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Aristóteles

Os primeiros passos da ciência

Tradução do trabalho de:

André Ross
Professeur de mathématiques
Cégep de Lévis-Lauzon
Elementos biográficos
Filófoso grego, nascido em Stagire, na Macedônia, em 384
antes de J.C. Entra na Academia de Platão em 367 e a
abandona na morte do Mestre.

Eles se torna preceptor de Alexandre em 343 na corte de


Felipe II da Macedônia. Após a morte de seu sobrinho
Calisteno por Alexandre, ele abandona a corte deste e volta a
Atenas. Decepcionado com as transformações da Academia,
ele funda sua própria escola « o Liceu », aonde ele ensina
durante 12 anos.

Com a morte de Alexandre em 323, um forte movimento


anti-macedônio se desenvolve em Atenas e Aristóteles se
refugia em Chalcis na Ebéia, aonde ele morre no ano
seguinte.
Carta da Grécia

Stagire na Macedônia
384 antes de J.-C.

Chalcis na Eubéia
322 antes de J.-C.
Tratados de Aristóteles
Os tratados que pode-se classificar de
« científicos » são os seguintes:

1. Os tratados de lógica ou Organon,


compreendendo:
a) As Categorias.
b) Os Analíticos.
c) Os Tópicos.
d) A Refutação dos sofistas.
Tratados de Aristóteles
2. Os tratados de física, compreendendo:
a) A Física (8 livros), tratando do movimento.
b) Da geração e da corrupção (2 livros), tratando
dos elementos e de suas transformações.
c) Do céu (5 livros), tratando da astronomia.
d) Os Meteorológicos (4 livros) tratando dos
fenômenos aéreos do mundo sublunar.
Tratados de Aristóteles
3. Os tratados de história natural, compreendendo:
a) A história dos animais (10 livros).
b) As partes dos animais (4 vol.).
c) A geração dos animais (5 vol.).
d) Da Alma.
e) Do movimento dos animais.
f) Pequenos tratados de história natural.
A física de Aristóteles
Uma substância primeira, sob a influência de quatro
elementos fundamentais, o quente, o frio, o seco e o úmido,
formam os quatro elementos de Empédocles: terra, água, ar
e fogo. Estes quatro elementos são todos aspectos da
substância primeira.

As quatro qualidades fundamentais agem sobre a substância


primeira por combinações não contrárias. Há portanto
quatro combinações possíveis dessas qualidades, o que
explica que há apenas quatro elementos. Eles são obtidos da
seguinte forma:
A física de Aristóteles
• A água é devida à ação do frio e do úmido sobre a
substância primeira.

• O ar provém da ação do quente e do úmido.

• A terra é devida à ação do frio e do seco.

• O fogo provém da ação do quente e do seco.

Os elementos podem se transformar um em outro, de


maneira cíclica (uma qualidade mudando a cada vez).
A física de Aristóteles
O esquema ao lado era
suposto descrever as
ligações entre os elementos
e as qualidades e explicar
as transformações de um
elemento em outro.
A física de Aristóteles
Pode-se igualmente combinar os quatro elementos
fundamentais de três formas diferentes:

Synthesis: mistura mecânica como a mistura da farinha e


do açúcar.

• Mixis: o análogo de nossas combinações químicas, como a


mistura da farinha com a água.

• Krasis: o análogo de nossas soluções químicas, como a


mistura do açúcar com a água.

Um quinto elemento (quintessência ou éter) se encontra no


mundo celeste. Na teoria de Platão, ele corresponde ao
dodecaedro.
Cosmogonia de Aristóteles
Segundo Aristóteles, o universo é constituído de esferas
concêntricas e dividido em duas partes:
O mundo supra-lunar
• Imutável e perfeito, nenhuma mudança, nenhuma
alteração.
• Lugar dos movimentos naturais, necessariamente
circulares uma vez que infinitos.
• Os planetas, o Sol e a Lua estão sobre esferas que
giram em torno da Terra.
• Os corpos celestes são perfeitos, sendo portanto
esferas lisas.
• As estrelas estão fixadas sobre uma esfera que gira em
torno da Terra e leva as esferas dos planetas no seu
movimento.
• Para além da esfera dos fixos, é o nada. Não há nem
mesmo o espaço.
Cosmogonia de Aristóteles
Segundo Aristóteles, o universo é constituído de esferas
concêntricas e dividido em duas partes:

Mundo sublunar
O mundo sublunar é dividido em quatro esferas
concêntricas, cada uma destas sendo o lugar natural de um
dos quatro elementos fundamentais:
• terra,
• água,
• ar,
• fogo.
A Terra está imóvel no centro do universo já que não a
sentimos movimentar-se.
Cosmogonia de Aristóteles
Segundo Aristóteles, o universo é constituído de esferas
homo-cêntricas, das quais o centro é a Terra.
Cosmogonia de Aristóteles
As ilustrações que são
mais encontradas do
universo de Aristóteles
são bidimensionais, como
esta ao lado.
O movimento
Em Aristóteles, a noção de movimento ou kinesis
engloba todo tipo de mudança:

