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CURSO DE LAJES

Engenheiro civil: Emanuel Dantas

2019
SUMÁRIO
SUMÁRIO ......................................................................................................................................iii
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 1
2. LAJES MACIÇAS ...................................................................................................................... 3

2.1. Introdução a lajes maciças .................................................................................................... 3


2.2. Ações e combinações a serem consideradas nas lajes ......................................................... 5
2.3. Análise de lajes por meio de tabelas ..................................................................................... 9
2.4. Análise de lajes por meio de teoria de grelha .................................................................... 15
2.5. Análise de lajes por meio da analogia de grelha ............................................................... 21
2.6. Exemplo de dimensionamento de lajes maciças ................................................................ 31
2.7. Compatibilização de momentos .......................................................................................... 37
2.8. Dimensionamento da armadura ......................................................................................... 40
2.9. Verificação quanto ao estado limite de serviço ................................................................. 45
2.10. Verificação quanto ao cisalhamento ................................................................................ 49

3. LAJES TRELIÇADAS ............................................................................................................. 53

3.1. Introdução a lajes treliçadas ............................................................................................... 53


3.2. Introdução aos processos executivos de lajes treliçadas ................................................... 56
3.3. Análise dos esforços atuantes em lajes treliçadas ............................................................. 60
3.4. Exemplo de dimensionamento de laje treliçada ................................................................ 64
3.5. Dimensionamento das vigotas treliçadas ........................................................................... 70
3.6. Dimensionamento da malha base e armadura de borda .................................................. 74
3.7. Verificação quanto ao estado limite de serviço ................................................................. 76
3.8. Verificação quanto ao cisalhamento .................................................................................. 85

4. LAJES NERVURADAS ........................................................................................................... 88

4.1. Introdução a lajes nervuradas ............................................................................................ 88


4.2. Geometria e análise simplificada de lajes nervuradas...................................................... 92
4.3. Exemplo de dimensionamento de laje nervurada ............................................................. 95
4.4. Compatibilização de momentos ........................................................................................ 101
4.5. Dimensionamento da armadura ....................................................................................... 102
4.6. Verificação quanto ao estado limite de serviço ............................................................... 107
4.7. Verificação quanto ao cisalhamento ................................................................................ 113

5. LAJES SEM VIGAS (LAJES LISAS) ................................................................................... 116

5.1. Introdução a lajes sem vigas ............................................................................................. 116

iii
5.2. Análise pelo processo de pórticos equivalentes ............................................................... 118
5.3. Estudo da punção em lajes................................................................................................ 121
5.4. Exemplo de dimensionamento de laje lisa ....................................................................... 130
5.5. Dimensionamento da armadura ....................................................................................... 134
5.6. Verificação quanto a punção ............................................................................................ 138
5.7. Dimensionamento da armadura contra colapso progressivo ......................................... 143
5.8. Verificação quanto ao estado limite de serviço ............................................................... 144

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 147

iv
Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

1. INTRODUÇÃO
As lajes são elementos de suma importância em projetos de pequeno,
médio e grande porte, sabendo da importância de tais elementos em uma
edificação foi desenvolvido este trabalho, cujo o principal objetivo é demonstrar o
processo de cálculo de diversos tipos de lajes.
Neste trabalho será apresentado exemplos de cálculo de lajes maciças,
treliçadas, nervuradas e lajes lisas, apresentando todo o processo de cálculo de
forma manual seguindo os critérios normativos.

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NOTA

É possível que haja pequenas divergências entre os valores finais dos


cálculos apresentados na apostila com os resultados obtidos pela simples soma
dos valores apresentados neste trabalho.
Por exemplo, em um determinado ponto a apostila apresenta um valor
final de 42,879 kN, entretanto realizando o cálculo dos valores apresentados em
uma calculadora qualquer é obtido o resultado de 42,789 kN.
Isso se dá pelo fato que os valores finais dos cálculos foram obtidos
utilizando o software Mathcad que considera todas as casas decimais no cálculo e
apresenta somente as 3 últimas casa decimais no resultado.

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2. LAJES MACIÇAS
Neste tópico do trabalho será realizada uma introdução as lajes maciças,
bem como quais são os carregamentos e combinações que devem ser consideradas
em lajes.
Ainda será abordado quais os modelos de análise dos esforços que podem
ser utilizados para obtenção dos valores de reação de apoio e momento fletor
atuante em uma laje maciça.
Com a finalidade de exemplificar o que foi abordado neste capítulo do
trabalho será realizado ainda o dimensionamento completo de um pano com 3
lajes, abordando todo o processo de dimensionamento e verificação de lajes
maciças.

2.1. Introdução a lajes maciças


Neste primeiro tópico serão abordados os conceitos inicias sobre lajes
maciças, os elementos do tipo laje são amplamente utilizados, desde obras de
pequeno porte até obras de grande porte.
Por definição lajes são elementos estruturais planos bidimensionais, ou
seja, são elementos cujo a sua largura e comprimento possuem a mesma ordem de
grandeza, no entanto a sua espessura é inúmeras vezes menor, caracterizando
assim um elemento do tipo placa.
Neste tipo de elementos as ações predominantes são perpendiculares ao
plano, ou seja, são os esforços verticais que geram momentos fletores, esforços
cortantes e deslocamentos na placa.

Figura 2.1: Exemplo de uma laje com seus carregamentos.

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A NBR6118:2014 em seu item 13.2.4.1 estabelece quais devem ser os


valores mínimos de altura para lajes de concreto, esses valores podem ser vistos
na tabela 2.1.

Tabela 2.1: Altura mínima de lajes

Tipo de laje Altura


Cobertura não em balanço 7 cm
Piso não em balanço 8 cm
Lajes em balanço 10 cm
Laje que suporta peso de veículos até 30 kN 10 cm
Laje que suporta peso de veículos maior que 30 kN 12 cm
Lajes lisas 16 cm
Laje cogumelo, fora do capitel 14cm

Fonte: NBR6118, (2014).

A norma ainda especifica que para lajes em balanço a espessura mínima


deve ser de 19 cm, caso seja utilizada uma espessura menor é necessário aplicar
um coeficiente de majoração dos carregamentos que é dado pela tabela 13.2 da
NBR6118:2014.
Assim como nos demais elementos estruturais que compõem uma
edificação nas lajes também é necessário considerar um cobrimento mínimo para
armadura, este cobrimento é dado pela tabela 7.2 da NBR6118:2014.

Tabela 2.2: Cobrimentos mínimos

Fonte: NBR6118, (2014).

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Este primeiro tópico ficará restrito a itens básicos sobre as lajes de


concreto, no decorrer deste trabalho será abordado ainda quais ações devem ser
consideradas para o dimensionamento e quais são os métodos de análise que
podem ser empregados.
Ainda será realizada uma comparação entre diferentes métodos de análise,
passando pelo dimensionamento da armadura, verificações quanto ao
cisalhamento e estado limite de serviço finalizando o capítulo com os critérios de
detalhamento das lajes dimensionadas.

2.2. Ações e combinações a serem consideradas nas lajes


Neste tópico serão estudados quais são as ações a serem consideradas nas
lajes e quais devem ser as combinações de carregamento utilizadas para realizar o
dimensionamento da armadura e as verificações no estado limite de serviço.
Os principais carregamentos que devem ser considerados em um lajes são,
o peso próprio, carregamento de permanente que pode ser a regularização da laje,
reboco e revestimento da laje.
Os revestimentos utilizados em lajes podem ser dos mais variados tipos,
como exemplo, revestimento cerâmico, laminado de madeira, granito, mármore,
forração de carpete entre outros.
Logicamente o peso do revestimento a ser considerado na laje irá depender
do tipo de revestimento indicado em projeto, devendo ser considerado o peso
especifico do material a ser utilizado para compor o carregamento devido ao
revestimento.
Ainda podem atuar nas lajes os carregamentos acidentais que são
decorrentes do tipo de utilização desta laje, os valores mínimos destes
carregamentos podem ser encontrados na NBR6120:1980 e logicamente varia de
acordo com o tipo de uso estipulado para a edificação.
Conhecidos quais os principais tipos de carregamentos podem atuar em
uma laje e possível montar combinações de carregamento no estado limite último,
utilizando o valor crítico para realizar o dimensionamento da laje.

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A combinação para o estado limite último pode ser montada de acordo


com o que é prescrito pela tabela 11.3 da NBR6118:2014 onde ela estabelece 3
tipos de combinações para o estado limite último, sendo elas.

• Combinações últimas normais;


• Combinações últimas especiais ou de construção;
• Combinações excepcionais.

As combinações últimas especiais ou de construção e excepcionais devem


ser utilizadas quando houver carregamentos acidentais que possuam uma duração
muito pequena e/ou a sua probabilidade de ocorrência seja muito pequena durante
toda a vida útil da estrutura.
No decorrer deste trabalho a única combinação que será utilizada é a
combinação última normal uma vez que serão utilizados exemplos cuja a sua
ocorrência seja mais comum no dia a dia.
O valor da combinação no estado limite último normal pode ser
encontrado utilizando a equação 2.1.

𝐹𝑑 = (𝛾𝑔 ∗ 𝐹𝑔𝑘 ) + (𝛾𝜀𝑔 ∗ 𝐹𝜀𝑔𝑘 ) + ((𝛾𝑞 ∗ (𝐹𝑞1𝑘 + (𝛴𝛹0𝑗 ∗ 𝐹𝑞𝑗𝑘 )))) + (𝛾𝜀𝑞 ∗ 𝛹0𝜀 ∗ 𝐹𝜀𝑞𝑘 )

Definindo cada um dos itens que compõem esta formula temos:

• Fd é o valor de cálculo das ações para combinação última;


• Fgk é a ação permanente direta;
• Fεgk é a ação permanente indireta;
• Fqk é a ação variável direta;
• Fεqk é a ação variável direta escolhida como principal;
• γg, γeg, γq, γe são coeficientes encontrados na tabela 11.1 da
NBR6118/2014;
• ψ0j, ψ0e são coeficientes encontrados na tabela 6 da NBR8681/2003
ou na tabela 11.2 da NBR6118/2014;

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Para realizar a montagem da combinação no estado limite último é


necessário utilizar alguns coeficientes de ponderação das ações, o primeiro
coeficiente necessário é o γf que é dado pela tabela 11.1 da NBR6118:2014 e é o
responsável por majorar as ações desfavoráveis a estrutura e minorar as ações
favoráveis a estrutura.
Em casos onde há mais de uma ação acidental atuando na estrutura ao
mesmo tempo não é necessário considerar as duas com seus valores totais, sendo
necessário utilizar um coeficiente Ψ0 que será responsável por diminuir a
intensidade desta ação, este coeficiente pode obtido por meio da tabela 11.2 da
NBR6118:2014.
Neste caso é necessário considerar uma ação acidental como principal e as
demais como secundarias aplicando o coeficiente Ψ0 a elas, sendo necessário
realizar este procedimento para todas as ações acidentais atuantes na estrutura.
Estudadas as combinações para o estado limite ultimo ainda é necessário
montar as combinações de carregamento para o estado limite de serviço para
verificação dos deslocamentos aos quais a laje pode estar submetida.
Estas combinações são expressas pela tabela 11.4 da NBR6118:2014 onde
a norma estipula 3 combinações, sendo elas:

• Combinação quase permanente de serviço;


• Combinação frequente de serviço;
• Combinação rara de serviço.

Para realizar a montagem destas combinações é necessário aplicar os


coeficientes Ψ1 e Ψ2 que podem ser encontrados por meio da tabela 11.2 da
NBR6118:2014.
Realizar a montagem das combinações para o estado limite de serviço é
muito simples bastando seguir o que é expresso pela tabela 11.4 da
NBR6118:2014.
A primeira combinação estudada será a combinação quase permanente de
serviço (CQP) neste caso todas as ações permanentes são consideradas com seus

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valores máximos e as ações variáveis são consideradas com seus valores quase
permanentes.
Para considerar o valor quase permanente de uma ação devemos
multiplicar esta ação pelo seu coeficiente de ponderação, genericamente temos ψ2
* Fqk, para realizar a montagem da combinação quase permanente de serviço é
expressa pela equação 2.2.

𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = 𝛴𝐹𝑔𝑖,𝑘 + 𝛴𝛹2𝑗 ∗ 𝐹𝑞𝑗,𝑘

Definindo cada um dos itens que compõem esta formula temos:

• Fd,ser é o valor de cálculo das ações para combinação quase


permanente de serviço;
• Fgi,k é a ação permanente;
• Fqj,k é a ação variável;
• Fqk é a ação variável direta;
• γg, γeg, γq, γe são coeficientes encontrados na tabela 11.1 da
NBR6118/2014;
• ψ2 é o coeficiente encontrado na tabela 6 da NBR8681/2003 ou na
tabela 11.2 da NBR6118/2014 para o estado limite de serviço.

A segunda combinação estudada é a combinação frequente de serviço (CF)


neste caso todas as ações permanentes são consideradas com seus valores
máximos e a ação variável principal Fq1 é utilizada com seu valor frequente, ou
seja, é necessário multiplicar esta ação pelo seu coeficiente de ponderação ψ1,
ficando então ψ1 * Fq1,k.
Enquanto isso as demais ações variáveis serão consideradas com seus
valores quase permanentes, ou seja, deve-se aplicar o coeficiente de ponderação
ψ2, ficando então ψ2 * Fqk, a montagem desta combinação é expressa pela equação
2.3.

𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = 𝛴𝐹𝑔𝑖,𝑘 + (𝛹1 ∗ 𝐹𝑞1,𝑘 ) + (𝛴𝛹2𝑗 ∗ 𝐹𝑞𝑗,𝑘 )

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Onde:

• Fq1,k é o valor característico das ações variáveis;


• ψ1 é o coeficiente encontrado na tabela 6 da NBR8681/2003 ou na
tabela 11.2 da NBR6118/2014 para o estado limite de serviço.

Por fim há a combinação rara de serviço (CR) nesta combinação deve-se


novamente utilizar todas as cargas permanentes com os seus valores máximos e a
ação variável principal Fq1 é utilizada com seu valor máximo característico.
Todas as demais ações devem ser consideradas com seus valores
frequentes, sendo assim é necessário multiplica-la pelo coeficiente de ponderação
ψ1, ficando então ψ1 * Fqk, o valor do carregamento nesta combinação é dado pela
equação 2.4.

𝐹𝑑,𝑠𝑒𝑟 = 𝛴𝐹𝑔𝑖,𝑘 + 𝐹𝑞1,𝑘 + (𝛴𝛹1𝑗 ∗ 𝐹𝑞𝑗,𝑘 )

Conhecidas todas estas combinações conclui-se o estudo das ações e


combinações de carregamento que devem ser realizadas para dimensionar e
analisar uma laje em concreto armado.
Todo este processo mostrado anteriormente é exatamente o que os
softwares comerciais realizam automaticamente para determinar as envoltórias de
esforços atuantes nos elementos que compõem a estrutura.

2.3. Análise de lajes por meio de tabelas


Neste tópico serão demonstrados os procedimentos para análise de uma
laje utilizando tabelas, existem diversas tabelas que permitem realizar a análise
dos momentos fletores e reações de apoio de uma laje, entretanto, neste trabalho
será utilizada a tabela de Bares adaptada por Libânio Pinheiro.
O método de dimensionamento de lajes por meio de tabelas ainda é
amplamente utilizado atualmente, entretanto, ele possui uma grande falha que é o
fato de não considerar o deslocamento do apoio na determinação dos esforços.

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A consideração do deslocamento do apoio da laje pode ser um fator


preponderante em seu dimensionamento e/ou verificação do elemento, entretanto,
por limitação das tabelas essa consideração muitas vezes não é realizada.
Mesmo assim em estruturas mais simples, sem grandes ousadias
arquitetônicos, o método de dimensionamento por meio de tabelas ainda pode
apresentar bons resultados.
Feitas as devidas ressalvas sobre o método, o conjunto de tabelas
apresentados por Bares e adaptado por Pinheiro permite realizar o pré-
dimensionamento da laje, determinação das reações de apoio, momentos fletores e
estimar as flechas da laje de forma simples.
Para utilizar a tabela de Bares é necessário definir uma relação entre os
vãos da laje, essa relação recebe o nome de λ (lambda) e pode ser descrita pela
equação 2.5.

𝑙𝑦
λ=
𝑙𝑥

Onde:

• ly é o maior vão da laje;


• lx é o menor vão da laje.

Conhecendo essa relação ainda é possível determinar se a laje é armada


em uma ou duas direções, caso esta relação resulte em um valor menor que 2 a
laje pode ser considerada armada em duas direções, caso o valor obtido por esta
relação seja maior do que 2 ela é considerada armada em uma direção.
Outro fator que deve ser levado em conta para realizar o dimensionamento
de lajes utilizando tabelas é o tipo de vinculação de borda, a tabela de bares
apresenta 6 tipos de vinculações, apresentando bordos simplesmente apoiados e
bordos engastados.
Conhecido o tipo de vinculação da laje e o λ é possível definir os
coeficientes que serão utilizados para determinar as reações de apoio e momentos
fletores das lajes.

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As reações de apoio podem ser obtidas utilizando a equação 2.6.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
R=𝜈∗
10

Onde:

• ν é o coeficiente dado pelo tipo de vinculação e λ;


• p é o carregamento uniformemente distribuído;
• lx é o menor vão da laje.

Já os momentos fletores podem ser obtidos utilizando a equação 2.7.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
M=µ∗
100

Onde:

• µ é o coeficiente dado pelo tipo de vinculação e λ.

Para exemplificar o modo como são obtidos os valores de momentos


fletores e reações de apoio das lajes será utilizado o seguinte exemplo.

Figura 2.2: Exemplo de laje.

Dados iniciais:

• lx = 2,70 m;
• ly = 3,65 m;

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• h = 10 cm;
• Carregamento acidental = 1,50 kN/m²;
• Carregamento permanente = 1,83 kN/m²;
• fck = 25 Mpa;
• γpp = 25 kN/m²;
• Classe de agressividade I;
• Caso de vinculação 6.

Antes de dar início a análise da laje é necessário determinar qual é o


carregamento total dela, como o peso próprio não foi informado no problema é
necessário calcula-lo.

pp = ℎ ∗ 𝛾𝑝𝑝
pp = 0,10 ∗ 25
pp = 2,50 𝑘𝑁/𝑚²

Conhecido qual é o peso próprio da laje e possível determinar qual é o


carregamento total atuante na laje, para isto basta somar os carregamentos
atuantes.

p = 𝑝𝑝 + 𝑔 + 𝑞
p = 2,50 + 1,83 + 1,50
p = 5,83 𝑘𝑁/𝑚²

Dando início a análise dos momentos fletores e reação de apoio o primeiro


parâmetro que deve ser definido é o λ.

𝑙𝑦
λ=
𝑙𝑥
3,65
λ=
2,70
λ = 1,35

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Conhecido o valor de λ é possível determinar os valores de reação de


apoio de cada uma das bordas, para a condição de vinculação de borda 6 a tabela
2.2c apresenta os seguintes valores de υ’x e υ’y.

Figura 2.3: Tabela 2.2c para reações de apoio.

A primeira reação de apoio que será calculada será a da borda engastada o


eixo X.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑣𝑥𝑒 = 𝜐 ′ 𝑥 ∗
10
5,83 ∗ 2,70
𝑣𝑥𝑒 = 3,15 ∗
10
𝑣𝑥𝑒 = 4,958 𝑘𝑁

Dando comunidade as análises, será determinada a reação de apoio na


borda engastada no eixo Y.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑣𝑦𝑒 = 𝜐 ′ 𝑦 ∗
10
5,83 ∗ 2,70
𝑣𝑦𝑒 = 2,50 ∗
10
𝑣𝑦𝑒 = 3,935 kN

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Calculadas todas as reações de apoio pode-se dar início a determinação


dos momentos fletores, a tabela 2.3c indica os seguintes valores para os
coeficientes μx, μ’x, μy e μ’y que são os responsáveis por fornecer os valores de
momento fletor.

Figura 2.4: Tabela 2.3c para momentos fletores.

O primeiro momento fletor a ser determinado é o da borda simplesmente


apoiada para o eixo X.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑚𝑥 = 𝜇𝑥 ∗
100
5,83 ∗ 2,702
𝑚𝑥 = 3,19 ∗
100
𝑚𝑥 = 1,356 kN ∗ m

O segundo momento a ser determinado é o da borda engastada para o eixo


X.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑚′ 𝑥 = 𝜇 ′ 𝑥 ∗
100
5,83 ∗ 2,702
𝑚′ 𝑥 = 7,09 ∗
100

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𝑚′𝑥 = 3,013 kN ∗ m

O terceiro momento a ser definido é o da borda simplesmente apoiada para


o eixo Y.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑚 𝑦 = 𝜇𝑦 ∗
100
5,83 ∗ 2,702
𝑚𝑦 = 1,71 ∗
100
𝑚𝑦 = 0,727 kN ∗ m

Por fim é necessário determinar o momento fletor para a borda engastada


no eixo Y.

′ ′
𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑚 𝑦 =𝜇𝑦∗
100

5,83 ∗ 2,702
𝑚 𝑦 = 5,69 ∗
100
𝑚′𝑦 = 2,418 kN ∗ m

Determinados todos estes valores conclui-se a análise dos esforços da laje


utilizando as tabelas de Bares adaptada por Pinheiro.

2.4. Análise de lajes por meio de teoria de grelha


Neste tópico será demonstrado uma segunda maneira de se obter os
esforços atuantes na laje, para isto será utilizada a teoria de grelha que é um
método que pode facilmente ser tabelado e também pode ser aplicado
computacionalmente de forma simples.
Esse método é muito semelhante ao que foi apresentado anteriormente e
possui a mesma limitação quanto aos apoios serem considerados indeslocáveis,
além do que já foi citado anteriormente esse método não leva em conta o efeito de
torção na laje.

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A não consideração do esforço torçor na laje faz com que os momentos


fletores positivos apresentados sejam maiores do que os apresentados por métodos
que consideram o momento torçor na análise.
Entretanto o grande diferencia deste método é a possibilidade descartar o
uso de tabelas para determinação dos valores de reação de apoio e momentos
fletores, possibilitando a fácil implementação computacional.
Assim como no método apresentado anteriormente é necessário determinar
a relação entre os vãos da laje que pode ser feito utilizando a equação 2.5.
Conhecido o valor de λ é necessário determinar os valores de kx e ky, a
equação que fornece o valor de kx depende do tipo de vinculação da borda da laje
e é um valor tabelado.
Conhecido o valor de kx e ky pode ser definidos os coeficientes mx, my, mxe
e mye que serão responsáveis por fornecer os valores de momentos fletores ainda é
possível determinar os valores dos coeficientes rx, ry, rxe e rye que são as reações de
apoio.
Conhecidos os valores para os coeficientes de reação de apoio os valores
podem ser obtidos utilizando a equação 2.8.

𝑅𝑥 = 𝑟𝑥 ∗ 𝑝 ∗ 𝑙𝑥

Já os momentos fletores podem ser obtidos utilizando-se a equação 2.9.

𝑀𝑥 = 𝑚𝑥 ∗ 𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2

Para exemplificar a como o método da teoria de grelha funciona na prática


será utilizado o seguinte exemplo.

Figura 2.5: Exemplo de laje para teoria de grelha.

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Dados iniciais:

• lx = 2,70 m;
• ly = 3,65 m;
• h = 10 cm;
• fck = 25 Mpa;
• Classe de agressividade I;
• Caso de vinculação 6.

Os carregamentos serão exatamente os mesmos do exemplo anterior, ou


seja, o carregamento total será de 5,83 kN/m², conhecidos estes valores é possível
dar início efetivo a obtenção dos valores de momento fletor e reação de apoio.
O primeiro item que deve ser determinado é o λ que é a relação entre os
vãos da laje.

𝑙𝑦
λ=
𝑙𝑥
365
λ=
270
λ = 1,35

Como o valor encontrado para λ é 1,35 pode-se concluir que a laje é


armada em duas direções, com este valor ainda é possível determinar o valor de
kx.

𝜆4
𝑘𝑥 =
1 + 𝜆4
1,354
𝑘𝑥 =
1 + 1,354
𝑘𝑥 = 0,77

Já o valor de ky pode ser obtido pela seguinte expressão.

𝑘𝑦 = 1 − 𝑘𝑥

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𝑘𝑦 = 1 − 0,77
𝑘𝑦 = 0,23

Como a laje estudada possui todas as bordas engastadas o caso de


vinculação dela segundo a tabela de condições de contorno é o caso 6.

Figura 2.6: Equações para o caso de vinculação 6 da teoria de grelha.

Conhecendo isto é possível determinar os coeficientes de reação de apoio,


para o eixo X o coeficiente de reação de apoio pode ser encontrado pela seguinte
equação.

𝑘𝑦 ∗ 𝜆
𝑟𝑥𝑒 =
2
0,23 ∗ 1,35
𝑟𝑥𝑒 =
2
𝑟𝑥𝑒 = 0,156

Já para o eixo Y esse coeficiente pode ser encontrado pela seguinte


expressão.

𝑘𝑥
𝑟𝑦𝑒 =
2
0,77
𝑟𝑦𝑒 =
2
𝑟𝑦𝑒 = 0,385

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Conhecendo os valores destes coeficientes é possível determinar os valores


das reações de apoio, para o eixo X a reação de apoio possui os seguintes valores.

𝑅𝑥𝑒 = 𝑟𝑥𝑒 ∗ 𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑅𝑥𝑒 = 0,156 ∗ 5,83 ∗ 2,70
𝑅𝑥𝑒 = 2,452 𝑘𝑁/𝑚

Já para o eixo Y a reação de apoio apresenta os seguintes valores.

𝑅𝑦𝑒 = 𝑟𝑦𝑒 ∗ 𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑅𝑦𝑒 = 0,385 ∗ 5,83 ∗ 2,70
𝑅𝑦𝑒 = 6,057 𝑘𝑁/𝑚

Determinadas as reações de apoio, agora é necessário definir os


coeficientes para obtenção dos momentos fletores, o primeiro coeficiente a ser
determinado é o mx que se refere ao momento fletor positivo no eixo X para o
meio da placa.

