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Curso de Liderança Leiga

Princípios de Louvor e Adoração


Ampliando a Visão Sobre a Adoração & Requisitos Para a
Verdadeira Adoração
Texto Básico: Rm 12.1-8

Introdução

Aprendemos que “Louvar” e “Adorar” têm uma amplitude muito maior do que
normalmente notamos. Muito mais que um momento no culto, “Louvor e Adoração” devem
ser um estilo de vida, que reflete um desejo de comunhão progressiva com Deus e nossa
intenção de cultuá-lo, reconhecendo e exaltando Suas virtudes.

Vamos examinar a seguir, algumas palavras utilizadas na Bíblia e relacionadas à


Adoração (bem como suas origens na língua grega), para que possamos ampliar nossa visão
sobre este tema.

1. Adorar é Render-se (do grego: “proskuneo”).

A Palavra “proskuneo”, descrevia o gesto de curvar-se diante de uma pessoa e ir até o


ponto de beijar os seus pés. Traduzia o ato de reconhecer a nossa insuficiência e a
superioridade de Deus, colocando-nos à Sua inteira disposição. A idéia básica é a de
Submissão. Adoramos ao Senhor e nos submetemos a Ele reconhecendo Sua grandiosidade,
mas também Sua misericórdia e amor por nós.
A passagem de Jo 4.20-24, relativa à conversa de Jesus com a mulher samaritana, traz
10 vezes a palavra “proskuneo” em suas diversas formas. O Novo Testamento destaca a
palavra e suas correlatas, por 58 vezes.
Um exemplo marcante de utilização deste termo: a intenção de Satanás, na tentação de
Jesus (Mt 4.9 “E lhe disse: Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares”. Lc 4.7-8
“Então, se me adorares, tudo será teu. Jesus respondeu: Está escrito: Adore o Senhor, o seu
Deus, e só a Ele preste culto”.
O diabo queria ser adorado e apenas o gesto de Cristo se “prostrar”, seria uma vitória
para ele. Jesus sabia que o gesto de culto, não podia ser desvinculado da própria adoração e
responde: “Adore (proskunesis) o Senhor, o seu Deus e só a Ele preste culto”.
Só podemos nos “render”, só podemos nos “prostrar”, só podemos nos “submeter” ao
Deus Criador de tudo o que há. Aquele que nos torna Seus filhos, quando entregamos nossas
vidas 100% a Ele.

2. Adorar é Servir (do grego “latreia”).

O sentido de Servir aqui, implica em “cultuar e oferecer ator de adoração, que


agradem a Deus”. Hb 12.28 diz que: aqueles que aceitaram a Cristo como Senhor, receberam
da Sua Graça para viver e servem a Deus, através desta mesma Graça.
Este termo é usado por Paulo em Rm 12.1, para descrever a dedicação de nossas vidas
a Deus. Ofertar a Ele toda a nossa potencialidade, capacidade, inteligência, energia,
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experiência e devoção. Servir, como reconhecimento da transformação que Ele operou em
nossa vida. Ele merece o melhor do nosso serviço como forma de gratidão.
A raiz de “latreia”, pode ser reconhecida na palavra “idolatria” (serviço a um ídolo).
Dr. Shedd, em seu livro “Adoração Bíblica”, diz que nosso ato de servir a Deus, requer que O
sirvamos em exclusividade. O Senhor reivindica a totalidade do “serviço” (latreia) dos seres a
quem Ele dá vida. A rebelião do pecado humano enquadra-se nesta realidade: o homem serve
no sentido de adorar o que não é Deus (op. cit., p. 18).
Jesus foi absolutamente claro a este respeito na tentação, respondendo a Satanás: “só a
Eles darás culto” (Mt 4.10). É por isso que não podemos fazer “jogo duplo” diante de Deus.
Nada de “cara de santo” na Igreja e no dia-a-dia viver como o diabo gosta! Não podemos
“servir a dois senhores” como nos diz Mt 6.24.

