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DIREITO MATERIAL

DO TRABALHO II
FACULDADE VALE DO CRICARÉ 1

Prof. Daniel Salume


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PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

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A palavra prescrição tem origem no latim
praescriptione, cognato de praescribere que
significa escrever na frente.

No Direito Romano as ações civis eram


perpétuas, salvo raras exceções, o que
ocasionava um grande transtorno social, pois
o devedor vivia em fuga permanente do
credor, já que este poderia, a qualquer
momento, cobrar a dívida. A negligência do
credor não o beneficiava.

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A finalidade da prescrição e da decadência é dar tranquilidade e certeza
jurídica às relações, impedindo que a insegurança acarrete consequências
gravosas sobre a sociedade e seus indivíduos. Em virtude disto, sua
finalidade é de ordem pública, pois visa à paz social, à segurança jurídica e
à segurança pública.

A natureza jurídica da prescrição pode ser analisada sob


dois prismas: para o devedor é direito (de não mais ser
exigido para cumprimento da pretensão) e para o
credor é fato jurídico extintivo, pois aniquila a pretensão.
Elimina a deflagração de contendas e liquida
demandas judiciais a respeito de questões já esquecidas
ou apagadas pelo tempo. Calcifica a lesão, trazendo o
retorno da confiança e impondo a estabilidade jurídica.

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Tanto a prescrição (extintiva) quanto a
decadência possuem o mesmo fator
operante, a passagem do tempo, e ambos
têm o mesmo fator determinante, isto é, a
inércia do titular de um direito ou o seu
desinteresse por certo lapso temporal; o que
se revela no brocardo “o direito não socorre a
quem dorme”, que pode ser entendido como
o direito deve ser exercido tempestivamente,
dentro de seus prazos. Portanto, embora a
prescrição e a decadência atinjam relações
jurídicas diferentes e tenham formas de
funcionamento distintas, possuem a mesma
fundamentação.
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Prescrição: É a extinção da pretensão de um direito
material violado pelo decurso dos prazos previstos em lei, desde
que não haja causas impeditivas, interruptivas ou suspensivas de
seu decurso – arts. 189, 205 e 206 do CC c/c arts. 26 e 27 do CDC.
Assim, a prescrição retira a exigibilidade de um direito. O direito
em si sobrevive e pode ser exercido extrajudicialmente, mas não
mais cobrado, exigido. A obrigação passa a ser natural e seu
cumprimento espontâneo não autoriza a repetição de indébito,
isto é, a devolução.

RECURSO DE REVISTA - PRESCRIÇÃO - INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS Tratando-se de danos morais decorrentes de relação de
emprego (ato do empregador consistente em discriminação e
perseguição), aplicável é a prescrição trabalhista, prevista no art.
7º, XXIX, da Constituição da República. Precedentes. Recurso de
Revista conhecido e provido. (TST - RR: 7561420105020087 ,
Relator: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento:
14/10/2015, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT 16/10/2015)

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RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO TOTAL . O autor foi
dispensado em 09/06/2009 e a ação foi ajuizada em
01/02/2010. Portanto, não há prescrição bienal total a
ser declarada, pois a ação foi interposta dentro do
biênio previsto no artigo 7º, XXIX, da CF. Por outro
lado, considerando o corte prescricional quinquenal,
somente estão prescritas as parcelas anteriores a
01/02/2005. Como as diferenças de comissões se
referem a fatos ocorridos em 2006, não há prescrição
a ser declarada. Recurso de revista não conhecido.

(TST - RR: 1428420105090872 , Relator: Augusto César


Leite de Carvalho, Data de Julgamento: 27/05/2015,
6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 29/05/2015)

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Decadência: Etimologicamente, decadência
deriva do latim caducus-a-um e significa aquilo que
cai, que está destinado a perecer, morrer. O sufixo
“encia”, variação do vocábulo latim entia, indica
ação ou estado: ação de cair ou estado daquilo
que decaiu.

Decadência é a perda de direitos potestativos e


invioláveis pelo decurso de prazo previsto em lei ou
no contrato para o seu exercício. No ramo
trabalhista, a decadência tem menor incidência

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O novo Código Civil não define expressamente a decadência, mas traça
sua diferenciação em relação à prescrição, o que não ocorria no Código
Civil de 1916. Enquanto
a prescrição torna inexigível
uma pretensão, a decadência extingue o
próprio direito. Na prescrição o direito persiste,
mas a pretensão é liquidada.
O prazo decadencial é sempre fatal, logo, a ele não se aplicam
as causas suspensivas ou interruptivas da contagem do prazo
prescricional (art. 207 do CC), salvo raras exceções.

