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RESOLUÇÃO Nº 165 – Normas gerais para atendimento ao adolescente em conflito com a lei

* Compete ao Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, vinculado pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente e no Sistema Nacional Socioeducativo, promover, defender e controlar a efetivação dos direitos, em sua
integridade, em favor do adolescente em conflito com a lei, em respeito ao princípio de proteção integral.
* Constituição Federal prioriza a garantia dos direitos da criança e do adolescente.
* O processo de execução de medida socioeducativa deve obedecer às garantias constitucionais de ampla defesa e do
contraditório.
* O Programa Justiça ao Jovem, do CNJ, diagnosticou a necessidade de uniformização do procedimento de execução
de medidas socioeducativas.
* Compete ao CNJ zelar pela unicidade do Poder Judiciário, implementando diretrizes nacionais para nortear a
atuação de Magistrados com jurisdição na área da infância e juventude.
* Estabelece normas gerais para o atendimento, pelo Poder Judiciário, do adolescente em conflito com a lei, na
internação provisória e no cumprimento de medidas socioeducativas.
* Define-se que:
 Guia de internação provisória é aquela que se refere ao decreto de internação cautelar;
 Guia de execução provisória de medida socioeducativa internação/semiliberdade é aquela que se refere à
internação ou a semiliberdade decorrente da aplicação de medida socioeducativa decretada por sentença não
transitada em julgado;
 Guia de execução provisória de medida socioeducativa em meio aberto é a que se refere à aplicação de
prestação de serviço comentário ou de liberdade assistida por sentença não transitada em julgado;
 Guia de execução definitiva de medida socioeducativa de internação ou semiliberdade se refere à provação de
liberdade decorrente de sentença ou de acórdão transitados em julgado;
 Guia de execução definitiva de medida socioeducativa em meio aberto é a que se refere à aplicação de
prestação de serviço comunitário ou de liberdade assistida por sentença ou acórdão transitados em julgado;
 Guia de execução de internação sanção se refere ao decreto de internação prevista no Estatuto da Criança e do
Adolescente
 Guia unificadora é aquela expedida pelo juiz da execução com finalidade de unificar duas ou mais guias de
execução em face do mesmo adolescente.
* As guias de execução são aquelas incorporadas ao Cadastro Nacional de Adolescente em Conflito com a Lei,
geradas obrigatoriamente pelo sistema.
* Nenhum adolescente poderá ingressar ou permanecer em unidade de internação ou semiliberdade sem ordem escrita.
* O ingresso do adolescente em unidade de internação e semiliberdade, ou serviço socioeducativo em meio aberto, só
ocorrerá mediante a apresentação de guias de execução expedidas e instruídas pelo juiz do processo.
- Independente do número de adolescentes partes do processo e do tipo de medida socioeducativa, será
expedida uma guia de execução para cada adolescente.
* A guia de execução (provisória ou definitiva) e a guia de internação provisória deverão ser expedidas pelo juízo do
processo.
- Extraída a guia de execução ou de internação provisória, o juízo do procedimento encaminhará,
imediatamente, cópia ao órgão gestor do atendimento socioeducativo, requisitando designação do programa ou da
unidade de cumprimento da medida.
- O órgão gestor de atendimento socioeducativo, em no máximo 24 h, comunicará o programa ou a unidade de
cumprimento da medida ao juízo do processo e ao juízo responsável pela fiscalização da unidade indicada.
- Após definição do programa de atendimento ou da unidade, em 24 h, o juízo do processo deverá reverter a
Guia de Execução ao Juízo com competência executória, a quem competirá formar o devido processo de execução.
* A guia de internação provisória, extraída do CNACL, será instruída obrigatoriamente com os seguintes documentos:
a) Documento de caráter pessoal do adolescente existente no processo, especialmente os que comprovem sua idade;
b) Cópia de representação e/ou de pedido de internação provisória;
c) Cópia de certidão de antecedentes;
d) Cópia da decisão que determinou a internação.
* Prolatada a sentença e mantida a medida socioeducativa privativa de liberdade, deverá o juízo do processo,
comunicar em 24h e remeter cópia dos seguintes documentos ao órgão gestor de atendimento e ao juízo de execução:
a) Sentença ou acórdão que decretou a medida;
b) Estudos técnicos realizados durante a fase de conhecimento;
c) Histórico escolar, se existente.
