VICE-REITOR
José Daniel Diniz Melo
CONSELHO EDITORIAL
Luis Álvaro Sgadari Passeggi (Presidente) Katia Aily Franco de Camargo
Alexandre Reche e Silva Luciene da Silva Santos
Amanda Duarte Gondim Magnólia Fernandes Florêncio
Ana Karla Pessoa Peixoto Bezerra Márcia Maria de Cruz Castro
Anna Cecília Queiroz de Medeiros Márcio Zikan Cardoso
Anna Emanuella Nelson dos Santos Cavalcanti da Rocha Marcos Aurelio Felipe
Arrilton Araujo de Souza Maria de Jesus Goncalves
Cândida de Souza Maria Jalila Vieira de Figueiredo Leite
Carolina Todesco Marta Maria de Araújo
Christianne Medeiros Cavalcante Mauricio Roberto C. de Macedo
Daniel Nelson Maciel Paulo Ricardo Porfírio do Nascimento
Eduardo Jose Sande e Oliveira dos Santos Souza Paulo Roberto Medeiros de Azevedo
Euzébia Maria de Pontes Targino Muniz Richardson Naves Leão
Francisco Dutra de Macedo Filho Roberval Edson Pinheiro de Lima
Francisco Welson Lima da Silva Samuel Anderson de Oliveira Lima
Francisco Wildson Confessor Sebastião Faustino Pereira Filho
Gilberto Corso Sérgio Ricardo Fernandes de Araújo
Glória Regina de Góis Monteiro Sibele Berenice Castella Pergher
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Izabel Augusta Hazin Pires Tercia Maria Souza de Moura Marques
Jorge Tarcísio da Rocha Falcão Tiago Rocha Pinto
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Kamyla Álvares Pinto
EDITORAÇÃO
Kamyla Álvares (Editora)
Isabelly Araújo (Colaboradora)
Suewellyn Cassimiro (Colaboradora)
REVISÃO
Wildson Confessor (Coordenador)
Renata Coutinho (Colaboradora)
DESIGN EDITORIAL
Sílvio Guedes (Capa)
Karina Vizeu Winkaler | Tikinet (Miolo)
Ademir Araújo da Costa
Edna Maria Furtado
Organizadores
Natal, 2019
Coordenadoria de Processos Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente / Ademir Araújo da Costa, Edna
Maria Furtado, organizadores. – Natal, RN : EDUFRN, 2019.
265 p. : il., PDF ; 24,7 Mb.
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Planejamento estratégico e
benchmarking: Montevidéu
na competição urbana
Eugênio Ribeiro Silva1
Introdução
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Planejamento estratégico e benchmarking:
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Planejamento estratégico e benchmarking:
Montevidéu na competição urbana
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
O caso de Montevidéu
No âmbito da difusão do planejamento estratégico de
cidades por parte de empresas de consultorias que faziam alusão
ao sucesso de Barcelona, cidades da América Latina aderiram
ao “novo modelo” de planejamento urbano. Aspectos como
descentralização dos Estados, aumento da legitimidade e poder
de decisão dos governos locais, abertura econômica, fomento
de parcerias do setor público com o setor privado, entre outros,
estavam na esteira das discussões do planejamento urbano
latino-americano.
Desse modo, as grandes cidades latino-americanas emergem, na
década de 90, como atores políticos e econômicos. A consolida-
ção deste novo papel dependerá da possibilidade de estímulo de
grandes projetos de cidade que contem com uma participação
ativa dos principais agentes públicos e privados e conquistem
um amplo consenso público (CASTELLS; BORJA, 1996, p. 154).
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Planejamento estratégico e benchmarking:
Montevidéu na competição urbana
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Planejamento estratégico e benchmarking:
Montevidéu na competição urbana
Considerações finais
O que se tem chamado de “via montevideana de pla-
nejamento estratégico urbano” não passa do mesmo modelo
adotado em várias municipalidades do mundo inteiro, seguindo
o Consenso de Washington e suas diretrizes. A adesão ao modelo
do planejamento estratégico de cidades apresenta as caracte-
rísticas similares ao que vem ocorrendo no mesmo período,
por exemplo, no Rio de Janeiro.
É inegável a importância que o turismo adquiriu na
cidade uruguaia, como em tantas partes do mundo, devido à
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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Planejamento estratégico e benchmarking:
Montevidéu na competição urbana
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As centrais de abastecimento
alimentar e a reestruturação do
território: o caso da Ceasa-RN
Thiago Augusto Nogueira de Queiroz1
Introdução
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
O caso da Ceasa-RN
A Central de Abastecimento S.A. do Rio Grande do Norte
(Ceasa-RN) foi instalada em 1975, com o objetivo de abastecer,
de forma atacadista, os supermercados e hipermercados e,
consequentemente, as feiras livres e os mercados públicos. A
Ceasa-RN é formada por apenas um entreposto, localizado em
Natal, que foi criado pelo Governo Federal, dentro do Segundo
Plano Nacional de Desenvolvimento, no período da Ditadura
Militar no Brasil, sendo mais um elemento da reestruturação
do território.
Em 1988, essa central de abastecimento teve seu con-
trole acionário transferido do Governo Federal para o Governo
Estadual do Rio Grande do Norte, vinculada à Secretaria de
Agricultura, Pecuária e Pesca (Sape), passando por essa rees-
truturação institucional. Isso ocorreu no momento de descen-
tralização da gestão das centrais de abastecimento no Brasil,
com influência do pensamento neoliberal, no final da década
de 1980.
Outro fator importante para que não ocorresse a privati-
zação das Ceasas, e apenas a descentralização de sua gestão, foi
a importância político-partidária das centrais de abastecimento,
na medida em que os cargos administrativos, principalmente da
diretoria, tornaram-se moedas de trocas eleitorais. Isso pode ser
observado na lista dos presidentes da Ceasa-RN, que exerceram
cargos políticos como secretários municipais ou estaduais,
vereadores, deputados e até senadores. Outros eram filhos ou
irmãos de políticos. Muitos deles também eram agropecuaristas
ou associados à indústria de lacticínios. Entretanto alguns são
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Considerações finais
O objetivo do capítulo, de mostrar a função das centrais
de abastecimento alimentar na reestruturação do território, foi
atingido. Tal feito foi possível na medida em que se demonstrou a
reestruturação do território provocada pela criação e expansão
das centrais de abastecimento alimentar, pelo Governo Federal,
na década de 1970 e no início da década de 1980. Também foi
mostrado que a reestruturação política do Estado brasileiro
provocou uma reestruturação institucional das Ceasas, que tive-
ram seus controles acionários transferidos do Governo Federal
para os governos estaduais e municipais. Enfim, evidenciou-se a
reestruturação técnica das centrais de abastecimento alimentar,
a partir do Prohot, que também provocou uma reestruturação
do território com a expansão do número de entrepostos das
Ceasas em todo Brasil. Essa nova dinâmica territorial, provocada
pelos entrepostos de abastecimento no início do século XXI, está
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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Viagens à natureza:
um olhar sobre o turismo
em unidades de conservação
Márcio Balbino Cavalcante1
Edna Maria Furtado2
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Paisagem do Parque
As diferentes abordagens sobre paisagem apontam para
a compreensão de que ela se constitui como a porção visível do
espaço geográfico, sendo então a primeira instância do contato
do turista com o lugar a ser visitado, e está no centro do eixo
de atratividades desse lugar, sejam elas sociais, ambientais,
culturais, políticas, etc. Ela constitui-se, assim, como um dos
elementos mais importantes da atratividade nos locais turís-
ticos, pois um não se desvincula do outro, sendo diretamente
relacionados entre si. Para Yázigi (2002, p. 109):
A paisagem, indesvinculável da ideia de espaço, é constante-
mente refeita de acordo com os padrões locais de produção
da sociedade, da cultura, com os fatores geográficos e tem
importante papel no direcionamento turístico. O turismo
depende da visão.
