SISTEMATIZAÇAO DE SEUS MÉTODOS E TÉCNICAS Sevilla Guzman, Eduardo &
AGROECOLOGIA, AGRICULTURA CAMPONESA E SOBERANIA ALIMENTAR
Altieri, Miguel A.
Embarcamos neste primeiro texto em mais uma problematização da construção da
Agroecologia, enquanto fenômeno também sociológico. Em como abordar a complexidade e totalidade da pratica, que vai desde (de) construções pragmáticas nas quais estão imersos até as consequências do atual modelo de desenvolvimento conhecido (ou reconhecido) como fracassado. Ha alguns apontamentos ou abordagens do autor que são realmente esclarecedoras, mas como ele mesmo assume, algumas vezes difíceis de se distinguir na pratica. O que, na minha opinião, permeia grande parte do discurso sobre a Agroecologia. Não desmerecendo ou desvalorizando os mesmos, mas num dado momento, me questiono de fato o que, ou como este processo será ou esta sendo construído de forma aparentemente tão consciente e desperta. Creio sermos mais acostumados a lidar com analises e reflexões de fatos pretéritos. Usamos de teorias, hipóteses, fatos, imaginação, interpretação, quando não tudo isso de maneira unificada para compreendermos um processo pelo qual passamos ( enquanto sociedade, país, mundo). A Agroecologia me parece um assunto emergente, apesar de sua longa trajetória, mas que assume seu ápice em discussão (ou as vezes modismo) no atual momento, onde assume-se também o fracasso, ou grande critica ao capitalismo como sistema dominante. E como se houvesse um despertar da consciência à respeito do tema, e todos, ou muitos, tentassem compreendê-lo ou explica-lo, ou explicar como podemos compreende-lo. Enfim, me questiono se não seria ainda cedo para a compreensão que almejamos alcançar (como verdadeiro questionamento, e sem resposta). Considerando sim valido e merecedor de atenção os discursos diversos e propostas apresentadas, pois fazem parte de um processo. Contudo, a um certo ponto me atravessa a impressão de que estamos muitos falando da mesma coisa com diferentes palavras, e enquanto não nos entendemos não conseguimos dar passos muito precisos ou que avancem muito, como se houvesse um problema de tradução entre as “diferentes” propostas. A necessidade de interação e/ou inclusão do local, do social, do que é especifico, assim como da interação e interpretação do pesquisado, enfim, dos processos socioculturais, se faz sim de suma importância nos processos Agroecológicos. Ainda resta uma incógnita para mim como vencer o obstáculo de união entre esses saberes valorizados e reconhecidos pela Agroecologia e aqueles produzidos academicamente, da forma mais cientifica que conhecemos. Considerando que essas propostas ou reflexões saem de modo geral do mundo acadêmico, e os demais saberes aparecem como citações, com a “antiga” configuração da relação pesquisador/pesquisado, ou seja, um conhecimento construído de forma verticalizada (“pesquisador-sujeito-que-sabe/ pesquisador-objeto-que-ignora”). Me parece que um texto complementa o outro no sentindo em que um aborda questões mais de cunho epistemológico e outro apresenta propostas praticas, abordagens sobre as vantagens ou necessidade da agroecologia como sistema de resgate ou opção ao atual sistema econômico. Contudo caímos novamente na questão de como desenvolver este sistema, como valorizar os saberes diversos, como horizontalizar o conhecimento. Ao mesmo tempo em que falamos de valorização e inclusão dos agricultores, é falado em “participação e melhoramento do nível cultural ecológico dos agricultores sobre suas explorações agrícolas e recursos...”, ou ainda que o “desenvolvimento da agricultura sustentável requerera mudanças estruturais significativas...” . Tais afirmações soam como imperativos, seguindo a razão da hegemonia do conhecimento acadêmico sobre aquele técnico. Refletindo sobre tentativas de apresentação de propostas, nos colocamos em posição mais critica, cabendo sempre um “por que” ou “como” a mais, que nos leve a um esclarecimento talvez utópico. “...politicos mais responsáveis para desenvolver e impulsionar politicas que conduzam a melhorar a soberania alimentar, preservar a base dos recursos naturais e assegurar uma igualdade social e uma viabilidade econômica”. Não que eu discorde da afirmação, mas o romantismo que a mesma envolve não deixa fugir mais um “COMO” ?