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Inês P. C. Bonduki
Juliana C. Silva
Maria João C. R. de Figueiredo
Tatiana G. Ozzetti
Tatiana T. Barossi
capítulo 2 28
1. SÃO PAULO E A CIDADE UNIVERSITÁRIA 30
46
capítulo 3
1. UM FOCO: O EIXO DO PIRAJUSSARA 48
ÁREA 1 51
ÁREA 2 55
continuidade 62
notas 65
bibliografia 66
apêndice 67
1. PESQUISA 68
3. EXPERIÊNCIA ANTERIOR 84
Projeto Santo Amaro
anexos 89
1. REPORTAGENS COLETADAS 90
Gal Oppido
O primeiro capítulo deste caderno introduz a questão da bicicleta como transporte na ci-
10
1. A BICICLETA COMO TRANSPORTE HOJE
o Brasil e exemplos de outros países
cidades.
11
No Brasil, apenas 3% das pessoas utiliza a bicicleta como meio de Estima-se que haja no Brasil1 algo em torno de 350km de ciclovias
transporte. Apesar desse índice ser maior em algumas cidades brasileiras e ciclofaixas implantadas, número considerado muito baixo. A maioria das
- principalmente no litoral e no interior - e de já existir uma demanda por infra- cidades possui menos de 10km e apenas seis cidades possuem acima de
estrutura para esse tipo de transporte, a discussão a esse respeito, no Brasil, 30km: Rio de Janeiro (RJ), Curitiba (PR), São Paulo (SP), a maior parte em
ainda está pouco desenvolvida. A infra-estrutura é quase inexistente, e a parques, Belém (PA), Governador Valadares (MG) e Campo Bom (RS). Em mui-
legislação de trânsito mais simples é absolutamente desconhecida pela maio- tos municípios, boa parte dessa infra-estrutura tem pouco uso, por erros nos
ria da população que, principalmente nas cidades maiores, não reconhece a projetos ou mesmo por falta de manutenção.
bicicleta como um meio de transporte cotidiano. A falta de cultura do uso da Há um número significativo de projetos relacionados ao transporte
bicicleta aparece como outro grande empecilho à adoção deste novo tipo de cicloviário existentes e em andamento no Brasil e muitas prefeituras demons-
locomoção. No entanto, é possível demonstrar que, lentamente, o poder pú- tram intenção de modificar o quadro atual. No entanto verifica-se, no setor
blico e alguns grupos da sociedade começam a perceber a importância desta público municipal, a ausência de órgão específico que trate a bicicleta enquan-
questão. to veículo de transporte e que atenda às demandas dos ciclistas. O Rio de Ja-
Os Planos Diretores Estratégicos (PDEs)– obrigatórios para todas as neiro tem, dentro da prefeitura, órgão exclusivo para atender as necessidades
cidades com mais de vinte mil habitantes – já projetam a implantação de re- da circulação da bicicleta. É a única cidade com orçamento anual que prevê
des de ciclovias nas cidades; o PITU (Plano Integrado de Transportes Urbanos a implantação de infra-estrutura, melhorias e manutenção da rede instalada.
2020) prevê a integração dos transportes públicos, como o trem e o metrô. A Recentemente, na cidade de São Paulo, foi criado um órgão de mobilidade ur-
Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes, pelo Ministério de Trans- bana na Secretaria de Transportes referente aos transportes não-motorizados.
portes, revisou em 2001 o Manual de Planejamento Cicloviário: Uma Política Existem diferenças nas posturas das administrações dos municípios
para as Bicicletas, uma referência técnica brasileira. de grande porte (capitais e algumas cidades do interior) e nos municípios
Além disso, existem hoje ONG’S e associações que tratam exclusiva- econômica e socialmente menos desenvolvidos. No primeiro caso, apesar do
mente da questão da bicicleta como transporte, que funcionam como uma uso significativo da bicicleta, prevalece a atenção da prefeitura para os veícu-
importante forma de pressão social. Apesar de todas essas iniciativas, não los motorizados.
existe ainda nenhum órgão ou setor do governo que trate exclusivamente dos Rio de Janeiro e Curitiba são os municípios que mais investem em
transportes não motorizados, o que significaria uma preocupação pela busca infra-estrutura, com destaque para o primeiro, que já desenvolve programas
de novas alternativas de transporte para o sistema brasileiro. especiais para a bicicleta e está implantando uma rede cicloviária com mais
Transformar a consolidada cultura de uso do automóvel por todo o de 120km de ciclovias pela cidade. São Paulo implantou recentemente um
país parece ser, paralelamente da implantação de redes cicloviárias , uma das programa que definiu 45km de vias com uso favorável à circulação de bicicle-
grandes prioridades. A construção de infra-estrutura de qualidade já funciona tas. Esse número, somado aos mais de 38km de ciclovias e ciclofaixas, fazem
como um grande incentivo ao uso; mas, além disso, são necessárias cam- do município o terceiro em infra-estrutura cicloviária do país.
panhas e programas de conscientização e estímulo (a respeito das campanhas A maioria das cidades brasileiras tem o uso mais intenso da bicicleta
propostas por esse trabalho, ver Conclusão). em suas periferias.Em todo o mundo, podem-se encontrar exemplos bem
12
sucedidos, nos quais a infra-estrutura para bicicleta veio acompanhada de Na Dinamarca, 1/3 dos usuários de trem vão de bicicleta à estação e
transformações no espaço urbano. Em países como a Holanda, a Alemanha, metade da população possui bicicleta
a Dinamarca e o Japão, que incorporaram a bicicleta há várias décadas, fica Este modelo ciclístico, tanto na Holanda como da Dinamarca é tam-
claro que há uma opção de modelo urbanístico, já que estes países possuem bém decorrente de uma política de alta cobrança de impostos sobre o uso do
um alto poder aquisitivo e um transporte público de altíssima qualidade. Já em automóvel.
países como a Colômbia, cujo processo de desenvolvimento urbano se asse-
melha muito mais ao brasileiro, as obras cicloviárias – que já existiam, mas
sofreram significativo aumento a partir de 1998 - vieram acompanhadas de
uma ampla reforma do transporte público, e uma reestruturação dos espaços
públicos. Isso gerou estranhamento e oposição da população ao governo em
um primeiro momento. Nessas reformas, a infra-estrutura para a bicicleta foi
um dos elementos que demonstraram o fim da priorização do automóvel na
cidade.
Esses exemplos internacionais, apesar de fazerem parte de contextos
sócio-político-econômicos e urbanos muito específicos, demonstram que o
uso da bicicleta como transporte nas grandes cidades é uma solução viável
e eficiente, e representa uma transformação do espaço da cidade. O exemplo
de Bogotá comprova ser possível uma inversão das prioridades urbanísticas
e políticas, mesmo em contextos como o da América Latina. Trata-se, clara-
mente, de opções políticas que fazem com que, no Brasil, a construção de
cidades mais democráticas fique em segundo plano.
Hoje, outras cidades em desenvolvimento, como Nova Deli, Chandi-
garh (ambas na Índia), Jacarta (na Indonésia), Cidade do Cabo (na África do
Sul) e Acra (no Gana) realizam processo semelhante ao Bogotá, pensando o
transporte público e a bicicleta como alternativas ao automóvel.
Na Holanda, dos 15 milhões de habitantes, 12 milhões possuem
bicicleta , e 30% da população é usuária cotidiana3. Com 34 mil Km4, em
2
Ciclovia na orla da praia, na Av. Atlântida, no Rio de Janeiro.
1980, possuía 8 mil Km de ciclovias. Estes números são resultado de uma
política urbana que foi iniciada em 1928.
A Alemanha contava, em 1980, com uma rede cicloviária de 16 mil
km, o equivalente a 1/3 da rede rodoviária urbana.
13
Estrada no Litoral sul do Estado de São Paulo, em Peruíbe, onde não há ciclovias e nem
acostamento. Os ciclistas, que andam junto com os automóveis em alta velocidade, fi-
cam sujeitos a graves acidentes.
Faixa para ciclistas em Santos, litoral de São Paulo, onde o número de usuários de bicicleta
cotidianamente é significativo.
Juan Amarillo Wetland, bairro periférico de Bogotá, antes e depois de reformado. A reur-
banização veio acompanhada de um projeto urbanístico de qualidade, que criou praças
e um parque linear com ciclovia. O córrego, antes pouco valorizado, foi transformado em
um grande lago.
15
HOLANDA / FRANÇA
Ponte, na cidade de Mianyang, com faixa exclusiva para ciclistas e calçada para os pe-
destres.
