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“Na medida em que não existe, mas ao mesmo tempo se coloca como algo de
valor, algo desejável do ponto de vista da solução dos problemas da escola, a
tarefa deve consistir, inicialmente, em tomar consciência das condições
concretas, ou das contradições concretas, que apontam para a viabilidade de
um projeto de democratização das relações no interior da escola.” (p.9)
“A segunda advém do fato de que, por um lado, ele deve deter uma
competência técnica e um conhecimento dos princípios e métodos necessários
a uma moderna e adequada administração dos recursos da escola, mas, por
outro lado, sua falta de autonomia em relação aos escalões superiores e a
precariedade das condições concretas em que se desenvolvem as atividades
no interior da escola tornam uma quimera a utilização dos belos métodos e
técnicas adquiridos (pelo menos supostamente) em sua formação de
administrador escolar, já que o problema da escola pública no país não é,
na verdade, o da administrações de recursos, mas o da falta de recursos”
(grifo nosso, p.11)
Atualmente, e isso não é uma coisa que não se saiba, não existe uma
formação para administrador escolar, senão a nível de especialização,
que muitos diretores atuais não possuem. Também dentro deste trecho
de PARO, vale ressaltar que conforme grifado, o problema é a falta de
recursos.
Seria importante sim, na forma de lei, uma liberação para os pais, até
porque se queremos a gestão democrática, e quem formula a LDB
também insiste, deve sim dar provisão aos trabalhadores participarem na
escola.
“Na escola pública há que se considerar, também, que sua prática está tão
perpassada pelo autoritarismo, que o discurso liberalizante mal consegue
escamoteá-lo. Há pessoas trabalhando na escola, especialmente em postos de
direção, que se dizem democratas apenas porque são ‘liberais com alunos,
professores, funcionários ou pais, porque lhes ‘dão abertura’ ou ‘permitem’ que
tomem parte desta ou daquela decisão. Mas o que esse discurso parece não
conseguir encobrir totalmente é que, se a participação depende de alguém que
dá abertura ou que permite sua manifestação, então a prática em que tem lugar
essa participação não pode ser considerada democrática, pois democracia não
se concede, se realiza: não pode existe um ‘ditador democrático’. Se a
democratização das relações na escola pública ficar na dependência deste ou
daquele diretor magnânimo, que ‘concede’ democracia, poucas esperanças
podemos ter de contar, um dia, com um sistema de ensino democrático, pois
diretores magnânimos e bem-intencionados – alguns que até se prejudicam por
amor à causa da democracia – sempre tivemos, mas nem por isso vimos
generalizar-se a democracia na rede pública de ensino.” (p.19)
“Com relação aos interesses dos grupos há certa concepção ingênua que toma
a escola como uma grande família, onde todos se amam e, bastando um pouco
de boa vontade e sacrifício, conseguem viver harmoniosamente, sem conflitos.
Mas parece que os conflitos não se se superam por fazer-se de conta que eles
não existem, já que eles são reais e precisam ser resolvidos para serem
superados, e para resolvê-los é necessário conhece-los de forma realista”. (p.
20)
“Na verdade ter o diretor como responsável último por esse tipo de escola 1 tem
servido ao Estado como um mecanismo perverso que coloca o diretor como
‘culpado primeiro’ pela ineficiência e mau funcionamento da escola, bem
como pela centralização das decisões que aí se dão. Isso leva o diretor de
escola a ser alvo dos ódios e acusações de pais, alunos, professores,
funcionários e da opinião pública em geral, que se voltam contra a pessoa do
diretor e não contra a natureza do seu cargo, que é o que o tem levado a agir
necessariamente contra os interesses da população.”(p.24)
“Nas escolas públicas, especialmente nas que atendem os filhos das camadas
mais pobres da população, está muito presente uma postura que toma a
criança, não como sujeito de aprendizagem e como elemento fundamental para
a realização da educação, mas como obstáculo que impede que esta se
1
Escolas com diretores eleitos por concurso público.
realize, lançando sobre os alunos a responsabilidade quase total pelo fracasso
do ensino. Esse comportamento funda-se, em grande parte, nas concepções
que o próprio professor tem das crianças das camadas populares.”(p. 26)
Isso acontece grande parte das vezes, também tornando isso como
desculpa para tornar a criança que tem vulnerabilidade financeira e social
como sujeito que não pode aprender e que possui deficiências e
dificuldades.
Não importa estar na escola nas reuniões e dizer que participa, mas
acredito que a escola tem que auxiliar a comunidade à participar de fato
da gestão da escola, pois comparecer reuniões é simples.
“O caráter representativo da investigação leva-nos a considerar a questão da
representatividade.”(p.41)
È uma queixa que acontece que o conselho não é atuante, mas também
acontece que ele não é chamado para participar, de acordo com
entrevista com diretora de escola municipal do município de Jaguarão-
RS.
Sem dúvida alguma que o professor é uma das peças mais importantes
do país.
“O que temos, em geral, são prédios (a que se convencionou qualificar de
‘escolares’) precariamente equipados e malconservados, onde se amontoam
quantidades enormes de crianças e jovens sem os mais elementares critérios
didático-pedagógicos e sem as mínimas condições sequer de convivência
humana.” (p. 109)
Isso devido a falácia de “escola para todos”, que o autor critica no inicio
do parágrafo.
“Não se trata de advogar uma pureza para a escola que a colocaria fora da
realidade humana, mas de, precisamente por sua característica social,
entende-la como um instrumento de transformação, não renunciando seu papel
histórico de contribuir para a superação da alienação e acriticidade prevalentes
no âmbito das relações dominadoras que se fazem presentes no processo
capitalista de produção.”(p. 111)
Nunca pode-se deixar de ver a escola com seu papel transformador, como
consta na citação, pois é através dela que se “molda” os sujeitos para a
vida em sociedade, tentando superar assim o capitalismo onde minoria
tem condições e as pessoas tem de sujeitar para poder viverem. É
somente através da escola que podemos nos libertar destas concepções.
VITOR PARO