Exemplos:

a) inquérito judicial contra empregado estável, se suspenso – 30


dias – Súmula nº 62 do TST c/c Súmula nº 403 do STF;
b) mandado de segurança – 120 dias;
c) embargos à execução – 5 dias;
d) ação rescisória – 2 anos.
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DECADÊNCIA –MANDADO DE SEGURANÇA. Uma vez decorridos 120 dias
do ato atacado mediante o mandado de segurança, impõe-se o
reconhecimento da decadência. (STF - MS: 30983 DF , Relator: Min.
MARCO AURÉLIO, Data de Julgamento: 27/02/2014, Tribunal Pleno, Data
de Publicação: DJe-117 DIVULG 17-06-2014 PUBLIC 18-06-2014)

Ou seja,

Perda do direito por não havê-lo exercido no prazo fixado em lei. Salvo
disposição expressa em contrário, o ofendido decai do direito de queixa ou de
representação, se não o exerce dentro do prazo de seis meses, contados do dia
em que veio a saber quem é o autor do crime, ou do dia em que se esgota o
prazo por oferecimento da denúncia. 2) Tendência para o acabamento. A
decadência de ação quanto a créditos resultantes das reclamações de
trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para o trabalhador urbano, até
o limite de dois anos após extinção do contrato para o trabalhador rural. Contra
o menor de 18 anos não corre qualquer prescrição. O prazo de decadência, na
ação rescisória, conta-se do trânsito em julgado da última decisão proferida na
causa, seja de mérito ou não. É decadência o prazo de trinta dias para
instauração de inquérito judicial, a contar da suspensão, por falta grave de
emprego instável. Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a
demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica
o acolhimento da argüição de prescrição ou decadência.
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Prescrição – Art. 189 a 206 do Decadência – Art. 207 a 2011 do
CC/2002 CC/2002
Extingue a pretensão – art. 189 do CC. Extingue o direito.

Relaciona-se a uma prestação Relaciona-se a direitos potestativos, a


pessoal ou real. direitos sem prestação.
Incide nas ações condenatórias. Incide nas ações constitutivas.
Seu prazo começa a fluir da lesão e Seu prazo começa a fluir do
não do direito. Primeiro nasce o direito nascimento do direito.
e depois a lesão – art. 189 do CC.

Não podia ser conhecida de ofício, A decadência prevista em lei pode


salvo quando aproveitava incapaz – ser conhecida de ofício pelo juiz – art.
art. 194 do CC. A partir da Lei nº 210 do CC.
11.280/2006, o art. 219, § 5º, do CPC
passou a autorizar o juiz a conhecer
da prescrição de ofício.
Suas hipóteses e prazos são fixados Suas hipóteses e prazos são fixados
exclusivamente pela lei e as partes pela lei ou pela vontade das partes.
não podem alterá-los ou criar novas Aqueles prazos previstos em lei não
hipóteses – art. 192 do CC. podem ser alterados pela vontade
das partes.
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Prescrição – Art. 189 a 206 do Decadência – Art. 207 a 2011 do
CC/2002 CC/2002
Os prazos são passíveis de suspensão, Seus prazos não são passíveis de
interrupção e causas impeditivas de suspensão, interrupção e causas
seu curso. impeditivas de seu curso, salvo contra
os incapazes – arts. 207, 208 do CC
c/c, art. 198, I, do CC (ver OJ nº 138 e
18 da SDI II do TST e art. 26 do CDC).
As hipóteses de suspensão, Seus prazos não são passíveis de
interrupção e causa impeditiva são suspensão, interrupção e causas
taxativas na lei, não podendo as impeditivas de seu curso. (ver OJ nºs
partes criar novas. 13 do CDC) e 18 da SDI II do TST e art.
26 do CDC.
Pode ser renunciada depois de Não pode ser renunciada – art. 209 do
consumada – art. 191 do CC. CC.
A parte pode arguir a qualquer tempo A parte pode arguir a qualquer tempo
em grau ordinário de jurisdição – art. em grau ordinário de jurisdição – art.
193 do CC. 211 do CC.