𝑘𝑥
𝑀𝑥 =
24
0,77
𝑀𝑥 =
24
𝑀𝑥 = 0,032

Já o momento fletor mxe que é o momento fletor na região do engaste pode


ser obtido utilizando a seguinte equação.

−𝑘𝑥
𝑚𝑥𝑒 =
12
−0,77
𝑚𝑥𝑒 =
12
𝑚𝑥𝑒 = −0,064

Conhecidos os valores para o eixo X é necessário repetir o processo para o


eixo Y, o primeiro coeficiente a ser determinado é o my que diz respeito ao
momento fletor positivo para o eixo Y.

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𝑘𝑦 ∗ 𝜆2
𝑚𝑦 =
24
0,23 ∗ 1,352
𝑚𝑦 =
24
𝑚𝑦 = 0,018

Por fim é necessário determinar o valor do coeficiente mye que se refere ao


momento fletor negativo no eixo Y.

−𝑘𝑦 ∗ 𝜆2
𝑚𝑦𝑒 =
12
−0,23 ∗ 1,352
𝑚𝑦𝑒 =
12
𝑚𝑦𝑒 = −0,035

Conhecido os valores de coeficientes é possível determinar cada um dos


momentos fletores, o primeiro momento a ser determinado é o momento positivo
para o centro da laje no eixo X.

𝑀𝑥 = 𝑚𝑥 ∗ 𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑥 = 0,032 ∗ 5,83 ∗ 2,702
𝑀𝑥 = 1,363 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

O segundo momento a ser definido é o momento fletor negativo para o


eixo X.

𝑀𝑥𝑒 = 𝑚𝑥𝑒 ∗ 𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑥𝑒 = −0,064 ∗ 5,83 ∗ 2,702
𝑀𝑥𝑒 = −2,726 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

O mesmo processo deve ser realizado para o eixo Y, o primeiro momento


determinado para o eixo Y é o momento positivo no centro da placa.

𝑀𝑦 = 𝑚𝑦 ∗ 𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑦 = 0,018 ∗ 5,83 ∗ 2,702

Eng. Emanuel Dantas 20


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

𝑀𝑦 = 0,018 ∗ 5,83 ∗ 2,702

Por fim é necessário determinar o momento fletor negativo para o eixo Y.

𝑀𝑦𝑒 = 𝑚𝑦𝑒 ∗ 𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑦𝑒 = −0,035 ∗ 5,83 ∗ 2,702
𝑀𝑦𝑒 = −1,491 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Conhecido todos estes valores conclui-se a análise dos esforços atuantes


na laje utilizando a teoria de grelha.

2.5. Análise de lajes por meio da analogia de grelha


Neste tópico será apresentado o terceiro método de análise de lajes, desta
vez demonstrado um método mais refinado de cálculo que requer a utilização de
softwares específicos para este fim.
Este método é conhecido como analogia de grelha e é utilizado por
softwares comerciais como o Eberick e TQS para análise dos esforços atuantes
tanto em lajes isoladas quanto em panos de laje.
Esse método é muito utilizado atualmente por conta da sua facilidade de
implementação computacional e apresentação de bons resultados de forma rápida.
O método de analogia de grelha consiste em transformar o pano de laje em
um conjunto de barras com um espaçamento pré-definido, conforme é
demonstrado pela figura 2.7.

Figura 2.7: Grelha equivalente da laje.

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Quanto menor for espaçamento entre as barras da grelha melhor será o


resultado apresentado, entretanto, isso requer mais poder de processamento, o
espaçamento entre barras comumente utilizado para montagem da grelha é de 50
cm o que garante bons resultados.
Conforme foi dito anteriormente, os métodos que utilizam tabelas não
permitem considerar o deslocamento dos apoios, o grande diferencial da analogia
de grelha é a possibilidade de se analisar o pavimento de forma conjunta,
considerando a rigidez de cada um dos elementos e a interação entre as lajes e as
vigas.
Conforme já foi dito anteriormente, o método de analogia de grelha
consiste em dividir o pano de laje em diversas barras e cada uma destas barras que
compõem essa grelha possui as suas propriedades.
As propriedades de cada uma das barras que compõem esta grelha
influenciam diretamente nos resultados obtidos, as propriedades da barra que
devem ser consideradas são a rigidez a flexão e rigidez a torção.
A rigidez a flexão das barras longitudinais pode ser obtida utilizando a já
conhecida equação para obtenção da inercia da bruta da seção apresentada em
resistência dos materiais que é dada pela equação 2.10.

𝑏 ∗ ℎ3
𝐼𝑐 =
12

Onde:

• b é a largura da barra da grelha;


• h é a altura da barra da grelha.

O segundo parâmetro a ser determinado é a rigidez a torção que é


composto pelo módulo de elasticidade transversal que leva em consideração o
módulo de elasticidade do concreto e o coeficiente de Poisson, a rigidez a torção
pode ser obtida utilizando a equação 2.11.

𝐸𝑐
𝐺=
2 ∗ (1 + 𝜐)

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De acordo com a NBR6118:2014 em seu item 8.2.9 o valor do coeficiente


de Poisson para o concreto deve ser fixado em 0,20.
Ainda de acordo com a NBR6118:2014 em seu item 14.6.6.2 é prescrito
que a rigidez a torção da peça precisa ser reduzida em 85%, ou seja, do valor
calculado inicialmente pode-se utilizar somente 15% da resistência.
Isso se dá pelo fato de que uma peça em concreto armado mesmo no
estádio I, quando submetida a ensaios de resistência apresenta uma queda na
rigidez a torção devido a microfissuras no concreto, o que faz com que seja
necessário considerar apenas 15% de sua resistência a torção.
Por fim é necessário introduzir os carregamentos na grelha, a introdução
destes carregamentos pode ser realizada de duas maneiras, a primeira delas
consiste em utilizar cargas pontuais.
Estas cargas pontuais devem ser introduzidas devem ser introduzidas em
cada um dos nós da grelha, que é formando pelo encontro de duas barras, e esta
carga é determinada de acordo com a área de influência de cada um dos nós.
Já o segundo modelo é consiste em considerar as cargas distribuídas
linearmente sob cada uma das barras da grelha, neste caso o carregamento pode
ser obtido por meio da área influência das barras adjacentes.
Para determinar a área de influência e determinar os carregamentos de
cada uma delas é necessário considerar duas situações, uma para barras internas e
outra para barras do contorno.
Para as barras do contorno o valor do carregamento pode ser encontrado
utilizando a equação 2.12.

𝐸𝑠𝑝2
𝑃𝑏 = ∗𝑝
4 ∗ 𝐸𝑠𝑝

Onde:

• Pb é o carregamento desejado;
• Esp é o espaçamento entre barras da grelha;
• p é o carregamento total atuante na laje.

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Já o carregamento das barras internas pode ser determinado utilizando a


equação 2.13.

𝐸𝑠𝑝2
𝑃𝑏 = ∗2∗𝑝
4 ∗ 𝐸𝑠𝑝

Conhecidos estes parâmetros é possível resolver o sistema barras gerado


utilizando sistemas matriciais, utilizando este sistema é encontrada uma matriz de
rigidez das barras da grelha.
Para obtenção da matriz de rigidez cada uma das barras deve ser
totalmente restringida, e em cada um dos seus seis graus de liberdade devem ser
aplicados deslocamentos unitários.
Como há seis graus de liberdade este sistema retorna uma matriz de
rigidez na ordem de 6x6, representando assim os seis graus de liberdade de cada
um dos nós, essa matriz de rigidez pode ser expressa pela equação 2.14.

𝐺𝑗𝑝 𝐺𝑗𝑝
0 0 − 0 0
𝐿 𝐿
4 ∗ 𝐸𝐼𝑦 6 ∗ 𝐸𝐼𝑦 2 ∗ 𝐸𝐼𝑦 6 ∗ 𝐸𝐼𝑦
0 − 0
𝐿 𝐿2 𝐿 𝐿2
6 ∗ 𝐸𝐼𝑦 12 ∗ 𝐸𝐼𝑦 6 ∗ 𝐸𝐼𝑦 12 ∗ 𝐸𝐼𝑦
0 0 − −
{𝑆𝐿 } = 𝐿2 𝐿3 𝐿2 𝐿3
𝐺𝑗𝑝 𝐺𝑗𝑝
− 0 0 0 0
𝐿 𝐿
2 ∗ 𝐸𝐼𝑦 6 ∗ 𝐸𝐼𝑦 4 ∗ 𝐸𝐼𝑦 6 ∗ 𝐸𝐼𝑦
0 − 0
𝐿 𝐿2 𝐿 𝐿2
6 ∗ 𝐸𝐼𝑦 12 ∗ 𝐸𝐼𝑦 6 ∗ 𝐸𝐼𝑦 12 ∗ 𝐸𝐼𝑦
[ 0 𝐿2

𝐿3
0
𝐿2 𝐿3 ]

Montada esta matriz é possível implementar um sistema computacional


que seja capaz de resolver esta matriz e assim podem ser obtidos os valores de
momento fletor, momento torçor e esforço cortante.
Para exemplificar como funciona o processo de analogia de grelha será
utilizado o mesmo exemplo apresentado anteriormente, afim de se comparar os
resultados obtidos por cada um dos métodos.

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Neste exemplo será utilizado duas seções de vigas diferentes afim de se


comparar a influência do apoio na análise da laje, para realizar estas analises será
utilizado o programa grelha equivalente.
O programa grelha equivalente possui uma interface dotada de uma tela
CAD onde é possível realizar o lançamento dos elementos estruturais e um menu
lateral dividido em categorias de acordo com o elemento a ser lançado, onde é
possível determinar os parâmetros do projeto.

Figura 2.8: Tela inicial do programa grelha equivalente.

A utilização do programa é muito intuitiva, na primeira aba “Dados


iniciais” o programa apresenta as configurações gerais projeto, onde é possível
determinar o fck, peso especifico do concreto, peso especifico das paredes,
determinação do módulo de elasticidade do concreto, determinação da rigidez a
torção e combinação de carregamentos que deve ser utilizada para a análise.

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Figura 2.9: Introdução dos dados no programa grelha equivalente.

Na segunda aba “Linhas de construção” é possível criar linhas auxiliares,


tanto na horizontal quanto na vertical, para facilitar o lançamento dos elementos
na tela cada, os valores introduzidos devem ser inseridos em centímetros.

Figura 2.10: Criação de linhas auxiliares.

Na terceira aba “Pilares” é possível determinar as propriedades dos pilares


que serão utilizados no projeto, sendo possível determinar a seção, altura do pilar
e restrições do apoio.

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Figura 2.11: Parâmetros dos pilares.

Seguindo a quarta coluna “Vigas” permite configurar a seção das vigas,


área, inercia e rigidez a torção da viga, a configuração de vigas é muito importante
pois ela reflete diretamente nos resultados apresentados pelo programa uma vez
que ele consegue levar em consideração o deslocamento da viga na análise dos
esforços e deslocamentos da laje.

Figura 2.12: Parâmetros das vigas.

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Na quinta coluna “Lajes” é possível determinar os parâmetros da laje,


como a sua espessura, nome a ser apresentado, carga acidental, carga permanente
e rigidez a torção da placa.

Figura 2.13: Parâmetros das lajes.

Por fim na aba “Cálculos e malha” é possível determinar o número de


barras que deverão ser criadas, tanto para o eixo X quanto para o eixo Y definido
o número de barras é possível gerar a grelha por meio do botão “Gerar grelha
principal”.
Por meio do botão “Calcular” o realiza a analises dos esforços e
deslocamentos de cada uma das lajes e com o botão “Gerar grelha deformada” o
programa exibe os resultados obtidos.

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Figura 2.14: Comandos para cálculo e visualização dos resultados.

Para ver os esforços atuantes é necessário desenhar os diagramas


desejados, sendo possível gerar diagramas de momento fletor, esforço cortante,
momento torçor e deslocamentos.
Analisando a laje exemplificada anteriormente, considerando vigas de 20 x
40 cm o programa apresentou os seguintes resultados para o momento fletor.

Tabela 2.3: Momentos fletores com vigas de 20 x 40 cm

Momento
Posição Direção
fletor
Apoio Eixo X -0,4457
Centro Eixo X 0,4538
Apoio Eixo Y -0,6096
Centro Eixo Y 0,7110

Já os valores de força de cisalhamento encontrados foram os seguintes.

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Tabela 2.4: Cisalhamento com apoios de 20 x 40 cm

Esforço
Posição Direção
cortante
Apoio Eixo X -1,4091
Apoio Eixo Y -2,0626

Para a segunda situação estudada as vigas passaram a ter seção de 14 x 30


cm, com isso foram obtidos os seguintes valores para os momentos fletores.

Tabela 2.5: Momentos fletores com vigas de 14 x 30 cm

Momento
Posição Direção
fletor
Apoio Eixo X -0,2613
Centro Eixo X 1,4933
Apoio Eixo Y -0,2171
Centro Eixo Y 1,1813

Já para a força de cisalhamento foram encontrados os seguintes valores.

Tabela 2.6: Cisalhamento com apoios de 14 x 30 cm

Esforço
Posição Direção
cortante
Apoio Eixo X -2,0503
Apoio Eixo Y -1,8834

Comparando os dois resultados é possível notar que a mudança na seção


das vigas de apoio da laje influenciou diretamente nos resultados obtidos, com os
apoios de 20x40 cm que tendem a se deslocar menos os valores de momento
negativo foram maiores e os positivos menores.
Quando foi analisada a mesma laje, porem apoiada em vigas de 14x30 cm
que tendem a possuir um deslocamento maior consequentemente restringem
menos os deslocamentos, houve uma queda considerável nos valores obtidos para
os momentos negativos, enquanto os momentos positivos apresentaram valores
bem maiores em relação a primeira análise.

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2.6. Exemplo de dimensionamento de lajes maciças


A partir deste tópico será dado início ao dimensionamento e verificação de
um pano de lajes maciças, para isto será utilizado um exemplo com 3 lajes
maciças engastadas, as lajes estudas possuem as seguintes características.

Figura 2.15: Pano de lajes.

Os dados do projeto são:

• fck = 25 Mpa;
• Classe de agressividade ambiental II;
• γc = 1,40;
• γg = 1,40;
• γs = 1,15;
• αe = 1,00;
• ψ1 = 0,50;
• ψ2 = 0,30.

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Laje 101:

• Lx = 2,50 m;
• Ly = 6,00 m;
• h = 0,10 m;
• Carregamento acidental = 1,50 kN/m²;
• Carregamento permanente = 1,25 kN/m².

Laje 102:

• Lx = 3,00 m;
• Ly = 3,75 m;
• h = 0,10 m;
• Carregamento acidental = 2,00 kN/m²;
• Carregamento permanente = 1,25 kN/m².

Laje 103:

• Lx = 3,00 m;
• Ly = 3,75 m;
• h = 0,10 m;
• Carregamento acidental = 1,50 kN/m²;
• Carregamento permanente = 1,25 kN/m².

Todas as vigas que servem como apoio para as lajes possuem dimensões
de 15 x 50 cm, conhecida as características das lajes a serem estudadas é possível
determinar o carregamento atuante em cada uma delas, na laje 101 atua o seguinte
carregamento.

p101 = 𝑝𝑝 + 𝑔 + 𝑞
p101 = 2,50 + 1,25 + 1,50
p101 = 5,25 𝑘𝑁/𝑚²

Na laje 102 atua o seguinte carregamento.

Eng. Emanuel Dantas 32


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p102 = 𝑝𝑝 + 𝑔 + 𝑞
p102 = 2,50 + 1,25 + 2,00
p102 = 5,75 𝑘𝑁/𝑚²

Por fim na laje 103 atua o seguinte carregamento.

P103 = 𝑝𝑝 + 𝑔 + 𝑞
p103 = 2,50 + 1,25 + 1,50
p103 = 5,25 𝑘𝑁/𝑚²

Conhecidos os carregamentos é possível realizar a análise dos esforços


atuantes nas lajes, neste exemplo optou-se por utilizar o processo de tabela de
Bares adaptada por Pinheiro.
Dando início a análise dos momentos fletores e reação de apoio, a primeira
laje a ser analisada é a L101, como esta laje possui engaste apenas um dos bordos,
para determinar a reação de apoio deve-se utilizar a tabela 2.3A e o tipo de laje é o
2ª, conhecendo isto é possível determinar os coeficientes.
Para determinar quais valores de coeficiente devem ser utilizados é
necessário fazer uma relação entre os vãos da laje, obtendo assim o valor de λ.

𝑙𝑦
λ=
𝑙𝑥
6,00
λ=
2,50
λ = 2,40

Como o λ obtido é 2,40 a laje é considerada como armada em uma direção


e apresenta os seguintes valores de coeficientes.

• mx = 7,03;
• mxe = 12,50;
• my = 1,48.

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Com posso dos coeficientes é possível determinar os momentos fletores o


primeiro deles será o Mx que é dado pela seguinte equação.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑥 = 𝑚𝑥 ∗
100
5,25 ∗ 2,502
𝑀𝑥 = 7,03 ∗
100
𝑀𝑥 = 2,307 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

O segundo momento que deve ser determinado é o My que é o momento


positivo para o eixo Y da laje estudada.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑥𝑒 = 𝑚𝑥𝑒 ∗
100
5,25 ∗ 2,502
𝑀𝑥𝑒 = 12,50 ∗
100
𝑀𝑥𝑒 = 4,102 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Por fim é necessário determinar o valor do momento Mye que é o momento


negativo no eixo Y referente ao engaste da laje.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑦 = 𝑚𝑦 ∗
100
5,25 ∗ 2,502
𝑀𝑦 = 1,48 ∗
100
𝑀𝑦 = 0,486 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Conhecidos os momentos fletores é necessário ainda determinar as reações


de apoio, apesar das vigas não serem dimensionadas neste trabalho é necessário
conhecer as reações de apoio para realizar a verificação quanto ao cisalhamento.
Assim como é feito para os momentos fletores é necessário definir os
coeficientes por meio das tabelas, neste caso utiliza-se a tabela 2.2B e o tipo de
laje considerada é a 2B, com isso obtém-se os seguintes valores.

• rx = 4,38;

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• rxe = 6,25;
• ry = 1,83;
A primeira reação de apoio a ser determinada é referente ao eixo X, para
isto deve-se aplicar a seguinte equação.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑅𝑥 = 𝑟𝑥 ∗
10
5,25 ∗ 2,50
𝑅𝑥 = 4,38 ∗
10
𝑅𝑥 = 5,749 𝑘𝑁

A segunda reação de apoio a ser determinada é a Ry que apresenta o


seguinte resultado.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑅𝑥𝑒 = 𝑟𝑥𝑒 ∗
10
5,25 ∗ 2,50
𝑅𝑥𝑒 = 6,25 ∗
10
𝑅𝑥𝑒 = 8,203 𝑘𝑁

Por fim é necessário determinar a reação de apoio na borda engastada.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑅𝑦 = 𝑟𝑦 ∗
10
5,25 ∗ 2,50
𝑅𝑦 = 1,83 ∗
10
𝑅𝑦 = 2,402 𝑘𝑁

Conhecido o valor dos momentos fletores e reação de apoio para a laje 101
é necessário determinar isto para as outras duas lajes, aplicando a mesma técnica
chegou-se aos seguintes resultados para as demais lajes.

Tabela 2.7: Resultados de momento fletor e reação de apoio das lajes

Laje Mx Mxe My Mye Rx Rxe Ry Rye


101 2,307 4,102 0,486 0 5,749 8,203 2,402 0
102 1,998 4,673 1,325 3,995 4,485 6,555 3,743 5,468
103 1,824 4,267 1,21 3,648 4,095 5,985 3,418 4,993

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Determinados todos os momentos fletores eles devem ser dispostos na


laje, neste momento podem surgir dúvidas quanto a distribuição dos valores no
pano de laje.
Para facilitar o entendimento de onde deve ser disposto o momento fletor
obtido basta seguir uma regra simples, como lajes são elementos do tipo placa o
seu deslocamento máximo ocorrerá na mesma posição tanto para X quanto para
Y.
Sabendo disto é possível concluir que por compatibilidade geométrica o
maior momento fletor deve atuar na menor dimensão da laje, portanto os
momentos encontrados ficaram dispostos da seguinte maneira.

Figura 2.16: Momentos atuantes na laje.

Com isso finaliza-se a processo de obtenção dos momentos fletores e


reações de apoio de todas as lajes estudadas.

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2.7. Compatibilização de momentos


Dando continuidade ao dimensionamento do pano de lajes é preciso
realizar a compatibilização dos momentos obtidos, como a análise por meio de
tabelas considera cada uma das lajes de forma isolada, é comum que em regiões
de engaste surjam momentos fletores diferentes entre as lajes.
Para contornar esta diferença é possível utilizar dois processos, o primeiro
deles é simplesmente utilizar o maior momento fletor negativo encontrado,
entretanto, em alguns casos essa consideração pode ser muito exagerada.
A segunda possibilidade dada pela norma é a compatibilização dos
momentos negativos, seguindo os seguintes critérios.
O primeiro critério prescrito pela NBR6118:2014 é considerar 80% do
maior momento fletor negativo encontrado o segundo critério é fazer uma média
simples dos dois valores obtidos, esses critérios transcritos pela equação 2.15.

0,8 ∗ 𝑥1
𝑥 ≥ { 𝑥1 + 𝑥2
2

O momento fletor a ser considerado deve ser o maior valor entre os dois
obtidos pela relação acima, entretanto, como o valor do momento fletor negativo
foi compatibilizado isto indica que de um lado o momento negativo aumentou
enquanto no outro lado ele diminuiu.
Com isso é necessário modificar o momento positivo obtido inicialmente,
caso o momento negativo seja diminuído pela compatibilização isso indica que há
um aumento no valor do momento positivo, pela simples redistribuição de
esforços.
O novo valor do momento positivo pode ser encontrado aplicando a
equação 2.16.

𝑥1 ∗ 𝑥𝐴
𝑀 = 𝑀1 +
2

Já quando o valor de momento negativo compatibilizado for maior do que


o original isso indica que pela redistribuição de esforços o momento positivo

Eng. Emanuel Dantas 37


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adjacente também deveria mudar, desta vez para um valor menor do que o
encontrado incialmente.
Como o novo momento positivo apresentaria um valor menor do que o
inicial é indicado que não seja essa codireção não seja realizada, sendo assim,
sempre que um momento positivo for apresentar um valor menor do que
originalmente calculado nenhuma alteração deve ser realizada.
Conhecida esta particularidade do modelo de análise é possível dar início a
compatibilização destes momentos, a primeira compatibilização a ser realizada
será entre a continuidade das lajes 101 e 102.
Com base nos resultados originais é possível montar o diagrama de
momentos fletores conforme é mostrado pela figura 2.17.

Figura 2.17: Diagrama de momentos fletores das lajes 101 e 102.

Com posse dos momentos fletores atuantes na continuidade entre as lajes


101 e 102 é possível dar início a compatibilização dos momentos seguindo os
critérios normativos.

0,8 ∗ 𝑀𝑥𝑒
𝑀𝑒 ≥ {𝑀𝑥𝑒 + 𝑀𝑦𝑒
2
0,8 ∗ 4,67
𝑀𝑒 ≥ {4,67 + 4,10
2
0,8 ∗ 4,67 = 3,736 𝑘𝑁 ∗ 𝑚
𝑀𝑒 ≥ {4,67 + 4,00
= 4,385 𝑘𝑁 ∗ 𝑚
2
𝑀𝑒 = 4,385 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Verificando as duas condições prescritas pela NBR6118:2014 chegou-se a


um valor de momento negativo de 4,385 kN*m, considerando a redistribuição de

Eng. Emanuel Dantas 38


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esforços é possível notar que o momento positivo da laje 101 deveria ser
diminuído.
Conforme já foi dito antes não se deve diminuir nenhum valor previamente
encontrado, logo o valor de momento positivo da laje 101 permanecerá com o
valor de 4,10 kN*m.
Continuando com a análise é possível notar que o momento negativo na
continuidade das 101 e 102 ficou menor do que originalmente obtido para a laje
102, sendo assim o momento positivo desta laje tende a aumentar pela
redistribuição de esforços.
O novo momento positivo da laje 102 pode ser obtido pela seguinte
relação.
𝑥1 ∗ 𝑥𝐴
𝑀𝑝𝑜𝑠 = 𝑀1 +
2
4,67 − 4,38
𝑀𝑝𝑜𝑠 = 1,32 +
2
𝑀𝑝𝑜𝑠 = 1,465 kN ∗ m
Após a compatibilização dos momentos o diagrama apresenta os valores
mostrados pela figura 2.18.

Figura 2.18: Diagrama de momentos fletores compatibilizados das lajes 101 e 102.

Feito isto está finalizada a compatibilização dos momentos entre as lajes


101 e 102, porem este processo deve ser realizado para todas as demais lajes que
possuem engastamento.
Então ainda é necessário compatibilizar os momentos para as lajes 101 e
103 e entre as lajes 102 e 103, para isto deve-se seguir os mesmos passos já feitos
anteriormente.
Realizando este processo para as lajes101 e 103 chegou-se aos valores
exibidos pela figura 2.19.

Eng. Emanuel Dantas 39


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Figura 2.19: Diagrama de momentos fletores compatibilizados das lajes 102 e 103.

Por fim compatibilizando os momentos entre as lajes 102 e 103 foi obtido
os resultados apresentados pela figura 2.20.

Figura 2.20: Diagrama de momentos fletores compatibilizados das lajes 102 e 103.

Com isso finaliza-se o processo de compatibilização dos momentos,


podendo então partir para o dimensionamento das armaduras necessárias.

2.8. Dimensionamento da armadura


Neste tópico será realizado o dimensionamento das armaduras necessárias
paras lajes, tanto as armaduras positivas quanto as armaduras negativas.
A primeira armadura a ser dimensionada será a da laje 101 para o eixo X,
para este caso o momento fletor atuante é de 2,30 kN*m, dando início ao
dimensionamento da armadura deve-se majorar este momento para o estado limite
último.
𝑀𝑠𝑑 = 𝛾g ∗ 𝑀x
𝑀𝑠𝑑 = 1,40 ∗ 2,30
𝑀𝑠𝑑 = 3,22 kN ∗ m
Prosseguindo é necessário determinar a altura útil da laje que é a distância
entre o centro de gravidade da armadura e a fibra mais tracionada do concreto.

