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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL


UNIDADE ACADÊMICA DE MEDICINA VETERINÁRIA

MORMO

• DISCIPLINA: Zoonoses e saúde Pública


• PROFESSORA: Dra. Carolina Américo
• E-mail: carolamerico@yahoo.com.br

Patos-PB, maio 2018


SINONÍMIAS
INTRODUÇÃO
CONCEITO

 Doença contagiosa e geralmente fatal, causada pela bactéria


Burkholderia mallei, de curso agudo ou crônico, que acomete
principalmente os equídeos, podendo ou não vir acompanhada por
sintomas clínicos, e para qual não há tratamento eficaz para a
eliminação do agente nos animais portadores (M. Agricultura).

 Possui notificação imediata de qualquer caso suspeito (OIE).


 Doença subnotificada

 Doença negligenciada
HISTÓRICO

Uma das mais antigas doenças


 Encontrada em todo o mundo

450 anos a.C. 1862 1830 1891 1900

•Citada por •Natureza •Caráter •Teste da •Programas de


Hipócrates contagiosa do zoonótico Maleína controle
agente
HISTÓRICO
1914 – Primeira Guerra Mundial 2000
• Importância do uso dos cavalos
• Vitimou tropas inteiras de equinos na Europa
• Maiores surtos conhecidos da doença
• Bactéria foi utilizada como arma biológica contra equinos nos EUA,
 Encontrada
Romênia, Espanha e Noruegaem todo o mundo
HISTÓRICO

 Encontrada em todo o mundo


HISTÓRICO

 Encontrada em todo o mundo


HISTÓRICO

 Encontrada em todo o mundo


HISTÓRICO
1811 1968
• Descrita no Brasil • São Lourenço da
• Ilha de Marajó – PA  Encontrada em todo o mundo
Mata (PE)
• 1896: SP- Companhia Paulista de
viação
• 1909: Exército
• 1910: primeira Escola de MV no
Brasil

 Extinta do Brasil por 30 anos ????


HISTÓRICO
1999 - 2000
• Pernambuco e Alagoas (muares de engenhos
Encontrada
de cana de açúcar – lesõesemcutâneas
todo o mundo
e
pneumonia)
• Reemergência no Brasil ????

Argentina e Chile
• Barreira sanitária
• XX Clássico da Associação Latino
Americana de Jockeys Clubs - SP

DDA
• Proibiu o trânsito interestadual de
Extinta do
 equídeos comBrasil
origem dos estados de
AL e PE
HISTÓRICO

27/04/2000 –  Os quatro
Encontrada em todopaíses
o mundo do Mercosul
assinaram um acordo permitindo o ingresso de
equídeos procedentes do Brasil

• Origem e procedência de zonas livres


• Permanecido 6 meses em propriedade sem caso
• Negativo na FC
• Não apresentar sinais clínicos
 Extinta do Brasil
IMPORTÂNCIA

Dificulta a
morbidade
comercialização
Importância variável e alta
de equídeos
econômica letalidade
Comércio
internacional

 Equinocultura no Brasil: possui o maior rebanho de equinos na


América Latina e o terceiro mundial.
IMPORTÂNCIA

Zoonose grave
Saúde pública Alta Bioterrorismo
mortalidade

 Devido à alta virulência da bactéria;


 Possibilidade de ser transmitida por aerossóis;
 Resistência à maioria dos antibióticos.
IMPORTÂNCIA EM SAÚDE PÚBLICA

Zoonose
• Geralmente de curso fatal

Grupo de risco
• Pessoas que lidam com equídeos ou material de laboratório

Sinais clínicos
• Febril, com pústulas cutâneas, edema de septo nasal,
pneumonia lobar e abscessos em diversas partes do corpo

Letalidade
• Em torno de 95%
• Ultimo caso em humanos: EUA/2000
ETIOLOGIA
 Burkholderia mallei (Pseudomonas mallei)
 Bacilos

 Bactéria aeróbica

 Gram-negativa

 Imóveis

 Colônias mucóides e brilhantes

 Intra celular facultativa

 Não formadora de esporos

 Baixa resistência ao ambiente

 Classe de risco 3 ou 4
Momo
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
EUROPA

 Distribuição geográfica
Oriente
Médio

Mormo
endêmica

 Atualmente: África

 Brasil considerado endêmico


 Região Nordeste
America
do Sul

 Morbidade variável
 Letalidade alta
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
Fernando Leandro dos Santos, 2016
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
 Hospedeiros
 Ocorrência clinica: animais acima de 10 anos (Nordeste)

