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Políticas Educacionais

Prof.ª Mônica Maria Baruffi

2017
Copyright © UNIASSELVI 2017

Elaboração:
Prof.ª Mônica Maria Baruffi

Revisão, Diagramação e Produção:


Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri


UNIASSELVI – Indaial.

379
B295p Baruffi; Mônica Maria
Políticas educacionais / Mônica Maria Baruffi:
UNIASSELVI, 2017.

200 p. : il.

ISBN 978-85-515-0054-5

1.Educação e Estado – Políticas Públicas.


I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.

Impresso por:
Apresentação
Caros acadêmicos!

A educação brasileira passa por diversas mudanças, as quais são


importantes em sua estruturação. Assim, é necessário o estudo e reflexão à luz
das políticas governamentais.

Neste caderno de estudos, você, acadêmico, visualizará e reconhecerá


as mudanças ocorridas até o momento na educação brasileira, a partir da Lei nº
9.394/96, juntamente com a Constituição Federal, ambas importantes no processo
político deste país. Essas mudanças marcaram e ainda marcam o cenário federal,
estadual e municipal, influenciando nos programas e nas políticas públicas,
principalmente na educação, nosso foco neste caderno de estudos.

Veremos também a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de maneira


dialógica, observando seus artigos e sua funcionalidade.

Na primeira unidade, trataremos das Políticas Públicas na Educação, com


a Constituição Federal e sua influência na Lei de Diretrizes e Bases da Educação,
reconheceremos o histórico da LDB e sua influência na estrutura educacional em
todas as esferas governamentais.

Na segunda unidade trazemos a você, a comunicação existente entre


globalização e as políticas públicas, falaremos sobre as instituições formadoras
do sistema educacional brasileiro, e a organização e gestão escolar coletiva.

Na terceira unidade, tratamos da identidade da escola, a organização e


gestão frente às políticas públicas, identificaremos as competências do professor
na escola e da equipe gestora, reconheceremos as áreas de atuação dos membros
da escola e os instrumentos da estruturação política educacional nas escolas.

Este caderno tem a finalidade de auxiliar a você, acadêmico, em


sua formação e discutir as temáticas referentes às políticas públicas na área
educacional. Acreditamos que você poderá reconhecer a importância das
políticas educacionais através desta leitura, que para sua formação é essencial!

Ótimo estudo!

III
UNI

Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades
em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o


material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato
mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação
no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir
a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente,


apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto
em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de


Desempenho de Estudantes – ENADE.
 
Bons estudos!

UNI

Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos


materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, que é um código
que permite que você acesse um conteúdo interativo
relacionado ao tema que você está estudando. Para
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!

IV
V
VI
Sumário
UNIDADE 1 – AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO ....................................................... 1

TÓPICO 1 – AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO ........................................................... 3


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS? ............................................................................................. 3
2.1 COMO SE FAZ POLÍTICAS PÚBLICAS? . ................................................................................... 7
2.2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A EDUCAÇÃO ...................................................................... 11
3 LIGAÇÃO ENTRE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA
EDUCAÇÃO .......................................................................................................................................... 30
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 34
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 36

TÓPICO 2 – A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996 .................................. 39


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 39
2 COMO SITUAR-SE SOBRE A LDB .................................................................................................. 39
3 A LDB E SUA ESTRUTURAÇÃO ..................................................................................................... 44
4 BREVE ANÁLISE DOS TÍTULOS DA LDB .................................................................................... 45
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 69
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 71

TÓPICO 3 – A EDUCAÇÃO BRASILEIRA, SUA ORGANIZAÇÃO E RELAÇÃO COM AS


POLÍTICAS EDUCACIONAIS ...................................................................................... 73
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 73
2 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – HISTÓRICO ................................................................ 73
3 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2011 – 2020) ................................................................ 77
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 81
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 82

UNIDADE 2 – POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: INFLUÊNCIAS GLOBAIS ............... 83

TÓPICO 1 – POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: INFLUÊNCIAS GLOBAIS ................... 85


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 85
2 A GLOBALIZAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS
EDUCACIONAIS ................................................................................................................................. 85
3 NOVAS REALIDADES SOCIAIS E AS REFORMAS EDUCATIVAS NO BRASIL ............... 91
4 REVOLUÇÃO INFORMACIONAL .................................................................................................. 94
5 NÍVEIS E MODALIDADES DE EDUCAÇÃO E ENSINO .......................................................... 99
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 125
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 126

TÓPICO 2 – AS INSTITUIÇÕES FORMADORAS DO SISTEMA EDUCACIONAL


BRASILEIRO ..................................................................................................................... 129
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 129

VII
2 PROGRAMAS DO FUNDO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DA
EDUCAÇÃO .......................................................................................................................................... 129
3 OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO NACIONAL ................................................................. 132
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 136
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 137

TÓPICO 3 – A ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR COLETIVA ......................................... 139


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 139
2 CONCEITUANDO ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ........................................................................ 139
3 FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA PÚBLICA .................................................................................... 141
4 OBJETIVOS DA ESCOLA E AS PRÁTICAS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO .................... 143
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 146
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 147

UNIDADE 3 – A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR JUNTO ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS ............... 149

TÓPICO 1 – A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR JUNTO ÀS POLÍTICAS PÚBLICAS ................... 151


1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 151
2 A ORGANIZAÇÃO ESCOLAR: LUGAR DE APRENDIZAGEM .............................................. 151
2.1 PAPEL DO GESTOR ESCOLAR .................................................................................................... 153
2.2 PAPEL DA COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA .......................................................................... 155
2.3 PAPEL DO PEDAGOGO ................................................................................................................ 156
2.4 PAPEL DO ALUNO ........................................................................................................................ 157
2.5 COLABORADORES ........................................................................................................................ 157
3 A GESTÃO PARTICIPATIVA E A CULTURA ORGANIZACIONAL NA ESCOLA .............. 158
RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 163

TÓPICO 2 – A APRENDIZAGEM E AS ÁREAS DE ATUAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO


E DA GESTÃO ESCOLAR .............................................................................................. 165
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 165
2 AS FUNÇÕES ESSENCIAIS NO SISTEMA DE ORGANIZAÇÃO E DE GESTÃO
ESCOLAR ............................................................................................................................................... 165
3 ORGANIZAÇÃO E DESEMPENHO DO CURRÍCULO .............................................................. 170
4 A FORMAÇÃO CONTINUADA ....................................................................................................... 171
RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 175
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 176

TÓPICO 3 – A GESTÃO PARTICIPATIVA CONTINUANDO A CONSTRUÇÃO E


PLANEJAMENTO DE UMA ESCOLA DEMOCRÁTICA ........................................ 179
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 179
2 OS MECANISMOS DA ESTRUTURAÇÃO POLÍTICA EDUCACIONAL NA ESCOLA ..... 179
2.1 CONSELHOS ESCOLARES . .......................................................................................................... 180
2.2 GRÊMIOS ESTUDANTIS . .............................................................................................................. 180
2.3 APPs – ASSOCIAÇÃO DE PAIS E PROFESSORES .................................................................... 181
2.4 A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA ESCOLA E DA APRENDIZAGEM .......................... 182
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 184
RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 191
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 192
REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 195

VIII
UNIDADE 1

AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA
EDUCAÇÃO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• conhecer aspectos relacionados ao conceito de políticas públicas e sua fun-


cionalidade;

• entender o que é a Constituição Federal e sua influência na Lei de Diretri-


zes e Bases da Educação;

• reconhecer o histórico da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação;

• conhecer o envolvimento entre a LDB e as esferas federal, estadual e mu-


nicipal;

• entender a LDB e sua organização com as políticas públicas.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada tópico você
encontrará atividades que o ajudarão a refletir e fixar os conteúdos abordados.

TÓPICO 1 – AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

TÓPICO 2 – A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

TÓPICO 3 – A EDUCAÇÃO BRASILEIRA, SUA ORGANIZAÇÃO E


RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS

1
2
UNIDADE 1
TÓPICO 1

AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

1 INTRODUÇÃO

Prezado acadêmico, estamos iniciando o Caderno de Estudos de Políticas


Educacionais e queremos, neste tópico, apresentar a você, alguns conceitos
relacionados às políticas públicas e qual o seu envolvimento com a educação.
Assim, a Constituição Federal também fará parte deste estudo, além de nossa carta
magna na educação, a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Afinal, que ligação tem as políticas públicas, a Constituição Federal e


a LDB para o trabalho desenvolvido na esfera educacional? É significativa a
interação entre elas e cabe a nós, acadêmicos e futuros profissionais da educação,
compreendermos esta ligação, a qual determina o bom funcionamento ou não dos
projetos desenvolvidos pelas esferas federais, estaduais e municipais.

Cabe ressaltar, prezado acadêmico, que você está sendo convidado a


analisar, refletir, questionar e construir novas ideias a partir dos conhecimentos
que serão apresentados a você a partir deste momento.

Vamos à leitura!

2 O QUE SÃO POLÍTICAS PÚBLICAS?

Acadêmico, se você fosse perguntado sobre o que são políticas públicas,


qual seria sua resposta? Acreditamos que, inicialmente, você pararia e refletiria
sobre o tema. É algo natural do ser humano, que ao ser questionado, por alguns
segundos ou minutos pare e reflita sobre o que foi perguntado.

A esta pergunta pensamos que sua resposta possa estar relacionada a uma
visão prática do dia a dia, mas como? Existem outras formas de visualizarmos as
políticas públicas? Vejamos!

As políticas públicas possuem sua história e conceitos, conforme o Manual de


Políticas Públicas: conceitos e práticas do Sebrae, coordenado por Caldas (2008, p. 5):

3
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

A função que o Estado desempenha em nossa sociedade sofreu


inúmeras transformações ao passar do tempo. No século XVIII e XIX,
seu principal objetivo era a segurança pública e a defesa externa em
caso de ataque inimigo. Entretanto, com o aprofundamento e expansão
da democracia, as responsabilidades do Estado se diversificaram.
Atualmente, é comum se afirmar que a função do Estado é promover
o bem-estar da sociedade. Para tanto, ele necessita desenvolver uma
série de ações e atuar diretamente em diferentes áreas, tais como saúde,
educação, meio ambiente.

Assim, observa-se que o Estado passou e passa por transformações, as


quais são acompanhadas por toda a sociedade. Se antes a preocupação encontrava-
se direcionada à defesa do território, hoje, além da defesa do território nacional,
as preocupações voltam-se também para as áreas da saúde, segurança pública,
educação, meio ambiente. Mesmo que saibamos da fragilidade em muitas dessas
áreas, o Estado necessita voltar a se organizar e buscar soluções para a fortificação
delas, pois a população necessita dessas ações.

Desta forma, falar em políticas públicas para alguns é o mesmo que ser
utópico, pois elas não surtem efeitos desejáveis. Sim, vivemos uma realidade
delicada e repleta de problemas, os quais precisam ser passados a limpo. Mesmo
que muitos não acreditem, já se deixaram levar pelo descrédito da política, mesmo
assim são necessários movimentos que reformulem todo o sistema em que o Estado
se encontra, para assim determinarmos as ações e os programas para a melhoria e
estabilidade das áreas de segurança pública, saúde, educação, dentre outras.

E como afirma Oscar Wilde em uma de suas célebres frases e utilizada


por Mário Luiz Neves de Azevedo (2008, p. 9) na apresentação do livro Políticas
Públicas Contemporâneas: “Isto é utópico? Um mapa-múndi que não inclua a
Utopia não é digno de consulta”.

Neste caderno, a utopia em sua mais elevada significação será utilizada e


levará você, acadêmico, a refletir sobre como, por que e para que são utilizadas as
políticas públicas e como essas influenciam em nosso cotidiano.

Ainda conforme Azevedo (2008, p. 18), “escrever sobre Políticas Públicas


é tratar, essencialmente, sobre projetos em construção que dependem da visão de
mundo dos seus promotores”.

Afinal, o que são essas políticas públicas? Vamos buscar respostas em nosso
dia a dia.

Em cada momento de nossa vida, em nosso cotidiano, estamos envoltos


por regras que determinam nossa maneira de agir, pensar, conviver e determinam
o processo de construção econômica, política e social de um país, de nossas vidas
e da sociedade num todo.

Em muitos momentos estas políticas passam despercebidas, mas elas


encontram-se dentro da história da humanidade. Podemos relatar também

4
TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

forte influência na Grécia Antiga, onde a palavra política tem seu berço, onde
filósofos como Aristóteles e Platão foram os precursores desta ciência. Cabe,
aqui, perguntarmos: política é uma ciência? Sim, a política é uma ciência, a qual
“determina quais são as ciências necessárias nas cidades, quais as que cada cidadão
deve aprender” (ABBAGNANO, 2000, p. 773).

Perante o apresentado na citação, podemos perceber que as políticas são


as regras de organização e de convivência necessárias para que uma cidade, um
estado e país consigam se desenvolver e viver em harmonia, sendo os governantes
os responsáveis pelos caminhos a serem traçados para a melhoria da qualidade de
vida da população envolvida.

Ao buscarmos respostas referentes ao que é Política Pública, encontramos


diversas definições que nos remetem à organização, a estudos voltados às ações a
serem empregadas para o bem-estar da sociedade.

Como afirma Santos (2012, p. 5): “Políticas públicas são ações geradas na
esfera do Estado e que têm como objetivo atingir a sociedade como um todo ou
partes dela”.

Cabe ressaltar que as políticas públicas são também de nossa


responsabilidade, enquanto cidadãos, que buscam melhoria de vida. As políticas
públicas terão eficácia, a partir do momento que os cidadãos compreendam como
ocorre a criação dessas políticas (ações, programas) nas esferas federais, estaduais
e principalmente nas que estão bem próximas de cada um de nós, e que estão
sendo desenvolvidas, as municipais. Estas ações também ocorrem dentro e fora
de nossas residências, e somos nós, também responsáveis pela sua aplicabilidade,
transparência e eficácia.

Como? Eu responsável por políticas públicas? Isso não compete somente


aos governantes? Sim, compete a eles, mas também a cada cidadão, que possui a
responsabilidade de cobrar e de fazer cumprir as leis através de ações.

Fica claro que a política, segundo Santos (2012, p. 2), “[...] sempre está
ligada ao exercício do poder em sociedade, seja em nível individual, quando se
trata das ações de comando, seja em nível coletivo, quando um grupo (ou toda
sociedade) exerce o controle das relações de poder em uma sociedade”. De acordo
com o mesmo autor, podemos perceber que, independentemente do nível, seja
individual ou coletivo, a política está presente e vem acompanhada de outra
palavra, que é o poder.

O poder é algo que se encontra impregnado dentro de todas as áreas de


estruturação profissional ou política. Este poder pode ser compreendido como
algo positivo ou negativo. Positivo no sentido de ser compreendido como um
processo de transformação de uma sociedade, voltada às bem feitorias, à visão de
uma sociedade em que todos possuam seus direitos e seus deveres.

5
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

No aspecto negativo, pode levar o detentor do poder a tornar-se um


dominador, sem a preocupação com a qualidade de vida da população. Conforme
Santos (2012, p. 2), o termo poder é “capacidade ou propriedade de obrigar alguém
a fazer alguma coisa”. O autor ainda expõe que: “Nesse sentido, é importante
ressaltar que o poder (em suas mais variadas manifestações) pode ser exercido
mediante o uso da coação e/ou da persuasão. Em matéria de política, ambas as
opções são tidas como válidas, tudo depende de quem exerce o poder e de como
opta por exercê-lo” (SANTOS, 2012, p. 2).

Diante do exposto, observa-se que a política possui várias possibilidades,


dentre elas nos deparamos com as que nos levam a construir uma sociedade com
direitos e deveres bem estruturados, ou a que nos leva a termos uma sociedade
totalmente desestruturada e mantida como refém de suas ações.

Frente a isso, as políticas públicas são as ações que determinam como,


por que e para que servirão. E elas, conforme Marinho (2006, p. 1), são de
“responsabilidade do Estado, com base em organismos políticos e entidades da
sociedade civil, se estabelece um processo de tomada de decisões que resultam nas
normatizações do país, ou seja, nossa Legislação”.

Assim, as políticas públicas retratam não só questões acerca da economia,


mas do envolvimento de diversos segmentos, contendo condições e possibilidades
de desenvolver mecanismos que auxiliem no crescimento e qualidade de vida da
população.

Cabe ressaltar que as políticas públicas recebem diversas definições, Souza


(2006, p. 26) as define como:
O campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, ‘colocar o
governo em ação’ e/ou analisar essa ação (variável independente) e,
quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações
(variável dependente). A formulação de políticas públicas constitui-se
no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e
plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados
ou mudanças no mundo real.

Assim, podemos definir políticas públicas como as ações que os governantes


utilizam para realizar um governo voltado à melhoria da qualidade de vida da
população, da economia, da educação, da segurança pública, enfim, dando ao seu
país, estado ou município possibilidades de crescimento.

Tendo essas ações e programas voltados a esses segmentos, pode-se


perceber que todos, independentemente de nível econômico, terão possibilidades
de crescimento e de manutenção da qualidade de vida.

Agora surge outra pergunta: como são elaborados os programas, como se


faz as políticas públicas?

Vamos elucidar essas dúvidas!

6
TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

2.1 COMO SE FAZ POLÍTICAS PÚBLICAS?


Seguindo o raciocínio, observamos que as políticas públicas são então as
ações, programas desenvolvidos pelos governantes, as quais são prioridade.
[...] as Políticas Públicas são a totalidade de ações, metas e planos
que os governos (nacionais, estaduais ou municipais) traçam para
alcançar o bem-estar da sociedade e o interesse público. É certo que as
ações que os dirigentes públicos (os governantes ou os tomadores de
decisões) selecionam (suas prioridades) são aquelas que eles entendem
serem as demandas ou expectativas da sociedade, ou seja, o bem-estar
da sociedade é sempre definido pelo governo e não pela sociedade
(CALDAS, 2008, p. 5).

Independentemente das participações ou não da sociedade nas ações que


envolvem a melhoria do bem-estar da sociedade, enquanto cidadãos necessitamos
nos manter atentos e participativos nas ações que os governantes desenvolvem em
nosso país, estado e município.

Alguns poderão estar incomodados com a apresentação da última parte da


citação de Caldas (2008, p. 5): “o bem-estar da sociedade é sempre definido pelo
governo e não pela sociedade”. Por que isso ocorre? O autor explica:
Isto ocorre porque a sociedade não consegue se expressar de forma
integral. Ela faz solicitações (pedidos ou demandas) para os seus
representantes (deputados, senadores e vereadores) e estes mobilizam
os membros do Poder Executivo, que também foram eleitos (tais como
prefeitos, governadores e inclusive o próprio Presidente da República)
para que atendam às demandas da população. As demandas da
sociedade são apresentadas aos dirigentes públicos por meio de grupos
organizados, no que se denomina de Sociedade Civil Organizada
(SCO), a qual inclui, conforme apontado acima, sindicatos, entidades
de representação empresarial, associação de moradores, associações
patronais e ONGs em geral (CALDAS, 2008, p. 5-6).

Dessa forma, nós, cidadãos, necessitamos nos organizar em nossa rua, através
de associação de bairros, para assim ir em busca de soluções para os problemas
que envolvem nossa comunidade. Sabemos das dificuldades financeiras que as
instituições governamentais passam, principalmente as municipais, são inúmeras.
[...] os recursos para atender a todas as demandas da sociedade e seus
diversos grupos (a SCO) são limitados ou escas­sos. Como consequência,
os bens e serviços públicos desejados pelos diversos indivíduos
se transformam em motivo de disputa. Assim, para aumentar as
possibilidades de êxito na competição, indivíduos que têm os mesmos
objetivos tendem a se unir, formando grupos.

Observe, acadêmico, que as palavras de Caldas nos remetem à ideia de


competição, embate na possibilidade de busca de resultados que deem à população
melhores condições de vida. Ainda ressalta Caldas (2008, p. 6) com relação à
questão do embate:

7
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Não se deve imaginar que os conflitos e as disputas na socieda­de sejam


algo necessariamente ruim ou negativo. Os conflitos e as disputas servem
como estímulos a mudanças e melhorias na sociedade, se ocorrerem
dentro dos limites da lei e desde que não coloquem em risco as instituições.

Com isso, podemos determinar que a organização da sociedade civil


precisa estar presente na formulação das ações que auxiliem na melhoria de todos
os setores que envolvem a sociedade.

Já sabemos que as políticas públicas são desenvolvidas a partir do interesse


dos governantes e recebidas as ideias da sociedade organizada. Outro fator a
ser observado na elaboração das políticas públicas é que nem sempre as ações
desenvolvidas ou solicitadas pela sociedade civil organizada são atendidas, e a
sociedade necessita buscar ajuda ou apoio em outros grupos organizados para que
suas reivindicações sejam aceitas. Em outro momento, pode ocorrer um embate,
conforme apresentado anteriormente por Caldas (2008), e isso não deve ser visto
como um momento de revolta, mas de busca de soluções.

Estes embates ocorrem devido ao que nos apresenta Caldas (2008, p. 6),
quando diz que: “as sociedades contemporâneas se caracterizam por sua diver­
sidade, tanto em termos de idade, religião, etnia, língua, renda, profissão, como
de ideias, valores, interesses e aspirações” e acabam também tendo sua maneira
de pensar e agir com relação a determinadas situações. Para alguns, ações como a
melhoria da pracinha do bairro não é condizente com os seus interesses e preferem
que as melhorias sejam realizadas em outros setores. Para que não ocorram embates
mais fervorosos é preciso o diálogo e a organização. Quem são os atores que criam
essas Políticas Públicas? Qual é a logística desse processo?
No processo de discussão, criação e execução das Políticas Públi­cas,
encontramos basicamente dois tipos de atores: os ‘estatais’ (oriundos do
Governo ou do Estado) e os ‘privados’ (oriundos da Sociedade Civil).
Os atores estatais são aqueles que exercem fun­ções públicas no Estado,
tendo sido eleitos pela sociedade para um cargo por tempo determinado
(os políticos), ou atuando de forma permanente, como os servidores
públicos (que operam a burocracia) (CALDAS, 2008, p. 8).

