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Circuitos Mistos RLC:

Ressonância

Circuitos Elétricos II
Professora: Andréa Araújo Sousa
Bibliografia

◼ BOYLESTAD, R. L. Introdução à Análise de


Circuitos. 10ª ed. São Paulo: Pearson
Education do Brasil, 2010. (capítulo 20)

◼ ALEXSANDER C. K.; SADIKU, M. N. O.


Fundamentos de Circuitos Elétricos. 3. ed. São
Paulo: McGraw Hill, 2008. (capítulo 14)

2
Ressonância

◼ Circuitos que possuem capacitores e indutores podem


apresentar ressonância;
◼ A ressonância ocorre quando, em uma dada freqüência, a
reatância indutiva cancela a reatância capacitiva, restando
uma impedância equivalente composta só por resistência.

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Ressonância

◼ A ressonância é a base para a seletividade de freqüência em


sistemas de comunicação;
◼ A capacidade de um receptor de rádio ou televisão selecionar
certa freqüência que é transmitida por uma estação particular e,
ao mesmo tempo, eliminar freqüências de outras estações está
baseado no princípio da ressonância;
◼ Em sistemas de potência, o princípio da ressonância é usado na
filtragem de freqüências indesejadas à operação adequada de
uma carga;
◼ A ressonância pode ocorrer em circuitos RLC série, paralelo ou
misto.

4
Ressonância Série

◼ A ressonância é útil, por exemplo, para que o circuito


seja atrativo para correntes de determinada frequência,
então, a impedância do circuito para essa frequência de
interesse deve ser a menor possível.
◼ Na ressonância série, o menor valor possível que a
impedância pode ter corresponde à parte real, visto que
não é possível ter resistência negativa para eliminar as
resistências do circuito.

5
Ressonância Série
Logo, para o circuito
RLC ao lado:

 1 
Z = R + j  L − 
 C 
Se :
1
L =
C
Então :
Z=R

6
Ressonância Série

◼ Assim:
1
0 L =
0C
1 1
 0 2
= ou 0 =
LC LC
sendo :
1
f0 =
2 LC

7
Ressonância Série

◼ Para freqüências abaixo da


freqüência de ressonância, o
circuito é capacitivo;
◼ Para freqüências acima da
freqüência de ressonância, o
circuito é indutivo.

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Ressonância Série

◼ Quando em um circuito RLC série XC=XL é dito que o


circuito está em ressonância;
◼ A freqüência em que ocorre a ressonância é denominada
de freqüência ressonante, f0;
◼ Na ressonância série, a impedância atinge o seu valor
mínimo possível, correspondente apenas à parte real
(resistência);
◼ Para um dado valor da tensão aplicada ao circuito, a
corrente será máxima na freqüência de ressonância.

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Ressonância Série

◼ Na ressonância série, a associação LC atua como


um curto-circuito, de modo que a tensão está toda
em R;
◼ A tensão e a corrente estão em fase, de forma que
o fator de potência é unitário.

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Ressonância Série

◼ Embora as reatâncias indutiva e capacitiva se anulem na


ressonância, a tensão sobre cada um dos componentes RLC do
circuito não é nula;
◼ Na ressonância série, as tensões sobre o indutor e sobre o
capacitor são iguais em magnitude e defasadas de 180º.

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Ressonância Série

◼ Se VF é a tensão de entrada, a magnitude da corrente do


circuito é:
VF
IF =
(
R + L − 1
2
C
)
2

◼ O módulo da tensão na resistência é:


R
VR = RI F = VF
R + L − 1
2
( C
)
2

12
Ressonância Série

◼ A tensão no capacitor é:

1
VC = −
1
IF = C VF
C (
R 2 + L − 1
C )
2

◼ A tensão no indutor é:

L
VL = LI F = VF
(
R + L − 1
2
C
) 2

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Ressonância Série
⚫ A tensão VR sempre tem seu valor máximo na freqüência
ressonante;
⚫ As freqüências onde ocorrem as tensões máximas em L e C
dependem dos parâmetros RLC.