Muares e asininos =>


Espécies acometidas
+ acometidos
Mormo
Muares e asininos => Ovinos
forma aguda
Carnívoros
(cães e
caprinos
Equinos, Ser humano – Bovinos
gatos) –
muares e
asininos
Equinos => forma
ingestão de
doença
acidental Suínos
carne
crônica
contaminada
aves
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
 Transmissão
 Principais aspectos

 Manejo
 Estábulos (coletivos, contaminados, não higienizados)
 Estresse
 má alimentação
 Idade

 Estação do ano (correlação impropria no Brasil)


ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS

 Distribuição geográfica

Endêmica
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS
 Cadeia de transmissão
• Animais doentes
Fontes de
• PORTADORES ASSINTOMÁTICOS
infecção
• Importância dos animais convalescentes do quadro agudo

• Descarga nasal e pús dos abscessos (principais)


Vias de eliminação
• Urina e fezes (- importantes)

• Água e alimentos contaminados


• Fômites
Vias de transmissão • Aerossóis e solo
• Cutânea
• Genital

• Oral/Nasal
Portas de entrada • Cutânea
• Genital

Susceptíveis • Equídeos, carnívoros, caprinos e ovinos


• Ser humano
PATOGENIA
Mucosas (oral)
Mucosa
Água e Lesões primárias
intestinal
alimentos (tranquéia e
contaminados septo nasal)
(FI)

Corrente linfáticas
(linfangite - Corrente sanguínea (septicemia)
lesões nodulares)
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

 PI variável => 3 dias a meses

 Pode evoluir de maneira: hiperaguda, aguda ou crônica


assintomáticos).

 Forma hiperaguda é incomum, mas, nesses casos,


os animais morrem em até 72 horas.
 Forma aguda: comum em muares e asininos
 Forma crônica: equinos
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

 FORMA AGUDA
 Animais evoluem para óbito em torno de 2 semanas

 Febre de 42 oC

 Apatia

 Intolerância ao exercício ou atividades de trabalhos

 Aparecimento de pústulas na cavidade nasal -> úlceras

 Descarga nasal purulenta (amarelada -> sanguinolenta)

 Entumecimento ganglionar
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

 FORMA CUTÂNEA (linfática)

Fístulas

 Múltiplos abscessos endurecidos → flácidos Úlceras

Conteúdo purulento

Inchaços dos vasos linfáticos:

- Abdômen lesões nodulares


- Costado “colar de pérolas”
- Face medial dos membros posteriores
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

“COLAR DE PÉROLAS”

Fonte: Santos et al. (2001)


SINAIS CLÍNICOS E LESÕES
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

“COLAR DE PÉROLAS”

Fonte: Santos et al. (2001)


SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

“COLAR DE PÉROLAS”

Fonte: Santos et al. (2001)


PATOGENIA
Mucosas (oral)
Mucosa
Água e Lesões primárias
intestinal
alimentos (tranquéia e
contaminados septo nasal)
(FI)

Corrente linfáticas
(linfangite - Corrente sanguínea (septicemia)
lesões nodulares)

mucosa nasal
Pele
Pulmões

lesões
metastáticas
Baço, fígado e pele
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES
 FORMA NASAL
 Pequenas lesões nodulares ulcerativas no septo nasal) – “lesões em
estrelas”

 Dispnéia

 Edema de nódulos limfáticos (submaxilar)

 Orquite
Purulenta
 Descarga nasal (uni ou bilateral) + estrias
Purulenta de
sangue
Secreção “COLAR DE PÉROLAS”
serosa
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

“COLAR DE PÉROLAS”

Fonte: MAPA (2013)


SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

“COLAR DE PÉROLAS”

Fonte: Mota et al. (2010)


SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

Granulomas e ulceras (lesões em estrelas) em septo


nasal de cavalo com mormo.
Fonte: Santos et al. (2001)
“COLAR DE PÉROLAS”
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

 FORMA RESPIRATÓRIA – pulmonar

Febre
Tosse
 Pneumonia crônica Respiração laboriosa
Dispnéia
Emagrecimento progressivo
Nódulos caseosos no pulmão

“COLAR DE PÉROLAS”
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

“COLAR DE PÉROLAS”

Fonte: Santos et al. (2001)