Cada um desses atores possui uma função determinada. Os atores estatais


(os políticos) buscam no período das campanhas políticas apresentar programas
e ações que poderão vir a ser desenvolvidas, sendo que as Políticas Públicas são
definidas pelo poder legislativo.
Entretanto, as propostas das Políticas Públicas partem do Poder
Executivo, e é esse Poder que efetivamente as coloca em prática.
Cabe aos servidores públicos (a burocracia) oferecer as informa­
ções necessárias ao processo de tomada de decisão dos políticos, bem
como operacionalizar as Políticas Públicas definidas. Em princípio,
a burocracia é politicamente neutra, mas frequente­mente age de
acordo com interesses pessoais, ajudando ou difi­cultando as ações
governamentais.
Assim, o funcionalismo público compõe um elemento essencial para
o bom desempenho das diretrizes adotadas pelo governo (CALDAS,
2008, p. 8).

8
TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Os atores privados (sociedade civil) são os que não possuem ligação direta
com o setor administrativo do Estado. São eles:

• A imprensa.
• Os centros de pesquisa.
• Os grupos de pressão, os grupos de interesse e os lobbies.
• As Associações da Sociedade Civil Organizada (SCO).
• As entidades de representação empresarial.
• Os sindicatos patronais.
• Os sindicatos de trabalhadores.
• Outras entidades representativas da Sociedade Civil Organiza­da
(SCO) (CALDAS, 2008, p. 9).

Além dos que foram apresentados acima, existem outros atores, como os
que fazem parte da área do turismo, da cultura, que também são da área privada e
podem fazer parte desse processo.

Com o que foi apresentado até o momento, sabemos quem são os atores
do processo. Cabe agora determinarmos os caminhos, os estágios ou fases que são
necessários seguir para a formulação até a execução das Políticas Públicas.

As Políticas Públicas possuem seus estágios, os quais assim se apresentam,


segundo Caldas (2008, p. 7):
• Primeira fase – Formação da Agenda (Seleção das Priori­dades).
• Segunda fase – Formulação de Políticas (Apresentação de Soluções ou
Alternativas).
• Terceira fase – Processo de Tomada de Decisão (Escolha das Ações).
• Quarta fase – Implementação (ou Execução das Ações).
• Quinta fase – Avaliação.

Cabe ressaltar que estas fases possuem uma ligação, elas estão somente
apresentadas separadamente para melhor compreensão do processo.

Com relação às fases, vamos identificá-las uma a uma e assim você,


acadêmico, compreenderá melhor esse processo de criação de novas Políticas
Públicas.

Segundo Caldas (2008), a primeira fase, determinada como Formação da


Agenda, busca organizar e detectar quais são os problemas existentes na sociedade
e determinar os valores necessários para a sua elaboração. Caldas (2008, p. 10-11)
defende que “tal processo envolve a emergência, o reconhecimento e a definição das
questões que serão tratadas e, como consequência, quais serão deixadas de lado”.

Na segunda fase, temos a Formulação de Políticas, onde ocorre as possíveis


alternativas para solucionar os problemas alavancados.
A partir do momento em que uma situação é vista como proble­ma e,
por isso, se insere na Agenda Governamental, é necessário definir as
linhas de ação que serão adotadas para solucioná-lo.
Este processo, no entanto, não ocorre de maneira pacífica, uma vez
que geralmente alguns grupos considerarão determinadas formas

9
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

de ação favorável a eles, enquanto outros a considerarão prejudicial,


iniciando-se assim um embate político. Esse é o momento em que deve
ser definido qual é o objetivo da política, quais serão os programas
desenvolvidos e as metas al­mejadas, o que significa a rejeição de várias
propostas de ação.
Certamente essa escolha, além de se preocupar com o posicio­namento
dos grupos sociais, necessita ser feita ouvindo o corpo técnico da
administração pública, inclusive no que se refere aos recursos –
materiais, econômicos, técnicos, pessoais, dentre ou­tros – disponíveis
(CALDAS, 2008, p. 11).

Cabe observar que nesta fase é importante uma relação de dialogicidade


com todos os setores envolvidos, pois sabendo ouvir as partes envolvidas, no caso
os segmentos administrativos e econômicos, conseguir-se-á determinar se estas
ações são ou não possíveis de serem levadas adiante. “Outra análise importante se
refere aos riscos que cada alternativa traz, desenvolvendo uma forma de compará-
las e de medir qual é mais eficaz e eficiente para aten­der ao objetivo e aos interesses
sociais” (CALDAS, 2008, p. 13).

Já na terceira fase temos o Processo de Tomada de Decisões, em que os


governantes junto às Políticas Públicas tomam decisões. Segundo Caldas (2008, p. 13):
[...] a fase de tomada de decisões pode ser de­finida como o momento onde
se escolhe alternativas de ação/intervenção em resposta aos problemas
definidos na Agenda. É o momento onde se define, por exemplo, os
recursos e o prazo temporal de ação da política. As escolhas feitas nesse
momento são expressas em leis, decretos, normas, resoluções, dentre
ou­tros atos da administração pública.
Outro passo importante, nessa fase, é se definir como se dará o processo
de tomada de decisões, ou seja, qual o procedimento que se deve
seguir antes de decidir algo. Primeiramente, de­verá se decidir quem
participará do processo, se este será aberto ou fechado.

Quando Caldas trata da participação ou não no processo de tomada de


decisões, ele está apresentando a possibilidade dos governantes de abrirem
espaço para a sociedade civil participar ou não. Se for uma participação aberta, os
governantes necessitam determinar se haverá consulta dos favorecidos.
No caso de se prever tal tipo de consulta (como, por exemplo, no
Orçamento Participa­tivo), é necessário estabelecer se a decisão será
ou não tomada por votação, as regras em torno da mesma, o número
de graus (direta ou indireta) que envolverá a consulta que será feita
aos eleitores etc. Essa definição é fundamental pelo fato de que dife­
rentes formas de decisão podem apresentar diferentes controla­dores da
Agenda e resultar em decisões diferentes (CALDAS, 2008, p. 14).

Na quarta fase temos a Implementação, na qual as ações serão realizadas,


é o momento de colocar o projeto em ação. Para isso o setor administrativo passa
a executar o projeto. Cabe salientar que durante o processo de execução do projeto
podem ocorrer mudanças drásticas, dependendo da postura do poder administrativo.

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TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

E por último, temos a fase de Avaliação, a qual deve estar em permanente


ação, desde o primeiro momento do estágio ou fases da elaboração das Políticas
Públicas.

A avaliação, em sua estrutura, mostra aos gestores quais as ações que foram
bem desenvolvidas e as que deixaram lacunas. Dessa forma, a avaliação acaba
sendo uma ferramenta de aprendizado e dando aos administradores respostas das
ações ali empregadas.
De maneira geral, o processo de avaliação de uma política leva em
conta seus impactos e as funções cumpridas pela política. Além
disso, busca determinar sua relevância, analisar a efici­ência, eficácia e
sustentabilidade das ações desenvolvidas, bem como servir como um
meio de aprendizado para os atores públicos (CALDAS, 2008, p. 19).

Diante do exposto, podemos perceber que as Políticas Públicas serão realmente


determinantes e eficazes se ocorrer uma boa administração política. Segundo Caldas
(2008, p. 19), ela será uma boa política se cumprir as seguintes funções:
• Promover e melhorar os níveis de cooperação entre os atores
envolvidos.
• Constituir-se num programa factível, isto é, implementável.
• Reduzir a incerteza sobre as consequências das escolhas feitas.
• Evitar o deslocamento da solução de um problema político por meio
da transferência ou adiamento para outra arena, momen­to ou grupo.
• Ampliar as opções políticas futuras e não presumir valores do­minantes
e interesses futuros nem predizer a evolução dos conhecimentos.
Uma boa política deveria evitar fechar possí­veis alternativas de ação.

Você deve estar se perguntando: para que eu necessito saber sobre estas questões?

A partir do momento que você inicia um processo de reconhecimento


das ações que são desenvolvidas e elaboradas pelo sistema governamental, seja
ele a nível federal, estadual ou municipal, você poderá compreender e dar sua
parcela de participação no processo de construção de novas ações e programas,
principalmente no que diz respeito às áreas que são de maior importância para
você, sua comunidade e com relação a sua vida profissional.

Frente ao exposto, vamos seguir nosso caminho, pois, depois de


reconhecermos o que são as Políticas Públicas, sua função e sua elaboração,
passaremos a tratar de outro documento em que também foi necessária a
participação dos vários segmentos da sociedade civil organizada para sua
elaboração. Estamos falando da Constituição Federal.

2.2 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A EDUCAÇÃO


A Constituição Federal é a carta magna de um Estado Democrático, nela
estão contidas todas as leis que regem o sistema governamental.

11
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Conforme Machado e Cunha (2016, p. 23), “a Constituição de um Estado


Democrático é a cartilha na qual os cidadãos apreendem os fundamentos e a
proteção de seus direitos, a disciplina da atuação e dos limites do Poder Estatal e a
função social da comunidade”.

Nosso país, o Brasil, possui sua Constituição, por ser um Estado Democrático,
e nessa constituição estão elencados todos os segmentos que formam a estrutura
governamental. A Constituição Brasileira foi promulgada em 5 de outubro de 1988
“fruto da convocação da Assembleia Nacional Constituinte pela Emenda nº 26, de
17.11.1985, e de sua posterior aprovação por essa mesma Assembleia (MACHADO;
CUNHA, 2016, p. 23).

No que diz respeito a sua organização, a Constituição da República


Federativa do Brasil de 1988 estava assim composta em sua composição original,
conforme Machado e Cunha (2016, p. 23):
[...] com 245 artigos em suas Disposições Permanentes (note-se que
inúmeros artigos são compostos de vários incisos, parágrafos e alíneas,
tais como os arts. 5º, 271, 22, 24, 155, entre outros) e 70 artigos em suas
Disposições Transitórias (também com incisos e parágrafos, a exemplo
dos arts. 27 e 47).

Observa-se que a Constituição Brasileira possui, após seus 21 anos de


existência, uma nova roupagem, sendo que:
[...] foram aprovadas 62 emendas constitucionais, além de seis emendas
de revisão. [...] Enfim, a Constituição em vigor conta agora com 250
artigos na Parte Permanente (alguns artigos ainda acrescidos ao texto
com numeração sequencial alfabética – 103-A, 146-A etc.) e 97 artigos no
Ato das Disposições Transitórias (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 24).

Outro fator importante a ser ressaltado nesta etapa da construção da


Constituição Federal são os princípios fundamentais, que cada cidadão brasileiro
deve saber e que são a base da Constituição.
O vocábulo princípio, do latim principium, traz à mente a noção genérica
de início, começo, origem ou causa. Em sentido jurídico, princípio é
norma que expressa os valores mais altos da sociedade, de tal forma que,
integrado na ordem Constitucional, passa a orientar todas as demais
normas e regras do ordenamento jurídico que ela baliza (MACHADO;
CUNHA, 2016, p. 3).

Ainda conforme Machado e Cunha (2016, p. 3), “os princípios são os


fundamentos com base nos quais serão previstas as regras que tem por finalidade
fazê-los efetivos em determinada ordem de disciplina”.

Assim, deverão ser seguidas as regras, sob “pena de, não o fazendo, ser
considerada inconstitucional, justificando sua exclusão do ordenamento jurídico”
(MACHADO; CUNHA, 2016, p. 3).

Caro acadêmico, podemos observar com estes parágrafos iniciais que


estamos diante de um documento no qual se estabelece a identidade de um
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TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Estado Democrático, que deve ser seguido, conseguindo assim manter a ordem e
o progresso de um país.

AUTOATIVIDADE

Vamos realizar uma parada para reflexão. Você, acadêmico,


em algum momento buscou informações sobre como é nossa
Constituição? Deixe sua observação nessas poucas linhas. Se a
reposta for afirmativa ou se for negativa, deixe sua justificativa.

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Após este momento de reflexão, e de nos percebermos como cidadãos


conscientes de nossos direitos e deveres, para assim podermos realizar as cobranças
de mudança em nosso país, em todas as suas esferas, vamos continuar nossos
estudos caminhando dentro desse documento maior – que é a Constituição – e
verificar que em seus títulos há um que será nosso foco, que é o Título VIII, que se
refere à Ordem Social.

Neste título encontramos oito capítulos, sendo eles dispostos na seguinte ordem:

QUADRO 1 – DISPOSIÇÕES DO TÍTULO VIII – DA ORDEM SOCIAL


CAPÍTULO DA ORDEM SOCIAL ARTIGOS
Capítulo I Disposições Gerais Art. 193
Da Seguridade Social, composto pelas Seções
Capítulo II Arts. 194 a 204
I, II, III e IV
Da Educação, da Cultura e do Desporto. Arts. 205 a 217
Composto por:
Capítulo III Seção I – Da Educação Arts. 205 a 214
Seção II – Da Cultura Arts. 215 a 216
Seção III – Do Desporto Art. 217
Capítulo IV Da Ciência, Tecnologia e Inovação Arts. 218 a 219

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UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Capítulo V Da Comunicação Social Art. 220 a 224


Capítulo VI Do Meio Ambiente Art. 225
Da Família, da Criança, do Adolescente, do
Capítulo VII Arts. 226 a 230
Jovem e do Idoso
Capítulo VIII Dos Índios Arts. 231 a 232
FONTE: Organizado pela autora

Observando o quadro acima, destacamos o Capítulo III, no qual está


exposto na Seção I, o que diz respeito à Educação, nos artigos 205 a 214. Daremos
maior ênfase a esta seção, pois é a que se relaciona ao nosso trabalho, com nossas
vivências enquanto profissionais da educação.

Você, acadêmico de licenciatura, que está buscando construir sua vida


profissional, ou que já esteja nesta área e busca novos conhecimentos, é de suma
importância perceber-se integrado nestes artigos que serão apresentados nesta
unidade.

Quando tratamos da Constituição Federal nos deparamos com a Educação,


ponto crucial no desenvolvimento de um país. Se buscamos ordem e progresso
necessitamos de uma educação que esteja voltada à melhoria da qualidade de vida
de seus confederados.

Assim, iniciamos com o Artigo 205: “A educação, direito de todos e


dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988).

Observa-se, neste artigo, dois dos grandes princípios da Constituição, que


são: o direito e o dever. O direito, inicialmente, à educação para todos. Conforme
Machado e Cunha (2016, p. 1081):
Assim, podemos afirmar que foi atribuído a todo indivíduo brasileiro
uma prerrogativa legal de exigir do Estado e da família esse direito.
Ousamos afirmar ainda, que esse direito está incorporado ao patrimônio
do indivíduo, sem possibilidade de reversão, por força da lei. Desse
modo, todos podem exigir do Estado e da família o referido direito,
porque o legislador incumbiu-lhes tal dever, ou seja, tal obrigação
refere-se à regra imposta por lei. Resumindo: o legislador constituinte
incumbiu ao Estado e à família o dever de prestar educação a todos.
Caberá ao Estado a complementação da educação recebida em casa
pelas pessoas.

Cabe ressaltar que a família também é responsável diretamente pela


educação das crianças, sendo ela uma parceira do Estado nesse processo. No
entanto, observam-se ainda muitas lacunas referentes a essa situação, pois ao
referir-se ao dever da família na educação dos filhos, estes em muitos momentos
transferem essa responsabilidade somente às escolas (Estado), tornando fragilizado
o processo de ensino-aprendizagem.

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TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Mesmo diante de algumas lacunas, a Constituição Federal foi e é um


documento que apresentou e apresenta grandes avanços na área educacional “e a
partir daí novas leis surgem para regulamentar os artigos constitucionais e estabelecer
diretrizes para a educação do Brasil” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1081).

Como exemplo, podemos citar a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da


Educação (Lei nº 9.394, de 20.12.1996) e a Lei nº 10.172, que aprovou o PNE – Plano
Nacional de Educação, documentos que trataremos com mais proximidade nas
próximas páginas e unidades.

Ainda tratando das questões relacionadas ao ensino e dever deste pelo


Estado e família, vejamos o artigo 206 da Constituição (BRASIL, 1988):
Artigo 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;


II – liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento,
a arte e o saber;
III – pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de
instituições públicas e privadas de ensino;
IV – gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V – valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos,
na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por
concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VI – gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII – garantia de padrão de qualidade;
VIII – piso salarial profissional nacional para os profissionais da
educação escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores
considerados profissionais da educação básica e sobre fixação de prazo
para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)

Ressalta-se, neste artigo, caro acadêmico, que a garantia do ensino, a


qualidade, a igualdade quanto ao acesso e permanência na escola, a liberdade
de aprender, o pluralismo de ideias, gratuidade do ensino público, a gestão e
valorização dos profissionais da educação estão garantidos nesses princípios. No
que diz respeito à igualdade, Machado e Cunha (2016, p. 1082) afirmam que:

A igualdade – um dos fundamentos básicos inerentes à própria noção de


República (art., 1º da CF) e, portanto, do estado democrático de Direito,
pois não é possível falar em dignidade da pessoa humana sem o respeito
à igualdade e à liberdade – tratada neste inciso, vem a ser a relação de
paridade, ou uniformidade, a relação de igualdade entre todas as pessoas
para que possam usufruir as mesmas condições de ensino. Afinal,
quando os homens se propuseram a formar uma república, fizeram-na
desde que sob um Estado que outorgasse a si mesmo, por intermédio de
uma Constituição, instituições que respeitassem a igualdade, vista como
postulado básico à própria formação do regime republicano.

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UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

NOTA

CF – Constituição Federal

No que diz respeito à “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e


divulgar o pensamento, a arte e o saber” (BRASIL, 1988), podemos observar que
todos possuem o direito e a liberdade de fazer o quiserem.
A palavra liberdade, em sentido amplo, vem a ser a ausência de
constrangimento alheio, ou seja, é livre o homem que faz aquilo que
quer e não o que o outrem determine que faça. O homem, segundo
esse princípio, não deve sofrer nenhum tipo de constrangimento
social quando estiver aprendendo, ensinando, pesquisando e
divulgando o seu pensamento, sua arte e o seu saber (MACHADO;
CUNHA, 2016, p. 1083).

É importante ressaltar que o princípio da liberdade está relacionado ao


princípio da legalidade, estabelecido no inciso II do art. 5º da CF (BRASIL, 1988):
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direto à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I – homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;
II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei; [...]

Cabe ressaltar que a liberdade aqui apregoada se trata de perceber que


cabe ao cidadão ser livre de realizar ou não determinadas ações sem ser coagido
em qualquer situação. Esta situação nos remete à posição do professor em sala de
aula, ao ensinar é preciso que ele tenha liberdade de pensamento:
[...] para desenvolver modelos pedagógicos os quais se adaptem
às necessidades de seus alunos, ou, até mesmo, ter liberdade para
reconhecer que muitas vezes ensinar é levar o aluno a aprender por si só,
como é o caso do professor orientador, ou maiêutico, para relembrarmos
Sócrates (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1083).

Ainda cabe ressaltar que o professor possui a responsabilidade de buscar


o conhecimento e instigar a pesquisa, conseguindo assim o aprimoramento dos
trabalhos desenvolvidos na escola com os alunos. Transformando as aulas em
momentos de criatividade, descoberta e de instigar a curiosidade do aluno. Para
tanto o professor necessita ter vontade e competência pedagógica.

Com relação ao pluralismo de ideias, de concepções pedagógicas e


coexistência de instituições públicas e privadas de ensino (BRASIL, 1988),
podemos compreender que vivemos rodeados por diversas maneiras de ver,

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TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

ouvir, pensar, dando possibilidades infinitas de construirmos e conhecermos


novas culturas e elaborarmos novos pensamentos. O respeito às diferenças nos
leva a compreender que a educação não pode ser vista de maneira homogênea,
dentro de uma sala de aula estão presentes diversas culturas, ninguém é igual a
ninguém. E aí é que reside a beleza da construção do ensino. Conforme este inciso,
que trata do pluralismo de ideias, Machado e Cunha (2016, p. 1084) afirmam que:

Os seres que formam o mundo são diversos, individuais, diferentes,


múltiplos, heterogêneos e, assim sendo, jamais poderão ser considerados
dentro de uma realidade absoluta. As pessoas pensam de maneiras
diferentes. O ensino não pode ser pautado em ideias homogêneas, em
concepções pedagógicas únicas e absolutas, pois estaríamos diante de um
empobrecimento cultural e intelectual. Ademais, ao professor é preciso
liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar seu pensamento
para que lhe seja possível a criação de estratégias pedagógicas as quais
se amoldem às necessidades dos alunos.

Acreditamos que você, acadêmico, tenha percebido que a presença da


liberdade leva tanto as instituições públicas como privadas a construir dentro
das escolas o respeito às ideias do outro e a noção também de igualdade. Assim,
conseguimos construir os valores de democracia social que são representados
pelo pluralismo de ideias e pelas concepções pedagógicas (MACHADO;
CUNHA, 2016).

No inciso IV do art. 206, que trata da gratuidade do ensino público em


estabelecimentos oficiais, podemos compreender que o Estado está proibido de
realizar qualquer cobrança de valores relacionados à oferta da educação escolar
básica. Ressaltamos que a escola pública é uma instituição que todo e qualquer
indivíduo poderá se matricular independentemente de classe social, religião ou
raça. Estas instituições são mantidas pelo Poder Público “por intermédio da gestão
de recursos públicos” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1084).
As escolas públicas são escolas pagas com os impostos cobrados da
população, mas não são privadas, isto é, não visam ao lucro, mas a
atender uma demanda social. O direito ao ensino público e gratuito
não foi afastado daqueles que podem pagar pela prestação de serviços
educacionais, pois se de outra forma ocorresse seria discriminação, mas
aqueles que podem pagar pelo ensino têm recebido uma educação de
melhor qualidade, já que o Estado tem se afastado de sua obrigação
de empreender ações capazes de ampliar tanto o oferecimento como
a qualidade da educação escolar, nos termos constitucionalmente
estabelecidos (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1084-1085).

Caro acadêmico, vamos tratar agora de outro inciso de relevante significado a


cada um de nós, estamos falando do inciso V, que trata “da valorização dos profissionais
da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso
exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas”
(BRASIL, 1988). Conforme consta na Constituição Federal, este inciso foi modificado na
data de 19 de dezembro de 2006, através da Emenda Constitucional nº 53.

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UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Esta nova redação, dentre outras já ocorridas, “demonstra que o legislador não
sabe como valorizar o profissional do ensino” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085).
A nova redação do inciso substitui a expressão ‘profissionais do ensino’
por ‘profissionais da educação’, que possui um sentido mais amplo,
já que não só trata do magistério, mas de todos os profissionais de
educação escolar pública. O novo texto também prevê que a valorização
se aplica aos profissionais do ensino privado, mesmo que as garantias
especificadas não os alcancem. Além disso, pela leitura do inciso sob
comento, todos esses profissionais deverão contar com remuneração
condigna aos objetivos de sua profissão, bem como condições adequadas
de trabalho (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085).