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PRESCRIÇÃO TRABALHISTA
A prescrição aquisitiva (usucapião) excepcionalmente terá aplicação no
Direito do Trabalho. Pode ocorrer sobre ferramentas de trabalho, casa, carro
ou outros móveis.

Dificilmente o trabalhador conseguirá a propriedade do imóvel ou do objeto


móvel alegando usucapião, já que era detentor do objeto que lhe foi
fornecido pelo próprio patrão em virtude do trabalho. Logo, só em situações
excepcionais o usucapião poderá ocorrer de fato.

A prescrição extintiva tem perfeita aplicação no campo trabalhista e ela se


divide em quatro espécies:

a) prescrição extintiva (propriamente dita/total): 2 anos;


b) prescrição total: 5 anos;
c) prescrição parcial: 5 anos;
d) prescrição intercorrente: 2 anos – Súmula nº 150 do STF.

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A prescrição extintiva diz respeito à pretensão, à exigibilidade do direito.
Começa a fluir após a extinção do pacto, independente de ter ou não
ocorrido alguma lesão. Seu prazo é de dois anos – art. 7º, XXIX, da CRFB
c/c art. 11 da CLT. Extinto o ajuste trabalhista o empregado terá o prazo
de dois anos para ajuizar a ação trabalhista que vise à reparação de
qualquer lesão ocorrida na vigência do contrato. Transcorrido o prazo,
sem que a parte tenha exercido seu direito, a pretensão está prescrita.

A prescrição total aplica-se às lesões contratuais que se iniciaram há muito


e que se estancaram há mais de cinco anos do ajuizamento da ação. Seu
prazo é de cinco anos, contados da lesão. Também está relacionada com
o ato único praticado há mais de cinco anos. Entende-se como ato único
aquele que não se protrai no tempo, como, por exemplo, o dano moral, o
não pagamento da indenização prevista na Súmula nº 291 do TST, devido
em face da supressão do labor extra etc. Ato único é a lesão única, isto é,
que não repercute mês a mês, não tendo efeito de trato sucessivo.

A prescrição parcial é de cinco anos e torna inexigíveis as parcelas


anteriores a cinco anos da data do ajuizamento da ação – Súmula nº 308
do TST. O quinquênio é contado da data do ajuizamento da ação que está
sendo julgada para trás. Retroage-se cinco anos da data em que a ação
está sendo julgada, repetindo-se o mesmo dia e mês.
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Prescrição Contra o Menor de 18 anos

Contra o menor de 18 anos não corre a prescrição (art. 440 da CLT).


Por se tratar de regra de proteção à idade e não à capacidade, já
que a CLT destinou aos relativamente incapazes a
imprescritibilidade quando o Código Civil o faz apenas para o
absolutamente incapaz.

Ressalte-se que a lei se refere “ao menor de 18 anos” e não ao


incapaz.

A emancipação, casamento, emprego público efetivo, colação de


grau em curso de ensino superior pelo estabelecimento civil ou
comercial não alteram a prescrição a ser aplicada ao menor.

Ademais, por já ser empregado é capaz. A prescrição prevista no


art. 440 da CLT aplica-se apenas ao trabalhador menor e não ao
herdeiro do empregado falecido. Desta forma, os herdeiros só
poderão exigir os créditos não alcançados pela prescrição quando
do falecimento do empregado.
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O art. 440 da CLT diz respeito à proteção do trabalho do empregado e
não ao menor herdeiro. A morte do empregado suspende a prescrição
em curso, que recomeça a contar da maioridade dos herdeiros.
Sentença que se reforma em reexame necessário, para declarar
prescritas as parcelas anteriores a 05/10/86. TRT 4ª Reg. 5ª T., RO
00734.231/93.8, Rel. Ricardo Luiz Tavares Gehiling, julgado em
21/10/99. BOMFIM, Benedito Calheiros; SANTOS, Silvério dos.
Dicionário de Decisões Trabalhistas. 32. ed. Rio de Janeiro: Edições
Trabalhistas, 2002, p. 485.

PRESCRIÇÃO. ART. 440 DA CLT. MENOR HERDEIRO.


Inaplicabilidade. As disposições do art. 440 da CLT, que impedem a
contagem do prazo prescricional contra o menor, referem-se a direitos
adquiridos por ele a condição de trabalhador, não alcançando o menor
herdeiro, que se submete às regras do direito comum. TRT, 3ª Reg. 1ª
T., RO 16.469/02, Rel. Rosemary de Oliveira Pires, DJ/MG
14/02/2003.