Eng. Emanuel Dantas 40


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Sabendo disto é possível concluir que como as lajes possuem armadura


nos dois sentidos haverá duas alturas uteis, uma para a armadura primaria e outra
para a armadura secundária, conforme é mostrado pela figura 2.21.

Figura 2.21: Altura útil.

A fato de se determinar duas alturas uteis diferentes pode ser causar


problemas de execução, pois há possibilidade de no momento da montagem se
inverter armadura.
Para que isso não aconteça é indicado utilizar uma única altura útil para o
dimensionamento de ambas as armaduras, logicamente, deve-se escolher a menor
altura útil encontrada.
Para determinar a altura útil da laje é necessário conhecer a armadura
utilizada, entretanto, neste momento ainda não é possível conhecer este valor,
logo será estimado que se utilizará um aço de 6.3 mm, com isso a altura útil
possui o seguinte valor.

ø𝑠
𝑑 = h − (𝑐𝑛𝑜𝑚 + ø𝑝 + )
2
0,0063
𝑑 = 0,10 − (0,025 + 0,0063 + )
2
𝑑 = 0,0656 m

Conhecida a altura útil é necessário determinar o valor de fcd que é a


resistência de projeto do concreto.

𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑 =
𝛾𝑐
25 ∗ 1000
𝑓𝑐𝑑 =
1,40
𝑓𝑐𝑑 = 17857,143 𝑘𝑁/𝑚²

Eng. Emanuel Dantas 41


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Conhecido estes parâmetros é possível determinar a altura da linha neutra,


para isto basta utilizar a seguinte equação.

𝑀𝑠𝑑
𝑥 = 1.25 ∗ 𝑑 ∗ (1 − √1 − ( ))
0,425 ∗ 𝑏𝑤 ∗ 𝑑2 ∗ 𝑓𝑐𝑑

3,22
𝑥 = 1.25 ∗ 0,0656 ∗ (1 − √1 − ( ))
0,425 ∗ 0,10 ∗ 0,06562 ∗ 17857,143

𝑥 = 0,00415 𝑚

Conhecida a posição da linha neutra é necessário verificar se a peça


respeita o limite de ductilidade estabelecido pela NBR6118:2014 em seu item
14.6.4.3 onde ela diz que o limite de x/d deve ser de 0,45 para concretos de até 50
MPa.

𝑥 0,00415
= = 0,063
𝑑 0,0656

Como x/d resultou em 0,115 pode-se concluir que o limite de ductilidade


estabelecido pela NBR6118:2014 está sendo respeitado.
Ainda é necessário conhecer em qual domínio a laje está sendo
dimensionada, isto pode ser feito definido quais são os limites entre os domínios
de deformação, o limite entre os domínios 2 e 3 é dado pela seguinte equação.

𝑥23 = 0,259 ∗ d
𝑥23 = 0,259 ∗ 0,063
𝑥23 = 0,016

Como a linha neutra apresentou um valor de 0,00415 m e o limite entre os


domínios 2 e 3 está em 0,016 m pode-se concluir que a peça está sendo
dimensionada no domínio 2.
Como todas estas verificações foram positivas isso nos permite continuar
normalmente com o dimensionamento da laje, o próximo passo agora é

Eng. Emanuel Dantas 42


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

determinar a armadura que deve ser utilizada, para isto basta utilizar a seguinte
equação.

𝑀𝑠𝑑
𝐴𝑠 =
(𝑑 − 0,40 ∗ 𝑥) ∗ 𝑓𝑦𝑑
3,22
𝐴𝑠 =
(0,0656 − 0,40 ∗ 0,00415) ∗ 43,478
𝐴𝑠 = 1,159 𝑐𝑚²

Finalizado o dimensionamento é necessário definir uma armadura mínima


e compra-la com a armadura dimensionada, devendo ser utilizada aquela que for
maior, a obtenção desta armadura pode ser feita aplicando a seguinte equação.

𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = 0,15 ∗ 𝑏𝑤 ∗ ℎ
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = (0,15 ∗ 1,00 ∗ 0,10) ∗ 100
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = 1,50 𝑐𝑚²

Como a armadura mínima é menor que a calculada deve-se utilizar a


calculada, com isso já é possível determinar a quantidade de barras necessárias
para cada faixa unitária de laje.

𝐴𝑠
𝑁𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 =
𝐴𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎
1,50
𝑁𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 =
0,311
𝑁𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 = 4,823 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠

Como não é possível trabalhar com 4,823 barras este valor deve ser
arredondado para o próximo valor inteiro, neste caso serão utilizadas 5 barras,
para finalizar o dimensionamento da armadura é preciso determinar o
espaçamento entre as barras que é dado pela seguinte equação.

100
𝑠=
𝑛𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠

Eng. Emanuel Dantas 43


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

100
𝑠=
5
𝑠 = 20 𝑐𝑚

Afim de facilitar a execução será utilizado um espaçamento entre barras de


20 cm, com isso conclui-se o dimensionamento da armadura positiva para o eixo
X da laje 101, todo este processo deve ser feito para o eixo Y e repetido para as
demais lajes.
Repetindo todo este processo obteve-se as armaduras positivas exibidas na
tabela 2.8.

Tabela 2.8: Armaduras positivas

Laje Asx (cm²) Asy (cm²)


101 1,159 0,547
102 1,046 0,744
103 0,912 0,637

Como todas as lajes possuem a mesma altura elas irão demandar a mesma
armadura mínima, ou seja, todas elas necessitam de 1,50 cm², sendo assim todos
os valores de armadura apresentados pela tabela 2.8 que sejam inferiores ao
mínimo devem ser descartados, sendo adotado a armadura mínima em seu lugar.
Por fim aplicando este processo de cálculo para as continuidades das lajes
foram obtidos os resultados exibidos pela tabela 2.9.

Tabela 2.9: Armaduras negativas

Continuidade Asneg (cm²)


Laje 101 - 102 2,04
Laje 102 - 103 1,77

Como as continuidades entre as lajes 101 – 102 e 101 – 103 apresentam


valores de momento negativo com uma diferença mínima optou-se por
dimensionar ambas as continuidades levando em conta o maior momento fletor.
Com isso conclui-se o dimensionamento de todas as armaduras das
necessárias no pano de lajes, sendo necessário ainda realizar as verificações para o
estado limite de serviço e quanto ao cisalhamento.

Eng. Emanuel Dantas 44


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2.9. Verificação quanto ao estado limite de serviço


Neste tópico será iniciada a verificação das lajes dimensionadas
anteriormente, essa verificação visa determinar os valores de deslocamentos nas
lajes e verificar se estes valores estimados estão dentro dos limites estabelecidos
pela tabela 13.3 da NBR6118:214.
A primeira a se definir os deslocamentos será a laje 101, neste exemplo as
lajes serão verificadas apenas quanto a aceitabilidade sensorial visual, sendo assim
para dar início a verificação dos deslocamentos é necessário determinar o
carregamento para a combinação de carregamento quase permanente.

𝑝 = 𝑝𝑝 + 𝑔 + (𝜓2 ∗ 𝑞)
𝑝 = 2,50 + 1,25 + (0,30 ∗ 1,50)
𝑝 = 4,20 𝑘𝑁

Seguindo é necessário determinar o valor do modulo de elasticidade do


concreto conforme é prescrito pelo item 8.2.8 da NBR6118:2014.

𝐸𝑐𝑖 = 𝛼𝑒 ∗ 5600 ∗ √𝑓𝑐𝑘

𝐸𝑐𝑖 = 1,00 ∗ 5600 ∗ √25


𝐸𝑐𝑖 = 28000 𝑀𝑃𝑎

Agora o próximo passo é determinar a inercia da seção para isto basta


utilizar a já conhecida equação dada pela resistência dos materiais.

𝑏 ∗ ℎ3
𝐼𝑐 =
12
1,00 ∗ 0,103
𝐼𝑐 =
12
𝐼𝑐 = 0,000083 𝑚4

Agora é necessário determinar o valor de fctm que é a resistência média à


tração do concreto que é dado pelo item 8.2.5 da NBR6118:2014.

2
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,30 ∗ 𝑓𝑐𝑘 3

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2
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,30 ∗ 253
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 2,565 𝑀𝑃𝑎

Continuando com os cálculos é necessário determinar o valor de yt que é e


a distância entre o centro de gravidade e a fibra mais tracionada da peça.


𝑦𝑡 =
2
0,10
𝑦𝑡 =
2
𝑦𝑡 = 0,05 𝑚

Conhecidos todos estes parâmetros é possível calcular que é o momento


resistente da laje, que é o momento ao qual a laje pode ser submetida sem que
apresente fissuras, para isto basta aplicar a seguinte equação.

𝛼𝑠 ∗ 𝑓𝑐𝑡𝑚 ∗ 𝐼𝑐
𝑀𝑟 =
𝑦𝑡
1,50 ∗ (2,565 ∗ 1000) ∗ 0,000083
𝑀𝑟 =
0,05
𝑀𝑟 = 6,412 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Como o momento resistente obtido foi de 6,412 kN*m e o máximo


momento atuante na laje 101 é de 4,10 kN*m pode-se dizer que laje está no
estádio I, ou seja, ela não apresenta fissuras.
Como a laje não fissura é admissível a utilização da inercia bruta, caso a
laje caia no estádio II é necessário determinar a inercia dela utilizando a equação
de inercia de Branson que trata de peças fissuradas.
Neste caso como o momento resistente é maior do que o atuante é possível
seguir tranquilamente com a verificação, sendo que agora já é possível estimar a
flecha imediata da laje.
A expressão responsável por fornecer a flecha imediata é dada pela tabela
de Bares adaptada por Pinheiro e é apresentada pela equação 2.16.

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𝛼 𝑏𝑤 𝑝 ∗ 𝑙𝑥 4
𝑓𝑖 = ∗ ∗
100 12 𝐸𝑐𝑖 ∗ 𝐼𝑐

Onde:

• α é o coeficiente tabelado de acordo com o λ e vinculação da laje;


• lx é o menor vão da laje;
• Eci é o módulo de elasticidade do concreto;
• Ic é o momento de inercia da laje.

Para determinar a flecha na laje 101 é necessário utilizar a tabela 2.5ª e a


laje do tipo 2, como o λ da laje é maior do que 2 o valor de α vale 6,50.

𝛼 𝑏𝑤 𝑝 ∗ 𝑙𝑥 4
𝑓𝑖 = ∗ ∗
100 12 𝐸𝑐𝑖 ∗ 𝐼𝑐
6,50 100 4,20 ∗ 2,504
𝑓𝑖 = ( ∗ ∗ ) ∗ 100
100 12 28000 ∗ 1000 ∗ 0,000083
𝑓𝑖 = 0,038 𝑐𝑚

Estimada a flecha imediata ainda é necessário estimar a flecha diferida que


leva em conta a fluência e retração do concreto.
De acordo com o item 17.3.2.1.2 da NBR6118:2014 esta flecha diferida
pode ser estimada de forma aproximada multiplicando a flecha imediata pelo fator
αf.
Para definir o fator αf é necessário determinar alguns parâmetros, o
primeiro deles é o ξt que é dado em função do tempo em que se deseja obter o
valor da flecha diferida.
O valor do coeficiente ξt pode ser obtido por equações prescritas pelo item
17.3.2.1.2 ou por meio da tabela 17.1 da NBR6118:2014, para tempos maiores do
que 70 meses o valor de ξt este valor é fixado pela norma como sendo 2.
Como a fluência e retração tendem a se estabilizar apenas depois de 30
anos a flecha diferida também tende a se estabilizar após os 30 anos, sendo assim

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o valor de ξt será definido como sendo 2, conforme é estipulado pela


NBR6118:2014.
Seguindo é necessário determinar o valor de ξt0 que é a idade, em meses,
na qual o carregamento será introduzido na estrutura, neste caso será considerada
que os carregamentos permanentes serão introduzidos na laje 1 mês após a sua
concretagem.

𝜉𝑡0 = 0,68 ∗ (0,996𝑡 ) ∗ 𝑡 0,32


𝜉𝑡0 = 0,68 ∗ (0,9961 ) ∗ 10,32
𝜉𝑡0 = 0,677

Conhecido os valores de ξt e ξt0 é necessário determinar o Δξ que é dado


pela seguinte equação.

𝛥𝜉 = 𝜉𝑡 − 𝜉𝑡0
𝛥𝜉 = 2,00 − 0,677
𝛥𝜉 = 1,323

Como as vigotas treliçadas não possuem armadura de compressão o valor


de ρ’ é zero, com isso já é possível determinar o valor do coeficiente αf que é dado
pela seguinte equação.

𝛥𝜉
𝛼𝑓 =
1 + 50 ∗ 𝜌′
1,323
𝛼𝑓 =
1 + 50 ∗ 0
𝛼𝑓 = 1,323

Conhecido o valor de αf é possível estimar a flecha diferida no tempo, para


isto basta utilizar a seguinte expressão.

𝑓𝑑 = 𝑓𝑖 ∗ (1 + 𝛼𝑓 )
𝑓𝑑 = 0,038 ∗ (1 + 1,323)
𝑓𝑑 = 0,088 𝑐𝑚

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Estimado o valor da flecha imediata e diferida é necessário verificar se ela


está dentro dos limites estabelecidos pela tabela 13.3 da NBR6118:2014, como a
verificação de flechas neste exemplo foi para a aceitabilidade sensorial visual o
limite estabelecido tabela 13.3 é de l / 250.

𝑙𝑥 ∗ 100
𝑓𝑙 =
250
2,50 ∗ 100
𝑓𝑙 =
250
𝑓𝑙 = 1,00 𝑐𝑚

Como a flecha limite é de 1 cm e a flecha estimada é de 0,213 cm pode-se


concluir que a laje 101 está bem dimensionada quanto ao estado limite de serviço
para a aceitabilidade sensorial visual.
Dando continuidade ao processo é necessário realizar este mesmo processo
para as lajes 102 e 103, como elas são simétricas basta estimar a flecha em uma
das lajes, os resultados obtidos são apresentados pela tabela 2.10.

Tabela 2.10: Flechas estimadas

p Mrd Msd fi fd
Laje α αf
(kN) (kN*m) (kN*m) (cm) (cm)
Laje 102 3,61 4,35 6,41 2,08 0,045 1,323 0,106
Laje 103 3,61 4,20 6,41 1,82 0,044 1,323 0,102

Concluída a estimativa das flechas para todas as lajes e comparando os


valores obtidos com os limites estabelecidos pela tabela 13.3 da NBR6118:2014
pode-se concluir que todas as lajes apresentam um bom comportamento quanto a
aceitabilidade sensorial visual.

2.10. Verificação quanto ao cisalhamento


Neste tópico será realizada a verificação da laje quanto ao cisalhamento,
essa verificação é prescrita pelo item 19.4.1 da NBR6118:2014, para que a laje
não necessite de armadura para cisalhamento é necessário que o Vsd seja menor do
que Vrd1.

Eng. Emanuel Dantas 49


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O Vsd nada mais é do que a maior reação de apoio da laje, cujo os valores
foram determinados anteriormente, majorado pelo coeficiente γg, a primeira laje a
ser verificada quanto ao cisalhamento é a 101 cujo a maior reação de apoio é
6,563 kN.

𝑉𝑠𝑑 = 𝛾𝑔 ∗ 𝑉𝑠𝑘
𝑉𝑠𝑑 = 1,40 ∗ 8,203
𝑉𝑠𝑑 = 11,484 𝑘𝑁

Conhecido o valor de Vsd é necessário compara-lo com o valor de Vrd1,


entretanto, para determinar o valor de Vrd1 é preciso antes de tudo determinar os
valores de alguns coeficientes.
O primeiro coeficiente que deve ser determinado é o fctkinf que é a
resistência a tração direta prescrita pelo item 8.2.5 da NBR6118:2014.

2
𝑓𝑐𝑡𝑘𝑖𝑛𝑓 = 0,70 ∗ 0,30 ∗ 𝑓𝑐𝑘 3
2
𝑓𝑐𝑡𝑘𝑖𝑛𝑓 = 0,70 ∗ 0,30 ∗ 253
𝑓𝑐𝑡𝑘𝑖𝑛𝑓 = 1,795 𝑀𝑃𝑎

Conhecido o valor do fctkinf é possível determinar o valor de fctd que nada


mais é do que valor de cálculo do fctkinf.

𝑓𝑐𝑡𝑘𝑖𝑛𝑓
𝑓𝑐𝑡𝑑 =
𝛾𝑐
1,795
𝑓𝑐𝑡𝑑 =
1,40
𝑓𝑐𝑡𝑑 = 1,282 𝑀𝑃𝑎

Continuando é preciso determinar o valor do τrd que é a tensão resistente


de cálculo do concreto ao cisalhamento.
Seguindo é necessário determinar a taxa geométrica de armadura chamada
ρ1, para este caso será considerado a maior área de aço positiva da laje 101

Eng. Emanuel Dantas 50


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

portanto 2,11 cm², sabendo disto basta aplicar a seguinte equação para determinar
a taxa de armadura.

𝐴𝑠
𝜌1 =
𝑏𝑤 ∗ 𝑑
1,50
𝜌1 = ( ) ∗ 100
100 ∗ 6,56
𝜌1 = 0,229 %

O próximo coeficiente que deve ser determinado é o “K” que para


elementos cujo 50% da armadura inferior não chegam ao apoio vale 1 e nos
demais casos o valor deste coeficiente pode ser obtido por meio da seguinte
equação.

𝑘 = 1,60 − 𝑑
6,56
𝑘 = 1,60 −
100
𝑘 = 1,534 𝑐𝑚

Conhecidos todos estes parâmetros é possível determinar o valor de V rd1


que é dado pela seguinte expressão.

𝜌1
𝑉𝑟𝑑1 = 𝜏𝑟𝑑 ∗ 𝑘 ∗ (1,20 + (40 ∗ ( ))) ∗ 𝑏𝑤 ∗ 𝑑
100

0,229
𝑉𝑟𝑑1 = 0,032 ∗ 1,534 ∗ (1,20 + (40 ∗ ( ))) ∗ 100 ∗ 6,56
100

𝑉𝑟𝑑1 = 41,679 𝑘𝑁

Como o valor de Vsd é de 11,484 kN e o valor de Vrd1 é de 41,679 kN


pode-se concluir que a laje 101 não necessita de armadura para combate ao
cisalhamento.
Este mesmo processo de cálculo deve ser realizado para as lajes 102 e 103,
seguindo todos os passos descritos acima chegou-se aos resultados apresentados
pela tabela 2.11.

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Tabela 2.11: Verificação quanto ao cisalhamento

As Vsk Vsd
Laje ρ1 (%) Vrd1 (kN)
(cm²) (kN) (kN)
Laje 102 1,50 6,55 9,177 0,229 41,679
Laje 103 1,50 5,99 8,379 0,229 41,679

Finalizado o processo de verificação quanto ao cisalhamento é possível


notar que nenhuma das lajes necessita de armadura para combate ao cisalhamento
uma vez que o próprio concreto resiste com folga a estes esforços.

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3. LAJES TRELIÇADAS
Neste capitulo será feita a introdução as lajes treliçadas, este tipo de laje é
muito utilizado em obras de pequeno e médio onde as cargas não são muito
elevadas.

3.1. Introdução a lajes treliçadas


As lajes treliçadas são constituídas basicamente de três elementos, que são
as vigotas pré-fabricadas, enchimento e capa de concreto, a figura abaixo
demonstra a esquematização do sistema.

Figura 3.1: Corte esquemático de uma laje treliçada.

A utilização deste tipo de laje em estruturas menores é muito vantajosa


pois ela basicamente elimina a utilização de formas uma vez que o próprio
elemento de enchimento serve como forma.
Além de servir como forma o enchimento utilizado nestas lajes ainda ajuda
a reduzir o seu peço final, o que é uma outra grande vantagem quando comparada
com lajes maciças, o material de enchimento utilizado pode ser do tipo cerâmico,
utilizando tijolos ou lajotas, sendo este o sistema convencional.
Outro material que pode ser utilizado para realizar o enchimento é o
isopor, o que ajuda a diminuir ainda mais o peso da laje treliçadas e a sua
utilização como material de enchimento tem se difundido muito nos últimos anos.
Entretanto quando se utiliza isopor como enchimento é necessário utilizar
uma cola especial para fixar reboco no isopor, por conta deste problema executivo
em muitos casos se opta por utilizar lajotas cerâmicas.

Eng. Emanuel Dantas 53


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Outro item que é reduzido quando se utiliza lajes treliçadas é o


escoramento, em lajes treliçadas com vãos de até 1,50 metros o escoramento pode
ser totalmente dispensado.
Isto acontece, pois, as vigotas pré-moldadas em pequenos vãos conseguem
resistir bem aos esforços de peso próprio, elementos de enchimento, concreto da
capa e pequenas cargas acidental, como a de um operário se locomovendo.
Conhecendo estes fatores é possível concluir que a utilização de pontaletes
para realizar o escoramento da laje é bastante reduzido o que ajuda a diminuir
custos.
Como já foi dito as lajes treliçadas utilizam vigotas pré-moldadas e a
utilização destas vigotas também deve ser estudada.
As vigotas que compõem uma laje treliçada logicamente utiliza treliças
metálicas em sua composição, as informações destas treliças podem ser facilmente
obtidas nos catálogos dos fabricantes.
Entretanto apesar dos fabricantes exibir inúmeros modelos de treliças em
seus catálogos é possível que todos estes modelos não sejam encontrados no
mercado de diversas regiões.
Sendo assim a escolha da treliça a ser utilizada deve ser realizada levando-
se em conta os modelos ofertados pelo fabricante em seus catálogos e a
disponibilidade deste modelo de treliça no mercado local.
Escolhido o modelo da treliça é necessário moldar a vigota e para realizar
este processo de fabricação é necessário seguir alguns critérios, os elementos
básicos de uma vigota treliçada são demonstrados pela figura 3.2.

Figura 3.2: Corte esquemático de uma laje treliçada.

Eng. Emanuel Dantas 54


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Como pode ser visto na figura esta vigota pré-moldada é constituída


basicamente de uma treliça e uma base de concreto, as dimensões mínimas desta
base de concreto são dadas pela NRB14859-1:2016.
Sendo que de acordo com a tabela 3 da NBR14859-1:2016 a altura mínima
desta base deve possuir uma espessura de 3 cm e a sua largura mínima de acordo
com esta mesma tabela deve ser de 13 cm.
Esta base além de servir como apoio para os elementos de enchimento
ainda possui a finalidade de alojar a armadura adicional da treliça que deve ser
calculada de acordo com a necessidade de cada projeto.
Caso a armadura calculada não possa ser alojada na base da vigota
treliçada é possível ainda posicionar uma segunda camada de armadura logo
acima da base, conforme é mostrado pela figura 3.3.

Figura 3.3: Detalhe de uma laje treliçada.

Ainda de acordo com a tabela 7.3 da NBR14859-1:2016 é necessário


considerar uma largura mínima de apoio de 1,5 cm que servirá para apoiar o
elemento de enchimento na treliça.

Eng. Emanuel Dantas 55


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3.2. Introdução aos processos executivos de lajes treliçadas


Neste tópico serão abordados quais são os processos executivos de lajes
treliçadas e quais as medidas devem ser tomadas para uma boa execução deste
tipo de lajes.
Em lajes treliçadas além da armadura adicional inserida na treliça ainda é
necessário utilizar uma armadura de distribuição que compõem a mesa da nervura
que possui a finalidade de resistir aos esforços de compressão e distribuir as
cargas nas nervuras.
Além disto está armadura também é utilizada combater os efeitos de
retração do concreto, consolidar a estrutura da nervura na capa e controlar a
abertura de fissuras na laje.

Figura 3.4: Armadura de distribuição.

O valor mínimo de armadura de distribuição é dado pelo maior valor entre


de 0,60 cm²/m e 20% da armadura positiva e o espaçamento entre as barras não
deve ser superior a 33 cm.
Atualmente é muito comum a utilização de telas soldadas para compor a
armadura de distribuição, sendo assim o indicado é utilizar no mínimo a tela Q61
que possui um espaçamento de 15 x 15 cm e totaliza uma área de aço de 0,61 cm².
Nos apoios que não possuem continuidade a NBR6118:2014 em seu item
19.3.3.2 indica a utilização de uma armadura de borda, esta armadura possui a
finalidade de combater eventuais fissurações decorrentes do engaste parcial.

Eng. Emanuel Dantas 56


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A quantidade de armadura a ser utilizada é a mesma calculada como


armadura mínima de lajes que é dada pela tabela 19.1 da NBR6118:2014
possuindo um comprimento de l/5 e com espaçamento entre barras de 2 vezes a
altura da laje.
Partindo para o manuseio das vigotas no canteiro de obra devem ser
tomados alguns cuidados, sendo necessário que no momento do transporte o
içamento da vigota seja feito no encontro entre as diagonais e fio superior,
conforme é demonstrado pela figura 3.5.

Figura 3.5: Pontos de içamento das vigotas.

Além dos pontos indicados para realizar o içamento ainda é necessário


considerar certas distancias para isto, quando se tem elementos com comprimento
menor do que 4 metros é recomendado que o içamento seja feita em dois pontos a
1/5 do vão a partir da extremidade, conforme é demonstrado pela figura 1.6.

Figura 3.6: Distância de içamento para elementos menores do que 4 metros.

Quando for utilizada vigotas com comprimento maior do que 4 metros é


recomendado realizar o içamento em 3 pontos, sendo dois pontos a 1/5 do vão, a

Eng. Emanuel Dantas 57


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partir da extremidade e um terceiro ponto no meio do vão, conforme é


demonstrado pela figura 3.7.

Figura 3.7: Distância de içamento para elementos maiores do que 4 metros.

Ainda é necessário tomar cuidado para que o balanço em transporte não


exceda 1,30 metros e a distância entre os dois pontos internos de içamento não
ultrapasse o comprimento de 2,40 metros.
Conhecida como deve ser feita a movimentação das vigotas treliçadas em
obra é necessário conhecer também os critérios de escoramento da laje, este
escoramento pode ser realizado utilizando-se pontaletes de madeira ou
escoramento metálico.
A grande vantagem de se utilizar escoramento metálico é a sua facilidade
de ajuste de altura, uma vez que este tipo de escoramento possui um sistema que
permite aumentar ou diminuir o seu tamanho de forma rápida e simples.
Estes escoramentos também precisam possuir uma distância máxima que
garanta a boa execução da laje, para lajes baixas na ordem de 10 a 16 cm é
indicada a utilização de uma distância entre linhas de escoramento de até 1,30
metros.
Quando se utiliza lajes mais altas, com por exemplo, lajes de 17 a 24 cm é
indicado distanciar as linhas de escoramento a cada 1,20 metros, enquanto para
lajes com alturas maiores do que estas é indicado utilizar 1,00 metro de distância
entre as linhas de escoramento.

