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O poeta indiano Rudyard Kipling enumerou,

em seu poema "SE", uma série de condições


para que seu filho John se tornasse um ho-
mem de verdade. Na lista das condições, que
valem para qualquer pessoa, está "Se és capaz
de arriscar numa única parada / Tudo quan-
to ganhaste em toda a tua vida". Enfrentamos
uma escassez de gente disposta a cumprir
essa condição. Por outro lado, abundam os
que só pensam em preservar seus bens, em
manter sua auto-imagem, em salvaguardar a
integridade de seu lindo umbigo.

É necessariamente assim se a pessoa está pre-


sa na auto-referência, se não ama nada além
dela própria. Com ela ninguém pode contar,
porque é uma egoísta. O sujeito que está tran-
cado em seu quarto e não consegue enfren-
tar o mundo por medo é, na verdade, alguém
mau. Como pode ser bom quem não valoriza
a necessidade do outro nem a ponto de sair
do quarto para atendê-la?

É força que você não seja um covarde, que


você olhe para o mundo e não para si mesmo,
que tenha tesão pela vida; e este CA é para te
ajudar a conseguir isso. Agora, encha-se de
coragem para lê-lo!
Toda segunda-feira, o seu Caderno de Ativação traz
sugestões de atividades ou reflexões baseadas em um dos
temas abordados nas lives da semana anterior. Se você
está chegando agora, não se preocupe: o Guerrilha Way
não é uma maratona em que você tenha de alcançar
quem chegou antes, mas um barco que o recolhe
onde você está e o impulsiona para frente. Atrasar o
GW não dá juros. Aliás: não se atrasa o GW. A hora certa
para se fazê-lo é a hora que se faz ele. A quantidade ideal
é a quantidade feita.
A coragem não tem em si uma substância.
É impossível apontar para algum movimen-
to interior e dizer: "é isso que é a coragem".
Você não vai conseguir ser corajoso olhando
para si mesmo. A coragem surge depois que
se percebe uma hierarquia de valores. Saber
o que é mais importante e o que é menos im-
portante, o que é mais bom e o que é menos
bom é fundamental para que a gente possa
adquirir coragem.

Todos aqueles que assumem uma posição de


liderança têm de ter em mente essa hierar-
quia, têm de saber dar nome aos bois. Não
se trata de conhecer uma hierarquia geral e
abstrata, mas saber o que é mais bom e me-
nos bom em cada caso concreto e arriscar-se.
Se você liderou ou aconselhou alguém a fa-
zer algo sem sentir que era você mesmo que
estava se arriscando, é porque você não foi
corajoso.

É necessário agir abandonando o mundo do


pensamento, do cálculo premeditado, para
que se possa conhecer essa hierarquia. Ao fi-
car preso no mundo do pensamento ou, pior,
nas noções subjetivas de derrota e triunfo,
você perde o tesão de viver. Se seu quarto está
pegando fogo e seu filho está lá dentro cho-
rando, o impulso que surge dentro de você é
o de salvá-lo. Ora, esse impulso só surge por-
que você percebe uma hierarquia de bens: a
vida do seu filho vale mais que a sua. Não
admitir isso, não se dispor a perder sua vida
pela vida de alguém é egoísmo. O covarde é
um egoísta; só tem coragem quem olha para
fora de si.

O sujeito que está auto-centrado, que é au-


to-referente, que tem a si mesmo como va-
lor supremo e digno de proteção nunca será
corajoso, mas só quem se diminui, quem ar-
risca sua vida por um valor que está acima
dela. Talvez nunca possamos ter a coragem
do mártir ou do soldado que vai a guerra por
sua pátria, mas é obrigatório que tenhamos a
coragem biográfica, que nasce do abandono
da própria auto-imagem para pôr-se a servi-
ço.
Vamos lá: você não é um missionário em
terras infiéis, um perseguido político, um
mártir. Provavelmente, ninguém espera
grandes atos de bravura da sua parte.

Qual é a coragem
que se espera de você?

É A CORAGEM BIOGRÁFICA, DE
ENTRAR NA VIDA ACEITANDO
AS CONSEQUÊNCIAS. A
CORAGEM DE SE DESAPEGAR
DAS SUAS COISINHAS, DAS
SUAS IDEIAZINHAS, E DEIXAR-SE
INVADIR PELA PRESENÇA TOTAL DA
REALIDADE. É A CORAGEM DE SER
HUMANO.

