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COMO É A SEMANA GW
1. Assista, de preferência ao vivo, às lives diárias
pelo YT ou Instagram, às 21h30.
Canal do YT: Italo Marsili.
Instagram: italomarsili
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A SEMANA NUMA TACADA SÓ _______________ 5
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A SEMANA
NUMA TACADA SÓ
MASTERCLASS | 27/08/2019
A FORÇA DA PERSONALIDADE
A força do ser humano está em sua personalidade, que
é o elemento que o individualiza. A personalidade só
se fortalece no amor a outro ser humano.
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O PONTO CENTRAL
R E S U M O S D A S E M A N A
MASTERCLASS | 27/08/2019
A FORÇA DA PERSONALIDADE
A idéia de que o ser humano é um ser que nasce, cresce,
se reproduz e morre nos foi ensinada desde a escola. Po-
rém, diferente dos outros seres vivos, o homem é aquele
que consegue encontrar um sentido para aquilo que está
fazendo, que consegue se mover em uma esfera superior
à da necessidade biológica. Quem vive apenas para satis-
fazer as necessidades biológicas se frustrará, porque elas
não são a única necessidade do ser humano e um dia não
mais será possível satisfazê-las. Ver o ser humano a partir
do ângulo da necessidade biológica é condená-lo à falta
de sentido.
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lidade pequena e não ficará muito diferente dos animais.
Para expandir a personalidade, é necessário amar algo
além disso. É necessário amar as pessoas e interessar-se
verdadeiramente por elas. As pessoas são o símbolo do
que há de imaterial e transcendente no mundo. Somente é
possível amadurecer olhando e amando outro ser huma-
no.
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alguém por sua dignidade intrínseca, sem esperar que ela
retribua de algum modo.
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Master Class | 27/08/2019
A FORÇA DA PERSONALIDADE
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vida humana (instalada na realidade), porque estão
acovardadas diante de fantasmas. Ora, só podem fa-
zer isso as pessoas que ainda não entraram mesmo
no jogo da vida humana. Voltando, nós sabemos que
o presidente divide corações em nosso país: por um
lado, os partidários, que o odeiam, com os mesmos
dizeres (fascista, taxista etc.); por outro, aqueles da
bandeira “é o mito”. Então, essa divisão/comoção na-
cional orbita em volta do presidente. Como sempre,
os que são contra o presidente ficam me xingando de
“bolsominion” e, com graça e um pouco humor, ouço
isso tudo – o que não me afeta. Aí, falei: “A única vez
que postei uma foto aqui e falei sobre o presidente
foi em outubro de 2018, o que me levou a perder 10%
dos meus seguidores.” Nisso, eu brinquei ao dizer que
queria perder 83.000 dos meus 850.000 seguidores, o
que me levaria a ser o cara do Instagram a perder
mais gente em menos tempo só por ter postado uma
foto com um texto sobre a coragem e a centralidade
do espírito humano.
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a atenção: “Nossa, Italo! Parabéns pela coragem!”. Aí
é que está o texto que botei lá no Instagram: “Muita
gente vai se paralisando na vida, porque está com
medo de... medo de... medo de quê?”. Ora, que tipo
de gente é essa que acorda – às vezes, faz ou não
uma oração –, toma seu café da manhã, vai traba-
lhar e, já em casa, ao se contemplar no espelho, não
encontra ali um centro agente... e se vê com dificul-
dade de responder à seguinte indagação: “quem foi
que viveu esse dia?”. Isso é a característica das pes-
soas que, miseravelmente, tem vivido acovardadas.
Aí, eu me interrogo: “Medo de quê? De um olhar feio?
De xingamentos? De não agradar?”. É a respeito disso
a live de hoje. Vou te dizer qual é o único antídoto
possível para que você acorde e, ao final de uma jor-
nada, consiga se olhar no espelho sem aquela pre-
tensão do D. Quixote, que fala “eu sei quem eu sou” –
estou bem antes... um, dois, três passos atrás disso. Só
quero que, no final da live de hoje, você compreenda
qual é o elemento da vida humana que nos faz ter
uma substância... um centro... possibilitando que a
gente aja em primeira pessoa e, ao final de uma vida,
nos leve a olhar a nossa história e falar “eu consigo
entender a vida dessa pessoa que sou eu, que, de al-
gum modo, mesmo com dificuldades, frustrações, va-
cilações, claudicações e tropeços, tentou viver mes-
mo em primeira pessoa – que é o único tesão real da
vida. É a respeito disso que falaremos hoje, ou seja,
da personalidade – elemento que nos devolve uma
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certa coragem, tira uma certa covardia do nosso pei-
to e faz com que nos instalemos naquela trama da
existência humana chamada ação pessoal.