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Turismo ecológico
Segundo Beni (2007), o turismo ecológico consiste no
deslocamento de pessoas para ambientes naturais, com ou
sem equipamentos receptivos, motivadas pelo desejo e pela
necessidade de fruição da natureza, observação passiva da
flora, da fauna, da paisagem e dos aspectos cênicos do entorno.
Para Ruschmann (2005), o turismo ecológico pode ser
entendido como uma forma de viajar que tem como princípios
básicos o compromisso com a proteção da natureza e com a
responsabilidade social dos turistas para com o espaço visitado.
Para a autora, o conceito de turismo ecológico transcende a ideia
daquele turismo baseado apenas nas atividades praticadas e
nas necessidades do turista. De acordo com Ruschmann (2005),
o conceito de turismo ecológico assume um caráter ideológico
de cunho preservacionista, tanto ambiental quanto social.
Nesses casos, ainda que haja preocupação com a educação e a
conscientização ambiental, a característica mais marcante é
a flexibilização ou inexistência de restrições rígidas e limites
à utilização do espaço visitado.
Existe certa confusão quanto à definição de turismo eco-
lógico e ecoturismo nos trabalhos científicos, uma vez que, por
estarem ligados a práticas turísticas em áreas naturais, são tidos
como sinônimos. Beni (2007) afirma que, no Brasil, o ecoturismo,
além de ser comumente confundido com o turismo ecológico,
está até o momento circunscrito a poucos casos, levando em
conta que as nossas áreas de conservação e proteção ambiental
não dispõem de uma política integrada e de um planejamento
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um olhar sobre o turismo em unidades de conservação
Turismo de aventura
Outro segmento turístico de natureza presente na área
de estudo é o turismo de aventura. Considerado por Fennell
(2002) como “o primo do ecoturismo”, o turismo de aventura
possui várias definições que convergem em um mesmo ponto:
a busca incessante pelo desconhecido, pelo desafio físico e
emocional, englobando atividades que requerem treinamento
prévio e monitoramento constante.
Para Beni (2007), o turismo de aventura consiste no deslo-
camento de pessoas para espaços naturais, podendo contar ou
não com o amparo de roteiros programados e de equipamen-
tos receptivos. A motivação para a prática de tal modalidade
turística está centrada na atração exercida pelo desconhecido
e na ânsia de enfrentar situações de desafio físico e emocional.
O turismo de aventura é uma modalidade turística
que promove a prática de atividades de aventura e esporte
recreacional ao ar livre, envolvendo emoções e riscos contro-
lados e exigindo o uso de técnicas e equipamentos específicos,
a adoção de procedimentos para garantir segurança pessoal
e de terceiros e o respeito ao patrimônio ambiental e socio-
cultural (BRASIL, 2001, p. 9).
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Turismo religioso
Para Andrade (2008, p. 77), o turismo religioso é entendido
como:
O conjunto de atividades com utilização parcial ou total
de equipamentos e a realização de visitas a receptivos que
expressam sentimentos místicos ou suscitam a fé, a esperança
e a caridade aos crentes ou pessoas vinculadas a religiões
(ANDRADE, 2008, p. 77).
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um olhar sobre o turismo em unidades de conservação
Turismo educacional
Segundo Beni (2007) o turismo educacional é uma moda-
lidade de turismo que remete às viagens de caráter cultu-
ral, realizadas com o acompanhamento de professores com
programas de aula já estruturados. Essa atividade consiste
basicamente em visitas que promovam o desenvolvimento
educacional dos estudantes.
Conforme o autor, esse conceito se estende também às via-
gens nacionais e regionais que tenham como objetivo principal
o estudo de ecossistemas e demais aspectos do meio ambiente.
Para Zimmermann (2005), esse é um segmento do turismo
que está baseado em programas e atividades que tencionam o
aprendizado, o treinamento ou a ampliação de conhecimentos
por meio de atividades realizadas in loco. Acrescenta que as
atividades inseridas no turismo educacional estão vinculadas
principalmente às áreas da antropologia, botânica, culinária,
dos idiomas, da fotografia, zoologia, entre outras. Ele enfatiza
ainda que essas viagens mobilizam estudantes e professores e
nos fazem interagir com os profissionais locais.
Por sua vez, Cunha et al. (2003) caracterizam o turismo
educacional como sendo viagens de estudo, que venham a se
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Considerações finais
A problemática das Unidades de Conservação e das ati-
vidades nelas desenvolvidas, em especial o ecoturismo, está
longe de se resumir à definição e institucionalização de áreas
e biomas a serem protegidos. É visível que tais etapas não são
suficientes para garantir a preservação e/ou o manejo susten-
tado dos diversos ecossistemas, que, para serem alcançados,
dependem de políticas públicas efetivas.
De acordo com as informações e os dados coletados
durante o desenvolvimento da presente pesquisa, é possível
inferir que o Parque Estadual da Pedra da Boca (PEPB) é formado
por complexo rochoso de grande beleza cênica, abriga espécies
da fauna e da flora endêmicas do bioma caatinga, e possui um
cenário com importante valor histórico-cultural, com pinturas
rupestres existentes nas formações rochosas.
O Parque tem potencial para a prática de modalidades
turísticas como o turismo ecológico, de aventura, religioso e edu-
cacional, segmentos que crescem a cada ano na área em estudo.
Entretanto a visitação em áreas naturais, como qual-
quer outra atuação humana no espaço geográfico, ocasiona
alguns efeitos que são intrínsecos ao desenvolvimento da ati-
vidade. Como o impacto nulo é praticamente impossível de ser
alcançado, o que se deve buscar é a minimização dos impactos
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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A cartografia dos insumos
que sustentam o turismo
na cidade de Natal-RN1
Edna Maria Furtado2
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O turismo na vitrine do circuito
superior e o circuito inferior
do outro lado da vitrine
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
5 Sobre esse tema, ver a tese de Rita Ariza Cruz: Políticas de Turismo e
(re)ordenamento de territórios no litoral do Nordeste do Brasil, que discute
a implementação dos megaprojetos no litoral nordestino, fazendo
uma análise minuciosa das políticas públicas que possibilitaram essa
configuração territorial.