3. Adorar é Reverenciar Com Temor Sadio (do grego “sebein”)

Algumas pessoas, querendo fugir de um “formalismo exagerado” em seu tratamento


para com Deus, partem para o outro extremo, desvalorizando a importância de estar diante do
Todo-poderoso. Passam a agir tão vulgarmente, que ao invés de se mostrarem “mais íntimos”
de Deus, tornam-se ridículos. Com o tempo, se esta postura não for corrigida, o “temor sadio”
(que todos devemos cultivar pelo Senhor), dará lugar ao “desprezo de Suas ordens”.
A palavra grega “sebein” é traduzida como “reverenciar com temor”. Não é
simplesmente “ter medo”, mas uma “reverente admiração com desejo de aproximar-se”. Não
é um medo que faz fugir, mas sim aquele que anseia por chegar mais perto.
O Senhor é maravilhoso, amoroso, Sua misericórdia e graça nos abençoam todos os
dias; mas isto não é tudo o que devemos saber sobre Deus. Temos que reconhecer não apenas
a bondade de Deus, como também Sua severidade (Rm 11.22;Hb 10.31; I Pe 1.16).
Ao mesmo tempo, não quer dizer que devemos viver “aterrorizados” pela presença de
Deus. Trata-se de um temor sadio, por sermos alvo do Seu amor, fazermos parte da Sua
família e do Seu Reino. O Criador de todo o Universo está ao nosso lado e por isso, ficamos
cheios de um reverente temor e nunca de “terror”.
Jo 9.31 diz: “Sabemos que Deus não atende a pecadores; mas, pelo contrário, se
alguém teme a Deus (“theosebes” – palavra derivada de “sebein”) e pratica a sua vontade, a
este atende”. Quem quer adorar ao Senhor, sempre terá a preocupação: “O que é que agrada a
Deus?”. Viver como o diabo gosta, despreocupado se o Pai aceita ou não o que fazemos, não
pode ser a atitude de um verdadeiro adorador.

4. Adorar é Realizar Serviço Sacerdotal (do grego “leitourgeo”)

Tem a ver com o exercício de nossos dons espirituais, quando dedicamos nosso
trabalho ao Senhor, no contexto de nossas Igrejas e comunidades.
O trabalho dos sacerdotes judeus no templo, que consistia em oferecer os sacrifícios,
era considerado um “serviço de adoração”. Este trabalho foi superado com o sacrifício de
Cristo (Sumo-Sacerdote e o último Cordeiro), ao morrer em nosso lugar na cruz.
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Entretanto, todo aquele que faz parte do Povo de Deus, foi designado como
“sacerdote” com a função de proclamar as virtudes do Senhor e testemunhar de Cristo por
onde for (I Pe 2.9).
Paulo fazia seu serviço pastoral às igrejas, na intenção de apresentar as comunidades
que fundou, como uma oferta aceitável a Deus (Rm 15.16).
A obtenção de fundos para os carentes da igreja de Jerusalém é chamada de “serviço
ministerial” (leitourgia) (2 Co 9:12,13).
Os cristãos, quando servem aos irmãos, motivados pelo amor de Deus, exercem a
“leitourgia” (At 13.2: “E, servindo (leitourgeo) eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito
Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo, para a obra que os tenho chamado”). Quem serve
a Deus serve a Igreja e vice-versa.
Dr. Shedd diz que os livros de Romanos e I Coríntios, mostram que o exercício dos
dons do Espírito, deve ser encarado como uma expressão de culto e adoração a Deus:
“Paulo lembra aos romanos, que a oferta de seus corpos a Deus é um ato de adoração
espiritual, se contudo, esses mesmos corpos estiverem sujeitos ao Cabeça (Cristo) para servir,
profetizar, ensinar, exortar, contribuir, presidir e exercer misericórdia (Rm 12.1-8).
Certamente a lista pode ser estendida para incluir todo e qualquer ministério. A vida do
cristão, se não se isolar da família de Deus, nem se separar do próprio Senhor, expressará
adoração nas reuniões ou nas atividades do dia-a-dia.
A significação dos cultos nos quais a congregação se reunia, alcançou relevância
particular na concentração de vozes louvando e ensinando juntas, com corações sedentos,
aprendendo e aplicando a Palavra. Era uma ocasião apropriada para o treinamento (Ef 4.12)
dos santos, para servirem a Deus dentro e fora das reuniões. Os dons de apóstolo, profeta,
evangelista, pastor e mestre, cooperam e fecundam no centro do culto, para encorajar o bom
ajustamento, o auxílio de toda a junta e cooperação de cada parte, o que “efetua o seu próprio
aumento para a edificação de si mesmo em amor” (Ef 4.16). (Op. cit. p. 91).

Conclusão

Aumentou sua visão sobre a Adoração?


