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Parte Autora:
MARIA DAS GRACAS DE OLIVEIRA
Parte ré:
CAIXA CONSORCIOS S A
SENTENÇA
Vistos etc.
Afirma a parte autora que celebrou junto a Acionada contrato consorcial e, posteriormente
percebeu a inclusão de serviço de SEGURO DE VIDA supostamente não autorizado. Pleiteia
a restituição dos valores atinentes ao serviço não contratado, assim como a condenação do
Acionado a condenação por danos morais.
Dessa forma, entendo que as alegações da parte Autora hão de ser tidas como verossímeis,
na medida em que não foram elididas por prova idônea. Ademais, restou demonstrado que
o serviço prestado pela Acionada não foi aquele contratado pela Autora, principalmente no
que tange às informações prestadas pela mesma.
A hipótese dos autos deve ser analisada sob a ótica do Código de Defesa do Consumidor,
vez que as partes subsumem-se nas figuras de consumidor e fornecedor.
Compulsando os autos, tenho que razão assiste a parte autora. Trata-se de evidente venda
casada, porque não possibilita ao consumidor a adquirir tão somente o serviço de natureza
consorcial.
Nessa senda, configurada a prática abusiva pela Acionada, que violou direitos básicos do
consumidor, pelo que deve ser rechaçado. Assim, ainda que insista a Acionada em afirmar
que agiu de forma legítima a conduta mostrou-se inteiramente irregular, pelos
fundamentos já explicitados.
O que resta patente é que a Acionada incorreu em prática abusiva, nos termos do art. 39,
incisos III e IV do CDC, violando direitos do consumidor.
Outrossim, dúvidas não subsistem de que a demandada praticou ato ilícito e, por este
motivo, tem obrigação de indenizar, como preceitua o artigo 186 do Código Civil e artigo
5º, inciso X, da Constituição Federal de 1988 considerando que, por ação voluntária
negligente, violou direito e causou dano a outrem, ainda que exclusivamente moral.
De qualquer forma, verifica-se que existe uma relação de consumo e, por isso, resta
patente a incidência do Código de Defesa do Consumidor ,visto que o(a) autor(a) se
utilizaria de serviço prestado pela ré como destinatário final. Por seu turno, o artigo 3º,
parágrafo segundo, afirma que fornecedor é toda pessoa que presta serviço mediante
remuneração.
Registre-se que inexistem critérios legais para se fixar o valor da indenização pelos danos
morais. Portanto, e segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, deve o magistrado
considerar que a quantia a ser paga tem que representar, para quem a recebe, uma
compensação pelo vexame e humilhação sofridos. Ao mesmo tempo, deve se constituir em
uma sanção ao violador, desestimulando-o a repetir a conduta ilícita. Não se pode olvidar,
entretanto, as condições sociais das partes, nem permitir-se que a indenização percebida se
transforme em um enriquecimento ilícito.
Analisando estas circunstâncias, mormente as condições sociais das partes, verifica-se que a
quantia não pode ser tão diminuta ao ponto de se tornar inexpressiva para o suplicado,
empresa de grande porte, fazendo com que valha a pena repetir a conduta e continue
lesando outros consumidores. Digno de nota, também, é que o requerente em nada
contribuiu para o cometimento do fato. Destarte, arbitro a verba indenizatória em valor
equivalente à R$ 4.000,00 (quatro mil reais).
No tocante ao pleito de devolução, em dobro, entendo que merece prosperar ante a
violação ao preceito legal do art. 42 do CDC.
Caso a acionada não efetue o pagamento no prazo de 15 (quinze) dias contados do trânsito
em julgado, deverá ser acrescida multa no percentual de 10% (dez por cento) sobre o valor
da condenação, conforme dispõe o §1º do art. 523 do CPC.
P.R.I.
Juíza de Direito
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