17
2. AS DISTÂNCIAS COMO PERCURSOS
a construção e a apreensão do espaço
no cotidiano da grande cidade
homem e o ambiente urbano hoje. A forma como a cidade de São Paulo foi
uma situação em que já não se apreende o espaço por onde se circula. A com-
18
2.1 circular como forma de apreender
A dificuldade de locomoção na cidade de São Paulo causada, entre a estação ao invés de pegar um ônibus. O tempo do caminhar e do pedalar
outras razões, pelo processo de crescimento espraiado, expulsão da popu- induz a uma atitude de reflexão e contemplação. Há uma maior proximidade
lação para a periferia e desadensamento do centro, parece não ter uma para com os espaços públicos. No caminhar ou no pedalar torna-se possível
solução possível a curto prazo. São enormes deslocamentos populacionais da surpreender-se com pequenos acontecimentos urbanos, que aparecem ines-
periferia para o centro, pela manhã, e do centro para a periferia, no final do peradamente no percurso e transformam-no, ainda que por alguns instantes.
dia. A dificuldade de proporcionar transporte público de qualidade para toda Nessas situações urbanas, situações cotidianas no espaço público, é que se
essa população - em um país onde 37 milhões de pessoas não têm acesso ao exerce a cidadania.
transporte devido à sua renda5 - parece impedir qualquer reflexão mais apro-
fundada sobre a mobilidade. No entanto, cabe pensar se essa questão envolve “Apesar de as cidades ocidentais incorporarem várias e
única e exclusivamente a possibilidade de deslocar-se ou se deve discutir a até contraditórias versões da modernidade, há um grande
forma como se realizam esses deslocamentos. consenso a respeito de quais são os elementos básicos da
Compreender o deslocamento envolve entender a relação estabeleci- experiência moderna de vida pública: a primazia e abertura
da com os espaços percorridos. O conceito de percurso parece já não existir. de ruas; a circulação livre; os encontros impessoais e anôni-
A ação de realizar um percurso determina uma atitude investigativa ; Isso sig- mos de pedestres; o uso público e espontâneo de ruas e
nifica observar e apreender o espaço e os elementos deste espaço percorrido, praças e a presença de pessoas de diferentes grupos sociais
quando se vai de um ponto a outro. É possível dizer que o deslocamento da passeando e observando os outros que passam, olhando
maioria dos cidadãos paulistanos não é um percurso. Mover-se em São Paulo, vitrines, fazendo compras, sentando nos cafés, participando
hoje, é uma atividade que pode tomar até um quarto das horas diárias das das manifestações políticas, apropriando as ruas para seus
pessoas. O caos das ruas e as horas no trânsito a que todos parecem já estar festivais e comemorações, ou usando os espaços especial-
habituados, contribuem para um estado generalizado de estresse. Eficiência é mente designados para o lazer das massas (parques, está-
a palavra chave: chegar o mais rápido possível de um ponto a outro. dios, locais de exposições).”6
Essa displicência e falta de sensibilidade na atitude de circular é prati-
camente uma resposta à agressão que significa transitar pela cidade hoje. A Desta forma, garantir mobilidade cidadã significaria, não apenas a
condição em que se encontram as vias e a falta de desafogos na densa malha qualidade dos transportes públicos para toda população, mas a qualidade dos
urbana torna impensável a opção de caminhar alguns quarteirões, se for pos- espaços por onde se circula - ou seja, todos os espaços públicos da cidade
sível pegar um ônibus ou um táxi. Utilizar a bicicleta, mesmo para percorrer – possibilitando assim, uma transformação da atitude de circular pelo espaço
uma distância de dez minutos, também é uma opção desconsiderada, e os urbano.
poucos que fazem são tidos como aventureiros.
As pequenas opções do dia-a-dia, no locomover-se pela cidade,
apesar de parecem insignificantes, são capazes de gerar enormes transforma-
ções. Caminhar até o ponto de ônibus, ao invés de ir de carona, pedalar até
19
2.2 construindo a cidade, construindo o olhar
São Paulo possui 3.500 km de rede fluvial. Seus rios e córregos são
elementos centrais na transformação da forma de construir a cidade. Eles
determinam um sistema de eixos de baixa declividade por todo o município,
criando percursos ideais para implantação de parques lineares e ciclovias.
Além disso, abrem horizontes importantes na apreensão visual da cidade.
A qualidade espacial das várzeas dos rios é uma situação urbana que
pode proporcionar projetos de transposição, circulação e ocupação dessas
margens. No entanto, o espaço dos rios deixou de ser aproveitado enquanto
vazio, horizonte, e tornou-se barreira.
As margens dos rios Tietê e Pinheiros, os dois principais rios da
cidade de São Paulo, limitam-se - em quase toda sua extensão - a alguns
metros de largura. Projetos de utilização e ocupação desses espaços tornam-
se impossíveis devido à proximidade das avenidas marginais, que são ligações
viárias, locais e intermunicipais, tanto locais como intermunicipais, com um
intenso fluxo de veículos que transitam em alta velocidade. Essas avenidas,
com mais de oito faixas viárias em alguns trechos, não possuem faróis ou
redutores de velocidade em nenhum momento, impossibilitando qualquer construídas para passagem de veículos, estão separadas entre si por mais de
tentativa de travessia para acesso às margens do rio. um quilômetro de distância. Nestas escassas travessias existentes, há quatro
O potencial de circulação ao longo desses eixos se limita pela impos- ou cinco pistas para os carros, enquanto que a passagens de pedestres não
sibilidade de travessia das marginais e pela ocupação desses poucos metros chega nem a dois metros. Quando se chega na metade da ponte, um imenso
de terra que restam ao lado do rio, que mesmo como passagem são extrema- horizonte abre-se com o rio; mas parar ali, com o barulho e a fumaça, torna-se
mente desagradáveis. O barulho dos automóveis em alta velocidade e a extremamente desagradável.
fuligem dos escapamentos que estão demasiado próximos dificultam qualquer A proximidade com a água, o olhar que apreende o espaço, o cami-
possibilidade de convívio harmônico. nhar: possibilidades perdidas nesta cidade em que os córregos se transfor-
Além de impossibilitar a utilização das margens, as grandes aveni- maram em avenidas de fundo de vale, e os rios estão cercados por marginais
das expressas são também um obstáculo para a transposição do rio, pois se expressas.
ligam às pontes através das alças onde não há um farol, lombada ou faixa. O pedalar e caminhar ao longo da orla fluvial urbana, as possibili-
O pedestre vê-se obrigado a esperar cinco, dez minutos, para em seguida dades que surgem da proximidade com a água e os horizontes que se abrem
lançar-se em corrida por entre os automóveis que saem das marginais expres- tornam inaceitável a situação dos rios paulistanos hoje. É necessário retomar
sas quase sem reduzir a velocidade. A transposição dos rios pelo pedestre seu valor urbanístico e humano, transformando-os em espaço acessível,
é praticamente impossível. Passarelas exclusivas não existem, e as pontes, transponível, qualificado, e parte novamente da malha urbana.
21
2.4 a rua compartilhada
cidade de uma forma muito própria. Nem tão lenta como os que caminham,
nem tão rápida como os que dirigem, ela ocupa os espaços de forma flexível.
Por vezes divide a calçada com os pedestres, por vezes divide a via com os
pela cidade.
24
3.1 bicicleta + pedestre: modalidades de transporte
Por ser eficiente e barata, a bicicleta pode ser vista como solução
para o problema do transporte em São Paulo. No entanto, essa concepção é
equivocada, pois seu papel deve ser compreendido atrelado a outros trans-
portes, através de sistemas de integração, criando uma rede de circulação
pela cidade.
A intermodalidade dos transportes pode compreender duas situações
diferentes: na primeira, o local de trabalho localiza-se próximo a uma estação
de trem ou metrô, assim, a pessoa pedala de casa até a estação e deixa a
bicicleta no bicicletário, pegando-a de volta no final do dia; na segunda, tanto
a residência como o local de trabalho encontram-se distantes da estação, por
isso, torna-se necessário carregar a bicicleta dentro do vagão, realizando as-
sim dois momentos do percurso de bicicleta.
Além disso, existe aquela situação em que a intermodalidade não
é necessária, pois o trajeto é possível de ser percorrido integralmente de
bicicleta. São considerados tempo e distância limites para o uso da bicicleta
cotidianamente:, até 7,5km ou 40 minutos de percurso, integrada ou não a
outro transporte. Esses parâmetros variam também de acordo com a inclina-
ção das vias, cujo limite máximo para implantação de ciclovias é de 10% de
declividade9.