* Não tendo sido decretada a informação provisória no curso do processo, prolatada a sentença, deverá ser expedida a
guia de execução provisória de medida socioeducativa de internação. Semiliberdade ou em meio aberto, instruída com
os seguintes documentos:
a) Documentos de caráter pessoal do adolescente existentes no processo, especialmente os que comprovem sua idade;
b) Cópia do termo que propõe a remissão como forma de suspensão do processo cumulada com medida
socioeducativa em meio aberto, ou da representação;
c) Cópia da certidão de antecedentes;
d) Cópia da sentença que aplicou a respectiva medida socioeducativa ou da sentença que homologou a remissão
cumulada com medida socioeducativa em meio aberto;
e) Cópia dos estudos técnicos realizados durante a fase do conhecimento.
* Transitada em julgado a decisão, deverá o juízo do processo, expedir guia de execução definitiva, que conterá os
documentos arrolados, acrescidos de certidão de trânsito em julgado e cópia do acórdão (se houver).
- A guia de execução provisória (se existente) será convertida em guia de execução definitiva, mediante
simples comunicação do trânsito em julgado pelo juízo do conhecimento, acompanhada dos documentos, devendo o
juiz de execução atualizar a informação no sistema CNACL.
- Compete ao juiz de execução comunicar ao órgão gestor da medida socioeducativa aplicada, toda e qualquer
alteração processual ocorrida em relação ao adolescente.
* A execução da medida socioeducativa deverá ser processada em autos próprios, formado pela guia de execução e
documentos, ainda que o juízo de execução seja o mesmo do processo.
- É vedado o processamento da execução por carta precatória.
- Cada adolescente, independente da quantidade e da medida a ser executada, deverá ter reunidas as guias de
execução definitivas, em autos únicos.
- Unificados os processos de execução pelo juiz da execução, deverá ser expedida por meio do CNACL, no
guia unificadora das medidas, devendo ser arquivados definitivamente os autos unificados.
- Quando da expedição da guia de execução definitiva, o processo de conhecimento deverá ser arquivados.
* Em caso de transferência do adolescente ou de modificação do programa para outra comarca ou estado, deverão ser
remetidos os autos da execução ao novo juízo responsável pela execução em 72 h.
* O acompanhamento. da execução de medidas e seus incidentes. caberá ao juízo local onde está sediada a unidade ou
serviço de cumprimento, exceto se houver disposição em contrário em lei de organização judiciária local.
- O juízo do processo informará ao juízo da execução, em 24 h, toda e qualquer decisão que interfira na
privação de liberdade do adolescente, ou altere o cumprimento da medida provisória ou definitivamente.
- O juízo do processo ou do local onde residem os responsáveis prestará ao juízo da execução todo auxilio
necessário ao seu processo de reintegração familiar e social.
- Após liberação do adolescente, o acompanhamento da execução de medida em meio aberto eventualmente
aplicada em substituição à medida privativa de liberdade deve ficar a cargo do juízo local, onde serão encaminhados
os autos de execução da medida.
- Quando o adolescente em acolhimento institucional ou familiar encontrar-se em local diverso domicilio dos
responsáveis, as medidas socioeducativas em meio aberto serão executadas perante juízo onde ele estiver acolhido.
* Para efeito da reavaliação, a contagem do prazo será feita a partir da data de apreensão do adolescente,
considerando-se eventual tempo de prisão cautelar que não se tenha convertido em pena privativa de liberdade.
- Independentemente do escoamento do prazo previsto, a reavaliação pode ser processada imediatamente após
a remessa do relatório enviado pela unidade de internação ou semiliberdade, ou serviço que execute a medida
socioeducativa de liberdade assistida.
* A internação decorrente de descumprimento reiterado e injustificável da medida, conhecida como internação-sanção,
está sujeita aos princípios da brevidade e da excepcionalidade, devendo ser avaliada a possibilidade de substituição da
medida original por medida menos gravosa.
- Sem prejuízo da intervenção da defesa técnica, nos moldes previstos e da realização de outras diligências que
se fizerem necessárias, a oitiva do adolescente é obrigatória.