• alteração da substância de um objeto (apodrecimento);

• dilatação e contração;

• mudança de qualidade fundamental (por exemplo, o


quente pelo frio e o seco pelo úmido);

• deslocamento, ou phora.
O movimento
Entre esses tipos de movimento, o mundo celeste, que por
sua vez é imutável e perfeito, conhece apenas o último tipo
de movimento. Além disso, este é necessariamente circular
posto que é infinito. O mundo supra-lunar conhece apenas o
movimento circular uniforme.

O mundo sublunar, por sua vez, é o lugar dos movimentos


naturais e de movimentos violentos.

A queda de um corpo é um movimento natural.

O movimento violento é aquele cuja causa não é natural,


por exemplo, o movimento de uma pedra que é jogada, o
movimento de uma flecha, de um dardo.
O movimento
Causa do movimento natural
Cada corpo do mundo sublunar é constituído dos quatro
elementos em proporções variáveis. As características do
corpo dependem destas proporções.

Deixado a si mesmo, cada corpo tende a ocupar o lugar


natural de seu elemento dominante. Esta tendência será
maior na medida da influência que tenha a proporção de seu
elemento dominante.

Quanto mais pesado é um corpo (ou seja, comporta uma


grande proporção do elemento terra) mais rapidamente ele
tombará. Os corpos pesados são chamados de graves, de
onde vem a palavra gravidade.
O movimento
Causa do movimento natural
Um corpo comportando uma grande proporção do elemento
fogo se comportará de forma a se elevar rapidamente
(fumaça).
O meio oferece uma resistência ao movimento e a
velocidade é a relação do peso dividido pela resistência do
meio.

Observação:
Esta explicação do movimento não leva em consideração a
aceleração de um corpo na sua queda.
Impossibilidade da existência do vazio
No universo fechado de Aristóteles, o vazio é impossível.
Ele utiliza raciocínios pelo absurdo para demonstrar essa
impossibilidade. Eis aqui esses raciocínios:

Se o vazio existisse, ele não ofereceria nenhuma


resistência ao deslocamento dos corpos, o que os faria se
movimentar a uma velocidade infinita, o que é impossível de
conceber. O vazio é portanto impossível.

Em um espaço vazio, não haveria de meio resistente e o


espaço agiria de forma igual em todas as direções. Um
corpo tenderia então a se deslocar em todas as direções ao
mesmo tempo, o que é impossível de conceber. O vazio é
portanto impossível.
Impossibilidade da existência do vazio
Em um espaço cheio de matéria, a velocidade à qual um
corpo tomba é diretamente proporcional a seu peso. O
corpo pesado tomba mais rapidamente que o corpo leve pois
ele atravessa mais facilmente o meio que lhe resiste. Em
consequência, segundo Aristóteles, corpos de peso
diferente deveriam cair com velocidades iguais no vazio. O
que é impossível, já que um corpo cai a uma velocidade
proporcional a seu peso. O vazio é portanto impossível.

Comentário:
Galileu aceitará a existência do vazio de um ponto de vista
teórico e, em sua teoria do movimento, considerará que
corpos de pesos diferentes devem cair com velocidades
iguais no vazio.
Impossibilidade da existência do vazio
O movimento de um corpo em um espaço vazio, homogêneo e
ilimitado não teria nenhuma razão de parar, uma vez que o
meio não poderia resistir ao seu deslocamento. Um tal
corpo estaria então parado para sempre ou então ele se
deslocaria perpetuamente, o que é inconcebível. O vazio não
pode portanto existir.

Observação:
É importante assinalar que o princípio moderno de inércia
significa que um corpo em repouso ou em movimento
retilíneo uniforme conserva seu estado de repouso ou de
movimento enquanto que uma força exterior não venha
modificar este estado.
Conclusão
Para Aristóteles, a « física » é o estudo qualitativo dos
fenômenos naturais sem ajuda das matemáticas. Ele não se
interessa então à medida das variáveis dos fenômenos
físicos.

Sua visão do mundo é o fruto de uma mistura de


observações, de senso comum e de especulação. Aristóteles
procedeu a observações metódicas e ele fez prova de um
senso crítico elevado. Ele não teve entretanto recurso à
experimentação para validar suas teorias.

Ele teve o cuidado de assegurar que o conjunto de


explicações que ele dava dos fenômenos formasse um todo
coerente. Com esta finalidade, ele definiu e utilizou as
regras da lógica dedutiva, dentre elas o raciocínio pelo
absurdo.
Fin

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