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
De 1 a 5 funcionários 22
De 6 a 10 funcionários 4
Mais de 10 funcionários 5
Total 96
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O turismo na vitrine do circuito superior e o circuito inferior do outro lado da vitrine
Considerações finais
A década de 1990 marca o início da reestruturação pro-
dutiva do Rio Grande Norte. Entre os setores de inovação eco-
nômica, destaca-se a inserção de sua capital na rota do turismo
internacional, desencadeando o processo de urbanização de
Natal para atender às novas demandas de uso do território,
resultando em áreas com configurações territoriais específicas
para esse setor da economia.
Esse processo de transformação urbana de Natal é iden-
tificado por Furtado (2005), por meio da onda do turismo na
cidade do sol, podendo ser compreendida a partir de três eixos,
sendo destacado aqui somente o primeiro: a “vitrine do turismo”,
concentrado entre a Via Costeira e a porção da Av. Engenheiro
Roberto Freire que conecta aquela via com a praia de Ponta
Negra e os grandes empreendimentos turísticos com serviços
de hospedagem, alimentação e lazer.
Esses processos de urbanização são resultantes do desdo-
bramento dos investimentos do Prodetur/NE na capital potiguar
que, além de investir na infraestrutura da cidade para mate-
rializar o setor, também contribuiu para a espacialização do
circuito superior e inferior do turismo no estado.
133
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
134
O turismo na vitrine do circuito superior e o circuito inferior do outro lado da vitrine
Referências
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– Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2005.
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3. ed. São Paulo: Hucitec, 2002. 36-45 p.
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Relatório de Avaliação de Programa:
Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste. Brasília, 2004.
135
Arituba, Boágua e Carcará
(Nísia Floresta-RN) na rota do
turismo potiguar: uma leitura sobre
o processo de produção do espaço
Alian Paiva de Arruda1
Edna Maria Furtado2
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Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
137
Foram entrevistados representantes do poder público
municipal (Secretaria de Turismo e Meio Ambiente, Secretaria
de Tributação); representantes do Sindicato dos Bugueiros
Profissionais do Rio Grande do Norte (SINDBUGGY); empresários
de transporte rodoviário e motoristas de ônibus fretados; além
de comerciantes locais.
Os comerciantes locais entrevistados foram aqueles
que tinham maior tempo de trabalho nas lagoas, desde os
anos de 1980, visando perceber como eles vivenciaram e,
também, participaram do processo de turistificação das lagoas
(etapa do trabalho de campo realizada nos meses de janeiro
e fevereiro de 2010, período de alta estação para a atividade
turística potiguar).
Indispensável, também, foi compreender a importância
da prática social do excursionismo nas lagoas Arituba, Boágua
e Carcará, entendida aqui como o “turismo das massas”3, um
fenômeno social que ocorre num espaço que vem sendo produ-
zido para atender aos interesses dos proprietários das segun-
das-residências e do turismo de massa (Mapa 1).
Assim, junto aos excursionistas, turistas de um dia, pes-
soas que frequentam as lagoas por meio de excursões, foram
aplicados 74 questionários nas três lagoas em estudo, em dias
de domingo e feriado, em uma amostragem qualitativa que
visou atingir um maior número de entrevistados por local de
origem da excursão.
Foram entrevistados, também, organizadores de excursão,
oriundos de João Pessoa (PB) e de outros municípios do Rio
Grande do Norte, como Brejinho, Goianinha, Macaíba, Monte
Alegre e Natal.
Os dados resultantes dos questionários e das entrevis-
tas realizados em toda a área da pesquisa foram trabalhados
3 Para conhecer mais sobre esse assunto, ver Arruda e Furtado (2012).
138
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
Fonte: Prodetur-2006/CPRM-2006
139
implantação de infraestrutura urbana necessária ao desenvol-
vimento da atividade turística nas lagoas; e, por fim, analisa-se
a apropriação do espaço por agentes de mercado, turistas e
poder público local.
140
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
141
um caráter doméstico e artesanal, a exemplo do que acontece
nas lagoas em estudo, no turismo desenvolvido pelas massas,
de forma espontânea, por excursionistas.
Cruz (1999), por sua vez, entende que o turismo, antes
de qualquer coisa, é uma prática social que tem no espaço seu
principal objeto de consumo. Uma atividade moderna que
transforma o espaço em mercadoria, inserindo-o no circuito
da troca. No seu entender,
O consumo do espaço pelo turismo é intermediado pelos
sistemas de objetos e de ações que, numa relação dialética,
formam o espaço. Esse consumo se dá através do consumo de
um conjunto de serviços, que dá suporte ao fazer turístico
(CRUZ, 1999, p. 14).
142
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
143
Para tanto, utilizou-se de um breve resgate histórico,
sem dissociar o espaço e o tempo, contextualizando a área da
pesquisa como parte integrante do território nordestino, do
município de Nísia Floresta, e a partir de seu papel no turismo
potiguar, ou seja, uma análise que enfoca a participação da
atividade turística no processo de produção do espaço a partir
de diferentes dimensões espaciais.
Com base nestas reflexões, optou-se por estudar o espaço
em sua totalidade, visando compreender o seu processo da
produção por meio das ações dos diversos agentes que possuem
uma interface direta com a atividade turística observada nas
lagoas de Arituba, Boágua e Carcará.
144
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
145
normatizador e provedor de infraestrutura para a condução
de um processo de adequação de territórios nordestinos para
um uso turístico maciço e internacionalizado.
Ainda segundo Cruz (2007), assistiu-se, nesse período, à
consagração do neoliberalismo como paradigma econômico e
político, bem como à transição de um Estado interventor para
um Estado parceiro do Mercado, o que se refletiu no turismo,
na forma de políticas públicas comprometidas com a produção
e reprodução do capital.
Esse processo de criação de um novo sistema de obje-
tos e ações para o desenvolvimento da atividade econômica
do turismo se consolida por meio de um programa federal e
conta com forte atuação dos governos dos estados nordestinos:
o Programa de Ação para Desenvolvimento do Turismo no
Nordeste (Prodetur/NE) com ênfase para o turismo baseado no
sol, na praia, no mar, no entretenimento e no lazer.
Esse programa é implantado após dez anos do PD/VC,
em meados da década de 1990, o qual, segundo Fonseca (2005),
promoveu um novo impulso ao turismo potiguar, inseriu de
modo mais efetivo o estado no fluxo turístico internacional e
atraiu investimentos turísticos de cadeias internacionais.