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cessariamente nas universidades, que hoje, infeliz-
mente, não dão conta de produzir material realmente
intelectual. Atualmente, o grande debate intelectual
acontece, em regra, à margem da universidade. Mas
o que importa mais agora é sabermos o seguinte: no
início do século XX, em meados dos anos 1910, começa
a circular de modo mais arranjado e consistente uma
percepção sobre o homem, que não o visualiza mais
como um ser simbólico/espiritual (que tem tanto a
dimensão material como a espiritual), mas como um
ser amputado das suas faculdades superiores, qua-
se biológico (que nasce, cresce, se reproduz e morre)
– quem nunca ouviu isso nas aulas de Ciências da
época da 4ª série? Pare pra pensar sobre essa visão
triste: se o homem é aquele bicho que nasce, cresce,
se reproduz e morre, então não há diferenças entre
nós e uma minhoca, uma ameba ou uma samambaia.
Afinal, vegetais e animais inferiores também passam
por esse ciclo. Se é disso que trata a vida humana, es-
tamos “muito mal das pernas”.
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soas conhecem a história do Dr. Viktor Frankl – que
eu já mencionei muitas vezes, aquele psiquiatra que,
no campo de concentração, pela observação e inti-
midade com o centro do seu coração e por um olhar
quase obcecado com a maravilha do que é humano,
desenvolve o que vem a ser a logoterapia, ou seja,
a cura pelo encontro e pela vivência do sentido da
vida. É uma história divulgada – Graças a Deus! –,
vejo até nos meus históricos do Instagram um monte
de pessoas – inclusive de outros campos do saber
– lendo os livros deles sobre a busca do sentido da
vida. Porém, há uma série de biografias desconheci-
das, histórias de pessoas também privadas de liber-
dade e esperança – pois sabiam que iriam morrer –,
que faziam atos como o do Maximiliano Kolbe.
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Preciso cuidar deles” – observe que esse sujeito, com
seu grito de clemência, demonstrou ainda um pou-
co de esperança, que o nutria no campo de concen-
tração. Então, Maximiliano Kolbe, ao olhá-lo, analisa
que não tem família e, num ato de generosidade, olha
para o sargento alemão responsável e diz: “Deixe-me
ir no lugar dele! Poupe a vida desse miserável que
tem mulher e filhos e precisa cuidar deles em casa”.
O sargento, num ato de sarcasmo, atendeu ao pedi-
do: “Troca aí! Para mim, tanto faz. Todos são bichos!”.
Então, Kolbe é jogado na cova com aqueles outros
nove homens. O coveiro inventariante, que abria e
fechava a cova de dois em dois para olhar e reportar
quantos haviam morrido, falou: “Não conseguia en-
tender o que acontecia com aquele sujeito chamado
Maximiliano Kolbe. Eu entrava naquelas covas e sen-
tia um clima de paz, quase um clima de alegria, uma
consolação na tragédia”. A presença de Kolbe, de al-
gum modo, tinha algo em si que o coveiro não sabia
dizer, mas confortava os outros. Quando este olhava,
os prisioneiros estavam orando e entoando cânticos
e hinos, esperando o destino deles – quase que re-
confortados pela presença de uma personalidade.
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conversava com aqueles sujeitos e contava histórias
acerca do que é a vida humana e a própria divinda-
de – inclusive os batizou. Depois de 21 dias insistindo
em voltar e olhar, o coveiro voltou e ainda encontrou
Kolbe com um olhar sereno, fazendo o que era neces-
sário.
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saíam mais fortes do campo de concentração, tinham
algo que falta nas concepções teóricas – fracas, no
final das contas – da contemporaneidade. Eu quero
que você veja o mesmo que eu e esses sujeitos vemos
– o que toda a tradição viu. Exercício: fome é a mesma
coisa que vontade de comer? A fome dá na barriga!
Se você está com fome mesmo, um pão velho serve.