14
Ressonância Série
◼ Dependendo dos parâmetros do circuito RLC série, a
tensão máxima sobre o capacitor e o indutor pode ser
maior que a tensão da fonte;
◼ Esses componentes devem ser especificados para
suportar essa tensão.

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Exemplo 1 - Matlab

Gráfico das tensões

Dados:
◼ Vf = 12 V

◼ r = 100 

◼ l = 10e-3 H

◼ c = 100e-6 F

Saída:
◼ 0 = 1000 rad/s

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Exemplo 1 - Matlab

Gráfico da corrente

Dados:
◼ Vf = 12 V

◼ r = 100 

◼ l = 10e-3 H

◼ c = 100e-6 F

Saída:
◼ 0 = 1000 rad/s

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Exemplo 2 - Matlab

Gráfico das tensões

Dados:
◼ Vf = 12 V

◼ r = 120 

◼ l = 0.4 H

◼ c = 1e-7 F

Saída:
◼ 0 = 5000 rad/s

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Exemplo 2 - Matlab

Gráfico da corrente

Dados:
◼ Vf = 12 V

◼ r = 120 

◼ l = 0.4 H

◼ c = 1e-7 F

Saída:
◼ 0 = 5000 rad/s

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Exemplo 2
Sejam os seguintes valores para o circuito:
Vf = 12 V; R = 1,2 102 Ω; C = 1,0 10−7 F; L = 4,0 10−1 H
De acordo com a fórmula anterior, a freqüência de ressonância é: f ≈ 796 Hz e a
correspondente freqüência angular: ω = 5000 rad/s.

A corrente do circuito na ressonância é:


I = Vf /R = 12 / 1,2 102 = 0,1 A.

A tensão no capacitor é o produto corrente x impedância:


VC = I .Z = I .XC = I .(− 1/ωC) = − 10−1 / (5,0 x103 . 1,0 x10−7) = − 200 V.

Analogamente no indutor:
VL = I .Z = I .XL = I .ωL = 10−1 . 5,0 x103 . 4,0 x10−1 = 200 V.

As duas tensões são idênticas e, como estão defasadas entre si de 90º − (−90º) =
180º, anulam-se mutuamente.

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Fator Q em Circuitos RLC Série

◼ O fator de qualidade (ou fator Q) é definido


como:

máxima energia armazenada


Q = 2
energia dissipada por ciclo

◼ Comumente medido na ressonância.

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Fator Q em Circuitos RLC Série
◼ Na ressonância, indutor e capacitor trocam energia, assim, a
máxima energia pode ser medida tanto em um como em
outro componente, logo:
1 2 1 2
Emax = LI max = CVmax
2 2
◼ A energia perdida por ciclo é a potência média dissipada
multiplicada pela duração do período de cada ciclo. Ou seja:
 2π  2  
2
RI RMS  T = RI RMS
2
  = RI max  
ω  

em que IRMS = Imax /2

22
Fator Q em Circuitos RLC Série
◼ Usando a expressão de energia do indutor, temos:

2
LI max
2 L
Q = 2 = 2
RI max
2
2R

L 0 L X L
Q=  Q0 = =
R R R
◼ Analogamente aos cálculos acima, podemos chegar à expressão:

1 X
Q0 = = C
0 RC R Q é adimensional.

23
Fator Q em Circuitos RLC Série
◼ Substituindo:
0 = 2f 0
1
 f0 =
2 LC
◼ Temos: 2f 0 L 2L
Q0 = =
R 2R LC
L
L
=
R LC L

1 L
Q0 = Expressão de Q0 em função dos
R C parâmetros do circuito.

24
Fator Q em Circuitos RLC Série

◼ Q0 pode ser associado à tensão no capacitor ou no indutor


da seguinte forma:
◼ Na ressonância, a impedância total do circuito é R, assim,
aplicando a regra dos divisores de tensão no circuito, temos:

+ VC -

XC XC
VC =  Vi =  Vi
ZT R

VC, XC, ZT e Vi em módulo.