As principais infra-estruturas necessárias para que se realize a inte-
gração - além dos eixos cicloviários e do transporte público de qualidade – são
os bicicletários nas estações de trem e metrô e nos terminais de ônibus e os
vagões adaptados à entrada de bicicletas. Sistemas mais sofisticados de inte-
gração utilizam um porta-bicicleta adaptado na frente dos ônibus, que permite
ao usuário carregar a bicicleta consigo.
Nas periferias da cidade de São Paulo, onde o transporte público é
precário e a bicicleta é utilizada para percorrer longos trajetos diariamente, a
implementação de projetos cicloviários que consolidam essa forma de circular
–mais barata que outros modos de circulação- agrava seriamente o estado de
segregação sócio-espacial. Trata-se de projetos de circulação que justificam a
falta de abrangência do metrô e do trem através da existência de sistemas ci-
26
cloviários. A rede cicloviária não substitui um sistema de transporte de massa
metropolitano.
É importante salientar também que, em um eixo de circulação onde
existe uma estrutura de transporte de massa eficiente, não é prioritária a
construção de infra-estrutura de trânsito para a bicicleta. Este é o caso, por
exemplo, do eixo do rio Pinheiros, para o qual o Governo Estadual anunciou,
no ano passado, a construção de uma ciclovia. Este projeto é extremamente
polêmico, pois por um lado sobrepõe-se à linha de trem e à marginal e por
outro representa um olhar diferente na relação das pessoas com o rio (ver
reportagem em Anexo).
Com o sistema de integração, a bicicleta, apesar de ser um transporte
para curtas e médias distâncias, consegue incorporar-se integralmente no Estação adaptada à entrada de bicicletas, em Bogotá.
cotidiano de circulação das metrópoles. No entanto, os projetos de implanta-
ção da integração só se efetivarão se forem pensados como uma rede em todo
município - com ligações para os municípios vizinhos – garantindo sua efetivi-
dade e, assim, a apropriação desse uso pela população.
27
capítulo 2
Nívea Justino
Este segundo capítulo apresenta o objeto desta pesquisa, a Cidade Universitária, inserida
como pólo de conhecimento e sua relação com a malha urbana e com as dinâmicas de São
29
1. SÃO PAULO E A CIDADE UNIVERSITÁRIA
toda metrópole.
30
1.1 a lógica do crescimento da cidade de são paulo
A análise histórica do crescimento de São Paulo, a partir do final do tensão do território urbanizado,de forma espraiada, com a formação de novos
século XIX, é central na compreensão das atuais condições de mobilidade da bairros – muitos desses proletários, implantados às margens dos principais
cidade. Desenvolveu-se uma política urbana pautada na expulsão da maio- eixos ferroviários, que cada vez mais perdiam sua importância.
ria pobre da população para a periferia e na priorização do automóvel como Assim, no início do século XX, os limites da periferia se expandiram,
política de transporte. cada vez mais distantes do núcleo central. O chamado subúrbio, que era antes
Até o início do século XX, a cidade de São Paulo tinha o bonde como caracterizado por algumas indústrias e loteamentos populares, se transfor-
principal sistema de transporte, que conectava o núcleo central da cidade com mou, principalmente nas três últimas décadas, em imensas periferias desco-
os demais bairros em expansão. O sistema ferroviário, instalado a partir de nectadas de um sistema racional de circulação.
1867 com a construção da ferrovia Santos-Jundiaí, indicou os eixos de cresci- Configurou-se, assim, uma São Paulo de território grande e pouco
mento da região de São Paulo e favoreceu a urbanização do núcleo central da denso. Com um centro esvaziado e uma periferia que não para de crescer,
cidade. Foi concebido como um transporte de carga, porém mais tarde passou a circulação torna-se complexa e deficiente, com horas diárias perdidas em
a ser o principal meio de transporte de passageiros para bairros mais afasta- deslocamentos.
dos e municípios vizinhos.
São Paulo cresceu ocupando os terrenos mais altos, que acompan-
havam as antigas estradas localizadas nas cristas das montanhas (as atuais
avenidas Paulista, Consolação, Pompéia, Liberdade, Brigadeiro Luis Antônio,
entre outras). Os terrenos mais baixos, úmidos e difíceis de serem transpostos
ficaram, até a década de 30, sem urbanização. Depois disso, deram lugar à
construção de avenidas, as chamadas avenidas de fundo de vale (Avenida
Nove de Julho, Pacaembu, Vinte e Três de Maio, Sumaré, Aricanduva, etc).
A partir do final de década de 20, quando a cidade de São Paulo
viveu o final de seu maior período de crescimento, foram tomadas decisões
urbanísticas centrais, que viriam a definir a dinâmica de desenvolvimento da
cidade durante todo o século XX. Na gestão de Pires do Rio (1926 – 1930),
estabeleceram-se diretrizes para a instalação de uma nova organização
viária, base para a estruturação do território nas décadas seguintes: a política
rodoviarista. Entre 1910 e 1930, com o crescimento acelerado do número
de veículos, foram elaborados diversos planos de avenidas, entre os quais
se destaca o “Estudo de um Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo”,
elaborado pelo prefeito Prestes Maia.
O crescimento populacional de São Paulo foi acompanhado pela ex-
Mapa das Avenidas de Fundo de Vale na cidade de São Paulo
31
1.2 a cidade universitária inserida em são paulo
comércio ou lazer.
33
2.1 eixos de acesso
34
relevo e cursos d’água na região da zona oeste de São Paulo
4
2
5
1
pólos de atração próximos ao campus:
1. Estação Metrô-Butantã; 2. Estação trem CPTM- Cidade Universitária; 3. CEAGESP
(CEASA); 4. Centro Industrial do Jaguaré; 5. Área de comércio e serviço intenso
36
3. A DINÂMICA DE ACESSOS E A CIRCULAÇÃO
NA CIDADE UNIVERSITÁRIA
37
3.1 o trajeto casa - universidade
A fim de diagnosticar as distâncias percorridas pela população que Na Vila Mariana, por exemplo, bairro distante da USP, encontramos
frequenta a Cidade Universitária diariamente, no trajeto diário casa- Univer- 7% do total de pesquisados, o que representa mais de mil alunos residentes.
sidade, realizamos uma pesquisa origem-destino que levantou a distribuição Há na região quatro estações de metrô – Vila Mariana, Ana Rosa, Vergueiro
das residências da Comunidade USP. e Paraíso- formando um quadro de fácil acessibilidade. Neste caso, poderia
Foram pesquisados dados de 29.201 pessoas da comunidade USP, seria considerada uma interligação da bicicleta com as estações de metrô da
sendo aproximadamente 57% alunos, 33% funcionários e 10% docentes, ou Vila Mariana e do metrô Butantã até a Cidade Universitária. Esse projeto pres-
seja, 43% servidores, nos quais se incluem aqueles que residem em mu- supõe a entrada da bicicleta no vagão de trem e metrô, possibilitando seu uso
nicípios próximos. durante esses dois momentos do trajeto integrado.
A pesquisa revelou grandes concentrações de fluxos vindos de de- A análise do gráfico mostra que a distribuição de alunos pelo mu-
terminadas regiões, principalmente de bairros ao redor da USP. Do total de nicípio é mais dispersa do que a dos servidores. Se considerarmos, ainda, os
pesquisados, aproximadamente 29% vive próximo à Cidade Universitária: 10% servidores que vêm de outros municípios, veremos que em Osasco residem,
no bairro do Butantã, 9% no bairro do Jaguaré/Rio Pequeno, 6% em Pinheiros do total de servidores, 8,76%, em Carapicuíba 4,46% e em Taboão da Serra
e 4% na Lapa (ver tabela abaixo). Esses dados revelam um alto potencial para 3,47%, já que são municípios próximos à Cidade Universitária (ver tabelas
o uso da bicicleta de forma integral – sem articulação com outros transportes em ANEXO), onde o custo da terra é menor se comparado ao custo dentro do
- no percurso casa-universidade, já que a distância é um dos maiores empeci- centro expandido de São Paulo.
lhos ao uso da bicicleta em São Paulo (ver mapa na próxima página).