Para Cruz (2007), trata-se de uma política voltada para a
produção do espaço destinado ao turismo, sobretudo litorâneo,
por intermédio da qual vem sendo criado e recriado um sistema
de objetos para um turismo maciço e internacionalizado. As
ações promovem melhorias nas condições de fluidez do terri-
tório (ampliação e modernização de aeroportos, recuperação e
construção de estradas etc.), além de investimentos em gestão
e promoção da atividade (capacitação profissional, marketing).
Segundo Fonseca (2005), os investimentos realizados na
primeira fase desse programa (1996-2001), no Rio Grande do
Norte, destinaram-se ao desenvolvimento institucional, ao
Aeroporto Internacional Augusto Severo e a obras múltiplas
146
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
147
deverão aumentar o fluxo de pessoas e a exploração do potencial
paisagístico das lagoas.
Os referidos trechos, apesar de ainda serem de estradas
carroçáveis, já possibilitam diversos fluxos de pessoas por meio
de passeios de buggy; por veículos particulares daqueles que se
destinam às segundas residências no entorno de lagoas como
Boágua e Carcará; por ônibus de excursão ou pelos que desen-
volvem atividades esportivas ou de lazer (trilhas, caminhadas,
esporte de aventura, cavalgadas, motocross), além de servirem
como vias de acesso para a comunidade nativa.
A respeito da implementação de obras voltadas para
aumentar a fluidez do território, Cruz (2007) entende que tal
projeto corresponde a um tipo de ação estratégica emanada do
Estado, na escala federal ou estadual, no sentido de desenvol-
ver o turismo, tendo como objetivo maior tornar o território
atrativo para o capital privado. Logo, pensando desse modo,
pode-se inferir que a realização das obras que configuram o
“Circuito das Lagoas” resultará em novas transformações no
uso do território (caso sejam executadas).
Pelo exposto, pode-se dizer que a inserção de Arituba,
Boágua e Carcará na rota do turismo potiguar está diretamente
ligada às políticas públicas de infraestrutura urbana para o
desenvolvimento do turismo na porção sul do litoral oriental
potiguar. E, nesse contexto, as rodovias BR-101 e a Rota do
Sol-RN-0634 assumem a função de permitir fluxos de pessoas,
de mercadorias, de informação e de capital, contemplando
148
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
149
Na década de 1980, essa rodovia passa a ter relevância
para a atividade turística, com a construção do trecho Pirangi
do Sul-Búzios-Tabatinga, obra realizada entre 1983-1986, durante
o governo estadual de José Agripino Maia. A partir dessa obra,
o fluxo de pessoas aumenta nessa parte sul do litoral oriental
potiguar, cuja paisagem passa a ser marcada pela construção
das segundas residências. A Fotografia 3 ilustra de modo parcial
a praia de Búzios e o principal trecho viário de acesso ao sul do
litoral oriental potiguar: RN-063.
150
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
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uma nova demanda turística na qual os excursionistas estão
inseridos. Esse momento será discutido no tópico que segue.
152
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
153
Esse período também é relatado por um dos bugueiros
entrevistados, quando diz: “O que mais agradava aos turistas
que visitavam estas lagoas era a paisagem natural, o banho em
águas claras, a mata virgem, andar entre dunas [...] e depois
voltar para o hotel onde estavam hospedados”. O passeio entre
as lagoas, denominado pelos bugueiros “Passeio das Águas” ou
“Roteiro Doce”, ainda é realizado e a clientela são os turistas que
se hospedam em qualquer um dos polos turísticos do estado:
Natal e Tibau do Sul.
Com base nos dados desta pesquisa, pode-se dizer que
os bugueiros tiveram papel relevante na transformação das
lagoas como destinos turísticos, uma vez que estabeleceram
um fluxo contínuo de turistas desde os anos de 1990. Para um
membro da categoria que foi entrevistado, “foram os bugueiros
que descobriram as lagoas de Nísia Floresta”, pois só mediante o
buggy, veículo adequado para trafegar em dunas e em estradas
carroçáveis, seria possível explorar o “Roteiro Doce”.
Fonseca (2005), em seu estudo sobre competitividade
turística, reconhece que as lagoas estão entre os atrativos
turísticos mais visitados do município de Nísia Floresta5. Para
a então Secretária Municipal de Turismo e Meio Ambiente de
Nísia Floresta, Solange Portela, o que ocorre nesse município
é o “turismo de passagem”, no qual as lagoas são mais uma
opção de lazer aos que visitam o destino Natal, chegando a elas,
principalmente, pela Rota do Sol.
Furtado e Melo (2001) defendem como turismo de passa-
gem o fluxo de pessoas que circulam e consomem mercadorias
e serviços, sem que haja permanência significativa, ou seja,
o número de pessoas que passa é maior do que o número de
pessoas que fica.
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Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
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de 24 comerciantes que atuam na área das lagoas, alguns na
prestação de serviço de alimentação (bar, restaurante) e outros
na área de entretenimento (parque aquático e/ou casa de show).
156
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uma leitura sobre o processo de produção do espaço
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Fotografias 7, 8 e 9 (ordem) – Vista parcial das
instalações físicas dos estabelecimentos comerciais,
em Arituba (7), Boágua (8) e Carcará (9), ano 2010.
158
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
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turismo, bugueiros profissionais e amadores, em carro pró-
prio ou em excursões. Sobre essa clientela, é válida uma breve
caracterização:
• Os turistas de origem nacional e estrangeira são os clientes
“preferidos” entre os comerciantes entrevistados. Eles
frequentam as lagoas há cerca de 20 anos, com maior
intensidade entre os meses de alta estação (outubro a
março). Quanto aos dias da semana mais frequentados
por esses turistas, diferem em relação a cada lagoa. A
visitação ocorre de domingo a domingo, nas Lagoas de
Arituba e Carcará; enquanto em Boágua, eles só passam
nos dias de semana, pois, segundo um dos bugueiros
entrevistados, “O domingo é o dia do povão”, referindo-se
à presença dos “farofeiros”. Para esse entrevistado, “O
domingo devia ser feriado pro bugueiro, é bêbado em
todo canto!”. Esse depoimento representa, sobretudo,
o incômodo gerado pelos excursionistas nessas lagoas.
• Outra parte da clientela turística refere-se aos visitantes
que chegam em excursão ou em carro próprio, oriundos
de municípios vizinhos, ou mesmo de outros estados,
como Paraíba e Pernambuco. É importante destacar que
esses fluxos são viabilizados pela curta distância (menos
de uma hora) entre as lagoas e os municípios, como São
José de Mipibu, Arez, Canguaretama e da capital Natal.
A demanda caracterizada pelo excursionista, aqui enten-
dida como o turismo das massas, é comum nas lagoas desde
os primeiros anos da década de 1990, como foi constatado
na pesquisa e reforçado no relato de Seu José6, excursionista,
frequentador das lagoas em estudo, que revela: “A primeira vez
que vim aqui faz mais de 15 anos”.