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CAUSAS QUE OBSTAM O FLUXO DO PRAZO PRESCRICIONAL

O fluxo do prazo prescricional é suscetível de suspensão/impedimento ou


interrupção. As hipóteses previstas em lei são taxativas não podendo ser
criadas outras pela vontade da parte.

As causas de impedimento e suspensão têm a mesma natureza


de ser, mas diferem quanto ao seu momento. Nesta, o prazo
prescricional já se encontrava fluindo quando ocorre o fato
obstativo, superveniente ao início da prescrição, que paralisa
(suspende) o prosseguimento do prazo, já que o direito não é
exigível durante aquele período. Exemplo é o aparecimento de
incapacidade absoluta do titular do direito após iniciado o prazo
prescricional – arts. 3º e 198, I, do CC. Já naquela o fato
impeditivo se verifica antes mesmo do direito lesionado nascer (é
anterior ao início da prescrição), impedindo que o prazo se
inicie, postergando sua deflagração. É exemplo, no Direito do
Trabalho, a menoridade – art. 440 da CLT, em que o prazo
prescricional só começa a fluir após os 18 anos.

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Na interrupção, ao contrário, cessada a causa que a
determinou, o prazo prescricional recomeça a correr
desde o início (marco zero), não adicionando o prazo já
transcorrido.

O art. 202 do CC de 2002 dispõe em seu caput que a


interrupção da prescrição só pode ocorrer uma vez. Essa
previsão se aplica subsidiariamente ao Direito do Trabalho, já
que a CLT é omissa a respeito e tal determinação é
compatível com os princípios adotados por esse ramo do
direito.

Ex.: Extinto o contrato de trabalho em 10/02/2002 (aviso


prévio cumprido), ajuizada a primeira reclamação trabalhista
em 10/02/2003 e arquivada em 10/03/2003, novo prazo de
dois anos foi renovado para ajuizamento da mesma ação,
cujo processo foi extinto sem julgamento de mérito
(arquivado).
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Ajuizada a segunda reclamação em 10/03/2004 e arquivada em 10/10/2004,
conclui-se que o autor tem até 10/10/2005 para ajuizar a ação, sob pena de
prescrita a pretensão.

Explica-se:

O segundo ajuizamento não renovou o biênio, logo, o prazo de um ano


exato fluiu até o ajuizamento da segunda ação, restando mais um ano.
Como durante o curso da (segunda) ação não correu a prescrição
(suspensão do prazo), o autor ainda tinha um ano para nova ação, cujo
prazo começou a fluir a partir do último arquivamento.

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Ajuizamento da Ação

A citação válida importa em interrupção da prescrição, na forma do art. 219, § 1º, do


CPC c/c art. 202, I, do CC e retroage à data do ajuizamento da ação quando
distribuída, uma vez que em comarcas com mais de um cartório há necessidade
de prévia distribuição.

Portanto, a data da propositura da ação só é considerada se houve citação


válida, salvo se em 90 dias o réu não for citado por culpa do autor – art. 219, §
4º, do CPC. Citado o réu, mesmo que o processo seja extinto sem julgamento de
mérito, a prescrição estará interrompida quanto aos pedidos idênticos – Súmula nº
268 do TST.

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Arquivamento

O “arquivamento” da reclamação trabalhista equivale à extinção do processo


sem julgamento de mérito e interrompe a prescrição, desde que tenha havido
citação válida – Súmula nº 268 do TST.

De acordo com o parágrafo único do art. 202 do CC a prescrição interrompida


recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do
processo para a interromper.

Entende-se como último ato do processo o praticado pelo juiz com cunho
decisório, não estando incluídos, pois, os atos cartoriais e os despachos de
mero expediente exarados pelo juiz.

A jurisprudência também tem se posicionado desta forma:

No caso de “arquivamento” de reclamação a contagem do biênio


prescricional final para propositura de nova ação reinicia-se
precisamente da data do “arquivamento” (último ato praticado no
processo) quando se deu a cessação da causa interruptiva. TST, 1ª T., RR
258.823/96.7, Rel. Oreste Dalazen. CARRION, Valentin. Comentários à
Consolidação das Leis do Trabalho. São Paulo: Saraiva. 28. ed., 2003, p.
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SUM-268 TST - PRESCRIÇÃO.
INTERRUPÇÃO. AÇÃO TRABALHISTA
ARQUIVADA - Res. 121/2003, DJ 19, 20
e 21.11.2003. A ação trabalhista, ainda
que arquivada, interrompe a
prescrição somente em relação aos
pedidos idênticos.