38
MAPEAMENTO DE FLUXOS
MAPEAMENTO DE FLUXOS
LOCAIS DE MORADIA
LOCAIS DE MORADIA
��
ALUNOS
� ��
FUNCIONÁRIOS E PROFESSORES 052
�� ��
�� 023
�� �� 029 026
028
��
�� �� 051 024 022
�� ��
�� 038
�� �� �� 027 025 037
�� �� �� �� 080 081
�� �� �� 020
�� �� 021
��
�� � �� 050 011 036
�� � �� ��
�� � �� 030
�� �� �� �
�� �� 012 010 082
�� � ��
�� �� �� 034 035
�� 053 054 013 033
� �� �
��
�� 015 031 084
�� �� �� �� �� 014
�� �
��
��
�� �� ��
�� �� 055 040 032
�� �� 056 045
�� �� �� 039
�� �� 042 083
�� 041
�� ��
�� �� �� 057
�� 046
�� 047 043
��
�� �� 058
�� ��
044
��
�� 049
��
��
048
��
��
NÚMERO DE PESSOAS
0-100
100-200
200-500
��
500-700
700-1000
> 1000
0 10 km
Distritos
Setor Postal - Bairros
01- Água Rasa
02- Alto de Pinheiros 26- Consolação 50- Limão 74- São Lucas 10 – Sé/ República 35 - V. Matilde/V. Talarico/C. Patriarca/C. Lider/ Artur Alvim 50 - Lapa/Vila Anastácio/Alto Da Lapa/Água Branca Perdiz-
03- Anhanguera 27- Cursino 51- Mandaqui 75- São Mateus 11 - Barra Funda/Bom Retiro/ponte Pequena/Luz 36 - Penha/V. Esperança/V. Ré/ Jardim Popular/ Cidade A. es
04- Aricanduva 28- E. Matarazzo 52- Marsilac 76- São Miguel 12 - Sta Cecília/Sta Efigênia/Consolação/C. Eliseos/Pa- E. Carvalho 51 - Pirituba/Pq S. Domingos/V. Jaragua/V. Clarice/Mutinga/
05- Artur Alvim 29- Freguesia Do Ó 53- Moema 77- São Rafael caembú/ Sumaré 37 - Cangaíba/ Eng. Goulart/ Ponte Rasa V. Dos Remédios/ Jaraguá
06- Barra Funda 30- Grajaú 54- Mooca 78- Sapopemba 13 - Bela Vista 38 - Ermelino Matarazzo/ Vila Paranaguá 52 - Perus/ Parque Anhanguera
07- Bela Vista 31- Guaianases 55- Morumbi 79- Saúde 14 - Jardins/Cerqueira Cesar 39 - S.Mateus/C. Centenário/V. Grimaldi/Sapopemba/Igua- 53 - Vila Leopoldina/ Jaguaré/ Rio Pequeno
08- Belém 32- Iguatemi 56- Parelheiros 80- Sé 15 - Liberdade/Cambuci/Aclimação/V. Monumento/Paraíso çu/Sta Adélia 54 - Pinheiros/ Vila Madalena/ Alto De Pinheiros
09- Bom Retiro 33- Ipiranga 57- Pari 81- Socorro 20 - Santana/ Vila Guilherme/ Carandirú 40 - V. Mariana/Parque Ibirapuera/V. Clementino/ Indianópo- 55 - Butantã/Caxingui/Jd Peri/Jd Do Arpoador/C. Universi-
10- Brás 34- Itaim Bibi 58- Parque Do Carmo 82- Tatuapé 21 - Vl. Maria/Jardim Japão/Parque Novo Mundo lis/ Moema/Planalto Paulista/ Paraíso tária/ Ferreira
11- Brasilândia 35- Itaim Paulista 59- Pedreira 83- Tremembé 22 - Tucuruvi/Parque Edu Chaves/Jaçanã/Vila Medeiros 41 - Saúde/ Parque Da Saúde/ Vila Clementino/ Jardim Da 56 - Morumbi/ Paraisópolis/ Cidade Jardim
12- Butantã 36- Itaquera 60- Penha 84- Tucuruvi 23 - Tremembé/Água Fria/Barro Branco Glória/ Vila Das Mercês/ Parque Bristol/ Água Funda/ Vila 57 - Campo Limpo/ Pirajussara
13- Cachoeirinha 37- Jabaquara 61- Perdizes 85- Vila Andrade 25 - Casa Verde/Imirim/Parque Peruche Liviero/ Vila Gumercindo 58 - Capão Redondo/ Vila Das Belezas
14- Cambuci 38- Jaçana 62- Perus 86- Vila Curuca 26 - Vila Nova Cachoeirinha/Jardim Peri 42 - Ipiranga/S. J. Clímaco/M. Velho/Sacomã/V. Carioca/V. 80 - São Miguel Paulista
15- Campo Belo 39- Jaguará 63- Pinheiros 87- Vila Formosa 27 - N. S. Do Ó/Limão/Itaberaba Gumercindo 81 - Itaim Paulista
16- Campo Grande 40- Jaguaré 64- Pirituba 88- Vila Guilherme 28 - Brasilândia/Itaberaba 43 - Jabaquara/ Vila Santa Catarina/ Aeroporto/ Vila Gua- 82 - Jardins/ Cerqueira Cesar
17- Campo Limpo 41- Jaraguá 65- Ponte Rasa 89- Vila Jacui 29 - Pirituba/N. S. Do Ó/Piqueri rani 83 - Iguatemi/ Parque São Rafael
18- Cangaíba 42- Jardim Ângela 66- Raposo Tavares 90- Vila Leopoldina 30 - Pari/ Belenzinho/Canindé/ Brás/Prq. São Jorge/Ca- 44 - Cidade Ademar/ Vila Miriam/ Pedreira 84 - Guaianazes
19- Capão Redondo 43- Jardim Helena 67- República 91- Vila Maria tumbi 45 - Itaim Bibi/ Vila Olímpia/ Ibirapuera/ Brooklin/ Moema
20- Carrão 44- Jardim Paulista 68- Rio Pequeno 92- Vila Mariana 31 -A. Da Moóca/Pq Da Moóca/V. Prudente/V. Zelina/ Moó- 46 - C. Belo/Aeroporto/Jurubatuba/Campo Grande/Cupecê
21- Casa Verde 45- Jardim São Luís 69- Sacomã 93- Vila Matilde ca/Quarta Parada/ Água Rasa 47 - Sto Amaro/Chácara Sto Antônio/ Granja Julieta/ Socor-
22- Cidade Ademar 46- Jose Bonifácio 70- Santa Cecília 94- Vila Medeiros 32 - V. Alpina/Parque São Lucas/ Vila Ema/ Sapopemba ro/ Capela Do Socorro/ Guarapiranga/ Interlagos/ Veleiros
23- Cidade Dutra 47- Lajeado 71- Santana 95- Vila Prudente 33 - Tatuapé/V. Formosa/V. Colorado/A. Rasa/Quarta Para- 48 - Cidade Dutra/Parelheiros/Rio Bonito/Bororé/Pq Grajaú
24- Cidade Lider 48- Lapa 72- Santo Amaro 96- Vila Sônia da 49 - Capela Do Socorro/ Guarapiranga/ Baronesa
25- Cidade Tiradentes 49- Liberdade 73- São Domingos 34 - Vila Carrão/ Carrãozinho
39
3.2 os ciclistas da cidade universitária
42
O acesso à estação
43
3.4 circulação interna: a bicicleta e o ônibus circular
44
Bicicletários no interior do campus
LOCAIS DE ESTACIONAMENTO
bicicletário 43,70%
postes ou grades 37,80%
dentro de salas 18,44%
47
1. UM FOCO: O EIXO DO PIRAJUSSARA
Esse caderno estuda a Cidade Universitária dentro do contexto da
metrópole de São Paulo. Para o aprofundamento dos projetos, no entanto, es-
colhemos apenas um eixo de intervenção: o eixo do rio Pirajussara. Este con-
tém exemplos de situações urbanas consideradas de grande potencial para
intervenções projetuais, que refletem os conceitos urbanísticos e sociológicos
discutidos nos capítulos anteriores.
O trecho escolhido foi dividido em três áreas. A primeira compreende
USP a ligação da estação CPTM com o portão de pedestre FEPASA da USP, onde
se localiza a foz do rio Pirajussara. Nesse trajeto, a travessia do rio Pinheiros
é o maior obstáculo ao pedestre e o portão, um exemplo do modo como são
pensados os espaços destinados aos pedestres.
