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GUARDA NACIONAL REPUBLICANA

DIVISÃO DE COMUNICAÇÃO E RELAÇÕES PÚBLICAS

I NFO RM AÇ ÃO INT ERN A - 03 /11 17JAN2011

Discurso proferido pelo Comandante da Guarda Nacional Republicana, Tenente -General


Newton Parreira, durante a Cerimónia de tomada de posse que teve lugar na Escola da
Guarda às 16:30 horas do dia 17 de Janeiro
Os acontecimentos que pautam a vida e a história dos seres humanos, concederam -me a honra e o privilégio de
comandar esta nobre Instituição, a Guarda Nacional Republicana.
Cumpre reconhecer, por imperativo de justiça, o quanto devemos aos ilustres antecessores que tiveram a visão
da sua importância e souberam fazê -la vingar em situações, por vezes, tão adversas.
Seguindo o seu exemplo, assumo o compromisso de que me dedicarei ao exercício do cargo, com todo o meu
saber, empenho e dedicação, e que, no cumprimento da Missão que me foi confiada, agirei sempre de forma res-
ponsável, leal e denodada, nos limites dos poderes que me foram conferidos e no estrito cumprimento das nor-
mas que emergem da Constituição e da lei.
Aceitei a minha nomeação por três razões fundamentais:
Em primeiro lugar, o privilégio de ter servido na Guarda Nacional Republicana, durante os últimos cinco anos,
permitiu-me adquirir o grau de conhecimento da Guarda e da dimensão da sua actividade no meio social e no
contexto das instituições do Estado, que considero estar de acordo com os parâmetros de exigência inerentes à
tomada de uma decisão consciente e responsável, que me leva a assumir com tranquilidade o encargo de prosse-
guir os destinos desta centenária instituição militar, votada à causa da segurança e tranquilidade publicas.
Em segundo lugar, acredito nas potencialidades do sistema dual de segurança interna em vigor, com uma compo-
nente de natureza militar, a GNR, e uma componente civil, PSP, Serviços de Segurança e Policias Municipais, para
o qual a Guarda contribui e representa um meio importante, eficaz e indispensável, para a satisfação das neces-
sidades de segurança do Estado em geral e dos cidadãos, em particular, propiciando -lhes o livre exercício dos
direitos, liberdades e garantias.
Em terceiro lugar, confio na competência, na dedicação, disciplina e espírito de missão das mulheres e dos
homens que servem na Guarda Nacional Republicana, para levar a cabo a minha missão.
Estou ciente das exigências e dos desafios que vou enfrentar, mas confiante na sua superação.
A estrutura orgânica da Guarda sofreu, nos últimos dois anos, alterações profundas, com reflexo nos sistemas de
comando, coordenação e controlo, e no sistema de apoio logístico.
Foi um processo que exigiu um esforço redobrado. As energias, capacidades e competências da Guarda foram
repartidas entre a necessidade da implementação do novo modelo estrutural e, simultaneamente, as exigências
do cumprimento da Missão da Guarda, mantendo elevada a sua capacidade operacional, garantindo o adequado
nível de protecção e segurança das populações, assumindo os encargos decorrentes da colaboração na execução
da política de defesa nacional e da participação no apoio da política externa do Estado Português.
Decorridos dois anos sobre a implementação das alterações da estrutura orgânica da Guarda, impõe -se uma ava-
liação de resultado, com base em critérios objectivos e daí retirar conclusões sólidas para eventual proposta de
introdução de ajustamentos e correcções.
A reestruturação da Guarda, ainda em curso, seguiu orientações aparentemente fundadas num modelo organiza-
cional, desenvolvido com base em doutrina assente em pressupostos quase exclusivamente de pura racionalida-
de económica.
A Guarda Nacional Republicana, desenvolve uma cultura e uma doutrina próprias, assentes em pressupostos de
eficácia e de eficiência, que visam em permanência:
Assegurar a continuidade da acção preventiva contra a ocorrência de perigos que ameacem afectar a
segurança das pessoas, do património, do ambiente, ou a segurança interna do Estado;
Incentivando os cidadãos a adoptarem condutas que preservem e potenciem a sua segurança e adop-
tando medidas de dissuasão das condutas anti sociais;
Garantindo, simultaneamente, a prontidão na resposta aos acontecimentos, reprimindo os infracto-
res, colaborando e promovendo a sua responsabilização criminal ou contra -ordenacional, através dos
poderes legitimamente instituídos, nos termos da Constituição e da lei.
Os meios para atingir aqueles objectivos, envolvem necessariamente uma componente financeira importante,
que a sociedade em geral e o cidadão em particular, esperam e exigem que seja gerida com rigor e com base em
critérios de racionalidade económica.
Porém, reclamam também, da parte das forças de segurança, uma forte coesão interna dos seus membros, e a
adopção de sistemas de comando, controlo e coordenação da actividade desenvolvida nos diversos escalões hie-
rarquicamente organizados e no diversificado universo de atribuições legalmente definidas, que permitam a
todo o tempo a unidade de comando e da acção.
Será este o objectivo da avaliação de resultado que me proponho realizar, visando sempre a afirmação da Guar-
da no contexto da segurança das pessoas, do estado e da nação, alicerçada na adopção, em cada momento e em
cada circunstância concreta, das soluções mais ajustadas e coerentes com o cumprimento da Missão.
Na realidade social em que vivemos e assumimos defender, assistimos à emergência de ameaças à segurança em
geral, e de uma criminalidade em particular, que se caracterizam por situações de incerteza e bruscas mutações
de cenários, e se traduzem na descontinuidade das zonas de actuação, simultaneidade de acções, rapidez, vio-
lência e ritmo e, acima de tudo, dificuldade em distinguir e identificar o adversário e dispor de informação actua-
lizada em tempo oportuno.
A resposta adequada assentará na identificação de objectivos simples e claros, a partir de uma leitura actualiza-