RECURSO DE REVISTA. PRESCRIÇÃO. SÚMULA N.º 268 DO TST. AUSÊNCIA DE


IDENTIDADE DE PEDIDOS. RECURSO PROVIDO. Pacífico nesta Corte
Superior o entendimento de que a ação trabalhista, ainda que arquivada,
interrompe a prescrição somente em relação aos pedidos idênticos, nos
termos da atual redação conferida à Súmula nº 268 do TST. Restando
verificado que não há identidade de pedidos, devem prevalecer os
termos da decisão primeira, que considerou prescrito o direito de ação
quanto às diferenças salariais ora postuladas, determinado a extinção do
processo, com julgamento de mérito, nos termos do disposto no artigo
269, inciso IV, do CPC. Recurso provido. (TST - RR: 5727005620025030900
572700-56.2002.5.03.0900, Relator: Maria de Assis Calsing, Data de
Julgamento: 30/04/2008, 4ª Turma,, Data de Publicação: DJ 23/05/2008.)

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A prescrição intercorrente é a que ocorre durante o curso do processo judicial.
Tem cabimento quando a parte deixa de providenciar o andamento do
processo, na diligência que lhe competia. Seu prazo é idêntico ao prazo para
ajuizar a ação. Portanto, é de dois anos para os contratos extintos e de cinco anos
se ainda vigente o pacto.

Na fase de conhecimento a inércia da parte acarretará a extinção do


processo sem julgamento de mérito (art. 267, II e III, do CPC) ou com
julgamento de mérito (art. 269, I, do CPC). Portanto, a prescrição intercorrente
teria cabimento na fase de execução de título judicial ou acordo
descumprido – art. 741, VI, do CPC.

Todavia, de acordo com o art. 878 da CLT a execução será promovida por
qualquer interessado ou de ofício pelo juiz. Logo, não há necessidade de se
aguardar a iniciativa da parte, salvo quando se tratar de liquidação por artigos,
quando o julgado poderá se valer do art. 40, § 2º, da Lei nº 6.830/80.

Por isso, parte da doutrina e da jurisprudência trabalhista entendem que a


prescrição intercorrente não se aplica no âmbito da na Justiça do Trabalho, já que
incompatível com seus institutos, neste sentido a Súmula nº 114 do TST.

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SÚMULA 114 – TST PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE (mantida) - Res.
121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003 É
inaplicável na Justiça do Trabalho a
prescrição intercorrente.

Todavia, a matéria não é pacífica e tem posicionamentos contrários, isto


porque o art. 884, § 1º, da CLT, menciona: “a matéria de defesa será
restrita às alegações de cumprimento da decisão ou do acordo, quitação
ou prescrição da dívida.”

Por isso a Súmula nº 327 do STF, bem como alguns autores, advogam a
possibilidade de aplicação da prescrição intercorrente no Processo do
Trabalho.

SÚMULA 327 DO STF

O direito trabalhista admite a


prescrição intercorrente.
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PRESCRIÇAO INTERCORRENTE. SÚMULA TST N. 114. SÚMULA STF N. 327.
APLICABILIDADE NO PROCESSO DO TRABALHO. Via de regra, segundo o
conteúdo da Súmula n. 114 do colendo Tribunal Superior do Trabalho, a
prescrição intercorrente não se aplica ao processo do trabalho.
Contudo, em situações pontuais, há como promover a utilização desse
instituto conciliando o referido entendimento com o constante da
Súmula n. 327 do excelso Supremo Tribunal Federal. No entanto, a
aplicação desse instituto somente deve ocorrer quando ficar provada a
inércia injustificada da parte interessada em relação aos atos que
figuram como de seu interesse e cuja realização estava sob sua
exclusiva responsabilidade, a qual tenha perdurado por dilação
superior a 5 (cinco) anos, pois a lide não pode ficar ao alvedrio da parte
e tornar-se eterna, prejudicando, com isso, a pacificação social, escopo
basilar do Direito. Apelo não provido.

(TRT-14 - RO: 256100 RO 0256100, Relator: DESEMBARGADORA SOCORRO


MIRANDA, Data de Julgamento: 01/12/2010, SEGUNDA TURMA, Data de
Publicação: DETRT14 n.0219, de 02/12/2010)

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