A segunda área envolve o trecho em que o rio Pirajussara ainda está
descoberto, a partir da rotatória do Portão 1 da USP até o cruzamento da Ave-
nida Corifeu de Azevedo Marques com a Avenida Caxingui. A inserção do rio na
malha urbana, sua possibilidade como eixo de circulação e sua relação com o
ra
sa homem são algumas das questões que podem ser levantadas por esse trecho.
us
i raj A terceira área abrange a Avenida Caxingui e a Avenida Eliseu de Al-
goP
rre meida, até o município de Taboão da Serra; são avenidas de fundo-de-vale, por
có
baixo das quais corre o rio Pirajusara. Nesse eixo, o cruzamento da Avenida
Caxingui com a Rodovia Raposo Tavares apresenta-se como uma barreira ao
pedestre e ao ciclista. A Avenida Eliseu de Almeida é uma avenida de tráfego
pesado, com espaços precários para os pedestres e ciclistas, sendo um impor-
tante exemplo de cenário propenso à intervenções.
Taboão da Assim como ocorre com o rio Pirajussara, existe uma série de rios na
Serra cidade de São Paulo que também foram canalizados e correm sob avenidas de
fundo-de-vale; existem outros espaços públicos murados ou gradeados como a
0 500 1000 1500 m Cidade Universitária e ruas em que o espaço para o pedestre não é projetado.
Em cada uma dessas situações, os conceitos desses projetos podem ser
reproduzidos.
48
Estaçã
o CPTM
Rio PIn
Raia O
Cidade
heiros
límpica
Universitá
ia r
d Univ
Ponte C
Parque da Previdência
ÁREA 1
Marginal Pinheiros
Taboão da Serra Av Vital Brasil
P1
R Alvarenga
ÁREA 3
3
2
0 10 50
B
51
PLANTA - EDIFÍCIO DE APOIO
1. sanitários
2. guarita com copa
3. bicicletários 1
4. ponto de ônibus
ÁREA 1 - CORTE AA
3
Novo edifício da estação CPTM de trem Passarela para pedestres e ciclistas Ponte rodoviária,
cicloviária, “pedestriária”
Praça da estação
Praça do portão - Edifício de apoio Passarela para pedestres e ciclistas Novo edifício da estação
CPTM de trem
1. Novo edifício para estação de trem CPTM 2. Ponte rodoviária, cicloviária, “pedestriária”
Uma nova estação CPTM de trem, Estação Cidade Universitária, abri- As pontes são como ruas, e enquanto ruas devem ser transitáveis por
gando o intenso fluxo diário de pessoas e espaço para implantação de bicicle- todos. Seguindo uma hierarquia de espaços, segundo as prioridades - pedes-
tários de grande porte, e eventuais exposições ou atividades relacionadas, por tre, veículos não-motorizados, coletivos, veículos de pequeno porte, veículos
exemplo, ao que se produz na Universidade de São Paulo. de grande porte - possibilita o acesso universal e trânsito compartilhado.
Priorização do espaço do pedestre facilitando o acesso à estação Alargamento da calçada da ponte da Cidade Universitária, a partir da dimi-
através de passarelas exclusivas para pedestres que fazem a transposição do nuição de uma faixa de trânsito de automóveis, a fim de possibilitar o fluxo
Rio Pinheiros e da marginal, além da conexão com a ponte Cidade Universi- diário intenso de pedestres e ciclistas.
tária.Todos os acessos são localizados antes da linha de bloqueio da estação,
possibilitando a livre passagem pelos mesmos. 3. Passarela para pedestres e ciclistas
Os bicicletários encontram-se antes e depois dessa linha de bloqueio Uma passarela com dimensões que podem abrigar diversos usos,
- no segundo caso para os usuários do trem, garantindo maior segurança às na medida em que prevê, além do passar, o percurso, o estar. Tal como uma
suas bicicletas; no primeiro, para aquelas pessoas que não usam esse meio praça, confortável, que permita um tempo maior de permanência, o apreender
de transporte, mas precisam estacionar suas bicicletas. do espaço, a observação do rio e contemplação do horizonte. Esta estrutura
repetida a cada 300 metros sobre o rio propiciaria sua transposição em
Vagões de trem adaptados para bicicleta freqüência semelhante a de ruas, reconectando as duas margens.
Vagões adaptados para a bicicleta, permitindo ao usuário de trem o
deslocamento carregando sua bicicleta consigo.
Dentro de vagões comuns, os assentos fixos são substituídos por
bancos escamoteáveis (dobráveis) para a locação de bicicletas. Esses espaços
também permitem uma melhor acomodação de cadeiras de rodas.
53
4. A praça do portão
Uma reformulação espacial dessa importante entrada para a Cidade
Universitária, com novo programa e novo desenho.
Uma larga entrada, uma praça. Um edifício térreo de apoio, que abriga
uma guarita e equipamentos como sanitários e bicicletários, conectados por
uma marquise que se estende até o ponto de ônibus, dentro do campus. Uma
recepção acolhedora para aqueles que chegam ou saem da USP.
Um edifício que não é uma barreira visual, já que possui portões que
podem ser abertos totalmente, sem impedimento de passagem. A delimita-
ção da Cidade Universitária não se dá através de um muro, mas sim de uma
barreira que, apesar de física, não é visual: um lago artificial criado a partir do
alagamento da foz do córrego Pirajussara em delta.
Em detrimento do automóvel, já que a prioridade é o ser humano,
a via que parte da Marginal e dá acesso à rua Alvarenga é retirada, já que
existem outras possibilidades para esse acesso, antes ou depois dessa alça.
Em todas as alças onde a passagem de pedestres pode vir a ocorrer, a insta-
lação de semáforos permite uma travessia segura, além de diminuir a veloci-
dade dos carros, que saem de uma via expressa para ingressar em uma rua
mais local.
A Linha de Transmissão que passa por essa área compõe um es-
paço que, hoje, é inutilizado. Como um local de passagem, a ocupação desse
espaço sob linhas de tensão é permitida, aproveitando-se, assim, uma sobra
urbana.
54
área 2
ÁREA 2 - PLANTA
Caminho à beira-rio
O trajeto parte do portão da FEPASA e passa por dentro do Campus,
com calçada para pedestres e ciclistas ao lado da linha de transmissão (1).
Segue então pelas margens do rio Pirajussara, ao lado da Academia de Polícia
e chega na Avenida Vital Brasil como uma alternativa à saída pelo Portão 1.
Um caminho que se configura como tentativa de resgate à atenção
para os rios e todas suas potencialidades enquanto qualidade urbanística.
As margens do rio, espaço público com potencial, hoje são sobras urbanas
escondidas. Este percurso, além de revelar o rio para os pedestres e ciclistas,
requalifica espacialmente a área, dando um novo uso: um percurso agradável
à margem do córrego Pirajussara.(2)
2 No encontro do Rio Pirajussara com a Avenida Vital Brasil há uma
praça que marca esta nova entrada ao campus e destaca o rio como elemento
importante. A proximidade com o portão do instituto Butantã se justifica por
que os acessos ligam cotas diferentes dentro da USP.(3)
56
ÁREA 2 -CORTE TRANSVERSAL - RIO PIRAJUSSARA
iluminação
guarda-corpo
sombreamento calçada ciclovia
calha do rio
57
área 3
Cruzamento Av. Caxingui x Rodovia Raposo Tavares
Atualmente, a Rodovia Raposo Tavares, no cruzamento com a Av. Ca-
xingui, apresenta um rebaixamento ao se aproximar do córrego Pirajussara ca-
nalizado, voltando a alcançar sua cota anterior logo em seguida. A partir deste
desnível de poucos metros, uma passagem sob a Rodovia se configura como
continuidade ao passeio do pedestre, ligando a Avenida Caxingui a Eliseu de
Almeida, proporcionando um espaço mais humanizado e com maior segurança
para travessia da rodovia. Hoje, essa travessia é perigosa, pois muitos pe-
destres se arriscam entre os carros em alta velocidade, já que faróis e faixas
de pedestres encontram-se distantes desse ponto. Esse projeto representa
um investimento relativamente grande em uma obra destinada a pedestres e
ciclistas.
59
Av. Eliseu de Almeida, ciclovia na calçada
Na avenida Eliseu de Almeida, o espaço da via é reorganizado por
uma calçada larga, para pedestres e ciclistas, separado por pequenos blo-
queios (tartarugas). O canteiro central é diminuído para haver um aumento
das calçadas.
Quando há ponto de ônibus, a calçada avança e pedestres e ciclistas
dividem o passeio sem segregação. A sinalização adequada durante todo o
percurso permite a segurança dos ciclistas quando há cruzamentos, pontos
de ônibus ou entrada de veículos em garagens; e a segurança dos pedestres,
quando a circulação é compartilhada com os ciclistas.
