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O papel social e educacional da didática

O processo educativo é um termo abrangente de cunho social e político, e a parte central da


estruturação social e através deste processo que os membros da sociedade são preparados para a
participação na vida social. A educação ou seja, a prática educativa é um fator social e universal,
provendo de uma ação humana necessária à existência e funcionamento de todas as sociedades.
Toda sociedade cuida da formação dos seus sujeitos, auxiliando-os no desenvolvimento das
capacidades físicas, intelectuais e espirituais, preparando-os para uma participação dinâmica, ativa
nas mais diversas esferas da vida social. Não há sociedade sem prática educativa nem prática
educativa sem sociedade. A prática educativa não é uma imposição para este ser social, mas
proceder dos seus atores, dos conhecimentos e experiências culturais que os tornam aptos a atuar e
fazer parte deste meio social e transformá-lo em função de necessidades econômicas, sociais e
políticas da coletividade. Através desta ação educativa citada, a esfera social determina influências
sobre os sujeitos e estes, ao absorverem e recriar estas influências, tornam-se capazes de estabelecer
uma relação ativa e transformadora em relação ao meio social. A sociedade se organiza de tal forma
que estas influencias são manifestadas e transferida de gerações, através de valores, crenças, modos
e costumes acumulados por grupos, indivíduos e podem ser mantidos ou recriados de acordo com a
proposta desta etnia. Em um sentido mais vasto, a educação pode ser entendida como uma série de
processos de cunho formativo e que acontece no meio social com o envolvimento primordial e
necessário dos seus sujeitos. Neste contexto a prática educativa diverge para um leque de opções de
atividades institucionais sociais, que derivam de organizações econômicas, políticas, de religiões, de
costumes e da maneira de se conviver da humanidade. Já em sentido estrito, a educação acontece
em instituições específicas, escolares ou não, com finalidades explícitas de instrução e ensino
mediante uma ação consciente, deliberada e planificada, embora sem separar-se daqueles processos
formativos gerais.

Libâneo deixa bem explicito sua maneira de pensar quando expressa-se apresentando a
educação nas quatro dimensões divididas da seguinte maneira: em sentido amplo ( quando ocorre
no meio social pelo simples fato de ser um indivíduo que se relacionar); em sentido mais
restrito( quando ocorre em instituições com uma finalidade explicita sendo ela escolar ou não);
educação não intencional( denominada por ele como educação informal que advém das influencias
do seu contexto social); e por ultimo a educação intencional( a escolar e a extra escolar), esta
segmentação da educação proposta por ele esclarece também onde a mesma ocorre. Esta citação
corrobora com a maneira de ser organizar e de analisar todo o contexto social a educação e de
maneira mais minuciosa a prática educativa.

Quando partimos para o pensamento da educação intencional a palavra que se faz presente é
a didática, pois ela permeia todo o processo de ensino aprendizagem. Ao tratarmos da didática em
seu contexto social e educacional não poderemos deixar de explicitar as diferenças nestas duas
dimensões e muito menos o enredo no qual ela se aplica. A priori devemos deixar bem claro
também o verdadeiro significado da didática, pois ela sempre existiu na história da humanidade,
porque o homem constantemente ensinou e aprendeu. A didática oriunda do grego didaktiké , sendo
esta apontada como ciência, técnica, fazer aprender ou arte de ensinar. A didática então surge de
uma necessidade de sistematização das atividades nas unidades que oferecem ensino em suas
diversas modalidades, este conjunto de ações planejadas e direcionadas de acordo com a realidade,
idade, níveis e possibilidades dos educandos. Está mesma didática vem aprimorar a execução da
pratica educativa, contribuindo assim para o desenvolvimento humano e consequentemente da
sociedade. A didática não pode ser compreendida também como a ação e o foco principal da
instituição, devemos elencar também currículo, metodologia, planejamento , o ensino e a instrução
entre outros. Cada elemento aqui descrito tem um alto grau de complexidade dentro destes locais de
ensino.