Ressalta-se, ainda, que cada estado da federação possui sua legislação


relativa aos profissionais do magistério, mas que devem ser respeitadas todas as
leis previstas na Constituição Federal.

No que tange ao inciso VI, que trata da “gestão democrática do ensino


público, na forma da lei” (BRASIL, 1988), este inciso tem o objetivo de demonstrar
a cada cidadão que o conceito de democracia implica “um processo de convivência
social em que o poder emana do povo e é por ele exercido direta ou indiretamente
em seu próprio proveito” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085).
O princípio democrático é aquele que assegura aos cidadãos o pleno
direito de participação nas tomadas de decisão, e essas noções devem
ser difundidas no ensino público e permear o cotidiano dos educandos.
A adoção desse princípio pode significar a introdução de eleições
diretas para reitores e todas as demais autoridades universitárias, assim
como a participação paritária de estudantes, funcionários e professores
em órgãos colegiados, configurando a participação de todos na questão
educacional (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1085).

Cabe ressaltar ainda que, conforme apresentado anteriormente, cada estado,


em sua organização, pode apresentar em sua proposta curricular elementos que
configurem a possibilidade de existirem eleições diretas para diretor das unidades
escolares, dando assim, maior abertura democrática no espaço escolar.

Continuando nosso estudo, chegamos ao inciso VIII, que trata do “piso


salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública,
nos termos de lei federal” (BRASIL, 1988). Este inciso também foi acrescentado
pela Ementa Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de 2006.

Este inciso tem o intuito de diminuir as desigualdades salariais dos


profissionais da educação existentes entre os estados da federação.

Conforme Machado e Cunha (2016, p. 1086), “este novo inciso, em verdade,


quer assegurar o caráter nacional do piso salarial dos profissionais da educação.
Tal previsão, que pelo caráter peremptório do texto, revela ser um princípio e
demonstra uma conquista dos profissionais da educação”.

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TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Chegamos ao parágrafo único do art. 206, no qual “a lei disporá sobre


as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica
e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de
carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”
(BRASIL, 1988).

Este parágrafo foi acrescentado pela Emenda Constitucional nº 53, de 19 de


dezembro de 2006, e conforme Machado e Cunha (2016, p. 1087), “este parágrafo
deve ser regulamentado por lei federal e prevê as categorias de trabalhadores
profissionais que atuam na educação básica e a definição dos valores de seus pisos
salariais e de seus respectivos planos de carreira”.

Quando tratamos dos planos de carreira, é necessário compreender que eles


“são um instrumento de gestão que objetiva o desenvolvimento dos profissionais
da educação das instituições de ensino vinculadas ao MEC – são fundamentais
para que a atividade educacional não se torne apenas um ganho avulso ou uma
tarefa ocasional” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1087).

Ainda tratando da Seção I, vamos nos ater ao artigo 207, que assim trata:

“Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-pedagógica,


administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão aos princípios
de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão” (BRASIL, 1988). Neste
artigo apresentam-se questões relativas à autonomia, palavra que denota a
liberdade de trabalho em todos os âmbitos universitários. Cabe aqui uma ressalva,
antes da Constituição de 1988, as universidades, em nosso país:

[...] surgiram por iniciativa do poder do Estado e por muito tempo


estiveram sob sua ingerência, principalmente durante a Ditadura
Militar de 1964 ao início dos anos 1970, para atender objetivos
estratégicos dos militares, o que nos faz concluir que as universidades
eram muito mais estatais que públicas, já que nesse período houve um
êxodo de profissionais do ensino por razões de perseguição política,
principalmente dos que quiseram manter autonomia de sua cátedra
(MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1087).

Mesmo depois desse caminho percorrido pelas universidades, após a


Ditadura Militar, com a Constituição de 1988 se definiu a autonomia universitária,
mas as universidades continuam compondo-se como uma extensão administrativa
do poder estatal “posto que a natureza pública dos seus serviços exige alguma
forma de controle e avaliação por parte do Estado e da sociedade mesmo que isso
não signifique ingerência” (MACHADO; CUNHA, 2016, p. 1087).

No que tange à autonomia didático-científica, administrativa e


patrimonial, Machado e Cunha (2016, p. 1087, grifos do original) afirmam que:

A autonomia didático-pedagógica de que trata o artigo vem a ser a liberdade


que as universidades devem ter de definir currículos; abrir e fechar
cursos, tanto de graduação como de pós-graduação e de extensão;
e definir suas linhas prioritárias e mecanismos de financiamento da

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UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

pesquisa, de acordo com as regras internas. Portanto, diz respeito


à possibilidade de as universidades conduzirem sem restrições as
atividades de ensino e aprendizado. Quanto à autonomia administrativa,
as universidades poderão se organizar internamente, da maneira que
melhor lhes convier, com estatutos próprios e, também, organização de
planos de carreira para o magistério público nas universidades federais
(art. 206, V, da CF), enfim, trata-se da possibilidade de autogovernar-se.
Já em relação à autonomia de gestão financeira e patrimonial, refere-
se à dotação orçamentária e à plena liberdade de remanejamento de
recursos. A autonomia patrimonial está vinculada à ideia de constituição
de patrimônio próprio, liberdade para obtenção de rendas de vários
tipos e utilização de tais recursos da forma que convier às universidades.
O encaminhamento da autonomia universitária deve se dar com base na
indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, já que esses três
itens se complementam.

Diante do exposto, podemos determinar que as universidades, mesmo


possuindo sua autonomia, devem se manter ligadas ao MEC – Ministério da
Educação, e à Constituição Federal, como também à LDB – Lei de Diretrizes e
Bases da Educação, a qual será estudada na próxima unidade.

Mesmo possuindo autonomia, toda e qualquer autarquia pública necessita


do controle e da avaliação de seus serviços, da sociedade e do Estado.

Dá-se, ainda, às universidades o direito de admitir professores, técnicos


e cientistas estrangeiros, na forma da lei, apresentado no parágrafo 1º,
o qual foi acrescentado pela Ementa Constitucional nº 11, de 30 de abril
de 1996. Neste parágrafo ainda se encontra atrelado o parágrafo 2º que
prevê também a pesquisa científica e tecnológica federais (MACHADO;
CUNHA, 2016, p. 1088).

Caro acadêmico, você talvez venha a se questionar: para que eu preciso


saber destes artigos, parágrafos e incisos? Independentemente de sua licenciatura,
necessita sim ter o conhecimento das leis, as quais regem nosso trabalho e vida
profissional. Nada é demais. E saber das leis demonstra que estamos cada vez mais
preparados para caminhar neste espaço chamado educação.

Passaremos a tratar do artigo 208, onde se encontram os deveres que o


Estado possui com a educação escolar pública. Dedicaremos uma atenção especial
a este artigo, pois trata de questões relativas à obrigatoriedade e gratuidade da
educação básica.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a
garantia de:
I – educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
(dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para
todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
II – progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III – atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV – educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco)
anos de idade;

20
TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

V – acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação


artística, segundo a capacidade de cada um;
VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
educando;
VII – atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica,
por meio de programas suplementares de material didático escolar,
transporte, alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988).

Observa-se que nesse artigo se encontra o conteúdo relativo aos deveres do


Estado para com a população brasileira, que é de prestar educação escolar pública
de qualidade e gratuita.

Quando tratamos da educação básica estamos nos referindo ao nível de


ensino que abrange os primeiros anos de educação formal, que corresponde
ao direito de todos os brasileiros à formação comum necessária ao exercício de
cidadania e a sua qualificação para o trabalho e a continuidade de seus estudos.

Outro fator a ser ressaltado é que para existir este movimento possuímos
dois documentos principais que abarcam a educação básica, que são: a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB, Lei nº 9.394 de 20.12.1996, e o Plano
Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, ambos regidos pela Constituição
da República Federativa do Brasil. Conforme Abrão (2016, p. 1089):
De acordo com a Classificação Internacional Normatizadora da Educação
(International Standard Classification of Education – Isced), a educação básica
inclui: (1) a educação primária, ou seja, o primeiro estágio da educação
básica, correspondente à aprendizagem básica da leitura, da escrita e
das operações matemáticas simples; e (2) o ensino secundário inferior,
isto é, o segundo estágio do processo de escolarização, correspondente à
consolidação da leitura e da escrita e às aprendizagens básicas na área da
língua materna, história e compreensão do meio social e natural envolvente.

No que diz respeito a questões relativas ao sistema educativo brasileiro e de


países em desenvolvimento, Abrão (2016, p. 1089) apresenta que: “Alguns sistemas
educativos, em particular os de países em desenvolvimento, incluem na educação
básica a educação pré-escolar e os programas de ensino de segunda oportunidade
destinada à alfabetização de adultos”. Neste caso encontramos a EJA (Educação de
Jovens e Adultos), programa que auxilia na alfabetização de jovens e adultos em
nosso país.

Podemos ainda dizer que o Plano Nacional de Educação – PNE


desenvolvido no Brasil, contempla como educação básica a Educação Infantil, o
Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Abrão (2016, p. 1089) ressalta que:

[...] a educação Infantil compreende a faixa etária de 0 a 6 anos, porém,


em nosso país há tratamento diferenciado entre as faixas etárias de 0 a
3 anos e de 4 a 6 anos para a pré-escola; além disso as creches deverão
adotar objetivos educacionais, transformando-se em instituições de
educação, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais emanadas do
Conselho Nacional de Educação. Essa determinação segue a melhor
pedagogia, pois é nessa idade, precisamente, que os estímulos educativos

21
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

têm maior poder de influência sobre a formação da personalidade e o


desenvolvimento da criança. Trata-se de um tempo que não pode ser
descurado ou mal orientado.

Frente ao exposto, podemos perceber que para o PNE, este tema é sua
“menina dos olhos”, pois a formação da criança ocorre desde os primeiros momentos
de sua vida, e quando entra na educação formal, os profissionais da educação
devem organizar-se determinando objetivos que auxiliem no desenvolvimento
global da criança, possibilitando uma sequência educativa de qualidade.

É importante saber, caro acadêmico, que a Emenda Constitucional nº 59/2009


estabeleceu em relação à educação básica duas diretrizes, assim apresentadas por
Abrão (2016, p. 1089): “ [...] é dever do Estado prestá-la; e é obrigatória e gratuita
dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta
gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria”.

Cabe ressaltar que os estrangeiros, como os brasileiros, possuem o direito


à gratuidade na educação básica, que estejam na idade própria (7 a 14 anos). Os
pais ou responsáveis pelas crianças poderão exigir isso do Estado, pois a educação
básica é obrigatória, independente também da idade.

No que diz respeito ao inciso II, que trata da progressiva universalização


do ensino médio gratuito, podemos determinar que este dá a possibilidade de
continuidade dos estudos de maneira gratuita aos adolescentes. Conforme Abrão
(2016, p. 1090):
[...] atendendo o princípio estabelecido no art. 206, I, do texto Maior,
o qual prevê ‘a igualdade de condições ao acesso e permanência na
escola’. Entretanto, estabeleceu o constituinte com tal inciso que o
Estado não deve ficar inerte em relação ao prosseguimento do ensino
dos educandos [...] e deverá construir escolas e oferecer condições
necessárias para atender o maior número possível de educandos no
ensino médio, sempre considerando a realidade de cada ente federado.

Já no inciso III, se apresenta como dever do Estado o “atendimento


educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede
regular de ensino” (BRASIL, 1988). Ressaltamos que mesmo possuindo todos estes
direitos com as leis, cabe ao estado dar condições tanto pedagógicas como físicas para
que os profissionais da educação e as crianças a serem atendidas possuam condições
dignas de trabalho e de permanência nos espaços escolares. Independentemente
de ser escola pública ou privada, a educação precisa ser desenvolvida e as crianças
muito bem recebidas, conseguindo assim, avanços educacionais.

Conforme a Constituição, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o


Conselho Nacional de Educação por meio do parecer CNE/CEB nº 17/2001 e da
Resolução CNE/CEB nº 2/2001, ditou aos sistemas de ensino, seja ele privado ou
público, a responsabilidade de matricular todas as crianças com necessidades
educacionais especiais.

22
TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Em seu art. 5º, essa Resolução prescreveu o conteúdo da expressão


‘educando com necessidades educacionais especiais’, como sendo
os alunos que, durante o processo educacional apresentarem: I –
dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo
de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades
curriculares, compreendidas em dois grupos: a) aquele não vinculado
a uma causa orgânica específica; b) aqueles relacionados a condições,
disfunções, limitações ou deficiências; II – dificuldades de comunicação
e sinalização de linguagens e códigos aplicáveis; III – altas habilidades/
superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a
dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes (ABRÃO,
2016, p. 1091).

O educando possui o direito de se matricular e frequentar a escola,


independentemente de ser pública ou privada, e sempre lembrando da necessidade
de a escola possuir uma estrutura adequada para o receber, e perceber que
independentemente de seu problema, é importante a sua permanência e convívio
saudável na escola. Cabe ressaltar que o entendimento, com relação ao “educando
com necessidades educacionais especiais”, como se apresenta no art. 5º, trata não
só dos educandos com dificuldades físicas ou intelectuais elevadas, mas sim, de
todos que de uma maneira ou outra possuem alguma dificuldade educativa de
compreensão ou socialização.

O inciso IV trata da garantia de educação infantil, em creche e pré-escola,


às crianças até 5 (cinco) anos de idade, observamos que ocorreu uma nova redação,
ficando assim, apresentada nas palavras de Abrão (2016, p. 1091):

O texto deste inciso, alterado pela EC n. 53/2006, incorpora a educação


infantil como dever do Estado brasileiro. A prescrição sob comentário,
em verdade, adéqua seu texto da Lei n. 11.274/2006 – que alterou alguns
dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação -, já que inclui as
crianças de seis anos de idade no ensino fundamental obrigatório com
duração de nove anos.

NOTA

EC – Emenda Constitucional

Com relação a esse inciso, podemos perceber que as crianças que completam
seis anos no ano letivo deverão ser matriculadas no Ensino Fundamental, dando
continuidade ao processo educacional voltado à alfabetização e letramento.

23
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

FIGURA 1 – ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://neuropsicopedagogianasaladeaula.


blogspot.com.br/2012/04/o-processo-de-alfabetizacao-na-historia.
html>. Acesso em: 19 set. 2016.

Caro acadêmico, ao tratarmos do assunto alfabetização e letramento,


indagamos: o que é alfabetização e letramento? São sinônimos?

Vamos refletir sobre isso, pois é de extrema importância buscarmos esse


entendimento. Quando falamos em alfabetização e letramento, estamos tratando do
que nos é apresentado no PNAIC – Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa.

FIGURA 2 – CONCEITO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://pt.slideshare.net/CamilaRibeiro35/alfabetizaao-e-


letramento-pnaic>. Acesso em: 25 jul. 2016.

Podemos perceber que o alfabetizar e letrar se confundem, estão interligados,


de acordo com Magda Soares (1998, p. 47): “Alfabetizar e letrar são duas ações
distintas, mas são inseparáveis, ao contrário, o ideal seria alfabetizar letrando, ou
seja: ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de
modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo alfabetizado e letrado”.

24
TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

DICAS

O slide da figura anterior e os demais que o compõe, são de Camila Ribeiro,


pedagoga da Prefeitura Municipal de Araucária, e se encontram na íntegra no link: <http://
pt.slideshare.net/CamilaRibeiro35/alfabetizaao-e-letramento-pnaic>. Acesso em: 25 jul. 2016.

Com este entendimento sobre alfabetização e letramento, podemos perceber


que todo educando necessita dos profissionais da educação comprometidos e que
o Estado dê a estes profissionais condições de aprimoramento e entendimento.

No que diz respeito ao inciso “V – acesso aos níveis mais elevados do


ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”;
e ao inciso “VI – oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do
educando” (BRASIL, 1988); observamos que a cada indivíduo é dado o direito de
participar ou acessar a universidade, a pesquisa, que muito se fala na atualidade,
como uma das necessidades mais presentes na esfera educacional e das criações
artísticas. Conforme Abrão (2016, p. 1091-1092): “[...] tal direito será conferido
àqueles que demonstram capacidade de acordo com os mecanismos de aferição
que lhes forem impostos”.

Já o inciso VI, apresentado acima, denota que o Estado tem o dever de


criar ações que atendam à igualdade de condições para o acesso e permanência do
educando na escola, “oferecendo a ele o ensino noturno regular adequado as suas
condições, já que, normalmente, os cursos noturnos são procurados por pessoas
com mais idade, as quais trabalham durante o dia e necessitam estudar à noite”
(ABRÃO, 2016, p. 1092).

E, por último, o inciso VII, que trata do “atendimento ao educando, em


todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de
material didático escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde”. Este
inciso trata do que anteriormente comentamos, de nada adianta mantermos os
educandos em sala de aula, lhes dando o direito à matrícula, gratuidade do ensino,
se não lhes são dadas condições físicas e pedagógicas para tanto. Como assim? Da
seguinte forma, conforme nos prescreve Abrão (2016, p. 1092):
Esse preceito constitucional é de suma importância, pois não basta
garantir o direito ao ensino público gratuito, porque por si só ele não
se efetiva. São necessários programas suplementares para que seja
possível manter um estudante na escola. Diante da miserabilidade de
parcela significativa da população brasileira, os programas de oferta
de material escolar, transporte, saúde e alimentação não podem se
dissociar do direito à educação, porque se de outra forma ocorresse,
este último não se realizaria.

25
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

A autora ainda nos apresenta de maneira bem clara:


Um aluno com fome não consegue assimilar as lições de seu professor,
sem saúde, não consegue estudar, sem transporte não chega à escola e
sem material não acompanha a lição. Desse modo, para que o ensino
seja ministrado, não basta o princípio da igualdade de condições ao
acesso e permanência na escola, o Estado deverá ser chamado a dar
condições concretas e efetivas para viabilizar esse princípio. Para tanto,
o constituinte atribui ao estado o dever de promover ações, e, todas
as etapas da educação básica, para garantir de forma suplementar o
material didático-escolar, o transporte, a alimentação e a assistência à
saúde dos educandos. Mas deixemos bem claro que a atuação do Estado,
por meio de programas para promoção dessas ações, é suplementar,
pois deverá atingir somente os educandos que não tenham condições
de se autossustentar (ABRÃO, 2016, p. 1092).

Nas próximas unidades trataremos dos programas que o Estado promove


para auxiliar no desenvolvimento e melhoria da vida educacional dos educandos.

Caro acadêmico, parece um pouco cansativo este processo de estudo, mas


saiba que é necessário para sua formação, enquanto profissional da educação.
Desta forma, vamos dar continuidade, agora apresentando outro artigo.

“Art. 209 – O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes


condições” (BRASIL, 1988):

I – cumprimento das normas gerais da educação nacional: as escolas


privadas poderão exercer o ensino, mas deverão seguir as regras previstas nos
documentos oficiais como a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação, o PNE –
Plano Nacional de Educação, dentre outros documentos relacionados à educação.

II – autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público: quanto ao


direito de abertura de escolas privadas, cabe e é dado o direito ao Poder Público
de sancionar, liberar, autorizar a abertura destas instituições privadas e verificar
se elas atendem ao que é prerrogativa de melhoria na qualidade educacional dos
educandos. Cabe também ao Poder Público realizar avaliações, em que ele “poderá
revogar a autorização caso verifique que atitudes contrárias ao interesse social,
como ensino de baixa qualidade e preços de mensalidades extorsivos, estão sendo
praticados” (ABRÃO, 2016, p. 1095).

O artigo 210, trata de uma temática de extrema importância, que assim


se apresenta: “Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental,
de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais
e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988). Este artigo demonstra um
respeito e cuidado com relação ao pluralismo cultural. Conforme Abrão (2016, p.
1095), “o pluralismo representa hoje uma necessidade, pois a história nos mostrou
a tragicidade das tentativas de uniformização e hegemonização culturais, raciais,
ideológicas, religiosas etc.”.

26
TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Cabe ressaltar ainda que na formulação deste artigo se observa o cuidado


e abertura para considerar o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas,
pois a escola é um espaço de democracia, a qual de forma alguma poderá deixar de
respeitar as diferenças culturais aí existentes e reconhecer as diferenças regionais e
sociais existentes neste nosso imenso país.

FIGURA 3 – PLURALISMO CULTURAL

FONTE: Disponível em: <http://educador.brasilescola.uol.com.br/


estrategias-ensino/a-diversidade-cultural-brasileira-sala-aula.htm>. Acesso
em: 19 set. 2016.

Segundo Abrão (2016, p. 1095), “[...] constitui um dos objetivos fundamentais


da República Federativa do Brasil a promoção do bem de todos, sem preconceito
de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Entendemos que a escola é um ambiente próprio para a efetividade e o respeito a
esses preceitos”.

Continuando, sobre os artigos relativos à educação, apresentamos o “Art.


211 – A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em
regime de colaboração seus sistemas de ensino” (BRASIL, 1988).

Observe, acadêmico, que este artigo trata da competência de cada membro


federado no sistema educacional.
Ao falar sobre competência é necessário esclarecer que o Brasil é um
Estado Federal e o constituinte, no art. 1º, configurou sua formação
da seguinte maneira: União, Estados-membros, Distrito Federal e
Municípios. As características essenciais de um Estado federal são: os
Estados-membros possuem autonomia para autogovernar-se, há uma
descentralização legislativa, administrativa e política e esses Estados
participam do governo central por meio de seus representantes no
Congresso Nacional. A proposta do constituinte de 1988 foi pela

27
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

tentativa da maior descentralização de decisões, fortalecendo os Estados


e os Municípios. Desse modo ficou a União com a elaboração de normas
gerais, sempre levando em consideração a realidade local (ABRÃO,
2016, p. 1097).

Desta forma, o artigo 211, como declara Abrão (2016, p. 1097), “[...] deve
ser interpretado em consonância com o disposto no art. 23 da Carta Magna, que
prevê a fixação de normas para cooperação entre União, Estados, Distrito Federal
e Municípios, com vistas ao equilíbrio do desenvolvimento e ao bem-estar em
âmbito nacional”.

Com isso podemos perceber que a pluralidade cultural e regional é


respeitada no desenvolvimento e construção de uma estrutura organizacional
adequada à realidade local.

Assim, à União fica a responsabilidade de auxiliar financeiramente,


organizar o sistema federal de ensino, buscar meios para a obtenção de ensino de
qualidade através de seus programas e de uma Base Nacional de Ensino.

