Você está na página 1de 2

PPGHIS – Teoria e Metodologia da História

Rebecca M Q Ribeiro – 18/0133535

SMITH, B. Gênero e História: homens, mulheres e a prática histórica. Bauru, SP:


EDUSC, 2003.

Refletindo sobre o texto com relação à forma como a história-ciência se


estabeleceu, penso que hoje em dia temos a “responsabilidade” de desmistificar muitas
construções dessa história nascida no século 19 – como a objetividade, a ideia de
verdade universal, culto aos arquivos, etc. Mas é interessante pensar, também, que a
reflexão mais profunda sugerida por Bonnie Smith (inclusive ao nível da psiquê dos
“grandes historiadores”) é relativamente pouco realizada hoje em dia.

Acredito que de certa maneira avançamos bastante na questão das discussões de


relações de gênero, hierarquias dentro da instituição acadêmica da História, reflexões
sobre os contextos de produção e demais coisas. Entretanto, ainda assim, é incomum
pensarmos sobre as origens do fazer história acadêmica sob esses aspectos e de que
forma isso ainda está presente hoje em dia. Parece-me que a reflexão acaba ficando
distante dos historiadores em si e relegada aos “outros” – sejam os atores sociais,
movimentos políticos, personagens históricos, enfim.

Colocar os historiadores no século 19 numa categoria separada totalmente da


produção histórica hoje em dia também é prejudicial. Porque faz parecer que os
historiadores atualmente “superaram” de alguma forma as questões apresentadas pela
autora de hierarquia e gênero e etc., e que não mais se faz história como antes, com
essas divisões rígidas e “ultrapassadas”. Acredito que é uma visão destoante da
realidade. Porque, de fato, o que vemos é uma produção acadêmica que continua a
segregar certas interpretações históricas, certas correntes de historiografia, determinadas
autoras, em face de uma “História” que baseia na produção masculina, na história
política com ausência das mulheres, numa história biográfica que analisa personagens
masculinos.

Não é sem críticas que essas produções ainda se fazem hoje em dia, mas acredito
que talvez o caminho para desvelar alguns desses aspectos seja retomar o que Bonnie
Smith nos traz sobre o nascimento da história cientifica e questionar de que forma esses
parâmetros ainda se fazem presentes – quando os historiadores atualmente alegam ter se
desfeito desse olhar “cientificista” da história.

Você também pode gostar