- É vedada a privação de liberdade do adolescente antes da decisão que aprecia aplicação da medida, caso que
deverá ser imediatamente conduzido em audiência especial, com intimação do Ministério Público e da defesa técnica;
na audiência tornarão as declarações do adolescente e o juiz decidirá acerca do cabimento da internação-sanção e de
seu prazo.
* No caso de internação provisória, o juízo responsável pela unidade deverá zelar pela estrita observância do prazo
máximo de privação de liberdade de 45 dias.
- É de responsabilidade do juízo que decretou a internação provisória eventual excesso de prazo, facultando
aos TJ’s editar a regulamentação.
- O prazo deve ser contado a partir da data que for efetivada a apreensão do adolescente, sem prorrogação.
- Liberado o jovem por qualquer motivo, antes de expirado o prazo, a renovação não poderá ultrapassa o
período que falar ao alcance do prazo máximo legal.
* Terminado o prazo de 45 dias ou determinada a liberação antes do prazo, deverá ser imediatamente remetida cópia
da decisão, preferencialmente por meio eletrônico ou oficial de justiça, ao gestor da unidade de atendimento e ao juízo
responsável pela fiscalização da unidade, devendo o magistrado do processo providenciar a imediata baixa da guia no
sistema CNACL.
* A decisão que extinguir a medida socioeducativa de internação ou semiliberdade deverá ser, na mesma data,
comunicada ao gestor da unidade pera liberação imediata do adolescente, devendo o magistrado do processo de
execução providenciar a imediata baixa da guia no sistema CNACL.
* A liberação quando completados 21 anos independe de decisão judicial.
* O adolescente em cumprimento da medida socioeducativa não pode ser transferido para hospital de custódia, salvo
se responder por infração penal praticada após 18 anos e por decisão do juízo criminal competente.
* Cabe ao Poder Judiciário, sem prejuízos das competências do Ministério Público, fiscalizar a execução dos
programas socioeducativos em meio aberto e aqueles correspondentes às medidas privativas de liberdade, zelar pelo
efetivo respeito às normas e princípios aplicáveis à modalidade de atendimento prestado e pela qualidade e eficácia
das atividades desenvolvidas.
- A fiscalização dos programas correspondentes às medidas de liberdade importa na realização de visitas às
unidades de internação e semiliberdade, que deverão ocorrer nos termos do CNJ.
- O juiz deverá verificar, na fiscalização, se os estabelecimentos de internação e semiliberdades possuem
regimento disciplinar e se este é de conhecimento dos internos, de seus pais ou responsáveis e do defensor, e se
garante ampla defesa ao adolescente.
- A revisão prevista deverá ser processada nos próprios autos da execução
- A regulamentação da visita íntima é de responsabilidade do gestor do sistema socioeducativo que deverá
zelar pera que ocorra em ambiente sadia e separado dos demais internos, garantida a privacidade, bem como seja
precedida de orientação quanto à paternidade/maternidade responsável e DST, propiciando-se os meios
contraceptivos, se solicitado.
* Para exercício das garantias individuais e processuais dos adolescentes durante o processo de execução das medidas
socioeducativas, mormente as privativas de liberdade, deverá assegurar a realização de entrevista pessoal com os
socioeducandos.
* Os TJ’s promoverão, em no máximo 1 ano contado da publicação desta resolução, cursos de atualização e
qualificação funcional para Magistrados e servidores com atuação em matéria socioeducativa, devendo o currículo
incluir os princípios e normas internacionais aplicáveis.
- Neste prazo, os TJ’s realizarão estudos relativos à necessidade da criação e/ou especialização de varas de
execução de medidas socioeducativas, notadamente nas comarcas onde estiverem situadas as unidades de internação,
enviando o competente relatório ao CNJ.
* Os TJ’s dos Estados e do Distrito Federal editarão ato normativo definindo os mecanismos de controle de prazos das
medidas socioeducativas, bom como revisão, comunicando à Corregedoria Nacional de Justiça o seu teor, no prazo de
180 dias.
* Cada TJ Estadual e do Distrito Federal regulamentará, em 180 dias, comunicando à Corregedoria Nacional de
Justiça, a forma e prazo de remessa da guia de execução, não poderão ultrapassar o prazo de 2 anos úteis.
* Esta Resolução entra em vigor em 90 dias.

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