25
Fator Q em Circuitos RLC Série

◼ De forma que:

VC X C
= = Q0
Vi R

◼ Da mesma forma, pode-se chegar à expressão:

VL X L
= = Q0
Vi R

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Frequências de Meia Potência em
Circuitos RLC Série
◼ A potência média dissipada pelo circuito RLC série é:
1 2
P( ) = RI max
2
◼ O maior valor de P ocorre na ressonância, quando Imax =
Vmax /R, assim:

2
1 Vmax
P(0 ) =
2 R

27
Frequências de Meia Potência em
Circuitos RLC Série
◼ Na frequência de ressonância, a impedância total do
circuito é igual a R, ou seja, a saída máxima do circuito é
extraída em R na ressonância, quando a corrente é
máxima.

vsaída R
=
(
ventrada R + j L − 1
C
)

28
Frequências de Meia Potência em
Circuitos RLC Série
◼ Para certas freqüências, 1 e 2, o ganho de tensão é
0,707, ou seja:
Ventrada
Vsaída =
2
◼ Isso significa uma queda de corrente para 0,707 do seu
valor máximo.
◼ Nessas frequências, a potência dissipada é a metade do
valor máximo, isto é:

P( ) =
(
1 Ventrada 2
=
) 22
Ventrada
2 R 4R

29
Frequências de Meia Potência em
Circuitos RLC Série
◼ Usando o fato de que a queda na corrente para 0,707 Imax
significa um aumento na impedância de 1/0,707 = 2
vezes o valor na ressonância, que é R, as frequências de
meia potência são obtidas fazendo Z = 2 R, ou seja:

(
R + L − 1
2
C = 2R)2

30
Frequências de Meia Potência em
Circuitos RLC Série
◼ Resolvendo para , temos:

2
R  R  1
1 = − +   +
2L  2L  LC
2
R  R  1
2 = +   +
2L  2L  LC

31
Frequências de Meia Potência em
Circuitos RLC Série
◼ A frequência de ressonância relaciona-se com 1 e 2 por:

0 = 12

0 é a média geométrica de 1 e 2

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Ressonância Paralela

1 1 1
Y= + + j C =
R jL Z
1  1 
 Y = + j  C −  = G + jB
R  L 
Para B = 0, temos :
1
C =
Na ressonância paralela, a parte
imaginária da admitância é nula.
L
1
Assim: 0 =
LC

33
Ressonância Paralela

◼ Na ressonância paralela, a associação LC atua


como um circuito aberto, de modo que a corrente
flui através de R;
◼ As correntes no indutor e no capacitor podem ser
muito maiores do que a corrente da fonte na
ressonância.

34
Ressonância Paralela

Circuito Tanque
1 1 1 1
= + = j C +
Z ZC ZL jL
1  1 1   X L − XC 

= j −  = j  
Z  XC X L   X L XC 
X L XC
Z=−j
X L − XC
1 X L − XC
Y= = j
Z X L XC

35
Ressonância Paralela

◼ O circuito ressonante LC paralelo é comumente


chamado de circuito tanque;
◼ O termo tanque refere-se ao fato de que o circuito
ressonante paralelo armazena energia no campo
magnético da bobina e no campo elétrico do capacitor;
◼ A energia armazenada é transferida ciclicamente entre
capacitor e bobina a cada meio ciclo;
◼ Em um circuito tanque ideal a corrente total da fonte na
ressonância é nula porque a impedância é infinita.

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Fator Q em Circuitos RLC Paralelo

◼ A definição do fator Q é a mesma que para circuitos em


série, ou seja:

máxima energia armazenada


Q = 2
energia dissipada por ciclo

37
Fator Q em Circuitos RLC Paralelo

◼ Usando nos cálculos a energia armazenada no capacitor, temos:


v2
CR 2 I max
2

2 CR
Q = 2 = 2
RI max
2
2

Q = CR  Q0 = 0CR

◼ Analogamente aos cálculos acima, podemos chegar à expressão:


R
Q0 =
0 L

38
Fator Q em Circuitos RLC Paralelo

◼ Observe que os fatores Q em circuitos RLC


em paralelo são o inverso dos observados
nos circuitos RLC série.

39
Frequências de Meia Potência em
Circuitos RLC Paralelo
◼ Assim como foi visto para o circuito RLC série, na
frequência de ressonância, a admitância total do circuito
RLC paralelo é igual a 1/R, ou seja, a saída máxima do
circuito é extraída na resistência e a corrente é máxima.