SINAIS CLÍNICOS E LESÕES

 Pleurite fibrinosa
 Pneumonia
 Abscessos isolados ou confluentes no pulmão
 Necrose no pulmão
 Ulcerações na mucosa do ceco
 Abscessos no fígado, baço e testículos
SINAIS CLÍNICOS E LESÕES
Artrite 6,67
Edema Peitoral 10
Edema Prepúcio 16,67
Taquipnéia 20
Hipertrofia Nódulos Linfáticos 20
Abscesso Subcutâneo 23,33
Dispnéia 30
Úlcera Nasal 30
Caludicação 30
Hipertermina 30
Cicatriz em Estrela 36,67
Hiperemia de mucosas 36,67
Edema de Membros 53,33
Apatia 53,33
Extertores Respiratórios 63,33
Drenagem Nasal 66,67
Hipertrofia Linfonodos sub-mandibulares 70
Caquexia 70
Mota et al.(2010)
DIAGNÓSTICO

Isolamento do
agente

Inoculação em
Teste
anim.
imunoalérgico
laboratório

Diagnóstico

Clínico-
Sorologia
epidemiológico

Anátomo-
histopatológico
DIAGNÓSTICO
 Diagnóstico oficial no Brasil

 Integra o Programa Nacional de Sanidade dos


Equídeos (PNSE)
 Instrução Normativa (IN): nº 24, de 5 de Abril de
2004
 Modificações em 12/2014, portaria nº379 a
critério do departamento de saúde animal)

 Outros países:
 ELISA
 Western blotting (WB)
 Imunodifusão
 PCR
DIAGNÓSTICO
Alguns estudos:

relataram a ocorrência de falsos positivos nos testes de Fixação de


Complemento e da Maleína , podem ocorrer em animais:

 infectados por Streptococcus equi, no caso do teste alérgico da


maleína;
 testes sorológicos realizados logo após a aplicação do teste da
maleína

 Relacionada à baixa purificação dos antígenos.

 Por outro lado, pode-se esperar a ocorrência de resultados falso


negativos no teste de Fixação de Complemento em (1%):

 alguns animais em estado avançado da doença, período inicial da


doença, animais velhos, e em fêmeas gestante
DIAGNÓSTICO
 MORMO – Entenda o que esta acontecendo!!!
 O gênero Burkholderia constitui mais de 40 espécies, incluindo:
 Além de B. mallei (agente causal do mormo) e a B. pseudomallei
(agente causal da melioidose ou pseudomormo) com incrível
capacidade zoonótica.

 PERSPECTIVAS FUTURAS!!!!

 De acordo com alguns autores, a técnica de Western blotting (WB)


iniciou uma nova era no imunodiagnóstico, o qual reduz significativamente
as reações cruzadas;

 Atualmente, a PCR é uma alternativa para o diagnóstico do mormo


(principalmente para doenças subclínica);
DIAGNÓSTICO
 Diagnóstico oficial no Brasil

 Programa Nacional de Sanidade dos Equídeos (PNSE)

 I - educação sanitária;
 II - estudos epidemiológicos;
 III - fiscalização e controle do trânsito de equídeos;
 IV - cadastramento, fiscalização e certificação
sanitária de estabelecimentos; e
 V - intervenção imediata quando da suspeita ou
ocorrência de doença de notificação obrigatória.
DIAGNÓSTICO
 Diagnóstico oficial no Brasil

• Art. 2º - Os testes de triagem para o diagnóstico laboratorial do mormo


são a Fixação de Complemento (FC) ou o ELISA (Enzyme-Linked
Immunosorbent Assay ou ensaio de imunoabsorção enzimática).

• 1º - O ELISA poderá ser empregado como teste de triagem nos


laboratórios oficiais (Lanagros).

• $ 2º Os demais laboratórios, públicos ou privados, poderão utilizar o


teste ELISA como teste de triagem após credenciamento específico
emitido pelo Mapa.
DIAGNÓSTICO
 Diagnóstico oficial no Brasil

• Art. 2º - Outra inovação da portaria diz respeito ao formulário de


requisição do exame para o mormo, o qual deve conter também detalhes
clínicos do animal, importantes para interpretação do diagnóstico,
anexando fotos e resultados anteriores.

• 4º - Todos os laboratórios já credenciados e aqueles que solicitarem


credenciamento para realização da FC devem solicitar extensão do
escopo para realizar o ELISA em um prazo máximo de dois anos a contar
da data de publicação desta Portaria. Após esse prazo, a FC poderá ser
utilizada apenas para a finalidade de trânsito internacional.