Aos municípios fica a priorização do ensino fundamental e da educação


infantil com qualidade. Esta temática será melhor desenvolvida nas próximas
unidades deste caderno. Já os Estados e o Distrito Federal priorizarão o ensino
fundamental e médio.

O Artigo 212 traz as questões relativas ao financeiro, ficando assim sua


leitura: “A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita
resultante de impostos, compreendida a proveniente de transferências, na
manutenção e desenvolvimento do ensino” (BRASIL, 1988).

Ao tratarmos deste artigo, podemos nos ater ao que ocorre em nossos estados
e municípios. Como profissional da educação e como cidadão, podemos observar
se os recursos públicos estão sendo realmente aplicados na esfera educacional.
Cabe a cada membro formador da sociedade buscar informações relativas a esta
aplicação, pois é de extrema necessidade ter as condições necessárias para o
funcionamento e desenvolvimento dos trabalhos pedagógicos na escola.

É importante observar que esta matéria está regulamentada pela Lei de


Diretrizes e Bases da Educação. Vejamos o artigo 213:
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas,
podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou
filantrópicas, definidas em lei que:
I – comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes
financeiros em educação;
II – assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola
comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso
de encerramento de suas atividades.
Parágrafo 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados
a bolsas de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei,

28
TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver


falta de vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da
residência do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir
prioritariamente na expansão de sua rede na localidade.
Parágrafo 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estímulo e
fomento à inovação realizadas por universidades e/ou por instituições
de educação profissional e tecnológica poderão receber apoio financeiro
do Poder Público (BRASIL, 1988, grifo nosso).

Os dois parágrafos tratam de ações relativas ao financeiro. No parágrafo


primeiro, cabe ao Poder Público realizar investimentos prioritariamente em sua
rede de ensino, mas poderá conceder bolsas de estudo para os ensinos fundamental
e médio aos alunos que comprovarem falta de recursos.

O parágrafo segundo trata de uma regra não obrigatória, pois o Poder Público
poderá apoiar ações relativas a atividades universitárias de pesquisa, de extensão e
de estímulo e fomento à inovação. Tudo isso dependerá de verbas orçamentárias.

Por último, trataremos do artigo 214, que busca estabelecer o plano nacional
de educação, o qual será melhor analisado nas próximas unidades.

Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de


duração decenal, com o objetivo de articular o sistema nacional de
educação em regime de colaboração e definir diretrizes, objetivos,
metas e estratégias de implementação para assegurar a manutenção
e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis, etapas e
modalidades por meio de ações integradas dos poderes públicos das
diferentes esferas federativas que conduzam a:
I – erradicação do analfabetismo;
II – universalização do atendimento escolar;
III – melhoria da qualidade de ensino;
IV – formação para o trabalho;
V – promoção humanística, científica e tecnológica do País;
VI – estabelecimento de meta de aplicação de recursos públicos em
educação como proporção do produto interno bruto (BRASIL, 1988,
grifo nosso).

Com estes dados podemos perceber que o Plano Nacional de Educação tem
como base buscar solucionar e, se assim não for possível, diminuir as diferenças e o
pessimismo existente com as questões educacionais. É determinante que todos os
profissionais da educação tenham conhecimento deste documento, participem de
sua elaboração, que ocorre a cada dez anos, e verifiquem se os objetivos já propostos
foram ou estão sendo conquistados. Participar é uma das palavras-chave para cada
um de nós, profissionais da educação.

29
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

AUTOATIVIDADE

Caro acadêmico! Frente ao exposto, nos artigos relativos à Educação, vamos


retomar o artigo 212, que fala sobre a aplicação de percentuais na educação
fundamental, no que diz respeito ao município. Relativo a isso, você,
enquanto cidadão e profissional da educação, que está em busca de novos
conhecimentos, busca saber se realmente é realizada essa aplicação de recursos
na esfera educacional de seu município ou estado? Você acha necessário esse
acompanhamento?

Daremos continuidade a nossos estudos e trataremos de outro fator que é


determinante no processo de legislar. Até o momento, nos deparamos com o que são as
Políticas Públicas e a influência da Constituição Federal na Educação com a apresentação
dos artigos 205 até o 214, que tratam diretamente das questões educacionais.

Formular leis que tragam propostas flexíveis e auxiliem na estruturação


de todos os níveis de ensino de um país, como o Brasil, não é algo tão fácil,
mas observa-se que os documentos criados, pautados na ética, na ordem e no
desenvolvimento educacional, retratam que muito já se caminhou e muito ainda é
necessário construir com a educação nacional. Por isso, trataremos agora de algo
significativo e que nos faz pensar.

3 LIGAÇÃO ENTRE A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A LEI DE


DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO

Como vimos, a Constituição Federal é a Carta Magna de nosso país, e é


a partir deste documento que nós, da educação, necessitamos buscar alimento
para a construção de outro documento que podemos considerar a Carta Magna da
Educação brasileira.

Estamos falando da LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação,


documento este que pode ser considerado a “bússola da educação escolar”,
conforme apresentado no prefácio do livro LDB fácil, pela professora Maria do
Socorro Santos Uchoa Carneiro (CARNEIRO, 2015, p. 17).

Podemos determinar que a Constituição Federal foi e é a raiz de sustentação


de todo o programa educacional de nosso país. A Constituição Federal delineia a
forma democrática de governo.

A Constituição é o fundamento do direito à medida que, de seu cumprimento,


deriva o exercício da autonomia legítima e consentida. Não menos importante é
compreender que, ao institucionalizar a soberania popular, o texto constitucional
traduz o estado da cultura política da nação (CARNEIRO, 2015). Enquanto que na

30
TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

educação, as constituições brasileiras construíram através de caminhadas árduas, uma


aproximação entre “direitos políticos e direitos sociais” (CARNEIRO, 2015, p. 38).

Para tanto, conforme Carneiro (2015, p. 38), “a inclusão da Educação como


direito fundamental de todo cidadão contribuiu para sinalizar na perspectiva da
construção de uma escola de padrão básico, vazada em um modelo organizacional
de objetivos convergentes, logo estruturado à luz de marcos normativos comuns”.

Observa-se que para chegar ao patamar em que nos encontramos na


atualidade a caminhada foi árdua e passamos por diversos momentos históricos,
na construção de várias constituições brasileiras.

Assim, podemos determinar de forma resumida as constituições que


já tivemos em nosso país. Estas constituições foram oito, assim apresentadas,
conforme Carneiro (2015, p. 39):
A primeira Constituição do país data de 1824. De então até agora, o
Brasil teve oito constituições, a saber: a de 1824, a de 1891, a de 1934, a
de 1937, a de 1946, a de 1967, a de 1969 e a de 1988. Destas, apenas as de
1891, 1934, 1946 e 1988 foram votadas por representantes populares com
delegação constituinte. A última dessas Constituições, a de 1988, contou
com uma robusta participação da comunidade nacional, mediante a
mobilização de amplos segmentos da sociedade civil. Culminância deste
movimento cívico foram os atos públicos que cimentaram a criação do
Plenário Nacional Pró-Participação Nacional Popular na Constituinte.
Neste cenário, a defesa da escola pública e de uma educação de qualidade
ganhou relevância ímpar no conjunto da sociedade brasileira [...].

Diante deste cenário, vamos apresentar a você, acadêmico, um quadro


resumido das constituições que já tivemos em nosso país e qual a ligação de cada
uma com a educação. Fique atento às situações e interesses envolvendo cada
momento histórico da construção das constituições!

QUADRO 2 – CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS

CONSTITUIÇÃO/ANO FATOS DETERMINANTES

Incorporou a iniciativa de implantação de colégios e universidades


ao conjunto de direitos civis e políticos, além de fixar a gratuidade do
ensino primário. O processo gerencial ficou aos cuidados da Coroa
e, quatro anos mais tarde, instalam-se as Câmaras Municipais que
ficam com a responsabilidade de inspecionar as escolas primárias.
Constituição Imperial/1824
A declaração do Ato Institucional criou as Assembleias Legislativas
Provinciais, cabendo-lhes a atribuição de legislar sobre instrução
pública. Ocorre aqui a elitização do ensino, pois a maioria das
escolas secundárias abrigava-se em mãos de particulares, o que
por si só representava uma elitização da escola, dado que somente
Ato Institucional/1834
famílias de posse poderiam custear os estudos de seus filhos. A
escola que se queria buscava a tradição da educação aristocrática,
totalmente voltada para os frequentadores da corte e, portanto, para
os destinatários do Ensino Superior, em detrimento dos demais
níveis de ensino.

31
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Trouxe mudanças significativas na educação. Ao Congresso


Nacional foi atribuída a prerrogativa legal exclusiva de legislar
sobre o ensino superior. Ainda poderia criar escolas secundárias
Constituição e superiores nos estados, além de responder pela instrução
Republicana/1891 secundária do Distrito Federal. Aos Estados cabia legislar sobre o
ensino primário e secundário, implantar e manter escolas primárias,
secundárias e superiores. Nestes dois últimos casos, o Governo
Federal poderia, igualmente, atuar.
Coube à União federal a tarefa de fixar as diretrizes e bases da
educação nacional. Criou, também, o Conselho Nacional de
Educação, e os estados e o Distrito Federal ganharam autonomia
para organizar seus sistemas de ensino e, ainda, instalar Conselhos
Estaduais de Educação com idênticas funções das do Conselho
Nacional, evidentemente, dentro do âmbito de suas jurisdições.
Constituição/1934
A União recebeu a tarefa de institucionalizar e elaborar o Plano
Nacional de Educação, com dois eixos fundamentais: organização
do ensino nos diferentes níveis e áreas especializadas e a realização
de ação supletiva com os estados, seja subsidiando com
estudos e avaliações técnicas, seja aportando recursos financeiros
complementares.
No clima de afirmação democrática que invadiu o mundo no ambiente
do pós-guerra, buscou-se um eixo representado por um conjunto
de valores transcendentais que tinham, na liberdade, na defesa da
dignidade humana e na solidariedade internacional, os dormentes de
sustentação. Proclamava a educação como um direito de todos.
Nesta Carta de 1946, prescreveu uma organização equilibrada do
sistema educacional brasileiro, mediante um formato administrativo
e pedagógico descentralizado, sem que a União abdicasse da
responsabilidade de apresentar as linhas mestras de organização da
Constituição/1946 educação nacional. Neste documento há muito das ideias e do espírito
do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova de 1932. Foi a partir
desta percepção que o Ministro da Educação de então, Clemente
Mariani, oficializou comissão de educadores para propor uma reforma
geral da educação nacional. Aqui, a origem da Lei 4.024/61, a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nossa primeira LDB, somente
aprovada pelo Congresso Nacional depois de uma longa gestação de
11 anos.
Ainda neste momento, o Ministério da Educação e Cultura passa
a exercer as atribuições de Poder Público Federal em matéria de
Educação.
Foi pautada sob a inspiração da ideologia da segurança nacional,
o ensino particular recebeu amplo apoio e fortalecimento. Ocorreu
a ampliação da obrigatoriedade de ensino fundamental de sete
até 14 anos, aparentemente grande conquista, pois conflitava com
Constituição/1967 outro preceito que permitia o trabalho de crianças com 12 anos.
Nisto, contrastava com a Carta de 1946 que estabelecia os 14 anos
de idade como idade mínima para o trabalho de menores. Retirava-
se a obrigatoriedade de percentuais do orçamento destinados à
manutenção e desenvolvimento do ensino.

32
TÓPICO 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Preservou-se todos os ângulos da constituição anterior. Os recursos


orçamentários vinculados ao ensino ficaram restritos aos municípios
que se obrigavam a aplicar, pelo menos, 20% da receita tributária
Constituição/1969 no ensino médio. O lado mais obscurantista deste texto foi relativo
às atividades docentes. A escola passou a ser palco de vigilância
permanente dos agentes políticos do Estado. Neste período,
editaram-se vários Atos Institucionais que eram acionados, com
muita frequência, contra a liberdade docente.
Esta constituição significou a reconquista da cidadania sem medo.
Nela, a educação ganhou lugar de altíssima relevância. O país
inteiro despertou para esta causa comum. As emendas populares
calçaram a ideia de educação como direto de todos (direito social) e,
portanto, deveria ser universal, gratuita, democrática, comunitária
Constituição/1988
e de elevado padrão de qualidade. Em síntese, transformadora da
realidade. Aqui as universidades passaram a gozar de autonomia
didático-científica administrativa e de gestão financeira e
patrimonial, e a obedecer ao princípio de indissociabilidade entre
ensino, pesquisa e extensão.
FONTE: Carneiro (2015, p. 29-33)

Observe, acadêmico, que a caminhada de nossa Constituição e da educação


brasileira foi pautada por momentos históricos e fez com que pudéssemos
determinar as necessidades do momento e das muitas mudanças que ainda
estamos buscando dentro da Educação.

Essa busca vem de encontro às necessidades, valores, desejos e anseios da


população, que hoje participa ativamente de forma democrática das atividades e
propostas apresentadas.

Nossa LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação – está inserida em nossa


Carta Magna, a Constituição Federal. Por este motivo o interesse e a necessidade
de reconhecermos este documento como de extrema importância em nossas vidas
profissionais. Tanto a Constituição como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
estão inseridas em nosso cotidiano.

33
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:

• Em muitos momentos as políticas públicas nos passam despercebidas, mas


elas encontram-se dentro da história da humanidade. Podemos relatar também
forte influência na Grécia Antiga, onde a palavra política tem seu berço, onde
filósofos como Aristóteles e Platão foram os precursores desta ciência.

• “Políticas Públicas são ações geradas na esfera do Estado e que têm como
objetivo atingir a sociedade como um todo ou partes dela” (SANTOS, 2014, p. 5).

• As políticas públicas terão eficácia a partir do momento que os cidadãos


compreenderem como ocorre a criação dessas políticas (ações, programas) nas
esferas federais, estaduais e, principalmente, nas que estão bem próximas de
cada um de nós, e que estão sendo desenvolvidas – as municipais. Estas ações
também ocorrem dentro e fora de nossas residências, e somos nós também
responsáveis pela sua aplicabilidade, transparência e eficácia.

• As Políticas Públicas são de “responsabilidade do Estado, com base em


organismos políticos e entidades da sociedade civil se estabelece um processo
de tomada de decisões que derivam nas normatizações do país, ou seja, nossa
Legislação” (MARINHO, 2014, p. 1).

• As políticas públicas retratam não só questões acerca da economia, mas do


envolvimento de diversos segmentos, contendo condições e possibilidades de
desenvolver mecanismos que auxiliem no crescimento e qualidade de vida da
população.

• “A Constituição de um Estado Democrático é a cartilha na qual os cidadãos


apreendem os fundamentos e a proteção de seus direitos, a disciplina da atuação
e dos limites do Poder Estatal e a função social da comunidade” (MACHADO;
CUNHA, 2016, p. 23).

• No artigo 206 da Constituição Federal, ressalta-se a garantia do ensino, a


qualidade, a igualdade quanto ao acesso e permanência na escola, a liberdade
de aprender, o pluralismo de ideias, gratuidade do ensino público, a gestão e
valorização dos profissionais da educação (BRASIL, 1988).

• As universidades gozam de autonomia didático-pedagógica, administrativa e de


gestão financeira e patrimonial, e obedecerão aos princípios de indissociabilidade
entre ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 1988).

34
• Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete)


anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela
não tiveram acesso na idade própria;
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,
preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de
idade;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação
artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por
meio de programas suplementares de material didático escolar, transporte,
alimentação e assistência à saúde (BRASIL, 1988).

35
AUTOATIVIDADE

1 Ao detectarmos problemas sociais, os governantes e a sociedade


civil organizada buscam encontrar meios, as chamadas Políticas
Públicas para o desenvolvimento de programas e ações que
diminuam a situação encontrada. Desta forma, analise as sentenças:

I – Políticas Públicas são utilizadas somente no que diz respeito às questões


econômicas de um país em desenvolvimento.
II – Políticas Públicas são ações que envolvem diversos segmentos da sociedade
e auxiliam na qualidade de vida da população e aplicada pelos governantes.
III – Políticas Públicas são movimentos relativos a partidos políticos que
compreendem sua posição de promotores da verdade.
IV – Políticas Públicas são ações que envolvem tanto a economia de um país
com o envolvimento da sociedade organizada e aplicada pelos governantes.

Assim, assinale a sequência CORRETA:


a) ( ) F – V – F – V
b) ( ) V – V – F – F
c) ( ) F – V – F – F
d) ( ) V – F – F – V
e) ( ) F – V – V – F

2 (ENADE, 2011) Com o advento da República, a discussão sobre a


questão educacional torna-se pauta significativa nas esferas dos
Poderes Executivo e Legislativo, tanto no âmbito Federal quanto
no Estadual. Já na Primeira República, a expansão da demanda
social se propaga com o movimento da escola novista; no período getulista,
encontram-se as reformas de Francisco Campos e Gustavo Capanema; no
momento de crítica e balanço do pós-1946, ocorre a promulgação da primeira
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1961. É somente com
a Constituição de 1988, no entanto, que os brasileiros têm assegurada a
educação de forma universal, como um direito de todos, tendo em vista o
pleno desenvolvimento da pessoa no que se refere a sua preparação para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. O artigo 208 do
texto constitucional prevê como dever do Estado a oferta da educação tanto
a crianças como àqueles que não tiveram acesso ao ensino em idade própria
à escolarização cabida. Nesse contexto, avalie as seguintes asserções e a
relação proposta entre elas.

A relação entre educação e cidadania se estabelece na busca da universalização


da educação como uma das condições necessárias para a consolidação da
democracia no Brasil.

PORQUE

36
Por meio da atuação de seus representantes nos Poderes Executivos e
Legislativo, no decorrer do século XX, passou a ser garantido no Brasil o direito
de acesso à educação, inclusive aos jovens e adultos que já estavam fora da
idade escolar.

FONTE: Disponível em: <http://www.usjt.br/uploads/lacce/letras/userfiles/files/PDF/ENADE-


PROVA.pdf>. Acesso em: 2 dez. 2016.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) ( ) As duas são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa


correta da primeira.
b) ( ) As duas são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma
justificativa correta da primeira.
c) ( ) A primeira é uma proposição verdadeira, e a segunda, falsa.
d) ( ) A primeira é uma proposição falsa, e a segunda, verdadeira.
e) ( ) Tanto a primeira quanto a segunda asserção são proposições falsas.

3 Cada país possui suas leis, as quais regem o sistema


governamental. Em nosso país possuímos a Constituição que
é reconhecida como a carta magna de um país democrático.
Dessa forma, podemos definir a palavra Constituição como:

I – Modelo que determina aos cidadãos reconhecerem os fundamentos e


proteção de seus direitos e deveres.
II – Documento que determina os deveres que cada cidadão deverá seguir em
toda sua vida sem poder criticar sobre as leis.
III – Documento que determina ao cidadão reconhecer o que cabe à Família e
ao Estado e a função social da comunidade.
IV – Modelo que demonstra as leis determinantes para que o país possa seguir
um caminho de maneira democrática e pacífica.

Agora, assinale a sequência CORRETA:


a) ( ) V – F – V – V
b) ( ) F – V – V – F
c) ( ) F – F – V – F
d) ( ) V – F – V – F
e) ( ) F – V – F – F

37
38
UNIDADE 1
TÓPICO 2

A LEI DE DIRETRIZES E BASES


DA EDUCAÇÃO DE 1996

1 INTRODUÇÃO
Após a leitura do Tópico 1, podemos dar continuidade a nossos estudos,
pois estamos aptos a compreender como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
foi elaborada e de onde partiu sua fundamentação.

Veremos também, neste Tópico 2, a relação que a LDB possui com o Sistema
Educacional, suas mediações e a necessidade de sua presença neste sistema.

Cabe ressaltar que serão tratadas temáticas voltadas à organização da LDB


nas esferas Federal, Estadual e Municipal, chegando à instituição escolar.

Esta caminhada retrata o que você, acadêmico, busca em sua formação


profissional, o conhecimento, o reconhecimento e a capacidade de utilização destes
documentos em sua construção profissional e pessoal.

Então, vamos continuar nosso processo de construção e, por que não dizer,
de reconstrução do conhecimento relativo às leis que regem a Educação brasileira!

2 COMO SITUAR-SE SOBRE A LDB


Inicialmente, vamos nos reportar ao quadro que foi apresentado a você
referente às constituições no que diz respeito à educação (Quadro 2). Nesse
quadro visualizamos que o caminho foi construído a partir de diversos interesses,
incialmente voltados à corte imperial, logo depois, passados longos anos e o Brasil
ter sofrido diversos fatos históricos, buscou levar a educação a todos como um
direito através da elaboração de leis que pudessem abarcar essas necessidades.

Devemos ter bem claro, caro acadêmico, que este movimento, que ainda
ocorre e se faz necessário, não foi fácil, pois todo movimento relacionado à
construção de novas regras leva, em muitos momentos, ao embate, em que a maneira
de pensar de um não condiz com a forma de pensar do outro, criando inúmeras
possibilidades de conflitos que devem ser ao final levados a um denominador
comum. Como afirma Carneiro (2015, p. 27), “as disposições normativas do país no
campo educacional são heterogêneas e nem sempre harmônicas e congruentes”.

39
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

NOTA

Congruente; congruência: Harmonia duma coisa com o fim a que se destina;


coerência (FERREIRA, 2001, p.186).

Assim, podemos determinar que a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da


Educação – está inserida, como relatado anteriormente, na Constituição Federal.
Conforme Carneiro (2015, p. 27):
A Lei da Educação deve trazer certeza e ordem de um lado e, de outro,
deve ser mediadora entre imposições da estabilidade e as exigências da
evolução social. Mas deve, sobretudo, ser um roteiro seguro de conceitos,
caminhos, condutas e conclusões sob a inspiração da constituição.

Observe que a LDB também possui sua caminhada histórica, e vamos nos
ater a ela neste momento.

A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi a Lei nº 4.024,


de 20 de dezembro de 1961, foi difícil sua elaboração, pois foi deixada correr de maneira
frouxa, sem acompanhamento de perto. Como afirma Carneiro (2015, p. 35-36):
Entre a chegada do texto à Câmara Federal, em outubro de 1948, e o
início dos debates sobre o texto, em maio de 1957, decorreram oito anos
e meio. Daí, até a aprovação, em 20 de dezembro de 1961, mais quatro
anos e sete meses! Ou seja, entre encaminhamento, as discussões e a
aprovação do texto, passaram-se treze anos.