Às vezes, por estar na academia, num engarrafamen-
to, fazendo jejum, por exemplo, você acaba sabendo
o que é fome. Ela dá na barriga, e qualquer coisa ser-
ve para saciá-la. Agora, o que é vontade de comer?
Isso é fundamental para entender a força do que é a
personalidade. Vontade de comer é um outro movi-
mento. Ela dá na cabeça (num lugar que não é ma-
terial). Às vezes, você termina de se alimentar (pizza,
fondue, salada, sushi) e acha que não está satisfeito.
Isso já aponta para nós um certo de domínio do ser
humano. E olha que vontade de comer tem a ver com
coisas materiais, ou seja, com comida (uma coisa que
está neste mundo).
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coisas bonitas de um determinado lugar. Realmente,
a beleza nos deixa felizes devido ao seu elemento de
conforto. É bom ver coisa bonita!
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tem não só uma dimensão de necessidades materiais,
mas também um desejo (movimento/inclinação para
algo), que te dá vida. Primeiramente, você tem uma
vida orgânica, isto é, fome, ir ao banheiro, cobrir-se
ou tirar a blusa são vontades materiais do corpo, coi-
sas que produzem movimentos. Depois, temos outros
desejos, relacionado com essas coisas materiais, ou
seja, vontade de comer não é igual a fome. Por fim,
há desejos (movimentos) dirigidos a elementos ima-
teriais – a beleza, o bem e a verdade. Isso é do cace-
te! Olhar o ser humano assim nos coloca num lugar
muito diferenciado.
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dor de dente, hemorroida, fome, empurrão dado por
alguém etc. A nossa vida diária será sempre assim!
Num lugar como um campo de concentração, só há
isso.
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pe aparecem para qualquer um! É claro que os mais
ricos têm mais acesso a determinadas tecnologias
médicas, mas o destino final do homem, no limite, é
morrer feio, cuspindo sangue, com falta de ar, numa
cama de hospital cheio de fios furando a jugular e as
veias. “Ah, Italo! Vou morrer como um passarinho, à
noite, dormindo”. Então, você será um velho caqué-
tico e sem forças. Se o sujeito morre assim, é porque
tem alguém limpando a bunda dele há décadas. Esse
estado de privação material aparece tanto para ricos
quanto para pobres. Aparece para famosos e anôni-
mos, ou seja, todos os indivíduos. No último instante
da sua vida, isso vai aparecer.
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Se existe movimento no campo imaterial, ou seja, no
seu espírito, um movimento da vontade – que é ima-
terial, não está em lugar nenhum –, então o homem
tem vida – o que define a vida é o movimento. Isso é
o que falta nas doutrinas de Psicologia e Sociologia
contemporâneas. Então, mesmo quando o homem
não tiver mais corpo, ele continuará se movimentan-
do, visto que esse movimento não depende do corpo.
Equivale a dizer o seguinte: o nosso arco de vida não
acaba na morte – isso não tem a ver com religião, é a
percepção básica do homem. Movimento é o que de-
fine vida. Se existe um movimento imaterial, ou seja,
da vontade/da psique), existe um movimento na di-
reção da verdade, da beleza e do bem (que são ima-
teriais), ora isso é profundo demais. Eu preciso que
você venha comigo, para entender onde está a ver-
dadeira força do ser humano – em qual eixo temos
que construir a história da nossa personalidade.
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caiu para sempre. Não estou dizendo que a pedra
continua caindo; ela está caída, ela é. E nós também.
Nós continuamos como? Continuamos com vida, ou
seja, com movimento. Como isso deixa de aparecer
nas concepções psicológicas contemporâneas? Não
há nenhuma técnica de psicologia, religião, cough
etc. capaz de sustentar os anseios, os movimentos e a
densidade do que é ser humano. Essa é a coisa para
nós!