O uso dos espaços públicos lindeiros existentes, de forma a en-
globá-los ao percurso, visa aproveita-los como espaços de parada, encontro
e estar. Para isso, seriam implementadas infra-estruturas como bebedouros,
banheiros públicos, oficinas de bicicleta para pequenos reparos. O Parque da
Previdência é uma destas áreas que poderiam ter novo programa de uso e
desenho, fazendo também uma conexão entre a avenida e a Rodovia Raposo
Tavares, já que seu lote tem frente para as duas vias.
60
Projetos-conceito reproduzidos pelo município
pontes
estações de trem e metrô
61
1 km 3 km 5 km 10 km
continuidade
62
Ciclovias Urbanas é apenas uma infra-estrutura de segurança aos
ciclistas. O nome do grupo perde o sentido, já que na cidade desejada, a exis-
tência de ciclovias torna-se desnecessária. A contestação do nome Ciclovias
Urbanas representa a mudança de um projeto que aceita as condições da
realidade impostas para um projeto que tenta pensar a transformação do viver
na cidade.
63
Educação urbana nas escolas Camisetas informativas
Um projeto de maior escala consiste em inserir, no dia-a-dia das salas de O projeto camisetas informativas surgiu com a idéia de expor à população os
aula, discussões a respeito do espaço e do deslocamento pela cidade que artigos de lei do CTB (Código de Trânsito Brasileiro) que envolvem a bicicleta,
estimulem, desde a escola primária, a percepção dos percursos cotidianos, como forma de conscientizar os motoristas de veículos motorizados, além dos
do bairro onde vivem e mesmo da própria residência. Noções de cidadania e pedestres e dos próprios ciclistas, dos direitos da bicicleta no trânsito.
respeito, se forem ensinadas desde a educação infantil, ajudam a desenvolver Para isso, seriam estampados nas costas de camisetas, de forma ilustrativa
uma visão e um posicionamento crítico frente à cidade e à sociedade. ou textual, artigos selecionados que envolvessem diversas situações no trân-
Seriam desenvolvidos materiais específicos – como cartilhas ou apostilas sito, como um automóvel que tem que ultrapassar um ciclista. Um exemplo,
– que transmitiriam conteúdos mais gerais sobre a cidade e também temas é o Artigo 201, que considera infração média se um automóvel “deixar de
relacionados à bicicleta, envolvendo, por exemplo, respeito e proteção aos aguardar a distância lateral de um metro e cinqüenta centímetros ao passar
ciclistas; além disso, apresentação de vídeos com exemplos de modelos bem ou ultrapassar bicicleta”.
sucedidos adotados em outras cidades e de situações presentes na própria
cidade. Cartazes lambe-lambe e panfletos fictícios
Bicicletas públicas Os projetos dos Lambe-lambes e dos panfletos fictícios visam instigar as pes-
soas sobre seu olhar para a cidade através da percepção de uma possibili-
O projeto das bicicletas públicas consiste na instalação de bicicletários es- dade de transformação dos espaços freqüentados por elas cotidianamente.
palhados pela cidade, onde estariam localizadas bicicletas para uso público, Pensamos nos lambe-lambes como cartazes compridos que seriam colados
que poderiam ser retiradas e desenvolvidas no bicicletário de outra região da em locais onde as pessoas teriam tempo para observá-los e lê-los, como os
cidade. pontos de ônibus. Neles estariam contidos discursos e imagens, com questio-
Seria realizado, inicialmente, um projeto experimental com apenas um bicicle- namentos sobre a cidade, e meta-projetos como os desenvolvidos no capítulo
tário dentro da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. Em um segundo mo- três desta pesquisa.
mento, na Cidade Universitária, os bicicletários estariam localizados nas uni- Os panfletos seriam entregues pelas ruas e teriam o conteúdo de um único
dades e em edifícios importantes, como o Coseas, o HU e a reitoria, além dos projeto, que levaria o leitor a achar, em um primeiro momento, que este
portões de entrada da USP. O controle do uso seria realizado pelos seguranças seria de fato realizado. Com isso, procuramos fazer com que a pessoa pense
dos edifícios e portões, que teriam computadores em rede, onde os usuários naquele projeto em oposição à situação existente: distinguindo, para discernir
de bicicleta apresentariam um documento. Este sistema permitiria que a o espaço por onde passa.
bicicleta fosse entregue em um ponto diferente daquele onde ela foi retirada.
64
notas
1
Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes – GEIPOT, 2001
2
SILVA, 2001.
3
SANZ, 1996.
4
Segundo dados de 1985 da Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes.
(SILVA, 2001.)
5
15º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, 2005.
6
CALDEIRA, 2000, p. 301.
7
PREFEITURA DE SÃO PAULO; SECRETARIA DO VERDE E DO MEIO AMBIENTE, p. 6.
8
15º Congresso Brasileiro de Transporte e Trânsito, 2005, p. 12.
9
Empresa Brasileira de Planejamento de Transportes – GEIPOT, 2001, p. 43.
10
MARQUES, 1998 p.13.
11
COMPANHIA PAULISTA DE TRENS METROPOLITANOS
65
bibliografia
CALDEIRA, Teresa Pires do Rio. Cidade de muros. Crime, segregação e cidada- MARQUES, Vera Adelina Amarante Machado. A inserção do campus da Cidade
nia em São Paulo. São Paulo: Editora 34/Edusp, 2000. Universitária. “Armando Salles Oliveira” , na malha urbana da cidade de São
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MALACO, Jonas Tadeu. Da forma urbana. O casario de Atenas. São Paulo: Alice VILLAÇA, Flávio José Magalhães. Localização como mercadoria. 19- ?
Foz, 2002.
66
apêndice
67
1 PESQUISA
As pesquisas relizadas pelo grupo podem ser divididas em três: 3. pesquisa quantitativa – contagem dos ciclistas
Após buscarmos maiores dados junto à Prefeitura do Campus fez-se
1. análise das condições de estacionamento das bicicletas nas uni- possível a realização de uma contagem precisa, durando uma semana em
dades da USP período integral, o que julgamos ser de extrema importância também como
Através de visitas as unidades da Cidade Universitária, foram levanta- um dado para a própria USP. Assim, a contagem foi realizada pelos vigilantes
das as condições físicas para o estacionamento de bicicletas e as qualidades dos portões do dia 24 ao dia 28 de outubro, de segunda à sexta, das 6:00 da
funcionais dos bicicletários existentes. manhã à meia-noite. Foram contabilizadas todas as bicicletas que entravam
no campus, independentemente da pessoa que a transportava ter vínculo
2. deslocamento da comunidade USO – locais de moradia com a USP ou não e inclusive as bicicletas transportadas dentro de carros. A
Os dados foram recolhidos na Pró-Reitoria de Graduação, e, no caso pesquisa não foi realizada durante o final de semana, quando há grande fluxo
dos alunos, representam apenas aqueles que habitavam o município de São de ciclistas, esportistas e pessoas a lazer.
Paulo no momento da matrícula nas faculdades. Não foram considerados
aqueles alunos que mudaram de endereço ou migraram de outros municípios 4. pesquisa qualitatiiva – entrevistas com ciclistas
ou estados para a capital a partir do início do curso. Por isso referem-se Foram distribuidos aos ciclistas questionários nos portões da USP,
apenas a uma amostra dos alunos do campus. Além disso, esses números para que, depois, fossem devolvidos respondidos. Esses quetionários tinham
referem-se aos alunos, professores e funcionários ativos no 2º semestre de como objetico traçar o perfil dos usuários de bicicleta do campus.
2005, e representam, por isso, parte do total da Universidade.
Foram requisitados os dados de CEP, idade e distinção entre fun-
cionário e professor para a seção dos servidores, na reitoria do Campus. Os
dados sobre os alunos foram colhidos na Pró-Reitoria de Graduação, e gerados
em parte pelo NAEG.
Uma dificuldade que tivemos foi comparar os dados obtidos pela
tabela dos servidores com dos alunos já que os resultados se apresentaram
em parâmetros um pouco diferentes. Enquanto no primeiro as informações
se dividiram por distritos, no último a divisão se deu pelos setores postais, os
quais não têm correspondência direta com a divisão política dos distritos.