160
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
161
Um argumento que, de certa forma, esclarece o grau de
descaso com as lagoas é o fato de que o município desenvolve suas
atividades com um reduzido quadro técnico em sua estrutura
administrativa e não possui um plano de ação, em nível local,
para o desenvolvimento da atividade turística.
162
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
Considerações finais
Realizada a leitura sobre o processo de produção do
espaço, tendo como recorte espacial de pesquisa as lagoas
de Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN), inseridas
na rota do turismo potiguar, pode-se observar que o Estado,
os agentes de mercado, os turistas e a sociedade local são os
agentes sociais responsáveis pelo processo de turistificação
das lagoas em estudo.
Nesse processo, identificaram-se alguns fixos que propi-
ciaram diferentes fluxos de pessoas e de mercadorias, como a
RN-063, denominada Rota do Sol, que passou a funcionar como
um corredor turístico, possibilitando a inclusão das referidas
lagoas na atividade econômica do turismo. O que nos permite
afirmar que, ao longo do processo de implantação dessa infra-
estrutura, o espaço passou por uma ressignificação das suas
formas, de acordo com as diretrizes do mercado e da estrutura
produtiva vigente desde a década de 1980.
O Estado age nesse processo de modo variado: às vezes,
funciona como um grande agente modificador do espaço, assu-
mindo o papel de provedor das políticas públicas; e, em outros
momentos, omite-se da sua função de ordenar o uso do espaço
para que este seja mais justo, menos desigual e com menores
conflitos, mostrando-se incapaz de garantir qualidade mínima
de acesso aos diversos turistas ou à coleta indispensável do lixo
produzido pela própria atividade turística.
É possível inferir que, apesar da negligência do poder
público local com a atividade turística desenvolvida nas lagoas,
estas são apropriadas por diversos agentes de mercado e turistas,
os quais possuem intencionalidades distintas, sejam elas volta-
das para a reprodução capitalista ou para o desfrute do lazer.
Nesse contexto, a intervenção do mercado e o consumo do
espaço apresentam-se por meio dos loteamentos de terras que
serviram à construção das segundas residências, dos serviços
163
de alimentação e entretenimento oferecidos aos vários turistas,
dos ônibus fretados pelos excursionistas, da construção da
infraestrutura disponível ou do comércio ambulante presente.
Independentemente da intensidade, o mercado está presente
nesse processo, visando a obtenção do lucro e a reprodução
do capital.
A atividade turística, por sua vez, se caracteriza pela
diversidade. As diferenças estão relacionadas à origem e ao
poder de consumo dos turistas, do turismo de massa ou das
massas, os quais se tornam desejados ou indesejados nessas
lagoas, conforme os interesses e as condições de atuação dos
comerciantes locais.
Diante do exposto, este capítulo apresentou contribui-
ções pertinentes ao processo de produção do espaço para o
desenvolvimento da atividade turística em uma porção do
litoral potiguar, que resultou na turistificação das lagoas de
Arituba, Boágua e Carcará a partir de ações concretas de agentes
hegemônicos e não hegemônicos.
Por fim, pode-se afirmar que este estudo apresenta mais
uma leitura sobre uma atividade que é, antes de tudo, uma
prática social, uma atividade econômica moderna, entre as
mais dinamizadoras de espaços, cuja complexidade, diante
das relações sociais e da materialização que se dão ao longo
do processo de turistificação dos espaços envolvidos, suscita
novas reflexões.
Referências
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-rio-grandense. Natal: Edufrn, 1981.
ARRUDA, Alian Paiva de; FURTADO, Edna Maria. Os “farofeiros” em
excursão nas lagoas de Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta/RN).
Revista Formação (Online), v. 1, n. 19, p. 179-195, jan./jun. 2012.
164
Arituba, Boágua e Carcará (Nísia Floresta-RN) na rota do turismo potiguar:
uma leitura sobre o processo de produção do espaço
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SANTOS, Milton. Pensando o espaço do homem. 5. ed. São Paulo: Edusp,
2007. (Coleção Milton Santos).
SANTOS, Milton. A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção.
4. ed. 4. São Paulo: Edusp, 2008. (Coleção Milton Santos).
TULIK, Olga. Turismo e meios de hospedagem: casas de temporada. São
Paulo: Rocca, 2001.
166
A expansão do mercado imobiliário
em Mossoró-RN: da produção dos
conjuntos habitacionais populares
à produção dos condomínios
e loteamentos fechados
Eduardo Alexandre do Nascimento1
Ademir Araújo da Costa2
Introdução
A cidade de Mossoró-RN atravessou, entre os anos de 1960 e
os dias atuais, dois momentos de expansão acentuada do setor
imobiliário. O primeiro teve início com uma ampla política
habitacional desenvolvida no contexto do regime militar que
se instalou no país a partir de meados de 1960. Durante esse
período, a intensa expansão do mercado de imóveis, que resultou
na construção de milhares de unidades habitacionais, instau-
rou-se em Mossoró precisamente em 1968, com a construção do
conjunto Walfredo Gurgel, localizado na Zona Leste da cidade,
e se estendeu até o final da década de 1980, período em que os
organismos de fomento à construção civil – o Banco Nacional
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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habitacionais populares à produção dos condomínios e loteamentos fechados
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habitacionais populares à produção dos condomínios e loteamentos fechados
nessa área, entre o fim dos anos 1990 e o início dos anos 2000,
apresentavam valores sempre inferiores a RS 5.0008.
A Figura 4 retrata a localização de áreas de franca expan-
são da dinâmica imobiliária e que apresentaram na última
década um aumento expressivo nos preços da terra.
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habitacionais populares à produção dos condomínios e loteamentos fechados
Valor da Valor do
S.M Subsídio Prestação
entrada financiamento
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
Considerações finais
O primeiro período de expansão do mercado de imóveis
em Mossoró, fomentado pelos recursos do sistema SFH/BHN,
resultou na construção de milhares de unidades e em mais de
uma dezena de conjuntos habitacionais. Esse fato impactou
fortemente a economia local do período e gerou transformações
marcantes na morfologia urbana de Mossoró; o tecido urbano
teve sua dimensão ampliada numa escala considerável.
O segundo momento começa a se esboçar nos primeiros
anos de 2000, em decorrência da interação de um conjunto
de fatores reestruturantes de caráter produtivo e político,
que redefiniram a dimensão socioeconômica local. Essa fase,
ainda em curso, se caracteriza pelo protagonismo do capital
privado na condução do processo de produção do imobiliário
residencial, pelos seus impactos marcantes sobre a paisagem,
produzindo novas formas de moradia, e sobre a dinâmica eco-
nômica. Ainda, o momento atual, à semelhança do primeiro, é
dinamizado por uma ampla política habitacional desenvolvida
pelo Governo Federal, cujo principal segmento é o PMCMV que,
desde 2009, é responsável pela implementação da maior parte
dos empreendimentos imobiliários na cidade.