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Quando olhamos para toda a doutrina psicanalítica
freudiana, mesmo sendo fantástica por contar sobre
uma parte da vida humana, um ferramental teórico
que deve ser utilizado por aqueles que trabalham
com pessoas, percebemos que é uma tragédia, algo
devastador. Toda uma literatura demole a concepção
do que é o homem para o Freud. Por exemplo, Paul-
-Laurent Assoun, em Introdução à Epistemologia Freu-
diana, que é um grande livro, faz uma análise cientí-
fica acerca de como Freud vê esse homem – que não
é um homem, é um bicho deformado, criado, talvez, à
imagem e semelhança do próprio Freud. Há também
a obra Freud: Crepúsculo de um ídolo, de Michel On-
fray, de perspectiva similar, só pra citar aqui. As duas
obras mostram que falta rigor científico, metafísico,
ontológico e simbólico, então não se poder levar a
sério no sentido de que “isso aqui é o homem”. É só
um modelo teórico que serve para tapar certos bura-
cos. Ao passo que o arco da vida humana foi sempre
intercambiado e visto assim ao longo de toda a tra-
dição, desde os gregos pré-socráticos até os contem-
porâneos que, de fato, estão instalados na visão do
que é realmente o homem. A obra Psicologia, um dos
melhores livros da área, escrito no século XX, é de um
brasileiro, o Mário Ferreira dos Santos, que faz uma
análise, descrevendo o que é o homem. É fantástico!
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neral específico do homem, podendo ser sanguíneo,
colérico, fleumático ou melancólico. Você nasce com
um desses e fica até o final da vida. Se isso aconte-
ce (ele não muda), ele não é um elemento histórico,
isto é, não é o elemento que te define. Você não é o
seu temperamento! Você o tem, mas ele não te define.
Obviamente, ele é mais complexo, mais interior do
que a cor do cabelo ou a altura, por exemplo. O tem-
peramento é um filtro, por meio do qual você recebe
e entrega de modo mais expansivo, contraído, úmi-
do (envolvente) ou seco as percepções do mundo. O
que não vai mudar é temperamento! Agora, a perso-
nalidade é aquele componente que te individualiza.
É como uma impressão digital da sua pessoa, algo
próprio, só seu. Por isso, ela é a sua força no final das
contas. A personalidade é o seu componente históri-
co, que você desenvolve ao longo da sua trajetória.
Ela vai amadurecendo e se ampliando, ganhando, as-
sim, uma forma. E é isso que as pessoas reconhecem,
quando te olham.
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as coisas materiais e as vontades de verdade, bem
e beleza. Uma pessoa que acorda e dorme só bus-
cando esse domínio (frequência, vibração) – botan-
do apenas isso para dentro da própria história e de-
monstrando que só isso marca a totalidade do dia
dela – terá, então, pouca personalidade. Por quê? Aí,
evocamos aquela sentença do José Ortega y Gasset –
que é mais do que uma frase, é toda uma ideia, todo
um panorama existencial –, que fala: “Eu sou eu e mi-
nhas circunstâncias”.
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para calor, frio, fome, coceira, meleca escorrendo,
ou seja, só para essa vibração que não te distingue
dos seres inferiores. Quando eu te oriento a parar de
reclamar, estou apontando sua atenção para um lu-
gar um pouco superior, no qual passamos a conviver
não mais com nossas circunstâncias materiais, e sim
com gente – e essa é a coisa desta live. É no conví-
vio humano – no confronto com uma e outra pessoa
de carne e osso – que a nossa vida vai acontecendo.
Quando esquecemos a maravilha que é ter uma pes-
soa ao nosso lado – a quem podemos entregar nosso
serviço, coração, olhar, afeto e inteligência –, toda a
nossa atenção volta-se para a conquista e o medo de
perder as coisas materiais. Então, a abertura do olhar
para o ser humano, ou seja, para quem está ao nosso
lado, não é algo opcional para nós. O ser humano é
um animal político, não no sentido de quem vota no
PT ou no PSL, mas político de pólis, no sentido grego
do termo, é um bicho que convive, vai para a ágo-
ra (praça pública) falar, conversar, se expor, colocar
suas ideias em jogo.
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de algum modo, está amarrado – pegamos a totali-
dade da coisa. Por mais que haja frustração com um
projeto de carreira, o projeto em si foi previsto por nós
com a nossa mente. Quanto à viagem, nós fazemos
roteiro de viagem. E coisa, então? “Ah, comprei um
carro”. O próprio relacionamento com um animal... eu
adoro cachorro, mas prefiro gato. O cachorro é mui-
to diferente dos outros animais. Ele tem uma capa-
cidade de receber afeto que o leva a quase parecer
com pessoas. Mas é quase! Ele não é gente ainda. Por
mais que o seu labrador, por exemplo, seja diferente
do da vizinha, o dela é muito parecido com o seu. Ele
faz as mesmas coisas que todo labrador faz. Diante
disso, não é pra ficar triste, pensando “Ah, meu Deus,
não consigo mais olhar para meu labrador e amá-lo”.