Só é capaz dessa coragem o sujeito que sabe


distinguir, no caso concreto, o que é mais
importante do que é menos importante, o
que é mais bom do que é menos bom.

A coragem então se traduz na escolha do


melhor.
ISSO SIGNIFICA
QUE, PARA SER
CORAJOSO,
VOCÊ PRECISA
ANTES DE TUDO
RECONHECER
A EXISTÊNCIA
OBJETIVA DE UMA
HIERARQUIA DE
VALORES.
VOCÊ NÃO VALE
NADA, MAS ISTO
VALEA ALGUMA
COISA
Se você é o que mais importa,
se você é o seu maior valor, o
seu maior objeto de estima
e proteção; aí, meu caro, é
que você não vai passar
de um covarde mesmo.

Deve existir algo na


sua hierarquia de
valores que esteja
acima de você, algo
pelo qual você não
se incomoda de dar
um pouquinho seu
conforto.
Vamos descobri-lo preenchendo as lacunas
abaixo:

a) Eu não me importaria em ter que


vender minha casa se fosse para
__________________________________.

b) Com um sorriso no rosto, hospedaria


_______________ em minha casa,
sem me incomodar com quanto
gastaria para mantê-la.

c) Não tenho medo de dizer que acredito


em ____________ para quem quer que
seja, ainda que tirem sarro com minha
cara.

d) Se alguém vier ofender


_________________ sairei no tapa,
se preciso, para defender essa pessoa.
Sem essa hierarquia de valores, você viverá
apegado a ninharias, morrendo de medo
de “tomar um prejuízo”, de perder suas
quinquilharias, de levar uma rasteira, de
tomar um chifre…

… você entendeu.

Quem não vive segundo uma hierarquia


genuína de valores não parte pro jogo,
por medo de desgastar as chuteiras. Não
constrói coisa nenhuma, por medo de cegar
as ferramentas.

Não faz merda nenhuma, por medo de


arriscar a porcaria da sua vida.

É aí que o tesão de viver DESAPARECE.


Marque a alternativa que corresponda ao
que você faria em cada situação e confira
nas respostas se você agiu com bravura ou
como uma galinha assustada.[1]

1 – Um amigo seu está passando por um


problema financeiro e pede dinheiro
emprestado. Você, que tem lá seu pezinho de
meia...

a) Empresta prontamente, porque não


é certo deixar seu amigo passando por
dificuldades.

b) Nega, porque esse dinheiro renderá


4% ao ano + IPCA se aplicado no Tesouro
Direto.

2 – Seu chefe oferece uma gorda bonificação


para que você faça um trabalho extra, você...

a) Recusa, porque morre de medo não dar


conta do trabalho e ser julgado por seu
chefe e seus colegas.

b) Aceita logo, porque seu nome é Pronto!


3 – Uma pessoa muito atraente vem conversar
com você, e você percebe que ela está sendo
muito solícita e gentil. Vocês são solteiros e
desimpedidos, então...

a) Você nem flerta, porque tem medo de


parecer ridículo(a).

b) Você aciona aquele 1%.

a) Piupiupiu. b) Bravo!
a) Piupiupiu. b) Bravo!
a) Bravo! b) Piupiupiu.

[1] Respostas:
Se eu pudesse escolher
apenas uma coisa para
ficar gravada na sua
memória depois deste
CA, seria isto:
O sujeito que só olha para si não tem
coragem de arriscar nada pelos outros. O
egoísta está convencido de que o maior
serviço que pode prestar neste mundo é a
veneração de si mesmo.


— Não existe mundo exterior. Não existe
realidade objetiva. Não existe o sofrimento do
outro. Não existe o outro. Não existe Deus. Não
existe a graça. Não existe nada, somente eu
(e olha que às vezes fico em dúvida).


O egoísta vive inseguro, porque vive
fechado no seu mundinho mental, que não
tem nenhuma consistência. E, quanto mais
inseguro, mais busca se proteger. E, quando
mais busca de proteger, mais covarde fica.
Quando você se coloca no seu devido lugar,
a coragem aparece no seu peito e você
começa a enxergar o que deve preferir.

Quem muito se poupa não vence. Mas quem


pauta suas decisões tendo em vista, não a
sua autoproteção em primeiro lugar, mas
a proteção daquilo que merece MAIS ser
protegido, encontra finalmente o tesão de
viver.

Então fica claro por que é dando


a nossa
vida que a
encontramos.
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