FACULDADES IESGO
CURSO DE PSICOLOGIA
ESTÁGIO BÁSICO SUPERVISIONADO
PROFESSOR SUPERVISOR: PAULO LIRA
A Lata Vazia
Vivências de uma Psicoterapia em Grupo de Pais
JUNHO/ 2016.
1. INTRODUÇÃO
(Zimmerman & Osorio, 1997) nos processos interacionais com o meio. Uma
(Borges, Cassas & cols., 2012, pp. 260). Foram, por suas premissas, valorizadas as
Zimmerman e Osorio (1997, pp. 28) defendem que um grupo não é um mero
somatório de pessoas, mas sim algo que deve ser entendido como uma nova entidade,
com leis e mecanismos próprios e específicos. Apesar de se constituir como uma nova
Das ações estruturadas ocorreu um campo grupal dinâmico, marcado por uma interação
afetiva entre os seus componentes, o que se faz de grande valia, pois, na situação de
(Borges, Cassas & cols., 2012, pp. 259), além de seus membros servirem como uma
fonte adicional de reforçamento positivo social, fazendo com que o clínico não seja
mais o único determinante do comportamento dos clientes (Borges, Cassas & cols.,
As ações foram desenvolvidas por comunicação verbal e não verbal, por intermédio de
legal.
2. JUSTIFICATIVA
A sociedade passa por inúmeras dificuldades nos processos e nas relações entre
grupo tem demonstrado que uma boa interação familiar propicia um desenvolvimento
mais saudável do individuo nos ciclos vitais por onde perpassa. “Atualmente são muitas
as dificuldades encontradas por tantos pais e mães em educas seus filhos e manter uma
(Weber, Salvador & Brandenburg, 2011). O clínico, no contexto da terapia grupal, pode
Cassas & cols., 2012, pp 260), o que é de grande importância no que tange a busca por
queixas (Borges, Cassas & cols., 2012, pp 260). Além disso, a disposição do apoio em
forma de grupo traz ao setting um ambiente rico em estímulos diferentes, o que pode
Tsai, 2001). Importa citar também que, segundo Delitti e Derdcky (2008), a terapia
observação.
Ante a isso escolhemos como título para este relatório a expressão “Lata Vazia”
3. OBJETIVOS
nova forma de psicoterapia, tendo o grupo como foco, suas premissas, técnicas e
participar dos debates durante a supervisão como forma de interação entre estagiários-
4. METODOLOGIA
próprios às crianças que, porventura, acompanharem seus pais; definição das inscrições
formalizada em grupo por seis inscritos, sendo dois participantes do sexo masculino e
quatro participantes do sexo feminino; definição do horário, ficando este de oito horas
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maio do ano de 2016; criação de uma estrutura para comunicação dos membros
distribuição dos oito temas por encontros, sendo: primeiro encontro – princípios da
encontro. Ela fora encaminhada pela responsável técnica da CIEPPsi e nos pareceu
cercada de orientações e recomendações (p. ex., não requerer sua participação ativa
cliente, em seu atendimento psicológico, acabara de ameaçar atirar-se pela janela, fato
matar o filho e suicidar-se logo após com a justificativa de ser uma péssima mãe.
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Nos primeiros momentos não houve sequer vislumbre de seu rosto, nada se via
além de seu cabelo já grisalho amarrado em forma de coque no alto de sua cabeça.
Cabisbaixo como chegou, a dama do coque permaneceu durante todo o encontro, sem
encontro demonstrou uma reação positiva nas relações com os demais participantes e
grupo terapêutico.