Observa-se que neste caminho, muitos foram os embates, chegando o texto


a ser aprovado no ano de 1961, um marco histórico para a Educação Brasileira,
pois os eixos principais deste documento relatavam:
i) Dos Fins da Educação
ii) Do Direito à Educação
iii) Da Liberdade de Ensino
iv) Da Administração do Ensino
v) Dos Sistemas de Ensino
vi) Da Educação de Grau Primário
vii) Da Assistência Social escolar
viii) Dos Recursos para a Educação (CARNEIRO, 2015, p. 36).

Com estes eixos, podemos perceber que a Educação Brasileira passa a ter
um movimento linear em sua estruturação.

Após este movimento, já no ano de 1971, surge a nossa segunda Lei de


Diretrizes e Bases, a Lei 5.692/71, a qual recebeu o nome oficial de Lei da Reforma
do Ensino de 1º e 2º Graus, conforme Carneiro (2015, p. 36), caracterizada com
uma gestação lenta e que também foi vista como um processo atípico, “em função

40
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

do contexto político em que foi gestada: período de governo discricionário com as


liberdades civis estranguladas”.

A terceira LDB foi a Lei 9.394/1996. Esta lei também teve sua construção
complicada, pois possui em sua base a passagem de vários governos e, conforme
Carneiro (2015, p. 37), “[...] marcados por fortes contradições ideológicas, sua
tramitação foi longa, conflitiva, intensa, detalhista e ambientada em contextos de
correlações de forças ora emancipatórias, ora paralisantes”.

O início da construção deste novo documento aconteceu em 1988, mas


perpassou por três governos, a saber: José Sarney, Fernando Collor e Fernando
Henrique Cardoso.

Diante deste quadro, muitos anos foram necessários para sua construção
e desconstrução, pois com as mudanças de governo, mudavam-se as formas de
compreender as políticas públicas envolvendo a educação.
A discussão e tramitação da Lei 9.394/1996 no Congresso Nacional
prolongaram-se, [...], pois passou por várias relatorias, teve vários
substitutivos, ziguezagueou da Câmara para o Senado e vice-versa
em ritmo de fluxo legislativo variado, submetida a movimentações
burocráticas e de técnica legislativa que traduziam, com esforços
ora explícitos, ora camuflados, um percurso tortuoso de conflitos
ideológicos e de interesses contraditórios (CARNEIRO, 2015, p. 38).

Observa-se que os interesses aqui envolvidos estavam voltados para uma


“visão agudamente desigual dos mecanismos de controle social, a partir dos
espaços de governo e das escalas de comando dos protagonistas e atores do palco
educacional, sobretudo daqueles posicionados na ponta do sistema: a escola”
(CARNEIRO, 2015, p. 38).

Com isso, a construção desta nova Lei foi determinante no que diz respeito
à busca do diálogo, pois “há de se reconhecer que o tempo ensinou o que ainda não
se aprendera com o tempo: a estratégia das Conciliações abertas, na feliz expressão
do sociólogo e deputado federal Florestan Fernandes” (CARNEIRO, 2015, p. 38).

Diante do exposto, podemos determinar que todos os embates ficaram


focados diretamente em três blocos apresentados pelo professor Moaci Alves
Carneiro, integrante da equipe que auxiliou na elaboração do texto final da LDB.
Ficaram assim elencados:

41
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

QUADRO 3 – ETAPAS DE ESTUDO DA FORMAÇÃO DA LDB 9.394/96


BLOCO UM
• O direito à educação e o dever de educar.
• Definição de educação e respectivos fins, princípios, níveis escolares e focos.
• Público e privado na oferta de educação.
• Formas de organização da educação escolar e, sobretudo, da educação básica.
• Níveis e distribuição de responsabilidades entre União, estados, DF e municípios.
• Financiamento da educação.
• Funcionalidades e limites do ensino privado.
• Formação de professores e extensão do conceito de trabalhadores da educação para todos os
“atores escolares”.
• Gestão democrática da escola.

BLOCO DOIS
• Educação escolar: compreensão, organização e oferta.
• Diretrizes e Parâmetros Curriculares para a educação básica.
• Componentes estruturantes da universidade, funções e sistemas de articulação.
• Modalidades de articulação entre os vários níveis de ensino.
• Estrutura e Funcionamento dos Sistemas de Ensino.
• Saberes formais e não formais dentro dos currículos em operação.
• Educação escolar para a diversidade e manejos de políticas educacionais para a inclusão social.
• Organização das modalidades de ensino, com destaque para a Educação de Jovens e Adultos,
Educação Especial, Educação Profissional e Educação Indígena.

BLOCO TRÊS
• Oferta de educação escolar e regime de colaboração.
• Formas de organização, estrutura e funcionamento de todos os níveis e modalidades de ensino.
• “Refaces” da Educação Superior, novas tipologias de curso e indissociabilidade das funções de
ensino, pesquisa e extensão.
• Educação Profissional e Mercado de Trabalho.
• Reestruturação do esquema de cursos de formação de professores.
• Reposicionamento do estado em relação à rede Federal de Instituições de Ensino Técnico.
• Criação de Universidades especializadas por campo de saber.
• Credenciamento de instituições de Educação a Distância.
• Sistema Nacional de Avaliação.
FONTE: CARNEIRO, Moaci Alves. LDB fácil: Leitura crítica e compreensiva artigo a artigo (2015, p.
39-40).

42
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

Com o que foi apresentado acima, podemos destacar que os avanços


ocorreram e estamos colhendo na atualidade alguns destes frutos.

A Lei 9.394 é aprovada pelo plenário do Senado Federal em 8 de fevereiro


de 1996, conforme Carneiro (2015 p. 41-42), “[...] retornando, em sucessivo, à
Câmara dos Deputados. Ali, o Substitutivo originário do Senado recebe outro
relator, incorpora emendas e é, afinal, aprovado sem vetos, assumindo a forma da
Lei 9.394/1996”.

DICAS

A Lei 9.934/96 pode ser encontrada em sua escola ou no site do Ministério da Educação:
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12907:legislacoes&
catid=70:legislacoes>, consulte.

Carneiro (2015, p. 42) afirma que ao texto atualizado da LDB, atribui-


se quatro comprovações referentes à educação e sua aplicabilidade, assim
apresentadas por ele:
I. A educação é um campo estratégico de lutas políticas entre forças de
permanência e forças da mudança. Para as primeiras, a educação é um
‘produto’, para as segundas um ‘processo’.
II. O ambiente político que hospedou as longas, detalhadas, conflitivas
e contraditórias agendas de debate político, no âmbito do processo
de elaboração da atual LDB, foi marcado por esforços continuados de
desqualificar o Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública na LDB e,
ainda, de elidir o esforço do Bloco Parlamentar em Defesa da Educação
Pública, formado e consolidado ao longo da Constituinte.
III. A inversão dos mecanismos de controle político, com a prevalência
da vontade onipotente do Executivo sobre o Legislativo, deslocou os
focos relacionais entre Educação/Estado/Sociedade/Economia/Cultura.
IV. A mobilização da sociedade civil organizada constitui empuxe
fundamental para remover tentativas de descaminhos do estado e de
desvios do Poder Político. No caso em tela, os veementes protestos de
entidades e atores do campo educacional, as manifestações dirigidas
ao Parlamento Nacional e ao MEC, os encontros locais, regionais e
nacionais – com destaque para o I Congresso Nacional em Defesa da
Escola Pública (julho/agosto de 1996, em Belo Horizonte, reunindo mais
de cinco mil participantes) e, ainda, o trabalho incansável e vigilante do
Fórum junto ao Congresso Nacional, com o apoio da imprensa, foram
fatores decisivos para assegurar o caminho de avanços desejados.
Pode-se dizer que este conjunto de forças e iniciativas de mobilização
política contribuiu significativamente para conter o alargamento de
deformações no texto em curso legislativo e, assim, para desenhar
um campo normativo-educacional mais consentâneo com a realidade
democrática do país.

43
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Estas comprovações denotam que a caminhada para termos hoje a Lei de


Diretrizes e Bases da Educação nº 9.394/96 não foi algo fácil, ocorreram forças que
sentiam a necessidade de determinar o que, como e qual leitura deveria ser feita
sobre este documento.

Em relação aos blocos apresentados anteriormente, podemos determinar que


esta LDB trouxe avanços significativos em vários momentos de sua escrita. Os avanços
estão apresentados na defesa da escola pública, na defesa ao profissional da educação,
na maneira como o Estado organiza e oferece a Educação Superior, dentre outros.
Com isso, podemos determinar que a LDB é e está em constante transformação.

Caro acadêmico, para alguns, o que vimos até o momento pode ser
determinado como algo dispensável, mas não o é, pois estes movimentos históricos
vivenciados na construção tanto da Constituição como da Lei de Diretrizes e
Bases devem ser vistos como “radiografias vivas dos antagonismos da sociedade
brasileira e, sobretudo, como expressões de significações do passado e de matéria-
prima para ressignificações no futuro, dentro de uma visão reinterpretada de novas
possibilidades do Brasil como sociedade democrática” (CARNEIRO, 2015, p. 43).

Com isso podemos determinar que se necessita a cada momento redescobrir


o que há de essencial dentro dos meios políticos e sociais, para assim reconstruirmos
nossa história e modificar, se necessário, os caminhos na fortificação de leis mais
flexíveis para a melhor condução da Educação no Brasil.

3 A LDB E SUA ESTRUTURAÇÃO


Caro acadêmico, diante do exposto até o momento, podemos determinar
que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação também possui uma estruturação, e
possui, conforme Santos (2012 p. 30), “um status diferenciado”.

Esse status caracteriza a LDB como “a maior de todas as políticas públicas


regulatórias, pois sua estrutura define as relações, os acordos e os conflitos que
podem se desenrolar no âmbito da educação brasileira” (SANTOS, 2012, p. 30).

Ao tratarmos da estruturação da LDB, nos deparamos com um documento


que passou e passa por modificações nos artigos, sendo estes modificados por
diversos motivos.

Quanto à estruturação do documento, podemos assim determiná-la: possui


nove títulos, 92 artigos, além de cinco capítulos, tendo o capítulo II cinco seções.

Assim apresenta-se:

Título I – Da educação
Título II – Dos princípios e fins da educação nacional
Título III – Do direito à educação e do dever de educar
Título IV – Da organização da educação nacional
44
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

Título V – Dos níveis e das modalidades de educação e ensino


Capítulo I – Da composição dos níveis escolares
Capítulo II – Da Educação Básica
Seção I – Das disposições gerais
Seção II – Da Educação Infantil
Seção III – Do Ensino Fundamental
Seção IV – Do Ensino Médio
Seção IV-A – Da educação profissional técnica de nível médio
Seção V – Da educação de jovens e adultos
Capítulo III – Da educação profissional e tecnológica
Capítulo IV – Da educação superior
Capítulo V – Da educação especial
Título VI – Dos profissionais da educação
Título VII – Dos recursos financeiros
Título VIII – Das disposições gerais
Título IX – Das disposições transitórias

Com esta exposição podemos compreender o que antes Carneiro (2015)


nos apresentou em suas considerações sobre a construção da LDB. Possuímos um
documento com largas possibilidades de mudanças sociais e políticas públicas que
auxiliam na caminhada política educacional brasileira.

Tanto a Constituição Federal como a LDB estão interligadas, dando,


assim, condições de mesclar sua estruturação e alinhamentos. Para que você
tenha maiores conhecimentos sobre a LDB na íntegra, solicitamos que busque nas
páginas do Portal do Ministério da Educação esse documento, ou no link <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394.htm>.

4 BREVE ANÁLISE DOS TÍTULOS DA LDB

Faremos, agora, em algumas páginas a análise de cada título da LDB, para


sua melhor compreensão e análise:

Título I
Da Educação
Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem
na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de
ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade
civil e nas manifestações culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à
prática social (BRASIL, 1996, grifo do original).

Podemos observar que este artigo não trata somente da educação formal,
mas da que ocorre também fora das universidades e das escolas (informal), como
nos espaços da família, no trabalho, nas organizações sociais, nas associações, nos
sindicatos, entre outros.

45
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Ainda neste artigo, no § 2º, quando trata da vinculação ao mundo do


trabalho e a prática social, a educação passa a ser vista através de quatro conceitos
estruturantes, assim apresentados por Carneiro (2015, p. 52, grifos do original):

a) Prática social: atividade socialmente produzida, ao mesmo tempo,


produtora de existência social. Significa, também, soma de processos
históricos determinados pelas ações humanas.
b) Mundo do trabalho: ambiente de construção de sobrevivência, mas
também de transformação social.
c) Movimentos sociais: esforços organizados de construção de espaços
alternativos de organização coletiva com vistas à emancipação das
coletividades.
d) Manifestações culturais: expressões da cultura enquanto conceito
antropológico. Reporta o mundo que o homem cria através de sua
intervenção sobre a natureza, ou seja, através de seu trabalho. Neste
sentido, não há cultura superior a outra, há, isto sim, culturas diferentes.

Estes conceitos retratam o que nós, educadores, das mais diversas áreas
necessitamos saber, e distinguir o que significa o mundo do trabalho de mercado
do trabalho.

De acordo com Carneiro (2015, p. 52), o mundo do trabalho é “o campo


por excelência da realização humana e da construção coletiva da cidadania com
qualidade de vida”. Com relação ao mercado de trabalho, o mesmo autor afirma
que: “é lugar da empregabilidade, dos pontos fixos de ocupação e, portanto, da
profissionalidade. E embora diferentes, estes conceitos se completam em uma
visão unificadora de desenvolvimento e formação”.

Ainda em relação a este parágrafo, podemos determinar que a escola é o espaço


que assegura a entrada do sujeito na vida intelectual, o auxiliando na construção de
seus conhecimentos de forma sistematizada, conforme Carneiro (2015, p. 53):
[...] ela abre os caminhos de todos e de cada um para uma relação
criativa com o saber produzido pelo ser humano trabalhador. Ora
se é verdade que o sujeito aprendente apropria-se de uma parte do
patrimônio cultural humano, é também verdade que a conexão entre
sujeito e saber – entre educação escolar e vida – se dá pelo trabalho. Por
isso, pode-se dizer, em um certo sentido, que o primeiro princípio do
saber é o trabalho, fonte de prática social.

Título II
Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1996,
grifo do original).

Observamos que a Constituição Federal possui escrita similar ao apresentado


no Artigo 2º. Encontramos, nesse artigo, as responsabilidades relativas ao Estado e
às famílias no que se refere à Educação.

46
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

Ao Estado cabe se organizar ou se balizar de maneira legal frente à


educação, observando o que segue na Constituição Federal nos artigos 208 a 214
já apresentados anteriormente. Além do que apresenta a LDB (Lei 9.349/96) e
o Estatuto da Criança e do Adolescente, Capítulo IV (Do Direito à Educação, à
Cultura, ao Esporte e ao Lazer) (Lei 8.069/90) (CARNEIRO, 2015).

Quanto à finalidade da educação, ela se apresenta em três momentos,


sendo eles: a obtenção do pleno desenvolvimento do educando, dando ao
indivíduo dentro de sua aprendizagem um desenvolvimento suave e progressivo.
Preparação para o exercício da cidadania: desenvolver o conceito de cidadania
de maneira global, observando que esta construção é gradativa, necessita de
observância. Qualificação para o trabalho: a escola necessita se organizar de
maneira a repassar ao educando uma relação educação-trabalho, voltada para
tornar o trabalho altamente produtivo e que o conhecimento construído possa
auxiliar no desenvolvimento do educando.
Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da
legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais;
XII - consideração com a diversidade étnico-racial (Incluído pela Lei nº
12.796, de 2013) (BRASIL, 1996).

Nesse artigo temos 12 princípios, os quais devem nortear o ensino brasileiro.


Sabemos que muitos desses princípios ainda estão em construção no que diz
respeito a sua prática diária, mas denotam avanços ocorridos em nossa sociedade
e na implementação dos direitos e garantias de qualidade e valorização dos
profissionais da educação escolar, desenvolvimento de concepções pedagógicas e
sua aceitação, além das questões relativas à diversidade étnico-racial.

Título III
Do Direito à Educação e do Dever de Educar

Este título é formado por quatro artigos, art. 4º, 5º, 6º e 7º que tratam
dos deveres e responsabilidades do Estado e da sociedade civil, no que tange à
educação escolar. Podemos perceber que o artigo 4º sofreu mudanças através da
Lei 12.796/2013, que amplia os níveis de educação escolar básica como gratuita
e obrigatória, sendo assim delineados: Educação Infantil da Pré-escola, o Ensino
Fundamental e o Ensino Médio.

47
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Você, acadêmico, já deve ter observado em sua escola, ou com seus


familiares que possuem crianças em idade escolar, a mudança ocorrida no que diz
respeito a matrículas. A partir de agora, os pais devem matricular seus filhos na
Educação Infantil, a partir dos 4 anos, levando-os para a pré-escola. Cabe ressaltar
que esta mudança ocorreu pelo fato de que anteriormente aos pais era obrigatória
a matrícula a partir dos seis anos, sendo que a única forma de educação obrigatória
era o Ensino Fundamental.

Assim, a Pré-escola integra a Educação Infantil, a qual representa a primeira


etapa da Educação Básica.

Conforme Carneiro (2015, p. 92): “A Educação Infantil tem como finalidade


o desenvolvimento integral da criança de até cinco anos de idade, com foco em
quatro dimensões: A – desenvolvimento físico; B – desenvolvimento psicológico;
C – desenvolvimento intelectual e D – desenvolvimento social”.

Com relação ao Ensino Fundamental, pode-se afirmar que é uma sequência


do que já foi iniciado na Educação Infantil, dando ênfase em:
seu desenvolvimento da capacidade de aprendizagem; aprofundamento
no processo de alfabetização; compreendimento nas esferas cultural,
social, natural, educacional, político e econômico, aproximando-se
também das tecnologias, das artes, da cultura e dos valores em que
a sociedade se fundamenta. Observa-se, também, a necessidade do
fortalecimento dos vínculos familiares, a observância em relação à
solidariedade humana (CARNEIRO, 2015, p. 97).

Esta etapa da Educação Fundamental possui duração de nove anos


obrigatórios e gratuitos. Assim organizados: Anos Iniciais (formado por cinco
anos); Anos Finais (formado por quatro anos).

O Ensino Médio passou por diversas mudanças, você, acadêmico, pode


observar no Portal do MEC as diversas alterações, sendo que na atualidade este nível
de ensino passa a ser como “oferta obrigatória universal e gratuita” (CARNEIRO,
2015, p. 103). Com esta dita universalização do Ensino Médio gratuito, ele passa a aliar
três níveis de alcance. São eles, conforme Carneiro (2015, p. 103, grifos do original):
Social, porque eleva o padrão de escolaridade do cidadão brasileiro,
aprimorando os níveis de compreensão política em geral; cultural,
porque ressitua as pessoas no contexto das diversas linguagens
atuais, ampliando as chances de multiplicar os espaços dialógicos e
interacionistas e, por fim, econômico, porque qualifica o trabalhador,
ensejando uma relação profissional mais adequada com as
transformações produtivas e com a TECNOCIÊNCIA.

Cabe salientar que a organização do Ensino Médio tem como foco, conforme
o art. 26, da Res. nº 04/2010-CNE, apresentado por Carneiro (2015, p. 105):

a) A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos assimilados


no Ensino Fundamental.
b) A preparação básica para a cidadania e o trabalho.

48
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

c) O desenvolvimento do aluno como pessoa humana.


d) A formação ética e estética do aluno associada ao desenvolvimento
da autonomia intelectual e do pensamento crítico.
e) A compreensão dos fundamentos científicos e tecnológicos da
produção contemporânea.
f) A aquisição de competências e habilidades para continuar aprendendo
ao longo da vida.

Cabe aqui uma reflexão: frente a estas finalidades podemos nos ater ao que
realmente está sendo realizado em nossas escolas. Em sua visão, o Ensino Médio
possui estas ações ou fins em nosso cotidiano pedagógico? Estamos realizando
estes movimentos para chegarmos a estes fins?

Cabe ressaltar, também, a presença do “III - atendimento educacional


especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos
os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino;
[...]” (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) (BRASIL, 2013). Este atendimento
educacional especializado necessita de uma organização, a qual assim pode ser
determinada, conforme Carneiro (2015, p. 122):

i) Matrícula dos alunos preferencialmente nas escolas regulares e nas


classes comuns;
ii) Professores devidamente capacitados e especializados;
iii) Flexibilizações e adaptações curriculares com foco no significado
prático e instrumental dos conteúdos essenciais;
iv) Metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados;
v) Processos de avaliação adequados ao desenvolvimento dos alunos
que apresentam necessidades educacionais especiais;
vi) Projeto pedagógico permeável à diferença e à diversidade;
vii) Serviços de apoio pedagógico especializado para complementação
ou suplementação curricular, utilizando equipamentos e materiais
específicos;
viii) Rede de apoio interinstitucional que envolva equipes
multidisciplinares a serem acionadas sempre que necessário para o
sucesso do aluno em seu processo de aprendizagem.

Caro acadêmico, você poderá se perguntar: como ocorre esta educação


inclusiva, qual sua fundamentação?

O fundamento da educação inclusiva, segundo a Declaração de Salamanca,


é: “[...] que todas as crianças, sempre que possível, devem aprender juntas,
independentemente de suas dificuldades e diferenças. A inclusão educativa é um
movimento da sociedade planetária com três décadas de história, enraizada no respeito
intransigente aos direitos humanos” (MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 1994, p. 1).

Ouve-se muito falar em educação inclusiva, assim, salientamos que o Brasil


é um país que buscou alinhar seus parâmetros de conduta que implicam em ações e
atitudes de todos os profissionais, sejam da esfera Federal, Estadual ou Municipal,
incluindo os profissionais das escolas.

49
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

• Aprender é uma ação humana em cuja centralidade está o aluno.


• Adaptar o conteúdo escolar é ação do próprio aluno no âmbito do
processo de autorregulação.
• Modular a assimilação dos conhecimentos é processo dependente das
limitações e possibilidades do aluno.
• Reconhecer e valorizar as diferenças é o primeiro passo para a escola
comum recriar suas práticas pedagógicas.
• Trabalhar com uma gama variada de atividades é o grande desafio do
professor da educação especial.
• Aferir programas no campo da aprendizagem e, não, conferir
quantidade de conteúdos programáticos aprendidos, é a forma
adequada de proceder à avaliação dos alunos com deficiência.

Com relação aos sujeitos da Educação Especial, a LDB possui seu olhar para
o atendimento educacional especializado a três grupos, que são: os alunos com
deficiência, os alunos com transtornos globais do desenvolvimento e os alunos
com altas habilidades.

