Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é
somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao
mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o
exercício dessa faculdade nos indivíduos. (SAUSSURE, 2004, p. 17).
Logo, podemos ver como Saussure não trata os dois conceitos como sendo
dicotômicos, mas sim dois conceitos em relação, sendo a linguagem uma faculdade em
que a língua se configura como produto social.
LÍNGUA DE SINAIS & LIBRAS
No Brasil, em 1855, em acordo com Dom Pedro II, foi criada a primeira
escola de surdos, pelo surdo francês, Ernest Huet, onde atualmente é o INES (Instituto
Nacional de Educação de Surdos), no Rio de Janeiro, ponto de partida para pesquisas e
difusão da língua, mesmo permeada de diversos imaginários populares.
Tomemos como exemplo Helen Keller, cega e surda, que aprendeu a falar
com a ajuda da professora Anne Sullivan. Diante dos métodos convencionais a
ausência da visão e da fala seria impedimento total para ela não falar.
A sociedade não conhece nada sobre o povo surdo e, na maioria das vezes,
fica com receio e apreensiva, sem saber como se relacionar com sujeitos
surdos, ou tratam-nos de forma paternal, como “coitadinhos”, “que pena”, ou
lida como se tivéssemos “uma doença contagiosa” ou de outra forma
preconceituosa e outros estereótipos causados pela falta de conhecimento.
Portanto, o termo surdo é aceito culturalmente, pois indica que ele é usuário da Libras
como primeira língua.