da e persistente das ameaças assimétricas, e com base na doutrina comum a todas as forças de segurança, privi-
legiando a acção preventiva de perigos, resultantes da acção humana ou de fenómenos imprevisíveis da nature-
za, que ameacem afectar o funcionamento das instituições, ou produzir lesões nas pessoas, no património ou no
ambiente.
Independentemente da maior ou menor escassez de meios, o desenvolvimento de toda a actividade da Guarda,
tem que assentar nas seguintes linhas de força, objectivos e preocupações permanentes:
Eleger a prevenção do crime e de outras condutas anti -sociais, como fim primário de toda a actividade operacio-
nal:
Combatendo a criminalidade em geral e em especial a relacionada com o furto e roubo, realidades
que têm evoluído para situações de violência grave, provocando lesão da integridade física das
pessoas e danos elevados e consideravelmente elevados no património.
Mantendo apreciável esforço no combate ao tráfico de droga e aos multifacetados tipos de crimi-
nalidade com ela directa ou indirectamente relacionados, que continuam a influenciar, decisiva-
mente, o sentimento geral de segurança das populações.
Investindo mais no policiamento de proximidade e nos programas especiais consolidados e fomen-
tando o surgimento de respostas a novos problemas e ameaças.
Sedimentar a qualidade, a eficácia e a eficiência da investigação criminal, para que, perante a inevitabilidade da
acção preventiva afastar todas as condutas criminosas, sejam, a posteriori, alcançados os objectivos de respon-
sabilização criminal dos que prevaricaram, provocando lesões na integridade física das pessoas, afectando o nor-
mal funcionamento das instituições ou produzindo danos no património.
Manter a Guarda, na vanguarda da actividade estadual de protecção do ambiente, colaborando nas acções for-
mativas e informativas, prevenindo as condutas que ameacem os bens ambientais naturais e reprimindo os cri-
mes e contra -ordenações em matéria ambiental.
Assumir que na vastidão territorial da área de responsabilidade da Guarda, a segurança rodoviária não pode ser
encarada como mera actividade de polícia administrativa. Os eixos rodoviários que ligam as nossas cidades, vilas
e aldeias, propiciando a livre circulação de pessoas e bens, são também locais de enorme perda de vidas huma-
nas em resultado do risco próprio da circulação automóvel, mas também eixos de penetração de fenómenos de
criminalidade inter-regional e internacional. A eficácia dos meios empregues no combate a estas realidades, exi-
ge uma reavaliação dos sistemas de coordenação, que têm que projectar -se muito para além dos limites geográ-
ficos do município, do distrito e até do estado. Temos o desafio de encontrar soluções para estas ameaças.
Vamos encarar esse desafio com serenidade, firmeza e racionalidade, recusando como inevitável o elevado
número de mortos e feridos nas estradas portuguesas e que sejam local de passagem intocável para a criminali-
dade inter-regional e internacional, incrementando adequados mecanismos de cooperação e coordenação opera-
cional e as correcções que se mostrem ajustadas.
Nas áreas fiscal e de controlo costeiro, importa reavaliar a actual estrutura organizacional, promover a formação
dos efectivos e potenciar a capacidade operacional destas valências específicas, de carácter muito especializado
e âmbito nacional, consideradas vitais no cabal cumprimento das suas atribuições, nas áreas da investigação e
fiscalização de natureza tributária, fiscal, aduaneira, assim como, na vigilância, patrulhamento e intercepção de
toda a costa e mar territorial do País.
Manter a elevada capacidade operacional da Unidade de Intervenção, para cumprimento das suas missões pró-
prias, garantia do apoio e reforço do dispositivo territorial, fiscal e de controlo costeiro e a possibilidade de pro-
jecção de forças para fora do Território Nacional
Garantir a continuidade do cumprimento da missão de segurança aos órgãos de soberania e dos encargos decor-
rentes da execução de honras de Estado.
Para a prossecução dos nossos objectivos, o elemento fundamental continuará ser o Patrulheiro.
É ele, desde sempre, o rosto da Guarda.
O Patrulheiro, uniformizado, no campo ou na cidade, nas estradas, no serviço marítimo, na acção fiscal, aplican-
do a lei, que estabelece em permanência a mediação entre o poder legítimo do Estado e o cidadão a quem as
normas e as regras se dirigem para regular a sua conduta. É também nessa mediação que o conflito se potencia e
quantas vezes se declara.
É o somatório da acção diária do patrulheiro que nos permite afirmar que cumprimos com os objectivos propos-
tos e nos confere a necessária confiança e optimismo para as acções futuras.
É por isso necessário reequilibrar os meios disponíveis para execução do patrulhamento diário e disponibilizar -
lhe mais e melhores recursos materiais, tornando esta actividade cada vez mais motivadora e aliciante.
Toda a acção realizada deve assentar em critérios de Exigência, lealdade e confiança
Exigência, antes do mais, connosco próprios. Exigência para sabermos mais e, sabendo mais, para fazermos o
melhor, sem transigir com o facilitismo ou o improviso.
Lealdade, em primeiro lugar, entre todos nós. Lealdade para com a cadeia de comando, em todos os cargos,
actos e missões.
Confiança entre quem comanda e quem é comandado. Confiança entre quem é operacional, quem planeia e quem
mantém a estrutura de apoio.
Confiança na instrução, nos planos, nos métodos, nos meios, mas sempre e fundamentalmente, na acção diária e
continuada dos homens e mulheres que executam as tarefas e as missões que daqueles resultam
Exigência, Lealdade e Confiança, na plena consciência da condição essencial de quem somos e que, pelo facto de
o sermos, a nossa vida está ao serviço da segurança dos nossos semelhantes, sem esquecermos que, o facto de
sermos militares, sendo apenas uma mais -valia de que dispomos, é também o traço identificador da nossa insti-
tuição e da sua autonomia, expressamente definidas na lei orgânica e estatutária.

