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A espiritualidade e a religião são diferentes. Uma coisa é buscarmos a Deus com inteireza de
coração (visando intimidade). Outra coisa é buscarmos a Deus para sermos reconhecidos,
elogiados, ou seja, tendo o reconhecimento das pessoas;
O capítulo 6 do ev. Mateus, faz parte do discurso doutrinário de Jesus, chamado Sermão do
Monte. Assim como os capítulos 5 e 7;
Em seus ensinamentos, Jesus sempre demonstrou como deve ser a vida dos discípulos em
relação ao próximo. No capítulo 6 de Mateus não é diferente, Jesus ensina sua comunidade
de discípulos a viver uma espiritualidade verdadeira, sem hipocrisia;
Ser justo para os judeus era praticar boas obras que tornavam o homem justo diante de Deus.
E para os judeus isso era feito através da esmola, da oração e do jejum;
Mas os hipócritas, ao realizar essas boas obras, eles queriam se tornar justos diante das
pessoas e não de Deus;
Esses hipócritas que o evangelho cita, se relaciona com todos os falsos devotos que
apresentam uma piedade defeituosa, e isso aplica-se perfeitamente à seita dos Fariseus cf. Mt
15.7-9 – o qual se refere a Isaías 29.13
Diante disso, Jesus os adverte “não Praticar a vossa Justiça”, V.6: “Guardai-vos de exercer
(orig. Praticar) a vossa justiça diante dos homens. O Subs. δικαιοσύνη, dicaiosúne, (Justiça)
está ligado com o verbo εργαζομαι, êrgazomai (Praticar) – Trad. Literal = Praticar Justiça;
Ou seja; O Senhor os chama a serem justos, mas ao invés de serem justos diante das
pessoas, deveriam exercer essa justiça em favor do Reino;
Exercendo uma espiritualidade verdadeira que agrade o coração de Deus e o glorifique como
Senhor de todas as coisas;
Para vencermos a religião das aparências, o Senhor Jesus nos apresenta três áreas
específicas que devemos praticar em nossa vida, práticas estas que devem ser realizadas
para a aprovação do Senhor, e não para a anuência das pessoas; tanto é que a palavra Pai
aparece 6 vezes no trecho que lemos, justamente para entendermos há quem devemos
glorificar com tais atos;
Jesus aqui faz uma advertência contra a tentação de querermos exercer a nossa justiça,
executando ações caridosas com a finalidade de sermos reconhecidos pelas pessoas;
É importante ressaltar que Jesus não está condenando a atitude, mas a motivação!
Se a atenção pública for o único fator motivacional para ajudarmos o próximo, então esse
será o nosso galardão – Deus não recompensa a hipocrisia;
Parece um pouco exagerado pensar que alguém ruidosamente, chamaria a atenção enquanto
dava esmolas; mas o texto nos revela que essa era uma prática vivida pelos fariseus;
Nos dias de Jesus, alguns se valiam da artimanha de anunciar por meio de trombetas, que
estavam realizando uma doação. Os pobres se aproximavam, bem como uma multidão de
curiosos e todos observavam atentamente enquanto o doador firmava sua reputação de
piedade e generosidade;
Trazendo para a nossa realidade hoje, seria mais ou menos assim: um carro de som na frente
e a pessoa atrás realizando suas doações, esmolas para que todos possam ver, ou então
chamando o jornal da cidade para fazer uma matéria sobre seu ato generoso;
Jesus continua e nos orienta que, um seguidor de Jesus ao dar esmolas, ele deve fazer isso
em secreto, “ignore a tua mão esquerda o que faz a tua mão direita”, Jesus usa essa
linguagem figurativa para mostrar que nossa esmola não deve servir para ganharmos
notoriedade;
Que exerça a Justiça do Reino, que transmita o amor libertador do Senhor e o seu nome
seja conhecido através dos nossos atos; inclusive através das doações;
Esse é o ensino precioso de Jesus. A religião das aparências vive para mostrar para as outras
pessoas nossa piedade e que nunca agrada a Deus;
É através dos ensinamentos de Jesus, de seu modo de vida (exercemos o serviço sem
recompensa) e assim nos achegamos ao Pai.