Eng. Emanuel Dantas 58


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Após a laje ser montada e concretada é necessário realizar a desforma da


laje, o prazo para o descimbramento da laje deve ser indicado em projeto, sendo
indicado que o prazo mínimo seja de 21 dias após a concretagem.
Em edifícios de múltiplos pavimentos o escoramento da laje inferior deve
ser retirado somente após a retirada do escoramento da laje imediatamente
superior.
A retirada do escoramento ainda deve seguir um sentido padrão, a
sequência de retirada dos escoramentos de uma laje bi apoiada deve ser do centro
para as bordas conforme é mostrado pela figura 3.8.

Figura 3.8: Sequência de retirada dos escoramentos.

Quando se trata de lajes em balanço a sequência de retirada dos


escoramentos muda, sendo necessário retirar primeiro os escoramentos das bordas
e posteriormente os escoramentos internos, conforme pode ser visto na figura 3.9.

Figura 3.9: Retirada dos escoramentos em elementos em balanço.

Eng. Emanuel Dantas 59


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3.3. Análise dos esforços atuantes em lajes treliçadas


Neste tópico do trabalho será demonstrado como é feita análise dos
esforços atuantes em uma laje treliçada.
Dando início a análise dos esforços a primeira coisa que deve ser feita é a
determinação do entre eixo da laje, para realizar esta determinação é necessário
considerar metade da dimensão do bloco de enchimento de cada um dos lados
mais a largura da sapata, conforme pode ser visualizado na figura 3.10.

Figura 3.10: Entre eixos de uma laje treliçada.

O valor de entre eixos pode ser obtido conforme é demonstrado pela


equação 3.1.

𝐿𝑒𝑛𝑐ℎ𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝐸𝐸 = 𝐿𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 + (2 ∗ )
2

Esta equação ainda pode ser resumida à equação 3.2.

𝐸𝐸 = 𝐿𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 + 𝐿𝑒𝑛𝑐ℎ𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜

Onde.

• EE é o entre eixos da laje estudada;


• Lsapata é a largura da vigota treliçada;
• Lenchimento é a largura do bloco de enchimento utilizado.

Conhecido o entre eixos da laje é possível determinar o carregamento


atuante na vigota treliçada, uma vez que o valor do entre eixos é exatamente a
largura de influência da vigota.

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Sabendo disto é possível determinar o carregamento atuante na vigota


treliçada aplicando a equação 3.3.

𝑝 = 𝐸𝐸 ∗ 𝑞

Onde:

• p é o carregamento linearmente distribuído na vigota;


• q é o carregamento total distribuído na laje.

Conhecido o valor do carregamento atuante em cada uma das vigotas


treliçadas é possível determinar o esforço cortante atuante na laje, para casos onde
a laje é considerada como bi apoiada basta aplicar a equação 3.4.

𝑝∗𝑙
𝑉𝑠𝑘 =
2

Já o momento fletor para uma laje bi apoiada pode ser obtido utilizando a
equação 3.5.

𝑝 ∗ 𝑙2
𝑀𝑘 =
8

Caso a laje estudada possua continuidade é necessário utilizar outros


métodos para obtenção do esforço cortante e momento fletor, podendo ser
utilizado o método dos deslocamentos ou processo de Cross.
Para exemplificar de forma prática como são obtidos os valores de
esforços cortantes e momento fletor será utilizado o exemplo de uma laje treliçada
com as bordas simplesmente apoiadas demonstrada pela figura 3.11.

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Figura 3.11: Exemplo prático de uma laje treliçada.

A laje exemplificada possui os seguintes carregamentos atuantes:

• Peso próprio = 1,85 kN/m²;


• Carregamento permanente = 1,00 kN/m²;
• Carregamento acidental = 1,50 kN/m².

A seção em corte da laje possui as dimensões exemplificadas na figura


3.12.

Figura 3.12: Corte esquemático da laje estudada.

Como é descrito pela figura 3.12 a sapata possui 13 cm que é o mínimo


estabelecido pela NBR14859-1:2016 e o bloco de enchimento possui 30 cm de

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largura, considerando somente a região fora do apoio, conhecendo estas


características basta aplicar a seguinte equação para determinar o entre eixos.

𝐸𝐸 = 𝐿𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 + 𝐿𝑒𝑛𝑐ℎ𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝐸𝐸 = 13 + 30
𝐸𝐸 = 43 𝑐𝑚

Conhecido o valor do entre eixos da laje é possível determinar qual é o


carregamento atuante em cada uma das vigotas treliçadas da laje, para isto utiliza-
se a seguinte expressão.

𝑝 = 𝐸𝐸 ∗ 𝑞
𝑝 = 0,43 ∗ (1,85 + 1,00 + 1,50)
𝑝 = 1,87 𝑘𝑁/𝑚

Determinado o carregamento atuante em cada uma das vigotas é possível


determinar qual é o esforço cortante atuante, como já foi dito anteriormente a laje
é considerada simplesmente apoiada.

𝑝∗𝑙
𝑉𝑠𝑘 =
2
1,87 ∗ 3,20
𝑉𝑠𝑘 =
2
𝑉𝑠𝑘 = 2,992 𝑘𝑁/𝑚

Já o valor do momento fletor pode ser obtido da seguinte maneira.

𝑝 ∗ 𝑙2
𝑀𝑘 =
8
1,87 ∗ 3,202
𝑀𝑘 =
8
𝑀𝑘 = 2,39 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Feito todo este processo é finalizada a obtenção dos esforços atuantes em


uma vigota treliçada, a partir deste ponto a obtenção da armadura necessária pode
ser realizada da mesma maneira que para vigas.

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3.4. Exemplo de dimensionamento de laje treliçada


A partir deste tópico será dado início ao dimensionamento de um pano de
lajes treliçadas, para isto será utilizado um exemplo com 3 lajes treliçadas onde
duas lajes possuem continuidade entre si e outra laje é considerada bi apoiada, as
lajes estudas são mostradas pela figura 3.13.

Figura 3.13: Pano de lajes treliçadas.

Os dados do projeto são os seguintes.

• fck = 25 MPa;
• h = 0,12 m;
• Classe de agressividade ambiental II;
• γc, γg, γs = 1,40;
• αe = 1,00;
• ψ1 = 0,50;
• ψ2 = 0,30;
• Es = 210000 MPa.

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Laje 101:

• Lx = 2,50 m;
• Ly = 6,00 m;
• Carregamento acidental = 1,50 kN/m²;
• Carregamento permanente = 1,00 kN/m².

Laje 102 e laje 103:

• Lx = 3,00 m;
• Ly = 3,70 m;
• Carregamento acidental = 1,50 kN/m²;
• Carregamento permanente = 1,00 kN/m².

Para dar início ao dimensionamento das lajes é preciso saber que as lajes
102 e 103 são engastadas entre si e a laje 101 é considerada bi apoiada pois o
sentido das vigotas é diferente do das demais lajes o que impede o engastamento
com as lajes vizinhas.
Para dar início ao dimensionamento da laje é necessário determinar qual é
o carregamento total em cada uma das vigotas treliçadas, os carregamentos
acidentais e permanentes já são conhecidos, entretanto, o carregamento de peso
próprio ainda não.
Para determinar este carregamento é necessário considerar uma faixa de
um metro de laje conforme pode ser visto na figura 3.14.

Figura 3.14: Determinação do peso próprio da laje.

Neste um metro é necessário considerar a área do bloco de enchimento e


área de concreto de forma separada uma vez que cada um dos materiais possui um
peso especifico.

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Com auxílio do AutoCad chegou-se a uma área de enchimento de 0,051


m², o enchimento escolhido é o EPS que possui um peso próprio de 0,20 kN/m³,
com isso chegou-se ao seguinte valor de peso próprio devido aos blocos de
enchimento.

𝑃𝑃𝑒𝑛𝑐ℎ𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 𝐴𝑒𝑐ℎ𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ∗ 𝛾𝑝𝑝

𝑃𝑃𝑒𝑛𝑐ℎ𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 0,051 ∗ 0,20


𝑘𝑁
𝑃𝑃𝑒𝑛𝑐ℎ𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 = 0,0102
𝑚2

Para o concreto foi obtida uma área de 0,0678 m² considerando o seu peso
especifico de 25 kN/m³ obteve-se o seguinte peso próprio devido ao concreto.

𝑃𝑃𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜 = 𝐴𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜 ∗ 𝛾𝑐
𝑃𝑃𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜 = 0,0678 ∗ 25
𝑃𝑃𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜 = 1,695 𝑘𝑁/𝑚²

Somando os dois resultados obtidos é possível compor o peso próprio da


laje por metro quadrado.

𝑃𝑃 = 𝑃𝑃𝑒𝑛𝑐ℎ𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ∗ 𝑃𝑃𝑐𝑜𝑛𝑐𝑟𝑒𝑡𝑜
𝑃𝑃 = 0,0102 + 1,695
𝑃𝑃 = 1,705 𝑘𝑁/𝑚²

Como todas as lajes que compõem o pano possuem o mesmo tipo de


material de enchimento e valor de entre eixos a determinação do peso próprio de
uma laje vale para as demais.
Conhecidos os valores de peso próprio, carregamento permanente e
carregamento acidental é possível determinar o carregamento total atuante na laje,
novamente, como todas as lajes possuem o mesmo carregamento atuante é
necessário determinar o carregamento atuante apenas uma vez.

𝑃 = 𝑃𝑃 + 𝐶𝑃 + 𝐶𝐴
𝑃 = 1,705 + 1,00 + 1,50

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𝑃 = 4,205 𝑘𝑁/𝑚²

Determinado qual é o carregamento atuante por metro quadrado de laje é


necessário definir qual é a carga atuante em cada uma das vigotas treliçadas, para
isto é necessário primeiro determinar o valor do entre eixos da laje, que nada mais
é do que a área de influência da vigota treliçada.

𝐸𝐸 = 𝐿𝑠𝑎𝑝𝑎𝑡𝑎 + 𝐿𝑒𝑛𝑐ℎ𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜
𝐸𝐸 = 0,13 + 0,30
𝐸𝐸 = 0,43 𝑚

Com posse do entre eixos da laje é possível determinar qual é o


carregamento atuante em cada uma das vigotas treliças da laje, para isto basta
aplicar a seguinte equação.

𝑝 = 𝐸𝐸 ∗ 𝑃
𝑝 = 0,43 ∗ 4,205
𝑝 = 1,808 𝑘𝑁/𝑚

Conhecido qual é o valor de carregamento que chega em cada vigota é


possível determinar o esforço cortante atuante na laje treliçada e as suas reações
de apoio na viga.
Diferente do que aconteceu acima, a partir deste ponto é necessário
determinar os valores de reação esforço cortante, reações de apoio e momento
fletor para cada uma das lajes do pano.
Dando início a determinação dos esforços cortantes, reações de apoio e
momento, a primeira laje a ser estudada é a 101 que é considerada bi apoiada, o
esforço cortante na laje 101 pode ser obtido pela seguinte equação.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑉𝑠𝑘 =
2
1,808 ∗ 2,50
𝑉𝑠𝑘 =
2
𝑉𝑠𝑘 = 2,26 𝑘𝑁

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O momento fletor também pode ser obtido de forma simples bastando


aplicar a seguinte expressão.

𝑝 ∗ 𝑙2
𝑀𝑘 =
8
1,808 ∗ 2,502
𝑀𝑘 =
8
𝑀𝑘 = 1,413 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Por fim é necessário determinar as reações de apoio da laje, ou seja,


quanto de carga a laje descarrega na viga que ela se apoia diretamente e nas vigas
paralelas a ela.
Para casos de lajes bi apoiadas, como é o caso da 101 a obtenção da reação
de apoio da laje é realizada de forma muito simples, seguindo exatamente o que
foi mostrado para o esforço cortante atuante na laje, sendo exatamente o mesmo
valor já encontrado.

𝑅𝑥 = 2,26 𝑘𝑁

Já a reação de apoio nas vigas paralelas a laje, ou seja, aquelas vigas nas
quais a treliças não descarregam diretamente, pode ser entendida como sendo
cerca de 30% da reação de apoio principal.

𝑅𝑥 = 0,30 ∗ 𝑅𝑥
𝑅𝑥 = 0,30 ∗ 2,26
𝑅𝑥 = 0,678 𝑘𝑁

Finalizada a análise da laje 101 é necessário analisar as lajes 102 e 103,


como estas lajes possuem continuidade é necessário utilizar métodos mais
complexos de cálculo para obtenção dos momentos fletores, cortantes e reações de
apoio, como por exemplo, processo de Cross ou método dos deslocamentos.
Como estes são processos demorados quando feitos a mão os esforços
destas duas lajes serão obtidos com auxílio do Ftool 4.0.

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Montada e analisada o esquema estrutural apresentou os valores de esforço


cortante mostrados na figura 3.15.

Figura 3.15: Esforços corantes atuantes nas lajes 102 e 103.

Já os momentos fletores obtidos são mostrados na figura 3.16.

Figura 3.16: Momentos fletores atuantes nas lajes 102 e 103.

Por fim as reações de apoio nas vigas principais estão descritas na tabela
abaixo.

Tabela 3.1: Reações de apoio das lajes 102 e 103

Elemento Ry (kN)
V104 2,03
V105 6,75
V106 2,02

A reação de apoio considerada nas vigas V102 e V103 será de 30% da


reação atuante na V105 que é a maior reação de apoio.

𝑅𝑥 = 0,30 ∗ 𝑣105
𝑅𝑥 = 0,30 ∗ 6,75
𝑅𝑥 = 2,025 𝑘𝑁/𝑚

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Com isso finaliza-se o processo de análise dos esforços atuantes em cada


uma das lajes, sendo possível dimensionar as vigotas treliçadas.

3.5. Dimensionamento das vigotas treliçadas


Neste tópico será realizado o dimensionamento das vigotas treliçadas de
cada uma das lajes estudadas, o processo de dimensionamento da área de aço
necessária para vigota treliçada segue exatamente o que foi mostrado para lajes
maciças.
Assim como foi feito para lajes maciças é necessário majorar o valor do
momento fletor atuante na laje.

𝑀𝑠𝑑 = 𝛾𝑔 ∗ 𝑀𝑘
𝑀𝑠𝑑 = 1,40 ∗ 1,413
𝑀𝑠𝑑 = 1,978 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Conhecido o valor do momento fletor de cálculo é necessário determinar a


altura útil da vigota treliçada, para os casos de lajes treliçadas a altura útil da laje é
considerada como sendo a altura total da laje menos a distância da face inferior da
armadura da treliça até a face da sapata de concreto da treliça.
Para o caso de lajes treliçadas o cobrimento mínimo da armadura deve ser
de 1 cm, entretanto, nas lajes exemplificadas o valor do cobrimento da armadura
será de 1,5 cm, portanto a altura útil desta laje será de 10,5 cm, conforme é
descrito pela figura 3.17.

Figura 3.17: Altura útil da laje treliçada.

Conhecida a altura útil da laje é necessário determinar o valor do fcd do


concreto que é a resistência de projeto do concreto.

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𝑓𝑐𝑘 ∗ 1000
𝑓𝑐𝑑 =
𝛾𝑐
25 ∗ 1000
𝑓𝑐𝑑 =
1,40
𝑓𝑐𝑑 = 17857,143 𝑘𝑁/𝑚²

Determinado o valor de fcd é possível calcular a altura da linha neutra da


seção, isso pode ser feito utilizando a seguinte expressão.

𝑀𝑠𝑑
𝑥 = 1.25 ∗ 𝑑 ∗ (1 − √1 − ( ))
0,425 ∗ 𝑏𝑤 ∗ 𝑑2 ∗ 𝑓𝑐𝑑

1,978
𝑥 = 1.25 ∗ 0,105 ∗ (1 − √1 − ( ))
0,425 ∗ 0,12 ∗ 0,1052 ∗ 17857,143

𝑥 = 0,01656 𝑚

Conhecida a altura da linha neutra é necessário verificar as condições de


ductilidade estabelecidas pela NBR6118:2014 em seu item 14.6.4.3 onde ela
estabelece que para concretos de até 50 MPa o limite de x/d é 0,45.

𝑥 0,01656
= = 0,158
𝑑 0,105

Como se pode notar o limite ductilidade estabelecido pela norma está


sendo cumprido com uma grande folga, entretanto ainda é necessário determinar
em qual limite de deformação a peça está sendo dimensionada, o limite entre os
domínios 2 e 3 é dado pela seguinte equação.
Como o valor limite para o domínio 2 é de 0,017 é a linha neutra calculada
está a 0,0165 m pode-se concluir que a vigota treliçada ainda estás sendo
dimensionada no domínio 2 de deformação.
Como a peça passou nas verificações realizadas é possível prosseguir com
o dimensionamento, sendo necessário agora determinar o valor de fyd que é a
resistência de cálculo do aço.

Eng. Emanuel Dantas 71


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𝑓𝑦𝑘
𝑓𝑦𝑑 =
𝛾𝑠
50
𝑓𝑦𝑑 =
1,15
𝑓𝑦𝑑 = 43,478 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

Conhecidos todos estes parâmetros é possível determinar a área de aço


adicional necessária para a vigota treliçada, para isto basta utilizar a seguinte
expressão.

𝑀𝑠𝑑
𝐴𝑠 =
(𝑑 − 0,40 ∗ 𝑥) ∗ 𝑓𝑦𝑑
1,978
𝐴𝑠 =
(0,105 − 0,40 ∗ 0,01656) ∗ 43,478
𝐴𝑠 = 0,462 𝑐𝑚²

Como a área de aço de aço adicional necessária é de 0,462 cm² e a área de


aço de uma barra de 8 mm é de 0,503 cm², pode-se utilizar apenas uma barra de 8
mm para compor a área de aço necessária.
Vale salientar que na área de aço adicional encontrada pode-se levar em
conta a área de aço já existente da treliça, fazendo assim com que a área de aço
necessário seja um pouco menor, neste exemplo optou-se por não a considera-la,
entretanto, essa consideração pode ser feita sem problemas.
Finalizado o cálculo da área de aço necessária para as vigotas treliçadas da
laje 101 é necessário determinar a área de aço das vigotas da laje 102 e 103, o
processo de dimensionamento segue exatamente o que foi demonstrado para a laje
101.
Ambas as lajes apresentam um momento fletor de 1.14 kN*m,
desenvolvendo os mesmos cálculos já demonstrados para a laje 101 chegou-se aos
seguintes resultados.

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Tabela 3.2: Dimensionamento das armaduras positivas das lajes 102 e 103

Item Resultado
Msd 1,596 kN*m
d 0,105 m
x 0,01318 m
x/d 0,126
x23 0,027
Domínio 2
As 0,368 cm²

Como a área de aço necessária é de 0,368 cm² se for considerada a área de


aço da treliça é possível utilizar barras de 6.3 mm para compor a armadura
adicional da vigota, entretanto, neste caso é melhor padronizar a armadura de
todas as lajes.
Sendo assim será utilizada uma barra de 8.0 mm nas vigotas treliçadas das
lajes 102 e 103, com isso todas as vigotas treliçadas irão possuir a mesma bitola
de aço, o que faz com que o processo de fabricação seja padronizado.
Finalizado o dimensionamento das armaduras positivas que irão compor a
armadura das vigotas é necessário dimensionar a armadura negativa da
continuidade entre as lajes 102 e 103.
Este processo de dimensionamento segue o mesmo princípio estudado até
o momento, porém como se trata de uma armadura negativa o bw passa a valer 1
metro, pois neste caso é necessário trabalhar com uma faixa unitária de laje uma
vez que a armadura seja distribuída sob a seção maciça de concreto.
Aplicando o mesmo princípio de dimensionamento estudado até o
momento chega-se aos seguintes resultados.

Tabela 3.3: Dimensionamento da armadura das continuidades

Item Resultado
Msd 1,596 kN*m
d 0,105 m
x 0,01318 m
x/d 0,126
x23 0,027

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Domínio 2
As 0,368 cm²

Como a armadura mínima é maior do que a armadura calcula será utilizada


a armadura mínima que é de 1,80 cm².

𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛𝑛𝑒𝑔
𝑁𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 =
𝐴𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎
1,80
𝑁𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 =
0,312
𝑁𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 = 5,774 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠

Como não é possível trabalhar com 5,774 barras o valor deve ser
arrendado para cima, portanto, serão utilizadas 6 barras de 6,3 mm o que
representa um espaçamento entre barras de 16,66 cm.
Sendo o detalhamento final da armadura negativa para a continuidade das
lajes 102 e 103 fica sendo 7 barras de 6.3 mm c/ 16 cm.

3.6. Dimensionamento da malha base e armadura de borda


Neste tópico será realizado o dimensionamento da malha base das lajes
que é a armadura que deve ser inserida na capa de compressão da laje é o
dimensionamento da armadura de borda das lajes.
A primeira armadura a ser determinada será a malha base, conforme já dito
anteriormente neste trabalho está armadura é dada pelo maior valor entre 0,60 cm²
e 20% da armadura positiva.
Como a armadura positiva utilizada em todas as vigotas foi uma barra de
8.0 mm 20% deste valor resulta em 0,101 cm² de armadura para malha base,
portanto, como este valor é menor do que o mínimo estabelecido deve-se utilizar
0,60 cm².
De acordo com a tabela 6 da norma 14859-1 o dímetro mínimo da malha
base quando se utiliza barras ou fios é de 4.2 mm e de 3.4 mm quando se utiliza
tela de aço eletrossoldada.

Eng. Emanuel Dantas 74


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Para o caso exemplificado será utilizada uma tela eletrossoldada de Q61


que é uma tela que respeita o diâmetro mínimo estabelecido pela NBR14859-1,
possuindo aço de 3.4 mm de diâmetro o que resulta em uma área de aço de 0,61
cm² e um espaçamento entre as barras de 15 cm.
Para finalizar o dimensionamento das armaduras é necessário definir uma
armadura negativa para os bordos livres, essa armadura é prescrita pelo item
19.3.3.2 da NBR6118:2014, sendo indicado a utilização de uma armadura mínima
que pode ser calculada de acordo com o item 17.3.5.2.1 desta mesma norma.
Como todas as lajes do projeto possuem a mesma altura e o bw utilizado
para este caso é uma faixa unitária de 1 metro de comprimento obtém-se a
seguinte armadura.

𝐴𝑠𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎 = 0,15 ∗ 𝑏𝑤 ∗ ℎ
𝐴𝑠𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎 = 0,15 ∗ 100 ∗ 12
𝐴𝑠𝑏𝑜𝑟𝑑𝑎 = 1,80 𝑐𝑚²

Com posse da área de aço é necessário transforma-la em barras, para


compor esta armadura de borda serão utilizadas barras de 6.3 mm, o que resulta
em 6 barras com espaçamento entre elas de 16 cm.
Conhecida a área de aço necessário é preciso ainda determinar o
comprimento da armadura, conforme é descrito pelo item 19.3.3.2 da
NBR6118:2014 o comprimento mínimo desta armadura deve ser de 15% do
comprimento do menor vão sendo assim para a laje 101 chega-se ao seguinte
valor.

𝑐 = 0,15 ∗ 𝑙𝑥
𝑐 = 0,15 ∗ 2,50
𝑐 = 0,375 𝑚

Já para as lajes 102 e 103 o comprimento mínimo é o seguinte.

𝑐 = 0,15 ∗ 𝑙𝑥
𝑐 = 0,15 ∗ 3,00

Eng. Emanuel Dantas 75


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𝑐 = 0,45 𝑚

Como os comprimentos obtidos foram próximos será utilizado a maior


valor para todas as armaduras, portanto o comprimento da armadura de borda será
de 45 cm, isso será feito com a finalidade de facilitar o processo executivo e
diminuir a possibilidade de erros de execução.

3.7. Verificação quanto ao estado limite de serviço


Finalizado o dimensionamento das armaduras ainda é necessário realizar a
verificação quanto ao estado limite de serviço das lajes estudadas, essa verificação
visa confirmar se os valores estimados de deformação estão dentro dos limites
estabelecidos pela tabela 13.3 da NBR6118:214.
De acordo com a tabela 13.3 é necessário considerar algumas situações
para estipular o limite de deslocamento da peça e para cada uma destas situações é
necessário utilizar uma combinação de carregamento especifica conforme é
mostrado pelo item 11.8.3.1 da NBR6118:2014.
Neste exemplo a única verificação que será realizada é quanto a
aceitabilidade sensorial visual, para esta situação o deslocamento limite
estabelecido pela norma é de l/250 e deve ser estimado utilizando a combinação
quase permanente.
Para montar a combinação quase permanente deve-se seguir o que é
prescrito pela tabela 11.4 da NBR6118:2014 que já foi demonstrada no decorrer
deste trabalho.
Como todas as lajes do projeto possuem o mesmo carregamento é
necessário determinar apenas uma vez o valor de carregamento para a combinação
quase permanente.
O primeiro item que deve ser determinado aqui é o carregamento total por
metro quadrado atuante na laje.

𝑃 = 𝑃𝑃 + 𝐶𝑃 + (𝛹2 ∗ 𝐶𝐴)
𝑃 = 1,705 + 1.00 + (0,30 ∗ 1,50)
𝑃 = 3,155 𝑘𝑁

Eng. Emanuel Dantas 76


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Conhecido o carregamento total atuante na laje é possível determinar o


carregamento que atua em cada uma das vigotas.

𝑝 = 𝐸𝐸 ∗ 𝑃
𝑝 = 0,43 ∗ 3,155
𝑝 = 1,357 𝑘𝑁

Determinado o carregamento quase permanente atuante na laje é possível


estimar a flecha da laje, para estimar a flecha é necessário utilizar uma equação
que varia de acordo com o tipo de vinculação da laje conforme pode ser visto na
figura 3.18.