O presente trabalho, do mesmo modo, constatou, a partir da
realidade concreta, que a atual expansão do mercado de imóveis
194
A expansão do mercado imobiliário em Mossoró-RN: da produção dos conjuntos
habitacionais populares à produção dos condomínios e loteamentos fechados
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196
A expansão do mercado imobiliário em Mossoró-RN: da produção dos conjuntos
habitacionais populares à produção dos condomínios e loteamentos fechados
197
Geotecnologias aplicadas à análise
espaciotemporal da expansão
urbana nos municípios da
microrregião de Pau dos Ferros-RN1
Rômulo Kleberson de Souza2
Franklin Roberto da Costa3
Introdução
Localizada na porção oeste do Estado do Rio Grande do Norte,
a Microrregião de Pau dos Ferros é considerada um dos Polos
Regionais do Estado, por agregar as cidades que oferecem as
principais atividades de comércios e serviços públicos e privados
da Região. A implantação dessas atividades, principalmente na
cidade homônima à Microrregião, gerou, como consequência,
198
Geotecnologias aplicadas à análise espaciotemporal da expansão
urbana nos municípios da microrregião de Pau dos Ferros-RN
199
Quantitativa é a visão dominante, os GIS são apresentados
como ferramentas fundamentais para os estudos geográfi-
cos, como indica o recente estudo da “National Academy of
Sciences” (National Research Council, 1997).
200
Geotecnologias aplicadas à análise espaciotemporal da expansão
urbana nos municípios da microrregião de Pau dos Ferros-RN
Material e métodos
Para o presente trabalho, realizaram-se, em um primeiro
momento, levantamentos bibliográficos que levaram em con-
sideração temas referentes aos conceitos de planejamento,
urbanização, expansão urbana e geotecnologias.
Efetuou-se o cadastramento no site do Instituto Nacional
de Pesquisas Espaciais (INPE), como forma de conseguir as
imagens Hardwood Research Council (HRC), no formato mono-
cromático, do satélite sino-brasileiro CBERS 2B, equivalentes
ao período 2008-2010 (as mais recentes). Após essa etapa, os
pedidos das imagens as quais continham as manchas urbanas
referentes à Microrregião de Pau dos Ferros foram feitos para,
assim, produzir o trabalho de georreferenciamento com a ima-
gem em mosaico do satélite CBERS 2B_CCD 2008 que teve como
abrangência a Microrregião de Pau dos Ferros-RN.
201
Antes da vetorização das imagens HRC, utilizou-se um
scanner para a rasterização das fotografias aéreas das cidades
mapeadas, referentes ao ano de 1987. Tais imagens, por sua vez,
foram obtidas mediante levantamento aéreo solicitado pelo
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA-RN)
no referido ano. Elas seguiam uma sequência lógica, separadas
por faixas e enumeradas individualmente, datadas do mês de
agosto de 1987 a uma altitude de aproximadamente 2.500 (dois
mil e quinhentos) metros. Vale salientar que só foi possível
identificar 9 (nove) das 17 (dezessete) cidades da área de estudo;
para as outras, a obtenção de suas respectivas manchas urbanas,
referentes ao ano de 1987, se deu a partir de imagens orbitais do
satélite LANDSAT 5, sensor TM, datada de 4 de agosto de 1987,
na órbita-ponto 216/064 – Bandas 2G5B7R. Tal imagem orbital
possibilitou uma visualização parcial da área de estudo, já que
apresentava uma resolução espacial de 30 (trinta) metros.
Após a etapa de busca e obtenção das imagens referentes
ao recorte temporal, entre os anos de 1987 e 2008, e antes de
iniciar os trabalhos de georreferenciamento e vetorização das
imagens HRC, LANDSAT 5 TM e as aerofotografias, criou-se um
banco de dados no software SIG SPRING/INPE 5.1.6.
O banco de dados geográficos, montado no ambiente SIG
SPRING/INPE 5.1.6, foi construído com planos de informação
divididos entre as categorias imagem, temático e cadastral.
A partir desse momento, foram realizados os trabalhos de
georreferenciamento de todas as imagens, orbitais e aéreas, que
consistia em transformá-las da extensão .tiff* para a extensão
.spg*, compatível com o SIG.
O próximo passo foi a vetorização dos dados, visando a
criação de polígonos referentes às áreas urbanas dos municí-
pios da Microrregião de Pau dos Ferros. Comparou-se algumas
fotografias aéreas com as cidades da região mediante o uso de
aplicativos como o Google Earth, para que se pudesse localizar e
georreferenciar as áreas urbanas na imagem CBERS 2B (Figura 1).
202
Geotecnologias aplicadas à análise espaciotemporal da expansão
urbana nos municípios da microrregião de Pau dos Ferros-RN
203
vetorizações, pois a baixa resolução espacial (30 metros) não
permitiu identificar, com exatidão, as manchas urbanas, já
que algumas cidades possuíam pequenas extensões de áreas
urbanas. Neste caso, contou-se com a habilidade dos executores
para delimitar as áreas consideradas urbanas na época.
Após a vetorização das áreas urbanas para os anos de
1987 e de 2008, a etapa seguinte foi a apresentação do relatório
individual dos respectivos municípios, ordenados sob uma
descrição alfabética dos nomes das cidades, em que se efetuou
um quadro comparativo acerca da expansão territorial urbana
que elas obtiveram durante o recorte temporal de vinte anos.
Para se identificar as taxas de expansão urbana, foi
preciso elaborar uma fórmula matemática, cujo objetivo foi
apresentar os valores percentuais de expansão temporal dessas
cidades. Para tanto, subtraiu-se o total da área equivalente ao
ano de 2008 (em km²) pelo ano de 1987 (em km²). Obteve-se um
valor que representou, mediante o uso de uma regra de três
simples, a taxa percentual da expansão urbana observada entre
o dado recorte temporal.
Resultados e discussão
A Microrregião de Pau dos Ferros (Figura 2) constitui-
-se numa unidade territorial localizada na Região Alto Oeste
Potiguar, cognominada de “tromba do elefante”. Esta, por sua
vez, apresenta outras ramificações, como as Microrregiões de
São Miguel e Umarizal.
A dinamicidade das duas últimas décadas ocorridas nessas
localidades se dá, principalmente, pelo aumento da circulação
de pessoas e de mercadorias. Pau dos Ferros, principal cidade
da região, caracteriza-se por ser um polo atrativo do comércio
varejista, além de ter recebido, nos últimos anos, um aumento
nos investimentos dos serviços públicos e privados, buscando
atender a demanda gerada pelo crescimento populacional nos
últimos anos em toda a região.