Mas lembre que é apenas uma pequena parte deste assunto. Possivelmente, passaremos
o resto de nossas vidas aprendendo e continuaremos a aprender, quando estivermos diante do
Pai e dos santos anjos de Deus.

Requisitos Para a Verdadeira Adoração

Texto Básico: Filipenses 2.5-11

Introdução

Você já participou de algum período de louvor, onde cantamos, cantamos, cantamos e


ao final, parece que fizemos tudo como parte de uma rotina monótona (por mais agitadas que
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fossem as músicas)? Quando isso acontece, ficamos intrigados: “Parece que está faltando
alguma coisa!”.
Pode estar faltando, mesmo! Quando você participa de um momento que deveria ser
um culto a Deus (por mais informal que seja a reunião), mas está mais preocupado no
“encontro com a turma” da Igreja, com os detalhes da programação “do mês que vem”, com o
“resultado do jogo” do seu time etc., você está desatento e perdendo oportunidades para o
louvor verdadeiro.
Assim sendo, resolvemos verificar alguns dos “requisitos básicos”, para que
aprendamos a examinar bem o que estamos fazendo, visando aproveitarmos o melhor possível
nossos momentos de Adoração.

1. Amar a Deus de Todo o Coração

O Senhor deixou registrado na Bíblia, a necessidade de O buscarmos de todo o


coração. Aliás, são muitas as passagens onde Ele, insiste neste ensino. Através das Escrituras,
temos as palavras tudo e todo, sendo utilizadas frequentemente, para enfatizar o Seu desejo de
que O busquemos de forma integral e exclusiva (Fl 2:9-11; Rm 11:36; Jr 29:13; Mt 22:37; Sl
150:6).
A passagem de Rm 11:36, mostra que tudo vem de Deus e tudo deverá ser para a Sua
Glória. O Pai exaltou Cristo acima de todo o nome (Fl 2:9-11) e assim sendo, o Filho revela
que o maior mandamento do Pai, é que O amemos com tudo o que temos de melhor (Mt
22:37).
Uma adoração que se realiza sem objetivo de expressar o nosso amor a Deus, falha
completamente. Deixa de ser culto a Deus, pois carece da essência, que é o amor. Seu
mandamento requer de nós que O amemos de todo coração e alma.
A adoração da igreja cumprirá seu objetivo se o louvor, a oração, a mensagem e a
música atraírem o coração dos adoradores para a beleza de Deus revelada na criação, na
redenção e na regeneração, através de Cristo. Quando adoramos, só devemos ficar satisfeitos
se expressarmos amor ou se nosso culto revelar toda a preciosidade do Senhor.

2. Usar o Nosso Entendimento

Vamos citar algumas tendências, mas antes lembre-se: o fato de você se identificar
com uma ou outra características, não o torna alguém com baixa auto-imagem. Existem
características que podem ocorrer com qualquer pessoa. Caso você se enquadre em muitas das
descrições a seguir, o mais indicado seria conversar com um conselheiro.
 Atitude pessimista diante da vida, espera sempre o pior;
 Evita as pessoas, pois tem dificuldade de expressar emoções;
 Muito crítico, perfeccionista, ou pouco flexível, principalmente consigo
mesmo;
 Atitude de estar “carregando o mundo nos ombros”
 Dificuldade de perdoar aos outros e a si próprio;
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 Mau ouvinte e mau perdedor;
 Teimoso, quer tudo do seu jeito;
 Quer inconscientemente ser o centro das atenções;
 Tem dificuldade em receber elogios;
 Vive comparando-se com os outros;
 Quer sempre provar que é bom no que faz;
 Super preocupação com sua aparência e “status”
 Não consegue amar e confiar totalmente em Deus;
 Problemas quanto a aceitação do amor de outra pessoa;
 Tem medo de ficar só;
 É facilmente influenciável pelos outros;
 Usa a ira como autodefesa, fica logo exaltado.

3. Aproximar-se do Senhor com Fé

Uma das passagens mais conhecidas sobre “Fé”, está registrada em Hb 11.6: “Sem fé é
impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que
recompensa aqueles que o Buscam”. A palavra “aproximar” no texto é um termo técnico para
Adoração, isto é, “aproximar-se de Deus em adoração, na certeza de que Ele existe e não
falhará comigo”, seguindo o princípio de Hb 11.1: “ora, a fé é a certeza daquilo que
esperamos e a prova das coisas que não vemos”.
Adorar com fé é fazê-lo confiando em suas promessas. Quando adoramos a Deus com
fé, agradamos ao Seu coração. Esta alegria não é estática, aumenta à medida que O adoramos.
Quando prestamos culto a Deus devemos perguntar: “Deus está satisfeito com o culto que
estou oferecendo a Ele?”.