Em seguida, Jesus adverte os seus discípulos contra a hipocrisia ao orar; Eles não deveriam
se posicionar em áreas públicas (como faziam os fariseus), para que os outros, vendo-os orar
ficassem impressionados por suas devoções;
Os judeus tinham uma espiritualidade bem definida. Os judeus oravam muito. Mas a oração
infelizmente também fazia parte de outro ardil religioso. Quando alguém queria orar, se dirigia
à esquina de uma rua movimenta ou em uma sinagoga repleta de pessoas e começa a orar de
pé em voz alta. Muitas vezes a oração era longa e com frases bem enunciadas, dando a
impressão de elevada piedade.
O verbo orar aparece nos versos 5,6 e 7 – nos versos 5 e 7 ele está no plural, mas no verso 6
ele está no singular, afim de enfatizar a nossa comunhão intima com Deus;
Se o amor pelo reconhecimento das pessoas for o fator que nos leva a orar, então essa será a
nossa única recompensa – o reconhecimento das pessoas;
Mas o texto nos deixa claro que o segredo para uma oração respondida é fazê-la em secreto
“entra no teu quarto e fecha a porta e orarás ao teu Pai em secreto”, se o motivo sincero
da nossa oração for nos achegarmos a Deus, ele ouvirá e responderá, “e teu Pai que vê em
secreto, te recompensará”;
A oração deve ser humilde diante de Deus e diante das pessoas, de coração mais do que com
os lábios; ela é atendida se feita com fé em nome de Jesus; A oração deve nos direcionar há
um encontro com Deus;
As pessoas têm terceirizado a oração como se a sua própria oração não pudesse se achegar
ao Pai, tem se usado a oração para barganhar com Deus, além da autopromoção como um
“verdadeiro” adorador;
A oração tem o papel principal então de nos levar a uma intimidade com Deus, a ponto que a
nossa oração não nos eleve como piedosos, mas olhar para nós mesmos e realizar uma
reflexão individual, buscando uma espiritualidade integral, e de que através da oração
devemos ser reconhecidos por Deus e não pelas pessoas;
A terceira prática de hipocrisia religiosa que Jesus combateu foi o jejum, pois os falsos
adoradores, se valiam da tentativa deliberada de criar uma aparência de Jejum;
O verdadeiro cristão deve jejuar em segredo, não dando nenhuma evidência externa que está
jejuando;
Jesus adverte, “tu porem quando jejuares, unge a cabeça e lave o rosto”; Pois é suficiente
que o Pai saiba;
Jejuar é abster-se de qualquer apetite físico gratificante, deixar de comer algo que eu goste
muito, ou retirar uma refeição do dia;
O Jejum está associado à oração Cf. Atos 14.23, ou seja, o momento de Jejum é entregue,
dedicado à Deus com uma oração;
O fariseu se vangloriava muitas vezes por ter jejuado duas vezes na semana, porém o jejum
não trazia a justificação que ele almejava, e Jesus deixa isso bem claro na parábola do
Fariseu e o Publicano Cf. Lucas 18.9-14;
Apesar de não ser um mandamento no NT, somo encorajados a jejuar pela promessa e
recompensa;
O jejum pode acrescentar algo a mais na vida de Oração, é valioso em tempos de crise, para
discernimos à vontade Deus, para autodisciplina;
O Jejum é assunto entre a pessoa e Deus, ninguém precisa saber que você está jejuando;
O Jejum perde o seu valor se é imposto internamente ou é exibido por motivo errado;
Conclusão;
Temos aqui três deveres que devemos exercer de forma verdadeira visando uma comunhão
íntima com Deus;
Mas esses deveres, devem além de nos lavar uma intimidade sincera com Deus, devem nos
levar de encontro ao próximo;
E o cap. 58 do profeta Isaías deixa isso bem claro; nos mostrando que a realidade desde
sempre era a preocupação com o EU ao invés de uma espiritualidade real com Deus que me
direciona para o próximo;
A verdadeira adoração, seja ela através da esmola, oração ou jejum, só tem sentido se ela
não visar nenhum reconhecimento pessoal, mas antes de tudo a glória do nome de Deus;
Devemos ser sim caridosos, orar e jejuar. Jesus não é contra esses preceitos, afinal, são eles
que nos aproximam de Deus. São maneiras essenciais de um cristão viver uma espiritualidade
sadia.
Contudo, existe uma maneira correta de praticá-los. Jesus diz que não podemos vivê-los
como uma “religião de falsas aparências”.
Essas práticas devem partir do coração, precisamos experimentar viver essas experiências de
verdade em nossas vidas, sem a motivação errada; para assim, vencermos a religião das
aparências e vivermos uma espiritualidade real e verdadeira;