Figura 3.18: Deslocamento na laje de acordo com a vinculação.

Conforme pode ser visto nas equações descritas na figura 1.18 para
estimar o valor da flecha é necessário conhecer o módulo de elasticidade do
concreto, modulo secante e a inercia da seção.
O primeiro item a ser determinado será o modulo de elasticidade do
concreto que pode ser obtido conforme é descrito pelo item 8.2.8 da
NBR6118:2014.

𝐸𝑐𝑖 = 𝛼𝐸 ∗ 5600 ∗ √𝑓𝑐𝑘

𝐸𝑐𝑖 = 1,00 ∗ 5600 ∗ √25


𝐸𝑐𝑖 = 28000 𝑀𝑃𝑎

Eng. Emanuel Dantas 77


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Já a inercia da seção pode ser obtida utilizando a equação da resistência


dos materiais que fornece a inercia da seção bruta e escrita da seguinte maneira.

𝑏𝑤 ∗ ℎ3
𝐼𝑐 =
12
0,10 ∗ 0,123
𝐼𝑐 =
12
𝐼𝑐 = 0,000014 𝑚4

Seguindo é necessário determinar o valor de αi que pode ser obtido por


meio da tabela 8.1 da NBR6118:2014 ou calculado pela seguinte equação.

𝑓𝑐𝑘
𝛼𝑖 = 0,80 + 0,20 ∗ ≤ 1,0
80
25
𝛼𝑖 = 0,80 + 0,20 ∗ ≤ 1,0
80
𝛼𝑖 = 0,863

Conhecido qual é o modulo de elasticidade do concreto e o valor de


coeficiente αi é possível determinar o valor de Ecs que é dado pela seguinte
expressão.

𝐸𝑐𝑠 = 𝛼𝑖 ∗ 𝐸𝑐𝑖
𝐸𝑐𝑠 = 0,863 ∗ 28000
𝐸𝑐𝑠 = 24150 𝑀𝑃𝑎

gora é necessário determinar o valor de fctm que é a resistência média à


tração do concreto que é dado pelo item 8.2.5 da NBR6118:2014.

2
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,30 ∗ 𝑓𝑐𝑘 3
2
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,30 ∗ 253
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 2,565 𝑀𝑃𝑎

Continuando com os cálculos é necessário determinar o valor de yt que é e


a distância entre o centro de gravidade e a fibra mais tracionada da peça.

Eng. Emanuel Dantas 78


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia


𝑦𝑡 =
2
0,12
𝑦𝑡 =
2
𝑦𝑡 = 0,06 𝑚

Conhecidos todos estes parâmetros é possível calcular que é o momento


resistente da laje, para isto basta aplicar a seguinte equação.

𝛼𝑠 ∗ 𝑓𝑐𝑡𝑚 ∗ 𝐼𝑐
𝑀𝑟 =
𝑦𝑡
1,50 ∗ (2,565 ∗ 1000) ∗ 0,000014
𝑀𝑟 =
0,06
𝑀𝑟 = 0,923 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

O momento fletor atuante na laje 101 é de 1,413 kN*m, enquanto nas lajes
102 e 103 ele possui o valor de 1,14 kN*m, comparando estes valores com o
momento resistente pode-se notar que ambos são maiores do que o momento
resistente.
Com isso é possível concluir que a peça está no estádio II, ou seja, como o
momento solicitante é maior do que o resistente isso indica que a peça fissura,
portanto não é possível utilizar a inercia bruta da seção na análise dos
deslocamentos, sendo necessário para este caso, utilizar a inercia equivalente.
A inercia equivalente é proposta pelo item 17.3.2.1.1 da NBR6118:2014 e
deve ser utilizada em casos em que a peça entra no estádio II, pois neste caso ela
passa ter fissuras na zona tracionada.
Quando a peça apresenta fissuras a parte tracionada do concreto deve ser
descartada da análise, sendo assim não é possível utilizar a formula de inercia
bruta da seção vista em resistência dos materiais, para estes casos a norma indica a
utilização da inercia equivalente de Branson dada pela equação 3.6.

𝑀𝑟 3 𝑀𝑟 3
(𝐸𝐼)𝑒𝑞,𝑡0 = 𝐸𝑐𝑠 ∗ {( ) ∗ 𝐼𝑐 + [1 − ( ) ] ∗ 𝐼𝐼𝐼 } ≤ 𝐸𝑐𝑠 ∗ 𝐼𝑐
𝑀𝑎 𝑀𝑎

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Onde:

• Ic é o momento de inercia da seção bruta de concreto;


• III é o momento de inercia da seção fissurada no estádio II;
• Ma é o momento fletor máximo no vão considerado;
• Mr é o momento de fissuração do elemento estrutural;
• Ecs é o módulo de elasticidade secante do concreto.

Antes de dar início a utilização desta equação é necessário determinar


alguns parâmetros que dependem da seção e dos carregamentos atuantes na laje,
ou seja, esse processo deve ser feito para cada uma das lajes do projeto.
A primeira laje a ser analisada é a 101 e o primeiro item a ser determinado
deve ser a posição da linha neutra para o estádio II, para isto é necessário
determinar alguns parâmetros.
O primeiro parâmetro a ser determinado é o αe que é uma relação entre o
modulo de elasticidade do aço e do concreto e é dado pela seguinte equação.

𝐸𝑠
𝛼𝑒 =
𝐸𝑐𝑠
210000
𝛼𝑒 =
24150
𝛼𝑒 = 8,696

O primeiro deles é o parâmetro a1 que é o bw dividido por 2, como foi


utilizada uma seção retangular no dimensionamento o valor de bw aqui segue o
mesmo critério.

𝑏𝑤
𝑎1 =
2
0,10
𝑎1 =
2
𝑎1 = 0,05 𝑚

Já o valor de a2 é dado pela seguinte expressão.

Eng. Emanuel Dantas 80


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𝑎2 = 𝛼𝑒 ∗ 𝐴𝑠
𝑎2 = 8,696 ∗ 0,0000503
𝑎2 = 0,000437 𝑚2

Por fim é necessário determinar o valor de a3 que pode ser obtido da


seguinte maneira.

𝑎3 = −𝑑 ∗ 𝛼𝑒 ∗ 𝐴𝑠
𝑎3 = −0,105 ∗ 8,696 ∗ 0,0000503
𝑎3 = −0,000046 𝑚³

Com posse destes parâmetros é possível determinar a posição da linha


neutra no estádio II.

−𝑎2 + √𝑎2 2 + 4 ∗ 𝑎1 ∗ |𝑎3 |


𝑥𝐼𝐼 =
2 ∗ 𝑎1
−0,000437 + √0,0004372 + 4 ∗ 0,05 ∗ |0,000046|
𝑥𝐼𝐼 =
2 ∗ 0,05
𝑥𝐼𝐼 = 0,026 𝑚

Conhecida a altura da linha neutra no estádio II é possível determinar qual


é a inercia da seção fissurada, para isto basta utilizar a seguinte equação.

𝑏𝑤 ∗ 𝑥𝐼𝐼 3
𝐼𝐼𝐼 = + 𝛼𝑒 ∗ 𝐴𝑠 ∗ (𝑥𝐼𝐼 − 𝑑)2
3
0,10 ∗ 0,0263
𝐼𝐼𝐼 = + 8,696 ∗ 0,0000503 ∗ (0,026 − 0,105)2
3
𝐼𝐼𝐼 = 0,0000033 𝑚4

Continuando é necessário determinar o momento fletor para a combinação


estudada, neste caso o valor do momento fletor levando em consideração a
combinação quase permanente.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑎 =
8

Eng. Emanuel Dantas 81


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

1,357 ∗ 2,502
𝑀𝑎 =
8
𝑀𝑎 = 1,06 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Determinada a inercia da seção fissurada, momento atuante e com o valor


da inercia bruta da seção é possível determinar o valor da inercia equivalente.

𝑀𝑟 3 𝑀𝑟 3
𝐸𝐼𝑒𝑞 = {( ) ∗ 𝐼𝑐 + [1 − ( ) ] ∗ 𝐼𝐼𝐼 }
𝑀𝑎 𝑀𝑎
0,923 3 0,923 3
𝐸𝐼𝑒𝑞 = {( ) ∗ 0,000014 + [1 − ( ) ] ∗ 0,0000033}
1,06 1,06
𝐸𝐼𝑒𝑞 = 0,000011 𝑚4

Logicamente o valor desta inercia equivalente deve ser menor do que a


inercia bruta da seção uma vez que esta inercia equivalente calculada é uma média
entre a inercia bruta e a inercia da fissurada da peça.
Definido o valor da inercia equivalente finalmente é possível estimar a
flecha imediata da laje.

5 ∗ 𝑝 ∗ 𝑙𝑥 4
𝑓𝑖 =
384 ∗ 𝐸𝑐𝑠 ∗ 1000 ∗ 𝐸𝐼𝑒𝑞
5 ∗ 1,357 ∗ 2,504
𝑓𝑖 = ( ) ∗ 100
384 ∗ 24150 ∗ 1000 ∗ 0,000011
𝑓𝑖 = 0,268 𝑐𝑚

Conhecida a flecha imediata na laje é necessário ainda determinar uma


flecha diferida no tempo, que leva em conta os efeitos de fluência e retração do
concreto.
De acordo com o item 17.3.2.1.2 da NBR6118:2014 esta flecha diferida
pode ser estimada de forma aproximada multiplicando a flecha imediata pelo fator
αf.
Para definir o fator αf é necessário determinar alguns parâmetros, o
primeiro deles é o ξt que é dado em função do tempo em que se deseja obter o
valor da flecha diferida.

Eng. Emanuel Dantas 82


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

O valor do coeficiente ξt pode ser obtido por equações prescritas pelo item
17.3.2.1.2 ou por meio da tabela 17.1 da NBR6118:2014, para tempos maiores do
que 70 meses o valor de ξt este valor é fixado pela norma como sendo 2.
Como a fluência e retração tendem a se estabilizar apenas depois de 30
anos a flecha diferida também tende a se estabilizar após os 30 anos, sendo assim
o valor de ξt será definido como sendo 2, conforme é estipulado pela
NBR6118:2014.
Seguindo é necessário determinar o valor de ξt0 que é a idade, em meses,
na qual o carregamento será introduzido na estrutura, neste caso será considerada
que os carregamentos permanentes serão introduzidos após 30 dias.

𝜉𝑡0 = 0,68 ∗ (0,996𝑡 ) ∗ 𝑡 0,32


𝜉𝑡0 = 0,68 ∗ (0,9961 ) ∗ 10,32
𝜉𝑡0 = 0,677

Conhecido os valores de ξt e ξt0 é necessário determinar o Δξ que é dado


pela seguinte equação.

𝛥𝜉 = 𝜉𝑡 − 𝜉𝑡0
𝛥𝜉 = 2,00 − 0,677
𝛥𝜉 = 1,323

Como as vigotas treliçadas não possuem armadura de compressão o valor


de ρ’ é zero, com isso já é possível determinar o valor do coeficiente αf que é dado
pela seguinte equação.

𝛥𝜉
𝛼𝑓 =
1 + 50 ∗ 𝜌′
1,323
𝛼𝑓 =
1 + 50 ∗ 0
𝛼𝑓 = 1,323

Conhecido o valor de αf é possível estimar a flecha diferida no tempo, para


isto basta utilizar a seguinte expressão.

Eng. Emanuel Dantas 83


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𝑓𝑑 = 𝑓𝑖 ∗ (1 + 𝛼𝑓 )
𝑓𝑑 = 0,268 ∗ (1 + 1,323)
𝑓𝑑 = 0,624 𝑐𝑚

Estimado o valor da flecha imediata e diferida é necessário verificar se ela


está dentro dos limites estabelecidos pela tabela 13.3 da NBR6118:2014, como a
verificação de flechas neste exemplo foi para a aceitabilidade sensorial visual o
limite estabelecido tabela 13.3 é de l / 250.

𝑙𝑥 ∗ 100
𝑓𝑙 =
250
2,50 ∗ 100
𝑓𝑙 =
250
𝑓𝑙 = 1,00 𝑐𝑚

Como a flecha limite é de 1 cm e a flecha estimada é de 0,624 cm pode-se


concluir que a laje 101 está bem dimensionada quanto ao estado limite de serviço
para a aceitabilidade sensorial visual.
Dando continuidade ao processo é necessário realizar este mesmo processo
para as lajes 102 e 103, como elas são simétricas basta estimar a flecha em uma
das lajes.
Realizado todo o processo demonstrado anteriormente e utilizando os
respectivos dados da laje 102 chegou-se aos seguintes resultados.

Tabela 3.4: Verificação quanto ao ELS das lajes 102 e 103

Item Resultado
a1 0,05 m
a2 0,000437 m²
a3 -0,000046 m³
xII 0,026 m
III 0,0000033 m4
Ma 0,859 kN*m
EIeq 0,0000171 m4
fi 0,347 cm
αf 1,323

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fd 0,805 cm
fl 1,20 cm

Estimadas as flechas para as lajes 102 e 103 pode-se concluir que quando
comparadas a flecha limite estabelecida pela tabela 13.3 da NBR6118:2014 mais
uma vez as lajes apresentam um bom dimensionamento quanto ao estado limite de
serviço para aceitabilidade sensorial visual.

3.8. Verificação quanto ao cisalhamento


Pra finalizar as verificações necessárias na laje é preciso verifica-la quanto
ao cisalhamento, essa verificação é prescrita pelo item 19.4.1 da NBR6118:2014,
para que a laje não necessite de armadura para cisalhamento é necessário que o
Vsd seja menor do que Vrd1.
O Vsd nada mais é do que o esforço cortante atuante na laje, cujo os
valores foram determinados anteriormente, majorado pelo coeficiente γg.

𝑉𝑠𝑑 = 𝛾𝑔 ∗ 𝑉𝑠𝑘
𝑉𝑠𝑑 = 1,40 ∗ 2,26
𝑉𝑠𝑑 = 3,164 𝑘𝑁

Conhecido o valor de Vsd é necessário compara-lo com o valor de Vrd1,


entretanto, para determinar o valor de Vrd1 é preciso antes de tudo determinar os
valores de alguns coeficientes.
O primeiro coeficiente que deve ser determinado é o fctkinf que é a
resistência a tração direta prescrita pelo item 8.2.5 da NBR6118:2014.

2
𝑓𝑐𝑡𝑘𝑖𝑛𝑓 = 0,70 ∗ 0,30 ∗ 𝑓𝑐𝑘 3
2
𝑓𝑐𝑡𝑘𝑖𝑛𝑓 = 0,70 ∗ 0,30 ∗ 253
𝑓𝑐𝑡𝑘𝑖𝑛𝑓 = 1,795 𝑀𝑃𝑎

Conhecido o valor do fctkinf é possível determinar o valor de fctd que nada


mais é do que valor de cálculo do fctkinf.

Eng. Emanuel Dantas 85


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𝑓𝑐𝑡𝑘𝑖𝑛𝑓
𝑓𝑐𝑡𝑑 =
𝛾𝑐
1,795
𝑓𝑐𝑡𝑑 =
1,40
𝑓𝑐𝑡𝑑 = 1,282 𝑀𝑃𝑎

Continuando é preciso determinar o valor do τrd que é a tensão resistente


de cálculo do concreto ao cisalhamento.

𝜏𝑟𝑑 = 0,25 ∗ 𝑓𝑐𝑡𝑑


1,282
𝜏𝑟𝑑 = 0,25 ∗
10
𝜏𝑟𝑑 = 0,032 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

Seguindo é necessário determinar a taxa geométrica de armadura chamada


ρ1 que é dada pela seguinte equação.

𝐴𝑠
𝜌1 =
𝑏𝑤 ∗ 𝑑
0,503
𝜌1 = ( ) ∗ 100
0,10 ∗ 10,5
𝜌1 = 0,479 %

O próximo coeficiente que deve ser determinado é o “K” que para


elementos cujo 50% da armadura inferior não chegam ao apoio vale 1 e nos
demais casos o valor deste coeficiente pode ser obtido por meio da seguinte
equação.

𝑘 = 1,60 − 𝑑
10,50
𝑘 = 1,60 −
100
𝑘 = 1,495 𝑐𝑚

Conhecidos todos estes parâmetros é possível determinar o valor de V rd1


que é dado pela seguinte expressão.

Eng. Emanuel Dantas 86


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𝜌1
𝑉𝑟𝑑1 = 𝜏𝑟𝑑 ∗ 𝑘 ∗ (1,20 + (40 ∗ ( ))) ∗ 𝑏𝑤 ∗ 𝑑
100

0,479
𝑉𝑟𝑑1 = 0,032 ∗ 1,495 ∗ (1,20 + (40 ∗ ( ))) ∗ 10 ∗ 10,5
100

𝑉𝑟𝑑1 = 7,004 𝑘𝑁

Como o valor de Vsd é de 3,164 kN e o valor de Vrd1 é de 7,004 kN pode-


se concluir que a laje 101 não necessita de armadura para combate ao
cisalhamento.
Este mesmo processo de cálculo deve ser realizado para as lajes 102 e 103,
entretanto, como todos os parâmetros que fornecem o valor de Vrd1 são iguais aos
apresentados pela laje 101 é necessário apenas determinar o valor de Vsd das
demais lajes.

𝑉𝑠𝑑 = 𝛾𝑔 ∗ 𝑉𝑠𝑘
𝑉𝑠𝑑 = 1,40 ∗ 3,38
𝑉𝑠𝑑 = 4,732 𝑘𝑁

Como o valor de Vrd1 continua sendo 7,004 kN e o valor de Vsd para as


lajes 102 e 103 é de 4,732 pode-se novamente concluir que a laje se comporta
bem ao cisalhamento não sendo necessário a utilização de armadura de
cisalhamento uma vez que o próprio concreto já resiste aos esforços.

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4. LAJES NERVURADAS
Nesta seção do trabalho serão abordados os conceitos, modelos de análise,
dimensionamento e verificação de lajes do tipo nervurada, este tipo de laje é
muito utilizado em obras que possuem carregamentos elevados e/ou necessitam
vencer grandes vãos.

4.1. Introdução a lajes nervuradas


Pode-se entender a laje nervurada como sendo um conjunto de vigas que
se cruzam e são solidarizadas pela mesa, o trabalho conjunto entre nervuras e capa
de concreto são os responsáveis por gerar a rigidez necessária do sistema.
As lajes nervuradas podem ser classificadas de acordo com a seção
transversal e quantidade de mesas existentes, considerando a quantidade de mesas
pode-se dividir as lajes em 3 tipos.
O primeiro tipo que pode ser considerado é a nervurada do tipo dupla,
onde as vigotas ficam entre duas mesas, uma mesa superior e uma outra inferior,
conforme é demonstrado pela figura 3.1.

Figura 3.1: Laje nervurada tipo dupla.

Neste tipo de laje podem ser utilizadas utilizados enchimentos ou formas


que perdidas que fazem com que o espaço entre as mesas seja formado por vazios.
O segundo tipo de laje possível é a nervurada invertida, neste caso a mesa
é posicionada na face inferior da laje, este tipo de laje é indicado para casos onde
há balanços, pois nestes casos há momentos fletores negativos, este tipo de laje é
ilustrado pela figura 3.2.

Eng. Emanuel Dantas 88


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Figura 3.2: Laje nervurada invertida.

Atualmente estes dois primeiros tipos de lajes estão praticamente em


desuso por conta da sua complexidade de execução, o terceiro método e mais
utilizado atualmente é a laje nervurada normal.
Por fim o terceiro tipo de laje nervurada é a normal que apresenta as
nervuras inferiores e a mesa superior, assim como nos demais casos o espaço
entre as nervuras pode ser preenchido com materiais inertes ou vazios, conforme é
mostrado na figura 3.3.

Figura 3.3: Laje nervurada convencional.

Conforme foi dito neste tipo de laje pode ser introduzido um elemento de
enchimento inerte, sendo que este material não ajuda na resistência da laje.
Esse enchimento pode ser de diversos tipos, como por exemplo, blocos
cerâmicos, enchimento de EPS, blocos de concreto celular, cubetas plásticas entre
outros.
Atualmente as lajes nervuradas utilizam espaços vazios, para isto são
utilizadas formas plásticas, chamadas cubetas, que após a concretagem das lajes
são retiradas e podem ser reutilizadas em outras lajes, este tipo de elemento de
forma é mostrado na figura 3.4.

Eng. Emanuel Dantas 89


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Figura 3.4: Cubetas para lajes nervuradas.

Estas cubetas podem ser encontradas em diversas medidas, que são


apresentadas nos catálogos dos fabricantes, normalmente se trabalha com cubetas
de no mínimo 60 x 60 cm.
Como há uma padronização nas medidas das cubetas é interessante na
etapa de anteprojeto isso ser levado em conta, modulando os vão para utilizar uma
cubeta inteira ou meia cubeta.
Caso o projeto não seja modulado conforme as medidas das cubetas
utilizadas ainda sim é possível utilizar lajes nervuradas, entretanto em alguns
pontos é necessário utilizar uma região de laje maciça.
Quando se trata de apoios as lajes nervuradas podem apresentar os
mesmos apoios já vistos no decorrer deste trabalho, ou seja, é possível haver
bordas simplesmente apoiadas e bordas engastadas.
Apesar de haver possibilidade de realizar o engastamento das lajes
nervuradas é necessário tomar alguns cuidados no momento da execução, pois,
quando há engastamento das lajes obrigatoriamente surgem momentos negativos.
Em situações normais, onde há momentos positivos, a mesa é comprimida
e as nervuras são tracionadas, entretanto, quando há momentos negativos a mesa
passa a ser tracionada e as nervuras comprimidas.
Sendo assim é necessário que na região de continuidade seja considerada
uma região maciça de concreto conforme é ilustrado pela figura 3.5.

Eng. Emanuel Dantas 90


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Figura 3.5: Região maciça de concreto.

Ainda é possível ter lajes nervuradas apoiadas diretamente nos pilares, ou


seja, sem a necessidade da utilização de vigas, entretanto, para isto devem ser
previstos capiteis conforme será mostrado no decorrer deste trabalho.
Conhecidos os conceitos de lajes nervuradas é possível ter uma ideia geral
do funcionamento deste tipo de laje, com base nisto é possível elencar algumas
vantagens do sistema, como:

• Possibilidade de vencer grandes vãos;


• Menor peso próprio devido aos espaços vazios;
• Permite uma maior flexibilização da arquitetura;
• Bom acabamento visual quando utilizadas cubetas como forma;
• Cubetas podem ser reaproveitadas várias vezes.

Assim como nos demais sistemas sempre há algumas desvantagens, por


exemplo.

• Altura final pode ser um empecilho no pé direito;


• Cubetas requerem um cuidado extra no manuseio;
• Compatibilização de projetos pode ser complicada.

Conhecidos os conceitos e as vantagens e desvantagens das lajes nervuras


finaliza-se esta primeira seção do trabalho, na sequencia serão abordados os
critérios de geometria e análise das lajes nervuradas.

Eng. Emanuel Dantas 91


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4.2. Geometria e análise simplificada de lajes nervuradas


Neste típico serão abordadas algumas das prescrições normativas para
consideração das dimensões mínimas e modelos de análise de lajes nervuradas.
Dando início a determinação das dimensões geométricas da laje é preciso
seguir alguns parâmetros prescritos pela NBR6118:2014 o primeiro deles é quanto
a espessura da mesa.
De acordo com o item 13.2.4.2 da NBR6118:2014 a espessura mínima da
mesa deve ser de mínimo 1/15 da distância entre as faces das nervuras, chamada
L0, conforme é esquematizado pela figura 3.6.

Figura 3.6: Distância L0.

A norma ainda limita o valor absoluto da mesa como sendo 4 cm, ou seja,
deve-se utilizar o maior valor entre 1/15 de L0 ou 4 cm, em casos onde há
tubulações com diâmetro inferior a 10 mm a norma estipula que o valor absoluto
da espessura da mesa deve ser de no mínimo 5 cm.
Quando houver tubulações com diâmetros maiores do que 10 mm a mesa
deve possui uma espessura mínima de 4 cm mais o diâmetro da tubulação
utilizada resultando na equação 3.1.

ℎ𝑓 = 4 + ø

A norma ainda especifica que em casos onde há cruzamento de tubulações


a espessura mínima deve ser dada por 4 cm mais duas vezes o diâmetro resultando
na equação 3.2.

ℎ𝑓 = 4 + (2 ∗ ø)

Eng. Emanuel Dantas 92


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Em todos os casos exemplificados acima o valor mínimo indicado pela


norma deve ser comparado com a relação 1/15 de L0, utilizando sempre o maior
valor.
Conhecidos os parâmetros para determinação da espessura mínima da
mesa é necessário conhecer os critérios para espessura mínima das nervuras, ainda
de acordo com o item 13.2.4.2 da NBR6118:2014 a espessura mínima das
nervuras deve ser de 5 cm.
Já em casos onde a nervura possua armadura de compressão a espessura
mínima deve ser de 8 cm.
Quando se utiliza cubetas o catalogo do fabricante índica as dimensões que
devem ser consideradas, como altura da forma, da mesa, altura final e largura das
nervuras, baseado nestas informações já é indicado também o peso próprio do
elemento por metro quadrado como é demonstrado pela figura 3.7.

Figura 3.7: Exemplo de catalogo de cubetas.

Por fim é necessário realizar uma estimativa de altura para este tipo de
lajes, em lajes nervuradas é comum realizar a estimativa de altura considerando l x
/ 25, onde lx é o menor vão da laje.
Finalizada a determinação das dimensões mínimas da laje é necessário
conhecer as diferentes analises que devem ser realizadas de acordo com as
dimensões em planta das lajes nervuradas.
De acordo com o item 13.2.4.2.a da NBR6118:2014 para lajes com entre
eixo de nervuras menor ou igual a 65 cm não é necessário realizar a verificação da
flexão na mesa.