4. Investir Todas as Nossas Forças

 Mc 12:30 “Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o coração, de toda a sua alma,
de todo o seu entendimento e de todas as suas forças”.
A passagem acima, mostra Jesus comentando sobre “o maior mandamento”. O
evangelista Marcos expõe, entre as palavras do Mestre, o termo “força” (do grego “ischuos”).
A idéia é a de que, amar a Deus com tudo o que temos, requer toda a força do adorador. Isto
implica no esforço físico de desenvolver sua capacidade, talento e força de ação. Significa
“gastar suas energias físicas em atos de amor a Deus”.
Quantas vezes estamos trabalhando na Obra de Deus e nos cansamos fisicamente, não
é mesmo? Às vezes são noites gastas em planejamentos, ou na compra de materiais que vão
ser empregados em um acampamento, ou pintando cenários e decorações para um evento em
nossa comunidade! Não é incrível que ficamos cansados, mas até dizemos que foi “Um
cansaço bom! Valeu a pena!”. Sabe por que? Foi um esforço físico dedicado em adoração e
louvor ao Senhor!
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John Comenius, no passado, escreveu: “porque aquele que ama a Deus com todo o seu
coração, não necessita de prescrições para saber quando, onde e quanto deve servi-Lo, adorá-
Lo e cultuá-Lo. Porque a união sincera com Deus, em si mesma, juntamente com a prontidão
de obedecer e adorar a Deus de modo mais aceitável, o conduz a louvá-Lo através do seu ser e
a glorificá-Lo por meio de todos os seus atos” (Shedd, op. cit., p.29).

5. Buscar Ansiosamente a Deus

Há um sentido muito positivo em buscarmos a Deus “ansiosamente”. Não nos


referimos àquele tipo negativo de ansiedade que produz “desespero” e até falta de confiança.
Ao contrário, é uma ansiedade boa, saudável e cheia de expectativa pelo que o Senhor irá
fazer, confiante de que Ele está atento às nossas súplicas e ao que estamos passando. Ler: Sl
42:1-2; 84:2; 116:1-2; 119:20; 130:1-2,5.
A adoração que é fruto de uma “busca ansiosa”, requer que procuremos a Deus
voluntariamente e sintamos uma crescente necessidade de estar perto dEle. Nossa alma deve
sentir um anseio de comunhão com Deus, assim como nosso físico manifesta o apetite por
alimentos quando nos falta este desejo de estar com Deus, a adoração que prestamos se parece
muito mais com uma “fachada espiritual”, de uma fria religiosidade externa.

6. Dispor-se a Ser Mudado por Deus

Quantas pessoas acham que “Louvor e Adoração”, é apenas um momento para


“cantarmos algumas músicas”, antes de estudarmos a Bíblia! É muito mais que isso: Deus
pode mudar a sua vida enquanto você louva e adora a Ele! Na presença do Senhor, muitas
vezes somos confrontados por Ele nas atitudes que precisamos mudar. Como verdadeiros
adoradores, devemos nos arrepender e abandonar a prática do que está errado.
Este é mais um dos requisitos básicos, quando aprendemos sobre Adoração: estarmos
dispostos a sermos mudados por Deus! Adoração sem a disposição de arrepender-se, não
agrada ao Senhor.
Ele se agrada do culto que lhe é prestado por um espírito quebrantado e um coração
contrito (Sl 51:15-17).
Arrependimento não é apenas “sentir pesar” por termos errado. Trata-se de uma
mudança de atitude (“metanoia” – transformação de mente). O Espírito de Deus nos ajuda a
descobrir os pecados mais secretos, para que depois de confessados sejam perdoados, pois
assim abriremos caminhos para a verdadeira adoração. (Sl 32:3,5; I Jo 1:9).

Conclusão

Tenho certeza de que após este estudo, você irá avaliar melhor suas atitudes quando
participar dos momentos de “Louvor e Adoração” de sua comunidade. Isso é muito bom! Mas
lembre-se que estes “Requisitos Para a Verdadeira Adoração”, são para toda a sua vida e não
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apenas para o tempo que temos com os irmãos na Igreja. Faça destes princípios aqui
estudados, a base para uma comunhão mais profunda com o Senhor!

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