68
1.1 análise das condições de estacionamento das bicicletas
nas unidades da usp
69
fotos das condições de estacionamento nas unidades
72
73
74
1.3 pesquisa quantitativa - contagem dos ciclistas
segunda-feira 24.10.05
P1 P2 P3 Fepasa São Remo S. R. /HU Mercadinho V. Indiana I. Butantã T. Soares
06:00 às 07:00 12 17 4 1 54 65 5 8 5 2
07:00 às 08:00 5 19 9 5 41 16 7 2 9 0
08:00 às 09:00 10 26 3 3 12 2 5 1 12 0
09:00 às 10:00 6 5 2 2 9 1 4 1 4 1
10:00 às 11:00 2 4 0 1 8 0 4 2 5 1
11:00 às 12:00 8 6 3 2 4 0 2 1 2 0
12:00 às 13:00 7 4 1 4 22 1 5 3 2 1
13:00 às 14:00 3 6 0 2 10 26 2 5 5 1
14:00 às 15:00 9 0 1 5 6 9 2 4 7 0
15:00 às 16:00 12 3 0 5 4 2 3 3 5 0
16:00 às 17:00 5 2 0 1 3 5 0 4 6 1
17:00 às 18:00 6 6 0 3 3 13 3 2 2 0
18:00 às 19:00 12 5 0 2 9 8 4 1 0 0
19:00 às 20:00 8 2 0 1 4 6 1 5 0 0
20:00 às 21:00 11 5 0 3 2 3 1 6 0 0
21:00 às 22:00 4 0 0 1 0 2 0 7 0 0
22:00 às 23:00 4 1 0 2 3 1 0 8 0 0
23:00 às 00:00 3 0 0 0 0 0 1 5 0 0
totais diários 127 111 23 43 194 160 49 68 64 7
sub-total semana 846
75
terça-feira 25.10.05
P1 P2 P3 Fepasa São RemoS. Remo/HU Mercadinho V. Indiana nst. ButantãT. Soares
06:00 às 07:00 18 12 6 3 36 46 3 14 3 8
07:00 às 08:00 21 11 2 5 26 12 5 17 6 3
08:00 às 09:00 12 20 3 12 8 3 6 16 11 0
09:00 às 10:00 12 3 0 3 4 0 2 15 5 4
10:00 às 11:00 6 2 1 6 3 0 3 9 6 1
11:00 às 12:00 11 1 0 9 2 0 6 4 0 4
12:00 às 13:00 6 8 3 5 1 2 3 5 3 0
13:00 às 14:00 12 1 1 7 7 4 4 3 6 1
14:00 às 15:00 7 4 2 4 4 0 2 4 5 3
15:00 às 16:00 8 2 3 8 3 2 10 5 0 0
16:00 às 17:00 13 2 0 3 2 13 5 5 3 0
17:00 às 18:00 15 7 1 4 1 7 3 10 6 0
18:00 às 19:00 22 4 0 13 2 9 6 13 2 0
19:00 às 20:00 23 2 0 11 3 5 6 6 0 0
20:00 às 21:00 8 10 0 6 6 0 15 5 0 0
21:00 às 22:00 5 8 0 1 4 2 10 10 0 0
22:00 às 23:00 4 2 1 5 9 3 5 6 0 0
23:00 às 00:00 6 0 0 2 7 0 2 4 0 0
totais diários 209 99 23 107 128 108 96 151 56 24
sub-total 1001
quarta-feira 26.10.05
P1 P2 P3 Fepasa São Remo ão Remo/H Mercadinho V. Indiana nst. ButantãT. Soares
06:00 às 07:00 12 17 5 3 45 18 6 0 2 1
07:00 às 08:00 11 14 7 5 48 7 7 16 3 4
08:00 às 09:00 23 4 2 1 12 2 10 5 2 0
09:00 às 10:00 6 2 1 2 10 0 11 7 0 0
10:00 às 11:00 12 4 1 3 3 0 6 6 0 0
11:00 às 12:00 9 2 0 2 9 1 4 4 1 0
12:00 às 13:00 12 4 1 3 22 1 3 3 2 0
13:00 às 14:00 7 3 2 4 12 0 3 5 5 2
14:00 às 15:00 7 2 0 2 4 2 6 4 2 0
15:00 às 16:00 10 3 3 1 7 4 4 3 1 0
16:00 às 17:00 7 2 0 2 9 9 7 2 0 1
17:00 às 18:00 16 5 1 2 8 6 1 4 2 0
18:00 às 19:00 10 10 0 3 3 10 0 3 2 0
19:00 às 20:00 3 2 0 3 4 3 2 0 0 0
20:00 às 21:00 7 3 0 1 3 1 1 3 0 0
21:00 às 22:00 4 1 0 1 5 0 2 0 0 0
22:00 às 23:00 2 0 0 2 4 2 3 0 0 0
23:00 às 00:00 4 0 0 3 2 0 1 0 0 0
totais diários 162 78 23 43 210 66 77 65 22 8
sub-total 754
76
quinta-feira 27.10.05
P1 P2 P3 Fepasa São Remo ão Remo/H Mercadinho V. Indiana nst. ButantãT. Soares
06:00 às 07:00 15 19 3 3 39 27 3 13 1 3
07:00 às 08:00 13 17 4 10 43 14 6 9 3 1
08:00 às 09:00 11 8 6 7 32 3 9 6 4 3
09:00 às 10:00 13 5 5 6 21 0 6 8 2 1
10:00 às 11:00 9 4 1 5 8 2 3 7 0 0
11:00 às 12:00 7 4 2 1 2 0 3 6 4 0
12:00 às 13:00 7 3 0 3 4 1 10 3 1 0
13:00 às 14:00 12 5 2 3 1 0 6 7 0 1
14:00 às 15:00 7 7 0 5 0 4 5 11 3 0
15:00 às 16:00 8 2 0 6 3 5 4 12 1 0
16:00 às 17:00 21 3 0 3 3 10 6 15 2 1
17:00 às 18:00 14 7 0 2 2 12 7 14 0 0
18:00 às 19:00 29 3 1 5 1 4 15 13 1 0
19:00 às 20:00 11 5 2 9 5 7 10 5 0 0
20:00 às 21:00 10 7 2 1 9 2 12 7 0 0
21:00 às 22:00 6 4 3 0 5 0 15 3 0 0
22:00 às 23:00 2 1 1 2 6 1 10 4 0 0
23:00 às 00:00 2 0 0 1 3 0 11 2 0 0
totais diários 197 104 32 72 187 92 141 145 22 10
sub-total 1002
sexta-feira 28.10.05
P1 P2 P3 Fepasa São Remo ão Remo/H Mercadinho V. Indiana nst. ButantãT. Soares
06:00 às 07:00 8 14 4 3 38 15 2 10 0 2
07:00 às 08:00 7 4 2 2 24 8 4 3 2 2
08:00 às 09:00 2 2 0 3 9 4 9 3 1 1
09:00 às 10:00 9 3 2 1 8 0 6 2 0 0
10:00 às 11:00 8 5 2 4 13 1 5 4 0 0
11:00 às 12:00 6 1 5 1 11 0 4 3 1 1
12:00 às 13:00 5 2 1 1 9 0 1 2 2 0
13:00 às 14:00 13 3 0 2 11 2 3 1 0 1
14:00 às 15:00 2 2 2 0 6 3 2 2 1 0
15:00 às 16:00 3 4 2 5 5 5 5 1 0 0
16:00 às 17:00 4 7 0 4 12 2 3 3 2 1
17:00 às 18:00 7 1 0 2 4 7 8 1 0 0
18:00 às 19:00 4 0 0 3 6 2 1 10 0 0
19:00 às 20:00 10 0 0 4 3 3 0 4 0 0
20:00 às 21:00 2 0 0 3 7 0 1 9 0 0
21:00 às 22:00 5 0 0 1 3 1 1 3 0 0
22:00 às 23:00 1 1 0 1 5 0 0 5 0 0
23:00 às 00:00 3 0 0 0 0 0 0 3 0 0
totais diários 99 49 20 40 174 53 55 69 9 8
sub-total 576
77
TOTAL DE BICICLETAS POR SEMANA
210
209
197
194
187
200
174
162
160
151
145
141
150
128
127
111
108
107
104
99
99
96
92
100
78
77
72
69
68
66
65
64
56
55
53
49
49
43
43
50
40
32
24
23
23
23
22
22
20
10
9
8
8
7
0
P1 P2 P3 Fepasa São Remo São Mercadinho V. Indiana Inst. T. Soares
Remo/HU Butantã
78
Entrada de Bicicletas
209
210
197
194
200
187
174
162
160
151
145
141
150
127
128
111
108
107
104
99
99
96
92
100
78
77
72
69
68
66
65
64
56
55
53
49
49
43
43
40
50
32
23 23 23
24
22
22
20
10
9
8
8
7
0
segunda-feira terça-feira quarta-feira quinta-feira sexta-feira
79
1.3 pesquisa qualitativa
VEZES QUE BICICLETA COMO entrevista com ciclistas
TEMPO DE PORTÃO DE DESCE DA BICICLETARIAS MARCHA NA UTILIZA TRANSPORTE (vezes USO DE OUTROS POSSUI ONDE ESTACIONA A
TRAJETO PERCURSO ENTRADA HORÁRIO PORTÃO DE SAÍDA HORÁRIO BICICLETA RUAS PERIGOSAS DO TRAJETO NO TRAJETO BICICLETA CAPACETE por semana) COMO LAZER TRANSPORTES CARRO VÍNCULO USP UNIDADE BICICLETA SEXO IDADE
1 osasco - usp 60' P2 12:00 P2 22:30 0 Marginal, Av Jaguaré não sim não eventual/e bus não funcionário IME poste m 32
2 carapicuíba 60' SÃO REMO 05:40 SÃO REMO 15:20 1 R Pequiá; trânsito, cruzamento, iluminação 1 sim não 7 nunca bus não funcionário IME ~ m 19