Identidade e autonomia, caracterizada desde logo pela imposição de encargos operacionais dirigidos ao cumpri-
mento de missões de natureza policial e missões de natureza militar, exige também, internamente, a par da com-
petência técnico profissional, que a solidariedade, coesão, disciplina, espírito de missão e comunhão de esfor-
ços, por todos sejam aceites, sem reservas, como meio imprescindível, necessário e adequado, para o sucesso de
todas as acções empreendidas.

Por ser um imperativo de ordem racional, para continuar a garantir a segurança e o bem -estar das comunidades
que servimos, prosseguirei a minha acção, pugnando por dotar a Guarda com os meios adequados à multiplicida-
de de tarefas inerentes à sua missão, porque estou consciente da elevada preparação técnica dos nossos milita-
res, que devidamente enquadrados estarão em condições de fazer o uso devido dos meios com que forem dota-
dos.
Pugnarei pela dignificação do estatuto social dos Militares da Guarda e das suas carreiras profissionais, comple-
tando o quadro normativo decorrente da nova lei orgânica e estatuária.
No curto prazo, terei como principal preocupação a total implementação do estatuto remuneratório, cujo diplo-
ma legal entrou em vigor em 1 de Janeiro de 2010, mas que por razões diversas não foi executado, dando origem
a situações de desigualdade entre militares de igual categoria e posto.
A concretização do universo de promoções que nos termos estatutários deveriam ter ocorrido obrigatoriamente
ao longo do ano 2010, será também uma preocupação do comando da Guarda que tudo fará para regularizar.
Procurarei concretizar o imperativo estatutário de regulamentação do tempo de trabalho em funções policiais.
Tenho a plena consciência que ao longo deste percurso irão surgir escolhos que parecerão intransponíveis face a
condicionamentos externos, falta de meios ou ao próprio atavismo natural. É aqui que me proponho intervir com
firmeza, baseado na consistência das convicções e persistência nas adversidades.
Militares e Civis da Guarda Nacional Republicana
O sucesso obtido ao longo de quase um século, evidenciou que as virtudes da generosidade, da abnegação, do
espírito de sacrifício, do gosto pelo risco e da vontade de ousar ir mais além, apanágio da condição militar, con-
tinuam bem vivas nos nossos homens e mulheres.
Durante o ano corrente, comemoramos o centenário da criação da Guarda Nacional Republicana. Com o esforço
e determinação de todos, estou certo que conseguiremos dar -lhe a projecção e o brilho que o evento merece.
Nos últimos 100 anos, Portugal e os portugueses confiaram na sua Guarda Nacional Republicana,
E porque conto com o empenho e disponibilidade das mulheres e dos homens que servem na GNR, no cumpri-
mento da imensa e árdua missão, com competência e profissionalismo, reveladora da dimensão, do valor, da
coragem, bem patente no trabalho realizado diariamente,
Estou certo que Portugal e os portugueses, podem confiar na Guarda Nacional Republicana e nos seus militares,

A todos os que me acompanharão neste desiderato, com dedicação, profissionalismo e determinação, exorto a
que façamos jus ao lema da Guarda:
“Pela lei e pela grei”
Disse

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