Infelizmente, esse não é um conceito comum. Muitas vezes, ele é confundido
com educação financeira ou com algum tipo de programa que ensine as pessoas a administrarem seus bens de família. Mesmo nos sistemas de ensino, nos quais essa questão deveria ser priorizada, encontramos gestores educacionais que desconhecem seus fundamentos e a sua importância para a formação integral dos indivíduos. Em decorrência deste desconhecimento, vale a pena explicarmos brevemente o que “educação patrimonial” significa.
Educação patrimonial caracteriza-se como uma ação educativa, centrada nos
bens culturais de uma coletividade. Em muitos casos, o passado tem, como único testemunho, um objeto ou seu registro no qual é possível encontrarmos uma representação da cultura do povo que o criou. A partir desse legado cultural, próprio de cada povo, podem ser desenvolvidas ações educativas, visando fortalecer o sentimento de pertencimento, a identidade cultural e a cidadania ativa. Isto significa fazer a opção por educar em múltiplas formas, usando como meio a cultura de cada localidade, sem restrições de espaços sociais ou de faixas etárias.
A ideia é que qualquer cidadão tenha contato com as criações culturais,
viabilizando a aquisição de instrumentos para cunhar, transformar, usar e desfrutar o patrimônio cultural do seu município, da sua região, do seu país e do mundo inteiro, preservando-o e enriquecendo-o para participar das transformações contínuas da sociedade. Ao considerar um objeto cultural como o ponto de partida do aprendizado, é preciso levar o participante a uma experiência que envolve três dimensões.
Inicialmente, devemos treinar o nosso olhar. Isso significa aprender a observar
o ambiente a nossa volta e perceber, de maneira consciente, os elementos que são significativos, o universo simbólico que nos rodeia. Isso significa reservar um tempo do nosso cotidiano, cada vez mais corrido, para ler e interagir com o mundo, gerando empatia.
A motivação para isso vem da memória. Ao observarmos atentamente o nosso
entorno e interagirmos conscientemente com ele, nós ativamos nossa memória por meio de lembranças. Nesse processo, está envolvida a emoção de viver e reviver determinadas situações. Quanto maiores forem a percepção sobre a cultura que nos cerca e o nosso envolvimento emocional, melhor será o aprendizado.
Olhar, lembrar, interagir e se emocionar são ingredientes eficazes para uma
educação patrimonial que pode ser aplicada em múltiplas formas e lugares.
Profa. Dra. Lilian Rodrigues de Oliveira Rosa
Coordenadora de Pós-graduação da FAAP Presidente do IPCCIC – Instituto Paulista de Cidades Criativas e Identidades Culturais