Ao analisarmos a didática nas mais diversas categorias de ensino, percebemos quão ampla
ela se apresenta. Há algum tempo a didática era apresentada como um “caderno de receita”, que o
professor seguia sem levar em consideração o meio, idade e perspectiva que este aluno estava
inserido, durante décadas esta foi a realidade de escolas desde a educação infantil até mesmo ao
ensino superior. Porém com os avanços da sociedade, a instituição educacional teve também que
passar por alguns processos de mudanças e adaptações, buscou-se muito a reflexão para sobre
algumas praticas, de encontro a este novo vislumbrar, veio também a gestão democrática e
participativa de toda a comunidade escolar. Com todas estas transformações a didática vai
assumindo um novo papel e uma outra conotação também. Com isso os docentes passam a ter mais
liberdade para prepararem e ministrar sua aula, o professor deixa de ser o centro de todo o
conhecimento e passa a ser a ponte o mediador entre o conhecimento e o educando. A didática passa
a ser objeto de estudo dentro das universidades e vai assim ganhando mais campo e mais clareza
dentro das instituições de ensino, é um dos reflexos disto é a prática pedagógica que vem sofrendo
grandes transformações, especialmente quanto ao olhar do docente na busca de compreender a
complexidade do mundo atual, com suas demandas atuais nas diversas áreas do conhecimento,
impulsionando-o a buscar suporte nas formações continuadas e nas capacitações, pensando
criticamente tanto no ato de ensinar quanto ao de aprender. De forma contextualizada.

Para Veiga (2000, p.175):A aula é parte do todo, está inserida na universidade que, por sua
vez, está filiada a um sistema educacional que também é parte de um sistema socioeconômico,
político e cultural mais amplo [...] A aula universitária é a concretude do trabalho docente
propriamente dito, que ocorre com a relação pedagógica entre professor e aluno. Ela é o locus
produtivo da aprendizagem, que é, também, produção por excelência. O resultado do ensino é a
construção do novo e a criação de uma atitude questionadora, de busca e inquietação, sendo local de
construção e socialização de conhecimento e cultura.

Através deste trecho Veiga deixa claro que o movimento da aula é muito mais amplo que
simplesmente o fato de estar sentando em uma cadeira tendo na sua frente o docente, em uma
determinada sala de aula. Este momento traz muitas expressões implícitas junto dele.

A didática no ensino superior também sofreu grandes transformações, passa também pelo
processo de ressignificarão para tentar responder a demandas conteudistas curriculares quanto à
condução pedagógica, estipulando um duplo desafio. Está reflexão da práxis do professor
universitário frente as demandas contemporâneas, tem demonstrada cada vez mais que o perfil deste
docente mudou, pois antes o que precisava era simplesmente dispor de comunicação fluente e
amplo conhecimentos relacionados à disciplina(área do conhecimento) que pretendesse lecionar,
pois o publico alvo destes centros educacionais eram adultos, bem diferente do corpo discentes das
unidades de educação básica que são crianças e adolescentes, dependentes de explicações e com
imaturidade que é própria da idade, o que causa ainda mais dependência.Quando são questionados
grande parte dos discentes universitários relatam que falta didática para determinados professores.

Portanto o professor universitário bem como qualquer outro docente precisa cada vez mais
aprimorar sua didática, para poder responder a estas demandas do ensino superior que vem só
aumentando, ter a consciência do seu papel e não se esquecer que os alunos estão cada vez mais
dinâmicos e possuem uma visão mais holística do que é abordado em sala de aula. Estar sempre
buscando uma reflexão das suas ações bem como também a formação continuada para conseguir
responder estas demandas que emanam do processo de ensino aprendizagem. A necessidade do
docente de fazer uma autocritica e perceber, buscar desempenhar suas funções, e fazendo
experiências pedagógicas que vise melhorar as mais variadas atividades que possam caracterizar
tais funções. Assim busca por esta didática de excelência fica somente a cargo do próprio do
decente, ele tem que sentir a necessidade de buscar e se aprimorar mais, para poder escolher a
didática justificada pelo seu objeto de estudo, que é o ensino, e suas relações mais complexas com
o trabalho pedagógico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

COMENIUS. Didatica Magna. 3 ed São Paulo:Martins Fontes, 2006


LIBÂNEO, JC Didática. São Paulo: Cortez, 1994
LUCARELLI, E. Um desafio institucional: inovação e formação pedagógica do docente
universitário. In: Castanho, S.,Castanho. M. O que há de novo na educação superior: do projeto
pedagógico à prática transformadora. Campinas:Papirus, 2000.
VEIGA, I. Aula universitária e inovação. In: Veiga, I.Pedagogia universitária: a aula em foco.
Campinas: Papirus, 2000. p. 161-192.

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