Deixe de ter o coração pequeno! O bichinho está aí
para ser amado e também expandir seu coração!
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sas e dos animais. O coração humano só se dilata, no
limite, isto é, só ganha a amplitude da transcendên-
cia do desconhecido que brilha na sua magnanimi-
dade, quando a gente, de fato, invade esse domínio
do absoluto, infinito e eterno. Para nós, que estamos
aqui de carne e osso – mesmo para os religiosos –, só
aparece no confronto entre olhares. Isso é o que dá
força para o ser humano. É a aposta em colocar para
dentro da nossa biografia não só aqueles elementos
materiais, mas também os elementos de transcendên-
cia (de absurdo, infinito, absoluto, eternidade), que só
aparecem para nós através do convívio verdadeiro
com outro ser humano. É só olhar para a nossa histó-
ria: tanto as partes resplandecentes quanto as partes
profundas, cavernosas e negras apareceram quando
perdemos o carro ou fomos demitidos, ficando sem
dinheiro? Apareceram porque falhamos diante de al-
guém ou porque alguém falhou conosco, nos traiu,
estendeu a mão, nos amou.
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humano, que não estão comprometidas em conviver,
olhar, se abrir, conversar e perdoar, ficarão fracas. Por
isso, elas andam inseguras e com tanto medo, cho-
rando e procurando, muitas vezes, os consultórios –
sem a possibilidade de redenção, pois esta não es-
tará numa técnica específica de análise, na medida
em que só se procura a si. A redenção, a cura e o pro-
gresso estão na abertura para a outra pessoa, ou seja,
para quem está do seu lado (sócio, funcionária, chefe,
marido, esposa, filho). Por quê? Porque essa abertura
através do olhar é que nos inscreve e nos dá esse do-
mínio amplo do que é a vida.
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perde um cachorro – o seu afeto estava direcionado
ao ser vivo que poderia recebê-lo. Mas não se entris-
teçam comigo! O seu cachorrinho é muito parecido
com os demais. Os cães de caça caçam; os de guar-
da, guardam; os de madame, passeiam no shopping.
É igual. Os seres humanos são esses bichos que têm
uma amplitude imensa. É nesse convívio de homem
a homem e mulher a mulher – nessa abertura para o
outro – que a coisa se dá.
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é o único mamífero que tem uma mãe que, ao ama-
mentar, já dá um indício do que é a vida humana.
Já viu uma porquinha amamentando? Com ela deita-
da, os porquinhos vão lá, mamam e vão embora – os
olhos deles, inclusive, batem na barriga da mãe. A
teta do animal fica embaixo. Os seios da mulher pos-
sibilitam um contato visual durante a amamentação.
A vida humana adulta, madura, acontece num ato de
generosidade. Na amamentação, nós dependíamos
de alguém que, generosamente, se doou para nos
sustentar. Isso é a vida humana madura. Perder essa
dimensão é uma tragédia, pois perdemos toda a for-
ça.
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meçamos a destravar o desamor que habita por aí?
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sua cara é um dos elementos de abertura de espe-
rança, de fluidez de relacionamento.
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go na frente de todos, no aniversário da Vanessinha,
mesmo sabendo que você é flamenguista? E você
não fala com ele desde aquela época. Esse apegar-se
rancoroso é um cultivo que te diminui e te impede
de sorrir e ficar tranquilo na vida. Você deve sorrir
e matar essas pendências afetivas! Você deve man-
dar uma mensagem de Whatsapp para seu tio: “Tio
Carlos, eu te amo! Vamos comer uma pizza! Foi mal!”.
Mande para a sua tia: “Tia Cristina, você me desculpe
aí!”. Mate essas pendências que impedem seu sorriso.
Elas te deixam preocupado com coisas deste mun-
do. A coisa passou, é um efeito remoto de um incô-
modo no peito que não tem razão de ser mais. “Ah,
Italo! Mas você está simplificando muito”. Mas é isso
mesmo. Estou simplificando o que é simples, para po-
dermos aprofundar no complexo. Uma grande parte
do meu trabalho aqui é “não dourar a pílula”, como
o pessoal fala. É não colocar “mais cabelo na peru-
ca”. É reduzir os problemas que não são problemas.
