Você está na página 1de 5

LINGUAGEM & LÍNGUA

Inúmeras pessoas empregam os termos língua e linguagem como sinônimos.


Um dos primeiros estudos linguísticos que ganhou grandes proporções, a partir do
século XX, foram as apresentações das propostas do teórico Ferdinad Saussure. Nestas é
possível compreender que os seres humanos são dotados de uma faculdade de produzir,
expressar e compreender as trocas simbólicas através da língua.

Toda sociedade em geral tem comunicação, de sendo elas diferentes formas


de manifestação da linguagem tais como: música, teatro, cinema, trânsito e etc. o que
impulsiona língua como uma das diferentes manifestações da linguagem com mais
autonomia. A espécie humana é a única a deter um sistema de comunicação, uma
linguagem tão complexa e única: a língua, sendo esta tomada como base para
compreensão das demais manifestações, pois é autônoma.

Mas o que é a língua? Para nós, ela não se confunde com a linguagem; é
somente uma parte determinada, essencial dela, indubitavelmente. É, ao
mesmo tempo, um produto social da faculdade de linguagem e um conjunto
de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social para permitir o
exercício dessa faculdade nos indivíduos. (SAUSSURE, 2004, p. 17).

Logo, podemos ver como Saussure não trata os dois conceitos como sendo
dicotômicos, mas sim dois conceitos em relação, sendo a linguagem uma faculdade em
que a língua se configura como produto social.
LÍNGUA DE SINAIS & LIBRAS

As línguas de sinais são uma criação espontânea que foi se aprimorando


com o passar dos anos, tendo o abade francês Charles-Michel de l'Epée como o primeiro
estudioso a se preocupar com a comunicação dos surdos. Elas são utilizadas pela
maioria das pessoas surdas para suprir a necessidade de comunicação, que é inerente ao
ser humano. Seu desenvolvimento se dá em diversas comunidades, podendo haver mais
de uma língua de sinais dentro do próprio país, como é o caso do Brasil: a Língua
Kaapor – LSKB, utilizada pelos índios da tribo Kaapor, e a Língua Brasileira de Sinais -
Libras, que é utilizada pelos demais surdos.

A língua portuguesa, no caso dos surdos brasileiros, é considerada uma


segunda língua, não havendo sobreposição de uma em relação a outra, pois cada qual
tem sua especificidade. Outro quesito importante na comparação entre as línguas de
sinais e a língua falada é que a primeira é visual-espacial enquanto a segunda é
oral-auditiva, devendo lembrar que elas não são universais, gestos e nem mímicas, pois
cada país possui a sua própria língua de sinais e estas sofrem mudanças em função das
influências da cultura local, como as expressões regionais e gírias.

No Brasil, em 1855, em acordo com Dom Pedro II, foi criada a primeira
escola de surdos, pelo surdo francês, Ernest Huet, onde atualmente é o INES (Instituto
Nacional de Educação de Surdos), no Rio de Janeiro, ponto de partida para pesquisas e
difusão da língua, mesmo permeada de diversos imaginários populares.

A partir de 1960, com publicações revolucionárias do linguista William


Stokoe, o foco nas análises das línguas de sinais americana ganhou um direcionamento
diferente, pois foi a primeira vez que as línguas de sinais passaram a serem vistas de
fato. No Brasil, em 2005, Ana Regina e Souza Campello é uma das primeiras surdas a
estudar a Libras.

Afinal, o que é Libras? A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é utilizada


por surdos brasileiros para a comunicação e interação, sendo amparada através da lei nº
10.436/2002 como a língua oficial das pessoas surdas. Para melhor nos inteirarmos
dessa realidade é interessante que essa língua se faça conhecer, e difundida para que
haja interesse de aprendê-la.
TERMINOLOGIAS ERRÔNEAS

O termo surdo-mudo é muito utilizado pelas pessoas ouvintes para designar o


sujeito surdo. No entanto, devemos tomar ciência que a maioria dos surdos têm as
cordas vocais em perfeito funcionamento, sendo a minoria deles mudos e não falam
porque não aprenderam. Também temos os surdos que falam, são os oralizados, que
desenvolveram a fala através de um trabalho com fonoaudiologia. Desta forma, o
termo surdo-mudo tem sido encarado pela cultura surda como um erro social, devido à
falta de conhecimento do real significado das duas palavras.

Tomemos como exemplo Helen Keller, cega e surda, que aprendeu a falar
com a ajuda da professora Anne Sullivan. Diante dos métodos convencionais a
ausência da visão e da fala seria impedimento total para ela não falar.

Segundo Karin Lilian Strobel

A sociedade não conhece nada sobre o povo surdo e, na maioria das vezes,
fica com receio e apreensiva, sem saber como se relacionar com sujeitos
surdos, ou tratam-nos de forma paternal, como “coitadinhos”, “que pena”, ou
lida como se tivéssemos “uma doença contagiosa” ou de outra forma
preconceituosa e outros estereótipos causados pela falta de conhecimento.

Portanto, o termo surdo é aceito culturalmente, pois indica que ele é usuário da Libras
como primeira língua.

Vejamos algumas outras diferenças:


- Deficiente Auditivo: termo clínico

- Portador de Necessidade Especial: termo utilizado nas leis

- Pessoa com Deficiência- termo estabelecido no Estatuto da Pessoa com Deficiência


(Lei nº 13.146 de 6 de Julho de 2015)

- Surdinho Mudinho – termo pejorativo abominado pela comunidade surda

Você também pode gostar