidado ao classificar a linguagem, pois uma
fala normalizada pode apresentar variadas alterações vindas de diferentes causas.
76 Neuropsicologia
Sabemos que é evidente que indivíduos com distúrbios nas funções mentais
superiores apresentarão dificuldades no processo de aprendizagem (GLOZMAN,
2014).
Baseados nesses dados, muitos profissionais, especialmente psicólogos, têm in-
vestido seus esforços em investigar e intervir diante das dificuldades escolares.
Como essas dificuldades têm atingido indivíduos no mundo inteiro, eis que sur-
ge uma nova ramificação da neuropsicologia, hoje denominada neuropsicologia
escolar ou neuropsicologia da aprendizagem.
Segundo Glozman (2014), o profissional dessa área precisa enfrentar duas gran-
des dificuldades:
• Desenvolver o diagnóstico neuropsicológico estabelecendo estratégias para
o desenvolvimento do indivíduo estando sempre em parceria com os educa-
dores.
• Com a abordagem da neuropsicologia escolar, o psicólogo deve identificar os
motivos das dificuldades de aprendizagem e planejar maneiras (seja por meio
de métodos, seja por meio de estratégias) para que o indivíduo se desenvolva
academicamente.
A avaliação neuropsicológica define o que deve ser desenvolvido, onde está o
objetivo da ação, e direciona a intervenção psicopedagógica.
O neuropsicólogo escolar auxilia os estudantes em seu processo de aprendiza-
gem e colabora e interage com os educadores no processo de ensinar.
Para o indivíduo aprender, ele precisa estar motivado cognitivamente e isso está
ligado com a metodologia de ensino e com o conteúdo aprsentados ao estudante.
Normalmente focamos na questão do rendimento escolar a evidência da motiva-
ção do discente, o que é um equívoco.
A motivação é algo interno que gera no indivíduo o desejo de estar, participar,
conhecer e aprimorar determinado conhecimento, seja ele qual for.
Interessante é compreendermos que toda e qualquer atividade de aprendizagem
por si só não faz com que o estudante mude em seu comportamento. O que faz
a mudança ocorrer é o que motiva o indivíduo durante a execução da tarefa e
o faz renovar sua visão de mundo, e a forma como passa a interagir com este.
Quando o estudante desenvolve qualquer atividade, ele constrói um processo
de (re)conhecimento, fazendo vir à tona um conjunto de saberes aprendidos,
formal ou informalmente construídos.
78 Neuropsicologia
P ARA SABER MAIS! Uma boa sugestão são os jogos para computador. Eles po-
dem servir como ferramenta para que seja observado o comportamento cognitivo
das crianças. Disponível em: <http://www.psicopedagogiaclinica.com.br/jogos.htm>.
Acesso em: fev. 2015.
7. Habilitação neuropsicológica
A principal atividade da habilitação neuropsicológica é elaborar, junto ao in-
divíduo, caminhos para equilibrar e avançar no subdesenvolvimento de certas
funções cerebrais, investindo nos componentes mais destacados para tentar
igualar os menos destacados (GLOZMAN, 2014).
Os indivíduos que necessitariam de habilitação neuropsicológica seriam os es-
tudantes:
• com baixo rendimento na escola em decorrência de funções mentais com pre-
juízo;
• com problemática significativa de comportamento;
• com dificuldade de comunicação social;
• que para se destacarem no rendimento e no sucesso escolar agem em detri-
mento e/ou comprometimento de sua saúde física e mental;
• com funcionamento empobrecido e com baixa capacidade de suas funções
mentais; entre outros exemplos.
Várias são as características comuns em indivíduos que apresentam as carac-
terísticas mencionadas. Entre elas:
• são unidas pelas consequências emocionais que foram desencadeadas por
inúmeras tentativas em ser bem-sucedidos academicamente;
• apresentam comprometimento e menor-valia no que se refere à autoestima e
ao autorreconhecimento;
• assumem postura defensiva em relação à escola e sua atitude reflete negati-
vidade;
• apresentam medo do fracasso etc.
A habilitação neuropsicológica é uma forma de proteger o indivíduo socialmente
(GLOZMAN, 2014), pois ela busca desenvolver a sua capacidade intelectual
para que ele fique dentro de um padrão aceitável de normalidade e se veja como
uma pessoa detentora de direitos exercitáveis diante da sociedade em que está
inserido. Não é menos capaz do que os outros.
Sua diferença reflete sua condição de ser humano: a de ser único e a de ter o
direito de escolher como e quando fazer!
Nesse sentido, a habilitação neuropsicológica fica direcionada para as seguintes
atividades (GLOZMAN, 2014):
80 Neuropsicologia
Glossário – Unidade 4
Atividades lúdicas – jogos, brinquedos e/ou brincadeiras, normalmente, sem regras esta-
belecidas. Buscam que o indivíduo esteja envolvido de maneira prazerosa e chegue ao final
da atividade motivado.
Autoestima – forma como a própria pessoa se vê e/ou se percebe. Esta pode ser dentro de
uma visão positiva ou negativa.
Reabilitação – processo em que o indivíduo após ser avaliado, em suas condições globais
e no funcionamento de suas funções mentais, é encaminhado para atividades que visam
integrá-lo, tanto na sociedade quanto na melhoria da percepção de si mesmo e de seu po-
tencial.
Terapia Cognitivo Comportamental – também conhecida como TCC, é uma linha de pen-
samento da Psicologia.
82 Neuropsicologia
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NEUROPSICOLOGIA