Como é que você pode ter força na personalidade e
conseguir ter uma vida, ou seja, “eu sou eu e a minha
circunstância”, se você, voluntariamente, entrou nes-
sa circunstância de tristeza, rancor e peso afetivo que
já passou? Você vai ser isso no final. Lembre daquele
verso: “Transforma-se o amador na coisa amada”. Se
seu amor, sua atenção e seu olhar nesse mundo fo-
ram para rancor, picuinha e tristeza, em que você se
transformará? Num sujeito medroso, fraquinho e pe-
queno, que não botou para dentro da personalidade
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aquelas dimensões superiores da beleza, da verdade
e do bem. O que estamos fazendo nesta live é faxina,
é limpeza. O esfregão e o sabão se chamam sorriso
e matar rancor. Essas são as armas contra esse de-
samor, o que precisamos para ter neste mundo uma
personalidade ampla, plena e feliz.
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Live #82 | 30/08/2019
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Nós vivemos num mundo -- e é assim desde que o
mundo é mundo -- no qual o ato humano não é des-
provido de esperança.
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assim que esperamos em um relacionamento, mas a
vida humana, concreta, aqui na terra, não se dá des-
te modo. Sabemos que todos nós somos falhos. Eu e
você não prestamos, somos miseráveis, somos falhos
mesmo. Toda essa perspectiva de vida perfeita, etc.,
isso é algo que pretendemos alcançar um dia. Algu-
mas pessoas têm isso como meta, mas a vida aqui
embaixo, colada na terra, a vida do dia a dia, o hoje,
é ainda uma vida de imperfeição, e todos nós somos
assim e sabemos disso.
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perficiais? Quem não teve ainda uma vida de mendi-
go? Todos nós já tivemos.
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no meu peito, tiro um dinheiro do meu bolso e dou
cincão, dez reais, vinte pratas para você, mendigo,
porque é isso que eu tenho para te dar: uma esmo-
la para ver se você melhora e sai dessa situação de
privação, de lástima total, de tragédia biográfica. Um
pouquinho melhor você ficará, mas só um pouqui-
nho, porque também não dá para ficar muito melhor.
Você é um mendigo e eu não tenho como te trans-
formar em um príncipe do dia para a noite. O que eu
posso fazer é te aliviar um pouco desse sofrimento, te
tirar um pouco desse estado de privação, de penúria.
Um pouco só, não muito.”
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se prova justamente quando aquela pessoa que está
na nossa frente, nosso filho, nosso aluno, nosso pro-
fessor, nosso noivo, nosso esposo, essa pessoa põe
na nossa frente como um mendigo, porque ela não
está bem; um mendigo moral, financeiro, estético... Só
então nosso amor então é recrutado a dar uma es-
mola para aquele sujeito, para que ele tente voltar a
ter um mínimo de dignidade, mas só um pouquinho
mesmo. De repente ele volta a ter, quem sabe. É esse
o esforço, do coração, do amor, que a gente consegue
na prática.
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abnegado que e não espera nada, não espera sequer
que aquela pessoa vá sair da posição de mendigo
para a posição de um príncipe do dia para a noite.
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Uma, apenas uma das atividades que precisamos real-
mente aplicar na nossa vida, mas aplicar com tudo o
que temos, é não se apegar a essa porcaria desse di-
nheirinho que está no bolso, que às vezes até faz fal-
ta. E pior do que se apegar ao dinheiro é se apegar a
esse juízo que temos na nossa cabeça, de achar que
o mendigo vai comprar cachaça, crack, droga. Meu
filho, dá a droga do dinheiro para o mendigo!
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A esmola para mendigos reposiciona o seu coração,
o seu olhar, ela te torna então um ser humano capaz
de conviver com a miséria que vai se apresentar dia-
riamente. Porque, sim, cotidianamente a miséria dos
outros vai se apresentar na nossa vida, e há duas coi-
sas que podemos fazer diante dela: julgar, virar as
costas e falar “Você não presta”, ou podemos queimar.
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das relações neste mundo. O amor cobre a multidão
de falhas, de infidelidades, de pecados. É só o amor
mesmo.
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italomarsili.com.br
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