204
Geotecnologias aplicadas à análise espaciotemporal da expansão
urbana nos municípios da microrregião de Pau dos Ferros-RN
205
A oferta de serviços concentra-se basicamente na referida
cidade, que se caracteriza por assumir o papel de polo regional,
tanto pela sua dinamicidade quanto pelo elevado número de
pessoas e de mercadorias que trafegam em suas vias diaria-
mente. A abrangência dos serviços consolidados na cidade
de Pau dos Ferros extrapola seus limites, alcançando cidades
vizinhas, não só pertencentes à sua microrregião, mas também
a municípios pertencentes a estados vizinhos.
Assim, por ser uma cidade atrativa do ponto de vista
socioeconômico, Pau dos Ferros apresentou o maior crescimento
em área territorial entre as cidades de sua microrregião.
Nas demais cidades, observou-se que, para aquelas que
mantêm maior proximidade com Pau dos Ferros, a expansão
ocorreu em direção à cidade polo. É o caso das cidades de Rafael
Fernandes e São Francisco do Oeste, por exemplo, como se pode
observar na Figura 2, que apresenta o sentido da expansão
urbana desses municípios.
Para entender melhor a expansão das cidades, obtive-
ram-se, a partir dos polígonos criados no SIG, as medidas das
manchas urbanas visando compreender, desde uma análise
quantitativa, o percentual da expansão urbana de cada muni-
cípio (Tabela 1).
Percebeu-se que todas as manchas urbanas aumentaram
significativamente, cerca de aproximadamente 109% em média
(Tabela 1). Das 17 cidades que compõem a área de estudo, sete
apresentaram um percentual acima dos 100% durante o período,
como o município de Severiano Melo, cuja expansão foi acima
dos 300% (Figura 3).
As causas que favoreceram esse nível de expansão urbana
ainda são desconhecidas, visto que o objetivo do trabalho foi o
mapeamento da expansão dos perímetros das cidades, e não a
realização de um trabalho local acerca dos aspectos socioeco-
nômicos que originaram tal expansão urbana.
206
Geotecnologias aplicadas à análise espaciotemporal da expansão
urbana nos municípios da microrregião de Pau dos Ferros-RN
Mancha Mancha
Expansão
Município urbana em urbana
urbana (%)
1987 (km²) em 2008 (km²)
Pau dos Ferros 2.90 5.08 75.17%
Alexandria 1.02 1.26 23.52%
Francisco Dantas 0.15 0.28 86.67%
Itaú 0.61 1.06 73.77%
José da Penha 0.30 0.50 66.67%
Marcelino Vieira 0.44 0.86 95.45%
Paraná 0.10 0.15 50.00%
Pilões 0.12 0.33 175.00%
Portalegre 0.42 0.84 100.00%
Rafael Fernandes 0.22 0.47 113.64%
Riacho da Cruz 0.19 0.49 145.00%
Rodolfo Fernandes 0.36 0.64 77.78%
São Francisco do Oeste 0.23 0.52 126.09%
Severiano Melo 0.12 0.49 308.34%
Taboleiro Grande 0.20 0.34 70.00%
Tenente Ananias 0.43 0.80 80.05%
Viçosa 0.16 0.44 175.00%
Fonte: Souza; Costa (2011)
207
Figura 3 – Mapa do percentual da expansão urbana das
cidades da Microrregião de Pau dos Ferros-RN
208
Geotecnologias aplicadas à análise espaciotemporal da expansão
urbana nos municípios da microrregião de Pau dos Ferros-RN
Conclusão
Constatou-se que as 17 cidades que compõem a
Microrregião de Pau dos Ferros apresentaram uma expan-
são significativa, em termos proporcionais. Essa expansão foi
observada mediante diversos aspectos, sendo um dos mais
importantes a influência das rodovias, sobretudo as federais,
pois são nelas que se observa a expansão urbana em todas as
direções, mas, principalmente, em direção à cidade-polo, Pau
dos Ferros.
Esse aspecto aumentou o fluxo de pessoas e de mer-
cadorias provenientes de outras partes do país, tornando a
região um polo atrativo do setor terciário da economia da
região. Observou-se também que a maioria dos pequenos cen-
tros urbanos tem tendência para manifestar sua autonomia
econômica por intermédio do setor terciário da economia, no
qual os serviços provenientes da iniciativa pública e privada
e, principalmente, o comércio varejista, caracterizam-se por
veicularem o principal fator de giro de capital e de geração de
emprego e renda para a região.
Outro aspecto contundente foi observado no êxodo
rural que esteve presente nesses municípios, pois, em um
recorte temporal de 20 anos, a população, que antes era
essencialmente rural, hoje se apresenta majoritariamente
urbana (Figuras 4 e 5).
A cidade de Pau dos Ferros adquiriu status de cidade-polo
da região, contendo o maior número de habitantes e também
a maior área de expansão territorial urbana entre todos os
municípios, apesar de alguns desses apresentarem aumento
de suas taxas populacionais superiores à observada na cidade
de Pau dos Ferros (Figura 6).
209
Figura 4 – Mapa do percentual da dinâmica
populacional rural da Microrregião de Pau dos
Ferros-RN entre os anos de 1991 e 2010
210
Geotecnologias aplicadas à análise espaciotemporal da expansão
urbana nos municípios da microrregião de Pau dos Ferros-RN
211
Figura 6 – Mapa do percentual da dinâmica
populacional total da Microrregião de Pau dos
Ferros-RN entre os anos de 1991 e 2010
212
Geotecnologias aplicadas à análise espaciotemporal da expansão
urbana nos municípios da microrregião de Pau dos Ferros-RN
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214
A invenção de Caicó1
Marcos Antônio Alves de Araújo2
Ademir Araújo da Costa3
Introdução
Há tempos, a cidade se faz presente na história da humanidade.
Enquanto produto histórico-cultural, podemos dizer que ela
protagoniza eventos importantes que marcaram e marcam
essa história. Tais eventos são responsáveis pela sua invenção
e, consequentemente, pela formação de sua identidade. Nascida
da dualidade movimento-repouso, a cidade é o lugar para onde
215
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
216
A invenção de Caicó
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
218
A invenção de Caicó
219
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
4 O rio Seridó nasce no sopé da Serra dos Cariris (ou Serra do Alagamar),
estado da Paraíba, adentra o território do Rio Grande do Norte pelo
município de Parelhas, atravessa o Seridó de leste a oeste e deságua no
rio Piranhas-Açu, na zona limítrofe dos municípios de São Fernando
e Jardim de Piranhas (MELO, 2008).
5 O rio Barra Nova é um afluente do rio Seridó, que nasce e deságua
no próprio município de Caicó.
220
A invenção de Caicó
O vaqueiro fez novo voto a S. Ana para o poço não secar antes
de concluída a construção da capela. O poço de Sant’Ana, como
ficou, desde então, denominado, nunca mais secou. Reza a
lenda que o espírito do Deus dos índios, expulsos do mufumbal,
foi se abrigar no poço, encarnando-se no corpo de uma ser-
pente enorme que destruirá a cidade, ou quando o poço secar,
ou quando as águas do rio, numa cheia pavorosa, chegarem
até o altar-mór da matriz [hoje Catedral] de Caicó onde se
venera a imagem da mãe de Nossa Senhora.