1
I saída
( )
= R
I entrada 1 + j C − 1
R L

40
Frequências de Meia Potência em
Circuitos RLC Paralelo
◼ Usando o mesmo raciocínio anterior, as frequências de
meia potência são obtidas fazendo Y = 2 /R, ou seja, a
admitância do circuito aumenta em 2 quando a corrente
do circuito cai de um fator de 2 , ou seja:

( )
2
1 2 1
  + C − L = 2
1
R R

41
Frequências de Meia Potência em
Circuitos RLC Paralelo
◼ Resolvendo para , temos:

2
1  1  1
1 = − +   +
2 RC  2 RC  LC
2
1  1  1
2 = +   +
2 RC  2 RC  LC

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Largura de Faixa
◼ A faixa ou banda de passagem é uma importante característica
de um circuito ressonante;
◼ A banda de passagem é a faixa de freqüências para a qual a
resposta do circuito é igual ou maior que 70,7% de seu valor de
entrada.

43
Largura de Faixa

◼ Essas frequências em que a resposta do circuito é igual ou maior


que 70,7% são as frequências de meia potência;
◼ Assim, a largura de faixa de um circuito RLC, série ou paralelo, é:

 = 2 − 1
◼ Sendo, por exemplo:
2
R  R  1
1 = − +   +
2L  2L  LC
2
R  R  1
2 = +   +
2L  2L  LC
Verifiquem para o circuito
RLC paralelo!!
0
◼ Pode-se chegar à expressão:  =
Q

44
Notas
◼ A frequencia 0 também é denominada frequência de corte ou
frequência central, quando aplicada a um filtro;
◼ As frequencias 1 e 2 são chamadas de frequências de meia
potencia, frequências criticas, frequências de -3dB ou, ainda,
frequência de corte inferior e superior, respectivamente;
◼ A frequência central geralmente não é equidistante das duas
frequências de corte;
◼ Apenas em casos ideais (R muito pequeno) a freqüência
ressonante está centralizada e pode ser definida como:

1 + 2
0 =
2

45
Notas
◼ A expressão frequência de -3 dB vem da expressão:

 Psaida 
dB = 10 log  

 entrada 
P
◼ Psaida nas frequências 1 e 2 é a metade de Pentrada,
assim:

 1  Pentrada 
 2  1
dB = 10 log   = 10 log   = −3
 Pentrada  2
 

46
Notas

◼ O Decibel é uma medida logarítmica da relação entre


duas grandezas físicas de mesma natureza, sendo
adotado para expressar o ganho nas curvas de
resposta em freqüência de circuitos eletrônicos;
◼ Os logaritmos são usados para comprimir escalas
quando a faixa de variação de valor é muito ampla;
◼ O nome Decibel deriva do sobrenome de Alexander
Graham Bell.
◼ O Decibel (dB) equivale a um décimo de um Bel (B).

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Seletividade
◼ Um circuito seletivo restringe sua operação para uma
determinada faixa de freqüência, isto é:
◼ Transmite sinais de determinadas freqüências com maior
facilidade do que de outras freqüências;
◼ Elimina sinais de uma faixa de freqüência indesejada.

◼ Normalmente assume-se que um circuito ressonante aceita


freqüências dentro de sua banda de passagem e elimina
completamente as freqüências fora da banda;
◼ Na verdade, isso não acontece, uma vez que sinais com
freqüências fora da banda de passagem não são
completamente eliminados; suas magnitudes, entretanto, são
bastante reduzidas;
◼ Quanto mais distante a freqüência fora da banda estiver das
freqüências críticas, maior é a redução na magnitude do sinal.

48
Seletividade

49
Notas

◼ O fator de qualidade é uma medida da seletividade do circuito:

50
Notas

◼ Em algumas situações, a ressonância é inconveniente,


devendo, nesses casos, o fator Q ser pequeno;
◼ Um exemplo é quando o cone de um alto-falante
constitui um sistema ressonante.

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Circuitos Mistos RLC:
Ressonância

Circuitos Elétricos II
Professora: Andréa Araújo Sousa

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