TUROS
ESTUDOS FU

Estas questões estudaremos com maior profundidade em cadernos como o de


LIBRAS.

Dando sequência aos estudos, vamos ao próximo título.

Título IV
Da Organização da Educação Nacional

Este título vai do art. 8º ao 20, que trata da organização da educação


nacional, apresentando as competências de cada nível da federação, sendo eles:
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Ressalta-se que neste momento da
organização da educação nacional todos os segmentos devem buscar um trabalho
de colaboração que auxilie na aplicação das políticas públicas.

Cada esfera possui suas responsabilidades, assim aferidas na LDB – Lei


9.349 (BRASIL, 1996, grifo do original):
Art. 9º A União incumbir-se-á de:     (Regulamento)
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais do
sistema federal de ensino e o dos Territórios;
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de
ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo
sua função redistributiva e supletiva;
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e
os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o

50
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e


seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação básica comum;
IV - A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, diretrizes e procedimentos para identificação,
cadastramento e atendimento, na educação básica e na educação superior,
de alunos com altas habilidades ou superdotação;         (Incluído pela Lei
nº 13.234, de 2015)
V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educação;
VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar
no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os
sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria
da qualidade do ensino;
VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-graduação;
VIII - assegurar processo nacional de avaliação das instituições de
educação superior, com a cooperação dos sistemas que tiverem
responsabilidade sobre este nível de ensino;
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar,
respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os
estabelecimentos do seu sistema de ensino.       (Vide Lei nº 10.870, de
2004)
§ 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional de
Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade
permanente, criado por lei.
§ 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a União
terá acesso a todos os dados e informações necessários de todos os
estabelecimentos e órgãos educacionais.
§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser delegadas aos
Estados e ao Distrito Federal, desde que mantenham instituições de
educação superior.

Tomamos a liberdade de apresentar na íntegra este documento, pois denota


a importância de sabermos qual a responsabilidade de cada esfera federativa no
que diz respeito à Educação.

Observamos no Artigo 9º, que compete à União, a sistematização e análise


dos dados oriundos de todas as redes de ensino. Caro acadêmico, você já ouviu
falar sobre o Saeb (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica) e o Sinaes
(Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior)? Pois bem, trataremos
deles mais adiante, mas podemos dizer que eles são mecanismos que a União
utiliza para a sistematização e análise de dados educacionais. Os artigos a seguir
tratam da incumbência dos Estados, Distrito Federal e Municípios (BRASIL, 1996).
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de:
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos
seus sistemas de ensino;
II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino
fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional
das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os
recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder
Público;
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância
com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e
coordenando as suas ações e as dos seus Municípios;
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar,
respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os
estabelecimentos do seu sistema de ensino;

51
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

V - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;


VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com prioridade, o
ensino médio a todos que o demandarem, respeitado o disposto no art.
38 desta Lei; (Redação dada pela Lei nº 12.061, de 2009).
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual (Incluído
pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003).

Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as competências


referentes aos Estados e aos Municípios.

Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de:


I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos
seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais
da União e dos Estados;
II - exercer ação redistributiva em relação as suas escolas;
III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino;
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu
sistema de ensino;
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com
prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros
níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plenamente
as necessidades de sua área de competência e com recursos acima
dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à
manutenção e desenvolvimento do ensino.
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede
municipal         (Incluído pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003).
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se integrar
ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um sistema único de
educação básica.

Conforme Santos (2012, p. 36), “também vale destacar que a redação da


LDB aponta claramente para uma integração entre os sistemas de ensino municipal
e estadual, coisa que ainda está muito longe de acontecer”.

Observe, acadêmico, que tanto estados como municípios possuem


autonomia de baixar normas complementares, desde que estas não arranhem os
princípios gerais apresentados na Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

Já o Artigo 12 tem como funcionalidade apresentar as atribuições dos


estabelecimentos de ensino (BRASIL, 1996):
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns
e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula estabelecidas;
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de
integração da sociedade com a escola;
VII - informar os pais e responsáveis sobre a frequência e o rendimento
dos alunos, bem como sobre a execução de sua proposta pedagógica;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for
o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos
alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da escola; 
(Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009)

52
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz competente da


Comarca e ao respectivo representante do Ministério Público a relação
dos alunos que apresentem quantidade de faltas acima de cinquenta
por cento do percentual permitido em lei (Incluído pela Lei nº 10.287,
de 2001).

Percebemos quais são as incumbências do estabelecimento educacional


em relação ao seu funcionamento. Cabendo observância no cumprimento das
horas-aula, dos dias letivos. Observa-se, também, a presença da sociedade civil
no que diz respeito ao número elevado de faltas do educando, tendo a escola a
responsabilidade de acionar o Conselho Tutelar. Podemos, ainda, ousar em
dizer que todo o artigo busca a gestão compartilhada, sendo a responsabilidade
participada entre Estado, escola e a sociedade civil. Cabe ressaltar também as
incumbências do profissional da educação, que estão assim alinhadas na LDB:
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento
de ensino;
II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica
do estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor
rendimento;
V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar
integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao
desenvolvimento profissional;
VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias
e a comunidade.

Observamos nesse artigo que os profissionais da educação são chamados a


se posicionar como profissionais da educação, e não como meros coadjuvantes do
sistema educacional. Sabemos das lacunas existentes dentro do sistema educacional,
principalmente no que tange à valorização do professor, mas necessitamos buscar
meios para que este quadro se modifique. Para isso, necessitamos fazer o que você
está realizando agora, a busca do conhecimento das leis, de nossos deveres e de
nossos direitos neste processo.

Visto isso, vamos utilizar as palavras de Santos (2012, p. 38), que se refere
aos demais artigos deste título IV:
No que alude aos sistemas de ensino, os arts. 14 e 15 atribuem-lhes a
responsabilidade de promover a gestão democrática do público, além
de assegurar autonomia administrativa e pedagógica às unidades que
os compõem.

Os arts. 16, 17 e 18 definem a área de abrangência de cada sistema


de ensino. A esse respeito, cabe observar que, curiosamente, as
instituições de educação infantil mantidas pela iniciativa privada
integram os sistemas municipais de ensino, ainda que sua autonomia
didático-administrativa e financeira seja preservada. Já os arts. 19 e 20
regulamentam as definições de instituição pública (art.19) e privada
(art.20) de ensino.

53
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Partiremos agora para o título que se refere aos níveis e modalidades de


Educação e Ensino.

Título V
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino

Capítulo I
Da Composição dos Níveis Escolares

“Art. 21. A educação escolar compõe-se de:


I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e
ensino médio;
II - educação superior” (BRASIL, 1996).

Na sua estrutura educacional, a educação escolar possui esta organização:


• Creche: três anos de duração. Destinado às crianças de 0 a 3 anos.
• Pré-escola: dois anos de duração. Para crianças de 4 a 5 anos.
• Ensino Fundamental: nove anos de duração. Para crianças de 6 a 14
anos.
• Ensino Médio: mínimo de três anos de duração. Destinado a alunos de
15 a 17 anos (CARNEIRO, 2015, p. 142).

De acordo com Carneiro (2015, p. 142):


Quando as etapas e fases de aprendizagem circulam fora da previsão
de idades regulares, assumem configurações diversas, de ensino não
regular, voltada para o perfil de alunos que fogem à norma, como é
o caso, entre outros, de estudantes com atraso de matrícula e/ou no
percurso escolar, de jovens e adultos sem escolarização ou com esta
incompleta. Para estas outras situações, há previsão na LDB (art. 24, Inc.
V, alínea b e art. 37 e 38), e, desdobramento, na Res. CNE/CEB 4/2010,
art. 21, parágrafo único).

Do artigo 22 ao 60 vamos mostrar quais as habilidades que o profissional


da educação deve possuir. O título V é o mais extenso, e que possui elevado
número de ações, que enquanto profissional da educação ou futuro profissional
da educação, necessita estar atento. Assim, podemos apresentar sua composição:

Capítulo II – da Educação Básica. Que se subdivide em:

Seção I – Das Disposições Gerais (art. 22 ao art. 28).


Seção II – Da Educação Infantil (art. 29 ao art. 31).
Seção III – Do Ensino Fundamental (art. 32 ao art. 34)
Seção IV – Do Ensino Médio, incluindo a seção IV-a – Da Educação
Profissional Técnica de Nível Médio (art. 35 ao art. 36 –D).
Seção V – Da Educação de Jovens e Adultos (art. 37 e 38).

O Capítulo I já referimos anteriormente, definindo assim os níveis de


ensino, suas funcionalidades, sua hierarquização, a qual se apresenta também na
Constituição Federal.

54
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

Sabemos que há muito ainda para ser desenvolvido e discutido frente à


Educação Básica, para chegar à universalização da Educação.

NOTA

Universalização: tornar comum (FERREIRA, 2001, p. 736).

Já o Capítulo II, traz a Educação Básica como foco, trazendo a ideia de


que a Educação Básica não está somente focada na preparação para o Ensino
Superior, mas sim, sendo vista como etapa fundamental na formação humana
de cada cidadão. Abarca também a Educação Infantil até o Ensino Médio, define
as regras referentes ao Ensino Religioso e a estruturação do Ensino Médio. Os
elementos aqui apresentados “encontram-se na LDB de maneira ampla e flexível
[...] resta às escolas e aos sistemas de ensino a tarefa de definir o que seria
‘humano’, para só então utilizar a educação básica como modelo de formação
humana” (SANTOS, 2012, p. 41). No que diz respeito à ideia de cidadania, ainda
nos apresenta Santos (2012, p. 41):
[...] embora a educação básica seja concebida como elemento
indispensável para a formação da cidadania, se não houver uma
definição de cidadania, um conceito como esse cai no vazio das
definições, carecendo da clareza necessária para expressar uma
diretriz de formação humana, tal como a pretendida nessa visão de
educação básica.

Ainda em relação às regras referentes ao ensino religioso, que se apresentam


no art. 33 da LDB, encontramos muitas controvérsias. Conforme Santos (2012, p. 42):
Essa controvérsia é enfrentada na LDB da seguinte maneira: o ensino
religioso deve ser oferecido obrigatoriamente nas escolas, mas sua
matrícula é facultativa ao aluno. Para evitar problemas relativos aos
proselitismos e/ou à intolerância religiosa, a saída tentada, no âmbito
da LDB, foi de que o conteúdo dessa matéria fosse definido a partir de
associações civis (nos sistemas de ensino), composta por representantes
das diversas confissões e denominações religiosas. Aparentemente,
isso garantiria uma solução democrática no que compete às decisões
tomadas pelos representantes dos credos, na escolha de conteúdo do
ensino religioso, mas, na realidade, isso trouxe – e continua trazendo –
tanta controvérsia que, na prática, essa é uma questão indefinida.

No que diz respeito ao Ensino Médio, e como já vimos anteriormente, a


LDB expõe que o tempo de duração desse ensino é de três anos, compondo assim
a etapa final da educação básica. Vejamos o art. 36, no que tange ao currículo
(BRASIL, 1996):
I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado
da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação

55
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de


comunicação, acesso ao conhecimento e exercício da cidadania;
II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimulem a
iniciativa dos estudantes;
III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como disciplina
obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda, em
caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição.
IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como disciplinas
obrigatórias em todas as séries do ensino médio.           (Incluído pela Lei
nº 11.684, de 2008)

No que diz respeito à seção IV-A, encontramos a Educação Profissional


Técnica de Nível Médio (art. 35 ao art. 36-D). Estes artigos retratam como será
desenvolvida esta educação profissional técnica (BRASIL, 1996):
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino
fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir o aluno à
habilitação profissional técnica de nível médio, na mesma instituição de
ensino, efetuando-se matrícula única para cada aluno; (Incluído pela Lei
nº 11.741, de 2008)
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio ou já o
esteja cursando, efetuando-se matrículas distintas para cada curso, e
podendo ocorrer:  (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportunidades
educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades
educacionais disponíveis; (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios
de intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao
desenvolvimento de projeto pedagógico unificado (Incluído pela Lei nº
11.741, de 2008).

Com relação à titulação, a LDB assim determina para a Educação Profissional


Técnica de Nível Médio:
Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de
nível médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão
ao prosseguimento de estudos na educação superior.        (Incluído pela
Lei nº 11.741, de 2008)
Parágrafo único.  Os cursos de educação profissional técnica de nível
médio, nas formas articulada concomitante e subsequente, quando
estruturados e organizados em etapas com terminalidade, possibilitarão
a obtenção de certificados de qualificação para o trabalho após a
conclusão, com aproveitamento de cada etapa que caracterize uma
qualificação para o trabalho        (Incluído pela Lei nº 11.741, de 2008)
(BRASIL, 1996).

E por último, na Seção V – Da Educação de Jovens e Adultos, em seu artigo


37 diz que:

“Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na
idade própria” (BRASIL, 1996).

56
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

Com este artigo podemos determinar que grande parte das matrículas do
EJA se encontram na rede pública, e o EJA tem a função de viabilizar e estimular o
acesso destes educandos à educação de qualidade e mediante ações integradoras.

Outro fator a ser observado diz respeito ao art. 38, relativo à avaliação
destes indivíduos. Que assim prescreve:
Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos,
que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando
ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
§ 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de
quinze anos;
II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito
anos.
§ 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educandos por
meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante exames.

No que cabe ao Capítulo III – Da Educação Profissional e Tecnológica,


esta possui quatro artigos (art. 39 ao art. 42), que trazem em sua fundamentação
os conceitos de educação profissional e de tecnologia, além da articulação com a
educação regular.

O Capítulo IV – Da Educação Superior, compõem-se de 15 artigos (art. 43 ao


57). A educação superior é vista como o “segmento que fecha o arco da composição
da educação formal e da oferta de ensino institucional sequenciado, de acordo com
a legislação educacional do país” (CARNEIRO, 2015, p. 500). Nesse capítulo, o
ensino superior se desdobra em cursos e programas, presentes no Artigo 44, sendo
estes estruturados com o ensino, pesquisa e extensão.

Já os Artigos 45 e 46 trazem a quem compete a docência desse ensino, além


das questões relativas à autorização e reconhecimento dos cursos.
Art. 45. A educação superior será ministrada em instituições de ensino
superior, públicas ou privadas, com variados graus de abrangência ou
especialização.

Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem como o


credenciamento de instituições de educação superior, terão prazos
limitados, sendo renovados, periodicamente, após processo regular de
avaliação. 
§ 1º Após um prazo para saneamento de deficiências eventualmente
identificadas pela avaliação a que se refere este artigo, haverá
reavaliação, que poderá resultar, conforme o caso, em desativação de
cursos e habilitações, em intervenção na instituição, em suspensão
temporária de prerrogativas da autonomia, ou em descredenciamento.         
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo responsável por
sua manutenção acompanhará o processo de saneamento e fornecerá
recursos adicionais, se necessários, para a superação das deficiências.

O Artigo 47 trata do ano letivo, na educação superior, sendo necessária a


carga horária mínima de duzentos dias de trabalho acadêmico efetivo, sendo excluído

57
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

o tempo reservado aos exames finais, quando forem oferecidos. Trata ainda este
artigo de questões relativas ao oferecimento de cursos de qualidade tanto no período
diurno como noturno. Elenca-se também a obrigatoriedade da frequência de alunos e
professores às aulas como mecanismo de controle institucional.

No Artigo 48, dispõe-se sobre os diplomas de curso superior reconhecido. Estes


quando registrados, terão validade nacional como comprovação da formação recebida
pelo acadêmico. Algo importante a ser ressaltado é o que se apresenta a seguir:

§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas próprias


registrados, e aqueles conferidos por instituições não universitárias serão
registrados em universidades indicadas pelo Conselho Nacional de
Educação.
§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades estrangeiras
serão revalidados por universidades públicas que tenham curso do mesmo
nível e área ou equivalente, respeitando-se os acordos internacionais de
reciprocidade ou equiparação.
§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por universidades
estrangeiras só poderão ser reconhecidos por universidades que possuam
cursos de pós-graduação reconhecidos e avaliados, na mesma área de
conhecimento e em nível equivalente ou superior.

O § 1º traz uma inovação, conforme trata Carneiro (2015, p. 565):


O § 1º inova ao permitir que diplomas expedidos por universidades
sejam por elas próprias registrados. Neste caso, as universidades devem
estar autorizadas a funcionar e devem estar reconhecidas legalmente.
Legislação recente permite que qualquer universidade – pública ou
privada – possa registrar diplomas de IES não universitárias. Por outro
lado, permite igualmente que os centros universitários registrem seus
próprios diplomas.

NOTA

IES – Instituições de Educação Superior

Com relação ao Artigo 49, ele trata da aceitação de transferência de alunos


regulares para cursos afins, existindo vagas para tal processo.

No Artigo 50, observam-se as questões relativas à abertura de matrículas


quando houver ocorrência de vagas, mediante processo seletivo prévio conforme a lei.

O Artigo 51 delibera sobre os critérios e normas de admissão dos acadêmicos,


sendo estas instituições legalmente credenciadas. Vejamos o que diz o Artigo 52:

58
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares de formação


dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e
de domínio e cultivo do saber humano, que se caracterizam por:      
I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo sistemático
dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto de vista científico
e cultural, quanto regional e nacional;
II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação acadêmica de
mestrado ou doutorado;
III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral.

Conforme Carneiro (2015, p. 573), “a missão essencial da universidade


é produzir e disseminar conhecimento, via formação profissional avançada, em
diferentes áreas do saber”. Por este motivo recebem a denominação de instituições
pluridisciplinares. No que diz respeito à formação dos profissionais, a universidade
busca professores especializados em suas variadas áreas, trabalhando assim com o
conhecimento articulado assegurando, “quanto possível, o domínio e o cultivo do
saber humano” (CARNEIRO, 2015, p. 573).

Quando se lê pluridisciplinar estamos nos remetendo a uma visão que


quebra a fragmentação imposta no conhecimento curricular. Conforme Carneiro
(2015, p. 574), “a universidade pluridisciplinar é um laboratório de formação e não
de conformação”. Assim, existe movimento, transformação.

E para que as instituições sejam pluridisciplinares é necessário que elas


organizem o conhecimento sob eixos estruturantes que envolvem:
i) a estrutura de diversas áreas do conhecimento; ii) o vínculo entre
domínio do conhecimento e o respectivo processo de aquisição;
iii) identificação do conteúdo globalizante de cada subárea do
conhecimento (cursos), incluindo o saber específico e as metodologias
que vão diminuir a trajetória a ser palmilhada para a assimilação deste
saber; iv) a captação da estrutura das disciplinas [...]. (CARNEIRO,
2015, p. 574).

Ainda conforme Carneiro (2015, p. 575), “é necessário compreendermos


que a espinha dorsal da organização do ensino na universidade é a construção da
unidade do conhecimento por via da multiplicidade dos saberes”.

Os Artigos 53 e 54 trazem em evidência à palavra autonomia, assegurando


às universidades suas atribuições para o funcionamento e andamento dos trabalhos
educativos, observando sua organização no âmbito de contratação de profissionais,
no seu funcionamento, contando com um estatuto jurídico especial.

O Artigo 55 trata das questões relativas ao Orçamento Geral, que compete


à União sua seguridade, junto às instituições superiores mantidas por ela. O Artigo
56 assim se apresenta:
Art. 56 As instituições públicas de educação superior obedecerão ao
princípio da gestão democrática, assegurada a existência de órgãos
colegiados deliberativos, de que participarão os segmentos da
comunidade institucional, local e regional.

59
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão setenta por


cento dos assentos em cada órgão colegiado e comissão, inclusive nos
que tratarem da elaboração e modificações estatutárias e regimentais,
bem como da escolha de dirigentes.

Com relação a este artigo, podemos verificar que a gestão democrática


é vista como matéria de definição constitucional, conforme o art. 206, inc. VI.
Observa-se que esta gestão deve ser apresentada nos documentos que legislam
cada sistema e juntamente aos regulamentos de cada instituição.

O Artigo 57 trata das questões relativas às horas que o professor deverá


realizar na instituição pública de educação superior, sendo esta carga mínima de
oito horas semanais de aulas.

“O Capítulo V – que trata da Educação Especial, possui em sua formação três


artigos (art. 58 ao 60), que determinam a regulamentação, da definição conceitual
da educação especial enquanto modalidade de ensino presente em todos os níveis”
(SANTOS, 2012, p. 39).

Nesses artigos temos presente o que consta na Constituição Federal de


1988, que define as formas de organização, estruturação, preferencialmente na rede
regular de ensino. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, então encontramos o
desejo de uma sociedade inclusiva.

Art. 58.   Entende-se por educação especial, para os efeitos desta lei, a
modalidade de educação escolar oferecida, preferencialmente, na rede regular de
ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
e altas habilidades ou superdotação  (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
(BRASIL, 1996). Quem são os “educandos portadores de necessidades especiais?”.
Conforme Carneiro (2015, p. 610-611), assim fica delineado:

• Aluno com deficiência mental.


• Aluno com deficiência auditiva.
• Aluno com deficiência visual.
• Aluno com deficiência múltipla.
• Aluno com deficiência motora.
• Aluno com condutas típicas.
• Aluno com Síndrome de Down.
• Aluno com autismo.
• Aluno com déficit de atenção/hiperatividade.
• Aluno com transtornos do pensamento e da linguagem.
• Aluno com transtorno de personalidade.
• Aluno com dificuldade de aprendizagem.
• Aluno superdotado.
• Aluno em classes hospitalares, em centros de reabilitação ou
convalescência, em domicílio.
• Alunos oriundos de contextos culturais minoritários (indígenas,
ciganos).
• Alunos com problemas de autoconceito.
• Alunos submetidos a níveis agudos de privação cultural.

60
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

O autor ainda trata de outros registros crescentes na sociedade de alunos


especiais relativos a situações de risco e de trabalho forçado, privando a vida dos
educandos como:
• Alunos filhos de pais separados.
• Alunos filhos de pais alcoólatras.
• Alunos sem pais.
• Alunos filhos de pais desempregados.
• Alunos filhos de pais encarcerados.
• Alunos dependentes de drogas.
• Alunos com problemas de subnutrição.
• Alunos/meninos de rua.
• Alunos que vivem em situação de risco.
• Alunos cujos pais vivem em trânsito/filhos de famílias circenses, de
caminhoneiros, boias-frias, agricultores em terra, de famílias ciganas
etc. (CARNEIRO, 2015, p. 45).