Na sua apresentação ao grupo relata que ama muito o filho, mas não é amada por
não ser boa o bastante para isso. Tal comportamento sinaliza um CRB1 1, pois a cliente
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CRBs l referem-se aos problemas vigentes do cliente e cuja frequência deveria ser reduzida ao longo da terapia
(Kohlenberg & Tsai, 2006)
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que ela relatou como sendo uma mulher bela e radiante (Anexo1). Tal fato sinaliza um
cliente analisa que muitos dos comportamentos que ela tem com os filhos são frutos da
sua própria educação. A forma como foi educada na sua infância, com rigor desmedido
e postura punitiva de seu pai, tem sido o modelo seguido por ela no tratamento de seus
A cliente, denominada aqui por Moça da Lata Vazia é uma jovem de 31 anos,
mãe de três filhos sendo um adolescente, mora na casa materna e integrou-se ao grupo
com queixa de profundo sofrimento sem qualquer expectativa positiva para o futuro,
seja este afetivo ou profissional, vivenciando muitas dificuldades nas relações com seus
filhos e sua mãe e com ênfase em uma separação litigiosa de grandes repercussões para
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Progressos do cliente que ocorrem n a sessão (Kohlenber & Tsai, 2006)
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Observação e interpretação do próprio comportamento e dos estímulos reforçadores, discriminativos e eliciadores
associados a ele (Kohlenberg & Tsai, 2006)
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expressiva e harmoniosa beleza física ante a uma gritante tristeza e falta de perspectiva,
de uma atividade criativa onde enfeitou lindamente uma lata, dando-a um aspecto de
uma boneca repleta de adereços, vestida com bom gosto e com um rostinho alegre e
prazeroso, mas que ao observá-la com critério chegaríamos à conclusão de que não
ênfase a um profundo vazio (Anexo 2). Refletia que a qualidade da relação com seus
proliferavam a ponto de permitir, conforme seu relato, agressões de toda ordem. Não
conhecia nenhum elemento positivo que pudesse buscar forças para melhorar essas
relações. Demonstrações de afeto, empatia e envolvimento nada mais eram, a seu ver,
bom relacionamento e, dessa forma, com melhores reflexos nos papeis familiares,
Vazia tinha aversão a suas atividades profissionais, exercendo-as, de acordo com sua
público com contratação imediata e que seus filhos e sua mãe já se falam entre si. A
em todos os comportamentos.
inadequados, foi realizada uma atividade de teatro que consistiu em uma cena de
situação familiar onde o filho faz algo errado e sofre punição dos pais. A moça da Lata
Vazia aplicou uma severa punição ao seu colega que, na oportunidade, mostrou um
“Agir assim para mim é muito fácil, pois tratava meus filhos quase sempre dessa
maneira”. Este caso sinaliza um CRB1, pois a cliente se comporta de maneira agressiva
filho sobre algum assunto e também por não conseguir manifestar empatia e nem
Relato da cliente que, após a visita à casa paterna em um final de semana, seu
filho manifesta a vontade de ficar com o pai. A cliente comenta na terapia que nunca
iria havia permitido tal vontade e diz: “Creio que se essa é sua vontade vou sofrer
muito, mas pode ir, não vou mais impedir”. Tal comportamento sinaliza um CRB2, pois
para o cargo quase que de imediato, analisa que: “eu estava tão doente que se me
contassem isso eu não teria nem acreditado ou ficado feliz, pois eu não me permitia ser
feliz e acreditar em coisas boas para mim, sejam quais fossem”. Isso sinaliza um CRB3,
6. RELATO DE EXPERIÊNCIA
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informado pelos participantes que o horário pela manhã impedia a participação de pais
com a cantina da escola, como também o mobiliário de carteiras escolares e a sala com
pequenas dimensões. Outro aspecto que merece um novo olhar é no tocante à vinda de
crianças que acompanham os pais por não terem onde ficar. O tempo todo foi
liberação dos pais para participarem das atividades. Quanto ao envolvimento dos
participantes com as estagiárias, este foi marcado por um vínculo emocional muito forte
e uma empatia de igual forma. As atividades foram culminadas de forma festiva repletas
7. CONCLUSÃO
de pais na Clínica 1, como também para que sejam viabilizados novos grupos com
psicoterápicos avançados.
REFERÊNCIAS
Zimmerman, D. E., Osorio, L. C. & cols. (1997). Como trabalhamos com grupos. Porto
Anexo 1
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Anexo 2
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