Eng. Emanuel Dantas 93


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Esta verificação é dispensada pois os momentos fletores na mesa são


pequenos e a verificação da laje como seção T já é satisfatório.
Ainda em lajes com entre eixos de no máximo 65 cm a verificação quanto
ao cisalhamento pode ser feita considerando os critérios de laje.
De modo geral na maioria das edificações atuais são utilizadas lajes
nervuradas com entre eixos de no máximo 65 cm, isso acontece, pois, estas lajes
possuem uma boa capacidade de carga, que se encaixa em diversas obras e pela
maior facilidade quanto a análise.
Quando se utiliza lajes com entre eixos de 65 a 110 cm é necessário
realizar a verificação da flexão na mesa, uma vez que o espaçamento agora é
considerável o que faz com que apareça momentos fletores um pouco maior e que
devem ser verificados.
Já a verificação quanto ao cisalhamento pode seguir dois critérios de
acordo com a geometria da laje, quando se trabalha com lajes que possuem um
entre eixos de até 90 cm e a largura média das nervuras é maior do que 12 cm
pode-se verificar a laje quanto ao cisalhamento utilizando os critérios de lajes.
Quando a laje não se enquadra nos critérios citados acima a norma indica
que o cisalhamento deve ser verificado seguindo os critérios apresentados para
vigas.
Por fim para lajes com entre eixos maiores do que 110 cm a norma
prescreve que a mesa da laje deve ser projetada como uma laje maciça apoiada
sobre uma grelha de lajes.
Neste caso devem ser respeitados os limites mínimos de espessura
apresentados para lajes maciças, que é apresentado pela NBR6118:2014 em seu
item 13.2.4.1 e varia de acordo com o tipo de utilização da laje.
Conhecidas as prescrições sobre o tipo de análise a ser aplicada nas lajes
de acordo com a geometria da laje pode-se partir para a análise dos esforços
atuantes em lajes nervuradas.
Para determinar os esforços atuantes em uma laje nervurada é possível
utilizar diversos métodos de análise, de acordo com o item 14.7.7 da

Eng. Emanuel Dantas 94


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

NBR6118:2014 os esforços atuantes na laje podem ser obtidos da mesma forma


que é feito para lajes maciças.
O primeiro método de análise é o simplificado que é realizado com auxílio
de tabelas como a tabela de Bares adaptada por pinheiro e segue exatamente os
mesmos conceitos utilizados em lajes maciças.
Além do método simplificado também pode ser aplicados métodos
numéricos como a analogia de grelha e o método dos elementos finitos, para estes
é necessário modelar uma grelha cujo o espaçamento entre barras deve possuir a
mesma dimensão do entre eixos da laje.

4.3. Exemplo de dimensionamento de laje nervurada


Nesta aula será dado início ao dimensionamento e verificação de um pano
de lajes nervuradas, para isto será utilizado um exemplo com 4 lajes que possuem
continuidade entre si, as lajes estudas possuem as seguintes características
mostradas pela figura 3.8.

Figura 3.8: Exemplo de pano de lajes nervuradas.

Eng. Emanuel Dantas 95


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Os dados do projeto são os seguintes:

• fck = 30 Mpa;
• h = 26 cm;
• Cubeta 21 x 65 x 65 cm;
• Classe de agressividade ambiental II;
• γc, γg, γs = 1,40;
• ψ1 = 0,40;
• ψ2 = 0,30;
• Es = 210000 Mpa.

A laje 101 possui os seguintes carregamentos e medidas.

• Lx = 5,95 m;
• Ly = 8,45 m;
• Carregamento acidental = 1,50 kN/m²;
• Carregamento permanente = 1,55 kN/m².

A laje 102 possui os seguintes carregamentos e medidas.

• Lx = 5,95 m;
• Ly = 7,70 m;
• Carregamento acidental = 1,50 kN/m²;
• Carregamento permanente = 1,55 kN/m².

A laje 103 possui os seguintes carregamentos e medidas.

• Lx = 5,20 m;
• Ly = 8,45 m;
• Carregamento acidental = 1,50 kN/m²;
• Carregamento permanente = 2,00 kN/m².

A laje 104 possui os seguintes carregamentos e medidas.

Eng. Emanuel Dantas 96


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

• Lx = 5,20 m;
• Ly = 7,70 m;
• Carregamento acidental = 1,50 kN/m²;
• Carregamento permanente = 2,00 kN/m².

Para dar início ao dimensionamento da laje é necessário determinar qual é


o carregamento total em cada uma das nervuras, os carregamentos acidentais e
permanentes já são conhecidos.
Já o peso próprio pode ser encontrado no catalogo do fabricante das
cubetas, como a cubeta utilizada neste projeto possui 21 x 65 x 65 cm o peso
próprio indicado é de 2,53 kN/m².
Conhecidos os valores de peso próprio, carregamento permanente e
carregamento acidental é possível determinar o carregamento total atuante na laje,
nas lajes 101 e 102 atuam os seguintes carregamentos.

𝑃1 = 𝑃𝑃 + 𝐶𝑃 + 𝐶𝐴
𝑃1 = 2,53 + 1,50 + 1,55
𝑃1 = 5,58 𝑘𝑁/𝑚²

Já nas lajes 103 e 104 que possuem um carregamento de revestimento um


pouco maior atuam os seguintes carregamentos.

𝑃2 = 𝑃𝑃 + 𝐶𝑃 + 𝐶𝐴
𝑃2 = 1,50 + 1,50 + 2,00
𝑃2 = 6,03 𝑘𝑁/𝑚²

Conhecidos os carregamentos é possível dar início a análise dos esforços


atuantes nas lajes, conforme é prescrito pelo item 14.7.7 da NBR6118:2014 pode-
se analisar as lajes nervuradas como lajes maciças, sendo assim é necessário
seguir os mesmos passos apresentados na seção II deste trabalho.
Para dar início a determinação dos esforços é necessário determinar o
valor de λ que é a correlação dos vãos da laje, como todas as lajes apresentam

Eng. Emanuel Dantas 97


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dimensões diferentes o valor de λ também será diferente, logo, é necessário repetir


o processo de determinação de todos os esforços 4 vezes.

𝑙𝑦
λ=
𝑙𝑥
8,45
λ=
5,95
λ = 1,42

Como o valor de λ foi 1,42 é não há este valor na tabela pode-se optar por
utilizar 1,45 ou determinar os parâmetros utilizando interpolação linear, neste
trabalho optou-se por realizar a interpolação linear que pode ser feita utilizando a
equação 3.3.

𝑥 − 𝑥1
𝑦 = 𝑦1 + (( ) ∗ (𝑦2 − 𝑦1 ))
𝑥2 − 𝑥1

Para determinar os coeficientes da tabelados deve-se seguir os mesmos


critérios que foram mostrados para lajes maciças, interpolando os dados chegou-se
aos resultados exibidos na tabela 3.1.

Tabela 3.1: Coeficientes para lajes

rx rxe ry rye
2,80 4,11 2,17 3,17
mx mxe my mye
4,48 10,03 2,36 7,96

Com posse dos coeficientes é possível calcular as reações de apoio da laje,


a reação de apoio Rx possui o seguinte valor.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑅𝑥 = 𝑟𝑥 ∗
10
5,58 ∗ 5,95
𝑅𝑥 = 2,80 ∗
10
𝑅𝑥 = 9,296 𝑘𝑁

Eng. Emanuel Dantas 98


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A reação de apoio referente ao engaste Rxe apresentou o seguinte valor.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑅𝑥𝑒 = 𝑟𝑥𝑒 ∗
10
5,58 ∗ 5,95
𝑅𝑥𝑒 = 4,11 ∗
10
𝑅𝑥𝑒 = 13,646 𝑘𝑁

Já a reação de apoio Ry possui o seguinte valor.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑅𝑦 = 𝑟𝑦 ∗
10
5,58 ∗ 5,95
𝑅𝑦 = 2,17 ∗
10
𝑅𝑦 = 7,205 𝑘𝑁

Por fim a reação de apoio no engaste Rye apresentou o seguinte resultado.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥
𝑅𝑦𝑒 = 𝑟𝑦𝑒 ∗
10
5,58 ∗ 5,95
𝑅𝑦𝑒 = 3,17 ∗
10
𝑅𝑦𝑒 = 10,525 𝑘𝑁

Conhecidas as reações de apoio ainda é necessário determinar os


momentos fletores atuantes na laje, o primeiro momento fletor a ser determinado é
o Mx .

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑥 = 𝑚𝑥 ∗
100
5,58 ∗ 5,952
𝑀𝑥 = 4,48 ∗
100
𝑀𝑥 = 8,85 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

O segundo momento fletor é o Mxe que é referente ao engaste em X.

Eng. Emanuel Dantas 99


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𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑥𝑒 = 𝑚𝑥𝑒 ∗
100
5,58 ∗ 5,952
𝑀𝑥𝑒 = 10,03 ∗
100
𝑀𝑥𝑒 = 19,814 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

O terceiro momento fletor a ser determinado é o My que é o momento


positivo para a direção Y.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑦 = 𝑚𝑦 ∗
100
5,58 ∗ 5,952
𝑀𝑦 = 2,36 ∗
100
𝑀𝑦 = 4,662 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Por fim é necessário determinar o momento fletor Mye que atua no engaste
do eixo Y.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑦𝑒 = 𝑚𝑦𝑒 ∗
100
5,58 ∗ 5,952
𝑀𝑦𝑒 = 7,96 ∗
100
𝑀𝑦𝑒 = 15,725 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Aplicando este mesmo conceito para as demais lajes do projeto chegou-se


aos resultados apresentados pela tabela 3.2.

Tabela 3.2: Momentos atuantes nas lajes

Laje Mx Mxe My Mye Rx Rxe Ry Rye


101 8,85 19,814 4,662 15,725 9,296 13,646 7,205 10,525
102 8,02 18,51 4,939 15,428 8,732 12,948 7,205 10,525
103 9,407 13,734 6,804 9,94 8,201 17,756 3,326 13,256
104 7,614 16,811 3,718 13,109 8,999 13,17 6,804 9,94

Com isso finaliza-se a processo de obtenção dos momentos fletores e


reações de apoio de todas as lajes estudadas.

Eng. Emanuel Dantas 100


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4.4. Compatibilização de momentos


Nesta seção do trabalho será realizado a compatibilização dos momentos
obtidos, assim como feito para lajes maciças a análise por meio de tabelas
considera cada uma das lajes de forma isolada, logo em regiões de engaste surgem
momentos fletores diferentes entre as lajes.
Para compatibilizar os momentos nas lajes nervuradas utiliza-se o mesmo
processo demonstrado para lajes maciças, ou seja, 80% do maior momento ou a
média simples dos momentos.
Dando início ao processo a primeira compatibilização a ser realizada será
entre as continuidades das lajes 101 e 102, o diagrama de momentos fletores
atuantes netas lajes é descrito pela figura 3.9.

Figura 3.9: Diagrama de momentos das lajes 101 e 102.

Conhecidos os momentos fletores atuantes nestas lajes é possível dar


início a compatibilização destes momentos.

0,8 ∗ 𝑀𝑥𝑒
𝑀𝑛𝑒𝑔 ≥ {𝑀𝑥𝑒 + 𝑀𝑦𝑒
2
0,8 ∗ 19,81
𝑀𝑛𝑒𝑔 ≥ { 19,81 + 18,51
2
0,8 ∗ 19,81 = 15,848 𝑘𝑁 ∗ 𝑚
𝑀𝑛𝑒𝑔 ≥{19,81 + 18,51
= 19,16 𝑘𝑁 ∗ 𝑚
2
𝑀𝑛𝑒𝑔 = 19,16 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Finalizando a compatibilização dos momentos chegou-se a um momento


fletor negativo entre as lajes 101 e 102 de 19,16 kN*m, como o momento

Eng. Emanuel Dantas 101


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negativo compatibilizado é menor do que o momento negativo original na laje 101


isso indica que houve uma redistribuição de momentos.
Como houve uma redistribuição de momentos onde o momento negativo
diminuiu isso indica que o momento positivo da laje 101 aumentou, para
determinar qual é o aumento de momento fletor positivo basta aplicar a seguinte
equação.

𝑀𝑥𝑒𝑙𝑎𝑗𝑒101 − 𝑀𝑥𝑒𝑙𝑎𝑗𝑒102
𝑀𝑝𝑜𝑠 = 𝑀𝑥 +
2
19,81 − 19,16
𝑀𝑝𝑜𝑠 = 4,66 +
2
𝑀𝑝𝑜𝑠 = 4,985 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Finalizado este processo o novo diagrama de momentos fletores das lajes


101 e 102 é descrito pela figura 3.9.

Aplicando estes mesmos processos para as demais lajes do projeto chegou-


se aos valores expressos pela tabela 3.3.

Tabela 3.3: Momentos compatibilizados

Laje Mx My Continuidade Mneg


101 9,47 4,98 L101-102 19,16
102 9,18 4,94 L103-104 17,28
103 8,20 3,55 L101-103 14,85
104 7,61 3,72 L102-104 14,27

Feito todo este processo finaliza-se a compatibilização de momentos das


lajes do projeto, com posse destes momentos compatibilizados é possível
dimensionar as armaduras necessárias.

4.5. Dimensionamento da armadura


Nesta seção do trabalho será realizado o dimensionamento das armaduras
positivas e negativas das lajes nervuradas do projeto apresentado.

Eng. Emanuel Dantas 102


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A primeira armadura a ser dimensionada será para o momento positivo em


X da laje 101, para esta situação o momento fletor característico calculado é de
9,47 kN*m.
Para realizar o dimensionamento é necessário majorar este valor para o
estado limite último aplicando os coeficientes conforme foi demonstrado
anteriormente no curso.
Em lajes nervuradas ainda há uma outra particularidade, como este
momento foi calculado por metro quadrado é necessário definir qual é o momento
atuante em cada uma das nervuras, como a laje estudada possui um espaçamento
entre nervuras de 65 cm este é o valor de considerado pra bf.
Aplicando os coeficientes para o estado limite último e multiplicando pelo
valor de bf o momento positivo de dimensionamento em X para a laje 101
apresentou o seguinte resultado.

𝑀𝑠𝑑 = (𝛾𝑔 ∗ 𝑀𝑥 ) ∗ 𝑏𝑓
𝑀𝑠𝑑 = (1,40 ∗ 9,47) ∗ 0,65
𝑀𝑠𝑑 = 8,618 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Conhecido o momento de dimensionamento é necessário determinar a


altura útil da laje, esta altura útil nada mais é do que a distância entre o eixo da
armadura até a face comprimida da peça, para o momento positivo a altura é
encontrada descontando-se o cobrimento mínimo e metade do diâmetro da
armadura.

ø
𝑑 = ℎ − (𝑐𝑛𝑜𝑚 + )
2
0,0125
𝑑 = 0,26 − (0,025 + )
2
𝑑 = 0,2288 𝑚

Conhecida a altura útil da laje é necessário determinar o valor do fcd do


concreto que é a resistência de projeto do concreto.

Eng. Emanuel Dantas 103


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𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑 =
𝛾𝑐
30 ∗ 1000
𝑓𝑐𝑑 =
1,40
𝑓𝑐𝑑 = 21428,571 𝑘𝑁/𝑚²

Determinados todos estes parâmetros, é possível calcular a altura da linha


neutra da laje, entretanto é importante frisar que a seção considerada inicialmente
em lajes nervuradas é a T, conforme é demonstrado pela figura 3.10.

Figura 3.10: Seção transversal da laje.

Sendo assim a base considerada inicialmente é o bf que possui o valor de


65 cm, com isso aplicando-se a equação da posição da linha neutra chegou-se ao
seguinte resultado.

𝑀𝑠𝑑
𝑥 = 1.25 ∗ 𝑑 ∗ (1 − √1 − ( ))
0,425 ∗ 𝑏𝑤 ∗ 𝑑2 ∗ 𝑓𝑐𝑑

1,978
𝑥 = 1.25 ∗ 0,105 ∗ (1 − √1 − ( ))
0,425 ∗ 0,12 ∗ 0,1052 ∗ 17857,143

𝑥 = 0,00401 𝑚

Como a profundida da linha neutra é menor do que os 5 cm que é a altura


da mesa, chamada bf, pode-se considerar que está laje é uma seção T falsa,
continuando com o processo de dimensionamento é necessário verificar a relação
x/d.

Eng. Emanuel Dantas 104


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𝑥 0,00401
= = 0,0175
𝑑 0,2288

Como o valor obtido foi de 0,0175 e de acordo com o item 14.6.4.3 da


NBR6118:2014 o limite é de 0,45 pode-se concluir que a laje cumpre os
parâmetros de ductilidade exigidos pela norma.
Outra verificação necessária é quanto ao limite de deformação no qual a
laje está sendo dimensionada, o primeiro estudo realizado é quanto ao limite do
domínio 2 que é dado pela seguinte equação.

𝑥23 = 0,259 ∗ 𝑑
𝑥23 = 0,259 ∗ 0,2288
𝑥23 = 0,059

Como a profundidade da linha neutra encontrada foi menor do que o limite


estabelecido entre os domínios 2 e 3 pode-se concluir que a peça está sendo
dimensionada no domínio 2.
Conhecidos todos estes parâmetros é possível dimensionar a área de aço
necessário aplicando a seguinte equação.

𝑀𝑠𝑑
𝐴𝑠𝑥 =
(𝑑 − 0,40 ∗ 𝑥) ∗ 𝑓𝑦𝑑
8,618
𝐴𝑠𝑥 =
(0,2288 − 0,40 ∗ 0,00401) ∗ 43,47
𝐴𝑠𝑥 = 0,873 𝑐𝑚²

Dimensionada a armadura é necessário compará-la com a armadura


mínima que de acordo com a tabela 17.3 da NBR6118:2014 é de 0,15% da área de
concreto da peça.

𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = 0,15 ∗ 𝐴𝑐
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = 0,15 ∗ 5
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = 0,75 𝑐𝑚²

Eng. Emanuel Dantas 105


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Como a armadura mínima é menor do que a armadura calculada deve-se


utilizar a armadura que foi dimensionada, para cobrir a área de aço dimensionada
será utilizada uma barra de 12,5 mm que possui uma área de aço de 1,22 m².
Repetindo este mesmo processo para as demais lajes do projeto foram
obtidos os resultados demonstrados pela tabela 3.4.

Tabela 3.4: Armaduras calculadas para todas as lajes

As
Msd d x As Asmin
Laje Eixo x/d efetivo
(kN*m) (cm) (cm) (cm²) (cm²)
(cm²)
101 X 8,618 22,88 0,401 0,0175 0,873 0,75 1,22
101 Y 4,532 22,88 0,210 0,0092 0,457 0,75 0,78
102 X 8,354 22,88 0,388 0,017 0,846 0,75 1,22
102 Y 4,495 22,88 0,208 0,059 0,454 0,75 0,78
103 X 7,462 22,88 0,347 0,0151 0,755 0,75 0,78
103 Y 4,495 22,88 0,208 0,0091 0,454 0,75 0,78
104 X 6,925 22,88 0,321 0,0141 0,70 0,75 0,78
104 Y 3,385 22,88 0,157 0,0068 0,341 0,75 0,78

Finalizado o dimensionamento das armaduras positivas que serão


colocadas nas nervuras é necessário dimensionar a armadura negativa das
continuidades.
Este processo de dimensionamento segue o mesmo princípio estudado até
o momento, porém como se trata de uma armadura negativa o bw passa a ser a
espessura media da nervura.
Isso acontece pois como há momento fletor negativo o esforço de tração
passa atuar na nervura devendo então considerar o valor a espessura media da
nervura como bw.
Aplicando o mesmo princípio de dimensionamento estudado até o
momento foram obtidos os resultados exibidos pela tabela 3.5.

Tabela 3.5: Armaduras negativa das continuidades

Msd d x As Asmin
Continuidade x/d
(kN*m) (cm) (cm) (cm²) (cm²)
L101-102 17,436 23,19 7,395 0,319 1,983 0,75

Eng. Emanuel Dantas 106


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L103-104 15,725 23,19 6,560 0,283 1,759 0,75


L101-103 13,514 23,19 5,527 0,238 1,482 0,75
L102-104 12,986 23,19 5,287 0,228 1,418 0,75

Conhecida a armadura necessária é possível transforma-las em barras, para


a continuidade entre as lajes 101 e 102 foram utilizadas barras de 6.3mm com14
cm de espaçamento, já na continuidade entre as lajes 102 e 104 foram utilizadas
barras de 6.3mm com 16cm de espaçamento.
Por fim para as continuidades das lajes 101 e 103 e 102 e 104 também
foram utilizadas barras de 6.3 mm porem com um espaçamento de 20 cm.

4.6. Verificação quanto ao estado limite de serviço


Neste ponto do trabalho será realizada a verificação das lajes quanto ao
estado limite de serviço, essa verificação visa confirmar se os valores estimados
de deformação estão dentro dos limites estabelecidos pela tabela 13.3 da
NBR6118:214.
De acordo com a tabela 13.3 é necessário considerar algumas situações
para estipular o limite de deslocamento da peça e para cada uma destas situações é
necessário utilizar uma combinação de carregamento especifica conforme é
mostrado pelo item 11.8.3.1 da NBR6118:2014.
Assim como foi feito para as demais lajes estudadas durante este trabalho
a única verificação que será realizada é quanto a aceitabilidade sensorial visual,
para esta situação a norma estabelece um deslocamento máximo de l/250
utilizando a combinação quase permanente para realizar esta estimativa.
A montagem da combinação quase permanente pode ser realizada
seguindo o mesmo já demonstrado anteriormente, como as lajes deste projeto
possuem carregamentos diferentes é necessário realizar este processo para cada
carregamento estudado.
A primeira laje estudada aqui será a 101 o primeiro passo é determinar o
carregamento para a combinação quase permanente.

𝑝 = 𝑝𝑝 + 𝑔 + (𝜓2 ∗ 𝑞)
𝑝 = 2,53 + 1,55 + (0,30 ∗ 1,50)

Eng. Emanuel Dantas 107


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𝑝 = 4,53 𝑘𝑁

Seguindo é necessário determinar o valor de fctm que é dado pela seguinte


equação.

2
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,30 ∗ 𝑓𝑐𝑘 3
2
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 0,30 ∗ 303
𝑓𝑐𝑡𝑚 = 2,896 𝑀𝑃𝑎

Como a laje foi considerada com uma seção T as propriedades geométricas


foram obtidas utilizando o programa “Proj-Prop-I”, o momento de inercia é
0,0002953 m4 e o yt que é a distância do centro de gravidade a borda mais
tracionada vale 0,1846 metros.
Conhecidos estes valores é possível determinar qual é o momento
resistente da peça, para isto basta utilizar a seguinte equação.

𝛼𝑠 ∗ 𝑓𝑐𝑡𝑚 ∗ 𝐼𝑐
𝑀𝑟 =
𝑦𝑡
1,20 ∗ (2,896 ∗ 1000) ∗ 0,0002953
𝑀𝑟 =
0,1846
𝑀𝑟 = 5,56 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Comparando o valor obtido para o momento resistente com o valor de


momento característico atuante na peça é possível notar que o momento resistente
é menor do que o atuante, sendo assim peça fissura portanto ela está no estádio II,
sendo necessário considerar a inercia equivalente.
O processo de obtenção da inercia equivalente segue exatamente o foi
demonstrado no item 2.9 deste trabalho, para dar início a esta determinação é
necessário conhecer o valor de αi que é dado pela seguinte equação.

𝑓𝑐𝑘
𝛼𝑖 = 0,80 + 0,20 ∗ ≤ 1,0
80
30
𝛼𝑖 = 0,80 + 0,20 ∗ ≤ 1,0
80

Eng. Emanuel Dantas 108


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𝛼𝑖 = 0,875

Conhecido o valor de αi é possível determinar o valor do modulo secante


do concreto que é dado pela seguinte equação.

𝐸𝑐𝑠 = 𝛼𝑖 ∗ (𝛼𝐸 ∗ 5600 ∗ √𝑓𝑐𝑘 )

𝐸𝑐𝑠 = 0,875 ∗ (1,00 ∗ 5600 ∗ √30)


𝐸𝑐𝑠 = 26838,405 𝑀𝑃𝑎

Seguindo é necessário determinar o parâmetro αe que é uma relação entre


o modulo de elasticidade do aço e do concreto e é dado pela seguinte expressão.

𝐸𝑠
𝛼𝑒 =
𝐸𝑐𝑠
210000
𝛼𝑒 =
26838,405
𝛼𝑒 = 7,825

Dando continuidade aos cálculos e necessário determinar a posição da


linha neutra na peça fissurada, entretanto, para isto é necessário conhecer o valor
de 3 parâmetros, o primeiro deles é o a1.

𝑏𝑓
𝑎1 =
2
65
𝑎1 =
2
𝑎1 = 0,325 𝑚

O segundo parâmetro a ser determinado é o a2 que é dado pela seguinte


expressão.

𝑎2 = 𝛼𝑒 ∗ 𝐴𝑠
𝑎2 = 7,825 ∗ 0,000122
𝑎2 = 0,000955 𝑚²

Eng. Emanuel Dantas 109


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Por fim é necessário determinar o valor do parâmetro a3 que é dado pela


seguinte equação.

𝑎3 = −𝑑 ∗ 𝛼𝑒 ∗ 𝐴𝑠
𝑎3 = −0,232 ∗ 7,825 ∗ 0,000122
𝑎3 = −0,000221 𝑚³

Conhecidos os valores destes 3 parâmetros é possível determinar a posição


da linha neutra da peça fissurada, para isto basta utilizar a seguinte equação.

−𝑎2 + √𝑎2 2 + 4 ∗ 𝑎1 ∗ |𝑎3 |


𝑥𝐼𝐼 =
2 ∗ 𝑎1
−0,000955 + √0,0009552 + 4 ∗ 0,325 ∗ |0,000221|
𝑥𝐼𝐼 =
2 ∗ 0,325
𝑥𝐼𝐼 = 0,025 𝑐𝑚

Como a linha neutra passa na mesa é plausível admitir a consideração


inicial de seção, logo, conhecida a posição da linha neutra é necessário determinar
a inercia da seção fissurada, neste caso desconta-se a parcela fissurada do
concreto.

𝑏𝑤 ∗ 𝑥𝐼𝐼 3
𝐼𝐼𝐼 = + 𝛼𝑒 ∗ 𝐴𝑠 ∗ (𝑥𝐼𝐼 − 𝑑)2
3
0,65 ∗ 0,0253
𝐼𝐼𝐼 = + 7,825 ∗ 0,000122 ∗ (0,025 − 0,232)2
3
𝐼𝐼𝐼 = 0,0000442 𝑚4

Por fim é necessário determinar o momento fletor de serviço atuante na


laje, isso pode ser feito utilizando as relações tabelas que foram utilizadas para
determinação dos momentos fletores característicos no início do exemplo.