Frente ao exposto, podemos determinar que os educandos que necessitam


de atendimento educacional especializado precisam estar em uma escola que seja
flexível e possua uma equipe multidisciplinar capaz de realizar este apoio aos
professores que se comprometem com o ensino, favorecendo um ambiente em que
a aprendizagem seja voltada às políticas inclusivas.

TUROS
ESTUDOS FU

Essa temática será mais aprofundada no Caderno de Estudos de Educação


Inclusiva.

Já o Artigo 59 trata das questões relativas aos educandos que possuam


transtornos globais do desenvolvimento e as altas habilidades ou superdotação,
apresentando-lhes currículo, métodos e recursos educativos para atender suas
necessidades. A escola deverá possuir professores com especialização em nível
superior, bem como os professores regentes serem capacitados para a integração
destes educandos. Trata-se, também, do acesso igualitário aos programas sociais.

O Artigo 60 trata das questões relativas aos órgãos normativos dos sistemas
de ensino referentes à educação especial na esfera privada “sem fins lucrativos,
especializadas, e com atuação exclusiva em educação especial, para fins de apoio
técnico e financeiro pelo poder público” (BRASIL, 1996).

Parágrafo único. O poder público adotará, como alternativa preferencial,


a ampliação do atendimento aos educandos com deficiência, transtornos
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na
própria rede pública regular de ensino, independentemente do apoio às
instituições previstas neste artigo (Redação dada pela Lei nº 12.796, de
2013) (BRASIL, 1996).

61
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

De acordo com Carneiro (2015, p. 640):


A Educação Especial no Brasil desenvolveu-se, primeiramente, em
instituições privadas sem fins lucrativos. Só depois, mercê de grandes
pressões sociais, o Estado passou a se ocupar do assunto. Neste sentido,
não se pode esquecer da grande contribuição que instituições como
as Apaes, Pestalozzi, Febiex e tantas outras ofereceram e continuam a
oferecer para o desenvolvimento da Educação Especial no Brasil.

Cabe ressaltar ainda que com a colaboração da sociedade, como confere


a Constituição Federal, em seu Artigo 205, a lei reconhece que se necessita de
órgãos normatizadores junto ao sistema de ensino, para definirem critérios de
caracterização institucional e pedagógico, para que as instituições que tratam da
educação especial recebam o apoio técnico e financeiro do Poder Público.

Título VI
Dos Profissionais da Educação

Este título IV é composto por seis artigos, art. 61 a 67. Estes artigos buscam
definir quem são os profissionais da educação. Também é tratado de sua formação
profissional (BRASIL, 1996).

Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que,


nela estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos
reconhecidos, são: (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência
na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; (Redação dada
pela Lei nº 12.014, de 2009)
II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia,
com habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção
e orientação educacional, bem como com títulos de mestrado ou
doutorado nas mesmas áreas; (Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso
técnico ou superior em área pedagógica ou afim (Incluído pela Lei nº
12.014, de 2009).
Parágrafo único.  A formação dos profissionais da educação, de modo
a atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como
aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educação básica,
terá como fundamentos: (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento
dos fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho;
(Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios
supervisionados e capacitação em serviço; (Incluído pela Lei nº 12.014,
de 2009)
III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em
instituições de ensino e em outras atividades. (Incluído pela Lei nº
12.014, de 2009)

Os Artigos 61, 62, 63, 64 e 65 retratam a preocupação deste profissional


da educação, que são os professores que “ministram o ensino, e os demais, que
apoiam todo o processo de ensino-aprendizagem e de desenvolvimento do aluno,

62
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

além dos vários caminhos de formação. Já o Art. 66 fixa a diferenciação existente


com relação à preparação para o magistério superior” (CARNEIRO, 2015, p. 644).

Cabe ressaltar aqui a presença da formação continuada, apresentada


no Artigo 62 em seus incisos. Além do Artigo 67, que institui a valorização dos
profissionais da educação. Esta temática será apresentada na próxima unidade
deste caderno.

Título VII
Dos Recursos Financeiros

Esse título é formado por nove artigos, os quais vão do art. 68 ao 77, dando
ênfase aos recursos destinados à educação.

Vamos a eles: o Artigo 68 se refere a quais são os recursos públicos a


serem investidos na educação e sua origem. No Artigo 69 trata-se da fixação dos
percentuais a serem aplicados na educação.
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco por cento, ou
o que consta nas respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita
resultante de impostos, compreendidas as transferências constitucionais,
na manutenção e desenvolvimento do ensino público.

Conforme Santos (2012, p. 49), a fixação destes investimentos em


educação em percentuais fixados acaba por impedir dois problemas, a dizer:
“a. A desvalorização financeira dos recursos alocados para esse fim. b. O
descompromisso dos entes federativos com suas atribuições constitucionais, no
que tange ao financiamento da educação pública”.

No Artigo 70 apresentam-se as definições sobre a finalidade das verbas e


manutenção da Educação.

O artigo 71 trata de complementar o que foi apresentado no artigo anterior.

Já os Artigos 72 e 73 se referem à divulgação publicamente dos valores


aplicados anualmente no desenvolvimento e manutenção do ensino, bem como as
regras para a prestação das contas das operações financeiras concretizadas.

O Artigo 74 trata da fixação de um valor mínimo para cada aluno da rede


de ensino, sendo este valor repassado pela União, de forma colaborativa com os
Estados, Distrito Federal e Municípios, assegurando assim um ensino de qualidade.

Este cálculo será realizado ao final de cada ano letivo pela União e será
repassado observando as questões relativas às variações regionais no custo dos
produtos e nas variadas modalidades de ensino.

63
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Artigo 75: “A ação supletiva e redistributiva da União e dos Estados será


exercida de modo a corrigir, progressivamente, as disparidades de acesso e garantir
o padrão mínimo de qualidade de ensino” (BRASIL, 1996). Observa-se que neste
artigo se busca reduzir as desigualdades regionais relativas à educação nacional.

O Artigo 76 complementa o artigo anterior, dando a entender que existirá


um regime de colaboração entre Estados, Municípios e a União no que tange à
educação.

Já o Artigo 77 trata da regulação das transferências de recursos públicos


para instituições que tratam da educação, como escolas comunitárias, confessionais
ou filantrópicas que possuam comprovação de finalidade não lucrativa além da
prestação de contas ao poder público.

Título VIII
Das Disposições Gerais

Neste título estão apresentados os artigos 78 a 86, que tratam sobre a


regulação específica relativa a questões que abarcam desde a educação indígena,
educação de jovens e adultos (EJA), chegando à educação a distância.

O artigo 78, aborda a educação indígena:

“Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração das agências


federais de fomento à cultura e de assistência aos índios, desenvolverá programas
integrados de ensino e pesquisa, para oferta de educação escolar bilíngue e
intercultural aos povos indígenas [...]” (BRASIL, 1996). Este artigo da LDB vem
com o conceito de multiculturalismo, com o objetivo de assim poder trabalhar com
conteúdos ligados às culturas indígenas, respeitando sua língua e sua cultura.

O Artigo 79 trata de questões relativas à competência da União em


subsidiar os sistemas de ensino que promovam a educação intercultural, também
apresentada nos PCN, onde desenvolve o tema transversal da pluralidade cultural.
No Artigo 79-B, inclui-se a Lei 10.639/03, que cria nos calendários escolares a data
relativa ao Dia da Consciência Negra, sendo ela dia 21 de novembro.
[...] deve ser registrado, no entanto, que a noção de interculturalismo
presente nesse documento não obedece à acepção própria da palavra,
pois não enfatiza a relação entre as diversas culturas e etnias, mas pensa
nelas como identidades estanques – negro, branco, indígena – e, alguns
dos conteúdos culturais relativos a esses grupos são incluídos de modo
pontual (SANTOS, 2012, p. 52).

No Artigo 80 nos deparamos com a responsabilidade dos sistemas de


ensino relativos à Educação a Distância. Isso nos interessa muito, caro acadêmico,
pois você está realizando seus estudos numa instituição de ensino a distância.

64
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

Conforme Carneiro (2015, p. 784), “o artigo 80 determina que o Poder


Público vai não apenas incentivar o desenvolvimento de programas de Educação
a Distância, mas também programas de educação continuada, dentro do
entendimento de que a educação não é um produto, é um processo e, portanto,
nunca se termina de aprender”. O autor continua seu pensamento dizendo que:
Neste horizonte, sinaliza o CNE/CEB, na Res. 04/2010, ao definir as
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica que:
‘[...] a organização curricular deve levar em conta as experiências
escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas
pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes’
(CARNEIRO, 2015, p. 784).

Com isso afirmamos que a Educação a Distância (EAD) se utiliza de


espaços virtuais para multiplicar as possibilidades de aprendizagem, conforme
Carneiro (2015, p. 785). Para que exista esta multiplicação de saberes necessitamos
das TICs – Tecnologias de Informação e Comunicação.

Os programas de Educação a Distância possuem e preveem a obrigatoriedade


de momentos presenciais em: “avaliações de estudantes; estágios obrigatórios,
quando previstos na legislação pertinente; defesa de trabalhos de conclusão
de curso, quando previstos na legislação pertinente; atividades relacionadas a
laboratórios de ensino, quando for o caso” (CARNEIRO, 2015, p. 776).

Estes programas de Educação a Distância possuem os mesmos rigores


da lei para seu funcionamento, e os níveis de qualidade dos cursos e programas
oferecidos também possuem o mesmo peso.

Observe, acadêmico, que o educando desta modalidade de ensino, como


você, possui uma maior responsabilidade, cabe a cada aluno três características,
pontuadas por Carneiro (2015, p. 777):
a) É autodiretivo, portanto, responsável pela agenda de estudos
independentes; b) é possuidor de experiência e, por isso, seletivo no
conteúdo da aprendizagem; e, por fim, c) é operativo, o que o ajuda no
curso dos conhecimentos práticos, ou seja, daqueles conhecimentos que
respondem e correspondem a suas necessidades imediatas.

Por este motivo, acadêmico, a importância de você participar dos fóruns,


enquetes, realizar a leitura das trilhas, ler seu Caderno de Estudos, buscar maiores
informações através das tecnologias oferecidas por sua instituição de ensino, as
quais são muitas e na maior parte das vezes são deixadas de lado. Vamos utilizá-
las para melhor desempenho de nossos trabalhos.

As instituições na modalidade a distância também podem, através da


Portaria Normativa nº 2/2007, realizar a abertura de polos, claro que com as
respectivas regulamentações, como se apresenta nesta portaria.

Cabe ressaltar que o papel do professor, neste ambiente de interatividade


aberta condiz com as palavras de Carneiro (2015, p. 785) assim apresentadas: “o

65
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

papel do professor agrega responsabilidades adicionais à medida que o aluno tende


a substituir a passividade tradicional por interações e interlocuções permanentes
em torno de sua autoformação, tendo como consequência a construção continuada
do processo de autonomia e de postura crítica”.

Já no Artigo 81, a LDB faz uma quebra, estimulando a radicalidade do


pensamento pedagógico e da prática escolar, deixando de lado aquele modelo
pronto, dando ao aluno a possibilidade de construção de seus conteúdos, tendo
ele a responsabilidade de autorreger-se.

O Artigo 82 trata de questões relativas às normas de realização do estágio,


aprovada em agosto de 2008 pelo Congresso Nacional, e sancionada pelo Presidente
da República.

Sabemos que os estágios são parte integrante do projeto pedagógico do


curso “integrando, portanto, o itinerário formativo do aluno, seu foco bipolar:
desenvolvimento de competências no campo da atividade profissional projetada e
contextualização do currículo mediante a integração teoria/prática” (CARNEIRO,
2015, p. 788).

Cabe ressaltar, acadêmico, que a partir do sexto módulo você realizará seus
estágios. Observe que eles são de extrema importância, dando a você a possibilidade de
vislumbrar e colocar à prova todos os ensinamentos já construídos e apreender novos.

Veja que os estágios possuem hoje uma elasticidade, pois temos na


atualidade dois tipos, que são: o estágio obrigatório e o não obrigatório, também
conhecido como estágio remunerado.

O estágio obrigatório consta no projeto do curso das instituições de ensino


e das respectivas diretrizes curriculares e o cumprimento de seus acordos legais,
sendo isso imprescindível para a obtenção do diploma e consequentemente para
seu registro profissional.

Já o estágio não obrigatório, também conhecido como estágio remunerado,


é uma atividade opcional, acrescida “à carga horária regular obrigatória ou, ainda,
assume o caráter de uma atividade de formação complementar remunerada”
(CARNEIRO, 2015, p. 788).

O Artigo 83 trata do ensino militar, que continua sendo realizado e mantido


por legislação específica.

O Artigo 84 se refere aos discentes da educação superior, que poderão


ser aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa por suas instituições, exercendo
funções de monitoria. Esta monitoria, conforme Carneiro (2015, p. 794):
[...] é uma atividade desenvolvida na educação superior com quatro
objetivos assim definidos: i) estimular o aluno a um permanente alto
nível de estudo; ii) gerar um relacionamento pedagógico elevado
e produtivo entre alunos e professores; iii) auxiliar o professor no

66
TÓPICO 2 | A LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO DE 1996

desenvolvimento de atividades didático-pedagógicas; iv) suscitar, no


aluno, o interesse pela carreira docente.

Já o Artigo 85 estabelece que:


Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação própria poderá
exigir a abertura de concurso público de provas e títulos para cargo de
docente de instituição pública de ensino que estiver sendo ocupado por
professor não concursado, por mais de seis anos, ressalvados os direitos
assegurados pelos  arts. 41 da Constituição Federal  e  19 do Ato das
Disposições Constitucionais Transitórias.

Este artigo traz à tona questões relativas ao compadrio, permanecendo no


cargo sem que tenha feito ou participado de concurso público.

NOTA

Compadrio: relações entre compadres; proteção excessiva ou injusta (FERREIRA,


2001, p. 176).

O Artigo 86 trata do estabelecimento de vínculo entre as IES com o Sistema


Nacional de Ciência e Tecnologia.

Título IX
Das Disposições Transitórias

Este título é composto por seis artigos que vão do art. 87 ao art. 92. Conforme
Santos (2012, p. 54), “nele estão definidas ações legais com abrangência futura, e a
partir dele, é possível perceber que a atual LDB revoga todas as Leis de Diretrizes
e Bases anteriores”.

O Artigo 87 institui a Década da Educação, que se inicia em 1997, onde se passa


a realizar diversas políticas que fomentam a melhoria da educação em nosso país.

A LDB instituiu a Década da Educação ao iniciar-se um ano após a


publicação da lei. A ideia era importante porque recolocava, mais uma
vez, a necessidade de se criarem mecanismos favoráveis à atenção
dos poderes públicos e da sociedade para a questão da educação. A
experiência tem mostrado que somente ações de rotina são incapazes
de levar a sociedade brasileira a ultrapassagem de índices educacionais
desfavoráveis, mesmo quando comparamos o Brasil com alguns países
da América Latina (CARNEIRO, 2015, p. 798).

Com estas palavras, podemos parar para refletir um pouco: será que foi
conquistada a educação universal para nossa população, conforme apresentado
em artigos anteriores? Como fechamento deste título da LDB, citamos Carneiro
(2015, p. 799), o qual diz que:

67
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

A ideia não passou de uma utopia jamais realizada, exatamente porque


em educação, antes de marcar o curso dos processos, é necessário
demarcar os recursos para os procedimentos. [...]. Em 2015, exibi-los,
ainda, uma enorme população analfabeta: 9% da população brasileira!
Isto sem esquecer nosso altíssimo percentual de analfabetos funcionais.

Caro acadêmico, talvez você esteja se sentindo cansado com essa leitura,
mas é necessária para que nos sintamos instigados a modificar o quadro que se
apresenta na nossa realidade educacional.

Assim, faça a autoatividade para verificar se conseguiu adquirir mais


conhecimentos relativos à Lei de Diretrizes e Bases da Educação.

68
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:

• A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação está inserida na Constituição


Federal.

• A primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi a Lei nº 4.024,


de 20 de dezembro de 1961, foi difícil sua elaboração, pois foi deixada correr de
maneira frouxa, sem acompanhamento de perto.

• No ano de 1971 surge a nossa segunda Lei de Diretrizes e Bases, a Lei nº 5.692/71,
a qual recebeu o nome oficial de Lei da Reforma do Ensino de 1° e 2º Graus.

• A terceira LDB foi a Lei nº 9.394/1996.

• A LDB é vista como “a maior de todas as políticas públicas regulatórias, pois sua
estrutura define as relações, os acordos e os conflitos que podem se desenrolar
no âmbito da educação brasileira” (SANTOS, 2012, p. 30).

• Da Educação: Art. 1º “A educação abrange os processos formativos que se


desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da
sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996).

• Deveres do Estado: este título é formado por quatro artigos, art. 4º, 5º, 6º e 7º,
que tratam dos deveres e responsabilidades do Estado e da sociedade civil no
que tange à educação escolar.

• Organização da Educação Nacional: este título vai do art. 8º ao art. 20, que trata
da organização da educação nacional, apresentando as competências de cada
nível da federação, sendo eles: União, Estados, Distrito Federal e municípios.
Ressalta-se que neste momento da organização da educação nacional todos
os segmentos, União, Estados e Municípios devem buscar um trabalho de
colaboração que auxilie na aplicação das políticas públicas.

• Dos Profissionais da Educação: este título IV é composto por seis artigos, art.
61 a 67. Esses artigos buscam definir quem são os profissionais da educação.
Também é tratado de sua formação profissional.

• Dos Recursos Financeiros: esse título é formado por nove artigos, os quais vão
do art. 68 ao 77, dando ênfase aos recursos destinados à educação.

69
• Das Disposições Gerais: neste título estão apresentados os artigos 78 a 86, que
tratam sobre a regulação específica relativa a questões que abarcam desde a
educação indígena, educação de jovens e adultos (EJA) chegando à educação a
distância.

• O Título IX – Das Disposições Transitórias é composto por seis artigos que vão
do art. 87 ao art. 92. Conforme Santos (2012, p. 54), “nele estão definidas ações
legais com abrangência futura, e a partir dele é possível perceber que a atual
LDB revoga todas as Leis de Diretrizes e Bases anteriores”.

• Das Disposições Transitórias: o Artigo 87 institui a Década da Educação que


se inicia em 1997, onde se passa a realizar diversas políticas que fomentam a
melhoria da educação em nosso país.

70
AUTOATIVIDADE

1 (ENADE, 2014) A Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, alterou


a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Uma das alterações
tornou obrigatória a Educação Básica para a população com
idade entre 4 e 17 anos de idade. Essa alteração decorre da
Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009, a qual garante que
a medida deverá ser implantada progressivamente até 2016.
Diante disso, são necessárias ações, no interior da escola, que levem os
profissionais à compreensão mais aprofundada do teor desses dispositivos
legais, de modo que a implementação dessa política esteja articulada à
melhoria da qualidade da educação pública.

Com relação às novas demandas da Educação Básica, avalie as afirmações a


seguir:

I. A Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos de idade


compreende as etapas de pré-escola, Ensino Fundamental e Ensino Médio. Os
currículos da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio
devem ter base nacional comum e parte diversificada.
II. A Educação Básica compreende a Educação Infantil, o Ensino Fundamental
e o Ensino Médio. A Educação Infantil de 4 a 5 anos de idade é obrigatória para
o acesso ao Ensino Fundamental.
III. A Educação infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança de até 5 anos de idade, contemplando os aspectos físico, psicológico,
intelectual e social.
IV. É dever dos pais efetivar, na escola, a matrícula da criança com 4 anos de idade,
cabendo à escola realizar o acompanhamento e o registro do desenvolvimento
das crianças.

É correto o que se afirma em:


a) ( ) I, apenas.
b) ( ) II e III, apenas.
c) ( ) II e IV, apenas.
d) ( ) I, III e IV, apenas.
e) ( ) I, II, III e IV.

2 (ENADE, 2011) Na Política Nacional de Educação Especial na


perspectiva da Educação Inclusiva, o atendimento educacional
especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos
alunos, constituindo oferta obrigatória em todos os níveis e
modalidades de ensino.

71
De acordo com os pressupostos da inclusão escolar expressos na referida
Política, avalie as afirmações a seguir.

I. A inclusão educacional expressa um paradigma fundamentado na concepção


de direitos humanos, que conjuga igualdade e diferença como valores
indissociáveis.
II. A educação inclusiva prevê o acesso, a participação e a aprendizagem
dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação nas escolas regulares.
III. O atendimento educacional especializado tem como função identificar,
elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as
barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades
específicas.
IV. O movimento mundial pela inclusão educacional é uma carta de intenções
que prevê, a partir da próxima década, ações políticas de atendimento
educacional especializado, que deve ocorrer em salas de aula diferenciadas, na
mesma escola.

É correto apenas o que se afirma em:


a) ( ) I e III.
b) ( ) I e IV.
c) ( ) II e IV.
d) ( ) I, II, e III.
e) ( ) II, III e IV.

72
UNIDADE 1
TÓPICO 3

A EDUCAÇÃO BRASILEIRA, SUA ORGANIZAÇÃO E


RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS

1 INTRODUÇÃO
Após a análise da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, podemos
determinar que esta abarca todas as ações e políticas públicas educacionais que são
necessárias ao desenvolvimento e à busca de uma educação universal. Com isso,
passaremos agora a tratar dos documentos que abarcam as metas e estratégias
para auxiliar no desenvolvimento destas ações.

Enquanto profissionais da educação necessitamos estar cientes das


dificuldades, mas também das diversas possibilidades de desenvolvimento das
políticas públicas apresentadas pelo governo federal, estadual e municipal.

Para tanto, falaremos sobre a busca pela qualidade na educação brasileira,


através do PNE – Plano Nacional de Educação, com um breve histórico, o que
se avançou e o que será necessário para a aplicabilidade deste plano para a nova
década (2011-2020).

2 PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO – HISTÓRICO


Acadêmico, a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação podemos delinear
o interesse em modificar o quadro existente em nosso país, relativo à educação.

Esta qualificação educacional perpassa por diversas políticas públicas que


devem auxiliar o desenvolvimento e crescimento da qualidade de vida do cidadão
brasileiro, desde o início de sua vida educacional até sua vida adulta.

Relativo a isso, falaremos de um documento que pauta políticas e metas


para dez anos na educação nacional.