• 5º - Quando o laboratório credenciado obtiver a extensão de escopo para


o ELISA antes do prazo estabelecido no § 4º, somente poderá utilizar a
FC para a finalidade de trânsito internacional.
DIAGNÓSTICO
 Diagnóstico oficial no Brasil

• Art. 3º - O teste complementar para o diagnóstico laboratorial do mormo


é o Western Blotting - imunoblotting (WB).

• § 1º - Amostra com resultado diferente de negativo em qualquer teste de


triagem deverá ser testada no método complementar, excetuando-se
quando o animal se enquadrar na situação prevista no inciso II do Art. 13
da IN Mapa nº 6/2018.

• Caso o animal apresentar manifestação clínica compatível com o mormo,


amostra com resultado negativo em teste de triagem poderá ser testada
em método complementar, mediante autorização do Departamento de
Saúde Animal da Secretaria de Defesa Agropecuária (DSA/SDA/Mapa).
DIAGNÓSTICO
 Diagnóstico oficial no Brasil

• § 3º - A maleinização intrapalpebral com o uso de Maleína PPD


poderá ser empregada como teste complementar exclusivamente em
equídeos com menos de 6 (seis) meses de idade e que
apresentem sintomatologia clínica compatível com o mormo,
mediante autorização do DSA/SDA/MAPA.
DIAGNÓSTICO
 TESTE DE TRIAGEM E
COMPLEMENTO

 Coleta do soro – MV cadastrado.

 A identificação do animal;

 A colheita da amostra do sangue;

 o envio da amostra de soro ao


laboratório credenciado;

 Prestação de informações e
atendimento às convocações do
MAPA e OESA;

 Também fica a cargo do profissional


a responsabilidade legal pelas
informações prestadas nos
formulários para requisição de
exame de mormo.
DIAGNÓSTICO
 TESTE DE MALEINA

 Teste de hipersensibilidade

 Intradermopalpebral

 0.1mL de PPD de B. mallei

 Leitura: 48 hs

 Veterinário official (estado ou


federal)

 A critério do serviço official: animais


negativos na FC e com sinais
clínicos.
DIAGNÓSTICO

 Resposta de
hipersensibilidade local – 48
horas

 Congestão
 fotossensibildade
 Edema
 Conjuntivite purulenta
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO

PROIBIDO TRATAR
ANIMAIS NO BRASIL!!!
CONTROLE E PREVENÇÃO
 PROFILAXIA
 Não há vacina

 Foco em saúde pública (bioterrorismo)

 MEDIDAS DE CONTROLE - inespecíficas


 Isolamento de animais suspeitos

 Evitar aglomeração de animais

 Quarentena para animais recém adquiridos

 Evitar adquirir animais de regiões endêmicas

 Cuidados gerais de desinfecção de instalações e utensílios

 Evitar baias e cochos coletivos


CONTROLE E PREVENÇÃO
 Medidas especificas
 Realização periódica de testes (Prova de rotina) GTA;

 Testes confirmatórios;

 Medidas de erradicação de focos


CONTROLE E PREVENÇÃO

IN SDA no. 24, abril de 2004

Erradicação Participação Controle de


Diagnóstico Certificação
de foco em eventos trânsito
CONTROLE E PREVENÇÃO

 CERTIFICAÇÃO DE PROPRIEDADES

 Caráter voluntário

 Regulamento específico

“COLAR DE PÉROLAS”
CONTROLE E PREVENÇÃO
 ERRADICAÇÃO DE FOCO DE MORMO

Diagnóstico
conclusivo

Interdição Saneamento

Desinfecção
Incineração ou Teste dos
Sacrifício das instalações
enterro animais
e fômites
“COLAR DE PÉROLAS”
restantes
CONTROLE E PREVENÇÃO

 ERRADICAÇÃO DE FOCO DE MORMO

• Sacrifício de animais
Fim da
positivos interdição
• 2 testes FC ou ELISA em
todo o plantel
• Intervalo de 45 – 90 dias
Resultados
negativos
“COLAR DE PÉROLAS”
CONTROLE E PREVENÇÃO

 PARTICIPAÇÃO DE EQUÍDEOS EM EVENTOS


HÍPICOS E TRÂNSITO INTERESTADUAL (UF’s)

 O trânsito interestadual de equinos entre toda e qualquer


unidade da federação, bem como a participação em toda
aglomeração de animais, devem estar amparados por exame
laboratorial com resultado negativo.
“COLAR DE PÉROLAS”
CONTROLE E PREVENÇÃO
MUITO OBRIGADA!!

“COLAR DE PÉROLAS”

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