𝑝 ∗ 𝑙𝑥 2
𝑀𝑎 = 𝑀𝑥 ∗
100
4,53 ∗ 5,952
𝑀𝑎 = 4,48 ∗
100

Eng. Emanuel Dantas 110


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

𝑀𝑎 = 7,185 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Finalizados estes passos é possível determinar a inercia equivalente da


peça que é uma média entre a inercia bruta e a inercia fissurada da laje.

𝑀𝑟 3 𝑀𝑟 3
𝐸𝐼𝑒𝑞 = {( ) ∗ 𝐼𝑐 + [1 − ( ) ] ∗ 𝐼𝐼𝐼 }
𝑀𝑎 𝑀𝑎
5,56 3 5,56 3
𝐸𝐼𝑒𝑞 = {( ) ∗ 0,0002953 + [1 − ( ) ] ∗ 0,0000442}
7,185 7,185
𝐸𝐼𝑒𝑞 = 0,000161 𝑚4

Conhecida a inercia média é possível estimar a flecha imediata da laje para


isto basta utilizar a seguinte equação.

𝛼 𝑏𝑓 𝑝 ∗ 𝑙𝑥 4
𝑓𝑖 = ∗ ∗
100 12 𝐸𝑐𝑖 ∗ 𝐸𝐼𝑒𝑞
4,21 65 4,53 ∗ 5,954
𝑓𝑖 = ( ∗ ∗ ) ∗ 100
100 12 30672,463 ∗ 1000 ∗ 0,000161
𝑓𝑖 = 0,263 𝑐𝑚

Estimada a flecha imediata é necessário determinar a flecha diferida, ou


seja, a flecha que acontece ao longo do tempo e leva em conta a fluência e
retração do concreto.
A flecha diferida pode ser estimada seguindo o que é prescrito pelo item
17.3.2.1.2 da NBR6118:2014, entretanto, para isto é necessário determinar o valor
do coeficiente αf.
Para definir o fator αf é necessário determinar alguns parâmetros, o
primeiro deles é o ξt que é dado em função do tempo em que se deseja obter o
valor da flecha diferida.
Conforme já foi explicado no tópico 2.9 deste trabalho é necessário definir
dois valores de ξt um para o tempo inicial e outro para o tempo infinito, como é
citado pela NBR6118:2014 em seu item 17.3.2.1.2 para tempo maiores do que 70
meses o coeficiente ξt é fixado em 2.

Eng. Emanuel Dantas 111


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Já o coeficiente ξt0 que é para o tempo inicial, que para este exemplo será 1
mês, pode ser obtido utilizando a seguinte equação.

𝜉𝑡0 = 0,68 ∗ (0,996𝑡 ) ∗ 𝑡 0,32


𝜉𝑡0 = 0,68 ∗ (0,9961 ) ∗ 10,32
𝜉𝑡0 = 0,667

Conhecido os valores de ξt e ξt0 é necessário determinar o Δξ que é dado


pela seguinte equação.

𝛥𝜉 = 𝜉𝑡 − 𝜉𝑡0
𝛥𝜉 = 2,00 − 0,677
𝛥𝜉 = 1,323

Como as nervuras não possuem armadura de compressão o valor de ρ’ é


zero, com isso já é possível determinar o valor do coeficiente αf que é dado pela
seguinte equação.

𝛥𝜉
𝛼𝑓 =
1 + 50 ∗ 𝜌′
1,323
𝛼𝑓 =
1 + 50 ∗ 0
𝛼𝑓 = 1,323

Conhecido o valor de αf é possível estimar a flecha diferida no tempo, para


isto basta utilizar a seguinte expressão.

𝑓𝑑 = 𝑓𝑖 ∗ (1 + 𝛼𝑓 )
𝑓𝑑 = 0,263 ∗ (1 + 1,323)
𝑓𝑑 = 0,611 𝑐𝑚

Estimado o valor da flecha imediata e diferida é necessário verificar se ela


está dentro dos limites estabelecidos pela tabela 13.3 da NBR6118:2014, como a

Eng. Emanuel Dantas 112


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

verificação de flechas neste exemplo foi para a aceitabilidade sensorial visual o


limite estabelecido tabela 13.3 é de l / 250.

𝑙𝑥 ∗ 100
𝑓𝑙 =
250
5,95 ∗ 100
𝑓𝑙 =
250
𝑓𝑙 = 2,38 𝑐𝑚

Como a flecha limite é de 2,38 cm e a flecha estimada é de 0,611 cm pode-


se concluir que a laje 101 está bem dimensionada quanto ao estado limite de
serviço para a aceitabilidade sensorial visual.
Aplicando estes mesmos conceitos para as demais lajes do projeto foram
obtidos os valores apresentados pela tabela 3.6.

Tabela 3.6: Flechas estimadas

Resultados
Item
Laje 101 Laje 102 Laje 103 Laje 104
a1 (m) 0,325 0,325 0,325 0,325
a2 (m²) 0,000955 0,000955 0,00061 0,00061
a3 (m³) -0,000221 -0,000221 -0,000142 -0,000142
xII (m) 0,025 0,025 0,02 0,02
4
III (m ) 0,0000442 0,0000442 0,0000291 0,0000291
Ma (kN*m) 7,185 6,511 6,773 6,289
EIeq (m4) 0,000161 0,000201 0,000176 0,00213
fi (cm) 0,263 0,19 0,175 0,133
αf 1,323 1,323 1,323 1,323
fd (cm) 0,611 0,411 0,407 0,308
fl (cm) 2,38 2,38 2,08 2,08

Estimadas as flechas em todas as lajes do projeto é possível concluir que


todas elas estão bem dimensionadas quanto ao estado limite de serviço para
aceitabilidade sensorial visual.

4.7. Verificação quanto ao cisalhamento

Eng. Emanuel Dantas 113


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Neste tópico será realizada a verificação da laje quanto ao cisalhamento,


essa verificação é prescrita pelo item 19.4.1 da NBR6118:2014, para que a laje
não necessite de armadura para cisalhamento é necessário que o Vsd seja menor do
que Vrd1.
O Vsd nada mais é do que o esforço cortante atuante na nervura da laje,
cujo os valores foram determinados anteriormente e este valor deve ser majorado
pelo coeficiente γg.

𝑉𝑠𝑑 = 𝛾𝑔 ∗ 𝑉𝑠𝑘
𝑉𝑠𝑑 = 1,40 ∗ 13,646 ∗ 0,65
𝑉𝑠𝑑 = 12,418 𝑘𝑁

Conhecido o valor da cortante atuante é necessário determinar o valor de


τrd que é a tensão resistente de cálculo do concreto ao cisalhamento, diferente do
que foi feito anteriormente desta vez o valor do τrd será dado diretamente
integrando as equações mostradas anteriormente em apenas uma.

2
0,0375 ∗ 𝑓𝑐𝑘 3
𝜏𝑟𝑑 =
10
2
0,0375 ∗ 303
𝜏𝑟𝑑 =
10
𝜏𝑟𝑑 = 0,036 𝑘𝑁/𝑐𝑚²

Seguindo é necessário determinar a taxa geométrica de armadura chamada


ρ1 que é dada pela seguinte equação.

𝐴𝑠
𝜌1 =
𝑏𝑤 ∗ 𝑑
1,98
𝜌1 =
7 ∗ 22,88
𝜌1 = 0,012

O próximo coeficiente que deve ser determinado é o “K” que para


elementos cujo 50% da armadura inferior não chegam ao apoio vale 1 e nos

Eng. Emanuel Dantas 114


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

demais casos o valor deste coeficiente pode ser obtido por meio da seguinte
equação.
𝑘 = 1,60 − 𝑑
22,80
𝑘 = 1,60 −
100
𝑘 = 1,371 𝑐𝑚

Conhecidos todos estes parâmetros é possível determinar o valor de V rd1


que é dado pela seguinte expressão.

𝑉𝑟𝑑1 = 𝜏𝑟𝑑 ∗ 𝑘 ∗ (1,20 + (40 ∗ 𝜌1 )) ∗ 𝑏𝑤 ∗ 𝑑


𝑉𝑟𝑑1 = 0,036 ∗ 1,371 ∗ (1,20 + (40 ∗ 0,012)) ∗ 7 ∗ 22,80
𝑉𝑟𝑑1 = 13,473 𝑘𝑁

Como o valor de Vsd é de 12,418 kN e o valor de Vrd1 é de 13,473 kN


pode-se concluir que a laje 101 não necessita de armadura para combate ao
cisalhamento.
Este mesmo processo deve ser realizado para as demais lajes do projeto,
feito isto foram obtidos os valores apresentados pela tabela 3.7.

Tabela 3.7: Verificação quanto ao cisalhamento

As Vsd τrd Vrd1


Laje ρ1
(cm²) (kN) (kN/cm²) (kN)
101 1,98 12,418 0,036 0,012 13,473
102 1,98 11,783 0,036 0,012 13,473
103 12,498 1,759 0,036 0,011 13,035
104 11,984 1,759 0,036 0,011 13,035

Analisando os resultados obtidos é possível concluir que nenhuma das


lajes do projeto necessita de armadura de cisalhamento.

Eng. Emanuel Dantas 115


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5. LAJES SEM VIGAS (LAJES LISAS)


Nesta seção do trabalho será dado início ao estudo de lajes lisas moldadas
no local, o primeiro objeto de estudo serão os tipos de lajes lisas que podem
existir em uma edificação.

5.1. Introdução a lajes sem vigas


Em uma edificação é possível haver basicamente dois tipos de lajes, sendo
elas: lajes lisas e lajes cogumelo, a classificação destas lajes é realizada levando-
se em conta o tipo de apoio utilizado.
Quando se fala de lajes lisas entende-se que ela possui uma altura
constante em toda a sua extensão e estará apoiada diretamente sobre os pilares,
dispensando a utilização de vigas, conforme pode ser visto na figura 4.1.

Figura 4.1: Laje lisa.

Este tipo de laje apresenta vantagens se comparadas com os sistemas


convencionais, como.

• Velocidade e repetição nas formas;


• Facilidade de montagem e execução;
• Pé direito livre dando versatilidade ao ambiente;
• Passagem de tubulação sem necessidade de furos em vigas;
• Ajuda a melhorar os aspectos de ventilação do ambiente.

Eng. Emanuel Dantas 116


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Entretendo assim como acontece em qualquer outro sistema as lajes lisas


também apresentam algumas desvantagens, como.

• Menor rigidez quanto as ações horizontais;


• Pode apresentar um maior consumo de concreto;
• Punção.

Para combater os efeitos de punção que acontecem nas lajes lisas é


possível utilizar capiteis que são regiões onde há um engrossamento da laje,
fazendo assim com que o comportamento da laje quanto a punção seja melhorada,
conforme é mostrado pela figura 4.2.

Figura 4.2: laje lisa com capiteis.

Outro tipo de laje que pode ser utilizado são as lajes cogumelo, este tipo de
laje utilizam os conceitos vistos nas lajes nervuradas convencionais e adicionam
capiteis para combater a punção, como mostra a figura 4.3.

Figura 4.3: Laje nervurada com capiteis.

Eng. Emanuel Dantas 117


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Estes tipos de lajes possuem algumas vantagens como por exemplo.

• Ausência de vigas;
• Redução do peso da laje;
• Maior economia de concreto quando comparado a laje lisa;
• Possibilidade de vencer grandes vãos.

Assim como no sistema anterior as lajes cogumelo também possuem suas


desvantagens como.

• Altura final pode torna-la inviável;


• Cuidados extras com material de enchimento na fase de
execução;
• Punção.

Este primeiro tópico do trabalho é restrito a conceitos básicos do sistema


de lajes sem vigas, no decorrer deste trabalho serão demonstrados os modelos de
analise que podem ser empregados neste tipo de laje, além de um exemplo
completo de dimensionamento de uma laje lisa.

5.2. Análise pelo processo de pórticos equivalentes


Neste tópico serão demonstrados os conceitos e a forma de utilização do
processo de pórticos equivalentes para realizar a análise e obtenção dos esforços
em lajes lisas de concreto armado.
O processo de pórticos equivalentes é proposto pelo item 14.7.8 da
NBR6118:2014 podendo ser utilizado em casos onde os pilares estão dispostos de
maneira regular e com vãos semelhantes.
Em casos onde há uma arquitetura mais ambiciosa com pilares dispostos
de maneira irregular e com vãos que diferem muito um dos outros a norma indica
que se utilize processos numéricos, como por exemplo, método dos elementos
finitos e analogia de grelha.

Eng. Emanuel Dantas 118


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

O método dos pórticos equivalentes consiste em dividir a estrutura em dois


pórticos independentes um para a direção X e outro para Y, conforme é ilustrado
pela figura 4.4.

Figura 4.4: Pórticos equivalentes.

A montagem deste pórtico consiste em utilizar barras cujo a inercia é igual


à da região da laje limitada pela metade da distância entre duas linhas adjacentes
de pilares.
Como são consideradas faixas unitárias o carregamento a ser aplicado em
cada pórtico irá depender da intensidade do carregamento atuante por metro
quadrado de laje e do vão entre pilares.
Finalizado o processo de montagem do pórtico equivalente ele pode ser
analisado pelo método dos deslocamentos, obtendo assim todos os esforços
necessários, para resolver este sistema pode-se utilizar o Ftool conforme é
indicado pela figura 4.5.

Figura 4.5: Pórticos equivalente modelado no Ftool.

Eng. Emanuel Dantas 119


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Como pode ser visto na imagem acima todos pilares devem ser
considerados como indeslocáveis, ou seja, devem ter seus vínculos de apoio
engastados.
Realizada a montagem do pórtico no Ftool são obtidos valores de
momento fletor que de acordo com o item 14.7.8 da NBR6118:2014 devem ser
distribuídos em faixas, sendo indicada a distribuição destes momentos da seguinte
maneira.

• 45% dos momentos positivos para as duas faixas internas;


• 27,5% dos momentos positivos para cada uma das faixas
externas;
• 25% dos momentos negativos para as duas faixas internas;
• 37,5% dos momentos negativos para cada uma das faixas
externas.

Estas faixas citadas pela norma podem ser descritas da conforme é


mostrado pela figura 4.6.

Figura 4.6: Faixas da laje.

No decorrer deste trabalho será realizado um exemplo completo de


dimensionamento de uma laje lisa, mostrando em detalhes como são obtidos os
momentos fletores atuantes na laje utilizando para isto o processo de pórtico
equivalente proposto pela NBR6118:2014.

Eng. Emanuel Dantas 120


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

5.3. Estudo da punção em lajes


Neste tópico serão abordados os conceitos sobre punção em lajes de
concreto, este efeito acontece quando a laje se apoia diretamente sobre os pilares e
é o ponto mais crítico quando se realiza o dimensionamento de lajes lisas tanto em
concreto armado quanto em concreto protendido.
Quando é feita uma ligação entre laje e pilar esta ligação tende a perfurar a
laje e essa ruina é conhecida como punção, esse fenômeno se caracteriza por ser
uma ruina decorrente de forças cortantes e por ser uma ruptura frágil, ou seja, é
uma ruptura que não dá sinais de que irá acontecer.
Essa ruptura ocorre ao longo de uma certa superfície, que deve ser
verificada no momento do dimensionamento da laje e a sua inclinação tende a
variar entre 30 e 35 graus, conforme e ilustrado na figura 4.7.

Figura 4.7: Ângulo médio de ruptura a punção.

Como já foi dito anteriormente a punção tende a causar uma ruptura frágil
do elemento, sabendo-se disto é necessário utilizar armaduras para o colapso
progressivo.
A punção em uma laje ainda pode ser influenciada por fatores como fck do
concreto, em alguns casos com um simples aumento na resistência do concreto
utilizado na laje é possível obter um bom resultado frente a punção.
A taxa de armadura longitudinal também é um fator que influencia na
punção pois a armadura longitudinal é capaz de auxiliar na distribuição das
tensões o que faz com que não haja concentração de tensões, logo a laje consegue
resistir melhor aos esforços de punção.

Eng. Emanuel Dantas 121


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Outro fator fundamental quando se fala de punção é a geometria do pilar e


as suas dimensões, quando se trabalha com um pilar retangular, onde a sua relação
entre os lados é maior do que 2, ele tende a resistir menos a punção do que uma
seção quadrada.
Isso ocorre pois em seções retangulares, com as características citadas
acima, a resistência da ligação entre laje e pilar é menor além disso os cantos do
pilar podem acabar por gerar concentrações de tensões que acabam por diminuir a
resistência a punção da laje.
A espessura da laje é outro fator que influencia diretamente na resistência
a punção pois lajes com alturas maiores elas tendem a possuir um comportamento
melhor frente a punção.
Entretanto, aumentar a altura de uma laje pode não ser o melhor recurso
para combater as tensões de punção da laje, uma vez que quando se aumenta a
altura da laje também se aumenta o consumo de concreto e consequentemente o
peso próprio do elemento, o que acaba por gear solicitações e peso próprio
maiores.
A NBR6118:2014 em seu item 19.5 estabelece o que deve ser levado em
conta para realizar a verificação e o dimensionamento das armaduras e o item 20.4
estabelece como deve ser realizado o detalhamento desta armadura.
No item 19.5 da NBR6118:2014 é estabelecido que devem ser realizadas 3
verificações, a primeira delas é a verificação da superfície crítica “C” que deve ser
verificada quanto a tensão de compressão diagonal do concreto, levando em conta
o perímetro do pilar conforme é mostrado na figura 4.8.

Figura 4.8: Superfície critica C.

Eng. Emanuel Dantas 122


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

A segunda verificação deve ser realizada na superfície critica C’ que é


realizada a “2d” da face do pilar, sendo “d” a altura útil da laje, caso o valor
encontrado para este caso seja maior do que o resistente é necessário armar a laje
quanto a punção, como mostra a figura 4.9.

Figura 4.9: Superfície critica C’.

Quando é necessário utilizar armadura para combate a punção deve-se


então realizar mais uma verificação, desta vez deve ser verificada a superfície
crítica C”.
A superfície critica C” se encontra a uma distância “2d”, entretanto, agora
é considerada a face da última linha de armadura conforme mostra a figura 4.10.

Figura 4.10: Superfície critica C”.

Os pilares demonstrados até o momento são conhecidos como pilares


internos, entretanto, ainda há mais dois modelos, os pilares de borda e os pilares
de canto conforme pode ser visto na figura 4.11.

Eng. Emanuel Dantas 123


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Figura 4.11: Tipos de pilares.

As definições de espaçamento estudadas anteriormente servem para todos


estes tipos de pilares apresentados, logicamente deve-se levar em conta as
limitações de área de atuação dos esforços de cada um deles.
Conhecidos os conceitos sobre o que é punção e quais são os perímetros
que devem ser verificados é necessário conhecer quais são os tipos de armaduras
utilizados para combate a punção.
A NBR6118:2014 por meio do item 20.4 estipula que podem ser utilizadas
armaduras em forma de estribos que por sua vez devem possuir um diâmetro
máximo de h/20, este tipo de armadura pode ser visto na figura 4.12.

Figura 4.12: Armadura tipo estribo.

O segundo tipo de armadura recomendado pela norma são os conectores,


conhecidos como studs, embora a norma permita a utilização de estribos, ela
recomenda que sejam utilizados os studs para compor a armadura de punção.

Eng. Emanuel Dantas 124


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

O segundo tipo de armadura recomendado pela norma são os conectores,


conhecidos como studs, embora a norma permita a utilização de estribos, ela
recomenda que sejam utilizados os studs como pode ser visto na figura 4.13.

Figura 4.13: Armadura tipo studs.

Além da armadura para combate a punção a NBR6118:2014 por meio do


item 19.5.4 prescreve que dever ser utilizada uma armadura para proteção quanto
ao colapso progressivo.
O colapso progressivo se caracteriza pelo rompimento da ligação entre laje
e pilar e consequentemente a queda da laje sobre a laje do pavimento inferior o
que aumenta o carregamento atuante sobre esta laje.
Caso não seja utilizada armadura contra colapso progressivo a laje inferior
também vem a colapso e assim sucessivamente causando a ruina completa da
edificação.
A não utilização desta armadura faz com que a laje sofre uma ruptura por
punção e por falta da armadura contra colapso progressivo acontece a sua ruina
completa de forma abrupta como é ilustrado pela figura 4.14.

Eng. Emanuel Dantas 125


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Figura 4.14: Laje sem armadura de colapso progressivo.

Imaginando esta situação fica explicita a necessidade de se utilizar a


armadura para combate ao colapso progressivo, uma vez que ela garante a
ductilidade e a redistribuição dos esforços.
Essa armadura deve ser colocada na face inferior da região onde ocorre a
ligação entre viga e pilar, pois quando há armadura para combate ao colapso
progressivo a laje mesmo após o rompimento por punção ainda é sustentada pelas
barras inferiores, logicamente impedindo que a laje caia completamente sobre a
laje inferior conforme é ilustrado pela figura 4.15.

Figura 4.15: Laje com armadura de colapso progressivo.

Conhecidos os conceitos sobre o efeito de punção que ocorre em lajes que


se apoiam diretamente sobre pilares, pode-se estudar qual é a formulação utilizada
para realizar a verificação deste fenômeno.

Eng. Emanuel Dantas 126


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A primeira verificação a ser realizada é quanto tensão resistente da biela


compressão que leva em conta o perímetro critico C, para esta situação o valor de
τsd deve ser menor do que τRd2.
Quando não houver momento atuante o valor de τsd pode ser obtida
utilizando-se a equação 4.1.

𝐹𝑠𝑑
𝜏𝑠𝑑 =
𝑢∗𝑑

Onde:

• Fsd é a força normal ou reação concentrada de cálculo;


• u é o perímetro critico considerado;
• d é a altura útil da laje.

Quando há o efeito do momento atuando deve-se considera-lo, para isto


utiliza-se a equação 4.2.

𝐹𝑠𝑑 𝑘 ∗ 𝑀𝑠𝑑
𝜏𝑠𝑑 = +
𝑢 ∗ 𝑑 𝑤𝑝 ∗ 𝑑

Onde:

• k é o coeficiente que fornece a parcela de Msd transmitida ao


pilar por cisalhamento e depende da relação entre c1 e c2.

Sendo que o valor de k pode ser encontrado por meio da tabela 19.2 da
NBR6118:2014.

Já o valor de τRd2 pode ser obtido com a equação 4.3.

𝜏𝑅𝑑2 = 0,27 ∗ 𝛼𝑣 ∗ 𝑓𝑐𝑑

Eng. Emanuel Dantas 127


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

O valor de αv é obtido por meio da equação 4.4.

𝑓𝑐𝑘
𝛼𝑣 = 1 −
250

Conhecido os valores de τsd e τRd2 é necessário compara-los, para que a


primeira verificação esteja satisfeita é necessário que τsd seja menor do que o τRd2.

𝜏𝑠𝑑 ≤ 𝜏𝑅𝑑2

Caso esta relação esteja satisfeita pode-se dizer que não esmagamento da
biela de compressão então pode-se continuar com as análises, a segunda analise
que deve ser realizada é quanto à necessidade ou não da utilização de armadura de
punção.
Nesta segunda analise o valor de τsd’ deve ser menor do que o valor de
τRd1, para determinar qual é o valor de τsd’ deve-se aplicar a mesma equação
mostrada anteriormente para determinação do valor de τsd, entretanto, desta vez o
perímetro crítico considerado é referente C’.
Para encontrar o valor de τRd1 deve-se aplicar a equação 4.5.

20 1
𝜏𝑅𝑑1 = 0,13 ∗ (1 + √ ) ∗ (100 ∗ 𝜌 ∗ 𝑓𝑐𝑘 )3 + (0,10 ∗ 𝜎𝑐𝑝 )
𝑑

Onde:

• d é a altura útil em centímetros;


• ρ é a taxa geométrica de armadura;
• σcp é a tensão de protensão.

Como as lajes neste curso não apresenta protensão a parcela final da


equação pode ser descartada.
Conhecidos ambos os valores eles devem ser comparados, caso τsd’ seja
maior do que τRd1 isso indica que a laje necessita de armadura para combate a
punção.

Eng. Emanuel Dantas 128


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Verificando-se a necessidade de se utilizar armadura para combate a


punção, ela pode ser calculada utilizando-se a equação 4.6.

20 1 𝑑 𝐴𝑠𝑤 ∗ 𝑓𝑦𝑤𝑑 ∗ sin 𝛼


𝜏𝑅𝑑3 = 0,10 ∗ (1 + √ ) ∗ (100 ∗ 𝜌 ∗ 𝑓𝑐𝑘 )3 + (0,10 ∗ 𝜎𝑐𝑝 ) + 1,5 ∗ ∗
𝑑 𝑠𝑟 𝑢∗𝑑

Onde:

• Sr é o espaçamento radial entre as linhas de armação de punção,


não maior do que 0,75d;
• Asw é a armadura de punção em um contorno completo paralelo
a C’;
• α é o ângulo de inclinação entre o eixo da armadura e o plano
da laje;
• fywd é a resistência de cálculo da armadura de punção.

O valor de fywd ainda possui algumas particularidades que devem ser


levadas em conta no momento do dimensionamento da armadura, independente da
utilização de aços do tipo CA-50 ou CA-60, a resistência máxima que pode ser
considerada para estribos é de 250 MPa.
Quando se trata de conectores (studs) esse valor pode ser de nó máximo
300 MPa, conforme é estipulado pelo item 19.5.3.3 da NBR6118:2014.
Entretanto esse valor pode ser modificado de acordo com alguns
parâmetros expressos pelo item 19.4.2 onde ele diz que para lajes com espessura
maior do que 35 cm pode-se utilizar a resistência fywd de 435 MPa.
Em lajes com espessura superior a 15 cm e inferior a 35 cm pode-se
utilizar uma interpolação linear para determinar o valor de fywd essa interpolação
linear resulta na equação 4.7.

𝑓𝑦𝑤𝑑 = 111,25 + 9,25 ∗ ℎ

Conhecidos estes parâmetros é possível realizar o dimensionamento da


armadura de punção, e por fim basta realizar a verificação do contorno crítico C”.