O Plano Nacional da Educação possui um histórico, e passa a ser visto na


primeira LDB, Lei nº 4.024/1961 como “instrumento de distribuição de recursos
para os diferentes níveis de ensino” (AZANHA, 1998, p. 110). Sucederam-se vários
planos, mas, a maioria não obteve êxito, pois, como observam Libâneo, Oliveira e
Toschi (2012, p. 178):
Os planos que sucederam o de 1962 revelaram-se mais tentativas
frustradas do que planos efetivos de educação, uma vez que as
coordenadas de ação do setor eram obstaculizadas pela falta de

73
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

integração entre os diferentes ministérios, especialmente em razão


do fato de a educação nunca ter sido prioridade governamental, a
não ser nos discursos, e da descontinuidade administrativa que tem
caracterizado os sucessivos governos.

Os autores ainda preconizam que:


Vale salientar, todavia, que os planos até então existentes se ligavam
aos pressupostos definidos na LDB, diferentemente do ocorrido após
a promulgação da Constituição de 1988, que determina a instituição
do Plano Nacional de Educação por lei, sendo, portanto, autônomo
em relação ao que se estabelece na nova LDB (LIBÂNEO; OLIVEIRA;
TOSCHI, 2012, p. 178).

Em 1990, início do governo de Fernando Collor, realiza-se a discussão


internacional para um plano decenal para os nove países mais populosos do
Terceiro Mundo. Este plano foi uma proposta da UNESCO – Organização das
Nações Unidas para a Educação –, à Ciência e à Cultura, pelo Banco Mundial e pela
UNICEF – Fundo das Nações Unidas para Infância –, sendo que sua publicação
ocorreu em 1993, mas não saiu do papel.

NOTA

O Plano Decenal de Educação para Todos foi apresentado pelo governo brasileiro
em Nova Delhi, num encontro promovido pela Unicef e pelo Banco Mundial e que reuniu os nove
países mais populosos do Terceiro Mundo – Tailândia, Brasil, México, Índia, Paquistão, Bangladesh,
Egito, Nigéria e Indonésia – que, juntos, possuem mais da metade da população mundial.

FONTE: Disponível em: <http://www.educabrasil.com.br/plano-decenal-de-educacao-para-


todos/>. Acesso em: 30 jul. 2016.

Fernando Henrique Cardoso, empossado em 1995, apresentou seu Plano


Nacional de Educação “como continuidade do Plano Decenal de 1993 (art. 87, § 1º,
da Lei nº 9.394/1996)” (LIBÂNEAO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 179). Este plano
foi elaborado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep),
tendo somente alguns interlocutores.

Já em 2001, o PNE – Plano Nacional de Educação – foi aprovado pelo


Congresso Nacional, pela Lei nº 10.172, de 9 de janeiro de 2001, tendo seu
encerramento no final do ano de 2010.

Observa-se que este foi o primeiro Plano Nacional de Educação “submetido


à aprovação do Congresso Nacional, por exigência legal inscrita tanto na
Constituição Federal de 1988 (art. 214) como na LDB nº 9.394/1996 (art. 87, § 1º)”
(LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 182).

74
TÓPICO 3 | A EDUCAÇÃO BRASILEIRA, SUA ORGANIZAÇÃO E RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Cabe salientar que, conforme apresentado no plano, os municípios, estados


e Distrito Federal deveriam elaborar seus planos decenais, onde a sociedade foi
convidada para sua elaboração, mas, vê-se que em muitos estados e municípios
do país isso não ocorreu. De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 181):

Entre as razões para a elaboração do PNE, figurava a premência de haver


um plano de Estado, ou seja, um projeto de educação que tivesse duração e vigência
independentes dos governos no poder, garantindo a continuidade das políticas
públicas para a educação.

O Plano Nacional da Educação (2001-2010) teve quatro objetivos básicos:


a) A elevação global do nível de escolaridade da população.
b) A melhoria da qualidade de ensino em todos os níveis.
c) A redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso
à escola pública e à permanência, com sucesso, nela.
d) A democratização da gestão de ensino público nos estabelecimentos
oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais
da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e da
participação da comunidade escolar e local em conselhos escolares e
equivalentes (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 183).

Caro acadêmico, este Plano Nacional de Educação, como os que já haviam


sido elaborados, necessitava de avaliação periódica, mas isso foi algo que não
ocorreu de forma eficaz, e essa avaliação deveria ter sido realizada tanto pela
sociedade civil organizada como pelo Poder Legislativo, para verificar se as metas
propostas estavam sendo alcançadas ou não.

Já nos anos 2009 e 2010, viu-se a necessidade de instituir a Conferência


Nacional de Educação – Conae, que se constitui em:
[...] um espaço democrático de construção de acordos entre atores sociais,
que, expressando valores e posições diferenciadas sobre os aspectos
culturais, políticos, econômicos, apontam renovadas perspectivas para
a organização da educação nacional e para a formulação do Plano
Nacional de Educação 2011-2020 (CONAE, 2010a, p. 9)

Observa-se que a Conae teve participação direta na formulação também do


PNE 2011-2020.

DICAS

O documento final da Conae você pode ver na íntegra no link <http://conae.


mec.gov.br/images/stories/pdf/pdf/documetos/documento_final_sl.pdf>.

75
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Entre os anos 2003 e 2006 as Políticas Educacionais empreendidas no


primeiro governo Lula apresentaram um programa para a educação intitulado
“Uma Escola do Tamanho do Brasil”.
Considerando a educação como condição para a cidadania, o governo
Lula mostrou-se determinado a reverter o processo de municipalização
predatória da escola pública, propondo marco de solidariedade entre os
entes federativos para garantir a universalização da educação básica, na
perspectiva de elevar a média de escolaridade dos brasileiros e resgatar
a qualidade do ensino em todos os níveis (LIBÂNEO; OLIVEIRA;
TOSCHI, 2012, p. 188).

Assim, a garantia de uma educação como direito passou a ser entendida


neste governo através de três diretrizes gerais, sendo elas: a) democratização do
acesso e garantia de permanência: b) qualidade social da educação; c) instauração
do regime de colaboração e da democratização da gestão (CONAE, 2010b).

Várias metas no decorrer do primeiro mandato de Lula foram atingidas,


dentre elas a criação do

Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação


Básica. Nos anos de 2007-2010, em seu segundo mandato, o então
presidente Lula determina um Plano de Desenvolvimento da Educação
– PDE, que foi apresentado pelo então Ministro da Educação Fernando
Haddad, em abril de 2007, sendo este um plano de Estado e não de
partido ou governo (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 192).

Esse plano compõe o Plano Plurianual (PPA) 2008-2011. No PPA,


previsto no art. 165 da Constituição Federal de 1988 e regulamentado
pelo Decreto nº 2.829, de 29 de outubro de 1998, são estabelecidas as
medidas, gastos e objetivos a serem seguidos pelos governos num
período de quatro anos. O PPA 2008-2011 foi sancionado pelo presidente
da República por meio da Lei nº 11.653 de 7 de abril de 2008 (LIBÂNEO;
OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 192).

Este Plano de Desenvolvimento da Educação foi organizado baseado em


quatro eixos de ação, assim determinados: 1. Educação básica; 2. Alfabetização e
educação continuada; 3. Ensino profissional e tecnológico e 4. Ensino superior.

De acordo com Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 195), “o PDE tem de


positivo três programas que buscam enfrentar o problema qualitativo da educação
básica: o Ideb, a Provinha Brasil e o Piso do Magistério”.

Na campanha eleitoral de 2010 para a Presidência da República, foi


organizada a Carta-Compromisso Pela Garantia do Direito à Educação de Qualidade,
que instituições e entidades, em número de 27, entregaram aos candidatos na
intenção de “exigir desses candidatos que afirmassem seu comprometimento com
políticas públicas para a educação” (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 200).

Essa carta possui medidas a serem observadas relativas à inclusão de todas


as crianças e adolescentes de 4 a 17 anos na escola; universalização do atendimento

76
TÓPICO 3 | A EDUCAÇÃO BRASILEIRA, SUA ORGANIZAÇÃO E RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS

na demanda por creches; superação do analfabetismo; promoção da aprendizagem


para crianças, adolescentes, jovens e adultos; alfabetização das crianças até 8
anos, até o ano de 2014; padrões mínimos de qualidade para todas as escolas,
reduzindo as desigualdades na educação e a ampliação de matrículas no ensino
profissionalizante e superior. Esta carta-compromisso sustenta ainda, conforme
Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 201), que:
[...] o sistema nacional de educação deve ser estruturado sobre três
pilares: 1) a elaboração do Plano Nacional de Educação (PNE),
que deverá provocar a construção articulada de planos estaduais e
municipais de educação; 2) estabelecimento de regime de colaboração
legalmente constituído entre os entes federados; 3) a implementação de
Lei de responsabilidade Educacional, tal como aprovou a Conae 2010.

Após as eleições, já em 2011, toma posse a presidente Dilma Rousseff, a qual


diz que daria continuidade ao programa de educação do governo Lula (LIBÂNEO;
OLIVEIRA; TOSCHI, 2012). Assim, dá-se continuidade ao PNE (2011 – 2020), com
suas implementações.

3 O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (2011 – 2020)


O então Ministro da Educação, Fernando Haddad, no dia 15 de dezembro de
2010, apresentou um projeto de lei em que se encontrava o novo PNE para 2011-2020.

Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 208), “o foco, segundo o


ministro, é a valorização do magistério e a qualidade da educação”.

Conforme a Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, as metas propostas são


(BRASIL, 2014):

Meta 1: universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 a 5 anos, e


ampliar a oferta de educação infantil de forma a atender a 50% da população de até 3
anos.

Meta 2: universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda a população de 6


a 14 anos.

Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17


anos e elevar, até o final da década, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para
85%, nesta faixa etária.

Meta 4: universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos


estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades
ou superdotação na própria rede regular de ensino.

Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do 3º ano do ensino


fundamental.

77
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

Meta 6: oferecer educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de educação
básica.

Meta 7: atingir, ao final da década, as seguintes médias nacionais para o IDEB:

IDEB 2011 2013 2015 2017 2019 2021

Anos iniciais do ensino fundamental 4,6 4,9 5,2 5,5 5,7 6,0

Anos finais do ensino fundamental 3,9 4,4 4,7 5,0 5,2 5,5

Ensino médio 3,7 3,9 4,3 4,7 5,0 5,2


FONTE: Carneiro (2015)

Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18 a 29 anos, de modo a alcançar,


no mínimo, 12 anos de estudo, para as populações do campo, da região de menor
escolaridade no país e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média
entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional.

Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até
2015 e erradicar, até o final da década, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa
de analfabetismo funcional até o final da década.

Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de educação de jovens e adultos na
forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no
ensino médio.

Meta 11: triplicar a matrícula em cursos técnicos de nível médio, assegurando a


qualidade da oferta.

Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida
para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.

Meta 13: elevar a qualidade da educação superior de forma consistente e duradoura


pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior
para 75% (setenta e cinco por cento), no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício,
sendo, do total, 35% (trinta e cinco por cento) doutores.

Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu


de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores.

Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, que todos os professores da educação básica possuam formação
específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento
em que atuam.

Meta 16: formar 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica em nível
de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua
área de atuação.

78
TÓPICO 3 | A EDUCAÇÃO BRASILEIRA, SUA ORGANIZAÇÃO E RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS

Meta 17: atualizar progressivamente o piso salarial profissional nacional para os


profissionais do magistério público da educação básica de forma que o rendimento médio
do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade seja equiparado
ao rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.

Meta 18: implantar, no prazo de dois anos, planos de carreira para os profissionais da
educação em todos os sistemas de ensino.

Meta 19: garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada
a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar.

Meta 20: ampliar progressivamente o investimento público em educação até atingir, no


mínimo, o patamar de 7% do produto interno bruto do país.

DICAS

Maiores informações sobre as Metas do PNE 2014-2020 você encontra no link:


<http://pne.mec.gov.br/images/pdf/pne_conhecendo_20_metas.pdf>.

Caro acadêmico, você poderá pensar: as metas aqui propostas são


excelentes, de uma fundamentação ímpar, mas, será que até hoje alguma dessas
metas foi cumprida em sua totalidade?

Na reunião que ocorreu na Câmara dos Deputados, em Brasília, realizada


no dia 7 de junho de 2016, os integrantes da Campanha Nacional pelo Direito à
Educação, que é formada por diversas organizações da sociedade, observaram que
“nenhuma das 14 metas previstas para 2015 e 2016 no Plano Nacional de Educação
(PNE) foi integralmente cumprida”, conforme a repórter Genny Morais, em artigo
publicado no site da Câmara dos deputados (MORAIS, 2016).

Assim, afirmam que perante a avaliação realizada pelas diversas organizações


da sociedade, “o PNE não vem sendo cumprido, principalmente por causa dos
cortes no Orçamento do Governo Federal e das crises econômicas e políticas. Todos
os participantes da audiência pública concordaram que o que foi proposto até agora
ainda não saiu do papel” (MORAIS, 2016). Ainda sobre as metas, os integrantes da
Campanha Nacional pelo Direito à Educação afirmam que:
Entre as metas não cumpridas até agora, algumas são consideradas mais
preocupantes pelos participantes do debate na Comissão de Educação,
por impactarem outros objetivos do PNE: 
- O Sistema Nacional de Educação, que estabelece a cooperação
entre União, estados e municípios na hora de pagar a conta;
- O Custo Aluno Qualidade, que determina quais são os padrões
mínimos de qualidade que todo aluno deve ter acesso e quanto isso custa; 

79
UNIDADE 1 | AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO

-  O  Plano de Valorização dos Profissionais da Educação, que trata da


formação e capacitação dos professores e demais profissionais ligados
aos alunos; e
- A Lei de Responsabilidade Educacional, que responsabiliza prefeitos
quando as metas de qualidade de educação não forem cumpridas.

Desses quatro itens, dois estão em debate no Ministério da Educação e


outros dois no Congresso Nacional (MORAIS, 2016, s.p.).

Frente a estas exposições, podemos determinar que as mudanças seguem


a passos lentos, e que sua possibilidade de concretização necessita também de
vontade política e que, enquanto sociedade civil organizada, participemos de
todos os movimentos que tratem das questões educacionais e demais esferas.

Observe o que ocorre nas redes sociais oficiais, busque informações,


dialogue com seus colegas, mantenha-se informado.

Tudo isso para conseguirmos quiçá, num futuro bem próximo, alcançarmos
algumas das metas propostas no Plano que hora temos e no que está sendo
construído para o próximo decênio.

Vimos nesta unidade muitas informações, que são importantes para sermos
profissionais da educação competentes.

80
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:

• O Plano Nacional de Educação possui um histórico, e passa a ser visto na


primeira LDB, Lei nº 4.024/1961 como “instrumento de distribuição de recursos
para os diferentes níveis de ensino” (AZANHA, 1998, p. 110).

• “Os planos que sucederam o de 1962 revelaram-se mais tentativas frustradas do


que planos efetivos de educação, uma vez que as coordenadas de ação do setor
eram obstaculizadas pela falta de integração entre os diferentes ministérios”
(LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 178).

• Em 1990, início do governo de Fernando Collor, realizou-se a discussão


internacional para um plano decenal para os nove países mais populosos do
Terceiro Mundo, que são: Tailândia, Brasil, México, Índia, Paquistão, Bangladesh,
Egito, Nigéria e Indonésia.

• Com a posse de Fernando Henrique Cardoso em 1995, foi apresentado o Plano


Nacional de Educação “como continuidade do Plano Decenal de 1993 (art. 87,
§ 1º, da Lei nº 9.394/1996)” (LIBÂNEAO, 2012, p. 179). Este plano foi elaborado
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), tendo
somente alguns interlocutores.

• O Plano Nacional da Educação (2001-2010) teve quatro objetivos básicos:

o a elevação global do nível de escolaridade da população;


o a melhoria da qualidade de ensino em todos os níveis;
o a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso à
escola pública e à permanência, com sucesso, nela;
o a democratização da gestão de ensino público nos estabelecimentos
oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da
educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e da participação
da comunidade escolar e local em conselhos escolares e equivalentes.

• Entre os anos 2003 e 2006 as Políticas educacionais empreendidas no primeiro


governo Lula apresentaram um programa para a educação intitulado “Uma
Escola do Tamanho do Brasil”. Assim, a garantia de uma educação como direito,
passou a ser entendida neste governo através de três diretrizes gerais, sendo
elas: a) democratização do acesso e garantia de permanência; b) qualidade social
da educação; c) instauração do regime de colaboração e da democratização da
gestão.

• O Plano Nacional de Educação possui 20 metas e estratégias, contudo, nenhuma


das 14 metas previstas para 2015 e 2016 no Plano Nacional de Educação (PNE)
foi integralmente cumprida (MORAIS, 2016).
81
AUTOATIVIDADE

O PNE – Plano Nacional de Educação – inclui 20 metas e estratégias


traçadas para o setor no próximo decênio. Entre essas metas, temos
a que se refere a universalizar o ensino fundamental de nove anos
para toda a população de 6 a 14 anos. Diante dessa informação,
podemos determinar que para chegarmos a esta meta serão necessárias
estratégias, como:

I. Para alcançar este objetivo é necessário criar novas políticas públicas.


II. Deverão ser previstas estas estratégias através de lei.
III. A meta será aplicada por todos os membros federados.
IV. Realizar metas insistentes no Plano Nacional de Educação.

Frente a isso, assinale a afirmativa correta:


a) ( ) II, apenas.
b) ( ) I, II, III e IV.
c) ( ) II e III, apenas.
d) ( ) I, II e III, apenas.

82
UNIDADE 2

POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO:


INFLUÊNCIAS GLOBAIS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir desta unidade, você será capaz de:

• compreender a influência da globalização nas políticas públicas


educacionais;

• identificar os programas desenvolvidos pelo Ministério da Educação;

• conhecer as instituições formadoras do sistema educacional brasileiro;

• reconhecer a organização e gestão escolar coletiva.

PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No final de cada tópico você en-
contrará atividades que o ajudarão a refletir e fixar os conteúdos abordados.

TÓPICO 1 – POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: INFLUÊNCIAS


GLOBAIS

TÓPICO 2 – AS INSTITUIÇÕES FORMADORAS DO SISTEMA


EDUCACIONAL BRASILEIRO

TÓPICO 3 – A ORGANIZAÇÃO E GESTÃO ESCOLAR COLETIVA

83
84
UNIDADE 2
TÓPICO 1

POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO:


INFLUÊNCIAS GLOBAIS

1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, nesta unidade, trataremos de questões relativas à revolução
informacional, à globalização e à exclusão social ocorrida pela globalização,
trataremos ainda da organização das instituições que formam o Sistema Nacional
de Educação, o que cada uma possui como responsabilidade.

É possível que você se questione sobre qual a necessidade de tratarmos


destas temáticas neste caderno. Abordaremos essas temáticas, pois elas estão
inseridas na LDB/96, e ela é nossa base de formulação dos anseios e objetivos a
alcançar dentro da educação.

Acadêmico, muitas vezes estamos tão ligados a nossa rotina diária e


não percebemos que estamos atrelados às leis relativas à educação, por isso, a
necessidade de verificarmos como, por que e para que determinadas ações que
realizamos cotidianamente são necessárias para que se obtenha êxito no trabalho.

Obter o conhecimento é essencial para nossa formação e permanência na


educação.

Então, vamos a mais esta etapa, agora relativa às Políticas Públicas na


Educação influenciadas ou não pela globalização. Veremos quais os níveis e
modalidades de educação e ensino existentes no sistema brasileiro de educação
além dos planos, programas e a organização e gestão escolar coletiva. Será
necessário que tipo de gestão escolar na contemporaneidade?

Qual sua ideia sobre isso? Vamos ler estas páginas e verificaremos se o que
você pensa condiz com a realidade em que vivemos e que buscamos!

Boa leitura!

2 A GLOBALIZAÇÃO E SUA INFLUÊNCIA NAS POLÍTICAS


PÚBLICAS EDUCACIONAIS

Acadêmico, a cada momento de nossas vidas nos deparamos com novas


tecnologias, muitas informações, as quais nos chegam de forma rápida e sem

85
UNIDADE 2 | POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: INFLUÊNCIAS GLOBAIS

filtros em muitas situações. Tudo isso vem acompanhado de uma palavra que se
ouve muito, a tal da globalização.

A globalização é algo que influencia diretamente cada um de nós e muitas


vezes nem nos damos conta disso. Num processo de transformações que a
sociedade contemporânea passa é natural obtermos intensas e variadas formas de
informações, dando a cada indivíduo, como sugerem Libâneo, Oliveira e Toschi
(2012, p. 61), “[...] a ideia de movimentação intensa, ou seja, de que as pessoas estão
em meio a um acelerado processo de integração e reestruturação capitalista”.

Com isso podemos entender que a globalização existe em todos os espaços,


seja econômico, social, político e cultural, dando ênfase ao momento histórico.
Assim, a globalização para Sousa (2011, p. 4) é vista como:

[...] processo de mundialização, de acordo com o entendimento


majoritário dos autores contemporâneos, caracteriza-se pela ampla
integração econômica, política, cultural e outros entre as nações.
Contudo, a integração nos seus mais variados aspectos se destaca pela
economia, podendo ser de diversos tipos, mas nenhuma integração
econômica é melhor do que a outra. A escolha do país pelo modelo de
integração decorre de seus objetivos e do seu grau de dependência entre
as grandes potências.

Desta forma, não podemos deixar de nos questionar: como a globalização


surgiu? Ela possui uma história? Sim, a globalização possui sua história, a qual pode
ser resumida nas palavras de Sousa (2011, p. 2), que assim retrata a globalização:

A globalização remonta à origem do homem na Terra, claro que, com


outras características e com outros delineamentos. O certo é que, este
sistema vem evoluindo de acordo com as necessidades humanas
e com as exigências mundiais. O grande avanço deve-se à queda do
muro de Berlim, ao fim do socialismo, à expansão do capitalismo e
do neoliberalismo, após a Segunda Grande Guerra Mundial e com o
avanço da Comunidade Comum Europeia.

Frente aos avanços apresentados por Sousa, podemos determinar que


o Brasil não escapou deste processo, estamos intimamente inseridos nesta
globalização. Mas através de quê?

Podemos determinar várias possibilidades, mas nos ateremos ao que diz


Sousa (2011, p. 3), quando afirma que a globalização vem associada ao surgimento
do estado neoliberal, o qual é originário do início do século XX, na Inglaterra.

Frente a isso, podemos determinar que o Brasil possui esta influência do


neoliberalismo, pois no governo Fernando Collor, o Estado Neoliberal passou a ser
implantado, em meados de 1990, dando a possibilidade às privatizações.

86
TÓPICO 1 | POLÍTICAS PÚBLICAS E EDUCAÇÃO: INFLUÊNCIAS GLOBAIS

NOTA

Neoliberalismo: prática econômica que não aceita a influê