221
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
222
A invenção de Caicó
223
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
224
A invenção de Caicó
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
226
A invenção de Caicó
7 PRECISAMOS de jardins. Jornal A Fôlha, Caicó, ano II, n. 71, 09 jul. 1955.
227
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
8 TRÁGICO banho. Jornal A Fôlha, Caicó, ano IV, n. 159, 16 mar. 1957.
228
A invenção de Caicó
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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A invenção de Caicó
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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A invenção de Caicó
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
236
A invenção de Caicó
Considerações finais
A partir de narrativas e das imagens diversas, foi possível
revisitar a cidade de Caicó, sistematizando alguns eventos
importantes para o entendimento do seu processo de constitui-
ção, sobretudo aqueles referentes ao seu mito de origem, à sua
toponímia, aos seus monumentos, à sua evolução urbana e aos
contos e às lendas que ainda permeiam o seu imaginário social
local, encantando e (re)encantando aqueles que se debruçam
sobre sua geografia histórica.
Enquanto reflexo e produto dos processos de ocupação,
(des)povoamento e colonização que marcaram as disputas
em torno do uso do território do Seridó potiguar, Caicó se fez
enquanto cidade: uma cidade que a tudo rejeitava e, concomi-
tante e contraditoriamente, a tudo queria; uma Rainha cujo
reinado fora edificado por medos, desejos e sonhos.
Desde os tempos de sua criação, emancipação e insti-
tucionalização, essa cidade foi sendo escrita e reescrita por
237
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2003.
238
A invenção de Caicó
239
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
240
A influência do CT-Petro nas
interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região
Nordeste e o setor produtivo
Arlindo Teixeira de Oliveira1
Edna Maria Furtado2
Ademir Araújo da Costa3
Ana Cristina Fernandes4
Introdução
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
Setorial de Recursos
CT-Hidro Lei n° 9.992 de 24/07/2000
Hídricos
Setorial de Transportes
CT-Transporte Lei n° 9.992 de 24/07/2000
Terrestres e Hidroviários
Setorial de Recursos
CT-Mineral Lei n° 9.993 de 24/07/2000
Minerais
Setorial de Tecnologia da
CT-Info Lei n° 10.176 de 11/01/2001
Informação
Setorial de Transporte
Aquaviário e de Constru- CT-Aqua Lei n° 10.893 de 13/07/2004
ção Naval
251
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
255
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
Região geográfica
Norte Nordeste Sudeste Sul BRASIL
Grupos
2004
0 14 22 14 50
Interativos
Grupos
2010
2 14 40 21 77
Interativos
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
2004 2010
Unidade
Federativa Grupos Grupos Relacio- Grupos Relacio-
Grupos
Interativos namentos Interativos namentos
Alagoas 3 0 0 8 0 0
Bahia 11 7 59 8 2 7
Ceará 3 0 0 5 0 0
Maranhão 1 0 0 0 0 0
Paraíba 6 2 9 11 2 7
Pernambuco 8 3 16 15 8 40
Rio Grande
5 1 4 9 1 10
do Norte
Sergipe 9 1 3 11 1 1
NORDESTE 46 14 91 67 14 65
Fonte: elaboração própria a partir dos dados oferecidos
pelos Censos 2004 e 2010 do DGP/CNPq
259
Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
2004 2010
Unidade Grupos de Grupos de
Instituição Relaciona- Relaciona-
Federativa Pesquisa Pesquisa
mentos mentos
Interativos Interativos
UFBA 3 28 2 7
Bahia
UNIFACS 4 31 0 0
UFCG 2 9 2 7
Paraíba
UFPE 3 16 6 20
CETENE 0 0 1 15
Pernambuco
UNICAP 0 0 1 5
Rio Grande
UFRN 1 4 1 10
do Norte
UFS 0 0 1 1
Sergipe
UNIT 1 3 0 0
NORDESTE 14 91 14 65
Fonte: elaboração própria a partir dos dados oferecidos
pelos Censos de 2004 e 2010 do DGP/CNPq
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
Considerações finais
No decorrer da investigação, foi possível notar a impor-
tância da realização de uma análise integrada da política
pública, avaliando não só a sua formulação, como também sua
implementação. O CT-Petro, uma política pública de CT&I, em
sua formulação, contemplava 40% dos seus investimentos para
as regiões Norte e Nordeste; mas, em sua implementação, entre
1999 e 2010, destinou apenas 30% para as duas regiões, como
nos demonstraram Raeder (2011) e os dados secundários do
MCTI (BRASIL, 2013). Portanto, se tivéssemos negligenciado a
análise integrada da respectiva política, teríamos resultados
bastante abstratos.
Os recursos destinados às regiões Sul e Sudeste colabo-
raram para a criação dos grupos de pesquisa em Engenharia
Química e para o desenvolvimento de suas interações com o
setor produtivo. Diferentemente, o Nordeste, o qual recebeu
apenas 25,30% dos recursos do CT-Petro, apesar do aumento
considerável dos grupos de pesquisa, sofreu uma diminuição
no número de suas relações com as empresas, aumentando a
disparidade regional em relação ao Sul e Sudeste referente às
interações entre grupos de pesquisa em Engenharia Química
e o setor produtivo. Porém podemos notar um aumento consi-
derável em algumas unidades federativas dessa região, como
é o caso de Pernambuco.
Desse modo, é cabível alegar que, entre 2004 e 2010, o
CT-Petro contribuiu para o desenvolvimento das interações
entre os grupos de pesquisa em Engenharia Química e o setor
produtivo no Brasil, mas aumentou a disparidade regional em
relação a tais relacionamentos, já que houve um considerável
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
Referências
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Boletim de Produção de Petróleo e Gás Natural. Disponível em: <www.anp.
gov.br/?dw=69701>. Acesso em: 30 abr. 2015.
AMERICAN Institute of Chemical Engineers Academy. What is Chemical
Engineering? Disponível em: <http://www.aiche.org/academy>. Acesso
em: 29 mar. 2015.
BAUMAN, Z. Globalização: as consequências humanas. Rio de Janeiro:
Zahar, 1999.
BONETTI, L. W. Políticas públicas: por dentro. Rio Grande do Sul: Editora
Unijuí, 2006.
BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Fundos setoriais:
Relatórios de Gestão do Exercício de 2012. Rio de Janeiro: MCIT, 2013.
BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Fundos setoriais.
Rio de Janeiro: MCIT, 2012.
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Dinâmica territorial urbana, turismo e meio ambiente
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A influência do CT-Petro nas interações entre grupos de pesquisa
em Engenharia Química da região Nordeste e o setor produtivo
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Este livro foi projetado pela equipe
editorial da Editora da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.