Eng. Emanuel Dantas 129


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Onde o valor de τsd” deve ser menor do que o valor de τRd1 caso o resultado
desta verificação seja verdadeiro não é necessário utilizar armadura para combate
a punção neste perímetro crítico e assim se encerra a verificação quanto a punção.
O cálculo dos esforços e armaduras necessárias para combate a punção
ficarão mais claros no decorrer deste trabalho quando forem realizados exemplos
práticos de como se obtém esses valores.

5.4. Exemplo de dimensionamento de laje lisa


A partir deste ponto será dado início ao dimensionamento completo de
uma laje lisa, para isto será utilizado o exemplo mostrado pela figura 4.16.

Figura 4.16: Laje lisa exemplificada.

Os dados do projeto são os seguintes:

• fck = 30 Mpa;
• h = 18 cm;
• Pé direito = 3,00 metros;

Eng. Emanuel Dantas 130


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

• Classe de agressividade ambiental II;


• γc, γg, γs = 1,40;
• ψ1 = 0,40;
• ψ2 = 0,30;
• Es = 210000 Mpa;
• Carregamento acidental = 2,50 kN/m²;
• Carregamento permanente = 1,50 kN/m²;
• Peso próprio = 4,50 kN/m².

Para análise dos esforços atuantes na laje será utilizado o método dos
pórticos equivalentes, como as lajes possuem 4,00 x 4,00 metros, ou seja, são
simétricas e também possuem carregamentos simétricos é necessário realizar a
análise do pórtico apenas em uma direção, uma vez que para ambos os eixos os
esforços serão os mesmos.
Para a laje estudada é necessário montar um único pórtico, que é um
pórtico central, apresentado pela figura 4.17.

Figura 4.17: Laje lisa exemplificada.

Eng. Emanuel Dantas 131


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Conhecido o pórtico é necessário determinar alguns parâmetros, como o


carregamento atuante e a inercia dos elementos e o modulo de deformação secante
do concreto.
Analisando o pórtico central, o carregamento pode ser obtido
multiplicando todos os carregamentos atuantes por metro quadrado pelo
comprimento da faixa oposta da laje.

𝑃𝑥 = 𝑃 ∗ 𝐿𝑦
𝑃𝑥 = 8,50 ∗ 4,00
𝑃𝑥 = 34,00 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

A inercia da laje pode ser obtida utilizando a equação clássica da inercia


bruta da peça vista em resistência dos materiais.

𝑏 ∗ ℎ3
𝐼𝑙 =
12
4 ∗ 0,183
𝐼𝑙 =
12
𝐼𝑙 = 0,00194 𝑚4

A inercia dos pilares também pode ser obtida utilizando a mesma equação.

𝑏 ∗ ℎ3
𝐼𝑝 =
12
0,25 ∗ 0,253
𝐼𝑝 =
12
𝐼𝑝 = 0,000326 𝑚4

Por fim é preciso determinar o modulo de deformação secante do concreto,


entretanto ante disso é necessário determinar o valor do αi que é dado pela
seguinte equação.

𝑓𝑐𝑘
𝛼𝑖 = 0,80 + 0,20 ∗ ≤1
80
30
𝛼𝑖 = 0,80 + 0,20 ∗ ≤1
80

Eng. Emanuel Dantas 132


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

𝛼𝑖 = 0,875

Conhecido o valor do αi é possível determinar o valor do Ecs aplicando a


seguinte equação.

𝐸𝑐𝑠 = 𝛼𝑖 ∗ 𝛼𝑒 ∗ 5600 ∗ √𝑓𝑐𝑘

𝐸𝑐𝑠 = 0,875 ∗ 1,00 ∗ 5600 ∗ √30


𝐸𝑐𝑠 = 26838,405 𝑀𝑃𝑎

Com estes dados é possível montar e analisar o pórtico com auxílio do


Ftool, os resultados obtidos pela analise são mostrados pela figura 4.18.

Figura 4.18: Pórtico equivalente analisado pelo Ftool.

Conhecidos os momentos é necessário distribui-los em faixas conforme é


prescrito pelo item 14.7.8 da NBR6118:2014, para o momento negativo na faixa
externa a norma prevê a distribuição de 37,5% do momento obtido no pórtico.

𝑀𝑛𝑒𝑔𝑓𝑒 = 0,375 ∗ 𝑀𝑛𝑒𝑔


𝑀𝑛𝑒𝑔𝑓𝑒 = 0,375 ∗ 22,50
𝑀𝑛𝑒𝑔𝑓𝑒 = 8,438 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

Eng. Emanuel Dantas 133


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Realizando o mesmo processo para os demais momentos foram obtidos os


valores apresentados pela tabela 4.1.

Momento Momento
Faixa Porcentagem
(kN*m) distribuído
Pilar externo
Externa 0,375 22,50 8,438
Interna 0,250 22,50 5,625
Faixa entre pilares
Externa 0,275 29,70 8,168
Interna 0,450 29,70 13,365
Pilar interno
Externa 0,375 56,10 21,038
Interna 0,250 56,10 14,025

Determinados os momentos em cada uma das faixas eles ficam dispostos


conforme é demonstrado pela figura 4.19.

Figura 4.19: Distribuição dos momentos fletores na laje.

Finalizado este processo estão determinados os momentos fletores atuantes


na laje, como a laje é simétrica basta aplicar este processo para um dos eixos.

5.5. Dimensionamento da armadura


Neste tópico serão dimensionadas as armaduras de flexão positivas e
negativas para laje, para o dimensionamento da armadura positiva será
considerado o pior caso que é o momento na faixa interna central de 13,365
kN*m.

Eng. Emanuel Dantas 134


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Para dar início ao dimensionamento da armadura é necessário


primeiramente determinar o valor de Md que é o momento fletor majorado para o
estado limite último.

𝑀𝑑 = 𝛾𝑔 ∗ 𝑀𝑘
𝑀𝑑 = 1,40 ∗ 13,365
𝑀𝑑 = 18,711 𝑘𝑁 ∗ 𝑚

O segundo passo é determinar a altura útil da laje, este processo funciona


da mesma maneira que foi demonstrado para lajes maciças, como as armaduras
ainda não são conhecidas será arbitrado barras de 8 mm, com isso a altura útil da
laje é a dada pela seguinte equação.

ø𝑠
𝑑 = ℎ − (𝑐𝑛𝑜𝑚 + ø𝑝 + )
2
0,008
𝑑 = 18 − (0,025 + 0,008 + )
2
𝑑 = 0,143 𝑚

Seguindo é necessário determinar o valor do fcd que nada mais é do que a


resistência de cálculo do concreto dada pela seguinte equação.

𝑓𝑐𝑘
𝑓𝑐𝑑 =
𝛾𝑐
30 ∗ 1000
𝑓𝑐𝑑 =
1,40
𝑓𝑐𝑑 = 21428,571 𝑘𝑁/𝑚²

Conhecidos estes parâmetros é possível determinar a altura da linha neutra


da seção, para isto basta aplicar a seguinte expressão.

𝑀𝑠𝑑
𝑥 = 1.25 ∗ 𝑑 ∗ (1 − √1 − ( ))
0,425 ∗ 𝑏𝑤 ∗ 𝑑2 ∗ 𝑓𝑐𝑑

Eng. Emanuel Dantas 135


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

18,711
𝑥 = 1.25 ∗ 1,00 ∗ (1 − √1 − ( ))
0,425 ∗ 1,00 ∗ 0,1432 ∗ 21428,571

𝑥 = 0,00922 𝑚

Conhecida a posição da linha neutra é preciso verificar a se a laje cumpre


o limite de ductilidade estabelecido pelo item 14.6.4.3 da NBR6118:2014.

𝑥 0,00922
= = 0,064
𝑑 0,143

Como o limite estabelecido pela norma para concretos de até 50 MPa é de


0,45 a laje estudada cumpre com folga a esta verificação normativa, entretanto,
ainda é necessário determinar o domínio de deformação no qual ela se encontra, o
limite entre os domínios 2 e 3 é dado pela seguinte equação.

𝑥23 = 0,259 ∗ 𝑑
𝑥23 = 0,259 ∗ 0,143
𝑥23 = 0,037

Como o valor limite para o domínio 2 é de 0,037 é a linha neutra calculada


está a 0,00922 m pode-se concluir que a laje ainda estás sendo dimensionada no
domínio 2 de deformação.
Como todas estas verificações foram cumpridas é possível continuar com
o dimensionamento da laje, sendo necessário agora determinar a área de aço, que
pode ser obtida aplicando a seguinte equação.

𝑀𝑠𝑑
𝐴𝑠𝑥 =
(𝑑 − 0,4 ∗ 𝑥) ∗ 𝑓𝑦𝑑
18,711
𝐴𝑠𝑥 =
(0,143 − 0,4 ∗ 0,037) ∗ 43,47
𝐴𝑠𝑥 = 3,089 𝑐𝑚²

Eng. Emanuel Dantas 136


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Calculada a armadura necessária é preciso ainda verificar qual é a área de


aço mínima necessária, isso pode ser feito utilizando a tabela 17.3 da
NBR6118:2014 que fornece a seguinte equação.

𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = 0,15 ∗ 𝑏𝑤 ∗ ℎ
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = (0,15 ∗ 1,00 ∗ 0,18) ∗ 100
𝐴𝑠𝑚𝑖𝑛 = 2,70 𝑐𝑚²

Como a armadura calculada foi maior do que a mínima deve-se utilizar a


armadura calculada, para determinar a quantidade de barras necessárias basta
dividir a armadura mínima pela área de cada barra.

𝐴𝑠𝑥
𝑛𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 =
𝐴𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎
3,089
𝑛𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 =
0,503
𝑛𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠 = 6,146 𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠

Como não é possível utilizar 6,146 barras deve-se arredondar este valor
para o próximo número inteiro, ou seja, serão utilizadas 7 barras de 8.0 mm.
Conhecida a quantidade de barras a serem utilizadas pode-se determinar o
espaçamento entre as barras utilizando a seguinte expressão.

100
𝑠=
𝑁𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎𝑠
100
𝑠=
7
𝑠 = 14,286 𝑐𝑚

Afim de facilitar a execução é necessário arredondar o valor do


espaçamento entre barras para um valor inteiro, sendo assim pode detalhar a laje
utilizando 7 barras de 8.0 mm com 14 cm de espaçamento entre elas.
Com isso finaliza-se o processo de dimensionamento das armaduras, sendo
necessário repetir todos estes passos os demais momentos fletores atuantes na laje.

Eng. Emanuel Dantas 137


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Aplicando o mesmo processo demonstrado anteriormente e


dimensionando as armaduras para os demais momentos atuantes na laje foram
obtidos os valores apresentados pela tabela 4.2.

Mk Md As Asmin Número Espaçamento


d (m) x (m)
(kN*m) (kN*m) (cm²) (cm²) de barras (cm)
8,438 11,813 0,143 0,00576 1,931 2,70 6 16
5,625 7,875 0,143 0,00382 1,28 2,70 6 16
8,168 11,435 0,143 0,00557 1,868 2,70 6 16
13,365 18,711 0,143 0,00922 3,089 2,70 7 14
21,038 29,453 0,143 0,01474 4,941 2,70 10 10
14,025 19,635 0,143 0,00969 3,246 2,70 7 14

Com isso finaliza-se o processo de dimensionamento das armaduras de


flexão da laje estudada.

5.6. Verificação quanto a punção


Neste tópico será realizado estudo da punção na laje, verificando se é
necessário utilizar armadura de punção na laje, como todos os pilares do projeto
são considerados de centro, o pilar que será estudado em detalhes neste trabalho é
o P5.
Como o pilar P5 é o mais carregado se ele cumprir os requisitos quanto a
punção todos os outros pilares também podem ser considerados verificados.
Dando início a verificação quanto a punção deve-se determinar o valor de
fsd que é a força de tração de cálculo, entretanto, para conhecer este valor é preciso
considerar uma área de influência dos carregamentos.
Essa área de influência depende das faixas utilizada para a montagem dos
pórticos equivalentes, conforme pode ser visto na figura 4.20.

Eng. Emanuel Dantas 138


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Figura 4.20: Área de influência dos pilares.

Para o pilar P5 essa área é de 16,00 m², conhecida esta área de influência e
o carregamento atuante por metro quadrado de laje é possível determinar o valor
de fsd que é dado pela seguinte expressão.

𝑓𝑠𝑑 = 𝛾𝑔 ∗ 𝐴𝑖𝑛𝑓 ∗ 𝑃
𝑓𝑠𝑑 = 1,40 ∗ 16,00 ∗ 8,50
𝑓𝑠𝑑 = 190,40 𝑘𝑁

Seguindo com a verificação é necessário determinar o perímetro crítico C,


que é o perímetro junto ao pilar, dado pela seguinte expressão.

𝑢 = (2 ∗ 𝑏) + (2 ∗ ℎ)
𝑢 = (2 ∗ 0,25) + (2 ∗ 0,25)
𝑢 = 100 𝑐𝑚

Eng. Emanuel Dantas 139


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Conhecido estes parâmetros é possível determinar o valor de τrd que é


tensão de cisalhamento solicitante no concreto, dado pela seguinte equação.

𝑓𝑠𝑑
𝜏𝑠𝑑 =
𝑢∗𝑑
190,40
𝜏𝑠𝑑 =( ) ∗ 10
100 ∗ 14,30
𝜏𝑠𝑑 = 1,331 𝑀𝑃𝑎

Conhecido o valor de τsd é necessário compara-lo com o valor de τrd2 que é


tensão de cisalhamento resistente do concreto, e pode ser obtido pela seguinte
expressão.

𝑓𝑐𝑘
𝜏𝑟𝑑2 = 0,27 ∗ 𝛼𝑣 ∗
𝛾𝑐
30 30
𝜏𝑟𝑑2 = 0,27 ∗ (1 − )∗
250 1,40
𝜏𝑟𝑑2 = 5,09 𝑀𝑃𝑎

Comparando os dois valores pode-se concluir que não há esmagamento da


biela de compressão uma vez que a τrd2 é maior do que τsd, portanto é possível
seguir normalmente com a verificação quanto a punção.
Dando prosseguimento ao estudo da punção é preciso avaliar agora a
superfície critica C’, para estudar esta superfície crítica é necessário determinar
um novo perímetro conhecido agora como u’.
Este novo perimétrico critico se estende a 2 vezes a altura útil da laje,
conforme pode ser visto na figura 4.9 e pode ser calculado utilizando a seguinte
expressão.

𝑢′ = ((2 ∗ 𝑏) + (2 ∗ ℎ)) + (4 ∗ 𝜋 ∗ 𝑑)
𝑢′ = ((2 ∗ 25) + (2 ∗ 25)) + (4 ∗ 𝜋 ∗ 14,30)
𝑢′ = 279,699 𝑐𝑚²

Eng. Emanuel Dantas 140


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Conhecido o valor do perímetro u’ é possível determinar o valor de τsd’ que


pode ser obtido utilizando-se a seguinte expressão.

𝑓𝑠𝑑
𝜏𝑠𝑑′ =
𝑢′ ∗ 𝑑
190,40
𝜏𝑠𝑑′ =( )
279,699 ∗ 14,30
𝜏𝑠𝑑′ = 0,476 𝑀𝑃𝑎

Seguindo é necessário conhecer a taxa geométrica de armadura, há alguns


processos que podem ser aplicados para esta finalidade, para dar início a
determinação desta taxa é preciso determinar região desta armadura.
Esta região é caracterizada como 3 vezes a altura útil da laje, de cada um
dos lados dos pilares, mais a dimensão do pilar, podendo ser expresso da seguinte
maneira.

𝑙3𝑑 = (3 ∗ 𝑑 ∗ 2) + ℎ𝑝
𝑙3𝑑 = (3 ∗ 14,30 ∗ 2) + 25
𝑙3𝑑 = 86,05 𝑐𝑚

O próximo passo é determinar a armadura contida nesta região, isto pode


ser obtido da seguinte maneira.

𝑙3𝑑
𝐴𝑠3𝑑 = ∗ 𝑎𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎
𝑒𝑠𝑝𝑏𝑎𝑟𝑟𝑎
86,05
𝐴𝑠3𝑑 = ∗ 0,503
10
𝐴𝑠3𝑑 = 4,328 𝑐𝑚²

Por fim é necessário determinar a área de concreto desta região, para isto
será levado em conta a região determinada anteriormente e a altura útil da laje,
sendo assim aplica-se a seguinte equação.

𝐴𝑐𝑙3𝑑 = 𝑙3𝑑 ∗ 𝑑
𝐴𝑐𝑙3𝑑 = 86,05 ∗ 14,30

Eng. Emanuel Dantas 141


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

𝐴𝑐𝑙3𝑑 = 1230,515 𝑐𝑚²

Como a laje é simétrica a taxa de armadura para ambas as direções são


iguais, sendo obtidas pela seguinte equação.

𝐴𝑠3𝑑
𝜌𝑥 = 𝜌𝑦 =
𝐴𝑐𝑙3𝑑
4,328
𝜌𝑥 = 𝜌𝑦 =
1230,515
𝜌𝑥 = 𝜌𝑦 = 0,00352

Por fim a taxa de armadura a ser utilizada para obtenção do valor de τRd1 é
dada pela seguinte expressão.

𝜌 = √𝜌𝑥 ∗ 𝜌𝑦

𝜌 = √0,00352 ∗ 0,00352
𝜌 = 0,00352

Seguidos todos estes passos é possível determinar o valor de τRd1 que é


dado pela seguinte expressão.

20 1
𝜏𝑅𝑑1 = 0,13 ∗ (1 + √ ) ∗ ((100 ∗ 𝜌 ∗ 𝑓𝑐𝑘 )3 )
𝑑

20 1
𝜏𝑅𝑑1 = 0,13 ∗ (1 + √ ) ∗ ((100 ∗ 0,00352 ∗ 30)3 )
14,30

𝜏𝑅𝑑1 = 0,622 𝑀𝑃𝑎

Realizadas todas as verificações conclui-se que o valor de τsd’ e menor do


que o τRd1 sendo assim a ligação entre laje e pilar não necessita de reforço.
Para os demais pilares foram encontrados os valores exibidos pela tabela
4.3.

Eng. Emanuel Dantas 142


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

fsd τsd τrd2 τsd' τRd1


Pilar ρ
(kN) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
P1=P3=P7=P9 107,1 0,749 5,091 0,268 0,0022 0,532
P2=P4=P6=P8 142,8 0,999 5,091 0,357 0,00352 0,622
P5 190,4 1,331 5,091 0,476 0,00352 0,622

5.7. Dimensionamento da armadura contra colapso progressivo


Neste tópico será demonstrado como é realizado o dimensionamento da
armadura de colapso progressivo, conforme foi dito anteriormente essa é uma
armadura muito importante quando se trabalha com lajes apoiadas diretamente
sobre pilares.
A armadura contra colapso progressivo é responsável por impedir que uma
ruptura abrupta da laje na região onde ocorre a ligação entre a laje e o pilar, apesar
de ser uma armadura de grande importância o seu dimensionamento é
extremamente simples.
Para exemplificar como é o dimensionamento deste tipo de armadura será
utilizado o pilar P1, que é exatamente igual aos pilares P3, P7 e P9, portanto, este
dimensionamento pode ser realizado apenas para o pilar P1 e os resultados
aplicados para os demais pilares citados.
Para dar início ao dimensionamento é necessário conhecer o valor de fsd
que é a força de tração de cálculo, entretanto, para conhecer este valor é preciso
considerar uma área de influência dos carregamentos.
Esta área de influência pode ser obtida da mesma forma que foi feito para
punção, portanto para o pilar P1 essa área é de 9,00 m², conhecida esta área de
influência e o carregamento atuante por metro quadrado de laje é possível
determinar o valor de fsk que é dado pela seguinte expressão.

𝑓𝑠𝑘 = 𝐴𝑖𝑛𝑓 ∗ 𝑃
𝑓𝑠𝑘 = 9,00 ∗ 8,50
𝑓𝑠𝑘 = 76,50 𝑘𝑁

Eng. Emanuel Dantas 143


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

O valor obtido acima foi para o fsk, portanto, para realizar o


dimensionamento da armadura é necessário determinar o valor de fsd que nada
mais é do que o fsk majorado.
Para majorar o valor de fsk a NBR6118:2014 por meio do seu item 19.5.4
permite que seja utilizado um coeficiente de 1,2 ao invés dos já conhecido γg de
1,4, com isso o valor de fsd pode ser expresso da seguinte maneira.

𝑓𝑠𝑑 = 𝛾𝑐𝑝 ∗ 𝑓𝑠𝑘


𝑓𝑠𝑑 = 1,20 ∗ 76,50
𝑓𝑠𝑑 = 91,80 𝑘𝑁

Conhecido o valor de fsd é possível determinar a armadura necessária


contra colapso progressivo utilizando a seguinte equação.

1,50 ∗ 𝑓𝑠𝑑
𝐴𝑠𝑐𝑐𝑝 =
𝑓𝑦𝑑
1,50 ∗ 91,80
𝐴𝑠𝑐𝑐𝑝 =
43,47
𝐴𝑠𝑐𝑐𝑝 = 3,167 𝑐𝑚²

Aplicando o mesmo processo para os demais pilares são obtidos os valores


apresentados pela tabela 4.4.

Área de
Carregamento Asccp
Pilar influência
(kN/m²) (cm²)
(m²)
P1 = P3 = P7 = P9 9,00 8,50 3,167
P2 = P4 = P6 = P8 12,00 8,50 4,223
P5 16,00 8,50 5,630

Com isso finaliza-se o processo de dimensionamento da armadura contra


colapso progressivo.

5.8. Verificação quanto ao estado limite de serviço

Eng. Emanuel Dantas 144


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

Neste tópico será realizada a verificação quanto ao estado limite de


serviço, a verificação realizada neste exemplo será quanto a aceitabilidade
sensorial visual que de acordo com a norma deve ser determinado utilizando a
combinação de carregamento quase permanente.
Conhecido o carregamento para a combinação quase permanente é
possível estimar a flecha imediata utilizando o software Ftool, sendo assim é
obtido o resultado apresentado pela figura 4.21.

Figura 4.21: Deslocamentos no pórtico.

O valor da flecha imediata final pode ser considerado como sendo duas
vezes a flecha obtida no pórtico estudado, isso é possível pois os carregamentos
são uniformemente distribuídos e os vão da laje em ambas as direções são iguais,
sendo assim a flecha imediata é a seguinte.

𝑓𝑖 = 2 ∗ 𝐷𝑌
𝑓𝑖 = 2 ∗ 0,06
𝑓𝑖 = 0,12 𝑐𝑚

Assim como foi feito para os demais tipos de lajes é preciso estimar a
flecha diferida, o primeiro passo para isto é determinar o valor ξt0 que é dado pela
seguinte equação.

Eng. Emanuel Dantas 145


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

𝜉𝑡0 = 0,68 ∗ (0,996𝑡 ) ∗ 𝑡 0,32


𝜉𝑡0 = 0,68 ∗ (0,9961 ) ∗ 10,32
𝜉𝑡0 = 0,677

Como o tempo infinito é maior do que 70 meses o valor de ξt é fixado em


2, sendo assim o valor de Δξ é dado pela seguinte expressão.

𝛥𝜉 = 𝜉𝑡 − 𝜉𝑡0
𝛥𝜉 = 2 − 0,667
𝛥𝜉 = 1,323

O próximo passo é determinar o valor de αf que é dado pela seguinte


expressão.

𝛥𝜉
𝛼𝑓 =
1 + 50 ∗ 𝜌′
1,323
𝛼𝑓 =
1 + 50 ∗ 0
𝛼𝑓 = 1,323

Conhecido o valor de αf é possível estimar a flecha diferida no tempo, para


isto basta utilizar a seguinte expressão.

𝑓𝑑 = 𝑓𝑖 ∗ (1 + 𝛼𝑓 ).
𝑓𝑑 = 0,12 ∗ (1 + 1,323)
𝑓𝑑 = 0,279 𝑐𝑚

Estimado o valor da flecha imediata e diferida é necessário verificar se ela


está dentro dos limites estabelecidos pela tabela 13.3 da NBR6118:2014, como a
verificação de flechas neste exemplo foi para a aceitabilidade sensorial visual o
limite estabelecido tabela 13.3 é de l / 250.
Como a flecha limite é de 1,60 cm e a flecha estimada é de 0,279 cm pode-
se concluir que a laje está bem dimensionada quanto ao estado limite de serviço
para a aceitabilidade sensorial visual.

Eng. Emanuel Dantas 146


Curso de lajes em concreto armado – O Canal da Engenharia

REFERÊNCIAS
ARAÚJO, José Milton de. Curso de concreto armado – Volume 2. Rio Grande:
DUNAS, 2014. V2, 4. Ed, 432 p.

ARAÚJO, José Milton de. Curso de concreto armado – Volume 4. Rio Grande:
DUNAS, 2014. V4, 4. Ed, 372 p.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR6118:2014. Projeto de


estruturas de concreto. Rio de Janeiro, ABNT.

BASTOS, Paulo Sérgio Dos Santos. Lajes de concreto. Bauru. Universidade


Estadual Paulista, 2015.

CARVALHO, Roberto Chust; FILHO, Jasson Rodrigues de Figueiredo. Cálculo e


detalhamento de estruturas usuais de concreto armado segundo a
NBR6118:2014. São Carlos: Edufscar, 2015. V1, 4. Ed, 415 p.

CARVALHO, Roberto Chust; LIBÂNIO, Mirando Pinheiro. Cálculo e


detalhamento de estruturas usuais de concreto armado – Volume 2. São
Paulo: PINI, 2009. V2, 1. Ed, 589 p.

FILHO, Américo Campos. Projeto de lajes de concreto armado. Porto Alegre:


Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2014.

PINHEIRO, Libânio M. Tabela de lajes. São Carlos: Universidade de São Paulo,


2007.

PINHEIRO, Libânio M; Muzardo, Cassiane D; Santos, Sandro P. Lajes maciças.


São Carlos: Universidade de São Carlos, 2003.

SILVA, Marcos Alberto Ferreira. Projeto e construção de lajes nervuradas de


concreto armado. São Carlos: Universidade Federal de São Carlos, 2005.

Eng. Emanuel Dantas 147

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