3 Jd São Domingos - USP 20' pedestre manhã e tarde pedestre tarde 1 Av. Corifeu, Rua da Odonto não sim não 5 eventual/e car sim estudante POLI bicicletário m 19
4 Vl Universitária - USP - Jaguaré 18' MERCADINHO 07:15 MERCADINHO 13:00 0 n 1 sim não 2 2 car sim estudante IP poste m 27
5 Vl Indiana - USP 30' VILA INDIANA vários VILA INDIANA vários 1 ~ sim sim não 7 7 bus, pé não estudante FEA poste, bicicletário f ~
6 Osasco - USP 60' SÃO REMO 07:00 SÃO REMO 16:00 3 (subidas) Av. Corifeu, Av. Rio Pequeno 3 sim não 6 bus, carona não funcionário bandejão solta dentro m 46
7 Jd Guaraú - USP 30' SÃO REMO 07:30 SÃO REMO 17:15 1 Av. Rio Pequeno, Av Politécnica 2 sim sim 5 eventual/e bus não funcionário FAU bicicletário m 41
8 Pinheiros - USP 20' ~ 8:00 / 14:00 ~ 10:30 / 18:00 raram/e Av. Pedroso de Morais sim não 3 eventual/e bus não estudante FAU bicicletário m 37
9 Leopoldina - USP 20' FEPASA 07:30 FEPASA 10:00 / 16:00 2 cruzam. cemitério lapa e fonseca rodrigues 2 sim sim eventual/e eventual/e car não estudante Pedagogia bicicletário f 27
10 Higienópolis - USP 55' FEPASA 07:50 FEPASA vários 2 Rua inácio, ponte universitária sim sim eventual/e eventual/e bus, car sim estudante FAU bicicletário f 21
11 Vl Indiana - USP 15' VILA INDIANA 07:00 VILA INDIANA 22:30 2 (subida) Rua Alvarenga 2 sim não 3 nunca pé não estudante ECA poste m 22
12 Butantã - USP, Butantã - cidade 15' P1 8:00 / 14:00 P1 12:00 / 18:00 0 Rua Alvarenga, Av. Eliseu, Av. Rrebouças sim sim não 7 eventual/e bus,moto,trem,pé não não / bicicletário m 20
13 Morro Querosene - USP 10' I.BUTANTÃ 08:30 I.BUTANTÃ 18:00 1 Av Corifeu não sim sim eventual/e eventual/e car sim estudante Fau bicicletário f 21
14 Vl Madalena - USP 35' FEPASA 08:00 FEPASA 18:00 2 Ponte universitária, Av. Pedroso 1 sim sim 1 eventual/e bus, car não estudante FAU bicicletário f 20
15 Campo Belo - USP 50' P 1 / FEPASA 09:00 P1 21:00 3 pontes, faria lima, Av. Bandeirantes, Av Sto amaro ~ sim sim eventual/e eventual/e bus, car sim estudante FAU bicicletário f 22
16 Parque Vila Lobos - USP 20' FEPASA 07:45 FEPASA 17:00 1 anéis viários da USP ~ sim não eventual/e eventual/e car ,pé sim estudante FAU bicicletário m ~
17 Santa Cecília - USP 40' FEPASA ~ FEPASA ~ 0 ~ sim sim não eventual/e eventual/e bus, car, pé não estudante FAU bicicletário m ~
18 Vila Hamburguesa - USP 30' P2 14:00 P2 19:00 raramente Av. Jaguaré 1 sim sim 4 1 car sim não UNICAMP FEA m ~
19 Jd. Everet - USP 20' P1 19:00 P1 23:00 0 Rua Alvarenga sim sim não 3 3 bus,moto,trem,pé não estudante FEA FEA m ~
20 Av. Politécnica (Extra) - USP 10' P2 09:00 P2 18:00 1 (portão) Av. Politécnica ~ sim não 5 eventual/e pé não estudante poli-civil bicicletário f ~
21 Av. Politécnica - USP 15' P2 vários P2 18:00 0 Av. Politécnica sim sim não 3 eventual/e car sim estudante poli-pcc na minha sala m ~
22 Vila Indiana - USP 30' P3 / P1 08:00 P1 18:20 1 rua do matão não sim não eventual/e 3 car sim funcionário FAU no trabalho m ~
23 Vila Madalena - USP 20' FEPASA 08:30 FEPASA 18:00 1 não não sim não eventual/e eventual/e bus, car sim estudante FAU bicicletário m ~
24 Vila Madalena - USP 15' FEPASA vários FEPASA vários poucas ponte univeritária não sim sim 7 3 lot, car, pé não estudante FFLCH poste, bicicletário m ~
25 Pq. Aclimação - USP i 23' / v 48' P1 manhã P1 18:00 0 Lins de Vasconselos, vergueiro,paulista, rebouças 1 sim às vezes eventual/e eventual/e moto não estudante FAU bicicletário m ~
26 Vila Indiana - USP i 5' / v 15' VILA INDIANA 08:00 VILA INDIANA vários 1 não não sim não 5 eventual/e pé ~ estudante FAU bicicletário f ~
27 Av Escola Politécnica - USP 15' P2 07:30 P2 16:40 1 ou 2 Av Politécnica não sim não vezes nunca bus, pé não estudante POLI bicicletário f 20
28 Jd Rizzo (Vila Indiana) - USP I 10'/v 20' VILA INDIANA 07:30 VILA INDIANA 18:00 4 trecho da R Corinto, av não sim não 5 nunca lot não estudante EPUSP bicicletário m 18
29 Av Valdemar Ferreira - USP-Raia 20' P1 07:30 P1 19:30 2 Valdemar Ferreira, Raia Olímpica não sim não vezes eventual/e bus, pé não estudante EPUSP poste, bicicletário m 19
30 Av. Politécnica - Butantã 20' P2 07:00 P2 17:00 0 Av. Politécnica, Av Corifeu 1 sim não 5 nunca bus não funcionário ECA em depósito m 48
31 Osasco - Inst. Butantã i 45'/ v 30' P2 9:00 / 10:00 P2 17:00 / 18:00 0 Av Corifeu, Av dos Autonomistas (Osasco) 2 sim sim 5 eventual/e bus não não / dentro do laboratório m 28
32 City Butantã - USP 20' P1 09:00 P1 17:00 0 n não sim sim 7 7 car sim docente ICB na minha sala m 70
33 Vital Brasil -USP 10' P1 6:00 / 11:30 P1 22:30 / 23:00 0 n 1 sim não 7 3 bus, pé estudante FE e CECAE bicicletário/poste /grade m 29
34 USP - Ibirapuera 30' P1 vários P1 13:00 / 18:00 0 Cidade Jardim / Av Brasil não sim sim vezes eventual/e bus, car não estudante EEFE bicicletário m 26
35 Cerqueira César - USP 15' a 20' P1 tarde / noite P1 tarde / noite 0 Av. Rebouças sim sim eventual/e 2 bus sim estudante FFLCH m 31
36 Extra Jaguaré - USP 10' P2 ~07:20 P2 ~17:00 0 Av Politécnica 1 sim não 5 nunca pé não estudante POLI bicicletário m 21
entrevista com ciclistas
No primeiro semestre de 2005, o grupo Ciclovias Urbanas foi chamado para elaborar uma
utilização da ciclo-rede.
Elaboramos critérios para definição de vias onde a implementação de ciclovias era necessária
e possível: presença no Plano Diretor Regional, pólos de atração, topografia e relação com
terminais de ônibus, metrô e trem. Realizamos visitas ciclísticas às vias ou regiões pré-defini-
85
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